investimentos globais
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investimentos globais
desafios para o próximo governo
Nesta edição
seus filhos já herdaram juntos?PARTE 2 | Natalia Zimmermann, CFP®
entrevistaUlf Mannhardt, CFP®
ProfessionalMagazineano 1 · edição 4 · Nov. Dez. Jan ’2015
por Giuliano De Marchi, CFP®, CIMA
e Gabriela Santos
por Paulo Miguel
É O QUE O IBCPF ACREDITA. SA IBA MAIS SOBRE O POSIC IONAMENTO ESTRATÉGICO DO INST ITUTO EM WWW.ibCpf.org.br
pag. 04
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pag. 28
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pag. 33
pag. 36
pag. 39
SUMÁRIOPalavra do Editor - ChefeJan Karsten, CFP®, CFA
Investimentos no BrasilPaulo Miguel
Investimentos no ExteriorGiuliano De Marchi, CFP® CIMA
e Gabriela D. Santos
Previdência e SegurosEdmur de Almeida, CFP®
Planejamento Sucessório e TributárioNatalia Zimmermann, CFP®
Planejamento Financeiro PessoalMari Emmanoulides, CFP®
Conduta ProfissionalAlexandre Pinelli, CFP®
A Vida Como Ela É Raphael Cordeiro, CFP®
Entrevista Ulf Mannhardt, CFP®
Educação Continuada
CFP® PROFESSIONAL | MAGAzINE Edição #4
4
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Palavra do Editor - Chefe
Prezado Associado,
Entramos na reta final de um ano atípico, frente
a um cenário complexo nos âmbitos político
e econômico, tanto no ambiente local quanto
externo. Bom momento para refletirmos sobre
a função da nossa atividade profissional.
Quais os reflexos da inevitável instabilidade
observada atualmente no Brasil, provocada
principalmente pelas eleições presidenciais,
nas finanças pessoais? Como o profissional
responsável pela gestão do patrimônio de
famílias deve se posicionar?
O planejador financeiro pessoal tem a
responsabilidade de traduzir para seus clientes
este mundo complexo, em constante transição,
alertando-os para as oportunidades que se
desenham, assim como analisando os riscos e
trabalhando as estratégias de proteção em todas
as esferas que envolvem sua vida financeira.
Este desafio requer conhecimentos técnicos
avançados de produtos e serviços do mercado,
manter-se atualizado diariamente (se não a
cada hora) dos fatos relacionados a assuntos
de potencial impacto nos interesses dos
clientes – lembrando que vivemos a Sociedade
da Informação – e habilidades de comunicação
bem desenvolvidas, desejavelmente inspiradas
nos estudos de psicologia econômica.
Características essas, esperadas de um
profissional que carrega um símbolo global de
excelência como a Certificação CFP®.
A Comissão de Certificação do IBCPF,
coordenada por Marcia Dessen, diretora na
atual gestão e uma das fundadoras do Instituto,
concluiu no início deste segundo semestre a
revisão do Programa Detalhado para o Exame
CFP, que será aplicado a partir do Exame de
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Junho de 2015. O novo Programa visa adequar
a avaliação de conhecimentos (Exame) à
realidade da atividade do planejador financeiro,
com base em uma pesquisa realizada com os
profissionais em parâmetros recomendados
pelo FPSB. Este trabalho é um exemplo da
visão de futuro do IBCPF em ressaltar o valor
da Certificação CFP, destacando consistência
para o mercado e proporcionando longevidade
à marca.
Com os aprovados no 18º Exame, encerraremos
2014 com mais de 1700 profissionais
certificados. A quantidade de inscrições
registram recordes sucessivos nos últimos
quatro Exames. Certamente, a Certificação
CFP é referência hoje para os profissionais de
planejamento financeiro no Brasil.
Em agosto, o IBCPF adquiriu junto ao FPSB
(Financial Planning Standards Board, órgão
responsável pela divulgação, gerenciamento
e controle do uso das marcas CFP fora dos
Estados Unidos) um curso de Planejamento
Financeiro, desenvolvido pela própria entidade.
Trabalharemos nos próximos meses na
adaptação desse curso ao contexto brasileiro,
reforçando ainda mais o pilar de Educação,
com objetivo de atender a demanda crescente
de qualificação profissional para o adequado
relacionamento com o cliente.
Nesta edição da CFP Professional Magazine,
você terá a oportunidade de aprofundar sua visão
em questões técnicas e refletir sobre condutas
e oportunidades no campo do planejamento
financeiro. Agradeço os feedbacks positivos das
edições anteriores e aguardo suas sugestões
para as próximas publicações. Boa leitura!
Jan Karsten, CFP®,CFA
É planejador financeiro desde 2003. Vice-presiden-
te e Coordenador da Comissão de Educação do
IBCPF. Possui 23 anos de experiência no mercado
financeiro com passagens por: Banco Matrix, Dres-
dner Bank, BankBoston, UBS, Citibank e atualmente
é sócio da GPS Global Portfolio Strategists.
Palavra do Editor - Chefe
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
desafios da política econômicapara o próximo governoPaulo Miguel
Se ainda havia dúvida, a estagnação do PIB e
do emprego em 2014 agora é evidência de
que está esgotada a capacidade de a política
econômica atual impulsionar o crescimento.
Passado o breve período de aceleração da
economia, entre 2004 e 2010, nos últimos
anos o país enfrenta uma nefasta combinação
de juros altos, inflação persistente, baixa
credibilidade da gestão fiscal e monetária, além
de graves problemas de competitividade.
As dificuldades atuais decorrem, em parte,
da combinação do esgotamento de algumas
fontes de dinamismo, externas e locais, que
impulsionaram o crescimento na década anterior,
com as más escolhas de política econômica
dos últimos anos. Um dos vetores positivos, que
mudou de sentido, é o preço internacional das
commodities. Depois de quase uma década de
bonança, quando os preços das exportações
brasileiras subiram rapidamente e propiciaram
grandes saldos positivos na balança comercial,
favorecendo o crescimento, a trajetória agora é
inversa. Internamente, o país utilizou ao limite
algumas alavancas de crescimento, que já não
conseguem contribuir na mesma magnitude.
O crédito interno, por exemplo, passou de
25% para 55% do PIB entre 2004 e 2011,
complementando o forte crescimento da renda
do trabalho e impulsionando o consumo.
Há mais de três anos, no entanto, as concessões
de crédito livre para pessoas físicas e empresas
estão estagnadas, uma demonstração clara de
que o país já não pode contar com a disposição
dos agentes econômicos para se endividarem
ainda mais, em especial no ambiente atual de
falta de confiança.
Investimentos no Brasil
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Outra alavanca interna foi a rápida ocupação
da mão de obra desde 2004. Com a taxa de
desemprego baixa, já não há grande ociosidade
no mercado de trabalho, o que impõe ainda mais
o desafio de aumentar a produtividade, sem o
que não será possível retomar o crescimento
na mesma dimensão do passado recente.
O quadro se completa com a deterioração na
gestão da economia, cuja gênese está na crise
financeira de 2008. A recessão mundial de
então levou o governo brasileiro a optar por
ações expansionistas, com significativa redução
do superávit primário federal, aumento do
crédito público e cortes de juros.
Como ferramenta de combate à crise, a estratégia
foi bem sucedida e o crescimento voltou em
2010 e início de 2011. Desde então, porém,
ficou evidente que a continuidade do mesmo
remédio, em doses ainda maiores, estava
prejudicando o paciente. A inflação tornou-se
mais persistente com a estratégia do governo
de expandir o crédito dos bancos oficiais e a
piora das contas públicas a partir de 2012,
quando a retomada pós-crise perdeu força.
E a tendência dos juros altos permaneceu, a
despeito da tentativa mal sucedida do governo
de forçar uma redução da taxa Selic e dos
spreads bancários. Em um país com baixa taxa
de poupança interna, juros altos e recorrente
sido menos expansão fiscal e crédito público
mais contido, de um lado, e mais afrouxamento
monetário, de outro.
Mas a escolha do governo foi oposta. A
tentativa de impulsionar o crescimento com
mais consumo, crédito e gastos públicos
levou a uma redução acentuada da poupança
interna, que, no segundo trimestre de 2014,
atingiu 12,3% do PIB, próxima ao menor
patamar da série histórica e cerca de metade
do que seria desejável para que o país
pudesse almejar financiar internamente os
investimentos necessários a fim de obter uma
taxa de crescimento econômico maior. De fato,
mesmo o parco investimento, equivalente a
16,9% do PIB em meados de 2014, tem sido
cada vez mais financiado com o aumento do
uso de poupança externa. O saldo em conta
corrente passou de um superávit de 1,8% do
PIB em 2004 para um déficit próximo a 3,7%
do PIB em 2013 e até meados de 2014.Essa
estratégia foi possível enquanto o Brasil tinha
sobra de credibilidade e espaço no orçamento
pressão de valorização cambial que prejudica
a competitividade industrial, como tem sido
o caso do Brasil, a resposta mais eficaz à
interrupção do crescimento econômico que se
seguiu à crise e persistiu a partir de 2012 teria
Investimentos no Brasil
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
público, num contexto global de juros baixos e
abundância de financiamento.
Agora, aproximam-se os limites. O estado das
contas públicas é lastimável. O saldo primário
caiu de 3% do PIB, nível que vigorava antes
da crise de 2008, para quase zero atualmente
(se forem desconsideradas as receitas
extraordinárias e os ajustes contábeis criativos).
