literatura infanto-juvenil - unidade 1 - escritas poéticas para crianças e adolescentes
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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
UNIDADE - 1
ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO
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Autor Henrique Eduardo Sousa
ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO
ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ‐ Unidade ‐ 1 Professor Pesquisador/Conteudista HENRIQUE EDUARDO SOUSA Direção da Produção de Material Didático ARTEMILSON LIMA Design Instrucional ILANE CAVALCANTE Coordenação de Tecnologia ELIZAMA LEMOS Revisão Linguística ROBERTA DUARTE DE ARAUJO Formatação Gráfica JULIO FEITOSA MAYARA DE ALBUQUERQUE MARCELO POLICARPO
GOVERNO DO BRASIL
Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF
Ministro da Educação FERNANDO HADADD
Reitor do IFRN BELCHIOR DA SILVA ROCHA
Diretor do Campud EAD ERIVALDO CABRAL Diretora de ensino
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora da UAB/IFRN
ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenadora da Especialização em Língua Portuguesa e Matemática numa Perspectiva
Transdisciplinar
MARÍLIA GONÇALVES BORGES SILVEIRA
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FICHA CATALOGRÁFICA
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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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UNIDADE 01:
ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
APRESENTANDO A UNIDADE
A produção literária para crianças e adolescentes desde
sempre suscitou debates polêmicos no âmbito dos estudos literários.
De imediato, em virtude desse viés inerente a tal produção,
ratificamos a relevância da sistematização de estudos que
investiguem os modos de constituição dessa escrita literária. As
questões são múltiplas e os seus desdobramentos diversos. Todavia,
considerando os limites institucionais e programáticos do nosso curso,
as nossas escolhas dos conteúdos a serem estudados estão baseadas,
de forma urgente, na questão da formação de leitores literários no
espaço escolar. Considerando o quadro nada animador do letramento
literário na escola em nosso país, essa questão deve estar na ordem
do dia e do texto instigado da literatura infantil e juvenil. Nesse
sentido, começaremos nossos estudos a partir das seguintes leituras:
o artigo “Aspectos instigantes da literatura infantil e juvenil”, do
escritor e ilustrador Ricardo Azevedo; o texto “Escrever para crianças e fazer literatura”, das
professoras e pesquisadoras Marisa Lajolo e Regina Zilberman; as notas breves de Haroldo de
Campos, José Paulo Paes e Núbio Delanne Ferraz Mafra. Nas atividades, vamos assistir ao
filme “Em busca da terra do nunca”, do diretor Marc Foster; e, além disso, estudar os poemas
“Meus oito anos”, de Casemiro de Abreu, e “Ai que saudade”, de Ruth Rocha.
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As leituras e atividades previstas para este módulo foram pensadas com alguns propósitos, dispostos abaixo:
Identificar elementos caracterizadores da literatura infanto‐juvenil;
Traçar um mapeamento histórico das origens da produção literária para crianças e adolescentes;
Apreender aspectos relevantes quanto às representações das crianças e dos adolescentes em diversos gêneros (cinema e poema);
Elaborar material didático que contemple e valorize a leitura de poemas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
TEXTO 1
O artigo Aspectos instigantes da literatura infantil e juvenil (2005), do escritor e ilustrador Ricardo Azevedo, está dividido em quatro partes: 1) A relevância do discurso poético enquanto modo de pensamento diversificado em relação aos modelos científicos e racionais cristalizados e veiculados pela instituição escolar; 2) As demandas textuais de caráter pragmático nas sociedades letradas e o reduzido contato com textos poéticos; 3) O questionamento em torno da existência de uma linguagem infantil; 4) As relações entre texto e ilustração.
Na primeira parte do artigo, aparecem elencados os traços constituintes do pensamento científico, os quais articulam as ideias de análise, reflexividade e objetividade como procedimentos fundantes à interpretação de fenômenos dos mais variados: desde aspectos da natureza até as relações culturais e sociais das experiências humanas. Cristalizados e veiculados de forma sistemática pelo processo de escolarização dos saberes e dos conhecimentos, tais procedimentos acabam por imprimir à compreensão das realidades generalizações unilaterais que descartam as dimensões emocionais, afetivas, enfim, subjetivas que, também, fazem parte das experiências humanas. A partir de contribuições da sociologia e da antropologia (ELIAS, 1994, DUMONT, 2000), pondera‐se que o modelo pretensamente
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universal, outorgado pela racionalidade científica, torna‐se inócuo frente aos componentes interativo, dialógico, diversificado e complexo da vida concreta dos sujeitos. De maneira oposta, o discurso poético da literatura, através de modos específicos de organização da linguagem, tem como objeto de representação, por exemplo, aspectos subjetivos, psicológicos, e emocionais; as contradições e ambiguidades; as vivências concretas; a efemeridade humana e elementos do imaginário. Em função dessa perspectiva, desse olhar diferente e diversificado do discurso poético (Poemas, romances, contos, peças de teatro, crônicas, letras de música, entre outros), a leitura da literatura infantil e juvenil, no espaço escolar e em outros, deve ser compreendida como prática social de importância singular na formação do jovem leitor.
