direito economico aula 00
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Aula 00
Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015
Professor: Daniel Mesquita
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Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda
Nacional- PGFN. Teoria e exerccios
comentados.
Prof Daniel Mesquita Aula 00
Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71. Twitter: @danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita
AULA 00: Ordem Constitucional Econmica
SUMRIO
1. APRESENTAO .................................................................................................................................. 2
2. CRONOGRAMA ..................................................................................................................................... 3
3. INTRODUO AULA 00 ................................................................................................................. 5
4. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONMICA: PRINCPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONMICA .................................................................................................................................................. 6
4.1 FUNDAMENTOS E PRINCPIOS .................................................................................................................. 7 4.2 CAPITAL ESTRANGEIRO ..................................................................................................................... 14 4.3 EXPLORAO DA ATIVIDADE ECONMICA PELO ESTADO ............................................................... 15 4.3.1 CASOS DE EXPLORAO DIRETA .................................................................................................................. 16 4.3.2 EMPRESAS PBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA ...................................................................... 17 4.3.3 REPRESSO AO ABUSO DE PODER ECONMICO .......................................................................................... 24 4.4 REGULAO, SERVIO PBLICO E EXPLORAO MINERAL ............................................................ 26 4.4.1 ART. 174, CAPUT ............................................................................................................................................ 26 4.4.2 ART. 174, PARGRAFOS ................................................................................................................................ 30 4.4.3 ART. 175 SERVIOS PBLICOS ................................................................................................................. 34 4.4.4 ART. 176 - JAZIDAS E DEMAIS RECURSOS MINERAIS ................................................................................ 38 4.5 OUTRAS PREVISES CONSTITUCIONAIS ........................................................................................... 43 4.5.1 MONOPLIOS DA UNIO ................................................................................................................................ 43 4.5.2 CONTRIBUIO DE INTERVENO NO DOMNIO ECONMICO ................................................................ 49 4.5.3 ARTIGOS 178 A 181: DISPOSIES FINAIS................................................................................................. 49
5. ORDEM JURDICO-ECONMICA. CONCEITO. ORDEM ECONMICA E REGIME POLTICO .................................................................................................................................................... 52
6. RESUMO DA AULA ............................................................................................................................ 55
7. QUESTES COMENTADAS ............................................................................................................. 58
8. OUTRAS QUESTES DE CONCURSOS ......................................................................................... 66
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1. Apresentao
Bem vindos ao curso de Direito Econmico, preparatrio para o
concurso de Procurador da Fazenda Nacional- PGFN!
O edital sair em breve SE VOC ESTUDAR, VOC VAI PASSAR. E
SE VOC PASSAR, VOC VAI SER CHAMADO!
Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das
pedras pra voc, mas lembre-se de que eu j estive a, onde voc est
agora.
Pra voc me conhecer melhor, vou falar um pouco de mim.
Meu nome Daniel Mesquita, sou formado em Direito pela
Universidade de Braslia (UnB) e ps-graduado em direito pblico. A
minha vida no mundo dos concursos teve incio em 2005, quando me
preparei para o concurso de tcnico administrativo rea judiciria do Superior Tribunal de Justia. J nesse concurso, obtive xito e trabalhei
por dois anos no Tribunal, na assessoria de Ministro da 1 Turma.
Em seguida, passei para o concurso de analista do Tribunal
Superior Eleitoral (CESPE/UnB), na quarta colocao.
A partir da, meu estudo foi focado para as provas de advogado
pblico (AGU, procuradorias estaduais, defensorias pblicas etc.), pois
sempre tive como objetivo a carreira de Procurador de Estado ou do
Distrito Federal.
Nem tudo na vida so louros. Nessa fase obtive muitas derrotas e
reprovaes nos concursos. Desanimei por algumas vezes, mas
continuei firme em meu objetivo, pois s no passa em concurso quem
pra de estudar!
E essa atitude rendeu frutos, logo fui aprovado no concurso de
Procurador Federal AGU.
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Continuei estudando, pois ainda faltava mais um degrau:
Procuradoria de Estado ou do Distrito Federal.
Foi ento que todo o suor, dedicao, disciplina, renncia e
privaes deram o resultado esperado, logrei aprovao no concurso de
Procurador do Distrito Federal. Tomei posse em 2009 e exero essa
funo at hoje.
No posso deixar de mencionar tambm a minha experincia como
membro de bancas de concursos pblicos. A participao na elaborao
de diversas provas de concursos, inclusive para tribunais, me fez
perceber o nvel de cobrana do contedo nas provas, as matrias mais
recorrentes e os erros mais comuns dos candidatos.
Espero que a minha experincia possa ajud-lo no estudo do
direito econmico.
Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar nos
contedos mais recorrentes e dar a matria na medida certa, assim
como um bom mdico prescreve um medicamento.
Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar todos
os sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco da
doena. Isso quer dizer que no podemos deixar nenhum ponto do
edital para trs.
Alm disso, buscarei usar muitos recursos visuais para que a
apreenso do contedo venha mais facilmente.
Para reforar a aprendizagem, resumirei o contedo apresentado
ao final de cada aula e apresentarei as questes mencionadas ao longo
da aula em tpico separado, para que voc possa resolv-las na
vspera da prova. Todos esses instrumentos voc ter a sua disposio
para encarar a batalha.
2. Cronograma
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Num concurso com muitos inscritos como esse, voc no pode
perder tempo e deve lutar com as armas certas. A principal arma para
voc vencer essa batalha o planejamento.
Nesse curso sero ministradas 06 aulas de direito econmico, cada
uma com os seguintes temas, de acordo com os pontos previstos no
edital:
Aula 00 - 03/04/2015
8. Ordem constitucional econmica: princpios gerais da atividade
econmica. Poltica agrcola e fundiria e reforma agrria. 9. Ordem
jurdicoeconmica. Conceito. Ordem econmica e regime poltico.
Aula 01- 07/04/2015
11. Sujeitos econmicos. 12. Interveno do Estado no domnio
econmico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de
interveno. Interveno no direito positivo brasileiro.
Aula 02 - 14/04/2015
13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia.
Parte I.
Aula 03 - 23/04/2015
13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia.
Parte II.
Aula 04 -30/04/2015
Preveno e represso s infraes contra a ordem econmica.
Aula 05 - 05/05/2015
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10. Ordem econmica internacional e regional. Aspectos da ordem
econmica internacional. Definio. Normas: direito econmico
internacional. Aspectos da ordem econmica regional. Definio.
Normas: direito econmico regional MERCOSUL.
Com base nesse cronograma, voc j pode planejar o seu estudo,
dividindo o tempo que voc tem at a prova pelas matrias do edital.
Dedique-se mais s matrias que tem maior peso e quelas em que
voc no tem muito conhecimento. Faa uma escala de estudos e
cumpra-a.
Se voc seguir essas dicas, no tem erro, voc vai passar!
3. Introduo aula 00
A primeira coisa que voc deve manter em mente ao estudar
direito econmico que, bem, envolve economia.
Essa afirmao, que pode parecer um pouco redundante, muito
importante para auxiliar no estudo dessa matria. Isso porque as
normas que iremos estudar s iro fazer sentido se voc conseguir
entender qual a questo econmica por trs delas.
Nessa aula, ns iremos estudar diversas normas da constituio.
Estas normas so difceis de decorar se voc no entende a razo por
trs delas. Por exemplo, veja o art. 172 da Constituio:
Art. 172. A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros.
Voc pode gastar bastante tempo para decorar este artigo e, ainda
assim, errar uma questo na prova porque no entendeu a questo
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econmica por trs dele. Suponha que voc tenha que julgar o seguinte
item em sua prova:
A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, e incentivar os reinvestimentos e a remessa de lucros.
Neste item, eu copiei o art. 172, retirando apenas uma palavra
UHJXODUiHDGLFLRQDQGRXPDSDODYUD H6HYRFrHVWLYHVVHDSHQDVcontando com sua capacidade de decorar esse artigo, voc
possivelmente cairia nesse peguinha e julgaria correta a questo. Por
outro lado, se voc entender a questo econmica por trs, voc ir
imediatamente notar o absurdo do item e julgar esse item incorreto
sem perder mais tempo de prova.
