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Demência e Depressão em Idososem Idosos

Cássio M. C. BottinoPrograma Terceira Idade

(PROTER) / CEREDIC - HC FMUSP

Conceito de Demência

Síndrome caracterizada pelo declínio da capacidade intelectual, suficientemente grave para interferir nas atividades sociais ou interferir nas atividades sociais ou profissionais, que independe de distúrbio do estado de consciência (ou da vigília) e é causada por comprometimento do sistema nervoso central.

DemênciasCritérios Diagnósticos –

CID-10

A - Evidência de Demência, de um A - Evidência de Demência, de um nível especificado de gravidade, baseado em:

A1 - Prejuízo de memóriaA2 - Declínio de habilidades

DemênciasCritérios Diagnósticos –

CID-10

A2 - Declínio de habilidades intelectuais (pensamento, raciocínio, fluxo de ideias)- A1 e A2 causam prejuízo de

funcionamento das atividades diárias

B - Ausência de distúrbio de consciência

DemênciasCritérios Diagnósticos –

CID-10

consciênciaC - Deterioração no controle

emocional, comportamento social ou motivação

D - A1 e A2 estão presentes por 6 meses

Demências

• Degenerativas: Doença de Alzheimer, Lewy, Pick, Parkinson, Creutzfeldt-Jakob, Wilson, HuntingtonWilson, Huntington

• Vasculares:Multi-infarto, doença cerebrovascular, vasculites

• Lesionais: tumor cerebral, hematoma subdural, EM, HPN

Demências

• Tóxicas:demência alcoólica, anóxia, metais pesados

• Metabólicas:Hipotireoidismo, deficiências vitamínicas

• Infecciosas:

Demências

• Infecciosas:Sífilis, Aids, cisticercose, encefalites

• Traumáticas: Demência pugilística, TCE

• Hemograma e eletrólitos;• Ureia/creatinina;• Enzimas hepáticas;

Investigação complementar obrigatória

• Enzimas hepáticas;• Vitamina B12;

• Hormônios Tireoidianos;• Sorologia para sífilis e Aids;

Investigação complementar obrigatória

• Sorologia para sífilis e Aids;• Tomografia computadorizada ou

Ressonância Magnética de crânio

• pode ser progressiva, remitente ou estável;• 10% são reversíveis (uremia,

neurossífilis, hipotireoidismo,

Curso e Prognóstico:

neurossífilis, hipotireoidismo, déficit de B12, hipóxia);• a maioria é irreversível e

progressiva.

Prevalência de Demência: estudos na comunidade de estudos na comunidade de

1994 a 2000

Age range (years)

N of studies

Dementia Prevalence %

(95% CI)

Prevalence rates mean

increase

65-69 17 1.2 (0.8-1.5) --

70-74 19 3.7 (2.6-4.7) 3.0

MEDLINE e LILACS: 38 estudos

70-74 19 3.7 (2.6-4.7) 3.0

75-79 21 7.9 (6.2-9.5) 2.1

80-84 20 16.4 (13.8-18.9) 2.0

85-89 16 24.6 (20.5-28.6) 1.5

90-94 6 39.9 (34.4-45.3) 1.6

> 95 6 54.8 (45.6-63.9) 1.3Lopes et al., 2003

Fatores de risco para demênciademência

Regiõesdesenvolvida

s

Ásia África AL

Idade + + + +

Sexo Feminino + + ± ±

História fam. + + +

TCE + +

Genes (APOE) + + - ±

Analfabetismo + + + +

CCL ou CIND + + +

Moradia Urbana ± ± - +

Baixo nível socioecon. ± + +

Trab. Domésticos (ocup.)

- + ± +

Depressão + + + +

Doença vascular + + + ±

Dieta pobre em fibras ± + +

Tabagismo + + ±Kalaria et al. Lancet Neurology 2008; 7:812-826

Impacto da demência em diferentes regiões do mundodiferentes regiões do mundo

DALYs Custos 2005 (US$)

Total Por 100.000pessoas

Por 1.000 pessoasc/ Dem.

Diretos(bil.)

Cuidadoinformal

(bil.)

Doença(bil.)

Por paciente

Regiõesdesenvol.

4741 395 350 168,1 74,7 242,8 17964

Regiões em Regiões em desenvol.

Renda média 5597 107 354 42,3 30,3 72,6 4588

Renda baixa 422 57 363 0,8 1,0 1,8 1521

Kalaria et al. Lancet Neurology 2008; 7:812-826

Custos do paciente com demência no Brasil

• Avaliado grupo de 41 pacientes com demência e suas famílias com demência e suas famílias • Gastos chegam a comprometer

66% da renda familiar

- 75% para pacientes em estágio inicial

Custos do paciente com demência no Brasil

inicial- 62% em estágio avançado- 80% quando associada a outra

doença crônica

Veras et al. Rev Psiq Clin 2007; 34:5-12

Demência e Transtornos Cognitivos em São Paulo

• FIBGE 2000 – 10.426.384• ≥ 60 anos: 969.654 (9,3%) • ≥ 60 anos: 969.654 (9,3%) • n = 1.563 (taxa de resposta =

70%)

• Idade média = 71,46 ± 8,02 (60 – 102)

Demência e Transtornos Cognitivos em São Paulo

(60 – 102)• 68,7% mulheres • 58,3% até 4 anos de escolaridade

Prevalência de demência, CIND e outros transtornos neuropsiquiátricos em São neuropsiquiátricos em São

Paulo

6,8

12,9

4,9

8,3

16,2

4

6

8

10

12

14

16

18

Demência > 60

CIND

Outros trans. Neurop.

