manual de formação para os arquivos do isel- 2013
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6.3. Arquivos Administrativos – Manual de Formação para o ISEL
ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS
Manual de Formação para os Arquivos do ISEL
Noções básicas sobre Arquivos Correntes
Arquivos Administrativos e Tecnologias
ISEL Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
ISEL
2
FICHA TÉCNICA
Arquivos Administrativos
Manual de Formação para os Arquivos do ISEL
Autor: Maria de Fátima dos Santos Piedade
SDP – Serviço de Documentação e Publicações
Julho de 2013
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
Rua Conselheiro Emídio Navarro, 1
1959-007 Lisboa
www.isel.pt
Tel. 21 831 70 00
Fax. 21 831 70 01
3
Índice
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS ............................................................. 6
OS DOCUMENTOS ......................................................................................................................................... 7
O QUE É UM DOCUMENTO DE ARQUIVO? ........................................................................................................... 7
DISTINÇÃO ENTRE DOCUMENTO DE ARQUIVO E DOCUMENTO DE BIBLIOTECA ............................................................. 8
UNIDADES ARQUIVÍSTICAS ............................................................................................................................... 9
UNIDADES DE INSTALAÇÃO ............................................................................................................................ 11
OS ARQUIVOS .............................................................................................................................. 12
O CICLO DE VIDA DOS DOCUMENTOS E OS TRÊS TIPOS DE ARQUIVO ........................................................................ 12
ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS OU CORRENTES .................................................................................................. 13
Objetivos dos arquivos administrativos: ........................................................................................................ 13
Boas práticas para garantir o correto funcionamento dos arquivos administrativos ................................... 14
Recomendações sobre o acesso e disponibilização da informação patente nos documentos ...................... 17
ARQUIVO INTERMÉDIO ................................................................................................................................. 19
ARQUIVO DEFINITIVO OU HISTÓRICO ............................................................................................................... 21
A ARTICULAÇÃO ENTRE O ARQUIVO ADMINISTRATIVO, INTERMÉDIO E DEFINITIVO – UMA PERSPETIVA INTEGRADA ........... 23
A remessa da documentação ........................................................................................................................ 23
A requisição de documentos e pedidos de informação ................................................................................. 24
A eliminação .................................................................................................................................................. 24
A ORGANIZAÇÃO ......................................................................................................................... 26
DEFINIÇÃO DE ORGANIZAÇÃO ARQUIVÍSTICA ..................................................................................................... 26
A ORDENAÇÃO ........................................................................................................................................... 26
A CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................................................ 27
TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................................... 28
Classificação orgânica ................................................................................................................................... 28
Classificação funcional .................................................................................................................................. 28
Boas práticas de classificação ....................................................................................................................... 29
Planos de classificação: considerações gerais ............................................................................................... 29
ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO............................................ 31
O NOVO AMBIENTE DIGITAL ........................................................................................................................... 31
4
A ORGANIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS EM COMPUTADOR ...................................................................................... 33
APLICAÇÕES INFORMÁTICAS EM ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................. 36
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 44
DIPLOMAS LEGAIS ....................................................................................................................................... 44
PRÁTICA E NORMALIZAÇÃO ARQUIVÍSTICA ......................................................................................................... 44
ARQUIVÍSTICA GERAL ................................................................................................................................... 45
5
APRESENTAÇÃO
Tendo em conta as exigências de uma Sociedade em que, cada vez mais, o acesso à
informação se deseja célere e eficaz, pretende-se, com este Manual sensibilizar os
funcionários do ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, que lidam
diariamente com arquivos administrativos, para as vantagens de os organizarem e de
os manterem organizados.
O aumento exponencial da documentação produzida, o crescimento do nível de
exigência da Sociedade e a imposição legal de facultar, em tempo, útil, informação
administrativa interna (funcionários) e externamente (clientes, utentes, cidadãos, no
caso, alunos por exemplo), tornam imprescindível uma atitude mais pró-ativa por
parte dos funcionários, no sentido de serem criados arquivos organizados de modo
mais racional. Estes arquivos permitem uma eficiente e rápida recuperação da
informação, de forma a dar uma resposta eficaz às diversas solicitações.
Procurar-se-á, assim, abordar uma série de noções básicas e transmitir um conjunto de
procedimentos e boas práticas que, sendo aplicados por todos, visam garantir uma
melhor gestão e tratamento da documentação/informação.
6
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS
A questão da gestão documental1, bem como a sistematização e racionalização dos
arquivos administrativos2 das instituições, ganha especial pertinência se tivermos em
linha de conta que, cada vez mais, vivemos numa “sociedade da informação” marcada
por uma acentuado aumento da informação produzida e consumida, a qual circula
com grande rapidez. Este facto tem como consequência o crescimento da
documentação armazenada (em suporte3 digital4 e tradicional5) por indivíduos e
instituições.
Neste sentido, a informação e o seu eficaz tratamento (apesar de constituírem um
bem dificilmente mensurável) devem ser, cada vez mais, perspetivados pelas
organizações como uma mais-valia que, não sendo facilmente percetível ou palpável,
se revela como essencial. Esta mais-valia deverá ser encarada, pelos responsáveis dos
vários Serviços, como um insubstituível instrumento de preparação das respostas que,
no dia-a-dia, o seu Serviço tem que dar às solicitações internas e externas. Uma boa
política de gestão documental é tão importante como uma boa política de gestão de
recursos humanos ou de recursos financeiros.
A informação é, pois, um bem essencial à boa gestão de qualquer Serviço. Quem
dispõe de informação organizada detém conhecimento, decide melhor e possui um
instrumento que lhe permite ter uma visão mais global das questões e das respostas a
adoptar.
Deste modo, as organizações devem, cada vez mais, pugnar pela reestruturação dos
seus arquivos e pela introdução de uma organização documental racional devidamente
orientada por critérios de eficiência e de eficácia.
1 A gestão documental consiste num conjunto de normas destinadas a produzir e preservar
documentos, de forma a assegurar o fácil acesso à informação, ao longo do tempo, evitando, também, a
sua dispersão ou eliminação inadvertida.
2 Também designados de arquivos correntes.
3 Material no qual é aposta ou registada, de forma mais ou menos perdurável, uma determinada
informação.
4 Por exemplo, CD, disquete ou DVD.
5 Por exemplo, papel, pergaminho, pedra ou fita magnética.
7
Um arquivo bem organizado permite poupar tempo, porque disponibiliza, de forma
rápida e quase automática, um importante manancial de informação indispensável à
gestão diária do respectivo Serviço. Possibilita tomar decisões e fundamentá-las com
maior segurança.
Assim, uma organização coerente da documentação contribui para uma maior
qualidade e eficácia dos serviços prestados pelas instituições.
Em conclusão, devemos sempre perspetivar a organização da documentação como um
investimento e não como uma perda de tempo.
OS DOCU MENTOS
De um modo geral, podemos afirmar que um documento é constituído por qualquer
informação e pelo suporte onde a mesma está registada.
São documentos um livro de uma biblioteca, um processo de aluno, o processo de um
funcionário, uma pintura, um cartaz, uma medalha, uma agenda, uma planta
arquitetónica, um mapa, um diário, uma gravação áudio, vídeo ou digital, entre outros.
O QUE É U M D OCU MENTO D E A RQU IV O?
Para além de responder aos dois requisitos anteriormente enunciados (suporte +
informação), um documento de arquivo define-se, também, pela existência de um
terceiro elemento: o contexto. Ou seja, um documento de arquivo não existe
isoladamente, está sempre relacionado com outros, tendo “nascido” para iniciar um
determinado processo ou para responder às questões relacionadas com um assunto
específico. Por si só, não possui valor arquivístico, uma vez que este valor só existe
quando o documento se encontra relacionado com outros, isto é, só tem significado
quando integrado num contexto, ou quando informar.
Os documentos de arquivo possuem uma vertente prática. São criados para iniciar, dar
resposta ou informar sobre determinada questão ou processo, relacionados com os
objetivos específicos da instituição, isto é, com a sua missão.
Os referidos documentos caracterizam-se, também, pelo seu valor probatório, uma vez
que, devidamente validados, constituem factor de prova da actuação da instituição
8
produtora, podendo ser utilizados para testemunhar ou titular direitos e obrigações,
bem como para atestar ou justificar situações ou opções tomadas.
Em suma, produzimos diariamente documentos de arquivo porque eles permitem
responder a questões práticas. Relacionadas com a gestão de determinado Serviço ou
instituição e, também, porque constituem factor de prova relativamente às ações
efectuadas.
D I ST INÇ ÃO ENTRE D OCU M ENTO DE A RQUIVO E D O CU MENTO DE BIBLIOTE C A
O documento de arquivo distingue-se do documento de biblioteca6 porque o primeiro
se insere sempre num contexto, não existe isoladamente, relaciona-se sempre com
outros documentos. Pelo contrário, um exemplar de biblioteca existe e define-se por si
só. Além disso, o documento de arquivo é sempre criado com o objectivo de “provar
ou informar um procedimento administrativo ou judicial”7. Por estes motivos, o
múltiplo é o domínio dos documentos de biblioteca (existem vários originais com o
mesmo valor). Por exemplo, uma edição de Instalações Eléctricas de Baixa Tensão –
Projecto, Execução e Exploração, de Constantino Soares, contempla a publicação de
vários exemplares, todos eles com o mesmo valor de original.
Pelo contrário os documentos de arquivo são únicos (existindo um só original8)
adquirindo, por isso, valor probatório.
