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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCLUSÃO DE ALUNOS COM TDAH NAS ESCOLAS
Por: Glória Luiza de Oliveira
Orientadora
Professora: Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCLUSÃO DE ALUNOS COM TDAH NAS ESCOLAS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de Especialista em Educação Especial e
Inclusiva
Por: Glória Luiza Rosa de Oliveira
Orientadora: Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2015
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, pela minha vida, e por estar comigo em
todos os momentos, seja de felicidade ou de angustia e nunca me abandonar
e principalmente pela oportunidade que me concedeu de estar aqui agora,
nesse momento.
A minha mestra e orientadora Mary Sue Pereira pela dedicação e incentivo
na produção do meu trabalho de conclusão de curso (TCC).
4
DEDICATÓRIA
O desejo de vitória é uma necessidade que se faz presente em muitos momentos de nossa vida, principalmente quando almejamos algo que a priori é tão difícil. O caminho é árduo, cheio de surpresas que trazem o sentimento de medo, ansiedade impotência, mas que aos poucos vão desaparecendo e dando lugar ao prazer do dever cumprido. Agora posso dizer que venci mais uma etapa e faço o seguinte desabafo: o percurso rumo à realização de um sonho não é fácil, mas os bons resultados são obtidos a partir da paciência e compressão, não adianta ter pressa. Primeiramente a Deus, meu fiel escudeiro que sempre me deu forças para alcançar os meus objetivos, sem ele eu não teria conseguido superar os obstáculos durante toda formação acadêmica. Meus pais que não mediram esforços para me educar. Nunca deixaram de serem presentes em minha vida, serei eternamente grata! Meu marido, pelo incentivo. Aos meus filhos presentes de Deus para mim.
5
RESUMO
Buscou-se com este estudo refletir sobre a inclusão de alunos com TDAH nas escolas, tendo como objetivo principal subsídios teóricos acerca do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH. Foi possível perceber, entre outros aspectos, a grande dificuldade que os educadores encontram tanto de ensinar quanto de aproximar os pais e responsáveis à escola, para ajudar no processo de desenvolvimento da criança. Como resultado do trabalho realizado, pode-se afirmar que o papel do professor e da família é muito importante para o processo de aprendizagem de crianças que apresentam TDAH. Finalmente constatou-se que a dificuldade de concentração das crianças requer compreensão dos pais e professores. Estes, por sua vez, em sala de aula devem adotar uma metodologia de trabalho que não seja muito extensa e que todos os alunos possam participar. Quanto aos pais, a atitude deve ser democrática, ou seja, o diálogo deve ser constante para que os conflitos não ocorram e o comportamento da criança com TDAH não se torne problemático.
6
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido através de leituras de livros de estudo e
livros de pesquisa científica, pois trata-se de um trabalho bibliográfico.
Referências bibliográficas. Os métodos que levam ao problema proposto,
como leitura de livros, jornais, revistas pesquisa bibliográfica.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
CAPÍTULO I .............................................................................................................. 10
O QUE É TRANSTORNO DE DÉFICIT DA ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE ............. 10
CAPÍTULO II ............................................................................................................. 19
OS DIREITOS BÁSICOS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS ............................................................................................................... 19
CAPÍTULO III ............................................................................................................ 26
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO BASEADAS NAS ESCOLAS ......................... 26
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 42
8
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas muitos teóricos têm discutido a importância para os
alunos com algum tipo de distúrbio, como por exemplo, a inclusão de alunos
portadores de TDAH nas escolas. Um rápido exame em torno das publicações
sobre TDAH nas escolas revela que estes estudos vêm sendo produzidos por
muitos pesquisadores. Relato de forma mais detalhada a importância da
inclusão dos alunos com TDAH nas escolas, buscando conhecer o seu
cotidiano, e suas necessidades no âmbito escolar.
Temos avançado muito em educação inclusiva, mas ainda há muito a
caminhar como mostra alguns pesquisadores que vêm observando as atitudes
e o comportamento de certos alunos em sala de aula e o despreparo dos
professores para lidar com o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Isso os incentivou a pesquisarem para saber o porquê de tanta inquietação,
desatenção e o desrespeito aos limites do espaço escolar.
O problema levantado no estudo foi : Como o professor poderá trabalhar
a inclusão social do aluno com TDAH?
No processo ensino-aprendizagem, a hiperatividade e a falta de atenção
são os fatores que atrapalham o desenvolvimento da criança. Agrava-se ainda
mais pela falta de conhecimento e capacitação dos educadores, que se
sentem perdidos em lidar com os alunos que têm esse tipo de distúrbio.
Na busca de soluções e esclarecimento sobre crianças, adolescentes e
adultos hiperativos que demonstram esse tipo de comportamento e que estão
sempre colocados em desvantagem em ambientes de focalização de atenção,
controle motor e dos impulsos que são necessários para o adequado
funcionamento e o de que dá orientações aos pais para desenvolverem o
diálogo amigável, o companheirismo, o prazer de viver, o otimismo, a
inteligência interpessoal, o apreço pela vida, a esperança, perseverança, a
criatividade de encontrar soluções em situações tensas. E também sobre
hábitos que os professores devem ter para melhor exercer sua função de
9
educador como: possuir sensibilidade, usar a memória como suporte da arte
de pensar, resolver conflitos em sala de aula, educar para a vida.
Diante do exposto, o objetivo do estudo foi: Identificar como o professor
poderá trabalhar a inclusão social do aluno com TDAH.
Os estudos científicos indicam a disfunção em uma área do cérebro
conhecida como região orbital frontal em crianças e adolescentes com
transtorno de Déficit de atenção/ Hiperatividade. Essa região é situada na parte
frontal do cérebro, logo atrás da testa. É uma das regiões mais desenvolvidas
em seres humanos. Estudos realizados com famílias de crianças e
adolescentes com TDAH, bem como com gêmeos, tem indicado
significativamente a participação de um componente genético na gênese do
transtorno. Na prática clínica, não é incomum que os pais relatem surpresos
que eles próprios apresentavam na sua infância ou adolescência os sintomas
pesquisados de desatenção, hiperatividade ou impulsividade.
É esperado que esta leitura possa servir como alívio para os indivíduos
portadores de TDAH, ajudando-os a dar valor a suas potencialidades e
fornecer instrumentos para que possam não apenas usá-las de uma maneira
menos dolorosa, mas também que se sintam felizes com sigo mesmas e com a
vida.
O estudo foi dividido em três capítulos, sendo eles:
O primeiro aborda o conceito de TDAH e suas principais características.
O segundo apresenta os direitos dos alunos portadores de necessidades
especiais, bem como uma proposta de educação inclusiva.
O terceiro apresenta estratégias de como trabalhar com alunos com
TDAH.
10
CAPÍTULO I
O QUE É TRANSTORNO DE DÉFICIT DA ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
Segundo os autores do livro Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade. O que é? Como ajudar? Podemos dizer que:
“(...) o TDAH é um problema de saúde mental que tem
três características básicas: a desatenção, a agitação
(hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno tem um
grande impacto na vida da criança ou do adolescente e
das pessoas com as quais convive (amigos, pais e
professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de
relacionamento familiar e social, bem como um baixo
desempenho escolar. Muitas vezes, é acompanhado de
outros problemas de saúde mental”. (ROHDE &
BENCZIK, 1999, p.37)
Para DuPaul e Stoner (2007, p.11) o TDAH é causado, possivelmente,
por modificações no desenvolvimento neuro emocional, genético ou
hereditário, ou seja, por agitações nos neurotransmissores, afetando, portanto,
a atenção e a coordenação motora. O TDAH sempre aparece na infância e
frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Esse distúrbio
TDAH é identificado por uma hiperatividade e impulsividade excedida, onde
torna as crianças irritadas, impacientes seja para estudar ou até mesmo para
brincar. A criança não consegue ficar por muito tempo em um mesmo lugar,
fazendo à mesma coisa. O TDAH se diferencia por sintomas de desatenção
inquietude e impulsividade.