Juros altos, inflação próxima ao teto da meta,
preços administrados represados, menor
espaço fiscal e baixo crescimento estão
presentes e trazem desafios para o próximo
mandato presidencial. O país se defronta, então,
com a necessidade de corrigir rumos. Caso
persista o curso atual de expansionismo fiscal
e creditício, parece difícil evitar um cenário de
crescimento da dívida pública e piora adicional
da nota de crédito do país, inclusive com risco
de perda do grau de investimento atribuído
pelas (desacreditadas, mas não irrelevantes)
agências de classificação de risco.
Nesse contexto, o risco de reversão do fluxo
internacional de capitais e instabilidade
cambial seria mais alto. As taxas de juros reais
permaneceriam elevadas, em função tanto das
pressões inflacionárias como da perda adicional
de credibilidade da política econômica. Seria
um cenário negativo para investimentos de
longo prazo.
A alternativa desejável é realizar um ajuste fiscal
de longo prazo. Tal ajuste envolve, além do
controle estrutural das despesas do governo,
um esforço de simplificação – e no médio
prazo desoneração - tributária, concentrada
em impostos cumulativos, especialmente os
incidentes sobre o faturamento corporativo e o
ICMS. Um programa desta natureza poderia ter
impacto relevante na formação de poupança
privada, acompanhando o aumento do
investimento e da renda interna. O crescimento
da taxa de poupança interna reduziria o
problema atual da necessidade de sempre se
contar com poupança externa para aumentar o
investimento. O caminho do ajuste fiscal e da
simplificação tributária poderia abrir um novo
horizonte de confiança. Em conjunto com ações
que levem ao resgate da política monetária, à
convergência da inflação para o centro da meta,
e ao controle mais austero do crédito público,
seria possível consolidar um ambiente de juros
reais mais baixos, com impactos positivos para
o investimento. A estabilização econômica do
país só estará completa quando estiverem
criadas as condições para que a taxa de juros
real se aproxime do padrão internacional. Que
o trabalho seja retomado em breve, enquanto
ainda persiste o ambiente de ampla liquidez
internacional.
Paulo Miguel
É responsável por pesquisa econômica e estraté-
gia de investimentos na GPS. Foi sócio e econo-
mista-chefe da Quest Investimentos entre 2005
e 2013. Foi professor de finanças internacionais
e avaliação de empresas no INSPER/SP. É articu-
lista econômico do jornal Folha de São Paulo e
membro do conselho de administração do Grupo
Terra Viva. Paulo é mestre em economia pela
FEA-USP e MBA pelo INSEAD.
Investimentos no Brasil
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Giuliano De Marchi, CFP®, CIMA e Gabriela Santos
inVestimentos globais
Você investiria 100% de seus recursos em
apenas 1% ou 2% dos ativos disponíveis para
investimento? Você concentraria a maior parte
do risco de seu patrimônio em somente uma
economia ou mercado?
Na verdade, isso já acontece com a maioria
dos investidores brasileiros, que “concentram”
grande parte de seus investimentos no mercado
local. A realidade é que o mercado brasileiro de
renda variável, por exemplo, representa somente
1% do valor de mercado global (medido pelo
índice MSCI All Country World). Como a maioria
dos investidores brasileiros tendem a preferir
ativos de renda fixa local, vale a pena destacar
que a renda fixa brasileira representa somente
2% do mercado global de renda fixa (medido por
títulos corporativos e soberanos em circulação).
Isso significa que 99% e 98% do universo de
renda variável e renda fixa, respectivamente,
encontram-se fora do país. Como destacamos
no primeiro quadro, a economia brasileira
representa somente 3% da economia global
(baseada na paridade de poder de compra) – é
grande a probabilidade de que existam algumas
oportunidades interessantes no resto do mundo.
Investimentos no Exterior
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Além desse conceito de oportunidades perdidas
para investidores que se concentram no mercado
local, é importante também considerar os riscos
de tal comportamento. Para muitos investidores,
seus respectivos trabalhos e patrimônio já são
fortemente expostos à economia local. Assim,
alguma diversificação regional, quando se trata
de investimentos financeiros, poderia ser uma
boa ideia.
Adicionalmente, a inclusão de ativos globais
com correlações baixas ou negativas aos
ativos locais pode aumentar os benefícios de
diversificação para uma carteira. Uma carteira
bem diversificada pode ter um bom retorno
anual e com menos volatilidade, no longo
prazo. Como destacamos no quadro abaixo, em
um ano os ativos locais podem ter a melhor
performance de todo o universo global, e no ano
seguinte ter a pior performance. Por exemplo,
em 2010, juros reais e juros nominais brasileiros
(representados pelos índices IMA-B e IRF-M,
respectivamente) tiveram o melhor retorno
entre oito ativos globais, em moeda brasileira.
Porém, em 2013, os retornos desses mesmos
ativos estiveram entre os piores, enquanto a
renda variável global teve o melhor retorno. Em
vez de tentar adivinhar qual classe de ativos
ou qual região irá ter a melhor performance
em um determinado momento, investidores se
beneficiariam tendo uma carteira internacional
bem diversificada. Como ilustramos no mesmo
quadro, uma carteira diversificada teórica teria
tido um retorno anual de 10,2% entre 2006 e
2013 e com menos volatilidade do que ativos
individuais.
merCados globais de renda variável
Fonte: JP Morgan Asset Management
Investimentos no Exterior
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Nesse momento em particular, poderia ser
uma boa oportunidade adicionar ações
internacionais a uma carteira. Isso porque a
correlação do mercado global de renda variável
vem diminuindo dramaticamente nos últimos
três anos. Como mostramos no quadro, durante
o auge da crise financeira, a correlação entre
os mercados de renda variável de 30 países
chegou perto de 0,80. Isso significava que
mercados como a África do Sul, Reino Unido
e Brasil estavam se movendo para cima e para
baixo juntos (reagindo aos mesmos fatores
risk-on e risk-off). Atualmente, a correlação
está muito mais baixa, em 0,37 em setembro.
Esse cenário aumenta os benefícios de ter uma
carteira diversificada entre ações internacionais.
retornos por Classe de ativo
Fonte: JP Morgan Asset Management
Investimentos no Exterior
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Vale a pena destacar que os benefícios de
investimentos internacionais e os riscos da
concentração local exagerada são válidos, não
importa que desafios a economia local esteja
passando, e são aplicáveis a investidores ao
redor do mundo. Além disso, o desafio de
superar as objeções sobre investir no exterior
pode ser comum entre investidores ao redor do
mundo também.
Qual razão o levaria a tamanha concentração
local para investidores brasileiros? Alto retorno?
Baixo risco? Uma combinação dos dois?
Essa concentração se deve, entre outros
fatores, a uma familiaridade com o mercado
local ou o que é chamado entre economistas
comportamentais, de home bias.
Esse é um comportamento observado em
investidores ao redor do mundo, e que
limita as oportunidades de investimento e os
benefícios de diversificação. Vemos o mesmo
comportamento em investidores desde os
Estados Unidos à Ásia.
É através de um processo de investimento
disciplinado que os investidores de todo o
mundo são capazes de tirar proveito das
oportunidades globais.
Outro fator que acentua ainda mais esse
comportamento por parte dos investidores
brasileiros é a falta de regras, na legislação
brasileira, que permitam a nosso investidor
local buscar ativos que façam sentido para sua
carteira em outros países.
Esse segundo ponto está prestes a ser alterado
Investimentos no Exterior
volatilidade e CorrelaÇÃo do merCado de renda variável
Fonte: JP Morgan Asset Management
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
em Audiência Publica conduzida pela CVM,
que regula a nova legislação sobre fundos de
Investimentos (Edital de Audiência Pública nº
04/14 – em substituição à Instrução CVM 409).
Nessa revisão, vários pontos relativos ao tema
investimentos no exterior estão em discussão,
dentre os quais o aumento da possibilidade
de exposição de fundos Multimercados a
ativos internacionais, a maior flexibilização
para alocações em ativos internacionais para
Investidores Qualificados e, finalmente, a
criação de uma nova categoria de investidor
profissional que terá maior liberdade para esse
tipo de investimento.
Com essas possíveis alterações, em breve
teremos uma nova realidade no Mercado
brasileiro e, provavelmente, ativos internacionais
terão uma participação significativamente maior
nas carteiras de nossos clientes!
Giuliano De Marchi, CFP®
É planejador financeiro certificado desde 2003.
Latin America Funds Management Sales Head no
no J.P. Morgan Asset Management, onde iniciou
em junho de 2013. Giuliano tem extensa experiên-
cia no mercado financeiro, trabalhou nos últimos
10 anos na AllianceBernstein Investimentos, mais
recentemente como Country Manager. Anterior-
mente, trabalhou como Gerente de Vendas na Cig-
na Retirement and Investment Services e também
no Bank of America. É graduado em Administração
de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mac-
kenzie, tem Especialização em Estratégias para
Negócios Internacionais pela London School of
Economics, Inglaterra, e possui MBA em Finanças
e Ciências Atuariais pela USP, SP. Giuliano possui a
certificação CFP® e a certificação CIMA® (Cer-
tified Investment Manager Analyst) e é Diretor do
IBCPF.
Gabriela D. Santos
Estrategista de Mercado Global da Equipe de Estra-
tégia “Global Market Insights” do J.P. Morgan Funds.
É responsável por entregar insights econômicos e
de mercado para clientes institucionais e de varejo
em toda a América Latina. Também é responsável
pelo desenvolvimento do carro-chefe entre as pub-
licações trimestrais, o Guide to the Markets – Brasil,
além de outras publicações. Desde que se juntou à
equipe, Gabriela tem desempenhado um papel im-
portantíssimo na expansão do programa Market In-
sights no Brasil. Antes de entrar para o J.P. Morgan
em 2012, Gabriela trabalhou durante três anos no
Private Bank do HSBC em três países: Cingapura,
Suíça e México. Gabriela possui bacharelado com
honra máxima (summa cum laude) em Filosofia,
Ciências Políticas e Economia, e em Francês, pela
University of Pennsylvania. É fluente em português,
inglês e francês e proficiente em espanhol.