No entanto, se um exemplar de Instalações Eléctricas de Baixa Tensão – Projecto,
Execução e Exploração, pertencente ao espólio pessoal de um benemérito, doado a
uma instituição, estiver relacionado com outros documentos (nomeadamente, a
proposta de venda do alfarrabista, a fatura de compra, o relatório de intervenção de
restauro e encadernação, anotações e comentários à obra), faz parte de um contexto.
Estamos, por isso, na presença de um documento de arquivo.
6 Os documentos de biblioteca são geralmente impressos; é o caso dos livros, revistas e jornais.
7 ALVES, Ivone; RAMOS, Margarida Ortigão; GARCIA, Maria Manuela - Dicionário de Terminologia
Arquivística. Lisboa: Instituto da Biblioteca Nacional e do livro, 1993, p. 38.
8 Existem algumas exceções, como no caso dos contratos, em que cada uma das partes fica com um
original. Também as cópias autenticadas, possuem valor de original.
9
Um documento isolado tem informação e valor, mas, arquivisticamente, “não conta a
história toda”, uma vez que, para isso, ele tem que estar inserido num contexto, ou
seja, estar devidamente integrado num processo. Este último deve fazer parte de um
conjunto mais vasto de processos que constituem uma série documental. Por sua vez,
esta é produzida por uma determinada unidade orgânica (Área Departamental,
Serviço, Unidade, entre outras) que a insere numa Instituição específica. Em arquivo, a
referência a todos estes níveis de inter-relacionamento deve ser tida,
obrigatoriamente, em conta. O espólio de uma biblioteca é suscetível de ser descrito
com maior pormenor e rapidez, dado que (contrariamente ao que sucede com os
documentos de arquivo), uma obra não está relacionada com outras espécies. Pode,
por isso, ser descrita de forma individual, sem contemplar a análise dos níveis de inter-
relacionamento e do contexto de produção (secção, sub-fundo, fundo), tal como
sucede no tratamento arquivístico. Desta forma, nas bibliotecas, são normalmente,
criados catálogos que analisam cada peça individualmente. Por seu turno, nos
arquivos, o trabalho consiste, sobretudo, no tratamento da documentação e na
elaboração de guias9e de inventários10 (instrumentos que disponibilizam uma
descrição genérica de grandes conjuntos documentais). Tal fica a dever-se, em regra,
ao facto de o volume de documentação ser, geralmente, muito extenso, bem como à
obrigatoriedade de referir e enquadrar cada unidade arquivística no respectivo
contexto de produção.
UNIDADE S ARQUIV ÍST IC AS
As unidades arquivísticas podem ser definidas como conjuntos de documentos
reunidos por uma entidade produtora comum (ou seja, por qualquer Serviço que
9 Guia é o instrumento de descrição documental mais genérico. Disponibiliza informação sobre a
entidade detentora da documentação, bem como sobre os fundos documentais existentes. Fornece,
também, elementos acerca da história institucional e administrativa das entidades produtoras e sobre a
organização dada à documentação.
10 Inventário é o instrumento de descrição documental que descreve um fundo até ao nível das séries,
especificando as várias unidades de instalação, tendo em vista a recuperação da informação.
10
produza e/ou receba um documento), agrupados em função da sua própria
organização e estrutura.
Exemplos de unidades arquivísticas:
a) Fundo: é a unidade arquivística que corresponde à maior unidade orgânica. É
composta por todos os documentos produzidos e acumulados por uma mesma
entidade.
b) Sub-Fundo/Secção: conjunto de documentos produzidos dentro de um fundo
por uma das suas unidades orgânicas (ou seja, administrativas).
c) Série: conjunto de documentos organizado segundo um determinado
procedimento administrativo e que, normalmente, é o resultado de uma mesma
actividade ou procedimento. Esse conjunto de documentos corresponde à mesma
actividade ou função do Serviço ou Área Departamental.
d) Sub-Série: divisão de uma série de modo a especificar ou tornar clara a
existência de acções diversas no desenvolvimento da actividade/função descrita na
série.
e) Processo: unidade arquivística composta por um conjunto de documentos,
reunidos em função de uma determinada actividade, acção ou procedimento
administrativo, próprios de um Serviço específico.
f) Colecção: conjunto de documentos, agrupados artificialmente, para efeitos de
referência11, segundo uma mesma característica comum – a sua tipologia12, o seu
conteúdo informativo, entre outras.
g) Documento: unidade arquivística básica. Podem, no entanto, coexistir vários
documentos num mesmo suporte: um documento principal e vários apostos.
11 Ou seja, com o objectivo de se recuperar e consultar rapidamente uma determinada informação.
12 Entende-se por tipologia documental o conjunto de características formais de um documento (forma
como foi elaborado) e do fim para que foi criado (ou seja, a sua função). Por exemplo, ofício, parecer,
proposta, entre outros.
11
UNIDADE S DE INSTA LAÇ ÃO
As unidades de instalação podem ser definidas como os diversos modos de
acondicionar os documentos, sendo, também, utilizadas para os referenciar
especialmente. Por exemplo, dizemos que tal processo está no depósito 1, estante 3,
prateleira 2, acondicionado nas seguintes unidades de instalação: caixa 15, pasta 5.
Todos estes elementos podem fazer parte da chamada cota arquivística.
Exemplos de unidades de instalação:
Caixa (cx.)
Maço (mç.)
Livro (liv.)
Pasta (pt.)
Disquete (disq.)
Compact Disk (CD)
12
OS ARQUIVOS
O CICLO DE VIDA DOS DOCUMENTOS E OS TRÊS TIPOS DE ARQUIVO
Como vimos, um documento de arquivo é criado e/ou recebido por uma entidade (indivíduo ou Instituição) no decurso da sua actividade e para alcançar os fins inerentes à sua missão. Esse documento possui um valor informativo (transmite uma determinada informação) e, também, um valor probatório (constitui prova da actuação da Instituição ou da pessoa que o produz).
Fig. 1 - Esquema representativo do “ciclo de vida” da documentação, relacionado com o seu
valor primário (informativo, administrativo, probatório) e com o seu valor secundário (valor
histórico-cultural, de testemunho).
Valor da Documentação Função da
Documentação
Fase da
Documentação
Suporte
Informação
Documento de
Arquivo
Contexto
Valor Primário
Valor Secundário
Função de prova
administrativa
Função de prova
legal
Função de prova
financeira
Função de
testemunho
patrimonial e cultural
Função de
testemunho histórico,
institucional e pessoal
Fase Corrente
Arquivo
Administrativo
Fase Intermédia
Arquivo
Intermédio
Fase Definitiva
Arquivo
Definitivo
Criação e uso
imediato
Uso pouco
frequente e
disponibilização
Uso
(investigação),
conservação e
difusão
13
ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS OU CORRENTES
O ciclo de vida do documento, ou conjunto de documentos, é determinado pela maior
ou menor frequência da sua utilização. São de consulta frequente os documentos ou
conjuntos de documentos que pertencem a processos que ainda não se encontram
finalizados. Por este motivo, designam-se por documentos em fase administrativa ou
corrente, porque, precisamente são necessários para assegurar uma eficaz gestão
diária do serviço13.
O espaço físico onde é acondicionado a documentação em fase administrativa designa-
se de arquivo administrativo e situa-se, normalmente, junto do Serviço que produz a
documentação, para que a consulta e a recuperação da informação pretendida seja
mais rápida.
OBJE TIV OS D OS ARQU IV OS A D MINISTRATIV OS :
Dispor de informação organizada de forma a dar resposta rápida e pertinente a
solicitações de dados e de informações requeridos interna ou externamente.
Simplificar os procedimentos burocráticos, isto é, evitar a repetição de tarefas,
aumentando a qualidade dos documentos14 e reduzindo a documentação em
circulação (optimização burocrática).
Diminuir, mais tarde, as despesas inerentes ao tratamento documental, tanto
no arquivo intermédio, como no arquivo definitivo.
13 Os documentos nesta fase devem, por isso, ser de fácil e pronta localização/recuperação, uma vez que
são necessários para a resolução de questões que, na maior parte dos casos, requerem uma resposta
rápida e eficaz.
14 Deve-se intervir na elaboração de formulários. Estes devem conter: a identificação correcta da
Instituição, do Serviço produtor, da finalidade do impresso, o qual deve ser claro para quem o preenche
e utiliza. Os formulários devem possuir toda a informação que se considerar pertinente, identificando e
eliminando, nos impressos existentes, a informação redundante. Deverão, igualmente, incluir espaço
para autorizações/validações, local para a inscrição da data e um número de referência. Será importante
definir, também, os circuitos da documentação.
14
BOAS PRÁ TICA S PA RA GA RA NTIR O C ORRE TO FUN C IONA MENTO D OS A RQU I V OS
ADMINISTRATIV OS
Organizar e manter a ordem da documentação produzida e recebida, para
evitar os riscos de dispersão da informação.
Constituir sempre processos, em detrimento de uma colecção aleatória de
documentos. Uma colecção só deverá ser constituída para efeitos de referência, não
invalidando a obrigatoriedade de formar processos15.
Arquivar tudo o que seja pertinente para o processo (incluindo, também, e-
mails).
Atribuir a cada documento produzido um título significativo ou especificar o
assunto que o documento trata.
