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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES UNIDADE - 1 ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 1 Autor Henrique Eduardo Sousa

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Literatura Infanto-juvenil - Unidade 1 - Escritas Poéticas Para Crianças e Adolescentes

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor Henrique Eduardo Sousa 

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

 

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO  

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ‐ Unidade ‐ 1 Professor Pesquisador/Conteudista HENRIQUE EDUARDO SOUSA Direção da Produção de Material Didático ARTEMILSON LIMA Design Instrucional ILANE CAVALCANTE Coordenação de Tecnologia ELIZAMA LEMOS Revisão Linguística ROBERTA DUARTE DE ARAUJO Formatação Gráfica JULIO FEITOSA MAYARA DE ALBUQUERQUE MARCELO POLICARPO   

 

GOVERNO DO BRASIL 

Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF 

Ministro da Educação FERNANDO HADADD 

Reitor do IFRN BELCHIOR DA SILVA ROCHA 

Diretor do Campud EAD ERIVALDO CABRAL Diretora de ensino 

ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora da UAB/IFRN 

ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenadora da Especialização em Língua Portuguesa e Matemática numa Perspectiva

Transdisciplinar  

MARÍLIA GONÇALVES BORGES SILVEIRA 

 

 

 

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FICHA CATALOGRÁFICA

 

 

 

 

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

 

UNIDADE 01:  

 

ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

 

 

    APRESENTANDO A UNIDADE 

 

 

A  produção  literária  para  crianças  e  adolescentes  desde 

sempre suscitou debates polêmicos no âmbito dos estudos literários. 

De  imediato,  em  virtude  desse  viés  inerente  a  tal  produção, 

ratificamos  a  relevância  da  sistematização  de  estudos  que 

investiguem  os  modos  de  constituição  dessa  escrita  literária.  As 

questões  são múltiplas e os  seus desdobramentos diversos. Todavia, 

considerando os limites institucionais e programáticos do nosso curso, 

as nossas escolhas dos conteúdos a serem estudados estão baseadas, 

de  forma  urgente,  na  questão  da  formação  de  leitores  literários  no 

espaço escolar. Considerando o quadro nada animador do letramento 

literário na escola em nosso país, essa questão deve estar na ordem 

do  dia  e  do  texto  instigado  da  literatura  infantil  e  juvenil.  Nesse 

sentido, começaremos nossos estudos a partir das seguintes leituras: 

o  artigo  “Aspectos  instigantes  da  literatura  infantil  e  juvenil”,  do 

escritor e  ilustrador Ricardo Azevedo; o texto “Escrever para crianças e  fazer  literatura”, das 

professoras e pesquisadoras Marisa Lajolo e Regina Zilberman; as notas breves de Haroldo de 

Campos,  José  Paulo  Paes  e  Núbio  Delanne  Ferraz  Mafra.  Nas  atividades,  vamos  assistir  ao 

filme “Em busca da terra do nunca”, do diretor Marc Foster; e, além disso, estudar os poemas 

“Meus oito anos”, de Casemiro de Abreu, e “Ai que saudade”, de Ruth Rocha. 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

As  leituras  e  atividades  previstas  para  este  módulo  foram  pensadas  com  alguns propósitos, dispostos abaixo: 

Identificar elementos caracterizadores da literatura infanto‐juvenil; 

Traçar  um mapeamento  histórico  das  origens  da  produção  literária  para  crianças  e adolescentes; 

Apreender  aspectos  relevantes  quanto  às  representações  das  crianças  e  dos adolescentes em diversos gêneros (cinema e poema); 

Elaborar material didático que contemple e valorize a leitura de poemas. 

 

 

 

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

 

 

TEXTO 1 

O  artigo  Aspectos  instigantes  da  literatura  infantil  e  juvenil  (2005),  do  escritor  e ilustrador  Ricardo  Azevedo,  está  dividido  em  quatro  partes:  1)  A  relevância  do  discurso poético  enquanto modo  de  pensamento  diversificado  em  relação  aos modelos  científicos  e racionais cristalizados e veiculados pela instituição escolar; 2) As demandas textuais de caráter pragmático  nas  sociedades  letradas  e  o  reduzido  contato  com  textos  poéticos;  3)  O questionamento em torno da existência de uma linguagem infantil; 4) As relações entre texto e ilustração. 