Investimentos no Exterior
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Edmur de Almeida, CFP®
seguro residenCial: poR QUe contRataR e QUais os cUidados ao faZÊ-lo?
Previdência e Seguros
Não temos conhecimento de pesquisas ou estudos específicos sobre o índice de penetração de seguro nas residências brasileiras, mas comenta-se, no meio segurador, que menos de 20% delas têm seguro.
por que isso?Vamos avaliar essa questão sob três pontos
de vista distintos: um técnico-cultural, um de
responsabilidade social e outro econômico.
Do lado cultural há uma questão matemática,
ou estatística, a ser considerada: todos os dias
uma ou mais residências pegam fogo ou são
roubadas em São Paulo. Isso para ficarmos
com apenas esses dois tipos de eventos e numa
região específica.
Então, de todo o universo de residências em
São Paulo, a nossa está no meio delas. Logo,
há uma probabilidade de um desses eventos
ocorrer com nossa casa.
A visão da população em geral, olhando apenas
sob o fator da probabilidade, é de que a chance
de ocorrer um acidente é bem pequena e por
isso não dá tanta importância ou mesmo não
considera a hipótese de contratar um seguro
para a casa, apartamento, sítio etc.
Afinal, não é comum vermos a casa do vizinho
pegando fogo.Preferimos fazer o seguro do
carro, porque temos a impressão – que é correta
– de que a probabilidade de nosso carro bater,
pegar fogo ou ser roubado é bem maior. Do
ponto de vista de gestão de riscos, essa é uma
maneira limitada de pensar.
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Explico. Mais importante que a probabilidade
de algo ocorrer, é o impacto, a severidade, o
potencial de dano ou o prejuízo decorrente. Ou
seja, é mais racional segurar a casa do que o
carro (se não pudermos segurar os dois), porque,
normalmente, o prejuízo com a perda da casa é
muito maior que com a do carro. Não havendo
seguro, é possível economizar uns 2, 3 ou 5
anos e comprar outro carro. A mesma conta
em relação a uma casa nova pode envolver 20,
30 anos...Seguro é um instrumento ideal contra
eventos de baixa probabilidade de ocorrência,
mas com alto impacto. E tem mais: por conta
dessa multiplicação de fatores – probabilidade x
impacto – o seguro da casa custa muito menos
que o seguro do carro. Veja o quadro abaixo:
Ou seja, para segurar um bem 10 vezes mais
CarroCasa
1 em 100 = 0,01 = 1%1 em 1000 = 0,001 = 0,1%
50.000,00500.000,00
500,00500,00
item Probabilidade (taxa %) impacto (valor R$) Custo do Sinistro R$
valioso que o outro, paga-se o mesmo valor.
Outra questão envolve a responsabilidade
social: uma casa abriga o lar de uma família.
Uma família sem casa, normalmente, não terá
lar. Filhos menores devem sofrer muito mais, ao
mudar com os pais para um lugar com muito
menos qualidade de vida, com escolas de nível
pior, entre outros fatores.
Ter seguro é, de alguma forma, manter o
padrão de qualidade de vida que tem a família,
com condições de se desenvolver naturalmente
e sem dar um passo atrás. O ponto de vista
econômico nos parece o menos impactante
nessa falta de penetração do seguro residencial.
O seguro custa algo entre 0,1 e 0,3% do valor
do imóvel (valor para reconstrução), para um
ano de vigência. Logo estamos falando em
0,000274% por dia. Em muitos casos, menos
que R$ 1,00 por dia.
passemos agora a alguns cuidados na hora de contratar o seguro.
O valor a ser segurado para a edificação, prédio, para a construção, não é o valor de venda do imóvel: terreno ou fração ideal não pega fogo. O valor segurado é quanto custa para construir novamente a casa: material e mão de obra novos, pois não conseguimos comprar tijolos e cimento com 10 anos de uso, nem pagar pedreiro com preço de 10 anos atrás. Considerados fatores como a região, padrão de construção, metragem quadrada e custo de construção por metro quadrado, conseguimos definir o valor a ser segurado, consultando publicações e revistas especializadas em construção. No caso de apartamento, as áreas comuns não devem entrar nessa conta, porque é de responsabilidade do condomínio fazer o seguro.
Previdência e Seguros
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Também muita atenção ao definir valor para tudo que está dentro do imóvel – móveis, utensílios, equipamentos, eletrodomésticos, decoração, vestuário, enfim. Sempre nos surpreendemos quando começamos a fazer algumas contas, do tipo: 5 ternos a R$ 2.000,00 dá R$ 10.000,00; 20 pares de sapatos (femininos, claro) a R$ 200,00 dá R$ 4.000,00; 3 TVs a R$ 7.500,00. Quando chegar aos talheres, essa conta já deverá estar bem alta. Enfim, não nos damos conta do valor que há dentro de casa. E é, então, uma ótima oportunidade para fazer um inventário e doar algumas coisas inúteis pra nós, mas úteis para outras pessoas.
Não aceite um pacote de coberturas de seguro que não lhe atenda. Dificilmente uma inundação vai atingir seu apartamento no 20º andar... Claro que exagerei, mas esse é o recado. Antes de colher propostas, defina, de preferência aconselhado por um corretor, quais coberturas e valores estão afetos a sua residência, ao seu risco.
Existem coberturas muito úteis, além de incêndio, que é a cobertura básica. Por exemplo, a de aluguel. Se você é proprietário e sua casa pega fogo, enquanto ela é reconstruída, o seguro paga o aluguel de um outro imóvel. Se você é inquilino, o seguro paga o valor do aluguel para o proprietário, também enquanto o imóvel é reconstruído. O valor do seguro para
essa cobertura deve ser um aluguel mensal para um imóvel semelhante ao seu, vezes o período estimado de reconstrução (6 meses, por exemplo). O custo dessa cobertura é muito pequeno.
O valor do seguro para a cobertura de roubo deve levar em conta os bens que são passíveis de serem levados. Parece óbvio, mas não é. Quem mora em apartamento no 20º andar em uma região bem policiada pode ter um valor segurado menor que quem mora em uma casa em uma região isolada e pouco ou nada policiada. Já ouvimos histórias de gente que chegou de viagem do feriado prolongado e não achou nada – literalmente nada – em casa. Essa é uma cobertura que custa bem mais que a básica ou mesmo de aluguel.
Não deixe de contratar a cobertura de Responsabilidade Civil. O vaso que cai da janela sobre o carro do vizinho; o filho que, brincando de esconde-
Previdência e Seguros
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esconde, resolveu atravessar a porta de vidro do condomínio; ou mesmo quando seu cachorro resolve avançar numa pessoa durante o passeio matinal. Há uma infinidade de exemplos de situações que podem envolver a necessidade de termos que indenizar um terceiro por um acidente que nós ou alguém de nossa família causou.
As seguradoras oferecem muitos serviços associados ao seguro, como reparo de eletrodomésticos, encanador, eletricista, chaveiros e outros. São serviços que ajudam muito no dia a dia. Comparar os serviços oferecidos é uma boa estratégia também.
Para a maioria das coberturas de seguro há uma franquia correspondente. Franquia é a parte do prejuízo que a seguradora não paga, semelhante ao seguro do seu carro. Muita atenção nesse item também: veja se o valor da franquia cabe dentro de seu bolso.
Antes de fazer o seguro, sempre peça ao seu corretor, ou busque, no site da seguradora, as condições do contrato. São chamadas condições gerais, especiais e particulares. Leia atenta e especialmente as exclusões de cobertura. Veja também se há alguma cobertura nova que possa atender uma necessidade específica sua. Não deixe para ler o contrato de seguro depois que contratar. Leia antes.
Edmur de Almeida, CFP®
É planejador financeiro certificado desde 2008. É
consultor e corretor de seguros com registro na
Susep – Superintendência de Seguros Privados
desde 1992. Sócio diretor da Alfa Real Consultoria
e Corretagem de Seguros e gerente de riscos pela
Alarys – Associacion Latinoamericana de Riesgos
& Seguros. Diretor da ANSP - Academia Nacional
de Seguros e Previdência e coordenador da cát-
edra de Seguro de Danos – Riscos Financeiros da
ANSP. Coordenador da Comissão Técnica de Seg-
uros de Riscos Financeiros do Sincor-SP – Sindi-
cato dos Corretores de Seguros de São Paulo.
Previdência e Seguros
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seus filhos já herdaram juntos? cUidados no planejamento sUcessóRioNatalia Zimmermann, CFP®
Planejamento Sucessório e Tributário
5. regras básicas de direito das sucessões e doaçõesO direito das sucessões é regulado em nosso
Código Civil entre os artigos 1.784 e 2.027. Já
a doação, que é uma forma de transmissão do
patrimônio em vida e é usada no contexto do
planejamento sucessório, está regulada entre
os artigos 538 a 564 do Código Civil.
5.1. sucessão “Causa mortis”Já conceituamos a herança como o conjunto
de bens integrantes do patrimônio que uma
pessoa deixa ao morrer. Esse conjunto é o
patrimônio transmissível de uma pessoa, e
é representado pelo total dos bens e direitos
existentes na abertura da sucessão (data do
falecimento), acrescido dos bens e direitos
sujeitos à colação1 e excluídas as eventuais
dívidas e despesas com funeral.
No Brasil, as pessoas não podem livremente
dispor sobre quanto, como e para quem desejam
destinar a sua herança. Nossa legislação permite
apenas que a pessoa livremente disponha de
metade de seu patrimônio e/ou herança.
A outra metade deve obrigatoriamente ser
entregue aos herdeiros determinados por lei.