Fazer apenas um ofício (ou documento de comunicação interna) por cada
assunto a tratar. Ou seja, a um ofício deve corresponder um, e apenas um, assunto,
garantindo que este segue os seus trâmites normais (evitando duplicados e
triplicados). O assunto deve ser destacado numa zona específica do documento, para
facilitar a sua inclusão no processo correcto, a sua conveniente classificação e
recuperação.
Redigir o conteúdo de cada documento de modo a que a informação seja
transmitida de forma clara, inteligível e unívoca (isto é, que não origine diferentes
interpretações). Só assim se garante que um determinado processo (composto por
vários documentos) “fale por si”, sem necessitar de intérprete.
Estruturar e organizar convenientemente cada processo, de modo a permitir
uma fácil localização e uma rápida recuperação da informação, por parte de todos os
colaboradores, sempre que esta for solicitada.
Construir mecanismos que permitam um acesso mais rápido à informação (por
exemplo, índices de processos, listagens com os nomes dos utentes, relações de
números mecanográficos dos funcionários, copiador de correspondência expedida,
registo de correspondência entrada/saída).
15 Os processos de arquivo não devem ser desintegrados, pela mesma lógica de que ninguém
desmembra um livro arrancando-lhe as páginas referentes aos capítulos que lhes interessam, só porque
se encontra a estudar assuntos desses capítulos.
15
Abster-se de guardar documentos apenas no computador, uma vez que, dessa
forma, não se assegura uma eficaz recuperação e preservação da informação. Saliente-
se que um documento guardado apenas no computador pode ser facilmente apagado
de forma inadvertida; podem surgir, também, problemas técnicos como ataques de
vírus, avaria do disco rígido e perda de dados. Por outro lado, os documentos gravados
no computador pessoal não estão geralmente validados, uma vez que não se
encontram assinados. Além disso, a tecnologia evolui em pouco tempo,
impossibilitando a leitura de documentos com alguns anos.
Registar todos os contactos efectuados, que sejam pertinentes, identificando os
seus interlocutores e respectivos cargos, assinalando a data, referindo o assunto
tratado e a fase em que se encontra o processo. Este procedimento aplica-se às
situações que não são habitualmente registadas em papel, como por exemplo, um
telefonema ou uma conversa ocasional.
Colocar sempre na lombada das pastas a identificação da Instituição (referência
ao nome e, se possível, inclusão do logótipo). Referir, também, o Serviço ao qual
pertencem as pastas e incluir uma designação sumária do conteúdo (que pode ser
constituída por título e subtítulo, como por exemplo, título: “Recursos Humanos”,
subtítulo: ”Docentes”). Indicar, também, as datas dos processos, com registo da mais
antiga e da mais recente (datas extremas).
Elaborar um registo de toda a correspondência enviada (ofícios, pareceres,
informações, memorando, propostas, faxes, circulares, entre outros), atribuindo-lhe
um número sequencial. Em complemento, poderá, também, ser criado um copiador16,
com uma cópia de cada documento expedido, arquivado cronologica e
sequencialmente.
Elaborar um protocolo para comprovar a entrega dos documentos cuja
recepção necessite ser assegurada posteriormente.
Impedir que os técnicos se apoderem dos processos como sendo
documentação particular, uma vez que a mesma pertence sempre à Instituição.
16 O copiador permite-nos identificar rapidamente um determinado documento expedido, a sua data,
referência e conteúdo informativo geral, sem que tenhamos de consultar todo o processo.
16
Se o arquivo do Serviço estiver centralizado e diversos colaboradores
efetuarem requisições de processos, deve ser levado a cabo um registo para controlo
da localização da documentação.
Abster-se de eliminar documentação, tarefa que cabe exclusivamente ao
Arquivo Intermédio.
Preparar a documentação a ser transferida para o arquivo intermédio (tendo
em conta os respectivos prazos de conservação definidos na Portaria), não sendo
permitida a sua destruição no arquivo administrativo, nomeadamente por falta de
espaço ou pelo carácter confidencial17 que a documentação possa ter. Essas remessas
devem ser previamente agendadas com o Arquivo Intermédio.
Efectuar pedidos de informação e requisições de processos ao arquivo
intermédio, pugnando pela devolução da documentação a partir do momento em que
esta já não for necessária18.
Não intervir na organização da documentação mais antiga sem ter uma noção
exata de como a mesma está organizada. De outra forma, pode destruir-se a sua
ordem original, ou seja, deixar de se perceber o sistema de organização que o Serviço
criou para aquela documentação quando a produziu/recebeu19, dificultando o acesso à
informação existente nessa documentação mais antiga.
Adquirir pastas e estantes adequadas, que devem ser instaladas num espaço
arejado, com possibilidade de controlo de luz e sem grandes oscilações de
temperatura e humidade.
17 Só pelo facto de ser confidencial, a documentação nunca pode ser destruída, podendo ser transferida
para o Arquivo, uma vez que qualquer funcionário que a ela aceder tem o dever de sigilo (Lei n.º 7/2009,
de 12 de Fevereiro).
18 Para este fim, cada Serviço deverá remeter ao Arquivo Definitivo, uma lista com o nome e assinatura
dos funcionários habilitados a requisitar documentação.
19 Não se devem retirar documentos antigos das suas pastas para os colocar directamente em pastas
dos processos administrativos (deve-se optar por recolher dados ou tirar fotocópias para colocar no
processo mais recente).
17
Preservar a documentação, através de um bom acondicionamento evitando a
utilização de “agrafos acobreados20”, clipes21, fita-cola, elásticos e micas22. Utilização
de tintas e suportes (papel) de boa qualidade para garantir a sua maior durabilidade.
Assegurar a limpeza periódica das estantes e instalações. Colocar armadilhas23 para
capturar insetos e rastejantes nocivos para a documentação, de modo a poderem ser
detetados a tempo e serem implementadas as medidas mais adequadas.
REC OME NDAÇ ÕE S SOBRE O ACESSO E DISPONIBILI ZAÇÃ O D A INFORMA ÇÃO PATE NTE
NOS DOCUME NTOS
O ISEL, enquanto pessoa coletiva de direito privado de utilidade pública administrativa,
está sujeita às disposições de diversos diplomas legais relativos à confidencialidade e
comunicabilidade da informação. Com a consagração do princípio da “Administração
aberta”, todas as organizações que produzam ou detenham documentos
administrativos (e que se encontrem abrangidas pelas disposições da Lei 46/2007,
de24 de agosto), têm obrigação de facultar a sua consulta, em tempo útil, sempre que
tal for solicitado pelos clientes, pelos cidadãos, como forma de garantir a total
transparência da tramitação administrativa24. Este princípio aplica-se mesmo que não
se encontre em curso qualquer procedimento que diga directamente respeito ao
cidadão que solicita a informação.
No entanto, no caso de documentos administrativos de carácter nominativo25, só
poderão ser facultados ao titular desses dados.
20 Este material oxida com maior facilidade que os “agrafos prateados”, pelo que deteriora mais
facilmente os documentos.
21 Devem ser utilizados, preferencialmente, os clipes com revestimento plastificado.
22 Os especialistas em conservação referem que poderão ser utilizadas micas de poliéster.
23 Estas armadilhas retêm os insetos, atraindo-os através de isco. Deste modo, podemos constatar o
número/quantidade e o tipo de espécies capturadas, bem como determinar a necessidade de proceder
a uma desinfestação.
24 A tramitação administrativa corresponde aos procedimentos que os Serviços levam a cabo para
garantirem o andamento dos processos.
25 Todo e qualquer documento que contenha informação de cariz privado ou íntimo, que transmita ou
possa levar a transmitir qualquer apreciação, juízo de valor ou descriminação sobre um determinado
18
Em determinados casos, legalmente previstos, a documentação nominativa poderá ser
fornecida a terceiros, desde que estes obtenham autorização do próprio ou, à falta
desta, que demonstrem interesse legítimo e pertinente no acesso à informação (por
exemplo, grau de parentesco direto). Assim, a título exemplificativo, o ISEL só poderá
fornecer informação sobre um aluno ou um docente, ao próprio ou a um terceiro
devidamente credenciado.
Desta forma, os Serviços devem ter um cuidado redobrado com a informação
relacionada com processos disciplinares ou de inquérito; processos de alunos;
processos de docentes; deliberações sigilosas ou outras decisões confidenciais26. Estes
documentos poderão, eventualmente, ser reproduzidos e fornecidos para consulta de
terceiros, mediante legítimo interesse do requerente e sempre que os dados de
carácter mais confidencial possam ser truncados27, sem perigo de identificação do
titular ou da informação sigilosa.
Saliente-se que, por exemplo, um documento com 50 ou mais anos pode ainda ser
confidencial, porque um dos seus intervenientes, ou algum dos seus familiares diretos,
podem ainda encontrar-se vivos e serem lesados com a divulgação dos dados.
Por seu turno, a informação que, por qualquer motivo, for considerada pelo Serviço ou
Instituição como sendo sigilosa, deve circular fechada ou em sacos devidamente
selados28. As normas e a legislação em vigor preveem sanções para os funcionários que
violarem o seu dever de confidencialidade.
indivíduo.
26 O funcionário deve ter especial atenção que o facto de um documento estar classificado como
confidencial, não significa que tenha que ser destruído após terminada a sua tramitação. Pode tratar-se
de um documento com informação suscetível de possuir valor histórico e, portanto, não deve ser
eliminado pelo arquivo administrativo.