Na  primeira  parte  do  artigo,  aparecem  elencados  os  traços  constituintes  do pensamento  científico,  os  quais  articulam  as  ideias  de  análise,  reflexividade  e  objetividade como  procedimentos  fundantes  à  interpretação  de  fenômenos  dos  mais  variados:  desde aspectos  da  natureza  até  as  relações  culturais  e  sociais  das  experiências  humanas. Cristalizados e veiculados de forma sistemática pelo processo de escolarização dos saberes e dos conhecimentos,  tais procedimentos acabam por  imprimir à  compreensão das  realidades generalizações unilaterais que descartam as dimensões emocionais, afetivas, enfim, subjetivas que, também, fazem parte das experiências humanas. A partir de contribuições da sociologia e da  antropologia  (ELIAS,  1994,  DUMONT,  2000),  pondera‐se  que  o  modelo  pretensamente 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

universal,  outorgado  pela  racionalidade  científica,  torna‐se  inócuo  frente  aos  componentes interativo,  dialógico,  diversificado  e  complexo  da  vida  concreta  dos  sujeitos.  De  maneira oposta,  o  discurso  poético  da  literatura,  através  de  modos  específicos  de  organização  da linguagem,  tem  como  objeto  de  representação,  por  exemplo,  aspectos  subjetivos, psicológicos,  e  emocionais;  as  contradições  e  ambiguidades;  as  vivências  concretas;  a efemeridade humana  e  elementos  do  imaginário.  Em  função dessa  perspectiva,  desse  olhar diferente  e  diversificado  do  discurso  poético  (Poemas,  romances,  contos,  peças  de  teatro, crônicas,  letras  de música,  entre  outros),  a  leitura  da  literatura  infantil  e  juvenil,  no  espaço escolar e em outros, deve  ser  compreendida como prática  social de  importância  singular na formação do jovem leitor.  

Aprofundando o ponto de discussão anterior, no segundo momento de seu artigo, Azevedo discorre a  respeito da presença hegemônica de textos de caráter pragmático na vida cotidiana das pessoas. Esses textos caracterizam‐se por estabelecerem verdades absolutas,  objetivas  e  impessoais  e  utilizam  a  língua  de  forma ortodoxa e  limitada,  com  intuito de  transmitirem  informações de teor utilitário.  Em decorrência desse  fato,  o  lugar para o  contato com  textos  poéticos  é  reduzido,  gerando,  portanto,  um distanciamento das expressões linguísticas que tratam a realidade de  maneira  simbólica,  subjetiva  e  garantem  os  usos  inventivos  e  surpreendentes  da linguagem.  Mais  uma  vez,  o  articulista  reitera  a  necessidade  do  contato  (leitura)  com  a literatura, sobretudo na escola, a fim de que as fontes das práticas leitoras dos indivíduos não se reduzam, por exemplo, a livros didáticos, matérias jornalísticas ou bulas de remédio. 

O terceiro ponto discutido por Azevedo talvez seja um dos aspectos mais instigantes e polêmicos em face da constituição de uma literatura destinada às crianças e aos jovens, isto é, a  existência  ou  não  de  uma  linguagem  infantil.  Segundo  o  articulista,  essa  questão  está relacionada ao enquadramento dos  indivíduos em  faixas etárias,  atitude genérica e abstrata que,  culturalmente,  responde  às  demandas  do  aparato  formal  da  escola  e  às  estratégias econômicas do mercado. Esse enquadramento acarreta uma separação rígida entre crianças e adultos  que  não  se  sustenta,  uma  vez  que,  em  relação  aos  aspectos  fundamentais  da existência  humana,  o  ser  criança  e  o  ser  adulto  estão muito  próximos.  Rechaçando,  pois,  a idéia  da  existência  de  linguagens  adjetivadas  em  razão  das  idades  de  vida,  o  articulista desenvolve  argumentos  em  favor  da  existência  de  linguagens  mais  públicas  e  linguagens menos  públicas,  direcionando  a  discussão  para  aspectos  da materialidade  textual.  Segundo esse ponto de vista, nas produções da  literatura  infantil e  juvenil, os  registros de  linguagem estariam  organizados  em  torno  de  uma  acessibilidade  que  teria  como  resultante  a identificação com o público leitor, não importando determinada faixa etária. 