Aprofundando o ponto de discussão anterior, no segundo momento de seu artigo, Azevedo discorre a respeito da presença hegemônica de textos de caráter pragmático na vida cotidiana das pessoas. Esses textos caracterizam‐se por estabelecerem verdades absolutas, objetivas e impessoais e utilizam a língua de forma ortodoxa e limitada, com intuito de transmitirem informações de teor utilitário. Em decorrência desse fato, o lugar para o contato com textos poéticos é reduzido, gerando, portanto, um distanciamento das expressões linguísticas que tratam a realidade de maneira simbólica, subjetiva e garantem os usos inventivos e surpreendentes da linguagem. Mais uma vez, o articulista reitera a necessidade do contato (leitura) com a literatura, sobretudo na escola, a fim de que as fontes das práticas leitoras dos indivíduos não se reduzam, por exemplo, a livros didáticos, matérias jornalísticas ou bulas de remédio.
O terceiro ponto discutido por Azevedo talvez seja um dos aspectos mais instigantes e polêmicos em face da constituição de uma literatura destinada às crianças e aos jovens, isto é, a existência ou não de uma linguagem infantil. Segundo o articulista, essa questão está relacionada ao enquadramento dos indivíduos em faixas etárias, atitude genérica e abstrata que, culturalmente, responde às demandas do aparato formal da escola e às estratégias econômicas do mercado. Esse enquadramento acarreta uma separação rígida entre crianças e adultos que não se sustenta, uma vez que, em relação aos aspectos fundamentais da existência humana, o ser criança e o ser adulto estão muito próximos. Rechaçando, pois, a idéia da existência de linguagens adjetivadas em razão das idades de vida, o articulista desenvolve argumentos em favor da existência de linguagens mais públicas e linguagens menos públicas, direcionando a discussão para aspectos da materialidade textual. Segundo esse ponto de vista, nas produções da literatura infantil e juvenil, os registros de linguagem estariam organizados em torno de uma acessibilidade que teria como resultante a identificação com o público leitor, não importando determinada faixa etária.
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Por fim, o último aspecto instigante da literatura infantil e juvenil diz respeito ao componente intersemiótico que aproxima o verbal e o não‐verbal na composição do livro para crianças e jovens. O articulista divide essa relação em dois tópicos:
1) A questão do caráter das imagens;
2) A questão dos diferentes graus de relação entre texto e imagem. Na primeira questão, deve ser considerado que, na fase de alfabetização, as imagens adquirem um caráter funcional, ou seja, ajudam o leitor a compreender e interpretar o texto, portanto as imagens apresentam‐se unívocas, lógicas, descritivas e documentais. Por outro lado, quando o leitor já domina a leitura, as imagens assumem dupla função: no livro didático, elas descrevem e documentam o que está sendo dito através das palavras; nos livros de ficção e poesia, as imagens caracterizam‐se por sua dimensão subjetiva, metafórica, poética, arbitrária, fantasiosa, simbólica, analógica e ambígua. Quanto à questão dos graus de relação entre texto e imagem, considerando o texto, as ilustrações e o projeto gráfico, Azevedo estabelece a seguinte tipologia:
Livro texto............................. ausência de imagem
Livro texto‐imagem ............. imagem de natureza secundária
Livro misto .......................... articulação entre texto e imagem
Livro imagem‐texto.............. o texto escrito é secundário
Livro imagem ....................... texto visual
Em síntese, o artigo de Ricardo Azevedo coloca a literatura infantil e juvenil na agenda de debate dos estudos literários, priorizando, sobretudo, o lugar legítimo das escritas poéticas no mundo contemporâneo, mesmo que para fins didáticos e outros, mesmo que a recepção do leitor (crianças e jovens) seja o objeto inicial dessa produção, o que se torna necessário hoje é a reflexão sistemática e consequente sobre os modos de contato das pessoas com a literatura, com o texto instigante da literatura.
