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INTERVENÇÃOINTERVENÇÃOINTERVENÇÃOINTERVENÇÃO DO CHEFE DO ESTADODO CHEFE DO ESTADODO CHEFE DO ESTADODO CHEFE DO ESTADO----MAIOR GENERAL MAIOR GENERAL MAIOR GENERAL MAIOR GENERAL
DAS FORÇAS AR,MADASDAS FORÇAS AR,MADASDAS FORÇAS AR,MADASDAS FORÇAS AR,MADAS
“A “A “A “A Aliança AtlânticaAliança AtlânticaAliança AtlânticaAliança Atlântica e a Segurança Internacional” e a Segurança Internacional” e a Segurança Internacional” e a Segurança Internacional”
General Luís Valença PintoGeneral Luís Valença PintoGeneral Luís Valença PintoGeneral Luís Valença Pinto
Assembleia da RepúblicaAssembleia da RepúblicaAssembleia da RepúblicaAssembleia da República, 05 de Novembro de 2010, 05 de Novembro de 2010, 05 de Novembro de 2010, 05 de Novembro de 2010
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Senhor Presidente da Assembleia da República
Senhor Presidente da Comissão de Defesa Nacional
Senhores Deputados
Senhores Embaixadores e Oficiais Generais
Distintos Académicos
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Intervir na abertura desta Conferência, tão oportunamente
promovida e organizada pela Assembleia da República, pela sua
Comissão de Defesa Nacional, pelo Instituto da Defesa Nacional e
pelo Instituto Português de Relações Internacionais, é para mim
um prazer e um privilégio.
Dentro de duas semanas acolheremos, aqui em Lisboa, a
Cimeira de 2010 da Aliança Atlântica.
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Quase por definição as Cimeiras são momentos muito
especiais e muito fortes no processo de constante adequação da
NATO aos desafios e às necessidades da Segurança
Internacional.
É por essa razão que o tema geral desta Conferência “A Aliança Atlântica e a Segurança Internacional” encontra
materialidade e contemporaneidade na próxima Cimeira.
E é também em função disso que me proponho fazer uma
antevisão do que creio que será a Cimeira, naturalmente
respeitando o espaço de aprofundamento e de análise mais
específica dos oradores subsequentes e que intervirão nas
diversas temáticas. O meu propósito é aliás o de estimular a
expectativa e o interesse para essas intervenções mais
elaboradas e, por essa via, incentivar o consequente debate.
Serão múltiplos os resultados que esperamos da Cimeira.
Todos deverão representar evoluções positivas, ainda que nem
todos venham suscitando ou suscitem a mesma atenção. Até
porque, como é natural, há significativas diferenças de alcance
político e estratégico.
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De entre os que, sendo inegavelmente relevantes, mais
têm escapado à visibilidade política e à opinião pública, poderia
citar, a título de exemplo:
- o debate sobre a reforma das agências da NATO e,
eventualmente sobre a estrutura de comandos, sem
deixar de reconhecer que, por razões nacionais, esse
não é o caso português no que toca à estrutura de
comandos;
- a definição do papel da Aliança na questão da
segurança energética e nas problemáticas do controlo
de armamentos, do desarmamento e da não
proliferação;
- a aprovação de planos para a materialização dos
requisitos da abordagem global aos conflitos (a
chamada “Comprehensive Approach”) e para a função da NATO em acções de estabilização e de
reconstrução;
- o acordo sobre um conjunto de dez capacidades
consideradas como críticas e como tal assumidas e
prosseguidas como prioritárias;
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- a afirmação de um reforçado enquadramento das
questões da igualdade do género nas operações e nas
missões da Aliança.
Mas não é nestas evoluções, sem dúvida positivas e
necessárias, que residirá o essencial da Cimeira e em que, como
tal, estarão concentradas as atenções e as prioridades.
A meu ver isso acontecerá em torno de quatro tópicos
fundamentais:
- o Afeganistão;
- o novo Conceito Estratégico;
- a relação com a Rússia;
- e a defesa anti-míssil.
Será neles que assentará o sucesso ou o insucesso da
Cimeira. E à data de hoje há todas as razões para antecipar um
considerável sucesso.
