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SISTEMÁTICA
DE GERENCIAMENTO DE RISCO
OCUPACIONAL DE ATIVIDADE DE
INSTALAÇÃO DE CALHAS EM TELHADOS
- ESTUDO DE CASO
Vinicius Lange Firetti
(UTFPR)
Rodrigo Eduardo Catai
(UTFPR)
Adriano Mello Mattos Habib Gregori
(UTFPR)
Janice Mello Mattos Habib Gregori
(UTFPR)
Resumo Ocorrências ocasionadas por queda de nível em atividades típicas da
construção civil estão entre as principais causas de acidentes fatais no Brasil
e no mundo. Com a Norma Regulamentadora NR-35 Trabalho em altura,
faz-se mandatória a gestãoo dos riscos inerentes às atividades realizadas
com diferença de nível acima de 2,00 metros. Este trabalho tem como
objetivo avaliar a sistemática de gerenciamento dos riscos ocupacionais
inerentes às atividades de instalação de calhas em telhados, através do
estudo de caso de uma empresa típica do segmento, localizada no interior de
São Paulo. A metodologia adotada foi a Análise Preliminar de Riscos (APR),
que apresenta questões essenciais de segurança do trabalho para atividades
realizadas em altura. Foram realizadas visitas técnicas tanto na empresa em
questão como em obras, onde havia prestação de serviço em andamento e
com base nas informações coletadas, foram elencados os principais riscos,
sendo possível propor melhorias para a prevenção de acidentes e adequação
à norma. Esta sistemática de análise demonstrou-se viável, para o
cumprimento da análise de risco demandada por esta norma.
Palavras-chaves: Análise Preliminar de Risco (APR), Trabalho em Altura,
NR-35, Gestão de Riscos.
20, 21 e 22 de junho de 2013
ISSN 1984-9354
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
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1 INTRODUÇÃO
Verificou-se nos últimos anos um incremento na construção civil, sendo assim o número de
acidentes tem aumentado acompanhando o crescimento do setor construtivo. Além de acidentes e
mortes de operários, em grande parte por soterramento, observa-se também aqueles motivados por
queda ou choque elétrico (SENADO, 2013).
A queda em altura na construção civil é uma das principais causas de acidentes fatais no
Brasil e no mundo. No nosso território cerca de 49% dos acidentes ocorrem por quedas decorrentes
de trabalho em altura, quer de trabalhadores ou projéteis sobre esses. Tem-se ainda 7% por choque
elétrico, 16% por soterramento e 28% por outros motivos. A grande incidência de fatalidades deve-
se à falta de planejamento e gerenciamento de segurança dos trabalhos realizados (SINAIT, 2011).
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), constatou que no ano de 2011, diariamente cerca de
50 trabalhadores foram afastados de suas funções por morte ou invalidez permanente, vitimados por
acidentes de trabalho em todo o setor produtivo. No mesmo ano 18 mil acidentes registrados
culminaram em morte ou invalidez permanente e outros 300 mil , também em 2011, causaram
invalidez temporária de trabalhadores, sem contabilizar os acidentes não registrados (SENADO,
2013).
Acidentes fatais por queda de altura geralmente ocorrem em obras de construção civil e
reformas, serviços de manutenção e limpeza de fachadas, manutenção e reforma de telhados, pontes
rolantes, serviços de ônibus e caminhões, serviços em linhas de transmissão e postes elétricos,
manutenção em torres e telecomunicação, etc (SINDUSCON-CE, 2011).
Até março de 2012, não havia uma norma específica para trabalhos em altura, sendo assim
eram utilizadas mais frequentemente as Normas Regulamentadoras NR-06 Equipamentos de
Proteção Individual, NR-08 Edificações, NR-18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção, relacionadas à construção civil, e NR-34 Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção Naval, que possui um capítulo de gestão de segurança para
trabalhos em altura. Criou-se então em 23 de março de 2012, a NR-35 Trabalho em Altura que
regulamenta qualquer tipo de trabalho acima de 2,00 metros do nível inferior, onde exista risco de
queda. Estabelece requisitos mínimos para resguardar a segurança e integridade do trabalhador,
passando a vigorar em 27 de setembro de 2012 (SINAIT, 2011).
