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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL
KAREN LOUISIANE FERREIRA RAULINO
A PERCEPÇÃO DOS/AS IDODOS/AS SOBRE O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
DO MUNICÍPIO DE CAPISTRANO-CEARÁ: OLHARES DOS PARTICIPANTES DO
GRUPO BELA IDADE
FORTALEZA
2014
KAREN LOUISIANE FERREIRA RAULINO
A PERCEPÇÃO DOS/AS IDODOS/AS SOBRE O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
DO MUNICÍPIO DE CAPISTRANO-CEARÁ: OLHARES DOS PARTICIPANTES DO
GRUPO BELA IDADE
Monografia submetida à aprovação do Curso de
Serviço Social do Centro de Ensino Superior do
Ceará Faculdade Cearense - FaC, como requisito
parcial para obtenção do grau de Graduação.
Orientadora: Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante
Albuquerque Vasconcelos
FORTALEZA
2014
KAREN LOUISIANE FEREIRA RAULINO
A PERCEPÇÃO DOS/AS IDODOS/AS SOBRE O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
DO MUNICÍPIO DE CAPISTRANO-CEARÁ: OLHARES DOS PARTICIPANTES DO
GRUPO BELA IDADE
Monografia apresentada como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharelado em Serviço
Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC,
tendo sido aprovada pela banca examinadora
composta pelos professores.
Data de aprovação: ____/ ____/____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Professora Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos
___________________________________________________________
Professor Dr. Emanuel Bruno Lopes de Sousa
____________________________________________________________
Professora Esp. Verbena Paula Sandy
Dedico primeiramente a Deus, aos meus pais José
Airton e Célia, e a razão do meu viver, minha filha
Maria Cecília.
AGRADECIMENTOS
Querido Deus, te agradeço primeiramente por ter me sustentado, me fortalecido a
cada dia. Obrigada pela sabedoria e coragem.
Ao meu lindo, maravilhoso PAI José Airton, que durante quatro anos me
incentivou e com seu amor me ajudou em cada segundo dessa formação.
A minha rainha, minha MÃE Célia Raulino que me aconselhou e cuidou da minha
filha na minha ausência, que todos os dias me ensinou o caminho certo a seguir, me deu muito
amor nos meus momentos de aflição, nenhuma palavra seria suficiente para demostrar
tamanho amor por ti.
A minha querida amiga, orientadora Talitta Albuquerque pela dedicação,
compromisso, experiência, amizade e sabedoria. Pela paciência nas orientações е incentivo,
que tornaram possível а conclusão desta monografia. Suas contribuições enriqueceram meu
trabalho, você fez desse momento o melhor. Muito obrigada!
No decorrer desses quatro anos de formação conheci pessoas incríveis e pretendo
levá-las pelo resto da minha vida, são elas as minhas queridas Ana Kelly Lima, Clesciania
Freitas, Jamylly Maciel, Lorena Maria Cordeiro, Mayara Rodrigues, Daiane Faustino e
Sumara Frota. Obrigada pelos incentivos, discussões e experiências.
As minhas amigas Janis Mary e Rabelli Martins. Ao meu querido compadre e
melhor amigo Gabriel Sales, por me escutarem nos momentos de angustia.
A minha querida prima-irmã e amiga Joélia Maria que esteve ao meu lado, nos
melhores e piores momentos, muitas lágrimas e sorrisos foram arrancados de mim quando eu
menos esperava. Muito obrigada.
A Suelem Noronha, Gisele Castro, Rodrigo Ferreira e Aline Brasil que me
acompanharam nessa caminhada, jamais os esquecerei. Obrigada!
Agradeço a todos os professores que colaboraram com meu
conhecimento e formação acadêmica.
À banca examinadora deste trabalhão - Professora Esp. Verbena Paula Sandy e
Professor Dr. Emanuel Bruno Lopes de Sousa, que prontamente aceitaram meu convite para
fazer desse momento único e especial. Muito obrigada!