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É precisamente essa forte perspectiva de sucesso, que
ninguém enjeita e que, como é imperativo, todos procuram (e em
primeiro lugar o Secretário-Geral), que porventura fará afastar da
mesa da Cimeira, questões mais controversas e apesar de tudo
menos imediatamente importantes, como seja, por exemplo, a
completa definição do modelo da futura estrutura de comandos e
sobretudo a correspondente distribuição geográfica.
Relativamente ao Afeganistão a Cimeira irá com toda a
probabilidade acentuar três processos fundamentais, diferentes,
mas interligados. A transição, a reintegração e a reconciliação.
Ao mesmo tempo que reafirmará o requisito de
“Comprehensive Approach” para o tratamento da questão afegã.
Um requisito inequivocamente enunciado na Cimeira de
Bucareste em 2008, levado mais à prática a partir da eleição da
actual Administração norte-americana e reiterado em
Estrasburgo-Kehl em 2009 como conceito e como linha de acção.
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Ou seja, novamente se salientará que a situação no
Afeganistão não é susceptível de tratamento pela via securitária,
agindo-se apenas no plano das forças militares e policiais, mas
que, exigindo um enorme esforço securitário, a situação afegã
não dispensa intervenção e progresso nas áreas da governação,
da reconstrução e do desenvolvimento económico-social. E que
isso implica o empenhamento coordenado e convergente de
vectores da actuação dessas diferentes naturezas e portanto de
diferentes organizações internacionais e também de países
importantes da região (Paquistão, Índia, China, Rússia e Japão,
designadamente).
O processo de transição significa em síntese o endosso
progressivo e crescente para os afegãos das responsabilidades
pela situação de segurança no seu país. Nesse sentido a transição
é o fundamento e o alicerce mais directo de uma estratégia de
saída das forças internacionais, a prazo e dependente de
condições e não de calendário.
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A Cimeira confirmará a importância do levantamento de
maiores e melhores forças militares e policiais afegãs. O que de
facto tem vindo a acontecer. E deverá reafirmar que irá
prosseguir o processo de alteração das prioridades militares,
substituindo no primeiro lugar desses requisitos as forças de
combate por instrutores e formadores. Uma evolução aliás para a
qual Portugal, como outros, já contribuiu expressivamente.
Uma ideia forte que creio que veremos consagrada é que
os Instrutores são o passe para a Transição (Trainers are the ticket for Transition).
Os progressos são manifestos e, em especial no caso das
forças militares afegãs, são porventura surpreendentes. Mas não
bastará instruir, armar e equipar mais e melhores forças. É
também indispensável que, ao mesmo tempo, se desenvolvam
em bons termos a governação e os instrumentos do Estado
afegão. Só assim essas instituições securitárias – as militares e as
policiais – nos darão a garantia de funcionarem sob um legítimo e
eficaz controlo político.
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Não o fazer contém o potencial perverso de, em vez de se
dotar o Estado afegão de forças capazes, se correr o risco de se
alimentar, com efectivos particularmente bem preparados, as
fileiras da insurgência ou do narco-tráfico.
Tudo isto será consolidado na Cimeira, associando nesse
debate todos os países que fazem da ISAF a maior coligação da
História moderna, com 70 países contribuintes, 48 deles com
tropas.
E há boas razões para fazer esse debate nesta
oportunidade.
De facto sondagens muito recentes indicam, por exemplo,
que:
- 59% dos afegãos acreditam que o seu país está a
evoluir positivamente;
- 55% acreditam que o seu Governo está a ganhar a
guerra;
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- as FA afegãs merecem a aprovação de 70% da
população e as forças policiais de 62%;
- 83% dos afegãos confiam nas suas FA e 75% nas
suas forças policiais;
- mesmo no Sul, em regiões como Kandahar e
Helmand, 72% dos afegãos preferem um Governo
eleito a um regime Taliban.
Reconciliação e reintegração são outra face da mesma
moeda. Por isso a Cimeira também as estimulará.
São processos que, ainda que se complementem, são
distintos e que se encontram em fases diferentes. Ambos
ocorrem na sequência da Conferência Nacional de Paz (Peace Jirga) de Junho último e ambas têm lugar sob iniciativa e
responsabilidade do Governo afegão.
A reintegração tem tido algum sucesso e corresponde à
apresentação voluntária de insurgentes de média e baixa
hierarquia e ao seu retorno às comunidades de origem. A ISAF
desempenha aqui um papel de entidade apoiante.