A prevenção é sempre a melhor opção quando se trata de evitar acidentes ou correr riscos em
atividades em altura, para tal é necessário treinamento e capacitação, uso de equipamentos
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adequados e observância e cumprimento dos procedimentos inerentes às atividades. Para as
empresas observar esses tópicos significa cumprir a lei, produtividade, economia e respeito à vida e
integridade de todos os envolvidos nas funções.
O objetivo desse trabalho é avaliar a sistemática de gerenciamento de riscos ocupacionais
inerentes às atividades de instalação e reforma de calhas em telhados, através do estudo de caso em
uma empresa típica do segmento, localizada no interior de São Paulo.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Acidente de trabalho
Acidente de Trabalho é assim denominado quando ocorre no exercício do trabalho a serviço
da empresa ou quando se trata de segurados especiais no exercício do trabalho, que provoque lesão
corporal ou funcional, permanente ou temporária, ocorrendo perda ou redução da capacidade
laboral e até mesmo a morte (BRASIL, 2011).
A doença do trabalho e a doença profissional também são consideradas acidente de trabalho.
Da mesma forma, o acidente ligado ao trabalho , ainda que não tenha sido a única causa, mas tenha
contribuído diretamente na ocorrência da lesão; doença por contaminação acidental do empregado
no exercício de sua atividade; e ainda aquele sofrido a serviço da empresa ou no trajeto de ida e
volta entre a residência e o local de trabalho (BRASIL, 2011).
Doença do trabalho é aquela adquirida ou desencadeada pelas condições especiais em que o
trabalho é realizado. Doença profissional é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
característico a determinada atividade (BRASIL, 2011).
Doenças ocupacionais são moléstias de evolução lenta e gradual advindas de causa gradativa e
durável, vinculadas às condições de trabalho. Podem ser de ordem profissional ou do trabalho
(BRASIL, 2011).
2.2 Análise Preliminar de Risco
Análise Preliminar de Risco é uma técnica que propicia uma análise prévia qualitativa no
planejamento dos riscos inerentes ao trabalho ou serviço a ser executado, em todas as etapas do
processo, permitindo sua identificação e antecipação com o propósito de eliminá-los ou minimizá-
los (CPNSP, 2005; FARIA, 2011).
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Existem algumas etapas que devem ser observadas na elaboração de uma APR, como sugere
Sherique (2011):
Rever problemas conhecidos e buscar semelhanças com outros sistemas;
Rever os objetivos, exigências para o desempenho, funções e procedimentos, delimitar a
atuação;
Determinar os principais riscos e identificar os riscos potenciais causadores de lesões, perda
de função e danos a equipamentos;
Identificar métodos de eliminação e controle de riscos e selecionar as opções mais
adequadas ao funcionamento do sistema;
Buscar métodos exequíveis e eficientes para limitar danos sofridos pela perda de controle
sobre os riscos;
Nomear responsáveis pela execução de ações preventivas ou corretivas, e as atividades a
desenvolver.
2.3 Risco e Perigo
O risco está associado à probabilidade de ocorrência de um evento perigoso com a severidade
da lesão ou doença causada pela atividade ou exposição (OSHAS 18001, 2007). Os riscos
ambientais podem ser promovidos por agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes, causando danos à saúde do trabalhador, dependendo da natureza, concentração,
intensidade e tempo de exposição ao agente causador.
