interdisciplinaridade

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Education

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O que são as disciplinas escolares ? não são, entidades monolíticas, senão amálgamas sujeitos a mudanças de subgrupos

adversários e tradições, que através da controvérsia e do compromisso, influem na direção dessa mudança” ;

uma variedade de tradições que iniciam o professor em diferentes hierarquias e conteúdos de conhecimento;

promovem prestígio, respeitabilidade, recursos profissionais de alguns em detrimento de outros;

• Ivor G. Godson (Grã-Bretanha);

• Dominique Julia e André Chervel (França);

• Antonio Viñao (Espanha)

A História das disciplinas escolares constitui um campo de investigação configurado a partir dos anos de 1970:• nova sociologia do currículo;• estudos do currículo;• história cultural;• Cultura escolar.

matemática literaturainglês

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Educação física

Goodson: deslocamento do predomínio das tradições pedagógica e utilitária (professor especialista sem formação, definidor do currículo) para a tradição acadêmica

“Comunidades de disciplinas: é uma consequência da estreita conexão que se estabelece entre o interesse próprio genuíno, de cada professor de um disciplina com o prestígio.”

Tradições que definem e classificam as disciplinas: acadêmica (caráter

propedêutico, abstrato, científico e descontextualizado);

utilitária (ênfase em habilidades básicas orientadas para o trabalho);

pedagógica (preocupação com o desenvolvimento infantil e contato das disciplinas com os alunos

(Goodson,2000)

“A instituição escolar não se limita, pois a reproduzir o que está fora dela, mas sim, o adapta, o transforma e cria um saber e uma cultura próprias. Uma destas produções ou criações próprias, resultado da mediação pedagógica em um campo de conhecimento, são as disciplinas escolares.”

(Chervel, 1998)

Disciplinas escolares participam da dupla natureza (poder/saber) – “regimes de verdade” convertidos em discursos científicos regulamentados”.

(Cuesta,1997)Hierarquia entre as disciplinas: configuração de um campo disciplinar e a profissionalização de quem os integram como docentes

Ex: Matemática: disputa entre os formados nas Faculdades de Artes e aqueles que aprenderem no exército e marinha

O que são as disciplinas escolares ?

“organismos vivos, nascem e se desenvolvem, evoluem, se transformam, desaparecem, engolem umas à outras, se atraem e se repelem, se desgarram e se unem, competem entre si, se relacionam e intercambiam informações...”

Fonte de poder social e acadêmico: campos hierarquizados entre os quais se desenvolvem situações de domínio e hegemonia, de dependência e sujeição;

Apropriações, por grupos de determinados professores, de espaços sociais e acadêmicos: formando reservas exclusivas assim configuradas como consequência da apropriação, por alguns professores determinados, reconhecidos como professores destas disciplinas por sua formação – títulos, currículo- e sua seleção ou modo de acesso, dois aspectos em geral controlados por quem já está habilitado para “caçar vaga” na reserva;

Fonte de exclusão social e acadêmica: espaços reservados, como acabamos de falar, com caráter mais ou menos excludente ou fechado em relação a amadores ou interessados nos mesmos e de professores de outras disciplinas;

Instrumento de reconhecimento de saberes profissionais: armas que, por sua inclusão ou exclusão em um plano de estudos determinado, em especial no mundo universitário, podem ser utilizadas pelos detentores de uma titulação profissional para apropriar-se de alguns âmbitos ou tarefas profissionais concretas, ou mesmo para excluir destes âmbitos e tarefas a outros titulados. (Viñao, 2006)

Paradigma do Pensamento Ocidental Moderno: extrema valorização da racionalidade científica como única forma de produção e compreensão da realidade.

Territorialização e atomização dos saberes e parcelização das tarefas;

Dividir para melhor dominar: compartimentação dos campos de investigação;

Negação das interações entre as partes e o todo; Tendência para especialização; Ciência apresentada como única via válida para a

interpretação da natureza.

René Descartes (1596-1650) Filósofo, matemático e físico, considerado o pioneiro no pensamento filosófico moderno dos séculos XVII e XVIII.  Método Cartesiano no qual defende que só se deve considerar algo como

verdadeiramente existente, caso possa ser comprovada sua existência. Também conhecido como Ceticismo Metodológico, segue o princípio de que devemos duvidar de todos conhecimentos que não possuem explicações evidentes. Este método também se baseia na realização de quatro tarefas: verificar, analisar, sintetizar e enumerar. “Penso, logo existo

Século XIX a ciência aparece como o único discurso que vale a pena ouvir, o único digno de crédito. Na esteira do positivismo e do cientismo, há um movimento de dogmatização da ciência, de mitificação e endeusamento fetichista da ciência - estádio final e absoluto da evolução do conhecimento que historicamente o homem foi procurando para explicar o real. 