Esta a beleza e a dificuldade do direito econmico. Se voc
contar apenas com sua memria, voc ter dificuldades nessa matria.
Por outro lado, se voc entender a lgica econmica, as questes sero
imediatamente mais fceis de responder.
Esta uma matria bem diferente das outras matrias de direito.
E, por isso, ela ser ensinada nesse curso de forma bem diferente. Ao
longo do texto, irei gastar algum tempo explicando o porqu de cada
norma. Quando estiver lendo essas explicaes, lembre que esse
conhecimento o que vai te diferenciar do outro candidato: voc vai
poder julgar se uma questo faz sentido econmico ainda que voc
tenha um branco total sobre o que a norma dizia.
Feita essa breve introduo, vamos passar anlise dos pontos do
edital.
4. Ordem constitucional econmica: princpios gerais da atividade econmica
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Este tpico do edital fala em ordem constitucional e em princpios.
Para lhe dar uma verso completa, eu inseri aqui uma discusso sobre
todos os aspectos da ordem constitucional econmica prevista na
Constituio. Se voc puder estudar tudo, timo: isso vai facilitar sua
compreenso do tema como um todo e vai te reforar para a prova.
Se estiver com pouco tempo ou notar que no vai conseguir dar a
mesma ateno para todos os tpicos, peo que voc estude
especialmente o art. 170, no item 4.1. De todos esses tpicos que
estudamos, ele o que tem mais chance de cair na sua prova. Estude
ele bem.
4.1 Fundamentos e Princpios
A Constituio do Brasil possui um captulo exclusivo para os
princpios gerais da atividade econmica. o captulo I, do Ttulo VII.
Este captulo vai do art. 170 at o art. 181. Essas so as normas que
iremos estudar agora.
Comeamos aqui pelo art. 170:
Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - funo social da propriedade;
IV - livre concorrncia;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao;
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VII - reduo das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas.
Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei.
O art. 170 comea j com bastante informao: ele diz quais so
os fundamentos da ordem econmica, seus objetivos e sua condio de
conformidade. E diz isso tudo antes mesmo de comear a falar dos
princpios.
Para que voc no se esquea destes pontos, mantenha a tabela
abaixo em um lugar visvel para rever com freqncia:
Ordem Econmica
Fundamentos x Valorizao do trabalho humano x Livre iniciativa
Objetivo Assegurar a todos existncia digna
Condio Conforme os ditames da justia social
O objetivo bsico assegurar a existncia digna. Lembre da
existncia digna como a meta que pretendemos seguir. Todas as
normas que regularem a ordem econmica no Brasil tem, no final das
contas, o objetivo de assegurar a existncia digna.
Por fundamentos, a constituio quer dizer a forma como vamos
perseguir este objetivo. Ns iremos buscar uma existncia digna por
meio da valorizao do trabalho humano. Isso significa que o trabalho
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no s um meio para se chegar ao objetivo de vida digna: ns
queremos valorizar o prprio trabalho em si.
O segundo fundamento, livre iniciativa, a base da economia
brasileira. A idia de livre iniciativa que qualquer pessoa (incluindo
voc) pode, a qualquer momento, resolver iniciar uma atividade
econmica. O governo no diz quem vai produzir o que, no diz que
preo deve ser cobrado e no diz de que forma deve ser produzido. Ns
deixamos na mo de voc a iniciativa de produzir as mercadorias e
servios que nossa sociedade precisa, desde o po de cada dia at a
viagem de avio para visitar sua famlia.
A livre iniciativa no completamente livre. O governo estabelece
vrias regras que devem ser obedecidas, tais como direitos do
consumidor, direitos trabalhistas, regras de segurana, etc.
3RU HVWH PRWLYR DR SHQVDU HP OLYUH LQLFLDWLYD OHPEUHHVSHFLDOPHQWH GD SDODYUD LQLFLDWLYD $ LGpLD p TXH QRVVD HFRnomia funciona a partir da iniciativa da populao. O governo tenta orientar a
economia e, excepcionalmente, intervm diretamente (veremos as
formas de interveno mais frente). Mas o fundamento bsico, o
mtodo como criamos quase todos os bens e servios que voc usufrui,
a iniciativa de um empreendedor.
H, ainda, uma condio para se atingir o objetivo de existncia
digna: trata-se da obedincia a ditames da justia social. A Constituio
exige no s que busquemos uma exigncia digna, mas que ns
faamos isso de uma forma justa. O que constitui a justia social? Esta
uma questo difcil. Para os fins de nosso estudo, vamos nos dedicar a
ver o que a Constituio exige como mnimo de justia.
Muita ATENO para esse ponto, pois passaremos ao estudo de
cada um dos princpios citados no art. 170. Temos bastante matria
pela frente, ento iremos fazer apenas um apanhado rpido de cada um
destes princpios.
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Soberania nacional. O Brasil um pas independente e soberano.
A Constituio no permite negociaes ou arranjos econmicos que
limitem a capacidade do pas de decidir os rumos de seu povo de forma
prpria.
Propriedade privada. O Brasil respeita o direito das pessoas a
terem sua propriedade e a fazerem o que quiserem com ela. Esse
direito enfrenta algumas restries. Deve atender a uma funo social,
como veremos no prximo item. Seu exerccio no pode violar normas
estatais; por exemplo, seu direito a um carro no permite que voc
mantenha o carro fora dos padres exigidos pela legislao de trnsito.
A propriedade pode ser sujeita a tributao, como no caso do imposto
sobre propriedade territorial urbana. E o direito de propriedade sobre
uma coisa especfica pode ser afetado em caso de desapropriao.
Note-se que, mesmo no caso de desapropriao, o direito propriedade
respeitado: o proprietrio tem direito a indenizao justa pela
desapropriao.
Funo social da propriedade. A propriedade s legtima
quando efetivamente usada em benefcio da coletividade. Este princpio
normalmente empregado em situaes em que bens jurdicos de
grande valor so usado para fins ilcitos ou, eventualmente, quando
simplesmente no so usados. Este um princpio que orienta a
desapropriao, para fins de reforma agrria, de reas rurais
improdutivas. A idia bsica que devemos aproveitar toda terra que
possa ser usada para o emprego de pessoas e a produo de riquezas.
H uma violao ao princpio da funo social da propriedade se essa
terra mantida sem uso apesar da viabilidade de seu aproveitamento.
Livre concorrncia. Este um princpio bastante importante,
especialmente porque iremos dedicar algumas aulas ao fim deste curso
ao estudo da legislao de defesa da concorrncia. Como dissemos
acima, a constituio elege a livre iniciativa como fundamento da ordem
econmica. Isso significa que, com exceo de alguns setores
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fortemente regulados, o governo no diz o que deve ser produzido e
no diz o preo que pode ser cobrado.
Surge ento a pergunta: o que fazemos quando algum no produz
o que queremos, ou quando cobra um preo caro demais? A resposta
o princpio da livre concorrncia. Por meio deste princpio, ns
estimulamos empresas a concorrer fortemente umas contra as outras.
Se a empresa Alfa cobra um preo muito alto, quem vai te proteger
a empresa Beta, concorrente de Alfa. Se voc no gosta do produto
de Alfa, voc pode escolher livremente comprar o produto de Beta.
Desta forma, Alfa se v forada a melhorar seus produtos e diminuir
seus preos.
Uma das bases do princpio da livre concorrncia a sua liberdade,
como consumidor, de escolher o que voc quiser comprar, de quem
voc quiser comprar. O governo no diz quem deve te fornecer algo, ou
o que voc deve escolher. sua escolha. E s ganha a empresa que
conseguir te atender melhor que as outras.
Defesa do consumidor. Toda a atividade econmica exercida
para, no fim das contas, oferecer um servio a uma pessoa. O princpio
da defesa do consumidor busca garantir que esta atividade afete o
consumidor de forma adequada, segura e seguindo princpios de boa f.
A expresso mais clara deste princpio o Cdigo de Defesa do
Consumidor CDC. O CDC uma lei extensa, com mais de 100 artigos. O CDC oferece diretrizes gerais sobre vrios aspectos da relao de
consumo, desde exigncias mnimas sobre publicidade at aes penais
em casos de crimes contra consumidores. A idia bsica garantir um
mnimo de direitos para o consumidor e regular a forma como
interaes entre fornecedores e consumidores devem acontecer.
Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
servios e de seus processos de elaborao e prestao. Para se
lembrar deste princpio na hora da prova, recomendo dividir ele
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mentalmente em duas partes. A primeira parte o trecho GHIHVDGRPHLR DPELHQWH (VWH WUHFKR p EHP LQVWLQWLYR QyV H[LJLPRV TXH Datividade econmica no cause danos custosos ou irreparveis ao meio
ambiente brasileiro.
O segundo trecho especifica uma forma de atender ao meio
DPELHQWH LQFOXVLYH PHGLDQWH WUDtamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de
HODERUDomR H SUHVWDomR (VWH WUHFKR IRL LQFOXtGR QD FRQVWLWXLomR HP2003. O objetivo dele permitir a criao de normas que favoream
processos produtivos menos danosos ao ambiente.
A idia que a constituio permite que, por exemplo, uma lei
estabelea um processo mais simples de obteno de licena para uma
fbrica que atenda a normas modernas de controle de poluentes. Da
mesma forma, uma poluidora conhecida pode ser sujeita a fiscalizaes
mais onerosas.
8PD SDODYUD EHP LPSRUWDQWH QHVWH LQFLVR p LQFOXVLYH 2tratamento diferenciado s uma das formas pelas quais o meio
ambiente pode ser protegido. Se voc vir um item de prova dizendo que
este o nico meio, pode marcar errado sem preocupaes.
Reduo das desigualdades regionais e sociais. O Brasil um
pas grande, com regies e grupos ricos e regies e grupos pobres. O
princpio da reduo das desigualdades o fundamento para aes e
incentivos para melhorar a vida daqueles em pior situao. Este o
princpio por trs de aes de industrializao de regies
economicamente pouco desenvolvidas. E o princpio por trs de
iniciativas para auxiliar grupos sociais em desvantagem. A idia
aproveitar as riquezas de nossas partes mais desenvolvidas para ajudar
as partes menos avanadas.
Busca do pleno emprego. Como dito acima, a valorizao do
trabalho humano um dos fundamentos da ordem econmica. No de
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se espantar, ento, que a constituio tenha por princpio tentar
empregar toda a populao que possa e queira trabalhar.
O conceito econmico exato de pleno emprego um pouco
complexo e, para explic-lo, eu teria de desviar sua ateno de tpicos
mais importantes da prova. Para os fins de passar voc nesse concurso,
basta saber que a Constituio orienta a ao do governo para tentar
fazer com que todo mundo que queira trabalhar ache um emprego.
Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administrao no Pas. A constituio quer favorecer o pequeno
empreendedor. Trata-se de ajudar quem, com pouca experincia e
ainda menos dinheiro, tenta abrir seu prprio negcio. Para tanto,
oferece vrios incentivos destinados a facilitar a vida deste novo
empresrio.
Um exemplo claro de tal esforo o Simples nacional (Lei
Complementar 123/2006). Este sistema permite que empresas
pequenas paguem vrios tributos de uma forma unificada e simples.
Permite ainda a simplificao de relaes de trabalho. O Brasil tem uma
das legislaes mais complicadas do mundo do ponto de vista de novos
negcios, ento essa simplificao bastante bem vinda para o novo
empreendedor.
Do ponto de vista de peguinhas, importante voc lembrar que a
empresa tem que atender a trs condies:
1) ser de pequeno porte: A idia beneficiar apenas empresas que
ainda no tenham porte suficiente para caminhar bem sozinhas. Essa
condio normalmente avaliada pelo volume de vendas da empresa.
Por exemplo, o Simples nacional limita o tratamento benfico a
empresas que tenham faturamento anual de at 3,6 milhes de reais.
2) ser constituda por leis brasileiras: A empresa tem que ser
constituda pelas nossas leis e estar registrada aqui no Brasil.
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3) ter sede e administrao no pas: Este ponto bastante
importante. A idia aqui que a empresa no s pequena, como
tambm e administrada e sediada aqui no Brasil. Se uma multinacional
enorme abre uma loja no Brasil, e essa loja administrada a partir da
sede na Sua, no h aquela justificativa de fraqueza da empresa. Por
outro lado, um pequeno empresrio que tenha uma franquia
internacional de lanchonetes estar operando uma empresa com sede e
administrao no Brasil, e poder ter tratamento preferencial. O
tratamento previsto na Constituio restrito a quem tem sede aqui e
administrada daqui mesmo.
Para terminar esta seo, vamos dar uma olhada no pargrafo
nico do art. 170:
Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei.
Lembre-se disso! A princpio, voc pode exercer livremente
qualquer atividade econmica! A nica exceo quando a lei diz
o contrrio, ou seja: voc s precisa de autorizao de rgos
pblicos quando a lei prever essa exigncia..
4.2 Capital Estrangeiro
No incio deste curso, mencionei o art. 172 da Constituio como
um exemplo de como entender a questo econmica vai te ajudar a
responder questes na prova. Vamos agora mostrar isso na prtica.
Vamos ler novamente o artigo:
Art. 172. A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros.
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A questo econmica por trs simples. Ns queremos que
estrangeiros invistam no Brasil. O pas possui relativamente pouco
capital prprio, e precisamos de dinheiro de fora para conseguir crescer
mais. A Constituio quer que esse investimento ocorra, desde que
atendidas certas limitaes previstas em lei.
Este objetivo econmico leva a Constituio a impor duas
orientaes para a disciplina do investimento de capital estrangeiro. A
primeira orientao incentivar os reinvestimentos. Isso significa que
ns queremos que os lucros obtidos no Brasil sejam mantidos aqui, ou
seja, reinvestidos.
A segunda orientao regular a remessa de lucros. Ns queremos
que, sempre que possvel, os lucros sejam mantidos no Pas. Porm,
sabemos que ningum vai querer investir no Brasil se ns proibirmos de
mandar lucros para fora. Por isso, ns permitimos a remessa de lucros
para fora do pas, mas na forma que for regulada pela lei.
Agora que voc entendeu a questo econmica, veja o seguinte
item abaixo. O que est errado com ele?
A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, e incentivar os reinvestimentos e a remessa de lucros.
Este item est errado porque diz que a lei incentivar a remessa de
lucros. A remessa de lucros algo que no queremos e que iremos
regular. No temos nenhum interesse em incentivar isso. Esse item no
faz sentido econmico, e voc agora consegue julg-lo sem ter que se
preocupar com sua memria e sua capacidade de decorar este texto.
4.3 Explorao da Atividade Econmica pelo Estado
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4.3.1 Casos de Explorao Direta
Leia o incio do art. 173 da Constituio:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei
No incio dessa aula, eu falei que um dos fundamentos da ordem
econmica a livre iniciativa. Isso significa que ns confiamos na
liberdade de empresrios para fornecer os bens e servios que
precisamos. O Estado, a princpio, no produz nada.
OLHO ABERTO, pois o art. 173 a exceo a esta regra. O
artigo prev que possvel a explorao direta da atividade econmica
pelo Estado. Por explorao direta da atividade econmica, pense em
uma empresa explorando minerais e vendendo no mercado
internacional. Ou em um armazm comprando alimentos para vender
depois.
Esta uma exceo bem grande ao princpio da atividade
econmica. E, por ser uma exceo, a Constituio exige que s
acontea em casos excepcionais.
O primeiro caso o da atividade que a prpria Constituio diz que
o Estado deve explorar. e R TXH D H[SUHVVmR UHVVDOYDGRV RV FDVRVSUHYLVWRVQHVWD&RQVWLWXLomRTXHUGL]HUeRFDVRSRUH[HPSORGRDUW25, 2, da Constituio, que permite que Estados explorem
diretamente os servios locais de gs canalizado. Neste caso, os
Estados no precisam apresentar uma justificativa de segurana
nacional ou interesse coletivo: se a Constituio diz que podem explorar
diretamente, eles podem fazer sem ter que se explicarem.
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O segundo caso mais complicado. possvel explorar outras
DWLYLGDGHV GHVGH TXH VHMD QHFHVViULR SDUD DWHQGHU LPSHUDWLYRV GDsegurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
GHILQLGRVHPOHL Digamos, por exemplo, que haja uma preocupao do Estado em
coletar plasma de sangue para a produo de remdios. Neste caso,
possvel que uma lei crie uma empresa para fazer exatamente isso,
destacando a necessidade de sua criao para atender a relevante
interesse coletivo.