Perigo é a fonte com potencial para provocar danos, lesão ou doença, ou ainda a combinação
destes (OHSAS 18001, 2007). Na identificação de perigos alguns elementos devem ser
considerados, (AMORIM, 2010) como:
Equipamentos e materiais perigosos, explosões;
Interações entre materiais e equipamentos, propagação de incêndio;
Fatores ambientais como temperaturas extremas, terremotos, descargas elétricas, umidade;
Procedimentos de teste, manutenção e operação;
Atendimento a situações de emergência;
Ergonomia dos equipamentos e proteção contra acidentes, etc.
A partir da Análise Preliminar de Riscos são registrados os resultados obtidos: causa, modo de
detecção, efeitos potenciais, categorias de frequência, severidade e risco e medidas corretivas e
preventivas a serem adotadas (AMORIM, 2010).
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A categoria de frequência relaciona o número de eventos observados num determinado
período com uma denominação específica, conforme tabela 1. O risco é dividido em 3 categorias,
Tolerável (T), Moderado (M) e Não Tolerável (NT), conforme tabela 2 (SHERIQUE, 2011).
Tabela 1: Categorias de Frequência
Fonte: SHERIQUE, 2011
Tabela 2: Categorias de Risco
Categoria de Risco Descrição
Tolerável (T) O risco é considerado tolerável. Não há
necessidade de medidas adicionais
Moderado (M) O risco é considerado tolerável quando mantido
sob controle. Aplica-se uma nova análise para
avaliar as alternativas disponíveis para se obter
uma redução adicional dos riscos.
Não Tolerável (NT) O risco é considerado não tolerável com os
controles existentes. Métodos alternativos
devem ser considerados para reduzir a
probabilidade de ocorrência e suas
consequências.
Fonte: SHERIQUE, 2011
A severidade é dividida em 4 categorias de acordo com o potencial de dano, conforme tabela
3 (DE CICCO & FANTAZZINI, 2003).
Tabela 3: Categorias de Severidade
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Fonte: DE CICCO; FANTAZZINI, 2003
A matriz de risco é obtida a partir das tabelas 1 e 3, onde estão relacionadas a frequência e a
severidade
Tabela 4:Matriz de Risco
Fonte: SHERIQUE, 2011
A NR-35 Trabalho em Altura adota o princípio de que o trabalho em altura deve ser uma
atividade planejada e que a exposição do trabalhador ao risco de queda deve ser evitada, caso seja
possível. Isso significa que a execução deve ser avaliada para formas alternativas que eliminem o
risco de queda ou então que sejam adotadas medidas que minimizem suas consequências (BRASIL,
2012).
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As obrigações estabelecidas na norma entraram em vigor seis meses após a sua publicação
(D.O.U. 27/03/2012), com exceção do capítulo 3 (capacitação e treinamento) e do subitem 6.4
(responsabilidade no salvamento) que tiveram o prazo de doze meses para vigorar (BRASIL, 2012)
São estabelecidos os requisitos mínimos e as medidas de proteção para trabalhadores
envolvidos direta ou indiretamente (aqueles que estão no entorno), devendo, portanto, o empregador
também adotar medidas complementares conforme particularidades e complexidades dos riscos
inerentes às tarefas (BRASIL, 2012).
Toda atividade executada acima de 2,00 metros (dois metros) do nível inferior é considerado
trabalho em altura e normas internacionais são aplicáveis no caso de ausência ou omissão de detalhe
especificado na NR-35 (BRASIL, 2012).
A utilização de equipamentos de proteção faz parte da exigência da NR-35 e deve estar em
conformidade com a NR-6. Estes deverão ser utilizados sempre que as medidas gerais não forem
suficientes e a escolha deve ser feita por profissional capacitado. Devem ser considerados aspectos
como: tipo de atividade, tempo de exposição ao risco, gravidade e frequência de acidentes,
condições do local de trabalho, ergonomia, influências externas etc (ALTISEG, 2012).