Demência > 65

1,6

0

2

4

Prevalência observada % Prevalência estimada %

n ≥ 60 anos = 1.563

n ≥ 65 anos = 1.186

Bottino et al. Dement Geriatr Cogn Disord 2008;26:291–299

Sens = 94,4% Esp = 70,6% VPP = 61,6% VPN = 96,2%

Frequência das causas de demência emde demência em

São Paulo e Ribeirão Preto

0,9

0,9

4,7

9,3

5,8

2,8

10,1

Demência por Corpos de Lewy

Demência na Doença de …

Demência alcóolica

Demência fronto-temporal

Demência não especificada

Lopes, Tese de Doutorado, FMUSP, 2006; Bottino et al. Dement Geriatr Cogn Disord 2008;26:291–299

59,8

15,9

8,4

0,9

44,9

20,2

15,9

Doença de Alzheimer

Demência Vascular

DA + DV

RP (n=69) SP (n=107)

Fatores associados à demência em São Paulo e demência em São Paulo e

Ribeirão Preto

São Paulo

• Idade ≥ 70 anos• Sem ed. formal• TCE• DM

Relação inversa

Rib. Preto

• Idade ≥ 75 anos• AVC• Epilepsia

Relação inversaRelação inversa• Tumor / câncer• Trabalho atual• Leitura

frequente de livros

Relação inversa• Artrite• Leitura

frequente de livros

Lopes, Tese de Doutorado, FMUSP, 2006; Bottino et al. Dement Geriatr Cogn Disord 2008;26:291–299

Prevalência de demência em SP e RP

• Prevalências elevadas de demência em SP e RPdemência em SP e RP• DA e DV são as causas de dem.

mais frequentes

• Necessário aumentar recursos destinados à atenção dos idosos

• Controle de doenças crônicas e

Prevalência de demência em SP e RP

• Controle de doenças crônicas e hábitos de vida saudáveis pode diminuir o impacto da demência nos próximos anos

Lopes, Tese de Doutorado, FMUSP, 2006; Bottino et al. Dement Geriatr Cogn Disord 2008;26:291–299

Fatores de risco/proteção para demênciapara demência

Fratiglioni et al. Lancet Neurology 2004; 3:343-53

Transtornos DepressivosTranstornos Depressivos

As 10 maiores causas de sobrecarga de doença no sobrecarga de doença no

mundo: 2004-2030

Unipolar depressive disorders 4.3 3

1 6.2 Unipolar depressive disorders

World Health Association, GBD Report Figures 2004

Prevalência de Depressão em Idosos na Comunidade

• Medline 1989 a 1996: 34 estudos• Taxas de prevalência variaram de • Taxas de prevalência variaram de

0,4 a 35%• De acordo com o nível

diagnóstico:

Depressão maior: 1,8%Depressão menor: 9,8%Síndromes depressivas

Prevalência de Depressão em Idosos na Comunidade

Síndromes depressivas clinicamente relevantes: 13,5%

Altas prevalências para mulheres e idosos vivendo em situações socioeconômicas adversas

Beekman et al. Br J Psychiatry 1999; 174:307-11

• Inst. de Longa Permanência:–Depressão Maior: 8 – 14%

Prevalência de Depressão em ambientes de tratamento

específicos

–Depressão Maior: 8 – 14%–Depressão Menor: 14 – 30%

• Hospitais para pacientes agudos:–Depressão Maior: 11 – 44%–Depressão Menor: 8 – 23%–“outras depressões”: 23%

Cuidados primários:‒ Depressão Maior: 6,5%

Prevalência de Depressão em ambientes de tratamento

específicos

‒ Depressão Maior: 6,5%‒ Depressão Menor: 5,2%

Sintomas depressivos e tr. depressivos em idosos depressivos em idosos

brasileiros na comunidade

Autores e ano

Local

Idade

n Instrumento (critério)

Prevalência de doença / síndrome %

Fatores Associados

Gazalle e cols, 2004

RGS 65+ 583 Escala p/ sintomas

dep.

27 – 73,9 Fem, ↑idade, ↓escol., sem trab.,

luto

Lebrão e Laurenti, 2005

SP 60+ 2.143 GDS-30 18,1 Fem, <idade

Batistoni e cols, 2007

MG 60+ 903 GDS-15CES-D

1533,8

Não avaliados

Xavier e cols, 2001

RGS 80+ 77 SCID (DSM-IV)

Depressão Depressão

menor

7,512,1

HAS,TAG, pscotrópicos

↓ QV

27 – 73,918,115

33,8

DepressãoDepressão

menorDistimia

DepressãoDistimia

7,512,1

4,53,21,6menor

Distimia 4,5↓ QV

Andrade e cols., 2002

SP 60+ 375 CIDI 1.1(CID-10)

DepressãoDistimia

3,21,6

Ev. de vida, morar só, falta de sup.

social, uso-dep. de álcool, tr. de ans.