A idia aqui simples: se h uma questo de segurana nacional
ou interesse coletivo, o Estado pode explorar diretamente uma
atividade. E estes imperativos devem ser definidos em lei.
EM RESUMO, ao estudar este tpico, busque reforar na memria
os dois casos bsicos em que a explorao direta de atividade
econmica pelo Estado so permitidos:
x A Constituio prev explicitamente que o Estado vai explorar a atividade;
x Um imperativo de segurana nacional ou de interesse coletivo, conforme definido em lei
4.3.2 Empresas pblicas e sociedades de economia mista
At agora, ns s olhamos para o incio do art. 173. O artigo tem
quatro pargrafos, que precisamos estudar para a prova. Vamos
comear com o pargrafo primeiro:
1 A lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios, dispondo sobre:
I - sua funo social e formas de fiscalizao pelo Estado
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e pela sociedade;
II - a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios;
III - licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes, observados os princpios da administrao pblica;
IV - a constituio e o funcionamento dos conselhos de administrao e fiscal, com a participao de acionistas minoritrios;
V - os mandatos, a avaliao de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
Para entender esse pargrafo, voc precisa ter uma noo bsica
do que so empresa pblica e sociedade de economia mista. Como o
foco desta matria direito econmico, e no direito administrativo, irei
apenas mencionar as caractersticas bsicas dessas empresas. Caso
tenha interesse em estudar empresas pblicas e sociedades de
economia mista em mais detalhe, recomendo minhas aulas de direito
administrativo, onde posso tratar dessas matrias com mais calma.
Empresas pblicas so empresas de propriedade exclusiva do
governo. Isso significa que o nico dono da empresa pblica o
Estado: no h nenhum outro scio ou acionista. o caso, por exemplo,
da Caixa Econmica Federal.
A sociedade de economia mista, por sua vez, uma empresa
em que o Estado s possui parte. Estas empresas, que sempre
assumem a forma de sociedade annima, podem ter scios privados.
Constituir uma sociedade de economia mista uma forma de o governo
conseguir acesso a capital sem perder controle sobre a explorao da
atividade. Este o caso da Petrobrs: se voc quiser ser scio do
governo na Petrobrs, basta ir a uma corretora e comprar quantas
aes voc quiser.
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$SDUWLUGHDJRUD LUHLXVDUR WHUPR empresas estatais SDUDPHreferir a sociedade de economia mista e a empresa pblica. A idia
que voc entenda que estou falando das duas sem ter que ficar sempre
repetindo esses nomes.
Voltando agora ao estudo do pargrafo primeiro, notamos que ele
estabelece que as empresas estatais e suas subsidirias devem
obedecer a regras especficas para operar. Estas regras estaro
HVWDEHOHFLGDV HP OHL HVWH p R HVWDWXWR MXUtGLFR GD HPSUHVD S~EOLFDHoje, no h uma lei nica prevendo tal estatuto. Ainda assim, cada
uma das matrias previstas neste pargrafo tem que ser estabelecidas
por lei. Vamos agora olhar os incisos um por um:
I - sua funo social e formas de fiscalizao pelo Estado e
pela sociedade: Como dito anteriormente, a atuao direta pelo
Estado deve atender a um fim pblico. A lei deve prever o objetivo de
uma empresa estatal e dizer como ns iremos fiscalizar para ver se est
cumprindo esse objetivo.
II - a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis,
comerciais, trabalhistas e tributrios: Esta um ponto importante.
Pare. Leia de novo.
Este um daqueles casos em que a sua primeira impresso vai
estar errada. Por isso estou gastando tanto tempo para chamar sua
ateno.
Este inciso II est dizendo que uma empresa estatal vai ser tratada
do mesmo jeito que empresas privadas. No h privilgios. Ela vai
pagar tributo, tem que obedecer regras de cdigo civil, vai seguir a
Consolidao das Leis do Trabalho, etc. Lembre-se disso: a Petrobrs
pagou 6,7 bilhes em imposto de renda e CSLL em 2012.
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Estou chamando ateno para este item porque ele pode ser
contrrio a suas expectativas. Voc pode estar pensando: se o governo
criou a empresa, por que ele no deu privilgios para ela? Por que a
empresa estatal tem que ficar pagando imposto ou obedecendo leis, j
que ela est buscando atingir um fim pblico?
A resposta simples: garantir um jogo limpo no mercado. Em
vrias ocasies, as empresas estatais vo concorrer diretamente com
empresas privadas. O Banco do Brasil concorre com o Ita e o
Bradesco, por exemplo. Se a estatal tivesse um tratamento privilegiado,
seria muito difcil que algum conseguisse concorrer. Imagine se o
banco do Brasil pudesse no pagar imposto, contratar gente sem ter
que pagar direitos trabalhistas e desobedecer o cdigo de defesa do
consumidor? Seria muito difcil para qualquer banco privado existir
nessa situao. E, como ns vimos antes, nossa maior defesa contra
um fornecedor ruim o concorrente dele. O inciso II tenta manter as
regras iguais para todo mundo concorrendo.
Leia de novo o inciso II. E nunca mais se esquea: sempre que
uma questo falar de privilgios atribudos e empresas estatais,
desconfie. Em geral, empresas estatais iro seguir o mesmo regime
jurdico que empresas privadas (embora haja excees, como veremos
a seguir). Especialmente no que se refere a direitos e obrigaes civis,
comerciais, trabalhistas e tributrios.
III - licitao e contratao de obras, servios, compras e
alienaes, observados os princpios da administrao pblica:
No inciso anterior, vimos que empresas estatais seguem as mesmas
regras que as empresas privadas, com algumas excees. Vamos agora
estudar uma destas excees.
Licitao, como voc bem sabe, um processo de aquisio de
bens e servios pela administrao pblica. Licitaes normalmente
seguem vrias regras especficas. Estas regras, a princpio, tm por
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objetivo garantir que a administrao consiga o melhor preo e os
melhores servios. As regras tambm tm o objetivo de evitar
corrupo e garantir que fornecedores possam competir em igualdade
de condies.
A Constituio exige que a legislao sobre licitao e contratao
pelas estatais observe os princpios da administrao pblica. Esta
uma exceo expressa previso de sujeio das estatais ao regime
prprio das empresas privadas. As empresas estatais tero que licitar,
ainda que eventualmente o faam por procedimentos simplificados.
No se esquea: a regra geral que as estatais sigam o regime
privado. E uma das excees a essa regra so licitaes e contratos,
que devem seguir os princpios e o regime da administrao pblica.
IV - a constituio e o funcionamento dos conselhos de
administrao e fiscal, com a participao de acionistas
minoritrios: O Conselho de Administrao um grupo de executivos
responsvel por monitorar o funcionamento da empresa. Eles no
necessariamente iro participar do dia-a-dia da empresa. Alis, o ideal
que no participem: a funo do conselho de administrao ser os
ROKRVGRVGRQRVREVHUYDQGRRWUDEDOKRGRVH[HFXWLYRVHRIHUHFHQGRorientao estratgica geral.
O Conselho Fiscal, por sua vez, tem por objetivo fiscalizar as
atividades da empresa e dar uma opinio sobre a adequao das
demonstraes financeiras.
O inciso IV quer dizer duas coisas. A primeira que a lei deve
definir como sero constitudos e como funcionaro esses dois
conselhos. A segunda coisa que estes conselhos devem assegurar a
participao de acionistas minoritrios.
Acionistas minoritrios so aqueles que no possuem aes
suficientes para controlar a empresa. Apesar dessa falta de controle,
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eles ainda tm interesse em que a empresa seja bem administrada:
afinal, so donos de parte dela, ainda que de parte pequena.
Para garantir essa participao dos minoritrios, a Constituio
exige que os minoritrios possam participar dos Conselhos.
Normalmente, isso feito por uma reserva de vagas nos Conselhos
para eleio exclusiva pelos minoritrios.