Apenas se não existirem tais herdeiros é que a
pessoa pode livremente dispor da totalidade de
seu patrimônio.
Nesta edição, damos continuidade ao artigo “Seus
filhos já herdaram juntos? Cuidados no planejamento
sucessório”. Tratamos exclusivamente dos três
últimos blocos do artigo: “Regras Básicas de Direito
das Sucessões e Doações”, “Noções da Tributação
Incidente nas Transmissões Causa Mortis e Doações”
e “Conclusões”.
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A vontade da pessoa é limitada pela obrigação
de transmissão de uma parcela da sua herança
em conformidade com as disposições legais.
Ou seja, algumas pessoas são obrigatoriamente
herdeiras, e a elas deve ser destinada uma
parcela da herança.
Portanto, dentre os herdeiros há aqueles que
são herdeiros legítimos (relacionados na lei e
dentre os quais estão os herdeiros necessários)
e os herdeiros testamentários (são as pessoas
nomeadas pelo testador como herdeiros).
5.2. herdeiros legítimosSão herdeiros legítimos aqueles descritos no
artigo 1.829 do Código Civil:
Descendentes (filhos, netos, bisnetos etc.) em concorrência com o Cônjuge (dependendo do
regime de casamento);
Ascendentes (pais, avós etc.) juntamente com o Cônjuge (independente do regime de
casamento);
Cônjuge; e
Parentes colaterais até o 4º grau – irmãos,
primos, tios e sobrinhos.
Esse dispositivo legal prevê a ordem de
vocação hereditária, ou seja, qual é a ordem
de preferência para entrega da herança. Nessa
ordem, os descendentes têm a preferência
concorrendo com o cônjuge sobrevivente,
desde que este fosse casado com o falecido
num dos seguintes regimes: separação total
de bens (convencional); participação final nos
aquestos; ou regime da comunhão parcial de
bens, se existirem bens particulares do falecido.
Se o cônjuge sobrevivente era casado sob
o regime da comunhão universal de bens,
separação total de bens (legal) ou comunhão
parcial de bens sem bens particulares, estes
não são herdeiros necessários quando
concorrerem com os descendentes do falecido.
Assim, se existirem descendentes, os
ascendentes e colaterais estão automaticamente
excluídos da sucessão. O cônjuge, por sua vez,
irá receber a herança em conjunto com os
descendentes, se fora casado num regime de
bens que o qualifique a ser herdeiro juntamente
com os descendentes.
No entanto, se não existirem descendentes, a
parcela legítima da herança será entregue aos
ascendentes e ao cônjuge, não importando o
regime de bens que foi adotado. Na ausência de
descendentes e ascendentes, o cônjuge passa
a ser herdeiro exclusivo. Se o falecido também
não tiver cônjuge, a herança será entregue aos
parentes colaterais até o 4º grau. Mas, como
veremos abaixo, esses não são obrigatoriamente
herdeiros, podem ser excluídos por testamento,
pois não são herdeiros necessários. Na ausência
de colaterais também, a herança será entregue
ao Município, DF ou União.
5.2.1. herdeiros necessáriosDentre os herdeiros legítimos, há alguns
que foram alçados à condição de herdeiros
necessários.
Planejamento Sucessório e Tributário
20
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
A lei determina que, se existirem descendentes,
ascendentes ou cônjuge sobrevivente,
obrigatoriamente eles devem receber metade
da herança – são os denominados herdeiros
necessários2.
Também deve ser destacado que o cônjuge
sobrevivente, além de herdeiro necessário, é
também privilegiado, pois a este é reservado no
mínimo 25% da herança, mas apenas quando
concorrer com descendentes comuns aos dois.
Parece-nos claro, portanto, que, no planejamento
sucessório, os filhos são considerados herdeiros
necessários, e obrigatoriamente devem receber,
em partes iguais, metade da herança.
5.3. herdeiros testamentáriosOs herdeiros testamentários são aquelas
pessoas que o testador (o titular do patrimônio
a ser transmitido) livremente nomeia em seu
testamento. Esses herdeiros receberão o que
foi a eles determinado por meio do testamento
da pessoa falecida.
5.4. Conceitos de legítima e disponívelComo já explicado, 50% da herança deve
ser destinada às pessoas determinadas no
artigo 1.845 do Código Civil – os herdeiros
necessários (descendentes, ascendentes e
cônjuge). Os outros 50% da herança podem
ser livremente destinados a quem a pessoa
desejar por meio do testamento.
Portanto, podemos afirmar que a herança pode
ser dividida em duas partes iguais: Legítima e
Disponível.
A Legítima corresponde a 50% do patrimônio
transmissível e consiste na parcela que
obrigatoriamente deve ser transmitida aos
herdeiros necessários no momento da abertura
da sucessão.
A Disponível corresponde aos 50% restantes
do patrimônio transmissível, e consiste na
parcela que o titular pode dispor livremente.
5.5. testamento3
O testamento é o documento através do qual
uma pessoa determina a sua vontade quanto
à destinação da parcela disponível de seu
patrimônio, mas não necessariamente precisa
se limitar às questões patrimoniais.
Disposições não patrimoniais também podem
ser contempladas no testamento. Por exemplo:
reconhecimento de filhos, nomeação de tutor
ao filho menor, instituição de fundações ou
disposições de ordem pessoal ou moral.
Destaque-se que se não houver testamento, ou
se este for considerado nulo, a totalidade da
herança caberá aos herdeiros necessários, que
a receberão na ordem e forma determinada
pela lei, como citado acima.
O testamento representa a última vontade
do testador, sendo possível sua revogação a
qualquer momento. O ato de testar é um ato
que apenas a própria pessoa pode realizar (dito,
por isso, personalíssimo).
Planejamento Sucessório e Tributário
21
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Maria Berenice Dias4 , citando Arnaldo Rizzardo,
indica que o testamento “é considerado ato de última vontade para significar ser a derradeira decisão de uma pessoa sobre bens ou outros assuntos de seu interesse”.É importante destacar que com o testamento
não há a transferência de patrimônio no
momento em que este é feito. Difere, portanto,
da doação. Só ocorrerá a transferência aos
herdeiros escolhidos quando do falecimento, e
por isso pode ser modificado ou revogado a
qualquer momento.
O patrimônio objeto do testamento (parcela
disponível) pode ser gravado com cláusulas
restritivas.Tais restrições podem ser usadas
para que os pais protejam o patrimônio deixado
em herança a seus filhos e netos, impedindo,
por exemplo, que o patrimônio herdado passe
a pertencer também ao cônjuge do herdeiro,
ou vetando que os filhos disponham livremente
desta parcela do patrimônio herdado.
Três são as restrições que podem ser impostas
por meio do testamento:
incomunicabilidade: impede que o patrimônio recebido em herança
se comunique com o cônjuge do herdeiro;
impenhorabilidade: impede que o patrimônio herdado possa ser
usado como garantia de obrigações ou para
satisfazer obrigações do herdeiro; e
inalienabilidade: impede que o patrimônio herdado seja vendido
pelo herdeiro.
Estas restrições podem ser aplicadas a todos
os herdeiros ou apenas a alguns escolhidos
pelo testador.
5.6. doaçõesDoações são atos de mera liberalidade
praticados por um doador (nome dado àquele
que dispõe gratuitamente de algo que lhe
pertence) em favor de um terceiro, denominado
donatário. As doações são sempre gratuitas.
No entanto, é possível que o doador imponha
condições que deverão ser cumpridas pelo
donatário, caso este aceite a doação.
Por meio da doação, uma pessoa transfere
bens, direitos e/ou vantagens do seu patrimônio
para o patrimônio de outra pessoa, usualmente
de forma definitiva.
A doação pode ser realizada em adiantamento
de herança legítima ou com a parte disponível
do patrimônio do doador.
Um ponto que merece toda a atenção no contexto
do planejamento sucessório é o fato de que, nas
doações de ascendente para descendente (por
exemplo, de pai para filho) e entre cônjuges, se
nada for mencionado na doação, presume-se
que esta foi feita em adiantamento da legítima
que caberia ao donatário. Motivo pelo qual é
recomendável que a doação seja formalizada
por um instrumento escrito e que os demais
herdeiros necessários participem do ato como
intervenientes anuentes.
As doações podem ser realizadas por meio
de instrumento escrito ou de forma verbal.
Na hipótese da doação envolver valores
Planejamento Sucessório e Tributário
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significativos, é recomendável que seja adotada
a forma escrita.
Exceto na hipótese de doação de bens imóveis,
que a lei exige que seja feita por meio de
instrumento público, é facultado ao doador
escolher entre o instrumento público ou
particular.
Da mesma forma que o testador, a pessoa
que doa pode impor as mesmas restrições
que indicamos acima: incomunicabilidade,
impenhorabilidade e inalienabilidade.
As doações são bastante utilizadas no contexto
do planejamento sucessório, pois permitem a
realização da sucessão em vida, que em muitos
casos pode ser um facilitador da sucessão
“causa mortis”.
O doador neste contexto pode – e muitas vezes
deve – reservar para si o usufruto do bem
doado. Nesse caso, como não há a doação da
propriedade plena, apenas da “nua propriedade”,
o doador permanece com o direito de uso, gozo
e fruição do bem. Por exemplo, um imóvel pode
ser doado aos filhos, mas os patriarcas podem
continuar residindo no imóvel ou alugá-lo e
receber os aluguéis, mesmo não sendo mais os
proprietários do imóvel. O instituto do usufruto
é frequentemente utilizado quando há a doação
de participações societárias. É comum que os
patriarcas doem aos filhos ações ou quotas
de empresas e reservem para eles o direito
de continuar recebendo os dividendos, Juros
Sobre o Capital Próprio (JCP) e de exercer o
direito de voto.