11
“O TDAH na infância no geral se associa a dificuldades
na escola e no relacionamento com demais crianças, pais
e professores. Elas são tidas como ‘avoadas’, vivendo no
mundo da lua e geralmente estabanadas e como bicho
carpinteiro ou ligados por um motor, isto é, não param
quietas por muito tempo num lugar”.( Associação
Brasileira de Déficit de Atenção. H, 2014, p.01)
Para ser detectado o TDAH DuPaul e Stoner (2007, p.25) diz ser
preciso que os pais levem seus filhos em um psiquiatra, mas antes deve ser
avaliado por um psicopedagogo, que cuida de casos mais “tranquilos”, para
avaliar se ele apresenta hiperatividade natural para sua idade, e se caso a
criança apresentar o TDAH ela irá precisar de uma avaliação mais profunda
com um psiquiatra.
Muitos profissionais confundem os sintomas de TDAH com alguns
outros distúrbios. Porém, para muitos teóricos os pais e os médicos devem
cuidar muito bem do diagnóstico para não prejudicar o paciente.
“Antes de diagnosticar um distúrbio, é necessário avaliar muito bem todos os sintomas, realizar exames e, em caso de dúvida, consultar colegas na área e/ ou professores (caso o profissional seja recém-formado), enfim, ouvir outras opiniões antes de fechar diagnóstico (OLIVER, 2007, p. 80).
Cabral (2004, p.38) explica a importância de se identificar se
realmente o aluno tem hiperatividade e para isso baseia-se em três
aspectos. O primeiro é necessário que os sinais de atenção, hiperatividade
e impulsividade sejam apresentados frequentemente. O segundo é
relacionado à necessidade de se falar que estes sintomas tenham nascido
desde a infância, ou seja, se a pessoa passa a apresentar estes sintomas
depois da adolescência ou adulto, neste momento não se trata de TDAH,
12
mas de algum outro transtorno. O terceiro aspecto mostra que estes
sintomas têm uma intensidade e constância intensa. Segundo Cabral
(20044 p.30) '' já exista um comprometimento do seu funcionamento em
mais de uma área de atuação, como casa, escola, trabalho, etc. '‘.
Muitas crianças e adolescentes que tem hiperatividade TDAH não
conseguem ficar concentrada em atividades calmas. Fabris (2008, p.16)
explicam que, “a hiperatividade é um desvio comportamental, caracterizado
pela excessiva mudança de atitude e de atividade, acarretando pouca
consistência em cada tarefa a ser realizada (...)”.
Parece-nos que a escola é o principal lugar onde é percebida
essa falta de concentração. É através da rotina escolar que o professor
pode observar as atitudes de seus alunos e, dessa forma, sinalizar aos
familiares, propondo um diagnóstico mais eficaz. Já no dia-a-dia, fora da
escola, a hiperatividade se torna mais despercebida perante a sociedade.
Pois as obrigações com horários e tarefas são menos rígidas, com isso a
criança fica mais à vontade. Mas, mesmo assim, essas crianças são
notadas por algumas pessoas, referente ao seu comportamento. Fabris
(2008, p.17) dizem-nos que “há ocasiões em que não se percebe a
hiperatividade de maneira muito nítida (...)”. Como exemplo, pode citar
certas situações, como as atividades desenvolvidas em escola de esportes
ou em escolas de natação; a hiperatividade pode passar despercebida.
1.1 Os sintomas do TDAH na infância.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (2014), o TDAH
na infância no geral se agrega a dificuldades na escola e no relacionamento
com demais crianças, pais e professores. Elas são apresentadas como
‘avoadas’, convivendo no mundo da lua e comumente estabanadas e como
bicho carpinteiro ou movidos por um motor, isto é, não param acomodadas por
muito tempo num lugar.
13
Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade/impulsividade
que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com
TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por
exemplo, dificuldades com regras e limites.
“O transtorno do déficit de atenção afeta em torno de 3 a
5% das crianças. Este dado já foi confirmado em vários
países e também no Brasil. As crianças com TDAH, em
especial os meninos, são agitadas ou inquietas.
Frequentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou
coisa parecida. Na idade pré-escolar, estas crianças
mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo
ambiente, mexendo em vários objetos como se
estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos,
não param quietas na cadeira, falam muito e
constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de
jantar”. (Associação Brasileira de Déficit de Atenção,
2014, p.02)
Elas têm problemas para conservar atenção em atividades muito
extensas, repetitivas ou que não lhes sejam convenientes. Elas são
simplesmente distraídas por estímulos do ambiente externo, contudo se
distraem com pensamentos "internos", isto é, vivem "voando". Nas provas, são
manifestos os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como
a atenção é cogente para o bom funcionamento da memória, elas em geral
são tidas como "esquecidas”: perdem recados ou material escolar, aquilo que
estudaram na véspera da prova, etc. (o "esquecimento" é uma das principais
queixas dos pais).
14
“Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a
vez, não leem a pergunta até o final e já respondem,
interrompem os outros, agem antes de pensar).
Frequentemente também apresentam dificuldades em se
organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer.
Embora possam ser inteligentes e criativas, seu
desempenho sempre parece inferior ao esperado para a
sua capacidade intelectual. O TDAH não se associa
necessariamente às dificuldades na vida escolar, embora
esta seja uma queixa frequente de pais e professores. É
mais comum que os problemas na escola sejam de
comportamento que de rendimento”. (Associação
Brasileira de Déficit de Atenção, 2014, p.02)
Quando elas se consagram a fazer algo excitante ou do seu interesse,
conseguem continuar bem mais tranquilas. Isto acontece, pois os centros de
prazer no cérebro são acionados e conseguem dar um "reforço" no centro da
atenção que é ligado a ele, passando a trabalhar em níveis normais
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO , 2014).
“(...) se por um lado a criança tem profunda dificuldade em se concentrar em determinado assunto ou enfrenta obrigações de obrigatoriedade, por outro lado podem apresentar-se hiperconcentrados em determinados assuntos ou atividades que lhes despertem interesse espontâneo ou paixão impulsiva, como é o caso de crianças com jogos eletrônicos”. (ANA BEATRIZ B. SILVA, 2000, p. 22)
Um aspecto admirável: as meninas têm menos sintomas de
hiperatividade-impulsividade que os meninos (ainda sejam igualmente
desatentas), o que fez com que se acreditasse que o TDAH só acontecesse no
sexo masculino. Como as meninas não incomodam tanto era menos
15
encaminhado para diagnóstico e tratamento médicos (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO, 2014).
1.2 O Aprendizado e Alguns Entraves
De acordo com Vygotsky (1984, p. 99), “o aprendizado humano implica
uma natureza social característica e um procedimento por meio do qual as
crianças adentram na vida intelectiva daqueles que as rodeiam”. Neste sentido,
a papel do professor passou a ser essencial na estimulação dos níveis reais do
desenvolvimento da criança, de modo que cada nova aprendizagem viesse a
construir não apenas mais um componente do conjunto de aprendizagens
acumuladas, e sim, o alcance de um novo estágio de desenvolvimento que
precede a uma nova aprendizagem, por meio essencialmente da linguagem.