Aos idosos/as, sujeitos dessa pesquisa, que partilharam suas vivências e tornarem
possível a realização desta. E a equipe do CRAS de Capistrano pelo apoio e ajuda.
“A velhice é a paródia da vida.”
Simone de Beauvoir
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo geral conhecer e refletir sobre
o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos da assistência social voltado para os
idosos do município de Capistrano-Ce; tendo como objetivos específicos investigar se os
idosos usuários do serviço de convivência conhecem os marcos legais voltados a defesa de
seus direitos, a exemplo da PNI e Estatuto do Idoso; observar se existe transversalidade entre
a política de assistência social e as demais políticas públicas em defesa da pessoa idosa no
município de Capistrano-Ce e ainda refletir sobre a atuação do profissional de Serviço Social
em defesa dos direitos da pessoa idosa, especificamente os direitos dos usuários do CRAS
sede Capistrano. Desta maneira, foi utilizada abordagem qualitativa, realizando pesquisa
bibliográfica, documental e de campo, que foi realizada com sete participantes do Grupo Bela
Idade, do CRAS sede. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram observação participante
através dos diários de campo e entrevistas semi-estruturada. A materialização desta
investigação se deu em três capítulos, sendo o primeiro os aspectos metodológicos da
pesquisa; o segundo, a discussão sobre velhice e o terceiro capítulo, a apresentação da política
de assistência social, onde é situada a pesquisa de campo realizada. Como resultados podemos
apontar para a necessidade de ampliar as discussões sobre os direitos e deveres da população,
sendo um desafios dos trabalhadores da assistência social, incluindo os/as assistentes sociais,
a construção de estratégias visando instrumentalizar seus usuários, pois assim os idosos
poderão compreender a importância do serviço de convivência de fortalecimento de vínculos
para além de atividades voltadas a socialização, a exemplo do forró da terceira idade.
Palavras – chaves: Velhice, Idoso e Assistência Social.
ABSTRACT
This Labor Completion of course has the general objective to meet and reflect on the service
of coexistence and strengthening the links of social assistance targeted to the elderly in
Capistrano-Ce; as having specific objectives are to investigate the elderly service users know
the coexistence of facing defending their rights legal frameworks, such as the PNI and the
Elderly; observe if there transversality between social welfare policy and other public policies
in defense of elder in the town of Capistrano-Ce and still reflect on the role of Social Service
professional in defending the rights of the elderly, specifically the rights of users the CRAS
seat Capistrano. Thus, we used a qualitative approach by conducting bibliographic,
documentary and field research, which was conducted with seven participants Beautiful Age
Group, headquartered CRAS. The data collection techniques used were simple observation
and semi-structured interviews. The realization of this research took place in three chapters,
the first being the methodological aspects of the research; the second, the discussion about old
age and the third chapter, the presentation of social assistance policy, where field research is
situated. How can results point to the need to broaden the discussion on the rights and duties
of the population, one of the challenges of social care workers, including / social workers,
building strategies to equip its users, as well as the elderly can understand the importance of
the coexistence of strengthening ties service beyond activities related to socialization, such as
the forró the elderly.
Keywords: Aging, Elderly and Social Assistance.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BPC- Benefício de Prestação Continuada
CEDI-CE-Conselho Estadual dos Direitos do Idoso
CF - Constituição Federal
CNDI- Conselho Nacional dos Direitos do Idoso
CRAS- Centro de Referência de Assistência Social
CREAS- Centro de Referência Especializada da Assistência Social
DOE- Diário Oficial do Estado
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LBA- Legião Brasileira de Assistência
LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social
MDS- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome
MPAS- Ministério da Previdência e Assistência Social
NOB- Normal Operacional Básica da Assistência
NOB-RH- Norma Operacional Básica de Recursos Humanos
OMS- Organização Mundial de Saúde
ONU- Organização das Nações Unidas
SCFV- Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SDH/PR- Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica
STDS- Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social
SUAS- O Sistema Único de Assistência Social
SUS - Sistema Único de Saúde
PAIF- Proteção e Atendimento Integral ás Famílias
PNAS- Política Nacional de Assistência Social
PNI- Política Nacional do Idoso
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................. p. 12
1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA.................................................. p. 16
1.1 Aproximação com o objeto investigado e delimitação do campo da pesquisa............ p.16
1.2 Especificidades da pesquisa......................................................................................... p. 19
1.3 Breve perfil dos entrevistados...................................................................................... p. 21