27 Truncar significa omitir ou suprimir determinada informação da cópia do documento que é fornecida
ao requerente, de modo a ocultar elementos que permitam relacionar a informação com determinado
cidadão (por exemplo, nome, número de bilhete de identidade ou cartão do cidadão, morada,
fotografia, número de telefone, entre outros).
28 Existe no mercado material específico que pode vir a ser adquirido para este fim. Esta documentação
sigilosa poderá ser transferida para o Arquivo Intermédio, mantendo-se selada pelo prazo que for
considerado necessário.
19
O funcionário (cumprindo os princípios éticos da Administração Pública29) que trabalhe
diariamente com documentação de cariz administrativo, deve ter sempre presente
que, mediante as ressalvas inerentes aos dados de carácter nominativo e sigiloso, os
cidadãos têm o direito de aceder, consultar e pedir certidões de documentos. A
resposta a estes pedidos deve ser dada pelos Serviços num curto prazo, razão pela
qual se revela indispensável que os arquivos administrativos existentes se encontrem
devidamente organizados. Só assim se garante uma forma eficaz de recuperar toda a
informação pretendida e dar resposta em tempo adequado.
ARQUIVO INTERMÉDIO
Os documentos entram na sua fase intermédia quando a consulta já não é efectuada
com grande regularidade pelo Serviço produtor. No entanto, eles têm de ser
conservados por um determinado período de tempo, por razões de ordem legal ou
necessidade do Serviço. A documentação pode ser alvo de consulta esporádica ou de
novos procedimentos administrativos e os processos podem ainda ser reabertos ou
29 Princípios Éticos da Administração Pública: Princípio do Serviço Público: os funcionários encontram-se
ao serviço exclusivo da comunidade e dos cidadãos, prevalecendo sempre o interesse público sobre os
interesses particulares ou de grupo; Princípio da Legalidade: os funcionários atuam em conformidade
com os princípios constitucionais e de acordo com a lei e o direito; Princípio da Justiça e Imparcialidade:
os funcionários, no exercício da sua atividade, devem tratar de forma justa e imparcial todos os
cidadãos, atuando segundo rigorosos princípios de neutralidade; Princípio da Igualdade: os funcionários
não podem beneficiar ou prejudicar qualquer cidadão em função da sua ascendência, sexo, raça, língua,
convicções políticas, ideológicas ou religiosas, situação económica ou condição social; Princípio da
Proporcionalidade: os funcionários, no exercício da sua atividade, só podem exigir aos cidadãos o
indispensável à realização da atividade administrativa; Princípio da Colaboração e Boa-fé: os
funcionários, no exercício da sua atividade, devem colaborar com os cidadãos, segundo o princípio da
Boa-fé, tendo em vista a realização do interesse da comunidade e fomentar a sua participação na
realização da atividade administrativa; Princípio da Informação e Qualidade: os funcionários devem
prestar informações e/ou esclarecimentos de forma clara, simples, cortês e rápida; Princípio da
Lealdade: os funcionários, no exercício da sua atividade, devem agir de forma leal, solidária e
cooperante; Princípio da Integridade: os funcionários regem-se segundo critérios de honestidade
pessoal e de integridade de caráter; Princípio da Competência e Responsabilidade: os funcionários agem
de forma responsável e competente, dedicada e crítica, empenhando-se na valorização profissional.
20
utilizados a título informativo. Por exemplo, o Serviço de Recursos Humanos tem de
requerer o processo individual de um funcionário docente, para o reativar, sempre que
um colaborador regresse ao ISEL, depois de ter trabalhado noutra Instituição.
Também, um processo antigo de um aluno tem de ser pedido ao arquivo intermédio,
quando o Serviço necessita de aceder a essa informação.
Por norma, o arquivo intermédio situa-se num espaço diferente ou mais afastado
daquele que é ocupado pelo arquivo administrativo do Serviço30, uma vez que a sua
consulta já não é tão constante. Os responsáveis pelo arquivo intermédio devem
responder aos eventuais pedidos de documentação dos Serviços sempre que estes
necessitem de aceder às informações patentes na documentação em fase intermédia.
Apesar da documentação não se encontrar, por regra, junto ao Serviço produtor, este
continua a ser o “proprietário” dos processos, pelo que só ele pode aceder e dar
autorização para consulta da informação.
Cabe ao arquivo intermédio organizar, avaliar e seleccionar a documentação
transferida do arquivo administrativo, eliminando aquela que não possui valor
secundário e transferindo para o arquivo definitivo os documentos de conservação
permanente.
Devemos destacar que os processos de avaliação e eliminação são tão importantes
como preservar e conservar a documentação.
Muitos arquivos contêm informação repetida que, após uma correcta avaliação, pode
ser destruída, uma vez que todos esses elementos se encontram sintetizados noutros
documentos (por exemplo, nos relatórios de atividades, contas de gerência, entre
outros). Existe, também, documentação que não possui interesse histórico e que perde
rapidamente o seu valor administrativo (por exemplo, notas de marcação de reunião,
apontamentos pessoais, guias de entrega de material, requisições de obras ou de
transporte, entre outros).
Ao eliminar toda essa massa documental acumulada, geralmente volumosa, liberta-se
espaço essencial para acondicionar convenientemente a documentação a ser
preservada. Com este procedimento, poupam-se recursos financeiros e humanos que
30 Ou, mantendo-se no mesmo espaço, é composto por aquelas pastas/dossiers que só esporadicamente
são consultados.
21
poderão ser aplicados no tratamento arquivístico dos documentos. Deste modo, a
selecção e eliminação documental assumem-se como condições essenciais para um
bom funcionamento dos arquivos administrativos, assim como para o tratamento e
conservação eficazes da informação com interesse histórico-cultural.
No entanto, antes de destruir documentação, o arquivo intermédio organiza um
processo, solicitando parecer ao arquivo administrativo sobre a documentação a
eliminar. Este procedimento destina-se a validar a inutilização dos documentos,
confirmando-se que o Serviço produtor já não necessita daquela informação.
Poder-se-á efectuar, para alguma documentação, uma transferência de suporte,
nomeadamente através da microfilmagem. Este sistema permite:
Poupar espaço;
Facilitar a pesquisa documental;
Melhorar a difusão da informação;
Introduzir um factor adicional de segurança, ao facilitar a reprodução e a
guarda de várias cópias em locais diferentes;
Manter o valor probatório da documentação, enquanto ainda não é
reconhecido valor legal a outros métodos de transferência de suporte (como a
digitalização ou a fotografia).
ARQUIVO DEFINITIVO OU H ISTÓRICO
A documentação entra na sua fase definitiva ou histórica quando deixa de ter valor
administrativo, ou seja, quando os processos se encontram findos e já não contribuem
para a eficaz gestão do Serviço. O acesso à documentação deixou de ser urgente, no
sentido de fornecer informação de forma rápida para fins administrativos. De um
modo geral, o arquivo definitivo, onde são incorporados estes documentos, é, por
vezes, denominado de “arquivo morto”. Trata-se, na verdade, de uma designação
errada. O arquivo não se encontra “morto”, uma vez que os documentos que guarda,
apesar de terem perdido o seu valor administrativo, conservam o seu valor histórico e
cultural.
Os documentos nesta fase são preservados e tratados arquivisticamente com o
objetivo de serem disponibilizados a utilizadores/investigadores para elaboração de
22
estudos de caráter histórico, sociológico, económico, pedagógico, entre outros. Por
outro lado, esta documentação constitui o testemunho da actuação da pessoa ou
instituição que a produziu, fornecendo elementos informativos aos cidadãos, no geral.
Os documentos em fase definitiva permitem construir uma maior consciência da
missão do organismo, da sua actuação e evolução ao longo do tempo.
Os arquivos definitivos constituem-se como uma garantia da memória da instituição e
como um repositório da sua experiência acumulada, que, ao ser tida em conta, poderá
ajudar a delinear rumos de atuação ou de resposta face às exigências e oportunidades
externas.
Assim, os funcionários devem contribuir para a construção e preservação desta
memória, deste repositório de experiência, levando a cabo, nos seus Serviços, boas
práticas de organização e registo da informação.
Os documentos em fase definitiva podem readquirir, esporadicamente, o seu valor
administrativo. É o caso dos registos de batismo (quando um indivíduo solicita a sua
consulta para comprovar a sua ascendência), das testamentárias (consultadas para
provar, em contenda cível, a posse de um determinado bem ou para confirmar
obrigações definidas pelo testador), dos processos de obras (quando se torna
necessário obter informação sobre os elementos de um prédio), dos processos dos
alunos (quando o aluno volta a estudar), entre outros.
O arquivo definitivo tem, pois, como missão:
A conservação permanente de todos os documentos que, findo o seu valor
administrativo31, possuem, contudo, interesse histórico ou cultural (razão pela qual
não podem ser eliminados);
O tratamento arquivístico, tendo em vista uma eficaz comunicação e
disponibilização dos documentos à sua guarda, fundamentalmente para fins de
investigação.
31 Uma vez que já não são consultados pela Administração ou Serviço produtor.
23
A ARTICULAÇÃO ENTRE O ARQUIVO ADMINISTRATIVO, INTERMÉDIO E
DEFINITIVO – UMA PERSPETIVA INTEGRADA
Os três tipos de arquivo devem estar sempre em articulação constante para que a
documentação (à medida que vai completando o seu ciclo de vida) receba o
tratamento arquivístico adequado.
Em cada fase dos documentos (sobretudo, na fase administrativa ou corrente e na
intermédia), os técnicos responsáveis pelo arquivo devem levar a cabo as tarefas que
lhe estão adstritas, de modo a que, em fases posteriores, não seja necessário proceder
a operações que deviam já estar concluídas.