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TEXTO 2
Para exposição do texto “ESCREVER PARA CRIANÇAS E FAZER LITERATURA”, de Marisa Lajolo e Regina Zilberman, optamos pelo gênero textual esquema de leitura. Embora as informações e discussões registradas pelas autoras, de certo modo, já apareçam comentadas em várias outras obras que tratam das origens e definições da literatura infantil. Nossa escolha para o estudo desse texto foi orientada por dois critérios: 1) A precisão analítica dos aspectos referentes ao objeto da reflexão; e 2) O sentido inaugural e disseminador dos estudos de Lajolo e Zilberman sobre a literatura infantil no Brasil. Vamos, então, ao esquema de leitura?
LI ‐ OBRAS, CONTEXTOS E FISIONOMIA DO GÊNERO
1‐ OBRAS FUNDADORAS (As fontes européias: Classicismo francês. Século: XVII)
FÁBULAS, de La Fontaine (Editadas entre 1668 e 1694);
AS AVENTURAS DE TELÊMACO, de Fénelon (1717);
CONTOS DA MÃE GANSA ‐ Histórias ou narrativas do tempo passado com moralidades, de Charles Perrault (1697).
2‐ O CONTEXTO INGLÊS: NOVAS TECNOLOGIAS E OUTRAS CENAS CULTURAIS (Século XVIII)
2.1‐ Revolução Industrial e o projeto político da burguesia;
2.2‐ O pai, a mãe e os filhos: fotos de família;
2.3‐ A imagem da criança: de um lado, o menino entre brinquedos, livros, professores e médicos; de outro, a fragilidade, a desproteção e a dependência;
2.4‐ A escola: mediação e obrigatoriedade.
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3‐ LITERATURA INFANTIL: FISIONOMIA DO GÊNERO
3.1‐ Industrialização e mercado: o consumidor criança;
3.2‐ Escola e função utilitário‐pedagógica;
3.3‐ Fatores extraliterários e a criação poética;
3.4‐ A questão da representação: escapismo e mundos paralelos;
3.5‐ A expressão simbólica e vivências interiores do leitor;
3.6‐ As tensões do gênero.
4‐ UM MAR DE HISTÓRIAS PARA UM LEITOR PRIVILEGIADO
Contos de fadas;
Romance de aventuras;
Histórias fantásticas;
Histórias de aventuras ambientadas em espaços exóticos;
Histórias do cotidiano.
5‐ UM PROGRAMA DE LEITURA PARA DESENFASTIAR O ESPÍRITO DAS COISAS GRAVES
• Robison Crusoé (1719), de Daniel Defoe.
• Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift.
• Contos de fadas para crianças e adultos (1813), dos irmãos Grimm.
• Contos (1833), de Hans Christian Andersen.
• Pinóquio, (1883), de Collodi.
• Alice no país das maravilhas (1863), de Lewis Carrol.
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• Peter Pan (1911), de James Barrie.
• O último dos moicanos (1826), de James Fenimore Cooper.
• Cinco semanas num balão (1863), de Júlio Verne.
• O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson.
• Os ovos de páscoa (1816), de Cônego Von Schmid.
• As meninas exemplares (1857), de Condessa de Ségur.
• Mulherzinhas (1869), de Louise M. Allcott.
• Heidi (1881), de Johana Spiry.
• Coração (1886), de Edmond de Amicis.
OUTRAS VOZES SOBRE A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL
No campo de estudo da literatura infanto‐juvenil, oportunamente, destacamos três nomes, a saber, Haroldo de Campos, José Paulo Paes e Núbio Dellane Ferraz Mafra, a fim de discutirmos sobre a natureza dessa literatura.
1) Do poeta e crítico literário Haroldo de Campos, numa entrevista concedida a Maria Thereza Fraga Rocco, publicada em 1981.
P. O adolescente e o pré‐adolescente têm necessidades de adquirir e desenvolver novas estruturas sociais, afetivas, morais, etc. Seria deturpar a literatura se nela fossem suprir essas necessidades? Ou onde conseguir supri‐las fora da literatura?
H.C. É um problema difícil de responder, pois envolveria uma experiência ou pelo menos reflexão de “como escrever para adolescentes”, se é possível distinguir entre uma literatura para adultos e outra para adolescentes.
