frederico ii, «o magnífico», obrigou o plantio da batata. quarta-feira, 16 de setembro de 2015

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Frederico II, «o Magnífico», obrigou o plantio da batata.

Quarta-feira, 16 de Setembro de 2015

Originária da América do Sul, a batata chegou à Europa no século XVI.

Primeiro, na Espanha, na Flandres e na Suiça, era só uma planta ornamental, considerada muito bonita. Não se consumia ainda o tubérculo (a batata) pois os científicos de então consideravam-na VENENOSA. Em França, o seu plantio era proibido, até porque se considerava que a planta causava a LEPRA.

Os alemães, no Império Austro-Húngaro, foram os primeiros grandes comedores de batata, tudo graças ao seu Imperador Frederico II, «o Magnífico», o qual, durante uma enorme crise de fome no Império,

tratou, por todos os meios de Estado ao seu alcance, que os agricultores cultivassem este tubérculo e, com tal alimento, o povo

alternasse, na sua dieta, a batata com os cereais.

A princípio, os agricultores, desconfiados, não quiseram saber do que lhes dizia o Estado, apesar de saberem que o Imperador estava por detrás de tal determinação, e, por isso, a intenção deste falhou. Os agricultores estavam convencidos, por informação da IGREJA (de Roma), de que o tubérculo causava a lepra e outras doenças de péle, razão pela qual não faziam essa sementeira.

Esta recusa do mundo agrícola, que tinha por trás de si a hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana, obrigou o imperador Frederico II a publicar um Édicto real (uma lei), datada de 24 de Março de 1756 (séc. XVIII), que obrigava ao plantio da batata, sob pena de morte. Mesmo assim, a batata continuou a não agradar aos prussianos.

Quadro pintado por Robert Warthmüller onde se vê Frederico II,supervisionando o cultivo da batata. 

Esmagado pela recusa ao batatal e vendo que nada se conseguia com legislação dura e ameaças (a Ciência perde sempre, junto do povo, com a religião), o imperador mudou de estratégia. Engenhosamente, proibiu o cultivo da batata e declarou-a PARA USO EXCLUSIVO DA «REALEZA» (nem sequer a «nobreza» ou os padres lhe podiam tocar). Ordenou que nos jardins dos seus palácios (nomeadamente em Berlim) a soldadesca vigiasse as plantações, mas apenas durante as horas do dia.

Mas, como resultado, a batata converteu-se num alimento proibido (portanto muito desejado e procurado). Os agricultores (de resto, como queria Frederico II), foram roubar-lhas e provaram a «maçã da terra».

Pouco antes da morte do imperador, já havia, por toda a Prússia, muitas terras dedicadas ao cultivo da batata.

O povo alemão é, agora, dos maiores consumidores de batata do mundo, mas não deixou de ser muito religioso, tendo passado por muitas mortíferas guerras que tiveram, na sua origem, a religião,

tendo, até ao momento, sido atacados por todos os países vizinhos, e até pelos Judeus…

Na actualidade, o Imperador é lembrado em Potsdam (no palácio de Sanssouci) e, três séculos depois, as pessoas, quando visitam o seu

túmulo, ali colocam batatas em vez de flores. Esta é a lembrança que o povo continua a ter, em comemoração daquele que é considerado o pai

da batata na Europa, o imperador da Áustria-Hungria (hoje Alemanha da Merckel) Frederico II o «Magnífico».

Palácio oficial de verão de Federico II, imperador da Prússia, em Potsdam, perto de Berlim.

Antoine Parmentier

Em França, a batata começou a usar-se na alimentação, em 1785. A primeira festa em que tal sucedeu foi uma grande recepção, ocorrida em Versalhes, mandada fazer pelo rei Luís XVI (o último rei de França, se não se contar com Napoleão e com De Gaulle) a Antoine Parmentier, que havia estado preso na Prússia e que trouxe as batatas como presente para o seu rei.

«Senhor!, quero oferecer-vos um ramo digno de sua majestade: a flor de uma planta que pode solucionar a

alimentação dos franceses». O rei francês, que já havia lido estudos sobre a batata, pegou no ramo, tendo olhado para ele por um breve momento e disse: «Senhor Parmentier!

