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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS - Tecnologia em Óptica e Optometria Óptica Oftálmica – aula 4
Alex Dias
Observação: O presente texto é destinado a profissionais que
necessitam somente das informações básicas relativas a alguns conceitos da
óptica física que se aplicam à área de óptica oftálmica, por isso não existem
grandes desenvolvimentos matemáticos ou outra forma de aprofundamento
teórico.
LUZ COERENTE E INCOERENTE
Uma fonte de luz coerente se caracteriza pelo fato de possuir todas as ondas em
fase, o exemplo mais comum deste tipo de fonte é o LASER. Já nas fontes de luz
incoerentes há uma desorganização quanto à fase das ondas.
A lâmpada incandescente é um exemplo de fonte de luz incoerente e policromática,
ou seja, temos diversos comprimentos de onda se propagando, em diferentes fases, ao
mesmo tempo. Isto ocorre porque cada ponto do filamento age como uma fonte de luz
independente.
O LASER (sigla que significa Amplificação da Luz por Emissão Estimulada) é uma
fonte de luz coerente, direcionada (o feixe de luz pode ser colimado, onde todas as ondas
têm o mesmo sentido e direção de propagação), e de alta intensidade e praticamente
monocromática (somente um comprimento de onda), trouxe grandes avanços na área de
óptica. Pode possuir alta intensidade e concentrar uma grande quantidade de energia em
uma área muito pequena.
Cada tipo de laser tem características específicas de cor, intensidade e
ritmo, em pulsos ou contínuo, de acordo com o meio que o gera que pode ser
líquido, gasoso, cristal, semicondutor, entre outros, sendo produzido por um
sistema que transmite energia luminosa ou elétrica a um meio eletricamente
excitável que transmite esta energia amplificada sob a forma de luz. O
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primeiro laser inventado foi o de rubi, em 1960 na Califórnia pelo físico
Theodore Maiman.
Como olho é um órgão com algumas estruturas transparentes, permite a
propagação do laser a quase todos os tecidos, podendo pode ser aplicado,
permitindo que procedimentos invasivos, como incisões, sejam menos
traumáticos. O efeito varia de acordo com o tipo do laser e do tecido. Pode
ocorrer fotocoagulação, aquecimento localizado com coagulação,
fotodisrupção, rompimento de tecidos, fotovaporização, aquecimento
localizado com desidratação, e fotoablação, quebra de ligações inter-
moleculares.
O texto a seguir foi desenvolvido por Carla Silva, Física, da Universidade de
Algarves, Portugal, descreve os efeitos e aplicações do laser, o texto foi reduzido para
facilitar a compreensão:
O mecanismo mais importante de absorção da luz pelos tecidos é, como já
se referiu, a transformação de energia luminosa em energia térmica.
Conseqüências da fotocoagulação, por exemplo, na carne vermelha:
1. Mudança de cor, tornando-se castanha acinzentada
(desnaturação da hemoglobina e da mioglobina).
2. Facilidade a rasgar a carne (desnaturação do colágeno -
proteínas de estrutura).
3. Diminuição do volume (evaporação da água).
A fotocoagulação, em medicina, é essencialmente utilizada para destruir
tumores, em tratamento da retina nos diabéticos e como forma de evitar
hemorragias – os vasos sanguíneos dos tecidos fotocoagulados ficam selados,
evitando-se a perda de sangue.
Se a deposição de calor for feita de um modo demasiadamente lento, os
efeitos espraiam-se pelos tecidos, podendo ter efeitos indesejáveis. Assim, há que
atingir um equilíbrio entre o tempo de exposição e a densidade de potência do feixe:
Chama-se tempo de relaxação térmico, TR, ao tempo necessário para que o
calor depositado numa determinada região seja conduzido para fora dessa região,
de forma a que a temperatura aumentada no tecido exposto diminua para metade.
Outro mecanismo de interação da luz com os tecidos é a fotovaporização.
Neste o ponto de ebulição da água é rapidamente atingido e os tecidos são
cortados. Assim, lasers com esta densidade de potência são utilizados em cirurgia
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para realizar incisões ou para proceder à remoção de tecidos. Chame-se a atenção
para o fato de os tecidos adjacentes sofrerem fotocoagulação, o que facilita a
cicatrização.
Existe ainda a possibilidade de os tecidos sofrerem fotoablação que ocorre
a densidades de potência ainda mais elevadas (geralmente na gama dos
ultravioletas) que estão associadas à quebra de ligações químicas seletivas, sem
que haja aumento da temperatura local. Sendo outra forma de corte de tecidos.
Um último mecanismo de interação da luz com os tecidos cujos efeitos
utilizados em Medicina irão ser discutidos é o de absorção seletiva. Como se sabe,
algumas substâncias absorvem especificamente num dado comprimento de onda.
Podendo essa especificidade ser utilizada em diferentes cenários.