V - os mandatos, a avaliao de desempenho e a
responsabilidade dos administradores. Este dispositivo no levanta
muitas dvidas. A lei deve regular os mandatos dos administradores, ou
seja, a eleio de executivos por tempo especfico para administrar a
empresa. E a lei deve definir como esses administradores sero
avaliados e, eventualmente, responsabilizados por m administrao.
Ainda no tpico de empresas estatais, devemos discutir os
pargrafos 2 e 3 do artigo 173. Comecemos com o 2:
2 - As empresas pblicas e as sociedades de economia mista no podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s do setor privado.
A esta altura do campeonato, espero que voc j veja esse
pargrafo como quase redundante. Ns acabamos de ver que, a
princpio, empresas estatais (lembre-se que estamos chamando tanto
empresas pblicas como sociedades de economia mista de estatais) no
possuem tratamento privilegiado. O art. 173, 1, II, estabelece a
sujeio das estatais ao regime jurdico prprio das empresas privadas.
O que o 2 faz reforar mais uma vez essa igualdade entre
empresas estatais e empresas privadas. Empresas estatais no
podem gozar de privilgios fiscais prprios.
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O que so privilgios fiscais? Resumindo, so direitos a pagar
menos imposto. O Brasil cobra bastante imposto. Se o governo pudesse
dar benefcios fiscais para suas prprias empresas, haveria uma
concorrncia desleal com as empresas privadas, que tm que pagar
impostos.
Para reforar estes pontos, recomendo que voc revise com
freqncia o quadro abaixo. A idia dele fazer voc lembrar
instantaneamente dessa diferena:
Regras Bsicas -
Empresas Pblicas e Sociedades de Economia Mista
x Em geral, seguem o regime prprio de empresas privadas x Seguem as mesmas regras que empresas privadas sobre direitos
e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrias
x No podem receber privilgios fiscais que empresas privadas no possam receber tambm
x Devem fazer licitaes e contratos seguindo princpios da administrao pblica
Quando voc ler isso de novo, lembre do porqu de haver cores
diferentes para os itens. A princpio, no para ter diferena entre
empresas estatais e empresas privadas (regras em azul). Uma exceo
a essa regra a exigncia de licitaes e contratos segundo princpios
da administrao pblica (regra em vermelho).
Para terminar essa seo, vamos ler o 3:
3 - A lei regulamentar as relaes da empresa pblica com o Estado e a sociedade.
O que esse pargrafo quer dizer , basicamente, que a forma como
a empresa pblica interage com a sociedade deve ser prevista em lei.
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Do seu ponto de vista, este pargrafo chama alguma ateno s pelo
fato de ser o nico item desse artigo inteiro que se refere apenas
a empresa pblica e no a sociedade de economia mista
tambm. Fique de olho para no ser ganho por um peguinha que
mencione sociedade de economia mista tambm. Cobrar um detalhe to
pequeno certamente seria uma questo maliciosa, mas melhor estar
prevenido do que ter que reclamar depois.
4.3.3 Represso ao abuso de poder econmico
Comeamos este tpico com a leitura do 4 do art. 173:
4 - A lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros.
Mais frente, ns iremos estudar em detalhe a lei 12.529/12,
que regula o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia. Esta lei
talvez a melhor expresso do 4 na realidade brasileira. Por
hora, vamos apenas discutir o que diz o 4 especificamente.
O pargrafo fala em abuso de mercado que leve dominao dos
mercados, eliminao da concorrncia e aumento arbitrrio de lucros.
Por dominao de mercado, pense em uma situao em que uma nica
empresa domine um setor. Imagine, por exemplo, a compra de todos
os postos de gasolina de uma cidade por uma nica empresa.
Por eliminao da concorrncia, pense em aes que diminuam a
competio entre dois agentes. A compra de todos os postos de
gasolina pode fazer isso. Outra forma de eliminar a concorrncia seria
todos os donos de postos de gasolina combinarem em cobrar o mesmo
preo. O aumento arbitrrio dos lucros, por sua vez, refere-se ao ganho
econmico indevido obtido em razo do abuso.
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O ponto mais importante deste pargrafo inteiro a expresso
DEXVRGRSRGHUHFRQ{PLFR. A dominao do mercado, a eliminao da concorrncia e o
aumento de lucros no so ruins em si. Imagine se a cidade s tem dois
postos de gasolina porque os preos deles so to baixos que os outros
concorrentes no conseguiram competir e fecharam. Essa diminuio da
concorrncia no necessariamente ruim, j que foi baseada em preos
menores, algo bom ao consumidor. Ou imagine que uma empresa lance
um celular to melhor que os outros que quase todo mundo compre
esse novo celular. Essa dominao do mercado tambm pode ser
benfica, j que oferece um produto melhor ao mercado.
Suponha que uma questo de concurso apresente o seguinte texto.
Como voc iria marcar?
A lei reprimir a dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros.
Se voc entendeu bem esse tpico, voc ir marcar falso. O
problema no a dominao dos mercados ou a eliminao da
concorrncia. O SUREOHPDpR DEXVR GHSRGHU HFRQ{PLFRTXH WHQKDpor objetivo ter esses impactos. Alis, a legislao de defesa da
concorrncia diz expressamente que ns podemos permitir atos
contrrios concorrncia desde que apresentem outros benefcios.
Vamos estudar isso com mais detalhe mais frente em nosso curso.
Antes de encerrar esta sesso, precisamos dar uma olhada no
ltimo pargrafo do art. 173:
5 - A lei, sem prejuzo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurdica, estabelecer a responsabilidade desta, sujeitando-a s punies compatveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econmica e financeira e contra a
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economia popular.
A funo deste artigo garantir que a pessoa jurdica da
empresa tambm pague por atos ilcitos que pratique. Mais uma
vez, vamos tentar entender a questo econmica por trs da norma.
Um ato contra a ordem econmica vai beneficiar duas pessoas
diferentes: o administrador (uma pessoa fsica de carne e osso) e a
empresa (uma pessoa jurdica, ou seja, uma entidade abstrata). Se ns
s punssemos o administrador, a empresa manteria toda a vantagem
ilcita que obteve. Numa situao dessas, a empresa no tem nenhum
incentivo a forar seu administrador a seguir a lei. Pelo contrrio: teria
todo o interesse em achar um administrador que aceitasse cometer atos
ilegais, j que, na pior das hipteses, s o administrador sofreria.
O 5 tem por objetivo evitar isso. A pessoa jurdica tambm ser
VXMHLWD D SXQLo}HV FRPSDWtYHLV FRP VXD QDWXUH]D 'HVVD IRUPa, ela ter de pagar pelos danos que causar. E, espera-se, vai tentar evitar
que o administrador cometa esses atos ilegais.
4.4 Regulao, Servio Pblico e Explorao Mineral
4.4.1 Art. 174, caput
Passamos agora anlise do art. 174 da Constituio, que tem a
seguinte redao:
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econmica, o Estado exercer, na forma da lei, as funes de fiscalizao, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor pblico e indicativo para o setor privado.
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Este incio do art. 174 o outro lado da moeda do art. 173. Se
voc se lembra de nosso estudo acima, o art. 173 bem claro em
limitar a ao direta do Estado na economia. O art. 174, por outro lado,
busca dizer de forma especfica de que formas o Estado pode
intervir indiretamente na economia.
Quando voc ler este artigo de novo, eu quero que voc lembre
dele em quatro partes.
A primeira parte p D VHJXLQWH FRPR DJHQWH QRUPDWLYR HUHJXODGRUGDDWLYLGDGHHFRQ{PLFD(VVDSDUWHHVWiGL]HQGRDFRQGLomRem que o Estado vai agir. Ele no agir aqui diretamente, como no art.
173. Ele ir agir em duas condies: como fixador de normas e como
regulador da atividade.
O papel de agente normativo bem simples. O Estado vai
estabelecer as normas da atividade. Ele ir dizer, por exemplo, que
qualificao voc precisa ter para exercer uma atividade, que condies
de segurana devem ser obedecidas, que informaes devem ser
fornecidas, etc. Na prxima vez que voc pegar uma bebida, veja o
rtulo. Boa parte daquelas informaes est l porque o Estado
mandou. Esse o papel normativo.