2 DISCUTINDO A CATEGORIA VELHICE............................................................
2.1 A velhice: estigmas e expressões atuais .....................................................................
2.2 Os marcos legais de defesa da pessoa idosa no Brasil ...............................................
3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E A GARANTIA DOS DIREITOS DA PESSOA
IDOSA................................................................................................................................
3.1 Breve histórico da assistência social no Brasil ...........................................................
3.2 A pesquisa de campo: Os idosos do grupo Bela Idade e suas percepções sobre a
assistência social ................................................................................................................
p. 24
p.24
p. 30
p.34
p.34
p. 40
CONSIDERAÇÕE FINAIS............................................................................................. p.46
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. p.48
APÊNDICES..................................................................................................................... p.51
12
INTRODUÇÃO
Essa produção monográfica intitulada A percepção dos/as idosos/as sobre o
serviço de convivência e fortalecimento de vínculos da política de assistência social no
município de Capistrano-Ceará: olhares dos participantes do Grupo Bela Idade surgiu a
partir de nossa inclusão no estágio supervisionado na Secretaria do Trabalho e
Desenvolvimento Social do município de Capistrano-Ceará, onde vivenciamos nosso primeiro
contato com a prática profissional do/a assistente social, no início de 2012.
Ao longo do estágio supervisionado foi despertado nosso interesse de
investigarmos a atuação dos/as assistentes sociais nos Centros de Referência de Assistência
Social (CRAS), mais especificamente no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos
da pessoa idosa, do município supracitado, especificamente com o Grupo Bela Idade. A
experiência de estágio, inicialmente, nos provocou inquietação para refletir se as estratégias
utilizadas pelos profissionais da assistência social, dentre esses - os/as assistentes sociais,
contribuem, de forma efetiva, para a garantia de direitos da pessoa idosa. Ainda, com o passar
dos meses, convivendo com os/as idosos/as que são atendidos no CRAS-sede, pude observar
que muitos desses ainda são leigos em relação aos seus direitos e a partir daí ampliamos nosso
interesse pelo assunto; fatos que motivaram a materialização desta pesquisa.
Referenciando pesquisas feitas em relação à pessoa idosa no Brasil, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a população idosa no Brasil cresceu
55% em dez anos, revelando o estudo que esse percentual de brasileiros com 60 anos ou mais
significa que a terceira idade passou de 15,5 para 23,5 milhões de pessoas em dez anos e
assim a população idosa passou a representar cerca de 12% da população total do país, que é
de aproximadamente 195 milhões de pessoas. (IBGE, 2012). A pesquisa retrata que a
população brasileira está envelhecendo mais, fator que gera a necessidade de ampliação de
políticas públicas voltadas à efetivação dos direitos desse segmento.
Assim, podemos pensar que os dados supramencionados apontam também os
avanços legais que nas últimas duas décadas o Brasil teve com relação ao segmento idoso.
Dentre esses mecanismos de garantia dos direitos podemos citar a Política Nacional do Idoso
- PNI (1994) e o Estatuto do Idoso (2003), que possuem transversalidade com todas as
políticas públicas, dentre elas a política de assistência social.
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A Política Nacional do Idoso (PNI), lei 8.842, foi aprovada em 4 de janeiro de
1994, sendo a primeira lei brasileira específica para a população idosa, estando em
consonância com as diretrizes da Constituição Federal de 1988 e possuindo forte influência
dos debates internacionais sobre a questão do envelhecimento que à época vinham se
ampliando. (COSTA et al, 2009). Segundo essa política
Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais
do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade. Art. 4º Constituem diretrizes da política nacional
do idoso: I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e
convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; II -
participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação,
implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem
desenvolvidos;
Outro avanço da defesa dos direitos dos/as idosos/as a considerarmos, também
datado da década de 1990, se expressa nos objetivos da política de assistência social, por meio
da Lei 8.742/93, que sofreu modificações em 2011, com a Lei nº 12.435, que alterou seu Art.