Os tecidos moles são constituídos por 70% de água (que absorve na gama
do ultravioleta e do infravermelho) e os restantes 30% por moléculas biológicas que
absorvem em várias freqüências (Infravermelho, Visível e Ultravioleta).
Embora as proteínas absorvam, preferencialmente, no UV, há exceções
como a hemoglobina, por exemplo, que absorve na gama entre, aproximadamente,
510 nm e 600 nm. Ainda que a oxihemoglobina e a deoxihemoglobina absorvam em
comprimento de onda diferentes (daí associar-se a uma e as outras diferentes
cores).
Assim, dependendo do comprimento de onda da luz emitida, assim a
aplicação dada aos diversos lasers: o laser de Nd:YAG (cristal de granada-
alumínio-ítrio-neodímio emite no infravermelho – 1064 nm) é utilizado em
fotovaporização (embora não seja absorvido nem pela água, nem pelo sangue, nem
pelos tecidos moles, no geral, tem uma grande potência…)
O laser de dióxido de carbono (emite no Infravermelho – 1060 nm) é
absorvido pela água, o que permite a sua utilização em situações em que não haja
pigmentos.
O laser de Er:YAG (cristal de granada-alumínio-ítrio-erbio) emite no
comprimento de onda de 1540 nm) poderia ter aplicações semelhantes ao do
dióxido de carbono, com a vantagem de poder ser focalizado em áreas muito
pequenas e, portanto, é utilizado em odontologia e nos ossos.
Os lasers de argônio são seletivamente absorvidos pela hemoglobina,
sendo, por isso utilizado em cirurgia. Além disso, existem lasers, como o de
criptônio vermelho e o de argônio que são absorvidos seletivamente em diferentes
regiões da retina, o que pode ser utilizado para diferentes ações sobre esta
estrutura.
Lasers na cirurgia oftalmológica
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A cirurgia laser em oftalmologia é muito popular, graças ao fato de ser
possível cortar tecido do olho de uma forma não invasiva para os restantes tecidos.
Nas aplicações laser em oftalmologia, contam-se:
1. No tratamento do glaucoma (aumento excessivo da pressão ocular). São
realizados pequenos orifícios para facilitar a drenagem do humor aquoso.
Uso de laser de argônio.
2. No tratamento de diversas lesões ao nível da retina. Os lasers na faixa do
visível são utilizados para fotocoagulação dos tecidos, evitando o
crescimento dessas lesões.
3. Em situações de retinopatia diabética. É utilizado o laser de argônio para
realizar pequenas queimaduras nas regiões à volta dos vasos sanguíneos,
prevenindo a formação de novos vasos, responsáveis pela perda da visão.
4. Nas cataratas. Geralmente, quando ocorrem cataratas (opacidade da lente)
a lente é destruída através de ultrassom e colocada uma nova lente de
material plástico. Porém, em alguns casos as cataratas desenvolvem-se
novamente e, nessa altura, podem ser removidas através da aplicação
laser.
5. Correção da miopia. Uso de lasers de excímer (produzidos a partir de um
gás) para realizar cortes que permitem corrigir o raio de curvatura da
córnea.
A figura abaixo mostra a precisão de um laser, esculpindo fendas em um fio de cabelo.
DIFRAÇÃO
Outro fenômeno que caracteriza a luz como uma onda é a difração, e está
diretamente relacionado com o comprimento de onda. Este relacionado com a
capacidade da onda de “contornar” obstáculos, facilmente perceptível com as ondas
sonoras.
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Este fenômeno é desprezado quando afirmamos a óptica geométrica que considera
que a luz caminha sempre em linha reta porque o comprimento de onda da luz muito
pequeno em relação aos objetos considerados, sendo percebido sob situações muito
particulares, foi através dele que se conseguir o fenômeno da interferência.
Na figura a seguir, à esquerda ilustramos o desvio sofrido ao se aproximar de uma
borda e a direita desvio sofrido ao passar por um orifício de pequenas dimensões. O
efeito da difração só é mais bem percebido sob uma fonte de luz coerente. Quando
submetido a uma fonte de luz incoerente e policromática a sobreposição de efeitos torna
mais difícil perceber a difração da luz. Ao passar pelo obstáculo, como um orifício, cada
comprimento de onda (cor) sofre um desvio diferente. Desvio das diferentes cores, o
vermelho desvia menos e o azul desvia mais.
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Figura retirada do site de Collin Christian.
www.c3e.co.nz/NumModel/gap.gif
Quando observamos as ondas se propagando pela água podemos verificar
exemplos interessantes de difração, ilustradas na figura a seguir, quando passam por um
obstáculo ou por um orifício, as setas mostradas no desenho procuram mostrar a direção
de propagação e o desvio sofrido.
Figura do site ESR Acoustic
www.zainea.com/kdifr.gif
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Thomas Young, em 1801, estudou a sensibilidade do olho humano às cores e, em
1803, comprovou a natureza ondulatória da luz através do fenômeno da difração.