O papel de agente regulador pode ser mais complexo, e ir variar
bastante dependendo do setor que se trata. A idia bsica que o
agente regulador ir monitorar condies de mercado, estimular certos
comportamentos, fiscalizar agentes que estejam operando no setor, etc.
A quantidade de aes regulatrias to extensa que at difcil
descrever em poucas palavras o que a ao regulatria.
A segunda parte prev que a ao do Estado como agente
normativo e regulador deve se dar na forma da lei. Isso significa que
o Estado s pode fazer o que a lei permite. Para que uma ao
normativa ou regulatria seja possvel, o Estado deve prever ela em lei
ou, pelo menos, autorizar em lei que esse tipo de ao seja realizada.
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A terceira parte diz respeito s funes que sero exercidas pelo
Estado na condio de agente normativo e regulador. As funes so as
seguintes:
x Fiscalizao: Verificar se normas, acordos e padres de conduta esto sendo cumpridos no mercado. o caso, por exemplo, de o
Estado checar se a distribuidora de energia eltrica est cobrando
a quantidade de energia certa na conta de luz.
x Incentivo: Criar estmulos para comportamento que o Estado deseje realizar. Note que este estmulo voluntrio: a pessoa no
est obrigada a exercer o comportamento. o caso, por exemplo,
de uma lei diminuindo impostos de uma empresa que tenha
ajudado a financiar um filme brasileiro.
x Planejamento: Estabelecer diretrizes para o desenvolvimento do mercado e para orientar a ao de empresas e cidados. o caso,
por exemplo, da elaborao de um planejamento a construo de
ferrovias e portos para escoar soja. Este planejamento pelo
Estado auxilia agricultores a decidir se iro conseguir escoar sua
produo e se faz sentido plantar mais.
A quarta e ltima parte o efeito da ao de planejamento do
Estado: GHWHUPLQDQWH SDUD R VHWRU S~EOLFR LQGLFDWLYR SDUD R VHWRUSULYDGR. Esta parte est falando do planejamento pelo Estado. A idia que o governo tem que ser coerente. Se o Estado incentiva uma
empresa a produzir soja, ele no pode no dia seguinte dificultar a vida
de quem esteja produzindo. Se o Estado diz que vai criar uma rodovia
do Gois ao Maranho para escoar certa produo, no pode mudar de
idia e colocar a rodovia entre Mato Grosso e So Paulo.
O setor privado, por outro lado, no precisa seguir o planejamento
do Estado. Se o governo tem um plano para produzir mais soja em
Gois, o agricultor pode querer produzir, e pode tambm no querer
produzir. Ele no est obrigado a seguir o plano do governo.
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NO V PARA A PROVA SEM ESSE ARTIGO NA CABEA. Para que a
memorizao fique mais fcil, leia atentamente o quadro:
Interveno do Estado na Economia as 4 partes do Artigo 174
x Condio: agente normativo e regulador x Forma: na forma da lei
x Funes: fiscalizao, incentivo e planejamento x Efeito do planejamento: determinante para setor pblico,
indicativo para setor privado
Leia novamente o artigo. Veja se voc consegue, sem ler este
quadro, identificar cada uma dessas quatro partes e explicar a funo
delas em cada. Depois de ler o artigo, veja o item seguinte, ache o que
est errado e explique o porqu:
Como agente normativo, explorador e regulador da atividade econmica, o Estado exercer, na forma de decreto regulamentador, as funes de fiscalizao, incentivo, produo e planejamento, sendo este determinante para o setor privado
Este item um festival de erros. Primeiro, o artigo refere-se
funo como agente normativo e regulador somente no h nada que se falar em explorador direto. O art. 173 que trata da explorao
direta.
Segundo, a Constituio exige lei, no s decreto.
Terceiro, a funo de produo no tem nada a ver com o artigo.
Quarto, o planejamento apenas determinante para o setor
pblico. No determinante ao privado.
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4.4.2 Art. 174, pargrafos
Agora que estudamos a parte inicial do art. 174, podemos passar
para a anlise dos pargrafos deste artigo. Vamos um por um:
1 - A lei estabelecer as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporar e compatibilizar os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
Para os fins deste concurso, tente lembrar de trs elementos desta
norma:
x Diretrizes e bases tem que ser estabelecidas por lei; x O planejamento para um desenvolvimento nacional equilibrado; x Planejamento deve incorporar e compatibilizar planos
nacionais e regionais de desenvolvimento
Vamos seguir ao pargrafo segundo:
2 - A lei apoiar e estimular o cooperativismo e outras formas de associativismo.
Cooperativismo uma forma de organizar a atividade
empresarial. Sem entrar em muitos detalhes, pense em uma sociedade
cooperada como um grupo de pessoas que se rene para executar uma
atividade econmica em conjunto, mas mantendo alguma
independncia e sem relao de subordinao. o caso, por exemplo
de um grupo de agricultores que se rene em uma cooperativa para
comprar remdios para suas vacas e para vender o leite em conjunto.
Ao se unirem em uma cooperativa, os agricultores conseguem um preo
menor para os remdios que compram e um preo maior para o leite
que vendem. E eles ganham essas vantagens sem ter que vender suas
fazendas ou virarem empregados diretos de outra pessoa.
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Um ponto importante que voc deve entender sobre as
cooperativas que, idealmente, elas no so a empresa em si. A
prpria lei 5.764/71 estabelece que, em um contrato de cooperativa, os
associados contratam em contribuir com bens ou servios para o
exerccio de uma atividade econmica, de proveito comum, sem
objetivo de lucro. A idia que a cooperativa ajuda os associados a
realizarem a atividade econmica cada um por conta prpria, sendo que
a cooperativa no recebe lucro por sua atuao.
A Constituio v com bons olhos este tipo de acerto. H uma idia
que a cooperativa um arranjo nobre, que une esforos para um
objetivo comum sem retirar a autonomia de cada agente.
O que voc tem que lembrar deste artigo que a Constituio
orienta o Estado a promover cooperativismo. E que o Estado tambm
deve promover formas similares de associao econmica.
Lembre tambm que o Estado deve fazer essa promoo por meio
de lei. Este um ponto importante para voc ter em mente quando
estiver lendo qualquer artigo da Constituio: sempre que o texto de
um artigo menciona lei, est colocando uma exigncia bastante
importante sobre a forma como a ao estatal deve acontecer. E essa
exigncia pode facilmente cair em uma prova.
Para terminar este artigo, vamos olhar o pargrafo 3 e 4 em
conjunto:
3 - O Estado favorecer a organizao da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteo do meio ambiente e a promoo econmico-social dos garimpeiros.
4 - As cooperativas a que se refere o pargrafo anterior tero prioridade na autorizao ou concesso para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpveis, nas reas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
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O pargrafo terceiro segue a linha de promover o cooperativismo.
Neste caso especfico, orienta o Estado a estimular garimpeiros a se
organizarem em cooperativas. A idia que essas cooperativas vo
facilitar a proteo ao meio ambiente e a promoo econmico-
social dos garimpeiros.
Dentro dessa linha, o pargrafo quarto j garante um benefcio
imediato s cooperativas de garimpeiros. Essas cooperativas vo
ter prioridade para pesquisa e lavra de recursos e jazidas de minerais.
Pesquisa a procura por minrios valiosos, antes de se saber se
existem ou no em um lugar. A lavra ocorre depois que se descobrem
minerais em um lugar: o direito de explorar os minerais j
descobertos.
O que a Constituio est fazendo dando prioridade s
cooperativas de garimpeiros para ganharem tanto os direitos de
pesquisa como de lavra. Estes direitos sero concedidos para dois tipos
de reas:
x reas em que estiverem atuando: o caso do garimpeiro que est trabalhando em uma rea sem ter o direito para isso. A
Constituio d, a cooperativas de garimpeiros nessa situao,
prioridade para o concesso/autorizao necessria.
x reas fixadas de acordo com o art. 21, XXV: O art. 21, XXV, diz TXH p DWULEXLomR GD 8QLmR HVWDEHOHFHU as reas e as condies para o exerccio da atividade de garimpagem, em forma
associativa2XVHMDWUDWDP-se de reas que a prpria Unio vai dedicar para os garimpeiros envolvidos em cooperativas.