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A reconciliação corresponde à negociação e ao diálogo
entre o Governo e as diferentes lideranças insurgentes (Talibans,
rede Haqqani e Hezb e - Islam Gulbuddin). Este é um processo
que até à data não deu frutos visíveis, talvez porque as diferentes
partes pretendem conduzi-lo beneficiando de uma posição de
força que, de momento, ninguém detém de modo manifesto e
incontroverso.
Mas andará em torno disto o debate da Cimeira sobre o
Afeganistão. E dele não deixará de resultar apoio e estímulo,
tanto para a transição, como para a reintegração e para a
reconciliação, o que também significa apelo ao empenhamento da
comunidade internacional, exigência e encorajamento ao Governo
afegão e pedidos aos Estados membros da NATO para mais
instrutores e formadores.
O novo Conceito Estratégico será com toda a certeza uma
das peças centrais da Cimeira. Uma das suas “pièce de resistence”.
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A Aliança precisa de um novo Conceito acima de tudo
porque o Mundo e o seu contexto político-estratégico mudaram
muito por comparação com 1999, data da aprovação do Conceito
que agora se pretende modificar. E porque a Aliança, mais do que
pretender sobreviver e ter relevância, pretende ser útil e eficaz
nessas novas condições.
Com muita simplificação e apenas para os fins desta
intervenção, atrevo-me a caracterizar o Mundo de hoje como
globalizado e interdependente, muito marcado por sofisticados e
muito intensos fluxos comunicacionais e humanos e também pelo
constante escrutínio da opinião pública. Um Mundo que, no plano
da percepção, é mais pequeno e mais unificado do que alguma
vez foi.
É para esse Mundo que a NATO carece de se reorganizar.
Para um tempo que, contendo evidentemente o Afeganistão, seja
também um tempo pós-Afeganistão.
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Um tempo pós-Guerra Fria e pós-11 de Setembro, Madrid
e Londres. Um tempo que contém processos como o Iraque e o
Afeganistão e Estados falhados como a Somália. Um tempo de
profunda crise económico-financeira, a par com a emergência de
novos poderes como, em primeira linha, a Rússia, a China, o
Brasil e a Índia.
Um contexto percorrido por ameaças como o radicalismo
extremista e o terrorismo transnacional dele decorrente, as ciber-
ameaças e a proliferação de armas de destruição em massa e de
vectores balísticos aptos ao seu lançamento. E de riscos e
desafios como o crime organizado, o tráfico de pessoas, armas e
drogas, a segurança energética, as questões do ambiente, das
migrações, da igualdade do género e das pandemias.
Ameaças, riscos e desafios, que podemos e devemos
caracterizar como complexas, transnacionais, assimétricas, em
rápida e constante mutação e imprevisíveis. Às quais é preciso
dar atenção e certamente não numa segunda ordem de
prioridades.
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Neste ambiente que papel e que funções para a NATO?
Não as de um actor global, mas antes como uma
organização regional, de matriz política e expressão sobretudo
militar, apta e disponível para agir em qualquer parte do Globo,
mediante relações de cooperação estratégica com outros actores.
Estabelecendo para o efeito uma rede de parcerias e de diálogos
de segurança.
E isso no reconhecimento de que estamos a entrar numa
era de crescente multipolaridade, cujo contorno não podemos
rigorosamente definir ou antecipar, mas que nos importa
acompanhar, no sentido do reforço da segurança e sabendo que
essa multipolaridade gerará pelo menos menor previsibilidade.
Na sua reponderação a NATO deve reter a segurança
colectiva, o artigo 5º do Tratado de Washington como a sua
pedra fundadora e a sua trave mestra. Mas abrir-se também e
mais do que até aqui, à segurança cooperativa, uma segurança
inspirada no artigo 4º do Tratado e centrada nas pessoas e na
necessidade de defender as suas vidas, bens e formas de viver e
acolhendo preocupações da prevenção da conflitualidade.
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Segurança colectiva não especificamente orientada contra
ninguém e segurança colectiva construída com todos e destinada
a todos. Esse deve ser o modelo a construir.
No plano da segurança colectiva retendo as capacidades
nucleares, pelo menos enquanto outros actores também as
detiverem e sabendo que hoje só o nuclear proporciona
dissuasão. E também que a NATO não é sede de controlo de
armamentos, de desarmamento ou de desnuclearização.
No plano da segurança cooperativa, ou principalmente
nesse plano, estabelecendo, como referi, parcerias e diálogos de
segurança.