Fig. 2 – Tarefas a desenvolver em cada fase do ciclo de vida da documentação. As tarefas entre
os parênteses retos já deviam ter sido executadas na fase anterior.
A REMESSA DA DOCUMENTAÇÃO
Os documentos existentes nos Serviços do ISEL, referentes a inúmeros processos, não
são utilizados para sempre, vão perdendo a sua utilidade no arquivo administrativo (ou
porque ficaram concluídos e não vão ser reabertos, ou porque a informação neles
contida já não é, por qualquer motivo, indispensável para a gestão e administração
quotidiana do Serviço).
Por esta razão, e tendo em consideração as sempre presentes questões relacionadas
com a falta de espaço, a documentação pode transitar para o arquivo intermédio,
onde será preservada até serem concluídos os prazos legais de conservação. A
[Organização]
[Descrição]
Preservação
Avaliação
Seleção
Eliminação
[Organização]
[Avaliação]
Descrição
Preservação
Difusão
Arquivo Definitivo Arquivo Administrativo Arquivo Intermédio
Organização
Descrição
24
remessa de documentos para o arquivo intermédio só deverá ser efectuada quando
cumpridos as prazos mínimos legais de permanência da documentação em arquivo
administrativo, estabelecidos em Portaria.
Para além de determinar os prazos obrigatórios de conservação dos documentos, as
Portarias, diplomas legais, constituem um importante instrumento de trabalho para os
diversos Serviços das Instituições porque, ao definir as principais séries documentais
produzidas por cada um deles, facilita a tarefa de organização dos documentos.
Os elementos a transferir para o arquivo intermédio devem respeitar o princípio da
proveniência (mantendo-se separado o que foi produzido e arquivado em Serviços
distintos), e da ordem original (mantendo a organização que a documentação possuía
no arquivo administrativo).
A remessa de documentação deve fazer-se acompanhar sempre de uma guia de
remessa, que deve ser utilizada pelos Serviços para enumerar e descrever as séries
documentais a transferir, a sua dimensão (em metros lineares32), a natureza do
suporte da informação, o tipo de unidades de instalação onde esta se encontra
acondicionada e as respetivas datas extremas.
A REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS E PEDIDOS DE IN FORMAÇÃO
Como já referimos anteriormente, a documentação que foi remetida, do arquivo
administrativo para o arquivo intermédio, continua a pertencer e a estar acessível ao
Serviço produtor. Sempre que este pretenda obter uma determinada informação ou
processo, pode requisitá-lo. Para tal basta preencher os respectivos formulários que
devem ser disponibilizados pelo Serviço de Arquivo.
A ELIMINAÇÃO
Após cumpridos os prazos legais de conservação, a documentação existente no
arquivo intermédio deverá ser alvo de um processo de avaliação e selecção. Estas
tarefas têm em vista determinar que documentação irá transitar para o arquivo
definitivo, tendo por base o seu valor histórico, informativo e cultural. Toda a
32 Número de metros que a documentação ocupa nas prateleiras.
25
documentação que não se revestir deste valor será eliminada. No entanto, esta
eliminação só poderá ser efectuada no arquivo intermédio, ou através do seu
acompanhamento técnico. Os Serviços não podem eliminar, por iniciativa própria, a
sua documentação. Todas as séries documentais eliminadas devem constar de um
Auto de Eliminação, que especifica os seus títulos, dimensões, unidades de
acondicionamento, datas extremas e tipo de suporte em que a informação se encontra
registada.
Para garantir que a informação a ser destruída não contém algum elemento
pertinente, o arquivo intermédio remeterá uma lista com as séries documentais a
serem destruídas, a fim de se obter uma nova confirmação do Serviço produtor.
Deve ser tido em conta que, quanto maior for o nível de organização de um arquivo
(logo na sua fase administrativa ou corrente), mais fáceis e rápidas se tornarão as
tarefas ligadas à avaliação, selecção e eliminação da documentação, bem como o
trabalho de descrição e difusão a desenvolver quando os documentos passarem para a
sua fase definitiva e forem incorporados no Arquivo Definitivo.
Uma boa organização inicial aumenta a eficiência e a capacidade de resposta do
arquivo às solicitações quotidianas do Serviço, evitando, numa fase posterior, a
duplicação do trabalho e perdas de tempo desnecessárias, no arquivo intermédio e
definitivo.
26
A ORGANIZAÇÃO
DEFINIÇÃO DE ORGANIZAÇÃO ARQUIVÍSTICA
O conceito de organização é constituído por duas realidades distintas: por um lado, a
ordenação dos documentos e, por outro, a classificação dos mesmos.
A ORDENAÇÃO
Por ordenação entendemos o processo de organização física, pelo qual colocamos os
documentos segundo uma determinada ordem. Para garantir uma eficiente
recuperação da informação, a ordenação que damos aos documentos que produzimos
e/ou recebemos nunca poderá ser ingénua e aleatória, tendo que haver sempre uma
decisão, ou seja, uma intervenção da nossa parte.
Desta forma, os documentos podem ser sequenciados tendo em vista diversos
critérios. A título de exemplo, a ordenação pode ser:
Cronológica (exemplo, copiador de correspondência expedida, ordenado por
datas);
Numérica (exemplo, processos de funcionários ordenados pelo numero
mecanográfico);
Hierárquica (exemplo, pasta de aquisições, com os processos de compra
ordenados do mais prioritário para o menos urgente);
Alfabética (exemplo, processos de alunos ordenados por ordem alfabética de
nome);
Alfanumérica (exemplo, pasta de aquisições de mobiliário com o código MOB,
em que o primeiro processo será MOB1, o segundo MOB2, e assim sucessivamente).
Deverá ser escolhido o tipo de organização que melhor se ajuste às características da
documentação em causa, assim como às necessidades de pesquisa e de recuperação
da informação por parte do Serviço. Em suma, deve-se escolher uma ordenação que
seja, simultaneamente, prática, lógica e adequada ao conteúdo informativo dos
documentos.
A ordenação permite facilitar as tarefas de recuperação da informação, de
arquivagem, de avaliação e de descrição, uma vez que atribui aos documentos de
arquivo (e suas unidades de instalação) uma sequência lógica e coerente. Por exemplo,
27
demora-se muito menos tempo a procurar o processo de um aluno numa caixa com
500 processos, quando os mesmos se encontram ordenados numericamente e por
curso. Se a ordenação não for adequada, ou se o conjunto documental estiver, pura e
simplesmente, desordenado, a busca de informação torna-se caótica e demorada.
Sempre que o critério de ordenação for alterado, os colaboradores deverão registar o
sistema anterior, para que não se perca a lógica organizativa das pastas mais antigas e
seja possível recuperar a informação.
A CLASSIFICAÇÃO
A classificação é o processo intelectual de organização da documentação que consiste
em criar regras pré-estabelecidas para agrupar os documentos, consoante a sua
proveniência, ou tendo por base o conteúdo temático-funcional da informação que
veicula. A classificação serve, pois, para organizar e recuperar a documentação (os
processos).
A classificação funcional é, atualmente, a mais indicada, podendo ser definida como o
conjunto de regras, claramente estabelecidas, que promovem a organização dos
documentos de arquivo administrativo, consoante as várias atividades da instituição
ou Serviço (as quais se refletem no tipo de documentação produzida).
Uma instituição desenvolve atividades e cada uma destas gera diversas funções. Para o
cumprimento dessas funções é necessário criar e receber documentação, logo, todos
os documentos estão associados a uma actividade e a uma função desenvolvidas pela
Instituição. Por sua vez, o tema é o conteúdo do documento, o seu assunto, ou seja, o
elemento que nos vai permitir enquadrá-lo numa determinada actividade ou função
desenvolvida pela organização33.
Em conclusão, classificar pode definir-se como a operação que consiste em organizar a
documentação por grandes áreas temáticas e, dentro destas, por assuntos,
33 No fundo, trata-se de uma lógica organizativa semelhante àquela que encontramos numa livraria.
Quando nos deslocamos a um destes estabelecimentos, não nos dirigimos à secção de Desporto (tema
ou grande área temática) para comprar o livro Instalações Eléctricas de Baixa Tensão – Projecto,
Execução e Exploração. Sabemos, de antemão, que para este assunto específico, devemos procurar na
secção de livros de Engenharia.
28
estabelecendo uma ligação hierárquica entre eles e atribuindo para cada actividade,
função e assunto, um código numérico ou alfanumérico.
Por exemplo, o processo “Ação de formação do funcionário A, sobre SIADAP”, insere-
se na: Atividade “gestão de recursos humanos”, na qual, uma das funções associadas é
a formação. Neste caso específico, o tema será SIADAP (que constitui o assunto da
referida acção de formação).
T IPOS DE CLASSIFICAÇÃO
Existem vários sistemas de classificação, que agrupam a informação de forma distinta.
Os mais comuns são:
CLA SSIFICAÇ ÃO ORGÂNIC A
É o tipo de classificação que estabelece os diversos grupos de documentos de acordo
com a procedência da documentação, isto é, de acordo com o Serviço ou entidade que
a produziu. Os planos de classificação de tipo orgânico reflectem, por isso, o
organograma das Instituições.
Não se aconselha a utilização de planos de classificação orgânicos, porque os mesmos
apresentam algumas desvantagens que é importante realçar:
Existem assuntos muito diversos que estão “misturados” numa mesma pasta,
só porque têm uma mesma proveniência.