Para trabalhos em altura a proteção contra queda deve ser constituída de um sistema formado
por ancoragem, elemento de conexão e cinto de segurança. A ancoragem é o ponto onde o sistema
se conecta e pode ser um ponto ou uma linha de vida fixa a este ponto. O elemento de conexão tem
como objetivo efetuar a união entre a ancoragem e o cinto. A figura 1 ilustra, de forma simplificada,
o esquema necessário para proteção contra queda (HONEYWELL, 2012).
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Figura 1: Esquema de proteção contra quedas (HONEYWELL, 2012)
Conforme subitem18.23.3 da norma NR-18, “O cinto de segurança tipo paraquedista deve ser
utilizado em atividades acima de 2,00 metros do piso inferior, em que haja risco de queda do
trabalhador (BRASIL, 2012).
Para trabalhos em altura o principal risco é a queda, porém existem outros aspectos
importantes que devem ser considerados com relação à utilização de EPI (ALTISEG, 2012).
Queda com efeito pêndulo: durante a queda o corpo do trabalhador pode sofrer choque
contra objetos, paredes, estruturas e outros, agravando as lesões ou gerando novos
acidentes.
Suspensão no cinturão durante o período de espera por resgate: a posição final do
corpo, após queda, poderá agravar os ferimentos sofridos, gerar maior emergência,
dificultar as manobras de resgate etc.
Força de impacto: a força exercida sobre o corpo durante a retenção da queda pode
gerar graves lesões devido à rápida desaceleração (grande transferência de energia).
Ergonomia inadequada: o EPI deve se ajustar bem ao corpo para que proporcione
segurança de forma correta e para que não gere desconforto durante a execução das
atividades.
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Ajuste incorreto: a utilização errada do EPI pode gerar desconforto, lesões e até
mesmo perda de função (deixando de oferecer segurança ao usuário).
Os principais sistemas de proteção contra quedas variam conforme o tipo de atividade e os
principais são: linha de vida rígida (permite apenas o deslocamento na vertical), linha de vida
flexível (permite deslocamento vertical e horizontal), com trava-queda tipo retrátil (maior
flexibilidade de movimentação do trabalhador tanto na vertical como na horizontal) e com duplo
talabarte (ALTISEG, 2012).
2.4 Zona de Queda Livre
A zona livre de queda (ZLQ) é definida como a distância mínima medida desde o
dispositivo de ancoragem até o nível do chão ou próximo nível inferior real ou obstáculo
significativo mais próximo (BRASIL, 2012). O conhecimento deste valor é essencial para a escolha
correta dos dispositivos de união e dos equipamentos para proteção contra queda.
O cálculo deve considerar o espaço de 1,0 metro como segurança entre os pés e o nível
inferior e mais 1,5 metro correspondente a distância entre os pés e o ponto de conexão do sistema
com o cinto paraquedista. Além disso ainda devem ser somados os comprimentos do talabarte e do
absorvedor de energia (totalmente aberto), caso este esteja presente (BRASIL, 2012)
Durante a instalação de calhas podem existir outros riscos além da queda em altura. São riscos
adicionais específicos de cada ambiente ou processo de trabalho e que podem comprometer a
integridade física e a saúde do trabalhador. Os riscos adicionais mais observados, são:
soterramentos, temperaturas extremas, riscos mecânicos relacionados com a estrutura do local,
riscos elétricos, corte, solda, líquidos, gases, fumos metálicos, fumaça, queda de materiais e
presença de pessoas não autorizadas, comprometendo o bom andamento da atividade (BRASIL,
2012).
3. METODOLOGIA
A metodologia adotada foi a partir da Análise Preliminar de Riscos (APR), observar a
atividade no local de trabalho. Após concluído o levantamento de riscos e quantificá-los, foram
determinadas medidas de controle e mitigação dos riscos em observância a adequação da norma.
3.1 Caracterização do objeto de estudo
A empresa analisada possui foco na produção e instalação de calhas, rufos, pingadeiras e
tubulações para telhados, sendo confeccionados em chapas de aço. Está localizada na cidade de
Itupeva, interior de São Paulo e atende a clientes residenciais, comerciais e industriais.