Através dos estudos da História da Educação no Brasil, percebemos
que a concepção organicista, fazia parte da tradição desses estudos, e isso se
deve ao fato de que foram os médicos, entre eles Itard, Pereira, Seguin,
Esquiral, Montessori, Claparède, Neville e Decroly, os primeiros a se
preocuparem com os problemas de aprendizagem. Tais estudiosos marcaram
profundamente o ideário pedagógico através do pensamento médico (BOSSA,
2000).
Os estudos das dificuldades mentais-cognitivas suscitam o interesse de
professores, pais, psicólogos, pediatras entre outros profissionais que
investigam os fatores que influenciam no “sucesso” ou “insucesso” do
educando. Em face da criança que “fracassa”, Meira (2012) adverte que muitas
vezes a escola e os profissionais da educação não levantam problemas como
a estrutura da escola, a estrutura social e a inadequação dessa estrutura à
situação real de vida da criança. Tal desatenção mascara um fator que pode
algumas vezes ser o adequado pretexto do fracasso escolar: uma não-
aproximação, um desconhecimento do discente e de suas reais necessidades,
16
especialmente se estes discentes oferecerem um fato diferente da
circunstância do ensinante.
Para alguns teóricos, as dificuldades presentes no procedimento ensino-
aprendizagem se ocasionam de agitações biológicas, neurológicas, cerebrais,
psicológicas, socioeconômicos ou educativos, que podem se tornar
dificuldades para a aprendizagem (TARNOPOL, 1981).
Patto (2009) Conduz para dentro da escola quando aludem exemplos
vivenciados em seu cotidiano e que se vistos de maneira superficial, somente
em sua aparência, podem nos aprisionar em opiniões tão preconceituosas
acerca dos operadores da educação atentando o impreciso de simplesmente
transpor a culpa do aluno e de sua família diretamente ao professor,
acompanhando deste modo a lógica hegemônica de explicação do fracasso
escolar.
“Quando uma professora desenvolve estratégias que lhe permitam dar conta de uma dupla ou tripla jornada de trabalho, prejudicando a qualidade de sua ação pedagógica e não se comprometendo com seus alunos, ela na verdade está tentando atingir, da maneira que lhe é possível - ou seja, mergulhada na singularidade, no individualismo - uma situação de bem-estar pessoal que o sistema social promete, mas não lhe permite alcançar. Em outras palavras, os educadores, em geral, e as educadoras, mais especialmente, são portadores de carecimentos radicais que os fazem, da perspectiva da sociologia da vida cotidiana, um grupo social potencialmente transformador. Sua insatisfação com a situação de opressão em que vivem como profissionais e, em sua maioria, como mulheres, torna-os especialmente receptivos a propostas nas quais possam falar de suas frustrações, representações e desejos” (PATTO, 1999, p.419)
E afirma que a resistência a mudanças pode ser cronificada.
“Os professores, como os alunos, podem, diante de políticas nas quais são solicitados a realizar passivamente os ditames de outrem, desenvolver um "hiperconformismo" que, menos inerte e implosivo do que quer Baudrillard (1985), pode determinar, pela negatividade explosiva que contém o fracasso de
17
iniciativas reformistas das autoridades educacionais” (PATTO, 1999, p. 418).
Segundo a autora, existe uma probabilidade de influência que tem
apontado ser uma estratégia para designar mais contradições, e,
consequentemente, mais abalos nas relações estabelecidas na escola. Ela
aconselha um tipo de organização coletiva que pode bombardear a
superioridade da particularidade nas ações, ou seja, aproximar-se de ações
menos cotidianamente alienadas.
Ao refletir-se sobre o processo de alfabetização e a formação do cidadão,
vale lembrar que "nem a escrita, nem a imprensa sozinhas são um agente de
mudança; seus efeitos são determinados pela maneira pela qual a agência
humana as explora num contexto específico" (Graff, 2010, p. 33). Podem,
dependendo do contexto ideológico em que se desenvolvem, ser instrumentos de
dominação ou libertação.
Para Forquin (2010) a compreensão dos processos e das práticas
pedagógicas dos professores sobre o significado da diferenciação social dos
alunos, para responder às exigências e necessidades da situação de
escolarização, estaria em correspondência a características culturais. Nesse
sentido o conceito de “cultura da escola” torna-se instrumental. Ele apresenta
o conceito de “cultura da escola”, no qual destaca os saberes dos professores
e sua identidade profissional.
Dayrell (2006) pondera a escola como espaço sociocultural, com
encostes e probabilidades, desde sua estrutura física às complicadas tramas
de relações entre os sujeitos que nela operam. Admirável é lançar como os
tempos, espaços e projetos tanto da escola quanto dos professores e alunos
podem estar sendo re-significados neste novo espaço cultural que se cria.
Cabe advertir que o objetivo da aprendizagem, na escola é a questão
da mobilização dos conhecimentos e vontades em direção à modificação do
mundo. São, por conseguinte os conhecimentos e competências contraídos na
escola que dão sentido à afirmação da identidade. E eles não têm outra função
18
que não seja a de consentir ao educando situar-se, isto é, abranger a si e ao
mundo em que vive e agir com iniciativa e autonomia, como pessoa, como
cidadão.
19
CAPÍTULO II
OS DIREITOS BÁSICOS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
No ano de 1975 surge a Declaração dos Direitos das Pessoas
Deficientes resolução formada pela Organização das Nações Unidas,
consagrada pela sua Assembleia Geral e mundialmente destacada em 81 – o
Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD), que teve como tema
"Participação e Plena Igualdade”.
A Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes impôs que em sua
aplicabilidade seriam considerados os valores fundamentais da igualdade de
tratamento e oportunidade, do respeito à dignidade da pessoa humana, da
justiça social, do bem-estar, além de outros demonstrados na Constituição ou
abonados pelos princípios gerais de direito.
O autor Ribeiro destaca que:
Visou a legislação em pauta garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo, à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico afastado as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie. Ademais, alçou a matéria à obrigação a cargo do Poder Público e da sociedade, criando um direito público subjetivo. (RIBEIRO, 2002, p. 01)
Todo o teor do direito à integração das pessoas com necessidades
especiais, Encontra-se no domínio da liberdade que requerem prestações a
serem dilatadas pelo Estado, para a sua concretização.
Segundo o Portal de Saúde SUS (2015, p.01) destaca que a
declaração Universal dos direitos Humanos, aprovada pela Organização das
20
Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para
todos, isto é, os chamados Direitos Humanos ou da Cidadania:
Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal: à igualdade perante a lei; a livre crença religiosa: à propriedade individual ou em sociedade; e o direito de opinião (art. 3º ao 19º).
Direito Político: liberdade de Associação para fins políticos; direitos de participar do governo: direito de votos e ser votado (art.20º e 21º).
Direito Econômico: direito ao trabalho; à proteção contra o desemprego; à renumeração que assegure uma vida digna, á organização sindical; e direito a jornada de trabalho limitada (art. 23º e 24º).
“Direito Sociais: direito á alimentação: á moradia; á saúde; á previdência e assistência; a educação; a cultura; e direito á participação nos frutos do processo científico (art. 25º ao 28º).”
Como já ressaltado no início deste capítulo, a família tem que ser o
fundamental acolhedor da pessoa com necessidades especiais para que o
mesmo se sinta resguardado e não visto como abandonado. Com este apoio, a
família procura demonstrar os melhores recursos disponíveis, que auxiliarão no
desenvolvimento da criança.