Crise do paradigma moderno: não oferece respostas à

complexidade da realidade contemporânea

paradigma pós-moderno de uma ciência pós-moderna.

"paradigma de um conhecimento

prudente para uma vida decente

1ª tese - "Todo o conhecimento científico-natural é científico-social."2ª tese - "Todo o conhecimento é local e total."3ª tese - "Todo o conhecimento é auto-conhecimento."4ª tese - "Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso-comum."

Boaventura de Sousa Santos licenciou-se em direito pela Universidade de Coimbra em 1963

Anos 1960 - Movimentos Sociais: Europa e E.U.A.

Mulheres, negros, homossexuais, estudantes, etc. insurgem no cenário mundial lutando por direitos civis e denunciando desigualdades e

injustiças

O movimento de interdisciplinaridade surge na Europa, principalmente na França e Itália, em meados de 1960, época em que se insurgem os movimentos estudantis, reivindicando um novo estatuto de universidade e escola

Os estudantes de segundo grau contra a repressão, por uma reforma democrática do

ensino

Objetivo: “oposição a todo conhecimento que privilegia o capitalismo epistemológico de certas ciências, como oposição à alienação da Academia às questões da cotidianeidade, às organizações curriculares que evidenciavam a excessiva especialização e a toda e qualquer proposta de conhecimento que incitava olhar do aluno numa única, restrita e limitada direção, a uma patologia do saber”

1970 - discussão a respeito do papel humanista da educação e da ciência, acabou por encaminhar as primeiras discussões sobre a interdisciplinaridade de que temos noticia. A categoria mobilizadora dessas discussões sobre interdisciplinaridade na foi totalidade. (Georges Gusdorf).

BRASIL – discussões sobre interdisciplinaridade chegam no final da década de 1960 com sérias distorções: a palavra virou modismo sem atentar-se para os princípios e para dificuldades de sua realização; interesse de brasileiros pela assunto a partir da década de 1970 (Hilton Japiassú e o livro: Interdisciplinaridade

e patologia do saber ; reformas educacionais em nome da interdisciplinaridade calaram as vozes dos educadores – (Ivani Fazenda e

livro: Educação no Brasil anos 60 – o pacto do silêncio de 1985; 1980 – pesquisas da história de alguns professores portadores de atitude interdisciplinar como construção de

identidade; 1990 – “contradição entre a proliferação de práticas intuitivas e a exigência da interdisciplinaridade como

essencial para uma construção de uma nova consciência que não se apoia apenas na objetividade, mas assume a subjetividade em todas as suas contradições” (Ivani Fazenda )

Interdisciplinaridade Alguns pressupostos: não há um conceito de interdisciplinaridade estável, utilização ampla e aplicada em

muitos contextos; palavra relacionada com um fenômeno característico da nossa ciência

contemporânea; adoção de uma visão sistêmica da realidade em contrapondo a visão analítica; objeto do trabalho interdisciplinar é a partir do real, do concreto e não das categorias

lógicas, formais que constituem as disciplinas tradicionais; está a serviço de uma compreensão mais global do mundo; possibilitar ao aluno recursos que o tornem mais autônomo face aos saberes; Visa uma concepção coerente e global do saber, do pensamento e da ação, que é de

utilidade crescente não apenas para a pesquisa e o desenvolvimento científico, mas também no mundo do trabalho e na vida social do quotidiano.

Referências

FAZENDA, Ivani – Interdisciplinaridade: história e pesquisa, Papirus

LEIS, H.R. – Sobre o conceito de interdisciplinaridade – In Cadernos de pesquisa interdisciplinar em ciências humanas, nº 73, FPOLIS, agosto 2005.

MACHADO, N. J. Educação: Projetos e Valores, Coleção: Temas Transversais, Saraiva,

MAINGAIN, A. & DUFOUR, B. – direção de Gérard Fourez – Abordagens didáticas da interdisciplinaridade

MORIN, Edgar – Educação e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios. Org. Maria da Conceição de Almeida e Edgar de Assis Carvalho, Ed. Cortez/UNESCO/1999.

POMBO, Olga – Epistemologia da Interdisciplinaridade – Seminário Internacional Interdisciplinaridade, Humanismo, Universidade, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 12 a 14 de nov. 2003VIÑAO, Antonio – A história das disciplinares escolares – Revista Brasileira de História da Educação, nº 18, set/dez.2008

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