2º , estabelecendo que a assistência social objetiva:
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção
da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à maternidade, à
infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes
carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e
reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa
com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família;
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade
protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de
vitimizações e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto
das provisões socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de
forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de
condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos
direitos sociais.
Diante do exposto, percebemos que desde anos 1990 se desenha no país os
aparatos legais que garantem os direitos da pessoa idosa e sendo assim, investigar como a
materialização desses direitos vem sendo efetivada atualmente dentro da política de
assistência social no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), especificamente
14
no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo da Pessoa Idosa, justifica a
importância científica de concretizar essa pesquisa, que foi realizada no Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS) Padre Bernardo Bourassa, localizado na Rua Antônio
Fernandes Bezerra, na cidade de Capistrano-CE; município situado a 100 quilômetros de
Fortaleza, na região do Maciço de Baturité.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública
estatal descentralizada da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), tendo natureza
capilar nos territórios e sendo responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção
Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social. (PNAS, 2004). Assim, essa
pesquisa foi realizada com os idosos participantes do grupo Bela Idade, serviço de
convivência do equipamento do município supramencionado.
Para nortearmos esta investigação, formulamos alguns questionamentos sobre o
objeto investigado, que foram: Qual a percepção dos idosos atendidos pelo CRAS no Grupo
Bela Idade sobre os seus direitos? Quais as percepções que os idosos do município de
Capistrano-Ceará tem sobre seus direitos? Como a política de assistência social vem
garantindo os direitos dos idosos nesse município e o que precisa ser melhorado no serviço de
convivência e fortalecimento de vínculos voltado à pessoa idosa?
Com isso, podemos dizer que o objetivo geral desse trabalho foi conhecer e
refletir sobre o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos da assistência social
voltado para os idosos do município de Capistrano-Ce; tendo como objetivos específicos
investigar se os idosos usuários do serviço de convivência conhecem os marcos legais
voltados a defesa de seus direitos, a exemplo da PNI e Estatuto do Idoso; observar se existe
transversalidade entre a política de assistência social e as demais políticas públicas em defesa
da pessoa idosa no município de Capistrano-Ce.
Para tanto, estruturamos esta pesquisa em três capítulos, onde trazemos no
primeiro capítulo seus aspectos metodológicos, as especificidades deste estudo e o perfil dos
sujeitos entrevistados. No segundo capítulo fazemos uma breve discussão sobre velhice e
marcos legais que alicerçam os direitos da pessoa idosa e por fim no terceiro capítulo
abordamos a política de assistência social, trazendo os dados coletados na pesquisa de campo
realizada com o Grupo Bela Idade. Com este trabalho acadêmico pretendemos refletir sobre a
efetivação dos direitos da pessoa idosa, situando a atuação do/a Assistente Social nessa luta,
esperando que estas reflexões contribuam para as discussões realizadas sobre o tema.
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Por fim, almejamos contribuir para as reflexões acerca dos desafios que se lançam
ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da pessoa idosa na luta pela garantia
dos defesa desse segmento e, sobretudo, para a consolidação da assistência social como
direito do cidadão e dever do Estado.
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1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Este capítulo trará ao leitor aproximação com nossa delimitação do objeto
investigado e campo de pesquisa, mostrando traços da metodologia adotada, além de
apresentarmos perfil dos sujeitos dessa investigação.