Fazendo a luz passar através de uma fenda estreita observou a formação de um padrão
de franjas, faixas luminosas projetadas de diferentes intensidades e separadas por zonas
escuras que somente poderiam ser explicadas através do fenômeno da interferência
destrutiva e construtiva e da difração da luz.
(Interferência)
Quando iluminamos um objeto sob uma fonte de luz coerente a sombra produzida
mostra a em seu contorno o efeito da difração. Note a formação de “halos” no contorno
resultantes da interferência construtiva e destrutiva.
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Furos e fendas estenopêicas
O furo estenopêico é um recurso utilizado em fotografias. Existem câmeras simples
sem lentes onde somente existe um orifício e esta técnica tem objetivo artístico.
No exame optométrico utiliza-se a o furo e a fenda estenopêica. Durante a
verificação da correção necessária para o paciente o furo estenopêico é utilizado como
um teste adicional.
O furo ou a fenda são utilizados para bloquear as ondas de luz mais periféricas de
forma a limitar o feixe luminoso. Este furo ou fenda não pode ser muito grande, pois os
raios periféricos podem entrar pela abertura, comprometendo o resultado do exame, mas
também não podem ser muito pequenos, pois a difração atrapalhará no efeito desejado,
eu diâmetro é normalmente de 1,2 mm.
Se ao colocar o furo diante de olho do paciente este perceber alguma melhora
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significa que ainda existe possibilidade de prosseguir com exame buscando um melhor
resultado. A fenda estenopêica é utilizada para verificar se há diferença da refração de luz
em meridianos distintos da córnea, indicando a presença do astigmatismo.
Nas figuras abaixo ilustramos as três situações, primeiro o olho recebendo toda a
luz do ambiente, segundo o furo na dimensão ideal eliminando a luz periférica e terceiro
um furo muito pequeno onde a difração “espalha” a luz.
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Nestas outras figuras, tiradas com câmera com furo estenopêicos e sem lentes
mostramos dois resultados obtidos com diâmetros diferentes de furo.
Furo estenopêico de maior diâmetro e detalhe da janela
Furo estenopêico de menor diâmetro e detalhe da janela
Imagens: Rui Cambraia
http://pinholelab.blogspot.com/
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Atualmente dentro da área de terapia alternativa, muito discutida com relação a sua
eficácia, existem entre os diversos tratamentos oculares, dentre eles os “Óculos Pinholes”
(na realidade, o termo é pin hole em palavras separadas que significam buraco de agulha)
que propõe as aberturas estenopêicas como tratamento para as diversas ametropias.
Nos estudos em que analisamos a luz entrando no olho humano, normalmente
desprezamos o efeito da difração porque a pupila do olho humano tem um diâmetro muito
maior. A pupila do olho humano têm seu diâmetro variável em função do nível de
luminosidade podendo variar de 2 a 8 milímetros. A luz que atravessa os meios
transparentes do olho atinge a retina estimulando dois tipos de células, os cones que são
ativados por altos níveis de luminosidade e os bastonetes ativados por baixos níveis de
luminosidade. Os cones são responsáveis pela visão fotóptica, enquanto que os
bastonetes pela visão escotópica. O fenômeno que caracteriza a utilização de um ou
outro receptor é denominado “inibição neural”. Os cones são os receptores responsáveis
pela percepção de detalhes e concentram-se em uma região da córnea denominada
mácula e mais especificamente sua concentração é maior em uma região interna da
mácula denominada fóvea. O furo estenopêico acaba por selecionar a luz justamente para
esta área da retina.
Poder de resolução do olho humano
O olho humano pode perceber dois pontos como distintos se estes estiverem
separados por um ângulo de 1 minuto de arco, este é o limite de resolução do olho
humano. Isto equivale a dizer que dois pontos localizados a 6 metros de distância
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somente serão identificados como pontos distintos se estiverem separados por uma
distância de 1,4 a 1,7 mm e se eles mesmos possuírem este diâmetro.
As tabelas para verificação de acuidade visual se baseiam neste principio para
determinação do tamanho dos caracteres que compõe a tabela.
Equipamentos que utilizam a luz em formato de fenda.
A seguir apresentamos dois equipamentos que utilizam a projeção de luz em forma
de fenda para a análise das estruturas e da refração da luz no olho humano.
Lâmpada de fenda
A lâmpada de fenda, que emite um fino feixe de luz em formato de faixa e que
permite, através do reflexo deste feixe observar algumas estruturas do olho.
1 minuto de arco
1,7 mm
6 metros
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http://www.drklaas.de/Portuguese/Patienteninfo/spaltlampe.html
Retinoscópio
Outro instrumento que utiliza finos feixes de luz é o retinoscópio, que projeta um
feixe de luz em forma de faixa e através da análise do reflexo produzido pela faixa permite
ao profissional definir as condições refracionais do olho do paciente e a correção
necessária, numa técnica denominada refração objetiva.
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