Tem havido vários exemplos de obras escritas para jovens e que se tornaram, na realidade, obras fundamentais para adultos, como é o caso dos textos de Lewis Carrol. No caso brasileiro, sem dúvida, Monteiro Lobato, autor de estórias infantis, é superior, como escritor, ao Monteiro Lobato, prosador acadêmico, autor pra adultos. Monteiro Lobato, autor de estórias infantis, ao envolver totalmente seus jovens leitores, mostra que consegue responder muito bem a essa necessidades do mundo da criança e
Figura 1
Figura 2
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do jovem. Em suas melhores realizações, é capaz de quebrar certos preconceitos acadêmicos de construção da narrativa, lança‐se ao jogo da linguagem. No entanto, deixa evidentes esses mesmos preconceitos quando escreve um texto “a sério”. O caso de Lewis Carrol é fantástico. Ele provou a possibilidade de se escrever um romance de vanguarda, cujo público hipotético era a criança. Isso são exemplos e não uma teoria a respeito do assunto. Acho que alguém que queira se dedicar à produção de textos para adolescentes deve pensar sempre que qualquer produção de ordem literária não pode abdicar do exercício da função poética de que fala Jakobson. Se for realmente um criador, ao fazer uma literatura com preocupação didático‐pedagógica, tentando responder a certas demandas da sensibilidade do adolescente, que não sejam especificamente literárias, nunca deve deixar de lado a função poética. Deve antes associar essas preocupações outras com a função poética que é que permite configurar realmente o texto com objeto estético.
2) Do poeta, crítico literário e escritor de LIJ José Paulo Paes, no prefácio do seu livro: É ISSO ALI‐ POEMAS ADULTO‐INFANTO‐JUVENIS EXPLICAÇÃO (que você nem precisa ler)
O palavrão meio complicado logo abaixo do título desde livrinho quer simplesmente dizer que, como os programas livres da televisão e do cinema, os poemas aqui reunidos são para ser lidos tanto por gente pequena e gente média como por gente grande. O adulto que não se diverte em ser, de vez em quando, criança ou jovem novamente, é um chato. Assim como a criança ou o jovem que, seguindo o exemplo daquele horrível Peter Pan, não quer nunca ser adulto torna‐se um monstrinho.
Quanto ao título do livro, ele visa a mostrar que a poesia não é mais do que uma brincadeira com as palavras. Nessa brincadeira, cada palavra pode e deve significar mais de uma coisa ao mesmo tempo: isso aí é também isso ali. Toda poesia tem que ter uma surpresa. Se não tiver, não é poesia: é papo furado.
3) Do pesquisador Núbio Dellane Ferraz Mafra, num artigo científico
A literatura infanto‐juvenil personifica a parenta distante que está de visita em nossa casa já há algum tempo. Se chega, é tratada com a deferência e educação que se presta aos estranhos. Mesmo assim não é da casa, não sabe onde colocar pés e mãos, por onde abrir sua páginas, expor seus sonhos. Se sai, melhor ainda; menos trabalho para a escola.
Essa atípica estabilidade reflete, por sua vez, a dupla face da literatura infanto‐juvenil enquanto produto cultural. Ao mesmo tempo em que se situa como possibilidade artística de criação independente, apresenta‐se como literatura de massa destinada ao consumo do público infantil. Se não é execrada pela escola como
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são “Sabrina” ou “Guia Astral”, leituras tipicamente de massa, não se situa também no intocável trono reservado pelos educadores aos grandes clássicos da literatura.
ATIVIDADES
Para esta atividade de
proposição de leitura, trabalharemos com o gênero texto fílmico. Para tanto, tomaremos como referência o filme Em busca da terra do nunca (Finding Neverland), baseado na peça “O homem que era Peter Pan”, de Allan Knee; com roteiro de David Magee e dirigido por Marc Foster. Elenco: Johnny Depp, Kate Winslet, Dustin Hoffman e Julie Christie. Nacionalidade: Estados Unidos, 2004. Como indicação de elaboração, a atividade de expressão escrita deve ser realizada em grupos, contendo 5 (cinco) componentes.
Questões
a) Levando em conta o roteiro do filme, pode‐se afirmar que se trata
de uma obra cinematográfica destinada ao público infantil?
