doença de von willebrand e gestação

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CASE REPORTS

Doença de Von Willebrand e Gestação

D.R., branca, união estável, 28 anos, natural eprocedente de Votorantim, costureira, 1° grauincompleto. Tercigesta, com duas cesáreas anteriores,foi encaminhada à Clinica Obstétrica da FCMSPUCSP (Maternidade do CHS) com o diagnóstico deVWD e dores no baixo ventre. IG: 33 semanas peladata daúltima menstruação. Negou perdas sangüíneasvaginais, negou outras doenças clinicas comodiabetes e hipertensão. Relata antecedentes familiaresde vWD. Nega tabagismo ou alcoolismo. Refereantecedentes ginecológicos ciclos menstruais a cada21 dias que duram cerca de 10 dias em grandequantidade (hipennenorreicos). Relata dois partos porcesárea com grave hemorragia, em ambas, sendonecessário, em um deles, permanecer internada naUTI por vários dias. O diagnóstico de VWD foiestabelecido há 2 anos, pelo sangramento excessivoquando foi submetida à cirurgia exploradora por cistohemorrágico. Iniciou seu pré-natal precocemente,com 12 semanas de gestação e não houveintercorrências neste período.

Exames do pré natal: TS: O +, HIV, HBSAg,VDRL, Glicemia: 87, Hb 12,7, Ht 36%, plaquetas,200.000, urina I: normal, U.S.G.: gestação única,tópica de IG: 7s3d realizado dia 3/12/03.

Exame fisico de entrada: BEG, corada,hidratada, acianótica, anictérica, dispnéica. PA:100X60 mmHg, pulso: 104 bpm, P :65 kg. Tórax:MV S/ RA com FR 16 mrm; BR NF 2T S/ Sopros.Abdome: gravidico, flácido, RHA +, DB-, AU de 32cm, feto situação longitudinal, cefálico, com BCFpresente e rítmico, movimentos fetais presentes aoexame, dinâmica uterina ausente. Exameginecológico especular: ausência de secreçõesvaginais. Toque: colo grosso, posterior, pérvio para1,5 cm, tocando-se membranas. Amnioscopia: LCSG.MMII: edema +/4. Realizado ultra-sonografiagestacional em 17/8/04: Gestação tópica de 33s4d(compativel com a DUM), placenta anterior lateraldireita, Grau 11,1LA 10,9 (nl) com peso estimado 2576g (1600-2940) sexo feminino. MF+, MR+, tônus +,BCF + e ritmico. Cardiotocografia: feto ativo.Solicitados exames laboratoriais: Hb de 9,1, Ht de28%, plaquetas de 161.000, coagulograma: TP 100%com INR 1, TTPA de 12 segundos. Solicitadoavaliação da hematologia que reservou fator VIII-Ypara o momento do parto e para os 10 dias de pós-parto, realizando o esquema proñlático, endovenoso,descrito anteriormente. A paciente recebeu licença eretornou dia 21/08/04 com 35 semanas, em trabalhode parto, sendo realizada a cesárea iterativa, por duascesáreas anteriores, recebeu o fator VIII-Y comopreconizado. Parto às 23:17h do dia 21/08/04, recém-nascido vivo, sexo feminino, pesando 2600g, Apgar2-6-8 e Capurro de 34s 4d. A recem-parturida ficousob cuidados intensivos por apenas um dia e retornou

Juliana Tannuri Hobeika*; Karina Patricio lnfante*;Antonio Rozas**

maternidade sem intercorrências, onde continuoucomuso do fatorVIII-Y. Recebeu alta após 10 dias doparto, com loquiação normal, em bom estado geral,retornando à maternidade dia 1/9/04 parareavaliação, apresentando Hb de 13,3 e Ht de 42%,plaquetas de 220.000, coagulograma com 81,7%,INRde 1,04 e TTPA de 30 segundos comP/C de 1,34.Retomou novamente em 10/09/04, apresentandosangramento moderado por via vaginal. Ao exameginecológico: toque indolor, útero com involuçãonormal, vagina sem anormalidades. Exameespecular: sangramento moderado e cérvice semanormalidade e impérvio. Hemoglobina na ocasiãode 10,3.

DISCUSSÃODe modo semelhante ao que ocorreu em casos

relatados na literatura, na paciente por nós estudadadurante a gestação, as manifestações clínicas davWD(hematomas e hemorragias vaginais) diminuíramacentuadamente. Houve bom desfecho da gestaçãocom adequado tratamento profilático parahemorragia com a administração endovenosa do fatorVIII tanto no intra como no pós-parto, o que seconfirma com o resultado obtido por Pommier(2002)na França, comopor comopor Budde (2002),na Califórnia. Desta maneira, assim como assinalamLipton (1982) e Chediak e col (1986) não hánecessidade de se desencorajar a gestação para todasas mulheres comvWDde modo radical comoreferemBurlingame e col. (2001) (New York). Acreditamosque, quando bem estudada em exame pré-concepcional e assistida com auxilio dehematologista competente, não devemos privar amulher de algo importante em sua vida, como o fatode sermãe, de gerar seu filho.