O usufruto pode ser vitalício ou temporário,
com prazo pré-determinado. O doador pode
também determinar a reversão da doação,
que é a previsão contratual de que os bens
e/ou direitos doados devem retornar para o
patrimônio do doador, se o donatário falecer
antes do doador. A reversão não pode se dar
em favor de terceiro, tão somente do doador
original.
5.7. sucessão na união estávelA sucessão dos companheiros ainda é objeto
de inúmeras discussões, tanto na doutrina como
na jurisprudência, pois este tema foi regulado
recentemente em termos legislativos.
Os conviventes, de acordo com o novo
código, podem participar da sucessão um do
outro, apenas em relação aos bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável e de acordo com as condições previstas
no artigo 1.790:
Planejamento Sucessório e Tributário
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“Art. 1.790. A companheira ou o companheiro
participará da sucessão do outro, quanto aos bens
adquiridos onerosamente na vigência da união estável,
nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma
quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da
herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada
um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis,
terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à
totalidade da herança.”
Note que este é o único artigo do Código Civil
que prevê a sucessão na união estável, mas é
incapaz de regrar a situação mais corriqueira
de nossos dias: “Como se daria a sucessão
quando houver filhos comuns e exclusivos do
companheiro falecido?”
A esse respeito existem diversos posicionamentos
doutrinários, resumidos a seguir:
Identificação dos descentes como se
todos fossem filhos comuns, aplicando-se
exclusivamente o inciso I do artigo 1.790
citado acima;
Identificação dos descendentes como se todos
fossem filhos exclusivos do autor da herança,
aplicando-se, nesse caso, apenas o inciso II do
artigo 1.790 citado acima;
Composição dos incisos I e II do artigo 1.790
pela atribuição de uma quota e meia ao
convivente sobrevivente; e
Composição dos incisos I e II do artigo 1.790
pela subdivisão proporcional da herança,
segundo a quantidade de descendentes de
cada grupo.
6. noções da tributação incidente nas transmissões Causa Mortis e doaçõesAqui iremos analisar a possibilidade de
incidência de dois impostos, um de competência
federal, o Imposto sobre a Renda (IR) e outro
de competência estadual, o Imposto sobre
Transmissão Causa Mortis e Doação sobre
bens e direitos de qualquer natureza (no estado
de São Paulo é conhecido como ITCMD).
O propósito de abordarmos a incidência
desses dois impostos é mostrar que a forma
de transmissão dos ativos envolve maior ou
menor carga tributária, dependendo da forma
de transmissão que se faz do ativo. Por isso,
planejar a forma de transmitir o patrimônio aos
filhos é fundamental para otimizar a tributação
incidente.
6.1. imposto sobre a rendaA legislação tributária prevê que, sob a ótica do
donatário ou herdeiro (pessoa que recebe),
as doações e heranças são rendimentos isentos
Planejamento Sucessório e Tributário
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para fins de IR.
A Lei nº 7.713/88 prevê em seu artigo 6º:
“Ficam isentos do imposto de renda os
seguintes rendimentos percebidos por pessoas
físicas: (...) XVI - o valor dos bens adquiridos
por doação ou herança (...)”.
Entretanto, o doador ou o espólio podem ser
tributados pelo IR caso seja atribuído ao bem
ou direito doado ou deixado em herança um
valor superior ao constante da declaração de IR
do doador ou espólio. Nesse caso, deverá ser
apurado o ganho de capital, que será tributado
à alíquota de 15%.
Vejamos o disposto no artigo 23 da Lei nº.
9.532/97:
“Art. 23. Na transferência de direito de propriedade
por sucessão, nos casos de herança, legado ou
por doação em adiantamento da legítima, os bens
e direitos poderão ser avaliados a valor de mercado
ou pelo valor constante da declaração de bens
do de cujus ou do doador.
§ 1º Se a transferência for efetuada a valor de
mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo
qual constavam da declaração de bens do de cujus
ou do doador sujeitar-se-á à incidência de imposto de
renda à alíquota de quinze por cento.(...)”
Destaque-se, portanto, que pode ou não haver
a incidência do IR na sucessão. A ocorrência
deste imposto dependerá do valor atribuído
ao bem ou direito transmitido. Essa previsão
legal dá ao titular do patrimônio e aos seus
sucessores (quer seja por doação ou herança)
a possibilidade de escolher qual valor será
atribuído ao bem ou direito transmitido para fins
de cálculo do eventual IR devido.
Essa possibilidade legal permite, portanto, que
se planeje, por exemplo, se determinado bem
ou direito deve ser transmitido ao herdeiro ou
donatário por valor de custo ou de mercado,
para fins de IR.
Em algumas situações, seria oportuno fazer
Planejamento Sucessório e Tributário
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a transmissão por valor de mercado, se for
possível a utilização de algum benefício fiscal. A
título ilustrativo, poderíamos citar a isenção do
IR sobre o ganho de capital para bens imóveis
adquiridos antes de 1969; a redução percentual
do IR a pagar para os imóveis adquiridos entre
1970 e 19885 ; ou a aplicação dos fatores
de redução para imóveis adquiridos a partir de
19966 .
6.2. imposto sobre transmissão Causa mortis e doação sobre bens e direitos de quaisquer natureza (no estado de são paulo – itCmd)O ITCMD a princípio sempre incidirá, exceto
nas hipóteses de isenção estabelecidas em
lei. Por ser um imposto estadual, suas regras
e alíquotas variam de estado para estado, mas
elas são limitadas a 8%, em conformidade com
a Resolução do Senado Federal nº 9, de 1992.
Via de regra, quem é tributado é o donatário
ou herdeiro. No estado de São Paulo7 , o
donatário ou herdeiro é tributado pelo ITCMD
à alíquota de 4%. Entretanto, se o donatário
não for residente nem domiciliado no estado, o
pagamento do ITCMD caberá ao doador (artigo
7º, inciso III, parágrafo único).
Regra geral, a base de cálculo do ITCMD no
estado de São Paulo é o valor venal do bem
ou direito transmitido8 , expresso em moeda
nacional ou em Ufesps (Unidades Fiscais do
Estado de São Paulo). Entende-se por valor
venal o valor de mercado do bem ou direito na
data da abertura da sucessão ou da realização
do ato ou contrato de doação. Para quotas de
empresas ou ações de companhias que não
sejam listadas em bolsa, a base de cálculo é o
valor do patrimônio líquido da empresa.
6.3. pontos de atenção importantesNote que a base de cálculo do IR e do ITCMD
podem ser diferentes, dado que as leis que
regem cada um desses tributos estabelecem
critérios distintos para se determinar a base de
cálculo. Analisar com critério o valor que deve
ser atribuído ao bem ou direto doado ou deixado
em herança é fundamental no planejamento
sucessório.
Gostaria de chamar a atenção, também, para
o seguro de vida do tipo VGBL – Vida Gerador
de Benefícios Livres – que é um seguro de
vida atípico, pois cobre a sobrevivência, dado
que pode ser resgatado pelo titular a qualquer
momento.
Alega-se que, dado que o VGBL é um seguro
de vida, os valores pagos aos beneficiários
seriam considerados indenização de seguro
de vida, e como tal não estariam sujeitos ao
pagamento do ITCMD, pois tais valores não
seriam considerados como herança9.
A esse respeito, é importante que os patriarcas
não deixem de considerar que, se por um
lado não há a incidência do ITCMD, pois os
valores não seriam herança, nessa forma de
transmissão esses valores perdem também
toda a proteção que poderia ser imposta aos
herdeiros, nos casos em que a transmissão se
dá por herança ou doação.
Planejamento Sucessório e Tributário
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Nesse sentido, é fundamental que os patriarcas
tenham claros quais são os efeitos de se optar
por um planejamento que envolva a contratação
de um Plano VGBL. Se, de um lado, pode haver
eficiência fiscal, de outro se perde a segurança
da incomunicabilidade que pode ser imposta às
heranças e doações.
7. ConclusõesE afinal, o que é planejar a sucessão? Entendo
que é identificar seus sonhos e objetivos e
adaptá-los à realidade.
Que patriarca não sonha em manter seus
filhos unidos, dedicando a mesma energia
ao patrimônio construído, lutando pela sua
preservação, baseados nos mesmos valores
familiares, tendo tudo isso regido pelo diálogo
familiar respeitoso?
Mas sonhos frequentemente esbarram na
realidade. Nem sempre seus filhos querem ou
podem ficar juntos; cada um dos filhos têm
aptidões, capacidades e interesses distintos.
Cada um deles tem projetos pessoais que
gostaria de empreender, estilo de vida distinto,
e recebe inúmeras influências externas que vão
além da vontade dos pais.
Esse processo de transformação e adaptação
dos sonhos e objetivos em algo mais próximo
da realidade, em minha visão, é o processo de
planejamento sucessório, que não elimina o
risco de problemas futuros entre seus herdeiros,
mas certamente mitiga este risco.
Assim, os conceitos expostos neste artigo
visaram tão somente ajudar o leitor a identificar
os aspectos jurídicos relevantes na sua
realidade, e que o ajudarão a adaptar seus
sonhos e objetivos.
Logo, planejar a sucessão é, em primeiro lugar,
querer enfrentar este desafio. Mas planejar a
sucessão também é compreender que não há
uma fórmula mágica e tudo deve ser adaptado
à realidade da sua família; é compreender que
o poder de decisão não é ilimitado, ao contrário,
ele é moldado pelos limites legais.
O sucesso da sucessão está intimamente ligado
à capacidade dos patriarcas de identificar seus
desejos, sonhos e objetivos, tomar decisões,
embasá-las e protegê-las com os instrumentos
legais disponíveis.