Agora que passamos pelo estudo dos pargrafos, vamos ver se
voc reteve bem o contedo. Julgue os itens abaixo:
a) Planos nacionais e regionais de desenvolvimento devem ser incorporados e compatibilizados no mbito do planejamento para o desenvolvimento nacional.
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b) A lei estimular o cooperativismo em detrimento de outras formas de associativismo.
c) O Estado obrigado a levar em conta o impacto ao meio ambiente ao favorecer cooperativas de garimpeiros.
d) Cooperativas de garimpeiros tero prioridade na autorizao ou concesso de pesquisa ou lavra em qualquer rea em que desejem atuar.
J julgou os itens? muito importante que voc tente resolver por
conta prpria antes de continuar a ler. Esse exerccio vai forar voc a
colocar a questo nas suas prprias palavras. Vai forar voc a notar o
que que se lembra e o que que ficou obscuro. Dessa forma, quando
voc ler as respostas, voc vai poder ir direto no que errou ou
esqueceu. Dessa forma, voc vai corrigindo e completando o que ficou
na sua mente.
Ns estamos fazendo vrios exerccios nesse curso. E bem
importante que voc sempre faa eles com toda a ateno possvel.
Julgou os itens? Ento vamos s respostas.
O item (a) claramente verdadeiro. Eu simplesmente simplifiquei e
inverti a ordem do texto da constituio. Esse o truque mais velho
que tem para pegar algum que s decorou o texto. Se voc entendeu
a questo, fcil. Se s decorou, vai ter dificuldade com essa mudana
de ordem.
O item (b) falso. A lei realmente vai estimular o cooperativismo.
Mas no em detrimento de outras formas de associativismo. Alis, a
Constituio manda que outras formas de associativismo sejam tambm
promovidas.
O item (c) verdadeiro. Este o tipo de item que pode te
confundir em uma prova. Ele menciona duas coisas que voc sabe que
a Constituio quer proteger: cooperativas e meio ambiente. Mas voc
pode ficar na dvida se a Constituio exige os dois no mesmo
contexto. Espero que, se voc se deparar com um item destes na
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prova, lembre que meio ambiente deve ser levado em conta para
estmulo a cooperativas de garimpeiros.
O item (d) falso. E ele falso pelo finzinho do enunciado, ao dizer
TXHWHUiSULRULGDGHHPTXDOTXHUiUHDHPTXHGHVHMHPDWXDU/HPEUHque a prioridade dada somente para dois tipos de reas: (1) as em
que j atuem e (2) as definidas pela Unio para garimpagem
associativa. A cooperativa no ganha prioridade para qualquer rea que
quiser.
4.4.3 Art. 175 Servios Pblicos
O art. 175 tem o seguinte caput:
Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.
Este um artigo bastante importante. Para fixar cada parte dele,
vamos ler em partes.
Incumbe ao Poder Pblico. Este um dever do Poder Pblico.
Mas ele no precisa executar esse dever pessoalmente. Continue lendo.
na forma da lei. Como eu j disse antes, sempre preste muita
ateno quando a ConstituiR GLVVHU QD IRUPD GD OHL (VVD p XPDexigncia importante.
diretamente ou sob regime de concesso ou permisso: O
Estado pode executar diretamente o servio pblico. o caso, por
exemplo, do servio de telefonia fixa antes das privatizaes na dcada
de 1990. E ele pode contratar com algum para prestar este servio por
ele. o caso da telefonia fixa depois das privatizaes.
Concesso e permisso so contratos celebrados entre o Estado e
empresas para a prestao de um servio pblico. Estes contratos so
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usados para vrios tipos diferentes de servio: distribuio de energia
eltrica, operao de ferrovia, construo e manuteno de rodovias,
etc. O que voc deve lembrar que concesso e permisso so formas
de algum executar um servio pblico pelo Poder Pblico.
Ns iremos estudar a concesso e a permisso com mais ateno e
detalhe na aula 03, que ser disponibilizada em 05 de outubro.
sempre atravs de licitao: Este trecho essencial! No se
esquea dele! A licitao exigida para que uma concesso ou
permisso seja realizada. O governo no pode escolher livremente
quem vai prestar o servio. Ele deve abrir uma licitao pblica, e o
vencedor dessa licitao ganha o direito de celebrar a concesso ou
permisso com o Estado.
a prestao de servios pblicos: difcil encontrar uma
definio precisa e unnime sobre servios pblicos. Por ora, tenha em
mente a noo geral de um servio de interesse pblico que deve ser
prestado de acordo com o que este artigo prev. Na aula 03, ns iremos
estudar essa matria com um pouco mais de ateno.
bastante coisa para lembrar. E olha que o art. 175 ainda no
acabou! Ainda temos mais um pargrafo nico com mais regrinhas para
estudar:
Pargrafo nico. A lei dispor sobre:
I - o regime das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos, o carter especial de seu contrato e de sua prorrogao, bem como as condies de caducidade, fiscalizao e resciso da concesso ou permisso;
II - os direitos dos usurios;
III - poltica tarifria;
IV - a obrigao de manter servio adequado.
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O inciso I manda a lei dispor sobre DV UHJUDV UHJLPHaplicveis a empresas com contratos de concesso e permisso.
A idia que estas empresas esto prestando servio pblico, e por isso
devem seguir certas normas, como zelar pelos bens vinculados ao
servio e manter em dia informaes necessrias para o Estado.
O inciso tambm fala que a lei vai dispor sobre o contrato. Neste
ponto, ele menciona vrias coisas diferentes. Vamos ver uma por uma:
x Carter especial: como dissemos antes, estamos tratando aqui de empresas privadas prestando servios pblicos. Este
contrato possui um carter diferenciado de outros contratos.
x Prorrogao: prorrogao , basicamente, a extenso do prazo do contrato. Se voc se lembra bem, o contrato de
concesso/permisso s pode ser feito aps licitao. Por
este motivo, a lei deve prever as ocasies em que aceitvel
uma prorrogao, j que nesse caso no h nova licitao
x Caducidade: caducidade uma forma de extino do contrato. Normalmente ocorre em razo do no cumprimento
do contrato pelo concessionrio.
x Fiscalizao: Tratando-se de servio pblico, o Estado tem que ficar de olho se o concessionrio ou permissionrio est
cumprindo com sua parte do contrato. O contrato deve
prever como essa fiscalizao ser feita.
x Resciso: Resciso outra forma de extino do contrato. Pode acontecer mesmo em caso de cumprimento do contrato
at aquele momento.
Tentei explicar item por item para que voc consiga ver a lgica
por trs deste inciso. Espero que isso faa com que seja mais fcil para
voc lembrar o que est dentro deste inciso. Relembrando, a lei deve
prever: 1) regime das concessionrias e permissionrias de servio
pblico; 2) carter especial do contrato; 3) regras sobre prorrogao,
caducidade, fiscalizao e resciso do contrato.
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Falta muito pouco para terminarmos o art. 175! Continue comigo!
Os incisos seguintes so mais fceis de lembrar.
A lei deve definir os direitos dos usurios. Esta uma regra bem
fcil de lembrar.
A lei deve tambm dispor sobre a poltica tarifria. Tarifa o
preo cobrado pela concessionria ou permissionria pelo servio
pblico. Quando voc paga sua conta de luz ou a conta do seu telefone
fixo, voc est pagando uma tarifa. O que a constituio est dizendo
aqui que a lei deve estabelecer normas sobre a poltica tarifria em
cada setor.
Para terminar, a lei deve dispor sobre VHUYLoR DGHTXDGR. Quando o Estado contrata com uma empresa para prestar servio
pblico, ele quer que esse servio seja bem prestado. Servio adequado
como chamamos o servio bem feito pela concessionria ou
permissionria. A lei deve estabelecer normas sobre a adequao do
servio para que o Estado possa cobrar a prestao adequada.
Para fixar o que vimos, vamos analisar alguns itens:
a) O Poder Pblico s pode prestar servios pblicos por concesso ou permisso, que devem sempre ser precedidas de licitao.
b) As regras emanadas de agncias reguladoras sobre caducidade de concesses e permisses devem ser aplicadas independentemente do que diga a lei sobre o tema.
J analisou os itens? Lembre-se do que eu disse antes:
importante que voc tente julgar estes itens por conta prpria antes de
ver as respostas.