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

   Por  fim,  o  último  aspecto  instigante  da  literatura  infantil  e  juvenil  diz  respeito  ao componente intersemiótico que aproxima o verbal e o não‐verbal na composição do livro para crianças e jovens. O articulista divide essa relação em dois tópicos:  

1) A questão do caráter das imagens;  

2) A questão dos diferentes graus de relação entre texto e imagem. Na primeira questão, deve ser considerado que, na fase de alfabetização, as imagens adquirem um caráter funcional, ou seja, ajudam o leitor a compreender e interpretar o texto, portanto as imagens apresentam‐se unívocas,  lógicas,  descritivas  e  documentais.  Por  outro  lado,  quando  o  leitor  já  domina  a leitura, as imagens assumem dupla função: no livro didático, elas descrevem e documentam o que  está  sendo  dito  através  das  palavras;  nos  livros  de  ficção  e  poesia,  as  imagens caracterizam‐se  por  sua  dimensão  subjetiva,  metafórica,  poética,  arbitrária,  fantasiosa, simbólica, analógica e ambígua. Quanto à questão dos graus de relação entre texto e imagem, considerando  o  texto,  as  ilustrações  e  o  projeto  gráfico,  Azevedo  estabelece  a  seguinte tipologia: 

Livro texto.............................  ausência de imagem 

Livro texto‐imagem .............  imagem de natureza secundária 

Livro misto ..........................  articulação entre texto e imagem 

Livro imagem‐texto..............  o texto escrito é secundário 

Livro imagem .......................  texto visual 

Em síntese, o artigo de Ricardo Azevedo coloca a literatura infantil e juvenil na agenda de debate dos estudos literários, priorizando, sobretudo, o lugar legítimo das escritas poéticas no mundo contemporâneo, mesmo que para  fins didáticos e outros, mesmo que a recepção do  leitor  (crianças  e  jovens)  seja  o  objeto  inicial  dessa  produção,  o  que  se  torna necessário hoje é  a  reflexão  sistemática e  consequente  sobre os modos de  contato das pessoas  com a literatura, com o texto instigante da literatura. 

 

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

 

TEXTO 2 

Para  exposição  do  texto “ESCREVER  PARA  CRIANÇAS  E  FAZER LITERATURA”,  de  Marisa  Lajolo  e  Regina Zilberman,  optamos  pelo  gênero  textual esquema  de  leitura.  Embora  as informações  e  discussões  registradas pelas  autoras,  de  certo  modo,  já apareçam  comentadas  em  várias  outras obras que tratam das origens e definições da literatura infantil. Nossa escolha para o estudo desse texto foi orientada por dois critérios:  1)  A  precisão  analítica  dos aspectos  referentes  ao  objeto  da reflexão;  e  2)  O  sentido  inaugural  e disseminador  dos  estudos  de  Lajolo  e Zilberman  sobre  a  literatura  infantil  no Brasil.  Vamos,  então,  ao  esquema  de leitura? 

 

LI ‐ OBRAS, CONTEXTOS E FISIONOMIA DO GÊNERO 

1‐ OBRAS FUNDADORAS (As fontes européias: Classicismo francês. Século: XVII) 

FÁBULAS, de La Fontaine (Editadas entre 1668 e 1694); 

AS AVENTURAS DE TELÊMACO, de Fénelon (1717); 

CONTOS DA MÃE GANSA ‐ Histórias ou narrativas do tempo passado com moralidades, de Charles Perrault (1697). 

2‐ O  CONTEXTO  INGLÊS:  NOVAS  TECNOLOGIAS  E  OUTRAS  CENAS  CULTURAIS (Século XVIII) 

2.1‐ Revolução Industrial e o projeto político da burguesia; 

2.2‐ O pai, a mãe e os filhos: fotos de família; 

2.3‐  A  imagem  da  criança:  de  um  lado,  o  menino  entre  brinquedos,  livros,  professores  e médicos; de outro, a fragilidade, a desproteção e a dependência; 

2.4‐ A escola: mediação e obrigatoriedade. 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

 

 

3‐ LITERATURA INFANTIL: FISIONOMIA DO GÊNERO 

3.1‐ Industrialização e mercado: o consumidor criança; 

3.2‐ Escola e função utilitário‐pedagógica; 

3.3‐ Fatores extraliterários e a criação poética; 

3.4‐ A questão da representação: escapismo e mundos paralelos; 

3.5‐ A expressão simbólica e vivências interiores do leitor; 

3.6‐ As tensões do gênero. 