“Quer [planejar a sucessão]? Então faça acontecer
porque a única coisa que cai do céu é a chuva”
Vinícius de Moraes
1Colação, conforme explicado pela Profa. Maria Berenice Dias, vem da palavra collatio, que significa conferir. Assim, a colação “nada mais [é] do que a obrigação do herdeiro de conferir as doações recebidas quando da morte do doador”. Continua a professora: “todo ato de liberdade a favor de herdeiro necessário precisa ser conferido quando da abertura da sucessão, para comprovar se a doação extrapolou ou não a parte disponível da herança.” (in Manual das Sucessões; 2ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 590).
2O artigo 1.845 do Código Civil determina que são herdeiros necessários os descentes (filhos, netos, bisnetos), os ascendentes (pais, avós, bisavós) e o cônjuge. O artigo 1.846 do mesmo diploma legal, por sua vez, determina que aos herdeiros necessários deve ser entregue a metade dos bens e direitos da herança, denominando esta parcela de legítima.
Planejamento Sucessório e Tributário
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3Os testamentos são regulados pelo Código Civil, notadamente em seus artigos 1.857 a 1.880.
4DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões, 2° edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 346.
5A isenção do IR incidente sobre o ganho de capital apurado na alienação (sentido amplo) de imóveis adquiridos até 1969 e a redução percentual do IR a pagar para imóveis adquiridos entre 1970 e 1988 está prevista no artigo 18 da Lei nº 7.713/88.
6Os fatores de redução estão previstos no artigo 40 da Lei nº 11.196/05.
Natalia Zimmermann, CFP®
é advogada com foco em planejamento patrimo-
nial para pessoas físicas, planejadora financeira
pessoal e possui a certificação CFP® (Certified
Financial Planner), concedida pelo Instituto Bra-
sileiro de Certificação de Profissionais Financeiros
(IBCPF). E-mail: natazimmer@hotmail.com
7No estado de São Paulo o ITCMD é regido pela Lei nº 10.705/00 e pelo Decreto nº 46.655/02, com alterações subsequentes.
8No caso de transmissão não onerosa do domínio útil ou na instituição do usufruto, por ato não oneroso a base de cálculo é equivalente a 1/3 do valor do bem. No caso de transmissão não onerosa do domínio direto ou na transmissão não onerosa da nua-propriedade, a base de cálculo é equivalente a 2/3 do valor do bem (artigo 9º, §2° da Lei nº 10.705/00).
9“Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.”
As respostas refletem as opiniões da autora, e não do IBCPF. O IBCPF não se responsabiliza pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Planejamento Sucessório e Tributário
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Mari Emmanoulides, CFP®
atiVidade pRofissional de planejamento finanCeiro
Sempre tive interesse e curiosidade pelas
histórias de empreendedores: entender como
surgiram as ideias, expectativas, obstáculos,
estruturas societárias, entre outros.... Penso
que, se o empreendedor é bem-sucedido,
está criando um ativo real, de valor, e que
pode contribuir muito e em vários sentidos, até
socialmente. Sua empresa poderá crescer, abrir
o capital, expandir em diversos continentes,
gerar empregos e contribuir de fato para a
comunidade. Significa dizer que tem a chance
de ser perpetuada, e que todos os esforços
e tempo alocados não estarão perdidos. Qual
não é minha surpresa ao receber o convite
para relatar a minha experiência no Magazine
do IBCPF!
Venho do mercado financeiro e minha formação
e carreira foi em crédito, em um banco
multinacional, para o mercado local. Nessa
mesma época, enquanto trabalhava, graduei-
me em Direito. No Banco Comercial, passei por
diversas áreas financeiras, fui Gerente Geral de
Agência, até chegar à Diretoria e estruturar o
Private Banking, que geri por alguns anos. Passei
por outra instituição financeira multinacional
dedicada ao mercado internacional, trabalhei
com pessoas muito competentes e aprendi a
gestão internacional.
Entendi que trabalhar e ter o treinamento em
diversas áreas financeiras, oferecido pelas
multinacionais, é a escola necessária de base.
Esse conhecimento, adquirido pelo treinamento
e no dia a dia, dificilmente seria possível apenas
Planejamento Financeiro Pessoal
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
pelo mundo acadêmico. Aprendi a valorizar e
entender que não há a menor possibilidade de
se ter um negócio próprio e estabelecido se
não existir: foco no cliente; processos formais;
alinhamento entre sócios, associados e toda a
equipe, estrutura de risco e compliance; além
de rentabilidade que remunere os acionistas.
Sabia que em algum momento estaria
abandonando o mundo corporativo e deixando
de ser uma executiva para empreender e
tocar o próprio negócio com pessoas que têm
a mesma perspectiva, o mesmo olhar e os
mesmos valores.
Fazer essa transição significa deixar para trás
a suposta zona de conforto e iniciar tudo de
novo, começando do zero! A convicção tem de
ser muito forte e cristalina, e foi exatamente
esse o meu caso. A convicção e a perseverança
são absolutamente necessárias, acrescidas ao
foco no que se faz. Não é fácil sair do nada.
É muito semelhante à construção de uma
casa: é preciso ter um detalhado business plan
(planta e respectivo orçamento), as licenças
regulamentares (aprovações ambientais e
municipais), a escolha dos sócios e profissionais
que ajudarão a colocar de pé a empresa
(incorporador, construtor etc.) e entender que
precisa de tempo para se ter retorno. Injetam-
se recursos por um bom tempo, não se é
remunerado, mas tem-se que remunerar os
profissionais que são CLT.
Quando disse que parece a construção de uma
casa, é porque quando se está na fase inicial, só
se alocam recursos e não se vê nada! Apenas
um buraco com cimento e umas madeiras que
são as fundações da casa. Chega-se a duvidar
que um dia vá existir uma casa naquele local.
É a mesma sensação, e o que transforma
tudo isso é a convicção do que se acredita
ser um diferencial e do que se sabe fazer
profissionalmente: se você sabe fazer na casa
dos outros, é bem provável que saiba fazer na sua
própria casa. Se estiver cercado de processos,
das pessoas certas, e não tentar obter retorno
no curto prazo, tem boas chances de conseguir
colocar de pé uma empresa de valor futuro e
que faça uma diferença no mercado.
Acredito que um CFP independente tem a
possibilidade de desenvolver um modelo próprio
de Planejamento Financeiro considerando o
tamanho de patrimônio com que escolheu
trabalhar. Sua qualificação já lhe permite
desenvolver de acordo com sua própria
convicção, e a escolher o nicho de mercado
que irá desenvolver. Estará criando valor a
longo prazo para seus clientes e consolidando
sua carreira também. Com foco no cliente,
buscando o melhor interesse dele e se utilizando
de uma estrutura processual, dificilmente não
será bem-sucedido.
Mari Emmanoulides CFP®
Diretora e Membro do Board do FPSB – Financial
Planning Standards Board. Formada em Direito
pelo Mackenzie, atua no mercado financeiro há
mais de 30 anos. É Sócia Fundadora, Diretora
Executiva e Presidente do Grupo Taler. Participa do
Sub-Comitê de Produtos da Anbima.
Planejamento Financeiro Pessoal
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Alexandre Pinelli, CFP®
diligênCia e objetividade paRa eVitaR aRmadilhas
A prática da consultoria sobre os ativos
financeiros líquidos de indivíduos e famílias de
alto patrimônio é, na grande maioria dos casos
no Brasil, o eixo central do relacionamento
dos profissionais CFP com seus clientes.
Atividades afins, como distribuição e gestão dos
investimentos, bem como serviços acessórios
como execução, custódia, monitoramento e
entrega de relatórios, complementam a cadeia
de valor.
As interações mais frequentes dos profissionais
CFP com seus clientes e os momentos de
contato destes com as instituições financeiras
ocorrem, em grande medida, em torno do tema
investimentos: aconselhamento para alocação
de ativos, aplicações, revisão de portfólios,
distribuição de produtos, envio de relatórios de
performance e extratos financeiros, entre outras
situações. E por serem os serviços mais comuns
e a origem de grande parte dos contatos,
são também terreno fértil para reclamações,
desentendimentos e desgastes com os clientes.
Em um caso ilustrativo (e eventualmente mais
comum do que gostaríamos), vamos considerar
um cliente que pretende investir um determinado
valor e para isso recorre a sua Gerente Private
(“gerente”) para obter recomendações. O
cliente prefere contatos remotos, por e-mail e,
eventualmente, por telefone, pois está sempre
muito ocupado. Sua gerente comenta ao
telefone sobre dois produtos estruturados que
a tesouraria do banco está lançando, envia ao
cliente todos os documentos de que dispõe
(material de marketing, regulamento, disclaimers e termo de adesão). Após uma sequência de
e-mails trocados e alguns telefonemas, para
Conduta Profissional
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
passar mais detalhes e tirar dúvidas do cliente,
este finalmente decide investir.
Seguem-se os trâmites de formalização e
execução da ordem, entre eles o recebimento
pela gerente de todos os documentos exigidos
por regulamentação específica e/ou por
procedimentos internos, devidamente assinados
pelo cliente.
Alguns meses se passam e, com a piora do
cenário econômico e dos mercados, o cliente
experimenta perdas nesses investimentos e
começa a questionar sua gerente e o banco,
alegando que não foi devidamente orientado e
investiu em algo para o qual não tinha perfil.
Depois de vários meses de análises e reuniões
com o cliente, chega-se a um acordo no qual
a instituição iria ressarcir parte das perdas do
cliente.