Roriz-Cruz e cols, 2007

RGS 60+ 422 GDS-15/DSM-IV-TR

Depressão 17,1 Fem, S. Metab

Blay e cols, 2007

RGS 60+ 7.040 SPES Morbidade depressiva

22 <idade,<renda, rural, solt., dç clin, ↓AFs desempr., ↓AVD

Costa e cols, 2007

MG 75+ 392 SCAN(CID-10)

DepressãoDistimia

15,44,6

“saúde global comprometida”

(auto relato)

DistimiaDepressão

MorbilidadedepressivaDepressãoDistimia

1,617,122

15,4 4,6

Depressão e Mortalidade em Idosos

• Altas taxas de mortalidade em idosos deprimidos (homens) com problemas de saúde físicaproblemas de saúde física• Estudo AMSTEL: – síndromes depressivas maiores

aumentam o risco de morte em homens e mulheres

- a depressão leve aumentou o risco apenas em homens (ajustado para variáveis

Depressão e Mortalidade em Idosos

(ajustado para variáveis demográficas, doença física, declínio cognitivo e habilidades funcionais)

Schoevers et al. Br J Psychiatry 2000; 177:336-42; Koenig & Blazer, 2004

Tendência das taxas de suicídio no Brasil por sexo e suicídio no Brasil por sexo e

idade: 1980-2000

• Aumento de 21% nesse período (3,3 para 4,0 mortes/100.000)• Brasil: uma das menores taxas

mundiais de suicídio• Entre os 10 países com maior número

de mortes (± 6.000 por ano)

Sintomas depressivos clinicamente relevantes em clinicamente relevantes em

SP e RP

8

15

13

11,2

18,5

15,8

8

10

12

14

16

18

20

São Paulo (n=1.563)

0

2

4

6

8

Homens Mulheres Total

Ribeirão Preto (n=1.145)

Lopes, Tese de Doutorado, FMUSP, 2006;Barcelos-Ferreira R, Pinto Júnior JA, Nakano EY, Steffens DC, Litvoc J, Bottino CM.

Am J Geriatr Psychiatry, no prelo

D-10 ≥ 7

Depressão em idosos brasileiros

• Sintomas clinicamente relevantes e tr. depressivos em idosos brasileiros: prevalências elevadasbrasileiros: prevalências elevadas• Fatores associados: sexo fem.,

dças fis., comp. cognitivo e/ou funcional, depressão prévia, TAG, uso de psicot.

• Rastreio adequado e estratégias de prevenção podem reduzir a

Depressão em idosos brasileiros

de prevenção podem reduzir a prevalência no Brasil

Barcelos-Ferreira R, Pinto Júnior JA, Nakano EY, Steffens DC, Litvoc J, Bottino CM. Am J Geriatr Psychiatry, 2009

Depressão em idosos: tratamento e uso de

serviços

• 583 idosos de amostra comunitária em Pelotas: 76,6% comunitária em Pelotas: 76,6% não foram questionados sobre tristeza ou depressão em sua consulta médica prévia

Gazzale et al. Rev Bras Psiquiatr 2004; 26(3):145-9

• Sistema de saúde canadense: deprimidos idosos procuraram

Depressão em idosos: tratamento e uso de

serviços

deprimidos idosos procuraram menos serviços e profissionais de saúde mental

Crabb & Hunsley. J Clin Psychol 2006; 62: 299–312

• Cache County, EUA (n=4.559): dos idosos com depressão maior,

Depressão em idosos: tratamento e uso de

serviços

dos idosos com depressão maior, apenas 35,7% estavam tomando ATDs e 27,4% BDZs

Steffens et al. Arch Gen Psychiatry 2000; 57:601-7

Uso de psicotrópicos nos pacientes com tr. pacientes com tr.

depressivos em SP

n=65

60

70

80

90

100

24,6%20%

9,2%

0

10

20

30

40

50

60

Depressão / Distimia

Psicotrópicos BDZ ATD

Curso e Tratamento da Depressão em Idosos

• Taxas de recorrência são similares a pacientes adultos similares a pacientes adultos (85% cumulativo em 5 anos)• Tempo entre os episódios é mais

curto: mais recaídas e recorrências em 2 anos

• Metanálise com 32 estudos: sem diferenças na eficácia entre ATCs e ISRS

Curso e Tratamento da Depressão em Idosos

e ISRS• Algoritmo com 5 estágios

(STAGED): em 18 meses de tratamento, 88,6% dos pacientes responderam e 65,4% remitiram totalmente

Reynolds et al., 2001; Steffens et al., 2002; Mottram et al., Cochrane Database, 2006

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