coalizão ou cooptação entre os poderes?

Post on 15-Feb-2017

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Coalizão ou cooptação entre os Poderes?

“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo,

salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”

Winston Churchill A redemocratização brasileira, após anos de ditadura, conjuntamente com a promulgação da Constituição cidadã de 1998 escancarou alguns problemas da democracia nacional, que Sérgio Abranches convencionou intitular em artigo, “Presidencialismo de Coalizão: O Dilema Institucional Brasileiro”. No artigo Sérgio Abranches traça um conjunto de argumentos e fatos históricos demonstrando que o Poder Executivo Federal somente conseguiu estabilidade de suas administrações quando esteve em harmonia com o Congresso Nacional, o que hoje em dia transformamos no que convencionou-se chamar de base parlamentar de apoio. Sendo certo que essa base parlamentar é construída pela necessidade de formação de uma maioria parlamentar fulcrada em uma ampla coalizão de partidos, e também de ideologias ou falta delas, através da composição do corpo de Ministros e dos cargos de segundo e terceiro escalão. Todavia, a falta de propostas e ideologias claras tem levado a rearranjos no decorrer processo, de acordo com as conveniências do momento. Esse escopo fisiologista contrasta seriamente com o desígnio Constitucional encampado por Montesquieu, da Separação dos Poderes, para evitar, justamente, uma prevalência de determinado Poder em relação ao outro, através de um sistema de freios e contrapesos. Contudo, o que se tem visto é uma verdadeira cooptação do Legislativo pelo Executivo, cujo exemplo recente, de visibilidade nacional, foi o processo chamado de “mensalão” (onde a acusação e o julgamento se fundamentaram em um acordo feito, por meio do pagamento de valores públicos a parlamentares e partidos, para se formar uma maioria parlamentar). Infelizmente essa realidade tem também contaminado as gestões dos Estados e Municípios, cujos os primeiros sinais são: aumento do número dos cargos em comissão para elevar a quantidade de aliados; destinação de Secretarias a membros eleitos do Poder Legislativo com o intuito de utilização da máquina administrativa com fins estritamente eleitoreiros; divisão dos valores do cargo em comissão com mais de uma pessoa ou até mesmo nomeação de um laranja, com o retorno desses valores para satisfazer interesses privados; entre outras práticas. Precisamos combater essa realidade construindo desígnios legítimos dos cidadãos, perfazendo propostas, ideias e ideologias coletivamente, que serão aplicadas sem importar quem esteja no Governo, concretizando a impessoalidade, publicidade e eficiência, exigidas Constitucionalmente. Sabemos que a democracia não é perfeita, alerta feito por Winston Churchill “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de

tempos em tempos.” Todavia, precisamos combater seus equívocos afastando, através do voto, aqueles que teimam em praticá-la. Allan Titonelli Nunes é Procurador da Fazenda Nacional, Especialista em Administração Pública pela FGV, Ex-Presidente do Forvm Nacional da Advocacia Pública Federal e do Sinprofaz e membro fundador da Abradep.

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