Esses direitos foram tomados dificilmente nos últimos 200 anos. Apesar
disso, de acordo com condições históricas de cada país, podem ser
descumpridos ou bastantes fragilizados, o que recomenda que o esforço do
Estado e da Sociedade por sua validade deva ser permanente.
Outro ponto relevante é o aparato constitucional de 1988 em que a
Constituição Federal, título VIII da Ordem Social – prevê para a educação
especial.
Artigo 208:
21
III – Atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino.
IV - § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
direito público e subjetivo.
Através do artigo destacado acima, contempla-se que as pessoas
com necessidades especiais devem ser preferencialmente matriculadas em
redes regulares de ensino, sendo este obrigatório e gratuito.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37º, inciso VIII, enfoca
que a lei “reservara percentual dos cargos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios da admissão”, sendo o que no
art. 7 º da mesma, inciso XXXI, assenta também” a proibição de qual quer
descriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com
deficiência.”
De acordo com a LDB 9394/96, no art.58 do capítulo V, a escola tem
por obrigação incluir as pessoas com necessidade especiais, ou seja, caberá à
escola equipar-se para receber essas pessoas, por meio de recursos que
facilitem o processo educativo dos indivíduos com necessidades especiais.
§ 1° Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, escola regular, para atender as peculiaridades da clientela.
§ 2° O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
No entanto, o que se vê é que a maioria das escolas não cumpre o
que está previsto tanto na constituição quanto na LDB. O fato de uma pessoa
com surdez não ingressar nas escolas regulares provoca sua lentidão no
processo de aprendizagem.
22
O Brasil, através da Lei de Cotas, possui uma legislação bastante
ampla que afiança às pessoas com necessidades especiais o acesso ao
mercado de trabalho. A Lei 8.213, de 24 de julho de 1991 é uma das
fundamentais aquisições documentais que asseguram às pessoas com
necessidades especiais o direito de acesso ao mercado de trabalho, seja por
meio, do âmbito público ou privado.
Desta forma, como discurso protecionista não ajuda, é abreviado
obrar de forma a abrir espaço para que a pessoa com necessidades especiais
ache sua realização profissional e inclusão social.
Várias Leis e Documentos foram estabelecidos ao longo do tempo
veremos algumas de tantas que existem, mas nem sempre cumpridas. A
Constituição da República 1988 prevê o completo incremento dos cidadãos,
sem superstição de origem, raça, sexualidade, cor, idade e quaisquer outras
configurações de discriminação abonam o direito à escola para todos e situa
como entrada para a educação o “ascensão aos planos mais erguidos do
ensino, da pesquisa e da concepção artística, segundo a habilitação de cada
um’”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, afiança o
direito à eqüidade de condições para o ingresso e a continuação na escola,
sendo o ensino fundamental obrigatório e gratuito. (BRASIL, 1990)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)/ 1996 a
composição do parágrafo 2° do artigo 59 provocou tumulto, dando a entender
que dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola
especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode
ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível, deverá
ser oferecido em escola comum.
Existem indivíduos que julgam importante que a pessoa com
necessidades especiais devam ser matriculados somente em escolas
especiais que atendam à essa classe, mas os adeptos à inclusão escolar para
todos.
23
Leis n° 10.048 E n° 10.098/ 2000 foram às primeiras que garantem
atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A
segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira
obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo
o que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio
dos meios de comunicação, sejam ou não de massa.
Já há algum tempo, vimos algumas mudanças, como orelhão adaptado
para os cadeirantes; em algumas escolas existe rampa; mas é grande a
necessidade de ter em todos os lugares acesso para todos, reparem na
entrada dos shoppings, a locomoção é feita por escada, quando poderia ter
uma rampa para que a cadeira de rodas pudesse passar, o acesso através de
rampa daria mais autonomia para a pessoa com necessidades especiais.
De tal modo, verifica-se que pequena participação das pessoas com
necessidades especiais no mercado de trabalho e na geração de riquezas para
o país não transcorre da ausência de um sistema legal protetivo, contudo da
carência de ações, estímulos e instituições que permitam, de forma concreta, a
formação, reabilitação, habilitação e inserção dos no mercado de trabalho.
Apenas, a partir de meados do século XX, ocorre a guinada, trazida,
em especial, através dos novos movimentos sociais, que vincula os
movimentos pela inclusão ao direito à diferença. Logo, a afirmativa da
diferença até então tinha mais analogia com ações e ideais conservadores que
conservam diversidades e exclusões, e extinguem ou abreviam as
probabilidades de relações políticas e sociais democráticas.
Já a Constituição de 1988 preconiza o direito de cidadania e alguns
princípios constitucionais que primam pela dignidade da pessoa humana, logo,
o conceito de inclusão é ratificado ainda mais nessa Constituição.(BRASIL,
1988)
A inclusão deixa de ser uma utopia no mercado de trabalho, para se
tornar uma realidade, que gradativamente vai se estruturando, desestruturando
conceitos e procedimentos tradicionais, antigos que somente os trabalhadores,
24
que saiam dos padrões considerados “normais”; deixando-os a margem do
processo laborativo.
O trabalho é uma atividade humana, uma vez que através de sua
capacidade de pensar, os homens se diferem dos animais por possuir a
capacidade de projetar antecipadamente na sua mente o resultado a ser obtido
antes de transformá-lo. O homem ao trabalhar opera mudanças tanto na
matéria ou no objeto a ser transformado, quanto em si mesmo, pois ao fazê-lo,
viabiliza o descobrimento de novas buscas pela qualidade humana.
Segundo Marx (1988), o trabalho é a categoria que funda o
desenvolvimento do mundo dos homens como uma esfera distinta da natureza.
Contudo, a reprodução deste mundo, a sua história, apenas é possível pela
gênese e desenvolvimento de relações sociais que vão para além do trabalho
enquanto tal.
Assim sendo, só pelo desenvolvimento das forças produtivas,
fundado pelo trabalho, podemos reduzir o tempo necessário à reprodução
material da sociedade e, deste modo, abrir espaço para um tempo disponível à
liberdade, no qual efetivamos, não as necessidades da reprodução material,
mas nossas autênticas necessidades enquanto indivíduos plenamente sociais.
Segundo enfatiza Frigotto (2002), o trabalho é algo importante na vida
do ser humano, pois através dele, tem-se o seu sustento, sua renda, enfim,
pode conseguir seus bens materiais, ou seja, atender as necessidades
biológicas e sociais. Com o mesmo entendimento do autor supracitado, Neto e
Cavalcante (2008), destacam que ocorre uma mediação entre homem e
natureza, objetivando retirar dela toda sua subsistência. Nesta relação de suas
atividades, o homem acaba estabelecendo a base de suas relações sociais.
Através da transformação das Políticas Sociais, objetivando acolher a
pessoa rejeitada que sofreu preconceitos em momentos anteriores, muitas
empresas têm se empenhado em parceria com a equipe multidisciplinar
fornecer a pessoa com necessidade especial um desenvolvimento e
conhecimento comum a todos.
25
O movimento de educação inclusiva, frente à realidade educacional
brasileira, deve, ainda, neste início, nesta fase de transição, ser visto como um
grande avanço, quando aconselhada a matrícula do aluno especial na escola
pública adequado, assim como, ainda hoje, predomina entre nós a escola
especial como o ambiente para essas pessoas.
Para Sassaki (2003) a inclusão começa muito cedo, antes mesma de
o bebê nascer, pois a participação da família tem grande importância para a
formação dessa criança enquanto sujeito presente nesta sociedade, tendo
como base primordial para o seu desenvolvimento intelectual, afetivo, social e
político.