Desenvolva sua resposta, analisando os seguintes aspectos: os
diálogos entre os personagens (Duas situações) e os efeitos
especiais (A quebra linear da narrativa para incorporação de
elementos fantásticos).
b) Os encontros do personagem James Barrie com os irmãos Davies,
ao longo da narrativa, são elaborados visualmente a partir da
composição dos personagens (Roupas, acessórios, maquiagem) e
da ambientação (Cenários, objetos). Descreva esse trabalho da
direção de arte do filme. Escolha três cenas e comente‐as.
c) Os diálogos entre James e Peter, entre outros assuntos, tratam,
também, do mundo imaginário produzido pela criação poética.
Relacione esses diálogos aos aspectos relevantes da literatura
Disponível em: http://a.imagehost.org/0890/Em_Busca_Da_Terra_Do_Nunca.jpg
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infanto‐juvenil, excetuando‐se o aspecto da ilustração de livros,
discutidos por Ricardo Azevedo, no texto estudado neste módulo.
Atente para o fato de que os personagens referidos apresentam
opiniões divergentes quanto ao papel da fantasia na vida das
pessoas. No estabelecimento dessa relação proposta, escolha três
cenas significativas entre James e Peter.
d) Na sequência da primeira apresentação da peça de James Barrie,
as diferenças (Emocionais, intelectivas, culturais) entre os mundos
do adulto e da criança desaparecem, ou seja, todos se encantam
com a Terra do Nunca. Na opinião do grupo, por que isso
acontece? Outrossim, na indústria de entretenimento atual, qual
produto cultural harmoniza as expectativas dos adultos e das
crianças, melhor dizendo, onde podemos encontrar, hoje, a terra
do nunca? Dê um exemplo e comente‐o.
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2) Nesta questão, o foco estará voltado à elaboração de material
didático. Para tanto, o grupo deverá considerar o gênero poema. A referência
bibliográfica que servirá de base para a construção da proposta será:
ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: FACIOLI, Valentim;
OLIVIERI, Antonio Carlos (Orgs.). Antologia da poesia
brasileira: romantismo. 5. ed. São Paulo: Ática,1996,p.43‐44.
(Bom livro).
ROCHA, Ruth. Ai que saudades. In: ABRAMOVICH, Fanny
(Org.). O mito da infância feliz. 3. ed. São Paulo: Summus,
1983, p. 105‐106. (Novas buscas em educação, 16).
Ainda organizados em grupos com 5 componentes, elaborem
um roteiro de estudo contendo cinco questões discursivas
sobre os poemas. Nesta abordagem intertextual, os seguintes
conteúdos de ensino deverão ser abordados:
O gênero poema e seus elementos caracterizadores (A linguagem
poética);
As imagens da infância: o olhar
romântico de Casimiro de Abreu e
sua desconstrução em Ruth Rocha;
O conceito de paródia;
O diálogo entre linguagens (A
temática desenvolvida nos poemas
em estudo e as possibilidades
expressivas de outras linguagens,
por exemplo, jograis, encenações,
artes plásticas, música e outras).
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LEITURAS OBRIGATÓRIAS
AZEVEDO, Ricardo. Aspectos instigantes da literatura infantil e juvenil. In: OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005, p. 25‐26.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Escrever para crianças e fazer literatura. In: ______;______. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988, p. 15‐21. (Fundamentos, 5).
LEITURAS COMPLEMENTARES
OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. (Fundamentos, 5).
OSWALD, Maria Luiza M. Bastos; PEREIRA, Rita Marisa Ribes. (Orgs.). Infância e juventude: narrativas contemporâneas. Rio de janeiro: Faperj, 2008.
PAIVA, Aparecida; Soares, Magda. (Orgs.). Literatura infantil: políticas e concepções. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. (Literatura e Educação).
ZILBERMAN, Regina. Como e porque ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
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LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. (Fundamentos, 5).
MAFRA, Núbio Bellane Ferraz. Leituras à revelia da escola. Londrina: Eduel, 2003. (Biblioteca Universitária).
OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005.
PAES, José Paulo. É isso ali: poemas adulto‐infanto‐juvenil. 9. ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 1993.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São Paulo: Ática, 1981 (Ensaios, 77).
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 48 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
Figura 1 – http://visitesaopaulo.com/blog/wordpress/wp‐content/uploads/2011/02/hAROLDO‐DE‐CAMPOS.jpg Figura 2 ‐ http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/dicasnavegacao/monteiro_lobato_03.jpg
As ilustrações das unidades temáticas são de Manoel Victor Filho para o livro “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato. Essa escolha é uma homenagem a Monteiro Lobato – escritor para crianças – leitura obrigatória para todos aqueles que ensinam literatura na educação básica, no Brasil.
REFERÊNCIAS
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