A recuperação da informação é, consequentemente, menos eficaz e mais
morosa.
Com bastante frequência, muitas Instituições ou Serviços extinguem-se ou
sofrem reestruturações, alterando as suas designações e competências, sendo
necessária uma constante actualização do quadro de classificação utilizado.
CLA SSIFICAÇ ÃO FU NC ION AL
Neste tipo de classificação o agrupamento da documentação e a sua recuperação são
efectuados por tema e por função, ou seja, reflete sempre as várias atividades
desenvolvidas pela Instituição ou serviço.
O conteúdo do documento, isto é, o assunto, deve ser o critério classificador,
possibilitando agrupar espécies documentais distintas (ofícios, memorandos, recibos,
29
entre outros), que tratam do mesmo assunto, num mesmo dossier, processo ou pasta,
independentemente da proveniência do documento. Desta forma, os planos de
classificação funcionais estão mais dependentes das atividades desenvolvidas pela
Instituição, as quais se mantêm mais estáveis ao longo do tempo.
BOAS PRÁ TIC A S DE C LAS SIFICAÇÃ O
Elaborar um estudo profundo do Serviço ou entidade produtora da
documentação (neste caso, o ISEL), fazendo um levantamento das suas competências
e de todas as atividades que leva a cabo para atingir os seus fins estatutários.
Fazer um levantamento exaustivo dos processos produzidos, dos documentos
de circulação interna e dos formulários/impressos em utilização nos Serviços.
Definir o circuito dos processos relativos a cada uma das atividades
desenvolvidas pelo ISEL.
Com base nesta recolha de informação prévia elaborar a estrutura de um
quadro de classificação que reflita, o mais fielmente possível, a actividade da
Instituição (ou de um Serviço) e a documentação produzida no decurso dessa
actividade, permitindo arquivá-la de forma clara e sistemática. Deverão ser evitados,
nas classes, termos genéricos como “diversos”, “assuntos gerais” ou “outros”.
Uma vez elaborado um quadro de classificação a documentação deverá ser
arquivada no nível inferior da hierarquia, que deve corresponder a um dossier ou pasta
no arquivo (com essa referência na lombada) acompanhada do título da série e, se
possível, das datas extremas. Podem, como complemento, ser utilizadas cores. Por
exemplo, escolher a cor azul para todos os dossiers relativos a Recursos Humanos.
A classificação deve ser clara, inequívoca e não deve estar dependente de
interpretações subjetivas. Aquilo que se anexa a uma determinada classe ou série
nunca poderá ser anexado a outra, independentemente da pessoa ou altura em que se
classifica.
PLANOS DE C LA SSIF ICA Ç ÃO: CONSIDE RAÇ ÕES GE RA IS
O trabalho de organização de um arquivo administrativo não termina com a
adopção de um quadro de classificação, uma vez que este é apenas um elemento
constitutivo de uma realidade mais vasta, ou seja, de um plano de classificação.
30
Um quadro de classificação não pode ser criado e aplicado sem que seja levado
a cabo um estudo prévio exaustivo que analise a produção documental, as
características, os objetivos e a forma de organização da Instituição em causa.
Um quadro de classificação tem de ser sempre elaborado com base na
realidade organizacional específica de cada instituição ou Serviço, uma vez que deve
refletir a documentação produzida e, esta última varia de instituição para instituição
(de Serviço para Serviço), consoante as competências e especificidades da actuação de
cada uma delas.
A uma unidade orgânica (instituição ou Serviço) deve corresponder apenas um
plano de classificação. Este não é aplicável a outra realidade organizacional. Por
exemplo, um pintor, para produzir um retrato de uma pessoa, não pode utilizar como
modelo outro indivíduo que não aquele que pretende retratar, apesar de ambos
possuírem dois olhos, uma boca, um nariz, entre outras características.
Por sua vez, o plano de classificação é um documento que engloba, não só a
relação hierárquica das áreas temáticas, atividades, funções e processos desenvolvidos
pela Instituição (quadro de classificação), como, também, deve incluir a explicação dos
procedimentos de classificação dos documentos, a definição de cada classe e dos
processos/documentos que nela deverão ser incluídos. Será, ainda, essencial que
estabeleça critérios de ordenação dos documentos e que contenha índices remissivos
para melhor determinar a classe a que um documento pertence, assim como o código
a atribuir-lhe.
31
ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
O NOVO AMBIENTE DIGITAL
Uma nova cultura digital tem vindo a emergir na sociedade atual, por força do
permanente aparecimento de novos conceitos e soluções, anteriormente conhecidos
pelo termo genérico de «informática».
As Tecnologias de Informação são hoje uma designação mais abrangente que engloba
os equipamentos, programas, infraestruturas e serviços necessários para criar,
armazenar, procurar e manipular a informação escrita, sonora ou visual. Os
equipamentos, ligados entre si por redes de comunicações, utilizam programas
específicos (sistema operativo) para gerir e controlar as suas partes componentes. Os
programas, destinados a executar acções e rotinas concretas são utilizados nestes
equipamentos para levar a cabo as mais variadas atividades.
Estas tecnologias, transformadas em bens de consumo, estão acessíveis a todos os
cidadãos que as podem facilmente adquirir e utilizar sem que lhes seja exigida uma
competência especial. Devemos, no entanto, diferenciar este tipo de utilização
daquela que é feita pelos profissionais que têm a seu cargo a responsabilidade da
instalação e manutenção de complexas infraestruturas.
Os Sistemas de Informação34 destinam-se à aplicação das tecnologias da informação
através do recurso a técnicas da ciência da computação e da administração e gestão de
empresas. Envolvem, entre outros aspectos, o estudo dos processos de negócio35, a
tomada de decisão e o planeamento estratégico. O seu fim último é o
desenvolvimento social e económico, em que a satisfação das necessidades dos
cidadãos e das empresas desempenha um papel central na actividade económica, na
criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e nas suas práticas
culturais.
Podemos interrogar-nos sobre a importância da aplicação dos Sistemas de Informação
aos arquivos administrativos, dado que à primeira vista as preocupações de
34 Os Sistemas de Informação constituem uma área própria no âmbito da gestão e organização de
empresas.
35 Processos de negócio são as atividades específicas desenvolvidas por uma determinada instituição,
para atingir os seus objetivos.
32
organização e manutenção de documentos, ainda em suporte papel, parecem estar
distantes do mundo das Tecnologias de Informação.
Comecemos, então, pelas componentes mais simples e observemos a actividade que
se desenrola ao nível de cada unidade administrativa. As organizações disponibilizam
computadores (estações de trabalho) aos seus funcionários para a execução de
variadas tarefas de comunicação e produção de documentos que circulam através das
redes de comunicações.
O acesso às páginas da Internet, o Correio Electrónico e o Processamento de Texto são,
assim, ferramentas tão banais que seria impensável deixar de recorrer a estes meios
para cumprir as tarefas administrativas de cada posto de trabalho. Para além dessas
ferramentas estão, igualmente, disponíveis numerosas aplicações destinadas à Gestão
do Aprovisionamento, à Gestão Financeira e Contabilística, à Gestão de Recursos
Humanos ou à Gestão Académica.
Diariamente, é produzido em Word ou noutros programas um grande número de
documentos digitais. Em muitos casos, estes apenas se destinam a ser impressos e
enviados a outros departamentos, serviços ou a entidades externas. No entanto, a
alternativa oferecida pelo Recurso ao Correio Electrónico veio modificar esta realidade,
permitindo uma maior facilidade na comunicação da informação. São muitas as
situações em que esses documentos constituem anexos de mensagens trocadas entre
diferentes pessoas que os reconhecem como válidos para o procedimento
administrativo.
O recurso às Tecnologias da Informação coloca-nos no limiar de uma mudança cultural
que importa analisar para não prejudicar a organização dos arquivos administrativos.
Para obter um melhor desempenho dos computadores somos obrigados a
compreender os fundamentos do seu funcionamento. Tratam-se, à partida, de
equipamentos electrónicos (semelhantes a tantos outros), compostos por um conjunto
de componentes que, para o utilizador vulgar, apenas são diferenciados pelos
elementos externos a ele ligados: monitor, teclado, rato e impressora.
Por razões evidentes estes elementos externos, essenciais para a entrada e leitura de
dados, estão mais próximos dos utilizadores, mas o disco rígido (por se encontrar
33
incorporado na unidade central) só é valorizado quando deixa de funcionar e tudo
pára.
No disco rígido estão guardados os trabalhos produzidos ao longo de meses ou até de
anos e o seu desaparecimento poderá constituir um prejuízo que só a partir desse
momento será tido em conta. O cuidado individual de executar cópias de segurança é,
por vezes, descurado e só depois de um acidente grave ficamos atentos a tal facto.
Por força do acesso à Internet e do uso de aplicações de gestão as organizações
dispõem actualmente de redes de comunicações, ligando as estações de trabalho
entre si, assim como aos servidores aplicacionais36e aos servidores de ficheiros37;
ambos podem guardar os dados produzidos por cada utilizador. Estando garantidas as
seguranças periódicas, isto é, se os ficheiros forem regularmente transferidos ou
guardados nesses servidores, será minimizado o risco de uma eventual perda de
dados.
A ORGANIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS EM COMPUTADOR
Os documentos administrativos são essenciais para as organizações, não apenas por
constituírem prova de uma actividade e/ou tomada de decisão, mas ainda por
conterem conhecimentos transmitidos através de conteúdos produzidos pelos seus
autores.