Mudar um projeto educativo alicerçado nos princípios de
integração/inclusão deve-se pensar numa renovação pedagógica, que
considere as diferenças. Não há equívoco de que a característica da educação
tem seriedade prioritária para o desenvolvimento econômico, social e político
de qualquer país. Os governos necessitam formular políticas que garantem a
inclusão dos eliminados e, deste modo, estabelecer metas e artifícios
eficientes de inclusão e de aumento da cidadania.
Contudo Sassalo (2003) abaliza que a edificação de uma verdadeira
sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na
linguagem se anuncia, voluntariamente ou involuntariamente, o respeito ou a
discriminação em relação às pessoas com deficiências.
A inclusão é um desafio, um aprendizado contínuo e permanente que
os poucos firmarão suas bases, alicerçando as pessoas com necessidades
especiais. Assim sendo, a existência de políticas públicas que assegurem
oportunidades educacionais, trabalho, programas de esporte e lazer são de
suma importância para uma maior visibilidade deste grupo, porém, ainda não
garantem a transformação de preconcepções e valores que estão arraigados
historicamente no imaginário social.
26
CAPÍTULO III
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO BASEADAS NAS ESCOLAS
As crianças hoje em dia permanecem no ambiente escolar, seja
ele no público ou privado, cerca de quatro horas por dia cinco vezes por
semana. Como diz Du Paul e Stoner (2007, p.126).
O ambiente escolar exige das crianças que sejam seguidas regras, que interajam de maneira apropriada com outras crianças e demais funcionários da escola, participem ativamente de atividades de instrução coordenadas por adultos, que assimilem o que é ensinado e não atrapalhem a aprendizagem e a atividades dos outros.
Para alguns teóricos, transmitir o conteúdo e as habilidades que
constituem o currículo e ensinando as crianças a se comportarem de maneira
certa e baseada nas expectativas organizacionais, sociais e culturais são
tarefas bastante difíceis. Todo este trabalho se torna ainda mais desafiador
quando envolve crianças diagnosticadas com TDAH, de maneira que os
comportamentos característicos dessas crianças interferem em toda sua
aprendizagem em sala de aula e impedindo sua interação social positiva. Este
vem apresentar e discutir as intervenções e estratégias de apoio baseadas
nas escolas para incentivar a aprendizagem e o comportamento dos alunos
diagnosticados com TDAH, e assim para facilitar o percurso do ensino nas
salas de aula.
Como explica Dupaul e Stoner (2007, p. 4) a criança com TDAH deve
ser compreendida com uma série de preocupações que ocorrerá ao longo do
tempo, estará sempre associada a um difícil comportamento em sala de aula.
Crianças diagnosticadas com TDAH passam por dificuldades de
aprendizagem durante todo o seu processo acadêmico e social dentro de sala
de aula, e durante toda sua vida escolar. Segundo DuPaul; Stoner (2007,
p.127) “(...) Lidar de modo eficiente e educativo com os problemas de
27
comportamento exige o desenvolvimento e a implementação de um
comportamento programático e de planos de apoio ao professor (...)”.
A escola pode representar para os indivíduos / sujeitos, educando e
educador, não só um ambiente favorável às suas evoluções e encontro com
suas personalidades e identidades sociais, mas pode ser também um campo
para o desinteresse em aprender devido aos conflitos e tensões emocionais de
grande porte vividos no ambiente escolar. Por esse motivo a escola tem uma
grande importância no desenvolvimento do indivíduo e ela deve estar ciente
dessa responsabilidade.
A escola, nessa perspectiva, precisa ser vista sob uma nova ótica:
espaço de aquisição, produção e difusão de cultura e conhecimento; ambiente
de construção e reconstrução; de conscientização, de formação humana que
busca o diálogo no espaço escolar e fora dele. Esta nova ótica, quando
estabelecida, facilita o processo ensino-aprendizagem em todos os aspectos e
ajuda a superar as dificuldades dos educandos (CANABAL, 2006).
É importante também destacar que toda escola deve primar por uma
educação abrangente, num ambiente propício para a formação de qualquer
cidadão, independente de credo, raça ou posição social, sempre voltada não
somente para a produção do conhecimento relevante, mas também para a
ética e o respeito às múltiplas culturas (CASTELLE, 2008).
As escolas, por sua vez, são também meios organizados intencionalmente para o fim expresso de influir moral e mentalmente sobre seus membros. É, pois, na preparação desse meio especial de educação – a escola – que podemos e devemos dispor as condições pelas quais a criança venha a crescer em saber, em força e em felicidade (CASTELLE 2008, p. 23)
A escola que trabalha em conjunto com pais e alunos, pautando suas ações
educativas na base do diálogo, terá sabedoria suficiente para resolver
quaisquer conflitos dentro e fora do ambiente escola.
É preciso encorajar sempre os alunos em todos os aspectos, quer
sejam afetivos ou psicomotores, e não há melhor lugar para que isso
aconteça se não o ambiente escolar, pois desde muito pequenos estamos
28
propensos a aprender, através da manifestação do nosso desejo, do que
ouvimos ou vemos e que nos permite, dentre outras coisas, amadurecer
(CASTELLE, 2008).
O ato de educar é essencial para que essa transmissão aconteça, pois
é através dele que este novo ser vai adquirir conhecimentos e crescer
culturalmente.
3.1 Orientações aos professores sobre o TDAH
Os verdadeiros professores têm hábitos que com certeza são úteis para
o bom desenvolvimento harmônico de seus alunos como a sensibilidade que
contribui para a autoestima, estabilidade, tranquilidade, a capacidade de
contemplação do que é belo, de perdoar, de fazer amigos, de viver em
sociedade sem ser indesejado, como escreve Augusto Cury: “Bons professores
falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons
professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem
sensibilidade para falar ao coração de seus alunos.” (2003, p. 64).
Os professores devem educar as emoções de seus alunos para
contribuir na sua segurança, para que seja mais tolerante, solidário,
perseverante, para que se proteja contra os estímulos estressantes e
desenvolva a inteligência emocional e interpessoal. Não podem apenas
educar a inteligência lógica como cita Augusto Cury:
Bons professores ensinam seus alunos a explorar o mundo em que estão do imenso espaço ao pequeno átomo. Professores fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo que são, o seu próprio ser. Sua educação segue as notas da emoção. Os professores fascinantes sabem que trabalhar com a emoção é mais complexo do que trabalhar com os mais intricados cálculos da Física e da Matemática. A emoção pode transformar ricos em paupérrimos, intelectuais em crianças, poderosos em frágeis seres. (2003, p. 66)
29
Os profissionais de educação devem usar a memória de seus alunos
como suporte da arte de pensar antes de reagir, expor e não impor as ideias,
desenvolver a consciência crítica, a capacidade de debates, de questionar, de
trabalhar em equipe. Não devem usar a mente apenas como um depósito de
informações como um simples banco de dados frio e sem emoção alguma.
