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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA EPIDEMIOLOGIA

Disciplina: Epidemiologia e Saúde PúblicaProf. Dr. Paulo Roberto de Oliveira

1. Introdução

• Interrelação entre seres vivos Saúde humana - Saúde animal - Saúde das espécies inferiores ou vegetais.

• Biocenose (Biodiversidade) – Grego: /Bios - vida Koinos - comum, publico/ É o conjunto de seres vivos que habitam em estado de interdependência em uma região determinada.

• Habitat ou biótipo É o espaço físico onde habita a biodiversidade.

• Composto:

• Pelas relações entre os componentes minerais do solo;

• Quantidade e tipo de água existente; • Características do clima e das espécies

biológicas que alí habitam.

• Ecossistema Sistema de inter-relações entre os seres vivos e o meio ambiente.

• Estrutura básica do Ecossistema: MEIO

AMBIENTE SOL

PRODUTORES

DECOMPOSITORES CONSUMIDORES

2. Conceito Saúde x Doença

/ HYGEIA / / higiene / era a deusa protetora de saúde em Atenas Roma transformou-a em: / SALUS / divindade do bem-estar geral. / ASCLEPIUS / / ESCULÁPIO / Deus respeitado pelo seu poder de manipular o bisturi e ervas medicinais com o tempo passou a monopolizar as atenções e se tornou o mais importante.

Asclépius e Hygéia

Gozo de plena saúde Morte

Saúde Multifatorial

Ex.: Saúde perfeita condições predisponentes à doença (deficiência de fósforo) doença latente (afosforose) primeiros sintomas (apetite pervertido) doença Morte

Conceito de saúde da OMS : Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental, e social e não apenas a ausência de doença.

2.1. Fatores que afetam a saúde:

• Agentes causadores: microorganismos, agentes físicos (frio, calor, eletricidade), agentes químicos (substâncias tóxicas).

• Hospedeiro: idade, sexo, raça, estado nutricional, defesas.

• Ambiente: temperatura, umidade, água, alimentos, vetores, condições econômicas e sociais.

Resumindo:

Ambiente

Agente Hospedeiro

3. Conceito Ecológico das Enfermidades:

- Quem apareceu primeiro, o homem ou a enfermidade??????

Resposta: - Milhares de anos atrás ossos longos com sinais de soldadura Fratura;

- Formações esponjosas Reumatismos; - Cáries em dentes de fósseis. - Ossos largos com grande cavidade sugere

abscesso. Esses fatos comprovaram a existência

de bactérias milhares de anos antes do homem.

3.1. Evolução do conceito de doença

• Através de antigas gravuras em pedras: Primeira interpretação de enfermidade: 1. “Introdução de maus espíritos no

corpo” (Médico: feiticeiro – métodos terapêuticos danças, máscaras, fumaça, purgantes, vomitivos, sudorantes e diuréticos.

Objetivos Espantar os maus espíritos, curar enfermidades, assegurar boa caça “Homem de Cro-Magnon”- viveu 40 mil anos atrás (França).

Introdução de Maus espíritos

3.1. Evolução do conceito de doença

• 2- Ira Divina:• Idade Média.• Era medieval. • Grande fervor religioso. • Igreja torna-se onipotente.• Grandes concentraçõesGraves Epidemias:• Cólera, Peste bubônica, Sífilis, Tuberculose,

Varíola,• Apesar de todo domínio da Igreja

Epidemias continuavam

• 2. Surge a religião:

Era Medieval Concentração de populações Grandes epidemias Fervor Religioso Tensão;

Doenças: Cólera, Peste bulbônica, Sífilis, Varíola, Escorbuto;

Igreja amplia seus poderes torna-se onipotente sobre a sociedade;

Sec. IV DC – Peste Bulbônica matava de 5000 – 10000/ pessoas/ dia arrasou Roma, Constantinopla, se espalhou pela Ásia e África;

Ano de 1348 Papa Clemente IV Ano Santo 1.200.000/ peregrinos (mortalidade de 90% - Peste Bulbônica).

Morte de 1/3 da população européiamorre pela peste negra.Sec. IV DC :

Peste Bulbônica matava de 5000 – 10000/ pessoas/ dia Arrasou: Roma, Constantinopla, se espalhou pela Ásia e África.

Sec. XIV 25.000.000/ mortos/ Europa.Papa Clemente IV– Convoca ano santo (+/-

ano 1325)+/- 1.200.000 peregrinos atenderam ao

chamado. 90% morreram de peste bulbônica.

3.1. Evolução do conceito de doença

3. Causas humanas

Judeus Banqueiros odiados acusados de contaminarem casas muitos condenados e mortos.