 

4‐ UM MAR DE HISTÓRIAS PARA UM LEITOR PRIVILEGIADO 

Contos de fadas; 

Romance de aventuras; 

Histórias fantásticas; 

Histórias de aventuras ambientadas em espaços exóticos; 

Histórias do cotidiano. 

 

 

5‐ UM  PROGRAMA  DE  LEITURA  PARA  DESENFASTIAR  O  ESPÍRITO  DAS  COISAS GRAVES 

• Robison Crusoé (1719), de Daniel Defoe. 

• Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift. 

• Contos de fadas para crianças e adultos (1813), dos irmãos Grimm. 

• Contos (1833), de Hans Christian Andersen. 

• Pinóquio, (1883), de Collodi. 

• Alice no país das maravilhas (1863), de Lewis Carrol. 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

• Peter Pan (1911), de James Barrie. 

• O último dos moicanos (1826), de James Fenimore Cooper. 

• Cinco semanas num balão (1863), de Júlio Verne. 

• O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson. 

• Os ovos de páscoa (1816), de Cônego Von Schmid. 

• As meninas exemplares (1857), de Condessa de Ségur. 

• Mulherzinhas (1869), de Louise M. Allcott. 

• Heidi (1881), de Johana Spiry. 

• Coração (1886), de Edmond de Amicis. 

 

OUTRAS VOZES SOBRE A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL 

No  campo  de  estudo  da  literatura  infanto‐juvenil,  oportunamente,  destacamos  três nomes, a saber, Haroldo de Campos, José Paulo Paes e Núbio Dellane Ferraz Mafra, a fim de discutirmos sobre a natureza dessa literatura. 

1) Do poeta e crítico literário Haroldo de Campos, numa entrevista concedida a Maria Thereza Fraga Rocco, publicada em 1981. 

P.  O  adolescente  e  o  pré‐adolescente  têm  necessidades  de adquirir e desenvolver novas estruturas sociais, afetivas, morais, etc.  Seria  deturpar  a  literatura  se  nela  fossem  suprir  essas necessidades? Ou onde conseguir supri‐las fora da literatura? 

H.C.  É  um  problema  difícil  de  responder,  pois  envolveria  uma experiência  ou  pelo  menos  reflexão  de  “como  escrever  para adolescentes”, se é possível distinguir entre uma literatura para adultos e outra para adolescentes. 

Tem havido vários exemplos de obras escritas para  jovens e que se  tornaram,  na  realidade,  obras  fundamentais  para  adultos, como é o caso dos textos de Lewis Carrol. No caso brasileiro, sem dúvida,  Monteiro  Lobato,  autor  de  estórias  infantis,  é  superior, como  escritor,  ao  Monteiro  Lobato,  prosador  acadêmico,  autor pra  adultos.  Monteiro  Lobato,  autor  de  estórias  infantis,  ao envolver  totalmente  seus  jovens  leitores,  mostra  que  consegue responder muito bem a essa necessidades do mundo da criança e 

Figura 1 

Figura 2 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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do jovem. Em suas melhores realizações, é capaz de quebrar certos preconceitos acadêmicos de construção da narrativa, lança‐se ao jogo da linguagem. No entanto, deixa evidentes esses mesmos preconceitos quando escreve um texto “a sério”. O caso de Lewis Carrol é fantástico. Ele provou a possibilidade de se escrever um romance de vanguarda, cujo público hipotético era a criança. Isso são exemplos e não uma teoria a respeito do assunto. Acho que alguém que queira se dedicar à produção de textos para adolescentes deve pensar sempre que qualquer produção  de  ordem  literária  não  pode  abdicar  do  exercício  da  função  poética  de  que  fala Jakobson.  Se  for  realmente  um  criador,  ao  fazer  uma  literatura  com  preocupação  didático‐pedagógica, tentando responder a certas demandas da sensibilidade do adolescente, que não sejam  especificamente  literárias,  nunca  deve  deixar  de  lado  a  função  poética.  Deve  antes associar  essas  preocupações  outras  com  a  função  poética  que  é  que  permite  configurar realmente o texto com objeto estético.  