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Foram realizadas diversas visitas técnicas ao galpão de produção, onde está instalada a loja, e
a algumas obras onde ocorriam instalações novas de calhas para telhados. O período das visitas
esteve compreendido entre os meses de agosto e novembro de 2012.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Observou-se que a prestação de serviço de instalação de calhas envolve as seguintes etapas:
1. Verificação das condições para trabalho: esta etapa consiste em observar as alturas
envolvidas, complexidade da instalação das calhas, estruturas para acesso e ancoragem
pré-existentes, sistemática para liberação de acesso dos funcionários no cliente,
condições do terreno, existência de riscos adicionais, quantidade de dias e de
trabalhadores necessários etc.
2. Verificação das condições de estruturas pré-existentes: em caso de existência de
pontos de ancoragem, linhas de vida ou outras estruturas os trabalhadores devem
realizar inspeção visual e dialogar com o técnico de segurança (geralmente presente
em clientes industriais - não aplicável para clientes residenciais). Este diálogo permite
avaliar qual será a solução mais adequada para acesso e ancoragem, necessidade ou
não de ensaios não destrutivos, necessidade ou não de parada de produção,
comunicação das atividades aos departamentos (caso de clientes comerciais e
industriais) etc.
3. Preparação: esta etapa consiste em separar e providenciar todas as ferramentas e todos
os equipamentos necessários para instalação, incluindo EPI, EPC, escadas, andaimes
etc. A liberação dos funcionários e todos os documentos necessários também devem
ser disponibilizados neste momento.
4. Verificações: antes de iniciarem as instalações os funcionários da empresa contratada
devem verificar se tudo que foi planejado está disponível e em plenas condições de
uso (especialmente os EPI e EPC), se nenhum material foi danificado durante o
transporte, se a quantidade de trabalhadores necessários está presente e em condições
para realização das tarefas, se as condições climáticas não são impeditivas etc. Vale
destacar que, em caso de necessidade de suspensão de atividade de produção no
cliente, as verificações também devem ser realizadas nos arredores (especialmente nas
áreas abaixo dos telhados) e a certeza de que não será retomada nenhuma atividade até
a conclusão das obras e a retirada de todo o pessoal envolvido na instalação.
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5. Sinalização e comunicação: todo perímetro deve ser sinalizado com fitas e placas
informando os riscos e afastando a circulação de pessoas, especialmente nas áreas
abaixo de onde serão realizadas as instalações. Em caso de cliente comercial ou
industrial a comunicação deve ser realizada de forma ampla, especialmente para que a
produção não seja retomada antes do tempo (nos casos que obrigam parada durante a
instalação).
6. Acesso e ancoragem: os trabalhadores dão início ao acesso e aos procedimentos de
ancoragem planejados.
7. Içamento de materiais e ferramentas: nesta etapa as calhas e as ferramentas são
transportadas ao local de instalação.
8. Processo de instalação: esta etapa consiste na instalação e fixação definitiva das
calhas.
9. Conclusão das instalações: após as instalações todos os materiais e ferramentas são
retirados. Todos os funcionários são retirados do local, assim como as estruturas
utilizadas para acesso e ancoragem. A sinalização também deve ser desfeita e a
comunicação de conclusão da obra deve seguir o mesmo método adotado no início.
Desta forma as etapas 1, 3, 4 e 5 necessitam de medidas de segurança similares ao de uma obra,
enquanto as etapas 2, 6, 7, 8 e 9 necessitam das mesmas medidas, acrescidas dos cuidados típicos
das atividades executadas em altura. A tabela 5 consolida a APR para instalação de calhas em
telhados.
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Tabela 5: Análise preliminar de risco para instalação de calhas em telhados
Análise Preliminar de Risco para Instalação de Calhas em Telhados
Risco Causa Efeito Categorias
Medidas de Controle e Recomendações Freq. Sev. Risco
Queda do
trabalhador
Não
utilização
dos EPI
Morte E IV NT
Capacitação e treinamento constante, diálogos diários de
segurança para conscientização, emissão de PT e OS,
supervisão e fiscalização, advertência em caso de
desobediência etc.