Um dos valores mais importantes de qualquer instituição é, precisamente, o capital
intelectual que é criado permanentemente pelos seus funcionários. Revestindo-se este
capital de tanta importância a sua existência terá de ser garantida e preservada ao
longo do tempo através do recurso aos mecanismos de segurança de dados já
referidos.
A importância da informação impõe que se estabeleçam formas de acesso baseadas
numa organização racional dos documentos administrativos pois, apesar das muitas
36 Entende-se por servidor aplicacional um equipamento onde estão instaladas aplicações que servem
toda a organização e que são compostas por programas e bases de dados.
37 Os servidores de ficheiros, como o nome indica, constituem um espaço onde é armazenada
informação organizada em ficheiros, passando a constituir mais uma unidade de disco, partilhada ou
não por cada utilizador.
34
facilidades tecnológicas, esse acesso depende sempre do modo como a documentação
está arrumada e descrita. Sabemos que ao fim de algum tempo os ficheiros guardados
em cada computador começam a ser de difícil acesso, porque nos esquecemos do seu
nome ou porque existem diversas versões com nomes muito semelhantes. Quando
aumenta o número de pastas onde vamos guardando informação a situação complica-
se e, se o mesmo equipamento for partilhado por várias pessoas, então pode mesmo
transformar-se num labirinto. A experiência das regras de classificação de documentos
de arquivo pode aqui desempenhar um papel importante e constituir uma boa ajuda,
por vezes ignorada.
Através de um levantamento orgânico-funcional de identificação dos diferentes
assuntos tratados e da análise das tipologias documentais os técnicos de arquivo
poderão fornecer um plano que permita arrumar os documentos em pastas
electrónicas, de forma semelhante à que deve ser feita em pastas com documentos
em papel. Só que, neste caso, é ainda possível adicionar elementos (por exemplo,
autor, destinatário, remetente, assunto e data) para serem pesquisados quando é
necessário procurar a informação.
Esta organização das pastas electrónicas pode e deve ser efectuada por cada grupo de
trabalho (unidade orgânica) que partilhe documentos produzidos pelos vários
funcionários pois, apesar de terem uma origem individual, são património da
organização onde se inserem. Para tal ser possível, recomenda-se a adopção de
políticas que passam pela disponibilização de áreas nos servidores de ficheiros,
acedidos através da rede local, com regras de segurança de acesso e permissões bem
definidas. Tais políticas dependem de cada unidade orgânica e, simultaneamente, dos
responsáveis pelas tecnologias de informação (que devem garantir os aspectos de
segurança de dados) e dos técnicos de arquivo (que deve estabelecer os planos de
classificação, assim como os prazos de conservação e destino final).
Com estes procedimentos reduzem-se as dificuldades de acesso à informação e
melhora-se a sua circulação e salvaguarda. Cada estação de trabalho passa a constituir
um ponto de produção e acesso onde os documentos podem residir temporariamente
(numa fase de elaboração dos conteúdos), mas que, logo que concluídos, serão de
imediato copiados para uma área do servidor. Este facto não elimina a possibilidade
35
de, também no disco local, serem aplicados os mesmos planos de classificação que
irão facilitar a arrumação e recuperação dos documentos.
Abordámos até agora a questão dos documentos administrativos produzidos
digitalmente, mas não podemos esquecer que o aparecimento do correio electrónico
veio aumentar o volume da produção documental e a necessidade de uma organização
racional. Muitas instituições dispõem de sistemas de arquivo automático das
mensagens, mas a sua classificação e acesso continuam a ser um aspecto ainda por
resolver. Não se trata apenas de uma questão tecnológica, mas principalmente legal,
por envolver valores relativos ao direito de privacidade das pessoas e de sigilo das
instituições.
Quais os limites de aplicação de regras de gestão documental aplicadas ao correio
electrónico de cada funcionário? Embora alguns funcionários sintam a necessidade de
organizar os documentos em pastas, segundo critérios próprios, é importante que essa
organização respeite, mais do que um critério pessoal, uma estrutura genérica e
comum definida pela Instituição. Deste modo, será possível racionalizar a
organização/classificação dos documentos, agora em suporte digital.
Para além da importância de estabelecer regras de classificação, também é essencial
definir os prazos de conservação. Este último aspecto pode passar despercebido para
aqueles que tenham uma visão centrada apenas naquilo que vulgarmente se
denomina de “arquivo administrativo”. Acontece, porém, que a cumulação sucessiva
de documentos (agora em discos magnéticos nos servidores) tem, também, limites
que obrigam a uma eliminação periódica quando termina o seu valor legal ou quando
deixam de constituir informação relevante.
Os técnicos de informática, na sua actividade de garantir a segurança física da
informação, encaram os ficheiros como dados sem qualquer nexo ou valor,
preocupam-se apenas em assegurar a sua preservação nos respectivos suportes.
Compete ao serviço de arquivo de cada Instituição definir o valor dos documentos e,
por conseguinte, realizar os procedimentos de eliminação da informação que
considere desnecessária, segundo as normas internas aprovadas e as portarias legais
de eliminação.
36
Apesar deste maravilhoso mundo digital, a realidade das nossas organizações continua
dependente dos documentos administrativos em suporte papel que irão subsistir em
paralelo com outros suportes. Começa já a surgir uma nova abordagem tecnológica
que passa pela digitalização de documentos. Esta acção possibilita a sua circulação
entre as várias cadeias de decisão; no entanto, levará algum tempo até que essa opção
constitua uma rotina.
Desde logo, importa salientar que a digitalização é uma opção a que se recorre devido
à necessidade da circulação e acesso aos documentos através das redes digitais e,
nunca com o objectivo de substituir os respectivos originais. Esta é uma questão
essencial pois, além das limitações tecnológicas relacionadas com a preservação a
longo prazo (fundamental em documentos administrativos), ainda não é comummente
aceite em tribunal a apresentação de uma cópia digital para substituição do original
em papel.
É necessário ter alguma cautela no que respeita à digitalização dos documentos
administrativos, nomeadamente no que concerne à certificação digital, à definição de
uma política de preservação digital, à deterioração dos suportes digitais e à
obsolescência38 dos equipamentos.
APLICAÇÕES INFORMÁTICAS EM ARQUIVOS ADMINISTRATIVOS
A observação da realidade de várias instituições permite constatar que se mantém,
ainda, a separação entre as funções tradicionalmente percebidas como de Arquivo e
aquelas que, em termos mais comuns, são denominadas por Gestão de Expediente,
Gestão de Correspondência, Seguimento de Processos, entre outros.
Juntando a tudo isto, a diversidade de programas que vão sendo adquiridos (quando
se pretende responder a problemas usando apenas tecnologias, mas esquecendo as
questões organizacionais), deparamo-nos com situações complexas e difíceis de
ultrapassar que colocam em risco o valor de prova e de informação contido nos
documentos administrativos.
38 Desatualização da tecnologia que ocorre geralmente num curto espaço de tempo.
37
O objectivo de uma Gestão Integrada dos Documentos de Arquivo (desde a fase da
produção até à sua eliminação ou salvaguarda para memória futura), não tem ainda
merecido, por parte da Sociedade, a compreensão da sua importância no contexto dos
Sistemas de Informação. Se juntarmos o aparecimento e o crescimento exponencial de
uma multiplicidade de novos suportes e meios de transmitir a informação (de que o
correio electrónico é um bom exemplo), melhor se compreende a necessidade de
mudança da situação actual.
A sociedade em rede, que hoje se nos depara, obriga a moderna gestão a novos
desafios e, ainda, a que as tecnologias de informação sejam reposicionadas como
instrumentos ao serviço das políticas de gestão. Champy39, conceituado autor neste
domínio, afirma que «… o verdadeiro poder das tecnologias não está em conseguir
melhorar os antigos processos de trabalho, mas sim permitir às organizações
romperem com a s velhas regras e criar novas formas de funcionamento».
No que respeita aos documentos administrativos estas novas formas de
funcionamento começam a ser implementadas por cada funcionário quando produz
documentos e os arruma segundo planos de classificação coerentes e estruturados, se
for estabelecida como regra (no momento de guardar um documento em
computador), a opção do preenchimento obrigatório, de campos descritivos contendo
o Título, Assunto, Autor, Categoria, Palavras-Chave e Comentários, posteriormente
será mais fácil a sua pesquisa e o rápido acesso à informação. Através do recurso a
uma simples folha de cálculo, poderá ainda registar-se a entrada e saída de
documentos com todo o movimento ocorrido.
Este tipo de soluções triviais, recorrendo a ferramentas simples, permite resolver
desde logo as necessidades de controlo dos documentos administrativos, sem implicar
o desenvolvimento de programas locais, que mais tarde se podem mostrar
incompatíveis ou de difícil integração. O recurso à criação de bases de dados locais (no
caso de existirem técnicos disponíveis e com experiência neste domínio) pode tornar-
se numa obra inacabada ou de manutenção complexa e dar origem ao aparecimento
de «ilhas de informação». Por isso, muitas instituições (confrontadas com tal
39 CHAMPY, J. – Reengineering Management: the mandate for new leadership. New York: Harper-Collins,
1995.