2) Do poeta,  crítico  literário e escritor de  LIJ  José Paulo Paes, no prefácio do seu livro: É ISSO ALI‐ POEMAS ADULTO‐INFANTO‐JUVENIS  EXPLICAÇÃO (que você nem precisa ler) 

 

O palavrão meio complicado logo abaixo do título desde livrinho quer simplesmente dizer que, como os programas livres da televisão e do cinema, os poemas aqui reunidos são para ser lidos tanto por gente pequena e gente média como por gente grande. O adulto que não se diverte em ser, de vez em quando, criança ou jovem novamente, é um chato. Assim como a criança ou o jovem que, seguindo o exemplo daquele horrível Peter Pan, não quer nunca ser adulto torna‐se um monstrinho. 

Quanto ao título do livro, ele visa a mostrar que a poesia não é mais do que uma brincadeira com as palavras. Nessa brincadeira, cada palavra pode e deve significar mais de uma coisa ao mesmo tempo: isso aí é também isso ali. Toda poesia tem que ter uma surpresa. Se não tiver, não é poesia: é papo furado.  

3) Do pesquisador Núbio Dellane Ferraz Mafra, num artigo científico  

A literatura infanto‐juvenil personifica a parenta distante que está de visita em nossa casa já há algum tempo. Se chega, é tratada com a deferência e educação que se presta aos estranhos. Mesmo assim não é da casa, não sabe onde colocar pés e mãos, por onde abrir sua páginas, expor seus sonhos. Se sai, melhor ainda; menos trabalho para a escola. 

Essa atípica estabilidade reflete, por sua vez, a dupla face da literatura infanto‐juvenil enquanto produto cultural. Ao mesmo tempo em que se situa como possibilidade artística de criação independente, apresenta‐se como literatura de massa destinada ao consumo do público infantil. Se não é execrada pela escola como 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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são “Sabrina” ou “Guia Astral”, leituras tipicamente de massa, não se situa também no intocável trono reservado pelos educadores aos grandes clássicos da literatura. 

 ATIVIDADES 

 Para  esta  atividade  de 

proposição de  leitura,  trabalharemos com o gênero texto fílmico. Para tanto, tomaremos como  referência  o  filme  Em  busca  da  terra do  nunca  (Finding  Neverland),  baseado  na peça “O homem que era Peter Pan”, de Allan Knee; com roteiro de David Magee e dirigido por Marc Foster. Elenco: Johnny Depp, Kate Winslet,  Dustin  Hoffman  e  Julie  Christie. Nacionalidade: Estados Unidos, 2004. Como indicação  de  elaboração,  a  atividade  de expressão  escrita  deve  ser  realizada  em grupos, contendo 5 (cinco) componentes. 

Questões 

a) Levando em conta o roteiro do filme, pode‐se afirmar que se trata 

de  uma  obra  cinematográfica  destinada  ao  público  infantil? 

Desenvolva  sua  resposta,  analisando  os  seguintes  aspectos:  os 

diálogos  entre  os  personagens  (Duas  situações)  e  os  efeitos 

especiais  (A  quebra  linear  da  narrativa  para  incorporação  de 

elementos fantásticos). 

 

b) Os encontros do personagem James Barrie com os irmãos Davies, 

ao  longo  da  narrativa,  são  elaborados  visualmente  a  partir  da 

composição  dos  personagens  (Roupas,  acessórios, maquiagem)  e 

da  ambientação  (Cenários,  objetos).  Descreva  esse  trabalho  da 

direção de arte do filme. Escolha três cenas e comente‐as. 

 c) Os  diálogos  entre  James  e  Peter,  entre  outros  assuntos,  tratam, 

também,  do  mundo  imaginário  produzido  pela  criação  poética. 

Relacione  esses  diálogos  aos  aspectos  relevantes  da  literatura 

Disponível em:  http://a.imagehost.org/0890/Em_Busca_Da_Terra_Do_Nunca.jpg 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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infanto‐juvenil,  excetuando‐se  o  aspecto  da  ilustração  de  livros, 

discutidos por Ricardo Azevedo, no texto estudado neste módulo. 