Lesões e
torções C II M
Invalidez
permanent
e
D III NT
Utilização
incorreta
dos EPI
Morte D IV NT Capacitação e treinamento constante, supervisão e
fiscalização, calcular ZLQ, selecionar EPI adequados
etc. Lesões e
torções E II M
Vida útil do
EPI
expirada
Morte C IV NT Inspeção regular dos equipamentos, retirar de serviço
EPI suspeito ou danificado, diálogos diários de
segurança para conscientização, armazenamento e
transporte corretos etc.
Lesões e
torções C II M
Falta de
treinamento Morte C IV NT
Capacitação e treinamento constante, diálogos diários de
segurança para conscientização, emissão de PT e OS,
supervisão e fiscalização etc.
Falha na
ancoragem Morte D IV NT
Selecionar e inspecionar pontos de ancoragens, instalar
ancoragens temporárias quando necessário, consultar
profissional devidamente habilitado etc.
Telhado
escorregadio
ou frágil
Morte C IV NT Capacitação e treinamento constante, diálogos diários de
segurança para conscientização, supervisão e
fiscalização, implementar superfície de trabalho estável
e anti-derrapante etc.
Lesões e
torções D II M
Falha na
utilização de
andaimes e
escadas
Morte C IV NT
Seguir normas e orientações, selecionar profissionais e
fornecedores responsáveis, supervisionar e fiscalizar,
utilização de linha de vida e ancoragens adequadas,
calcular ZLQ etc.
Queda de
objetos
Falta de
comunicaçã
o
Lesões e
torções C II M
Planejar as tarefas antes de se iniciarem as atividades,
fornecer meio de comunicação complementar (se
necessário), sinalizar adequadamente, comunicar as
pessoas que trabalham ao redor etc. Falta de
rodapé nas
plataformas
dos
andaimes
Morte C IV NT
Seguir normas e orientações, selecionar profissionais e
fornecedores responsáveis, supervisionar e fiscalizar etc. Lesões D III NT
Descuido
com
materiais e
ferramentas
Morte C IV NT Guardar materiais distantes das bordas dos telhados,
armazenar ferramentas em bolsas e cintas específicas,
diálogos diários de segurança para conscientização,
supervisionar e fiscalizar etc. Lesões C II M
Doenças
de pele
Radiação
solar
Queimadur
a de pele E II M
Utilização de vestimenta adequada, utilização de creme
protetor (bloqueador solar) etc. Câncer de
pele C III M
Choque
Instalações
elétricas nas
proximidade
s
Morte C IV NT
Planejar as tarefas antes do início dos trabalhos,
sinalizar adequadamente, providenciar isolamento ou
desligamento etc.
Descarga
atmosférica Morte B IV M
Não dar início e interromper atividades quando as
condições climáticas forem inadequadas.
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Fumaça
Chaminés e
exaustores
funcionando
no telhado
Intoxicaçã
o D III NT
Seguir normas e orientações, providenciar eliminação da
fumaça (parada de produção), supervisionar e fiscalizar,
diálogos diários de segurança para conscientização etc.
Embora tenha sido observado que a empresa analisada tenha preocupação com a segurança e
integridade física dos seus funcionários, não foi constatado o detalhamento correto documentação
pertinente a respeito dos riscos adicionais. Existe grande preocupação com o risco de queda de tal
forma que em situações adversas ou inseguras, como: telhado escorregadio, com difícil acesso,
acarretam recusa da prestação de serviço.