• 4. Causas Miasmáticas ou Cosmológicas ou Cósmicas / Miasmas

Emanação de substâncias em decomposição relacionadas às impurezas do meio ambiente. Ex. Surto de cólera em Londres após cheias do rio Tâmesis (nesta época surgiram o uso de vestimentas especiais para médicos, como gorros, máscaras, aventais, botas). Terapêutica.

Uso de água de colônia.

Causas Miasmáticas

Epidemias

Epidemias

• 5. Conceito ecológico das doenças

Avanço da ciência Descoberta da microscopia agentes microscópicos “doença passa a ser considerada como um acidente, ou seja, um incidente de competência entre duas espécies”.

4. Fases da relação agente X hospedeiro

4.1. Períodos de grandes flutuações epidêmicas.

4.2. Períodos de flutuações decrescentes.

4.3. Períodos de endemias ou de equilíbrio (adaptação mútua).

5. Conceito de epidemiologia

Etimológico – (epi = sobre; demos = povo; logos = estudo)

Caráter: generalista, populacional Ligado a outras ciências ( clínica,

medicina veterinária, medicina, biomedicina, matemática, sociologia, etc...)

6. Conceito de Medicina Veterinária Preventiva

É a ciência e a arte de prevenir doença, prolongar a vida e promover a eficiência da saúde (com conseqüente aumento de produtividade).

Campo de ação: desde doenças infecciosas até prevenção de acidentes.

Causa freqüente de mortalidade e morbidade.

Existência de métodos eficientes para prevenção e controle.

Tais métodos não estarem sendo corretamente utilizados. Doença em campanha permanente além do prazo previsto.

7. Caracterização de um problema de Saúde Pública

8. Modelo Epidemiológico

8.1. Recursos utilizados• Dados Análise quantitativa. Enfoque populacional

• Estratégia de luta contra as enfermidades:

PRIMERIO ESTÁGIO: Epidemiologia ( coleta de dados da situação,

morbidade, mortalidade...)

SEGUNDO ESTÁGIO:

- Epidemiologia (Estudo das correlações, procura a causa dos efeitos observados).

- Estatística (Análise dos dados).

TERCEIRO ESTÁGIO: Início da ação, prevenção primária, legislação de saúde, educação para a saúde, medicina social e preventiva.

QUARTO ESTÁGIO: Medidas saneadoras do ambiente, saúde pública, organização dos serviços de saúde ( P.ex.: IMA, Serviço de Vigilância Sanitária, Epidemiológica, Ambiental)

9. Resumo do método epidemiológico

9.1. Fase Descritiva

Elaboração sistemática dos dados crús.

Atributos estudados:

- Tempo - Lugar – Indivíduos afetadosInvestiga: Onde? Como? Sobre quem ocorre

uma doença ou agravoDescreve epidemias, endemias, tendência,

série histórica e fatores envolvidos

9.2 Fase Analítica

Conhecimento das causas determinantes das doenças, que afetam grupos significativos

de pessoas.Estudos Seccionais: Corte no fluxo

histórico do agravo Estuda as características da doença naquele momento(Sexo dos doentes, atividade, idade, raça)

9.2 Fase AnalíticaMétodo Comparativo

- 1. Estudo de casos e controles:

Consiste em se verificar se as associações (do tipo fator causal/doença), pressentidas ou calculadas com relação aos indivíduos afetados, são confirmadas pela ausência do fator entre os não afetados.

9.2 Fase Analítica- Estudo Retrospectivo

• Partem de grupos de casos seguramente diagnosticados e retroagem sua história, buscando por fatores, passados ou atuais, que possam ser imputados como casuais.

• Ex.: Ca de pulmão/Tabagismo

• Crianças-Catarata/Rubéola Gestação

9.2 Fase Analítica

2. Estudos de Coortes

- Estudo Prospectivo

- Forma-se a coorte Grupo homogêneo, saudável, submetidos a alguma experiência compartilhada num tempo definido

- Estuda-se um grupo exposto e outro não exposto (controle) ao longo do tempo

- Ex.: Vítimas do Césio 157 , Chernobyl

9.2 Fase AnalíticaMedidas de Associação:Usadas para esclarecer “causas”

dicotomizadas:Grupos: - Expostos x Não expostos, - Com

Fator de Risco x Sem Fator de Risco , - Doentes x Não doentes

Utiliza-se Tabelas 2x2 Risco relativo (C. Incid expostos÷ Coef.

Incid. N. exp.)Risco atribuível (a um fator estudado) Método Experimental : Com animais –

Seres humanos) Comitês de ética.

Prevenção primária

• Promoção da saúde. É feita através de medidas de ordem geral.