O caso da paciente portadora da Doença devon Willebrand por nós apresentado teve desfechoexcelente do ciclo gravidico puerperal de gestação, oparto evoluiu para cesárea por indicação obstétrica(duas cesáreas anteriores). O acompanhamento foimultidisciplinar (obstétrico, hematológico eneonatológico). Quanto à via de parto, há autores quedefendem o parto vaginal, pois a mesma seacompanha de menor perda de sangue. Entretanto háautores como Chediak(1986) que preferem a via altaimpedindo o traumatismo do parto vaginal.Realizando a profilaxia adequada, programando ounão a data para o parto, a via de parto poderá ser, emnossa opinião, a vaginal, desde que tudo estejapreparado para receber tanto a mãe como o recém-nascido: equipe médica, hemoconcentrados ecrioprecipitados.Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v.8, n.1. p.24-25, 2006* Residente do CCMB/PUC-SP.** Docente do Departamento de Cirurgia do CCMB/PUC-SP.Recebido em 21/02/05. Aceitopara publicação em 28/07/05

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REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS1. Budde V, Drewke E, Maínuch K, SchneppenheimR. Laboratorydiagnosis of congenital von Willebrand disease. Sem ThrombHaemost. 2002;28(2):l73-89.2. Burlingame J, McGaraghan A, Kilpatrick S, Hambleton J, MainE, Laros RK. Maternal and fetal outcomes in pregnancies affectedby von Willebrand disease type 2. Am J Obstet Gynecol. 2001;l84(2):229-30.3. Burrow GN, Ferris TF. Complicações clinicas durante a

4. Castaman G. Epidemiology and diagnosis of von Willcbranddisease. Haematologica. 2001; 86(10suppl.2):1-9.5. Chediak JR, Alban GM,Maxey B. vonWillebrand'sdisease andpregnancy: management during delivery and outcomeofOffspring.AmJ ObstetGynecol. l98ó;I55(3):6l8-24.6. Federici AB, Manucci PM. Diagnosis and management of vonWillebranddisease. Haemophilia. 1999; 5(suppl2):28-37.

gravidez. 4a ed. SãoPaulo: Roca; 1996. Cap.3:75-6.

Alexandre Eduardo F. VieiraAlfredo BauerAntônio A. R. ArgentoAntônio Matos FontanaAntônio RozasCássio RosaCelso Augusto N. SimonetiCelso Machado de Araújo FilhoCibele Isaac Saad RodriguesClodair Carlos PintoClóvis Duarte CostaDeborah Regina Cunha SimisDiana TannosEdie Benedito CaetanoEduardo Álvaro VieiraEduardo Martins MarquesEnio Márcio Maia GuerraErezil Gomes de FreitasEuclides Martins Oliveira FilhoFatima Ayres de Araújo ScattolinFernando BiazziGilberto Santos NovaesGladston Oliveira MachadoGodofredo Campos Borges

Hamilton Aleardo GonellaHudson Hubner FrançaIzilda das Eiras TâmegaJair SalimJoão Alberto H. de FreitasJoão Edward Soranz FilhoJoão Luiz Garcia DuarteJoaquim Miguel da F.RosaNettoJoe Luiz Vieira Garcia NovoJosé Augusto CostaJose' Ben-Hur de E. Ferraz NetoJosé Carlos MenegociJosé Carlos Rossini IgleziasJosé Eduardo MartinezJosé Francisco Moron MoradJosé Jarjura Jorge JúniorJosé Mauro S. RodriguesJose' Otavio A. GozzanoJosé Roberto MaielloJosé Roberto Pretel Pereira JobJúlio Boschini FilhoKleber Tavares RochaKouzo ImamuraLauro Martins Júnior

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í REVISTA AGRADECE AA CONTRIBIUIÇÃOFINANCEIRA DOS DOCENTESDO CENTRO DE CIENCIAS MEDICAS E BIOLOGICAS PUC-SP

Luiz Antônio RossiLuiz Ferraz Sampaio NetoMagali ZampieriMaria Cecília FerroMaria Cristina P. FontanaMaria Helena SengerMarilda Trevisan AidarNelmar TritapepeNelson Brancaccio dos SantosRonaldo D AvilaRubens Cruz SWenssonRudecinda CrespoSamuel SimisSandro Blasi EspositoSaul GunSérgio Borges BalsamoSérgio dos SantosSonia Ferrari PeronVicente Spínola Dias NetoWalter BarrellaWalter StefanutoWilson O. Campagnone

Rev. Fac. Ciênc. Med. Sorocaba, v.8, n. l. p.24-25, 2006

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