Em instalações residenciais é muito comum a utilização de escadas de mão devido,
principalmente, a facilidade de sua utilização e transporte. Como as alturas em instalações
residenciais geralmente não são grandes é possível seguir o disposto no subitem 18.12.5.3, que
limita o tamanho máximo em até 7,00 metros de extensão. Porém, algumas situações, tais como em
residências com mais de um pavimento ou condições que violem ao menos um dos itens contidos na
NR-18 (18.12.5 Escadas), a utilização de andaimes pode ser a solução mais adequada.
A empresa analisada sinaliza as áreas sob onde estão sendo executadas as instalações porém
relatou que muitas pessoas não respeitam a delimitação do local e ultrapassam a faixa, ignorando os
riscos aos quais ficam expostas.
Verificou-se também que, quando existem pontos de ancoragem nos edifícios onde serão
realizadas instalações, o responsável (contratante) apenas informa, porém não são realizados
ensaios não destrutivos. É realizada apenas inspeção visual, por parte dos funcionários da empresa
analisada.
5. CONCLUSÕES
A análise de risco, exigida pela norma, foi realizada por meio da Análise Preliminar de
Risco (APR), o que demandou conhecimento prévio de cada etapa da atividade, tais como os riscos
envolvidos e quais as medidas de segurança devem ser tomadas em cada uma daquelas. Durante a
elaboração da APR verificou-se que, para o serviço instalação de calhas, o risco de queda do
trabalhador é a maior preocupação. As consequências que resultam da queda costumam ser graves e
muitas vezes fatais.
Com relação aos riscos adicionais observou-se que, para a instalação de calhas, os
principais são: telhado escorregadio, acesso muito difícil ou complexo, telhado frágil, condições
climáticas adversas, presença de instalações elétricas e fumaça exalada por chaminés e exaustores.
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A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os trabalhos de instalação
de calhas é imprescindível, contudo a escolha correta dos equipamentos adequados às diferentes
situações é igualmente importante e fundamental para garantir a segurança e minimizar os efeitos
em caso de queda.
REFERÊNCIAS
ALTISEG. Cartilha de Segurança: NR-35 Trabalhos em Altura. & Cartilha de Segurança:
Seleção e utilização de EPI para trabalho em altura. Curitiba, 2012.
AMORIM, Eduardo Lucena C. de. Apostila de Ferramentas de Análise de Risco. UNIFAL,
Alagoas, 2010.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Anuário Estatístico da Previdência Social 2011 –
Seção IV – Acidentes de Trabalho 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 35 – Trabalho em
Altura. 2012.
CPNSP, Manual da Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no
Estado de São Paulo. São Paulo. 2005. P 111 – 139
DE CICCO, Francesco; FANTAZZINI, Mário Luiz. Tecnologias Consagradas de Gestão de
Riscos. 2 ed. São Paulo: Risk Tecnologia, 2003.
FARIA, Maila Teixeira. Gerência de Riscos: Apostila do curso de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho. Curitiba, Paraná. UTFPR, 2011.
HONEYWELL. Proteção contra a queda: a falha não é uma opção. Disponível em:
<http://www.honeywellsafety.com/BR/Training_and_Support/PROTEÇÃO_CONTRAQUEDA__F
ALHA_NÃO_É_UMA_OPÇÃO.aspx> acesso em 25/11/2012.
OHSAS – Occupational Safety and Health Administration. Norma 18001. Apostila da Norma
2007.
SENADO, Número de acidente de trabalho na construção civil preocupa especialistas.
Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/03/11/numero-de-acidentes-
de-trabalho-na-construcao-civil-preocupa-especialistas>, publicado em 11 de março de 2013.
SHERIQUE, Jaques. Aprenda como fazer. 7 ed. São Paulo: LTr2011.
SINAIT, Trabalho em altura – Grande número de acidentes justifica elaboração de NR
específica. Disponível em: <www.sinait.org.br/noticias_ver.php?id=4142> publicada em 04 de
outubro de 2011.
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
15
SINDUSCON-CE, Manual de Quedas de Trabalho em Alturas – Prevenção de quedas do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará. Fortaleza. 2011.
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