- Moradia adequada

- Escolas

- Áreas de lazer

- Alimentação adequada

- Educação em todo nível

. Proteção específica:- Imunização - Saúde ocupacional- Higiene pessoal e do lar- Proteção contra acidentes- Aconselhamento genético- Saneamento ambiental- Tratamento da água- Tratamento de esgoto e do lixo- Medidas de controle dos vetores

Prevenção secundária

• Diagnóstico precoce e Tratamento Imediato:- Inquéritos para a descoberta de casos na

comunidade- Exames periódicos, individuais, para detecção

precoce de casos- Isolamento para evitar a propagação de doenças- Tratamento para evitar a progressão da doença

• Limitação da incapacidade- Evitar futuras complicações- Evitar seqüelas

Prevenção terciária

- Reabilitação (Impedir a incapacidade total)

- Fisioterapia

- Terapia ocupacional

ZOONOSES

Introdução• Introduzida pela literatura médica por

Rudolf Virchow no século XIX, para caracterizar doenças animais que podiam ser transmitidas ao homem.

• Etimologicamente origem no grego prefixo zoon animalsufixo nosos doenças literalmente doença animal

• 3º Encontro de Peritos em Zoonoses da Organização Mundial de Saúde “ doenças e infecções naturalmente transmissíveis entre hospedeiros vertebrados e o homem”

• Existem atualmente aproximadamente 200 doenças classificadas como zoonoses.

CLASSIFICAÇÃO

• A mais aceita foi proposta por Swabe (1964) Baseada no ciclo de vida do parasita:

Zoonoses diretas Zoonoses diretas a transmissão se dá de um hospedeiro vertebrado infectado a um hospedeiro vertebrado susceptível, por contato direto.

Ex.: Raiva e Brucelose

Ciclozoonoses Ciclozoonoses participação de mais de uma espécie de hospedeiro vertebrado na cadeia de transmissão

Ex.: Cisticercose e Hidatidose

Metazoonoses Metazoonoses transmitidas biologicamente através de vetores invertebrados, no interior do organismo do hospedeiro invertebrado, o parasita realiza uma fase do seu ciclo biológico durante um determinado intervalo de tempo, ao qual se denomina “período extrínseco de incubação”, que precede a transmissão a outro hospedeiro vertebrado. Na dependência dos hospedeiros necessários para a formação da cadeia de transmissão, as metazoonoses se subdividem em 4 tipos:

I. Requerem um hospedeiro vertebrado e um outro invertebrado. Ex.: Febre amarela

II. Requerem um hospedeiro vertebrado e dois outros invertebrados. Ex.: Paragonimíase (trematódeo pulmonar transmitido por: homem caramujo caranquejos e camarões de água doce que contém metacercária do parasito, ingeridos crus Ásia Oriental)

III. Requerem dois hospedeiros vertebrados e um invertebrado. Ex.: Clonorquíase (trematódeo das vias biliares, transmitido por: mamíferos caramujos peixes de água doce ingeridos crus Oriente).

IV. Representam a transmissão transovariana. Ex.: Encefalite dos ovinos.

• Saprozoonoses Saprozoonoses Participação de um hospedeiro vertebrado e de um elemento não pertencente ao reino animal, tais como o solo, matéria orgânica e plantas. Ex.: Histoplasmose e Ancilostomíase (solo) e a Fasciolose (plantas).

Outra classificaçãoOutra classificação

I.I. ZoonosesZoonoses

I.I. ANTROPOZOONOSES Infecções adquiridas pelo homem a partir do contato com reservatórios animais

I.II. ZOOANTROPONOSES Infecções adquiridas pelos animais a partir do reservatório humano. Ex.: Cisticercose

I.II. ANFIXENOSES Infecções adquiridas pelo homem dos animais e adquiridas por estes do homem, havendo portanto um intercâmbio. Ex.: Doenças de Chagas.

II. FitonosesII. Fitonoses Quando o reservatório é do reino vegetal. Ex.: Blastomicose sul-americana.

III. Antroponoses III. Antroponoses Quando o reservatório é o homem. São portanto infecções adquiridas pelo homem a partir da fonte que é também o homem. Ex.: AIDS

Principais zoonoses transmitidas de algumas espécies animais:

• Cão: Raiva, Leptospirose, Leishmaniose visceral, Dermatofitose, Dipilidiose, Hidatidose, Dirofilariose, Dermatite por Larva Migrans, Sarna.

• Gato: Toxoplasmose, Sarna, Raiva.• Rato: Leptospirose, Peste Bulbônica, Tifo e Salmonelose.• Morcegos: Raiva, Histoplasmose, Encefalites.• Suínos: Teníase, Cisticercose, Brucelose, Eripisela.• Cabra: Carbúnculo, Tuberculose, Brucelose.• Aves domésticas: Newcastle, Salmonelose.• Macacos e Saguis: Febre amarela, Hepatite B, Raiva.• Tartaruga: Salmonelose.• Papagaios, Araras e Periquitos: Psitacose.• Bovinos: Brucelose, Tuberculose, Cisticercose.

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