O professor deve desenvolver a sabedoria em seus alunos, a
sensibilidade, a afetividade, a serenidade, o amor pela vida, a capacidade de
falar ao coração, de influenciar pessoas para que no futuro de seus alunos eles
não se esqueçam do que aprenderam e que não lembrem do professor só
como um ditador ou uma pessoa meio insignificante, mas como um mestre
inesquecível e marcante em sua vida educacional, como aquele que fez a
diferença que todos necessitavam para um aprendizado verdadeiro, o que
tinha as palavras certas no momento certo, o companheiro para todas as
horas. Augusto Cury relata que:
Um bom professor é lembrado nos tempos de escola. Um professor fascinante é um mestre inesquecível. Um bom professor procura os alunos, um professor fascinante é procurado por eles. Um bom professor é admirado, um professor fascinante é amado. Um bom professor se preocupa com as notas de seus alunos, um professor fascinante se preocupa em transformá-los em engenheiros de ideias. Ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão diferença no mundo. (2003,p. 72)
Para o sucesso do trabalho do professor, ele tem que ter a intenção de
educar para a vida e não somente para que obtenham uma profissão, pois seu
papel é de desenvolver a superação de conflitos psíquicos e sociais de seus
alunos, o seu espírito empreendedor, a sua capacidade de perdoar, de
escolher e estabelecer metas. O professor deve ser revolucionário, ser capaz
até de mudar paradigmas transformando o destino de um povo e um sistema
social sem armas, apenas por prepararem seus alunos para a vida através do
espetáculo das suas ideias.
30
Autonomia e autoestima parecem identificar-se enquanto atributos do
sujeito que acredita na própria vida, na capacidade de conduzir, fazer opção e
buscar a realização dos seus desejos e é justamente por ter assumido uma
postura diferente e preocupada que Freire conseguiu propor uma prática
contínua e flexível capaz de quebrar o ciclo vicioso entre baixa autoestima e
dificuldade de aprendizagem. (FREIRE, 1978 p: 45).
Os processos de percepção consistem no ponto fundamental deste
estudo a criança com esse tipo de problema apresentam dificuldades de
identificar, discriminar e interpretar estímulos visuais e auditivos.
Como escreve Luiz augusto e Edyleine: “(...) Evite contatar os pais
somente nos momentos de crise. Lembre-se sempre de que o sucesso de
qualquer estratégia de manejo destas crianças e adolescentes depende de
uma boa relação e comunicação entre a escola e os pais.” (1999, p. 64).
Hoje em dia a tarefa dos professores tem sido mais árdua do que
tempos atrás, pois encontra salas superlotadas onde tem que atender a todos
e não somente os portadores de TDAH e também tem que estar preparado
para trabalhar com a inversão de papéis, onde além de ensinar tem que
educar seus alunos, pois seus pais não o fazem.
(...) é difícil dar a atenção extremamente individualizada de que estas crianças muitas vezes necessitam. Além disso, as escolas, especialmente as públicas, com frequência não dispõem de ambiente adequado para estes jovens. Em outras situações, a proposta de ensino da escola deixa pouco espaço para a implementação de qualquer estratégia nova e mais flexível. (LUIZ AUGUSTO & EDYLEINE, 1999, p. 84).
Assim como no item de orientação aos pais serão sugeridas algumas
estratégias de manejo dos sintomas do TDAH que os professores poderão
seguir para uma melhor eficácia de seu trabalho. Muitas dessas baseiam-se
em bom senso e podem ser aplicadas em sala de aula, mesmo com alunos
que não apresentam o transtorno. São elas:
31
- Sentar com a criança ou adolescente, a sós para uma conversa onde
ela tenha liberdade de falar sobre suas dificuldades e faça sugestões
de atividades onde tenha um melhor aprendizado;
- Criar um caderno “casa-escola-casa” para a comunicação, sobre o
desenvolvimento da criança, entre os pais e a escola;
- Destacar e elogiar o sucesso da criança ou adolescente sempre que for
possível, pois estes já convivem com tantos fracassos que precisam de
todo o estímulo positivo que puder ter;
- Procurar estabelecer regras e instruções de uma forma breve e clara
onde todos entendam. E estas devem estar fixadas em lugar visível de
funcionamento em sala de aula para que saibam o que esperam deles;
- Sempre que possível, as tarefas devem ser transformadas em jogos. A
motivação para a aprendizagem certamente aumentará;
- Considerar as possibilidades de uso de recursos alternativos de escrita,
como a digitação no computador, para os que têm dificuldades de
escrever a mão;
- Diminuir ou eliminar a frequência de testes cronometrados, pois
dificilmente, no cotidiano, a criança terá que tomar decisões tão
rápidas;
- Avaliar mais a qualidade e menos a quantidade das atividades
executadas. O mais importante é que os conceitos estejam sendo
aprendidos.
De acordo com Saboya (2008), o TDAHI exige cuidados de uma equipe
especial (médico e terapeuta) para sua identificação e tratamento. Quando
está presente em crianças e adolescentes é indispensável à participação da
família para compreensão e cautela com os sintomas. O quadro sintomático do
TDAHI não é novo, provavelmente é tão antigo quanto à existência do homem.
A grande novidade é a sua conceituação, o seu reconhecimento e, sobretudo
os recursos técnicos que as áreas da saúde possuem para analisar cada
indivíduo e estabelecer o plano de ajuda necessário.
32
Os benefícios da psicomotricidade foram confirmados por Fonseca
(1995), ao afiançar que neste tipo de atividade o cérebro pensa em
movimentos planificados em função de um fim, fazendo intervir as funções
psíquicas superiores. A melhoria do desenvolvimento motor observada na
presente amostra corrobora as considerações de Lorenzini (2002), de que a
brincadeira é um instrumento que dá à criança experiência necessária ao seu
desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo e cultural. Há, portanto,
evidência que o treinamento de um movimento controlado pode resultar
modificação cerebral (MAJOREK et al. 2004). Também há comprovação
indicando a relação entre treinamento motor e performance cognitiva
(MAJOREK et al. 2004). Especificamente nas crianças com TDAHI, a
psicomotricidade passa a ser indicada para melhorar o controle motor,
considerando as alterações na coordenação motora nessa população
(FONTENELLE, 2001; TOLEDO, 2001).
Le Boulch (1988) reminiscente a associação entre aprendizagem
escolar e coordenação motora. Segundo o autor, as aprendizagens não podem
ser conduzidas a bom termo se a criança não tiver adquirido coordenação dos
movimentos. Além disso, a maior capacidade de concentração da criança
percebida após as intervenções pode também ter contribuído no
aproveitamento escolar.
Majorek, Tuchekmann e Heusser (2004) estudaram cinco casos de
crianças com TDAH e dificuldade de aprendizagem que participaram de uma
terapia do movimento envolvendo elementos cognitivos, emocionais e volitivos,
enfocando a linguagem e a atividade musical em relação ao movimento. A
terapia consistiu de sessões de 30 minutos, realizadas uma vez semanal,
sendo que o número de sessões por criança foi entre 7 e 25, dependendo do
tempo disponível de cada aluno. Os resultados mostraram melhora nas áreas
avaliadas e nos problemas de comportamento social. A hiperatividade também
diminuiu após a terapia, sugerindo que esta atividade pode ser eficaz em
crianças com TDAH. Entretanto, os autores lembram que em virtude da
amostra reduzida, apenas conclusões limitadas podem ser extraídas deste
estudo.
33
Assim sendo, cabe salientar que as interferências motoras em crianças
com TDAHI influenciam positivamente na motricidade, no equilíbrio, no
esquema corporal e na organização temporal. Logo, as intervenções motoras
se mostraram eficientes no desenvolvimento motor, na atenção e
concentração, no relacionamento e no aproveitamento escolar.