Designadamente com as Nações Unidas, com a União
Europeia, com a Rússia e com os novos Estados emergentes. E
evidentemente mantendo os actuais mecanismos do Conselho do
Partenariado Euro-Atlântico, do Diálogo do Mediterrâneo e da
Iniciativa de Cooperação de Istambul.
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E também mantendo com abertura e flexibilidade, mas
também com exigência, rigor e equilíbrio uma política de porta
aberta a potenciais novos membros.
Não vou desenvolver cada um desses relacionamentos.
Adiante abordarei a dimensão NATO-Rússia, mas aqui
gostaria de deixar quatro breves notas.
A primeira para expressar o meu entendimento que a
Aliança pode ser e deve ser, uma sede privilegiada de
concertação entre a América do Norte e a Europa para todas as
questões que directa ou indirectamente respeitem à Segurança.
A segunda sobre a relação NATO-União Europeia. Essa é
uma relação central.
A União Europeia é o primeiro e mais próximo parceiro e
aliado da NATO. E vice-versa. Em matéria de segurança a NATO
precisa da UE pelo menos tanto quanto a UE precisa da NATO. E
é indispensável que entre ambas não haja lugar a competição.
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É um facto que a NATO detém uma capacidade militar
única. Mas que são ténues os seus instrumentos políticos,
diplomáticos, económicos e sociais. E que a UE tendo uma
capacidade militar que, apesar de crescente é ainda limitada, tem
fortes e poderosos instrumentos de ordem política, económica e
social.
Essa realidade, adicionada à responsabilidade que os
membros da NATO e da UE têm como Estados mais
desenvolvidos, conduz à constatação que os problemas dos
Homens, do Mundo e da Europa justificam, se não impõem, uma
concertação positiva da NATO e da UE a favor da Paz, da
Segurança, dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento.
Terceira nota sobre a dimensão trans-mediterrânica. A
NATO deve continuar a ser activa nesse espaço geopolítico. Mas é
inquestionável que, tal como está definido, o Diálogo do
Mediterrâneo organizado na Aliança é muito condicionado pelas
tensões israelo-árabes e, consequentemente, a sua dinâmica não
é completamente satisfatória.
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Isso deve fazer-nos valorizar muito a Iniciativa de Defesa
5+5, que Portugal integra, e que, referida como está apenas ao
Mediterrâneo Ocidental, se subtrai aos efeitos do conflito israelo-
árabe, das dificuldades greco-turcas e da questão de Chipre,
constituindo-se como um “forum” particularmente dinâmico e
frutífero e por isso muito interessante para a promoção da
Segurança e da Estabilidade, ainda que limitada ao Mediterrâneo
Ocidental.
Quarta nota sobre o Sul. Infelizmente a dimensão da
África e do Sul em geral, não é por enquanto muito mobilizadora
na Aliança. Não será a melhor e mais adequada das perspectivas.
Mas é a que se verifica e é bom que, continuando a insistir nela,
como é nossa convicção ser necessário e como é nosso interesse,
nós, os Europeus do Sul e particularmente nós, os portugueses,
tenhamos sobre isto uma perspectiva realista e pragmática, não
elaborando sobre ilusões insusceptíveis de acolhimento no
presente.
Aliás, algo que tem que ser melhor compreendido nesta
NATO de 28 países é que cada Nação tem que incorporar como
seus e portanto como comuns, os problemas de todos os outros.
O que não significa que, por exemplo, seja idêntica a ponderação
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que nórdicos e mediterrânicos fazem das questões do High North e do Magreb. Mas ambas as áreas têm que interessar a uns e a
outros.
Identidade num elenco comum de interesses, ainda que
reconhecendo diferenças de grau e de intensidade, é algo a
construir e que este próximo Conceito Estratégico pode estimular
e favorecer.
O relacionamento entre a NATO e a Rússia estará
seguramente entre os pontos altos da Cimeira.
De facto, após a relação com a União Europeia é a relação
especial com a Rússia, a que assume maior centralidade para a
NATO do futuro próximo. Por isso se desejaria que houvesse
condições para que pudesse evoluir de relação especial para
parceria estratégica.
De várias formas a Rússia estará no foco das atenções
aliadas nesta Cimeira de 2010.