38
necessidade) decidem adquirir programas adaptáveis a todas as unidades orgânicas,
destinados ao registo da correspondência e ao seguimento de despachos. São
aplicações simples e de fácil instalação que, embora numa perspectiva racional
pareçam ser as mais adequadas, condicionam o futuro desenvolvimento harmónico de
um Sistema de Gestão Documental. Por se tratar de um processo complexo que
envolve todas as estruturas e procedimentos internos, e por se prolongar muito para
além da duração dos próprios equipamentos e suportes digitais onde irá funcionar,
não pode ser perspectivado como mera solução imediatista.
Os Sistemas de Gestão de Documentos de Arquivo (que não possuam mecanismos de
certificação que garantam a auditoria e a rastreabilidade40), podem tornar-se «caixas
negras» onde se introduzem dados que não controlamos nem sabemos como se
organizam internamente. Os resultados obtidos podem ser esteticamente
interessantes mas, sem uma verificação e controle permanente por técnicos
competentes, dificilmente oferecem uma garantia da sua qualidade.
As aplicações informáticas em arquivos administrativos implicam, assim, uma reflexão
e estudo prévio de todos os circuitos documentais que envolvem o levantamento das
competências, das funções de cada Instituição, dos tipos de documentos produzidos e
recebidos, bem como uma eventual reformulação dos procedimentos em vigor. Trata-
se de uma verdadeira acção de reengenharia de processos que tem em vista melhorar
as condições de acesso à informação.
Não foi por acaso que surgiram várias metodologias para este efeito, como por
exemplo a elaborada pelos Arquivos Nacionais da Austrália, expressa no manual DIRKS
(Designing and Implementing Record-Keeping Systems) e referida pela Norma
Portuguesa NP 4438-2: 2005, tradução da ISO 15489. Estas normas constituem um
valioso auxiliar por permitirem compreender a actividade da organização e o ambiente
regulado e regulador e social em que são produzidos os documentos do arquivo
administrativo.
40 Isto é, garantir a análise e avaliação do desempenho dos sistemas informáticos de gestão documental.
39
Uma boa e transparente Administração requer que a gestão documental seja eficaz e
permita justificar todos os seus actos41, de modo a que estes sejam significativos,
precisos, fidedignos, legíveis e constituam uma evidência durável de todas as acções e
decisões.
É de salientar que os processos existentes no arquivo administrativo devem ser
guardados enquanto forem necessários para a gestão corrente. No entanto, o valor
informativo e probatório desses processos não se extingue de imediato, devendo por
isso ser mantido durante os prazos estabelecidos por lei. Desta forma, deve ter-se
presente que a maioria destes prazos ultrapassa a longevidade dos programas e
equipamentos informáticos. A aplicação da portaria legal de eliminação de
documentos depende de um conjunto de critérios que, se não forem respeitados, irão
obrigar, a posteriori, a uma reformulação da estrutura organizativa da documentação e
respectivos processos.
Consequentemente, o cuidado com a preservação dos documentos revela-se essencial
quando se aborda a escolha de aplicações informáticas, pois um Sistema de Gestão
Documental tem como principal objectivo a organização dos documentos de arquivo
(qualquer que seja o suporte em que se encontrem) através do recurso a
equipamentos electrónicos e a programas desenvolvidos para o efeito. Neste sentido,
é importante salientar a necessidade de que estes programas se baseiem em formatos
abertos, para que (em qualquer momento), os dados sejam legíveis, não dependam de
cada versão instalada, nem obriguem a transferências e conversões sempre falíveis.
Será importante realçar que é fundamental estabelecer uma política de preservação
digital, que estabeleça as normas e procedimentos precisos para evitar os problemas
de perda de dados, provocada pela obsolescência tecnológica42. Isto implica que um
serviço com competência técnica se responsabilize pela transferência da informação
para sistemas e suportes mais atualizados que garantam a continuidade de acesso à
41 Desde a fase de produção até à seleção dos documentos de conservação permanente.
42 A título de exemplo, podemos referir que muitos dos documentos gravados no início dos anos 90, em
formato Word, podem já não ser legíveis nos computadores atuais. Por outro lado, muita desta
informação encontra-se guardada em disquetes, sendo que, hoje em dia, a maior parte dos
computadores já não possuem unidade de leitura deste suporte.
40
informação. Este serviço terá, também, de se responsabilizar pela inutilização da
informação que for selecionada para eliminação, tendo por base a legislação em vigor.
41
CONCLUSÃO Com o presente texto sobre organização de arquivos administrativos, procurámos
alertar todos os funcionários do ISEL, que diariamente lidam com documentação, para
uma série de boas práticas destinadas a alcançar uma organização mais eficaz dos
documentos.
Esta racionalização da gestão documental deverá constituir, cada vez mais, uma
prioridade de actuação das Instituições, numa Sociedade pautada, de modo crescente,
pela necessidade de acesso rápido e imediato à informação. As várias entidades
públicas e privadas terão de acompanhar a novas exigências, organizando os seus
sistemas de arquivo e sistematizando a sua produção documental. Esta será uma boa
forma de acompanharem e responderem adequadamente à referida evolução, não se
constituindo como um óbice à mesma, disponibilizando convenientemente a
informação pertinente43.
Por outro lado, nesta nova “Sociedade da Informação”, os cidadãos passaram a aceder
de forma muito mais facilitada à informação, encontrando-se cada vez mais
conscientes dos seus direitos e garantias, exigindo, por isso, que os serviços prestados
por Instituições públicas ou privadas melhorem em termos qualitativos. Já não se trata
apenas de exigir que se cumpram as suas tarefas “mecanicamente”, mas que o serviço
seja pautado por critérios de eficiência, eficácia e qualidade44.
Ora, um arquivo administrativo devidamente organizado contribui de forma
significativa para um aumento da qualidade do serviço prestado, ao melhorar a
comunicação e troca de informação entre os Serviços (actuação conjunta e integrada)
e ao optimizar os procedimentos burocráticos. Estes factores permitirão,
consequentemente, diminuir despesas e reduzir o tempo de resposta às solicitações
43 Ou seja, ao responder a um pedido, há que fornecer a informação adequada às solicitações dos
utilizadores, isto é, não se deve pecar por excesso nem por falta de elementos, factores que podem pôr
em causa a satisfação do utente.
44 Estes preceitos estão contemplados em diversos diplomas legais, de entre os quais se destaca o
Decreto-Lei 442/91, de 15 de Novembro, com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 6/96, de 31 de
Janeiro, artigo 10.º. Os Dez Princípios Éticos da Administração Pública preveem que “os funcionários
devem prestar informação e/ou esclarecimentos de forma clara, simples cortês e rápida” (Princípio da
Informação e da Qualidade).
42
internas (Serviços) e externas (utentes, fornecedores, investigadores, entre outros),
otimizando, assim, a capacidade de actuação da Instituição.
Por outro lado, a organização dos arquivos administrativos e o cumprimento de todos
os procedimentos relacionados com as remessas documentais para o arquivo
intermédio (observância dos prazos legais de conservação dos documentos), contribui
de forma decisiva para a protecção e preservação da documentação com interesse
histórico, essencial para a construção de uma memória institucional e para uma
consciencialização do percurso e da experiência acumulada da Instituição.
No entanto, para alcançar esta gestão documental mais eficaz, ao nível dos arquivos
administrativos, é inevitável investir em instalações, equipamentos, material
apropriado, assim como no estabelecimento de regras e de metodologias de trabalho
adequadas. Por outro lado, é fundamental apostar na formação dos recursos humanos
que, diariamente, têm de lidar com a documentação e com a sua organização. Foi,
precisamente, este pressuposto que presidiu à ideia de elaborar um Manual que
divulgasse uma série de pequenos, mas importantes, conselhos teóricos e práticos.
Em resumo, no que se refere às aplicações informáticas nos arquivos administrativos
queremos destacar que a aplicação da informática aos arquivos administrativos é, em
primeiro lugar, um processo organizacional que tem de começar muito antes da
utilização de qualquer programa. Tal como nos Sistemas de Gestão Financeira, onde
existe uma estrutura central essencial baseada no Plano de Contabilidade, também
nos Sistemas de Gestão Documental tem de existir um Plano de Classificação, sem o
qual este não poderá funcionar eficazmente.
Por isso mesmo, e até que seja realizado um estudo profundo da Instituição e da
documentação que produz, é preferível recorrer a ferramentas simples, disponíveis
nos actuais ambientes de trabalho de cada utilizador, de forma a não hipotecar o
futuro com soluções avulsas e de difícil integração. Deste modo, consegue-se uma
melhor transparência dos processos de gestão, salvaguardando a memória e a prova
dos actos e da actividade de cada instituição
Procurou-se que o texto fosse simples e acessível, não descurando, contudo, a
transmissão e explicitação de alguns conceitos teóricos arquivísticos, indispensáveis
para que os conselhos práticos propostos fossem devidamente justificados e
43
contextualizados. Longe de pretender ser um texto técnico-científico, desejou-se,
antes, elaborar um instrumento de trabalho que os funcionários pudessem consultar
frequentemente, sempre que surja alguma dúvida mais imediata em relação à gestão
ou organização de documentação. No entanto, a sua leitura não exclui, de forma
alguma, a necessidade dos funcionários participarem em acções de formação sobre
esta temática.
Esperamos que o presente Manual constitua um estímulo para que todos os
funcionários adotem uma atitude pró-ativa no que respeita à gestão da documentação
administrativa dos seus Serviços, no sentido de, em conjunto, contribuírem para um
aumento da rapidez e da capacidade de resposta do ISEL perante as solicitações
crescentes do seu público-alvo.
44
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