Atente  para  o  fato  de  que  os  personagens  referidos  apresentam 

opiniões  divergentes  quanto  ao  papel  da  fantasia  na  vida  das 

pessoas. No estabelecimento dessa relação proposta, escolha três 

cenas significativas entre James e Peter. 

 d) Na sequência da primeira apresentação da peça de  James Barrie, 

as diferenças (Emocionais, intelectivas, culturais) entre os mundos 

do adulto e da criança desaparecem, ou seja,  todos  se encantam 

com  a  Terra  do  Nunca.  Na  opinião  do  grupo,  por  que  isso 

acontece? Outrossim,  na  indústria  de  entretenimento  atual,  qual 

produto  cultural  harmoniza  as  expectativas  dos  adultos  e  das 

crianças, melhor dizendo, onde podemos encontrar, hoje, a  terra 

do nunca? Dê um exemplo e comente‐o. 

 

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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 2)  Nesta  questão,  o  foco  estará  voltado  à  elaboração  de  material 

didático.  Para  tanto,  o  grupo deverá  considerar  o  gênero poema. A  referência 

bibliográfica que servirá de base para a construção da proposta será: 

 

ABREU,  Casimiro  de.  Meus  oito  anos.  In:  FACIOLI,  Valentim; 

OLIVIERI,  Antonio  Carlos  (Orgs.).  Antologia  da  poesia 

brasileira:  romantismo.  5.  ed.  São  Paulo:  Ática,1996,p.43‐44. 

(Bom livro). 

 

ROCHA,  Ruth.  Ai  que  saudades.  In:  ABRAMOVICH,  Fanny 

(Org.).  O  mito  da  infância  feliz.  3.  ed.  São  Paulo:  Summus, 

1983, p. 105‐106. (Novas buscas em educação, 16). 

 

Ainda organizados em grupos com 5 componentes, elaborem 

um  roteiro  de  estudo  contendo  cinco  questões  discursivas 

sobre os poemas. Nesta abordagem intertextual, os seguintes 

conteúdos de ensino deverão ser abordados: 

O  gênero  poema  e  seus  elementos  caracterizadores  (A  linguagem 

poética); 

As  imagens  da  infância:  o  olhar 

romântico de Casimiro de Abreu e 

sua desconstrução em Ruth Rocha; 

O conceito de paródia; 

O  diálogo  entre  linguagens  (A 

temática desenvolvida nos poemas 

em  estudo  e  as  possibilidades 

expressivas  de  outras  linguagens, 

por  exemplo,  jograis,  encenações, 

artes plásticas, música e outras). 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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LEITURAS OBRIGATÓRIAS 

 

AZEVEDO, Ricardo. Aspectos instigantes da literatura infantil e juvenil. In: OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005, p. 25‐26. 

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Escrever para crianças e fazer literatura. In: ______;______. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988, p. 15‐21. (Fundamentos, 5). 

 

LEITURAS COMPLEMENTARES 

OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005. 

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. (Fundamentos, 5). 

OSWALD, Maria Luiza M. Bastos; PEREIRA, Rita Marisa Ribes. (Orgs.). Infância e juventude: narrativas contemporâneas. Rio de janeiro: Faperj, 2008. 

PAIVA, Aparecida; Soares, Magda. (Orgs.). Literatura infantil: políticas e concepções. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. (Literatura e Educação). 

ZILBERMAN, Regina. Como e porque ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

 

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ESCRITAS POÉTICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIDADE - 1

ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO 

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LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. (Fundamentos, 5). 

MAFRA, Núbio Bellane Ferraz. Leituras à revelia da escola. Londrina: Eduel, 2003. (Biblioteca Universitária). 

OLIVEIRA, Ieda. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o escritor. São Paulo: DCL, 2005. 

PAES, José Paulo. É isso ali: poemas adulto‐infanto‐juvenil. 9. ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 1993. 

ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São Paulo: Ática, 1981 (Ensaios, 77). 

LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 48 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 

Figura 1 –  http://visitesaopaulo.com/blog/wordpress/wp‐content/uploads/2011/02/hAROLDO‐DE‐CAMPOS.jpg Figura 2 ‐ http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/dicasnavegacao/monteiro_lobato_03.jpg 

As  ilustrações das unidades temáticas são de Manoel Victor Filho para o  livro “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato. Essa escolha é uma homenagem a Monteiro Lobato – escritor para  crianças  –  leitura  obrigatória  para  todos  aqueles  que  ensinam  literatura  na  educação básica, no Brasil.  

   

REFERÊNCIAS