Homens como o senhor não podem ser recompensados com dinheiro. Mas deve haver uma forma de pagamento, talvez digna de tais pessoas! Dê-me a sua mão e venha daí beijar

a rainha.».

Ilustres invenções: Parmentier e a batata

Foi assim que Parmentier conseguiu promover o cultivo da batata em França, onde tal cultura era igualmente proibida, por causa de crendices religiosas. Para que o rei conseguisse a desenvoltura de tal cultivo, foi necessário recorrer à estratégia de Frederico II.

Luís XVI cedeu-lhe uns terrenos em Sablons e em Grenelle para o dito plantio e, nas matas que cobriam os campos, Parmentier deu ordens para as mesmas serem

fortemente vigiadas, como se essas terras fossem autênticos tesouros. Alguns parisienses, intrigados,

arrancaram, durante certa noite, as batatas plantadas na terra, sempre com a cumplicidades dos guardas e

sob as ordens dos padres católicos.

Luis XVI

Antoine-Auguste Parmentier (1737-1813)  (Agrónomo, naturalista, nutricionista e higienista francês)

Estatua de Parmentier

en Montdidier

Desde então a batata tem-se espalhado por todo o mundo e converteu-se num alimento

básico.

«A colheita da batata» - 1857«A colheita da batata» - 1857 Jean-François Millet (1814-1875 - Francês)Jean-François Millet (1814-1875 - Francês)

«Os semeadores de batata» - 1862 Jean-François Millet (1814-1875)

«Colheita da Batata» - 1874«Colheita da Batata» - 1874Camille Pissarro (1830 – 1903 – Francês)Camille Pissarro (1830 – 1903 – Francês)

«Apanha da batata» - 1879«Apanha da batata» - 1879Jules Bastien Lepage (1848-1884 - Francês)Jules Bastien Lepage (1848-1884 - Francês)

«Apanha da batata» - 1882«Apanha da batata» - 1882 James Fraser Taylor (1877-1913 – Britânico)James Fraser Taylor (1877-1913 – Britânico)

«Apanha da batata» - 1883«Apanha da batata» - 1883Theo van Rysselberghe (1862–1926 – Belga)Theo van Rysselberghe (1862–1926 – Belga)

““«Gente do campo a plantar batatas» - 1«Gente do campo a plantar batatas» - 1885885 Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)

«Quem come batatas» - 1885«Quem come batatas» - 1885Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)

«Quem come batatas» (estudo preliminar) - 1885 «Quem come batatas» (estudo preliminar) - 1885 Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)Vincent VAN GOGH (1853 – 1890 – Holandês)

«Menina a descascar batatas» - 1886«Menina a descascar batatas» - 1886Albert Anker (1831-1910 – Suíço)Albert Anker (1831-1910 – Suíço)

«Apanhadores de batatas»«Apanhadores de batatas»August Nikolaus Hagborg (1852-1925 – Sueco)August Nikolaus Hagborg (1852-1925 – Sueco)

«Apanhadores de batatas» - Northumberland«Apanhadores de batatas» - NorthumberlandRalph Hedley (1848–1913 – Britânico)Ralph Hedley (1848–1913 – Britânico)

«Na apanha da «Na apanha da batata» -batata» - 1887 1887 George Clausen (George Clausen (1852-19441852-1944 – – Britânico)Britânico)

«Os apanhadores de batata» - 1891 «Os apanhadores de batata» - 1891 Guy Orlando Rose (1867-1925 – Norte-americano)Guy Orlando Rose (1867-1925 – Norte-americano)

«Na apanha da batata» - 1893«Na apanha da batata» - 1893Max Liebermann (1847-1935 - Alemão)Max Liebermann (1847-1935 - Alemão)

«Um batatal»«Um batatal»William Merritt Chase (1849–1916 – Norte-americano) William Merritt Chase (1849–1916 – Norte-americano)

Tradução do Espanhol (Castellano de Madrid):

ROGÉRIO BARROSO

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