2LWHPDpIDOVR2TXHGHL[DR LWHPHUUDGRpDSDODYUDVy2Poder Pblico pode prestar servios pblicos por concesso ou
permisso. E pode tambm prestar os servios diretamente. Quando o
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LWHP GLVVH Vy HOH HUURX DR QmR FRQVLGHUDU D SRVVLELOLGDGH GHprestao direta do servio.
Sempre preste muita ateno em palavras FRPRVyVRPHQWHDSHQDV RX SDUHFLGDV (VVDV SDODYUDV UHVWULQJHP EDVWDQWH R LWHP Hfacilitam a sua interpretao. Se voc consegue pensar em um caso
DOpP GR TXH R LWHP GL] HQWmR R DSHQDV HVWi HUUDGR H YRFr SRGHmarcar o item e ir para frente.
Antes de passar deste item, lembro mais uma vez que concesso e
permisso devem ser precedidas de licitao. Esta parte do item estava
certa, e essencial que voc no se confunda com isso.
2LWHPE um pouco mais complicado. A princpio, regras sobre caducidade devem ser previstas na forma da lei. Agncias reguladoras
podem estabelecer normas complementares, mas essas normas no
podem ir contra a lei. Quando o item diz que as normas das agncias
VHUmRREHGHFLGDVLQGHSHQGHQWHPHQWHGRTXHGLJDDOHLYRFr tem um problema. E voc pode interpretar este item como errado.
Esta questo tem um texto bastante ambguo. Voc vai ver vrias
questes com textos ambguos em sua vida de concurseiro. Acostume-
se ao fato de que nem sempre os itens viro da forma mais precisa para isso que servem recursos para anulao de questo e alterao de
gabarito. Nesses casos, tente encontrar a justificativa mais forte para
decidir por falso ou verdadeiro. Se voc tiver se preparado bem, ter
uma boa chance de acertar. E, se no acertar, ter um bom motivo
para recorrer.
4.4.4 Art. 176 - Jazidas e demais recursos minerais
Estamos quase no fim deste tpico! Sei que bastante coisa nova
que voc est lendo, e que difcil a princpio ver como tudo se
encaixa. Persista! Com o estudo constante, vai chegar o ponto em que
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voc vai olhar estes artigos e imediatamente lembrar e entender o que
prevem.
O art. 176 bem especfico, e iremos passar por ele rapidamente.
Eis o que diz o artigo:
Art. 176. As jazidas, em lavra ou no, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidrulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de explorao ou aproveitamento, e pertencem Unio, garantida ao concessionrio a propriedade do produto da lavra.
O que esse artigo faz separar a propriedade dos minrios e
recursos hidrulicos da propriedade da terra em que esto.
O incio deste artigo menciona trs recursos que voc deve
lembrar. O primeiro so jazidas, em lavra ou no. Ou seja, est
tratando de minrios que estejam sendo explorados atualmente assim
como minrios que sequer tenham sido trabalhados. O segundo recurso
so os demais recursos minerais. O terceiro recurso so os potenciais
de energia hidrulica.
(P VHJXLGD R DUWLJR GL] TXH HVVHV UHFXUVRV FRQVWLWXHPpropriedade distinta da do solo, para efeito de explorao ou
DSURYHLWDPHQWR ,VVR p EHP LPSRUWDQWH ,VVR VLJQLILFD TXH VH YRFrdescobre ouro no quintal da sua casa, voc no pode simplesmente
pegar esse ouro e vender. A propriedade do solo distinta da
propriedade do direito de explorar o recurso.
De quem , ento, essa propriedade? Da Unio. Lembre-se disso:
da Unio. E se a fazenda estiver no Par? No importa, pertence
Unio. E se estiver em Curitiba? No importa, pertence Unio.
Isso significa que s a Unio pode explorar minerais? No. Leia
DJRUDRILPGRDUWLJReJDUDQWLGDDRFRQFHVVLRQiULRDSURSULHGDGHGRSURGXWRGDODYUD,VVRVLJQLILFDTXHa Unio ir fornecer uma concesso
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de explorao. Ou seja, algum ganha o direito de lavra e, com esse
direito, ganha propriedade do produto da explorao.
Para ajudar voc a se lembrar deste artigo, reveja o quadro
abaixo:
Artigo 176
Do que trata? O que faz? x Jazidas, em lavra ou no
x Demais recursos minerais x Potenciais de energia hidrulica
x Considera que so propriedade distinta do solo x Diz que so da Unio x Garante a concessionrio a
propriedade do produto da lavra
Antes de sair deste tema, vamos dar uma olhada rpida nos
pargrafos do art. 176:
1 A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente podero ser efetuados mediante autorizao ou concesso da Unio, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituda sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administrao no Pas, na forma da lei, que estabelecer as condies especficas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indgenas.
Pontos de destaque deste pargrafo so:
x Pesquisa e lavra dependem de autorizao ou concesso da unio
x Explorao s pode ser feita por brasileiros ou empresa constituda sob as leia brasileiras
x Explorao s pode ser feita por empresas com sede e administrao no Brasil
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x Explorao s pode ser feita na forma da lei, que dir como poder ser feita a explorao quando os recursos estiverem
em faixa de fronteira ou em terras indgenas
Seguindo em frente:
2 - assegurada participao ao proprietrio do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
Como voc viu h pouco, a propriedade do solo diferente da
propriedade dos recursos. Mas o dono do solo ganha uma participao
da explorao. Aquele ouro que voc encontrou no seu quintal? Voc
no pode tirar ele do cho diretamente e vender. Mas voc vai receber
alguma coisa por ele. Quanto voc vai receber? o que a lei vai dizer.
3 - A autorizao de pesquisa ser sempre por prazo determinado, e as autorizaes e concesses previstas neste artigo no podero ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prvia anuncia do poder concedente.
Autorizaes de pesquisa so direitos a procurar minerais em
lugares onde no h certeza de que existam. Para voc poder fazer
isso, voc precisa de uma autorizao do governo. O que este pargrafo
diz que essa autorizao s pode ser concedida por prazo
determinado. Ou seja, se voc quiser procurar ouro no quintal de
algum, deve procurar apenas no prazo estabelecido na autorizao.
Este pargrafo tambm estabelece que as concesses no podem
ser cedidas ou transferidas sem anuncia do poder concedente. Isso
significa que, se voc ganha a autorizao de pesquisa, voc no pode
vender essa autorizao para outra pessoa sem que o governo deixe.
possvel transferir a concesso por algum motivo? Sim, desde que o
poder concedente (ou seja, o Estado) concorde.
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4 - No depender de autorizao ou concesso o aproveitamento do potencial de energia renovvel de capacidade reduzida.
2 TXH p R SRWHQFLDO GH HQHUJLD UHQRYiYHO GH FDSDFLGDGHUHGX]LGD" 3HQVH HP XPD TXHGD GiJXD SHTXHQD HP uma fazenda. (VVDTXHGDGDJXDSRGHJLUDUXPPRLQKRHWDOYH]JHUDUXPSRXTXLQKRde eletricidade. Na prtica, voc no vai conseguir vender nenhuma
TXDQWLGDGHUHOHYDQWHGHHQHUJLDHOpWULFDFRPHVWDTXHGDGDJXD Quando pensar em potencial de energia renovvel de capacidade
reduzida, lembre-VHGRH[HPSORGDTXHGDGDJXDpRFDVRGHDOJRTXHpode ser aproveitado, mas to pequeno que no faz sentido o
governo ficar em cima.
Se voc entende isso, fica mais fcil entender este pargrafo. O
que o pargrafo diz que voc no precisa de autorizao ou concesso
para aproveitar esses potenciais. Ou seja, para explorar esses
potenciais pequenos, no precisa passar pela burocracia de
autorizao ou concesso.
E a, conseguiu entender este artigo? Vamos testar se voc pegou?
Julgue os itens abaixo:
a) O dono do solo tem direito propriedade sobre o produto da lavra de jazidas.
b) Concesses de aproveitamento de potenciais de energia hidrulica s podem ser exploradas por empresas que tenham sua sede e administrao no Brasil.
c) Autorizaes de pesquisa podem ser cedidas, desde que com prvia anuncia do poder concedente.
d) Potenciais de energia renovvel s podem ser aproveitados mediante concesso.
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