O que deu errado? A análise do caso suscita
boas reflexões sobre pequenas armadilhas
que podem levar a reclamações de clientes
e a prejuízos financeiros para as instituições,
mas que podem ser evitadas (ou pelo menos
minimizadas) a partir de alguns comportamentos
e cuidados dos profissionais:
1) o cliente é muito ocupado e os contatos precisam ser rápidos e objetivos, muitas vezes remotos: aqui corre-se o risco de “passar batido” por
detalhes fundamentais, principalmente aqueles
relativos a cenários adversos e perdas nas
estratégias de investimento. Às vezes a gerente
também não tem tempo, pois tem muitos
outros clientes a atender. O foco de ambos
fica apenas nos cenários mais positivos. Aqui
a dica é efetivamente planejar o contato com
o cliente para um momento em que ele possa
dispor de mais tempo para se concentrar e
ouvir a exposição detalhada a respeito da
recomendação. Além disso, que o o profissional
se prepare muito bem para o contato, dispondo
também de toda a informação, tranquilidade
e tempo para sua interação com o cliente.
Nosso “Código de Ética e Responsabilidade
Profissional” oferece orientação a respeito de
“... tomar as medidas razoáveis e necessárias
para garantir que o cliente compreenda as
recomendações...” (Regra 305).
2) o cliente assinou todos os documentos e termos necessários, logo, ele tomou uma decisão de investimento informada e consciente: o fato de o cliente ter assinado e devolvido
todos os documentos solicitados pode até
eximir a instituição e o profissional de riscos no
âmbito legal, porém, não os livra da possível
perda do relacionamento com o cliente, do
constrangimento, de desgastes internos e de
eventuais perdas financeiras de situações como
a descrita. Sem falar na propaganda negativa
que um cliente insatisfeito pode (e com certeza
irá) fazer. A dica aqui é ser bastante diligente,
rigoroso, claro e transparente quando se estiver
orientando o cliente a respeito de produtos
de investimento, aplicando maior intensidade
quanto maior for a complexidade do produto
Conduta Profissional
32
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
e/ou menor a experiência do cliente com
investimentos (respeitando-se obviamente aqui
o suitability – Regra 302 – e os limites impostos
pelo perfil de risco do cliente). Para tanto, uma
boa prática é usar os próprios regulamentos e
termos de adesão fornecidos pela instituição,
que explicitam bem os riscos envolvidos. Deve-
se repassar estes documentos com o cliente,
garantindo que ele efetivamente os tenha lido
e compreendido. Não devem ser encarados
apenas como um trâmite burocrático dentro do
processo de investimento.
3) o cliente tinha perfil para o produto, entendeu o risco de perda envolvido, decidiu investir, mas acabou contrariado e insatisfeito quando o cenário adverso se materializou: sabemos, pela teoria e pela
prática, que os investidores tendem a ser
mais agressivos em momentos favoráveis do
mercado e mais conservadores em momentos
de maior volatilidade e queda de preços. E dói
muito mais experimentar uma perda financeira
do que meramente cogitar sua possibilidade.
O fato de que um determinado produto “cabe”
no budget de risco do cliente no momento
do investimento também é uma armadilha
importante, um falso conforto. Portanto, é
fundamental que o profissional use toda a sua
sensibilidade, sabedoria e conhecimento do
cliente, bem como “... juízo razoável e prudente
...” (Regra 801), em relação ao perfil e psicologia
de seu cliente investidor, para determinar se um
produto é ou não adequado para seu cliente.
Ao adotar essas e algumas outras condutas
necessárias, o profissional CFP aumenta suas
chances de perpetuar uma relação saudável,
de confiança e produtiva com seus clientes e
com a instituição à qual eventualmente esteja
vinculado, garantindo a boa imagem e reputação
de todos os envolvidos.
Conduta Profissional
Alexandre Pinelli, CFP®
É planejador financeiro certificado desde 2006.
Em 18 anos de mercado financeiro, liderou pro-
cessos de criação, integração, reposicionamento
e expansão de operações de Private Wealth
Management no Brasil, na América Latina e nos
Estados Unidos. Administrador de Empresas pela
UFRJ, com especialização em finanças pela COP-
PEAD e em gestão de negócios pela Harvard
Business. É Diretor do IBCPF.
33
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Raphael Cordeiro, CFP®
a vida como ela é
Planejador Financeiro, segundo a definição
apresentada pelo IBCPF, é “o profissional
que atua como um consultor, que avalia os
objetivos, expectativas e necessidades de
cada cliente, visando desenvolver, apresentar e
executar estratégias de planejamento financeiro
adequadas ao perfil do cliente”. É complexo
exercer essa profissão, pois trata de entender de
finanças e compreender as pessoas, algo difícil,
principalmente aos profissionais com vocação
às ciências exatas, de onde costumam vir os
financeiros. No exercício da nossa profissão,
lidamos com situações inusitadas: desde um
herdeiro que está recebendo milhões em
herança, a uma profissional liberal que está
insegura, pois vai se divorciar.
Em um dos seminários do IBCPF, lembro-me
de ter escutado de um palestrante que nossa
profissão é diferente, pois, em nosso caso,
o cliente nem sempre está certo. Pode ser
um exagero, mas sim, é verdade, os vieses
psicológicos levam boa parte dos nossos
clientes a desejar fazer o que nós profissionais
sabemos não ser o correto. Bons exemplos
disso foram os volumes de novos investidores
que debutaram nos mercados de Ações no ano
de 2007 e de Fundos Imobiliários e Fundos de
Inflação em 2012. Desnecessário mencionar
o que ocorreu depois. Entretanto, o prejuízo
desses clientes será muito maior do que a
simples perda financeira em que incorreram, pois
alguns poderão não mais considerar classes de
investimentos ao longo de suas vidas por conta
dessas experiências ruins. Passamos por isso
inúmeras vezes e tentamos resgatar a confiança
dos investidores, porém, com muito cuidado.
Um cliente nosso, que aplicou em ações no
IPO da BM&F, tem como estratégia ter apenas
1,5% de seus investimentos em ações, isso
A Vida Como Ela É
34
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
porque o mercado de ações precisará resgatar
sua confiança, logo, o processo precisa ser
cauteloso.
Este tipo de equívoco dos clientes pode ser
potencializado pelos vendedores de produtos
que tendem a oferecer ao cliente o que ele
comprará com mais facilidade, logo, os equívocos
são potencializados pelos profissionais que
precisam vender seus produtos.
Eu decidi, a partir de um momento, fazer outro
caminho e me tornei um profissional fee only,
e a única razão pela qual eu fiz essa escolha é
para tentar minimizar as minhas interferências
na busca pela decisão ótima de um cliente.
No entanto, uma parte chata do trabalho é ter
de rebater boa parte das recomendações dos
vendedores de produtos. Em um determinado
caso, eu estava constrangido de dizer ao cliente
que ele tinha feito um péssimo negócio ao
contratar um plano de previdência conservador,
de um suposto amigo, com taxa de administração
de 3,5% ao ano. Nessa relação com os clientes,
há um problema a ser administrado. Tanto nós
como os clientes passamos por experiências
que levamos para toda a vida. Já escutei de um
que jamais aplicaria em um plano de previdência,
porque seu pai perdeu dinheiro com um deles
na década de 1980. Outro cliente mencionou
que não aplicaria em ações, porque perdeu
dinheiro nos papéis da Petrobras. A questão
é que nossas ambições e aflições não podem
potencializar a dos clientes, ao mesmo tempo
em que o cliente precisa se identificar com
você, planejador, pois, para que o trabalho flua,
a empatia é essencial; nós Planejadores não
podemos reforçar seus vieses por conta dos
nossos.
Muito gratificante é ver que depois de alguns
meses, ou até anos, os clientes, mesmo sem
entender completamente, começam a perceber
que nossas recomendações têm fundamento.
O problema é que, para eles perceberem
isso, leva no mínimo 6 meses. Por exemplo,
A Vida Como Ela É
35
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
em janeiro deste ano eu recomendei a uma
cliente, que já tinha NTN-B em seu portfólio
de investimentos, que adquirisse mais títulos.
À época ela foi resistente à ideia, eu não insisti
e ela não efetivou a recomendação. Depois de
5 meses eu apresentei a ela a valorização do
título e com delicadeza mencionei que, apesar
da alta, o objetivo de efetivar a aplicação
não era esse, era obter renda no longo prazo
através dos juros semestrais, já que a cliente
estava aposentada e precisava complementar
sua aposentadoria com outras fontes de renda.
Como eu atuo?
Em nossa empresa, temos basicamente
clientes com dois focos diferentes: uns querem
administrar bem seu patrimônio, outros querem
formá-lo. Os do primeiro grupo não precisam
focar muito em Fluxo de Caixa e geração de
poupança, já os segundo devem se preocupar e
muito com sua capacidade de guardar dinheiro.
Nosso trabalho engloba ambos os casos, e
identificá-los é a primeira etapa, quando se
avaliam Objetivos, Expectativas e Necessidades.
A partir desse momento, desenvolve-se o
planejamento e aí se inicia a próxima etapa: a
execução. Essa, diferente das etapas anteriores,
depende muito do cliente, de modo que, para
alguns casos, deve-se exercer a paciência e a
disciplina.
Gostaria de aproveitar esse contexto para
voltar ao trecho citado no início, em que se
apresentou a definição da profissão de um
Planejador Financeiro. As palavras-chaves são
“objetivos, expectativas e necessidades de cada
cliente”. Deixar claro para o cliente quais são
os seus objetivos, expectativas e necessidades
e relembrá-lo disso periodicamente é um
exercício de paciência, que utiliza técnicas
comportamentais e financeiras, e deve ser feito
com gentileza. Essa é a função de um Planejador
Financeiro, segundo minhas experiências.