3.2 O envolvimento da família do aluno portador de TDAH
Atualmente a escola tem tido grandes participações no que se refere ao
os principais atores do processo de ensino-aprendizagem, mais vale ressaltar
que a relação professor e aluno, são as mudanças que mais repercutem,
ocasionando grandes efeitos o que compromete e desestrutura os valores
familiares o que ocasiona com forte impacto o individualismo, a
competitividade, o relativismo e o hedonismo, o que compromete atitudes de
união, solidariedade, valor e respeito à vida. Tal contexto acarreta novos
problemas com a convivência familiar e a educação dos filhos, ficando à escola
a responsabilidade por transmitir valores antes de responsabilidade da família.
Diante dessa realidade, onde o papel da escola inicia com o fato da
maioria dos alunos que não vêm sendo assistidos de forma adequada pela sua
família e cuja escola não comporta sozinha tamanha tarefa, de forma que nem
uma nem outra, vem desempenhando, corretamente o seu papel e,
considerando todos as exigências decorrentes de um mundo moderno, vê-se
a necessidade integrar/reunir a família e a escola, de forma que se possa
movimentar a comunidade escolar num todo a reverem seus papéis, a
refletirem na ação e para a ação adequada, a fim de que, família-educando-
escola, sejam os principais interessados no processo ensino-aprendizagem,
onde possam desempenhar as maiores e melhores mudanças no seu
processo educacional.
(...) a articulação entre a educação formal, a cargo da escola, e a educação informal, desenvolvida pela família em seus pequenos, através de hábitos e condutas
34
morais, é de grande importância para os parâmetros do que significa ser um cidadão responsável e crítico da realidade sejam alicerçados firmemente. A criança quando pequena pede uma posição dos pais quanto ao que é realmente importante, já quando é adolescente, confronta os discursos da família com os da escola e exige coerência e sintonia entre eles. OURIQUE e TOMAZETTI (2005,p.98)
Por tudo isso não tem como se falar em o sucesso de uma escola sem
que haja a integração da família como instrumento facilitador entre a gestão
da U.E e a comunidade escolar responsável e aluno, se isso não acontece
não o envolvimento da família no acompanhamento do processo de ensino do
aluno, mais quando acontece podemos perceber os benefícios na vida escolar
como: a redução da evasão e principalmente seu desempenho escolar o que é
de extrema importância na vida do educando.
Desta forma, neste momento, entra o papel do professor como facilitar
desse processo aluno / responsável escola, pois ao mesmo compete ser um
agente transformador no sentido mais humano da palavra transformar.
Acredito que para resgatarmos verdadeiramente nossos educandos devemos
partir do principio que se valorizarmos a família e acreditarmos que para
encantarmos a educação como algo transformador, transformador de sonhos e
ideias de nossas crianças devemos então valorizar e resgatar a família como
instrumento chave.
Que toda comunidade escolar tenha os olhos voltados inicialmente para
suas origens e culturas de forma que possamos entendê-las de maneira que
seja accessível ao papel que a escola e o professor devem exercer para
facilitar essa integração.
(...) e partindo do pressuposto de que a principal função das escolas consiste em estimular e favorecer a apropriação, por parte dos alunos que as frequentam, de dado patrimônio de informações, instrumentos, procedimentos e atitudes que pretendo participar da mesma, começando por afirmar que a relação que se pretende é aquela que se pode estabelecer entre o cognitivo e ação educativa nas escolas e não entre o
35
desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem (RUI TRINDADE, 2010.p.98).
No entanto diante das diversas transformações sociais, transformações
estas que tem acontecido de forma rápida e tem refletido diretamente no
ambiente escolar, então cabe uma reflexão sobre a busca do que
verdadeiramente a sociedade na figura do responsável espera para seu filho
enquanto aluno de instituição de ensino que por sua vez deve entender o
sentido do que deve servir. Que além da transmissão dos conteúdos
historicamente construídos como algo que auxilia no processo de
aprendizagem vejam também que juntas elas tem a força do diálogo e não
uma sobrepondo a outra, ou assumindo a responsabilidade, que
fundamentalmente, cabe a uma ou a outra.
As crianças precisam aprender que as relações humanas são baseadas no compartilhar, no modo como lhes cabem também retribuições. Se negarmos afeto, também nosso aluno nos negará; se ensinarmos com prazer, nosso aluno certamente aprenderá. Não cabe mais ao aluno ser apenas ouvinte, ele precisa e deve participar ativamente da construção do conhecimento com todos os seus sentidos. (ADRIANA. M.A. 2009.p.81)
Diante disso, devemos compreender que a tarefa de educar está
necessitando grandemente de análises, e de um rever de posturas, em
particular e em primeiro lugar da família e da escola como prioridade no
processo de ensino.
Sendo assim pode-se perceber que o processo de aproximação família
e escola ainda é algo que deve ser visto em um sentido mais amplo
principalmente no que se refere a participação dos responsáveis de forma
efetiva como instrumento de mudança de atitudes individuais e coletivas,
partindo de uma equipe gestora e pedagógica que compreenda a realidade e
que tenha como visão principal conquistar a confiança dos familiares a serem
envolvidos no coletivo escolar.
36
Enfim crianças e jovens são levados à escola com o objetivo de que
aprendam os conteúdos e desenvolvam competências que os preparem para a
vida, mais será que as instituições tem feito esse papel de modo efetivo? É
que nós enquanto educadores deveram estabelecer como metas para
melhorar o processo de ensino e aprendizagem de forma igualitária
transformando-os em pessoas criticam e conhecedoras de seus direitos.
Todo ser humano já nasce fazendo parte de uma sociedade e nela se
desenvolve através das culturas disseminadas na família, que é seu primeiro
grupo e laço emotivo e, depois, na escola, o organismo vivo que o alimenta e
lhe dá a base educacional, socializando-o político, econômico e culturalmente.
Sabe-se que a família e a escola são lugares primordiais para o
desenvolvimento dos educandos e a parceria pode com muito mais chance,
criar alicerces sólidos na estrutura de vida destes, através do diálogo, do
respeito, do amor e do estímulo mútuo. A parceria deve resgatar nos pais e
nos filhos/alunos a identidade e os valores, muitas vezes perdidos.
O acompanhamento da família deve andar lado a lado com a escola,
pois assim quaisquer conflitos dentro e fora do ambiente escolar ficam bem
mais fáceis de serem resolvidos. É importante compreender o quanto o clima
entre escola e família afeta a disponibilidade dos alunos para a aprendizagem
e o comprometimento nos processos de descobertas. Escola e família juntas
precisam acreditar no potencial do ser humano e na sua capacidade de
superar problemas e deficiências. A boa relação entre família / escola é capaz
de aprimorar os saberes éticos e políticos imprescindíveis para a formação de
um excelente caráter.
Os educandos, em geral, na escola são reflexos de suas famílias,
portanto não há como separá-las, já que nas mesmas viverão experiências em
comum, onde não há exclusões: Uma completa a outra.
A relação família / escola é vital na construção da identidade e
autonomia dos educandos, a partir do momento que essa relação leve à
aquisição de segurança em ambientes agradáveis e afetivos para as crianças.
37
O TDAH pode esbarrar em vários aspectos da vida da criança:
emocional, familiar, escolar, social ou física. Cada profissional poderá auxiliar
na área de sua competência ( CYPEL, 2003).
A literatura vigente relativa ao processo de ensino-aprendizagem
aplicado às crianças com TDAH aponta que os autores da educação possuem
um conceito muito subjetivo sobre TDAH, sem, contudo, avaliar os
fundamentos científicos. Sabendo-se da relação existente de todo o processo
de ensino-aprendizagem no desenvolvimento integral do indivíduo, busca-se
investigar como se apresenta o perfil de crianças com TDAH, visto que estudos
recentes comprovam a importância da estimulação psicomotora corporal para
um bom desenvolvimento cognitivo-intelectual (FONSECA, 1995).