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Por um lado no corpo do novo Conceito, onde se espera
que essa parceria encontre acolhimento e seja fundamentada
como opção e objectivo. Depois, porque um elemento muito
importante da Cimeira consistirá, assim se espera, na aprovação
do sistema de defesa anti-míssil da Europa. E finalmente porque,
em conjugação com a grande reunião aliada, ocorrerá uma
Cimeira NATO-Rússia, para a qual só a Rússia movimentará cerca
de setecentas pessoas.
Tudo isto confirma o entendimento que a colaboração
com a Federação Russa é absolutamente indispensável para
todos os grandes “dossiers” de segurança do Mundo, com
destaque imediato para a defesa anti-míssil e para tarefas
ingentes do controlo de armamentos, como a revisão do Tratado
CFE ou a redução do número de armas nucleares na Europa.
Mas também para outros como a luta contra o terrorismo
transnacional ou o combate ao narco-tráfico.
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Questões estas que também se projectam na situação
afegã e no apoio que, mantendo alguma distância, a Rússia lhe
pode dar. A que se acrescentam facilidades logísticas alternativas
às que estão ligadas à rota paquistanesa.
Ponto alto será, como disse, a aprovação das bases para
o desenvolvimento progressivo e até 2020, de um sistema de
defesa anti-míssil de expressão territorial na Europa.
É algo que na prática e a menos que se deseje criar uma
situação de afrontamento, é impossível de se atingir sem um
entendimento com a Rússia, o que, salvo imprevista surpresa,
será agora conseguido.
Se nos recordarmos de que este assunto começou por ser
um apreciável pomo de discórdia entre os Estados Unidos e a
Rússia e entre a NATO e a Rússia, e se atentarmos agora que ele,
não só está aparentemente viabilizado, como contém mesmo
hipóteses de cooperação activa com a Rússia, a ponto de se falar
na hipótese de um sistema anti-míssil comum, facilmente
concluímos pelo sentido do caminho que tão positivamente tem
sido feito no campo das relações NATO-Rússia.
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E isso tratando-se, como se trata, de um sistema que será
uma expressão paradigmática da defesa colectiva e como tal uma
tradução muito concreta dos princípios da solidariedade e da
indivisibilidade da segurança da Aliança.
Acresce que, o que se concebe, é um sistema que no
essencial consiste na expansão de um programa norte-americano
e que, passando a ser um sistema NATO, ficará nas primeiras
fases do seu levantamento, sob a responsabilidade dos Estados
Unidos.
São portanto promissores tanto os sinais já disponíveis de
uma relação construtiva entre a NATO e a Rússia, como a
convicção que isso poderá ser melhor consolidado aqui em
Lisboa, dentro de dias.
Finalmente dois outros apontamentos a que me permito
acrescentar testemunho pessoal.
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A primeira para salientar que, como é nosso dever, nossa
responsabilidade e nosso interesse, Portugal deu e continua a dar
um contributo muito válido, oportuno e útil para todos os
esforços que nos conduziram até esta próxima Cimeira, com
natural ênfase para o que se refere ao novo Conceito e à reforma
das estruturas. E que isso aconteceu integrando com
naturalidade, com critério e com indispensável coordenação, as
intervenções políticas, diplomáticas e militares.
A segunda para afirmar nesta Casa parlamentar que as
Forças Armadas Portuguesas, e em particular os seus Quadros,
mantendo e actualizando os saberes ligados à segurança
colectiva, estão perfeitamente preparadas e aptas, como tem sido
demonstrado no plano da realidade, para actuarem nas
circunstâncias da segurança cooperativa e da “Comprehensive Approach”.
Isto é, as Forças Armadas Portuguesas e os seus Quadros
possuem a necessária capacidade para, no Mundo de hoje e do
futuro que podemos antever, inter-agirem de modo útil e eficaz
com as estruturas e com os Quadros de todos os outros vectores
de actuação.
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É algo que, tendo porventura uma matriz cultural e
estando também ligado à nossa experiência histórica, se
estruturou e consolidou pelas opções de formação superior que,
com oportunidade e rigor foram tomadas no âmbito militar.
Esta é uma mais valia nacional que, no que respeita à
dimensão militar, nos permite tranquilidade e confiança para que,
com sucesso e à vontade, sejamos parte activa e empenhada nas
opções que se colocam e colocarão à Aliança Atlântica para bem
responder aos desafios e às oportunidades da Segurança
Internacional.
Assembleia da República, 05 de Novembro de 2010
O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas
Luís Valença Pinto General
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