Certa vez, cheguei a ser repreendido por uma
cliente: “Raphael, você precisa me chamar ao menos uma vez por ano para vir aqui, se não,
corre o risco de eu fazer besteira”. De outros
dois clientes escutei: “Avisei minha esposa que se eu morrer você é a primeira pessoa a quem ela deve procurar”.Exercer a profissão de um Planejador
Financeiro é uma arte sublime, de extrema
responsabilidade. Ficamos entre a psicologia
humana, a psicologia do mercado financeiro e
as constantes alterações das regras. Tudo isso
para defender o ser humano, na maioria das
vezes, dele mesmo!
A Vida Como Ela É
Raphael Cordeiro, CFP®
É planejador financeiro certificado desde 2003.
Analista de Investimentos, é graduado em Admin-
istração de Empresas e pós-graduado através do
MBA Personal Finance (FIPECAFI/USP). Sócio da
empresa Inva Capital e autor do livro “O Sovina e
o Perdulário – em busca do sucesso financeiro”
da coleção ExpoMoney.
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CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
Qual a pergunta mais frequente dos seus clientes?
Por ser conhecido no mercado como especialista
em planejamento financeiro e estruturações
transacionais, recebo freqüentemente perguntas
sobre como investir, eficazmente, no exterior.
Os clientes, em geral, preferem investir na
diversificação e proteção dos seus ativos, com
eficiência fiscal, sucessória e operacional.
o planejador está evoluindo na mesma velocidade das necessidades dos clientes?
O objetivo da profissão do planejador financeiro
pessoal é acompanhar o cliente na evolução
de seus objetivos financeiros, nacional e
internacionalmente. O diálogo constante entre
o planejador e seu cliente é relevante para
Ulf Mannhardt, CFP®
Formação educacional:
profissional bancário,”Bankkaufmann”
em alemão, com mBa em finanças,
pelo instituto Brasileiro de mercado
de capitais-iBmec
Atuação:
Viena, Áustria e atuo aonde os clientes, na sua grande maioriabrasileiros, precisam.
Especialidade:
planejamento e estruturação financeira transnacional
Empresa de atuação: Uma financial planning e.U. Viena - Áustria
ENTREvISTA
Entrevista
estabelecer confiança mútua e que o cliente
perceba que seu planejador financeiro pessoal
CFP® atende à máxima do código de ética
de sua profissão: “o interesse do cliente em
primeiro lugar”.
onde estão os gargalos na prestação de serviços hoje?
Esta pergunta conecta bem com a anterior.
A complexidade do mundo financeiro é cada
vez mais elevada. É pouco provável que um
profissional formule soluções para todas as
necessidades de seus clientes. Precisa-se ter
a humildade deste reconhecimento e a vontade
de pesquisar e/ou conhecer colegas que
possam ajudar a encontrar soluções relevantes.
E, mesmo com a confiança mútua estabelecida
com o cliente, trabalhar neste mundo financeiro,
com diversos produtos, promessas e políticas,
37
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
é um enorme desafio. Resumindo: os maiores
desafios estão na crescente complexidade
dos mercados, no nível de confiança mútua e,
ainda, na falta de estruturas educacionais em
planejamento financeiro do profissional e do
seu cliente.
Qual a principal preocupação no momento para a atividade de planejamento financeiro?
O IBCPF, em conjunto com seus pares,
atualmente em outros 24 países, associados ao
Financial Planning Standard Board - FPSB, visa
desenvolver respostas aos desafios descritos
acima. Como fazer para que o diálogo e a
confiança mútua entre o profissional planejador
financeiro e seu cliente evoluam?
Outro desafio está no reconhecimento
da profissão pelo cliente e no constante
aprimoramento dos profissionais que buscam
o caminho da excelência, representada pela
marca CFP®, pautada nos 4E’s: Experiência,
Educação, Exame e Ética e na autorregulação
da profissão.
Como os clientes estão se comportando em função da volatilidade do mercado?
Parte da volatilidade dos mercados é
consequência da crescente complexidade
financeira mundial, como resultado, ainda, da
crise de 2008/2009, e da rapidez da evolução
tecnológica e da comunicação. Os clientes
continuam em busca de retornos financeiros
positivos, mas neste ambiente internacional de
juros baixos - os juros brasileiros são exceção
- muitos já optaram, prioritariamente, pela
preservação do patrimônio.
Qual sua recomendação sobre o melhor approach com clientes inquietos com a posição em pré ou renda fixa inflação?
A situação específica dos investimentos
em Reais, no Brasil, precisa ser gerenciada
adequadamente ao momento político-
econômico que o país está vivendo.
Em momentos de turbulência, o horizonte
financeiro fica mais curto. Como planejador
financeiro, é tarefa nossa estudar a situação
especifica do cliente para que, através da
diversificação e prudência, os riscos sejam
reduzidos ou minimizados e simultaneamente
equilibrados com a expectativa do cliente.
Entrevista
38
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
você tem tido dificuldade na contratação de profissionais qualificados?
Como minha atividade é muito específica,
inclusive dentro do mundo holístico das finanças
pessoais, e o meu trabalho é desenvolvido, na
maioria dos casos, em conjunto com outros
profissionais da área, não contrato profissionais.
Atuo com parceiros. Como Diretor do IBCPF, sei
que existe carência de profissionais qualificados
à altura da complexidade financeira atual.
Espero que isto conduza cada vez mais escolas,
universidades, educadores e instituições
de ensino a perceberem que Planejamento
Financeiro é uma profissão ainda recente e em
formação no Brasil, porém inesgotável na sua
dimensão educacional e, consequentemente na
relevância econômico-financeira.
Como os clientes têm reagido à sua certificação Cfp? eles entendem o que significa?
Vivencio uma situação particular. Parte
significativa das pessoas que recebem meu
cartão de visita, onde consta que sou CFP®
certificado no Brasil, já estranham meu primeiro
nome que tem três letras e parece sigla.
Aliado ao fato de eu não parecer brasileiro,
me faz acreditar que a maioria não pergunta o
significado do CFP® ... Por isso eu geralmente
esclareço, na primeira conversa, que estas três
letras após meu sobrenome representam uma
qualificação e distinção profissional!
Quais as suas fontes e formas de atualização educacional e profissional?
Como co-fundador e atual diretor do IBCPF,
tenho o privilégio de representar o Brasil em
reuniões do Conselho Global de Planejamento
Financeiro pessoal, o FPSB Council, e, de
participar de grupos de trabalho que visam
estabelecer e fundamentar cada vez mais
a profissão do Planejamento Financeiro no
mundo. Esta atividade, voluntária, proporciona
relevantes estudos e aprendizados. Além
disso, nesta profissão, constata-se que não há
cliente com perfil igual a outro e isto me leva
a ser mais um dos apaixonados pelas Finanças
Comportamentais, ciência recente que estuda
o comportamento humano em relação a
ocorrências financeiras.
Entrevista
39
CFP® PROFESSIONAL | MAgAzINE Edição #4 Voltar
edUcaÇÃo CONTINUADA
O novo Manual de Educação Continuada do Profissional CFP®, lançado em março de 2013, prevê a obrigatoriedade do planejador financeiro CFP em obter ao menos 10 créditos qualificados, originados através de atividades promovidas pelo IBCPF ou registradas por essas instituições.
para acessar a relação de atividades registradas no Programa de Educação Continuada por entidades credenciadas no IBCPF.
As novas regras são válidas para os planejadores financeiros certificados a partir de fevereiro de 2013 e para aqueles que renovaram sua certificação neste mês. Para os demais profissionais CFP, as novas regras serão aplicadas a partir da próxima renovação da certificação.Você também pode responder o Quiz relacionado a esta edição da CFP Professional Magazine, que concederá 2 créditos para o Programa de Educação Continuada.
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Educação Continuada
40
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Ano 1 · Edição 4 · Nov. Dez. Jan ‘2015
Editor-chefeJan Gunnar Karsten, CFP®, CFA
Conselho Editorial Gisele Colombo de Andrade, CFP®
Laís Cardoso Pereto, CFP®
Luiz Correia Martins Pereira, CFP®
Maria Angela Nunes Assumpção, CFP®
Ricardo Nardini
Coordenação Felipe Gandolfi Tomasi
DiagramaçãoRadio Design
Diretoria do IBCPF Alexandre Nogueira Alexandre Pinelli, CFP®
Fabio Whitaker Vidigal Gisele Colombo de Andrade, CFP®
Giuliano de Marchi, CFP® Jan Gunnar Karsten, CFP®
José Hugo Laloni, CFP®
Laís Cardoso Pereto, CFP®
Louis Frankenberg, CFP®
Luiz Sorge, CFP®
Marcia Belluzo Dessen, CFP®
Marcos Shalders da Silva, CFP®
Paulo Meirelles, CFP®
Plinio de Lucca Junior, CFP®
Rogério Veras Caldeira Bastos, CFP®
Syllas dos Passos Ramos, CFP®
Ulf Mannhardt, CFP® Yves Cardoso Fidalgo Jr., CFP®
Equipe do IBCPF Ricardo NardiniFernando PurezaFelipe Gandolfi Tomasi Sabrina Mattos Tomazzi
A Certificação CFP® é a única credencial de profissionalismo mudialmente reconhecida para o planejador financeiro pessoal. Ao buscar aconselhamento objetivo, competente e de confiança, procure um profissional CFP®
Para mais informações sobre a Certificação CFP®, visite www.ibcpf.org.br e www.fpsb.org
Certificação CFP® Excelência global em planejamento financeiro
As marcas CFP®, CERTIFIED FINANCIAL PLANNER e pertencem ao Financial Planning Standards Board Ltd. para uso fora do território norte-americano. O Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros - IBCPF é a entidade autorizada pelo FPSB mediante acordo firmado entre ambas para a concessão e administração destas marcas no território brasileiro.
Associada Sênior
Associados PJ
ProfessionalMagazineano I · edição 4 · Nov. Dez. Jan ’2015
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