Pichon-Rivière (2000) esclarece de forma bastante breve quando o
sujeito estabelece um vínculo com outro, passa a interagir de forma mas
promissora, destacando-se na atividades que anteriormente não eram
desenvolvidos, sendo assim, ocorre uma maior autoestima nas atividades e na
consciência da construção coletiva do conhecimento.
Dessa maneira, percebe-se a grande influência do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade na vida familiar e social da criança. Porém, o que ainda preocupa é o desenvolvimento dessa criança na escola, dentro da sala de aula, junto com outras tantas crianças sendo atendidas por um só professor, que muitas vezes, não conhece o transtorno (RONCHI, 2010, p. 13).
Escola e família dependem uma da outra para alcançar seu real e
maior objetivo: a construção de uma sociedade mais justa e digna para se
viver. Então, nada melhor do que promover a interação desses dois alicerces,
que permitem escolhas nos processos de desenvolvimento cognitivo e
emocional. Escola e família devem ter os mesmos objetivos: fazer as crianças
se desenvolverem em todos os aspectos e terem sucesso na aprendizagem.
As instituições que conseguem transformar os pais em parceiros diminuem os
índices de evasão e violência e melhoram o rendimento das turmas de forma
positiva.
38
Segundo Barkley (2002, p.121):
Sabendo do impacto que crianças com TDAH exercem sobre suas
famílias, como suas famílias agem sobre elas e como seu
comportamento é conduzido pelos pais, você poderá entender não
apenas seu filho, mas a si próprio e à sua família como um todo. O
contexto familiar de urna criança com TDAH é de importância crítica
para o entendimento sobre a criança, por diversas razões. Primeiro,
as interações pai- filho e irmãos-criança numa família de uma criança
com TDAH mostraram-se hereditariamente mais negativas e
estressantes para todos os membros da família do que as interações
típicas em outras famílias.
Percebe-se que há várias evidências de que os familiares de uma
criança com TDAH são mais capazes a conhecer suas próprias aflições
psicológicas e transtornos psiquiátricos do que pais e irmãos de uma criança
sem a patologia. Esses problemas que outros membros da família conhecem
entusiasmam com certeza sobre o modo como a criança é percebida, dirigida,
criada, adorada e, então, difundida para a vida adulta. Essa extensão age de
forma singular, oferecendo efeitos longa duração sobre o adolescente e o
adulto resultantes dessa criança.
A participação da família na escola é muito importante, pois ao
mesmo tempo que a família tem o papel de educar os filhos, dar amor, carinho
e atenção, a escola tem o papel de socializar ensinando-os a viver e conviver
na moderna sociedade, com suas regras e costumes. A escola deve ser uma
aliada da família, pois assim o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem do aluno pode ser mais rico e melhor para o mesmo, pois a
escola pode e deve contar com a família.
Os laços familiares deveriam ser permanentes e sólidos, pois assim
sendo, crianças e adolescentes sentiriam-se amparados, seguros, prontos
para enfrentar o mundo que os espera e conscientemente teriam mais
sabedoria para passar às futuras gerações a responsabilidade de formar uma
verdadeira família, contando sempre com o apoio da escola. Quando não
acontece a participação da família na vida do sujeito / aluno, cabe ao
39
psicopedagogo reunir os professores e orientá-los a dar uma atenção maior a
esses alunos para que os mesmos não se sintam excluídos e relevando à
escola um papel decisivo na reequilibrarão dos alunos.
O Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº. 10.172/2007)
define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e
outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela
família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e
no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.
Educar não é uma tarefa fácil, devido às inúmeras diferenças da
clientela estudantil, visto que cada um carrega consigo experiências, costumes,
culturas e informações diversas. É de grande valia que crianças e
adolescentes tenham um bom alicerce familiar desde o início de suas vidas,
pois assim as mesmas se sentirão seguras e capazes de discernir as coisas
certas das erradas.
É à família que cabe estabelecer os primeiros contatos com o “novo
membro”, desempenhando funções e tendo responsabilidades distintas das
que competem à escola. No entanto, as diferenças entre estes dois sistemas
(família e escola) não anulam a existência de objetivos comuns, pressupondo-
se a necessidade de uma estreita colaboração que se reflita em ações
conjuntas e coordenadas.
Vimos que a família tem sua importância no processo ensino
aprendizagem da criança, pois esta é responsável por educar a criança,
preparando-a para a vida e tornando-a apta para um mundo em constante
transformação. Diante disto é necessário compreender que uma relação
familiar construída com amor e na aceitação do outro, favorece a constituição
de uma criança mais feliz e mais aberta para o universo do conhecimento, que
consequentemente será uma criança mais desenvolvida em todos os aspectos.
40
CONCLUSÃO
O TDAH é um transtorno, cujo diagnóstico é clínico podendo associar-
se a outros tratamentos como terapia psicológica, fonoaudiologia e
psicopedagogia e é, também, responsável pela enorme frustração que pais e
seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Crianças com
TDAH são frequentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados",
"avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo,
"pouco inteligentes" e como tal, com toda certeza, merecem ser tratadas e
diagnosticadas o mais rápido possível. A maioria daquilo que lemos ou
ouvimos sobre o assunto tem uma visão negativa.
O papel do professor é essencial para ajudar no diagnóstico do TDAH,
pois a hiperatividade só fica manifesta no período escolar, quando é
necessário ampliar o nível de concentração para aprender. Deste modo, é
importante que o professor esteja orientado para abalizar uma criança sem
limites de uma hiperativa. E dessa forma, saber abranger as ações adotadas
pela criança durante o cotidiano escolar.
A criança com TDAH carece ter na escola um acompanhamento
diferenciado, pois não consegue dominar seus instintos, tumultuando a sala
de aula, colegas e professores. É abreviado aplicar uma ação didático-
pedagógica movida para este aluno, visando incitar sua autoestima, levando
em conta a sua falta de centralização, criando atividades diversificadas para
que não exista um empenho durante sua aprendizagem. Dessa forma
necessita-se propor atividades mais atrativas e propiciam a eles estímulos
imediatos.
O professor é uma peça imprescindível no processo de aprendizagem
e também na saúda mental das crianças ou adolescentes principalmente das
portadoras do TDAH. Todo profissional deve procurar o máximo de
informações a respeito do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
para melhor lidar com seus alunos. É preciso também que os professores
tenham uma relação amigável, participativa e contínua com os pais ou
responsáveis das crianças com o transtorno, devem evitar chamá-los somente
41
quando acontecem problemas graves que não foram resolvidos, pois isso
depende a eficácia das estratégias de manejo do TDAH em sala de aula.
Constatou-se que é importante dizer que a sociedade, família e a escola
precisam caminhar juntas, para que a criança consiga vencer o fenômeno do
TDAH. Os educandos, em geral, na escola são reflexos de suas famílias,
portanto não há como separá-las, já que nas mesmas viverão experiências em
comum, onde não há exclusões.
42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABDA. Associação Brasileira de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Disponível em: http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/o-que-e-o-tdah.html. Acesso: maio de 2015.
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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I- 10
O QUE É TRANSTORNO DE DÉFICIT DA ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE 10
1.1 Os sintomas do TDAH na infância. 12
1.2 O Aprendizado e Alguns Entraves 14
CAPÍTULO II- 17
OS DIREITOS BÁSICOS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 17
CAPÍTULO III- ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO BASEADAS NAS
ESCOLAS 24
3.1 Orientações aos professores sobre o TDAH 32
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
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