mussiene no oje

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Junho 2011

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S empre que pensamos em Algarve,vem-nos à memória as praias, o sol, asbebidas frescas e, para quem vai emAgosto, um irritante e desconcertante

trânsito veraneante.Mas a verdade é que a costa é apenas parte

de uma região imensa em que há mais terraque areia, e é pelo interior que andei a passearna demanda dos sabores regionais.

Lanço-me à estrada e, depois de alguns quiló-metros da “125”, apanho a já chamada estradaantiga para Lisboa. Depois de passar a bombade gasolina da BP, na saudosa estrada nacional,(bomba que, para muitos da minha geração,era o prelúdio de mais alguns minutos parachegar ao “Algarve das praias”), viro no cruza-mento que indica Messines e, ao chegar à ro-tunda que tem Messines à direita, viro à es-querda e ,alguns centos de metros após, vejo aplaca que anuncia: Restaurante Mussiene.

Parque privativo com sombra debaixo da la-tada, esplanada montada, mas a minha opçãorecai no interior - o calor do dia obriga ao acon-chego fresco do ar condicionado, mas, com ofresco das estrelas, este promete ser um localmais apetecível e romântico.

Lá dentro, a decoração simples, mas não cho-cante, é acolhedora, com alguns pormenoresinteressantes, como a garrafeira que ocupa aparede de fundo, um bar com várias garrafasexpostas e uma sazonal exposição fotográfica.Hoje a artista era da terra e o tema são imagenslocais.

Sento-me à mesa e inicio logo os meus tra-

balhos com uns carapaus alimados sobre umasmigas, tapenade de azeitonas e tomate - boacombinação, apenas uma pequena distracçãono alho, que por vezes se sobrepunha aos ou-tros sabores.

A seguir, a espetada de polvo com batata deAljezur - mais uma vez, tudo bem confeciona-do, havendo uma boa combinação entre o doceda batata e o salgado do polvo, dispensava a pi-menta rosa fresca, mas acredito que muitagente gostará.

Numa combinação mais séria, veio o robalocom espargos verdes e batata sauté. Quando osprodutos são bons, dificilmente se consegue es-tragar e, neste caso, até enalteceu as qualida-des frescas do robalo à linha.

Ainda houve espaço para umas costeletas deborrego (carré) com um ratatui de legumes daregião e fundo de carne! Carne rosada, saboro-sa e exactamente no ponto em que foi pedida -nada a apontar, a não ser uma salva de palmas.

Não sei como, mas ainda dei umas dentadasnas bochechas de porco preto com puré de ba-tata e brócolos, carne macia bem confeciona-da, mais uma vez, sem remates negativos - tal-vez fosse importante cuidar um pouco mais aapresentação deste prato.

Terminei com duas sobremesas: um boloquente de chocolate com gelado e coulis de fru-tos silvestres e uma pêra bêbada com cama debaunilha.

O primeiro estava demasiado doce e o choco-

late era banal, não elevando nada para as me-mórias; a segunda já era o oposto: a pêra esta-va bem cozinhada os sabores fortes do vinho eda canela não abafavam o “doce” da pêra - pelocontrário, harmonizavam muito bem e a bau-nilha dava um toque exótico ao prato.

Fiquei fascinado com a cozinha simples dochefe David Coelho: sem grandes pretensões,honesta nos produtos, simples na apresentação(por vezes demasiado simples) e forte em tradi-ções e aromas.

O Algarve e o seu interior ganham por ter lo-cais como estes e, quem por lá passa, ganhauma recordação do que melhor a região tempara oferecer.

A boa comida por um bom preço, nunca senega uma visita.

Por Vicente Themudo de Castro

Crítica restaurante

RReessttaauurraannttee MMuussssiieenneeMonte de São José8375-052São Bartolomeu de MessinesN 37º14’52.9, W 8º17’04.98+351 282 339 357 / 918 831 456mussiene.restaurante@gmail.comHorário: Terça a Domingo 12h00 às 15h00 e das 19h30 às22h30 Preço médio: €25 Tipo de Cozinha: Regional AlgarviaContemporânea Cartões: Todos

DETALHES

SABOREAR AS TRADIÇÕES ALGARVIAS

LIFESTYLE 14 QUARTA-FEIRA29 de Junho de 2011

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