1.1 Aproximação com o objeto investigado e delimitação do campo da pesquisa
Conforme referenciado na introdução deste trabalho, nosso interesse pela temática
em relação ao idoso surgiu muito cedo quando ainda morávamos na Cidade de Capistrano-Ceará
e decidimos então residir em Fortaleza para cursar a graduação em Serviço Social na Faculdade
Cearense, no ano de 2010. Durante o primeiro semestre descobrimos na matriz curricular do
Curso de Serviço Social a disciplina de estágio obrigatório e, então, visualizamos a oportunidade
de estagiar na nossa cidade natal, ficando mais próximo do objeto de estudo que despertava nosso
interesse, antes mesmo de cursar o ensino superior que era o trabalho social com idosos realizado
no Grupo Bela Idade, do CRAS daquele município.
Então, ao chegarmos no 5º semestre da Faculdade, no ano de 2012, durante a
disciplina de Estágio Supervisionado I, tivemos a oportunidade de estagiar no CRAS de
Capistrano e fomos então alimentando nosso referencial teórico sobre o tema. Durante um ano e
meio que estagiamos no CRAS, participamos ativamente das ações que o Serviço Social
executava no equipamento e no Estágio II, deliberamos pesquisar sobre a atuação do Serviço
Social no equipamento devido a uma maior aproximação proporcionada pelo estágio.
Ainda, essa pesquisa teve também como aspecto motivador o fato de participarmos
das atividades do Grupo Bela Idade, o que aumentou nossa paixão pela pesquisa com idosos e
por incentivo da supervisora de campo decidimos nos engajar mais ativamente em suas
atividades para conhecermos o olhar de cada usuário/a em relação a seus direitos e em relação a
vivência deles na sociedade. Nesse momento tentamos identificar durante o percurso de estágio
se as estratégias utilizadas no grupo pelos profissionais contribuíam, de forma efetiva, para o
conhecimento da garantia de direitos e o fortalecimento dos mesmos. Mas, com o passar do
tempo, observando a realidade dos idosos e convivendo de perto com os mesmos, pudemos
perceber que muitos idosos/as atendidos/as pelo CRAS Capistrano eram leigos em relação a seus
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direitos e diante dessa afirmação decidimos então realizar uma pesquisa refletindo sobre o
assunto. Assim, como pode ser deduzido, o campo estratégico desta pesquisa é o CRAS sede
Capistrano.
Sobre o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) precisamos destacar que
este é uma unidade pública estatal descentralizada da Política Nacional de Assistência Social
(PNAS), que atua como a principal porta de entrada do Sistema Único de Assistência Social
(Suas), dada sua capilaridade nos territórios, sendo responsável pela organização e oferta de
serviços da Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social. (BRASIL, 2004)
Segundo a Norma Operacional Básica NOB/SUAS (2005) o CRAS é uma unidade
pública que deve conter uma equipe mínima, composta de um coordenador, cujo perfil é: técnico
de nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas,
projetos, serviços e benefícios socioassistenciais. A equipe de referência do CRAS deve ser
selecionada por meio de concurso público ou processo seletivo, regidos pelos critérios da
transparência e impessoalidade, de forma a garantir que a execução dos serviços e ações nele
prestados estejam alicerçados na continuidade, eficácia e efetividade dos programas, serviços e
projetos. (MDS, 2012)
Assim, de acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS
– NOB-RH/ SUAS, a composição da equipe mínima de referência que trabalha no CRAS para a
prestação de serviços e execução das ações no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios é
a seguinte:
1) Municípios de Pequeno Porte I – Até 2.500 famílias referenciadas: 2 técnicos de
nível superior, sendo 1 assistente social e outro, preferencialmente, psicólogo; 2
técnicos de nível médio.
2) Municípios de Pequeno Porte II – Até 3.500 famílias referenciadas: 3 técnicos de
nível superior, sendo 2 assistentes sociais e, preferencialmente, 1 psicólogo; 3 técnicos
de nível médio.
3) Municípios de Médio, Grande, Metrópole e Distrito Federal - a cada 5.000 famílias
referenciadas: 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo e 1
profissional que compõe o SUAS; 4 técnicos de nível médio. (NOB – RH/ SUAS, 2006)
Além de ofertar serviços e ações de proteção social básica, o CRAS possui a função de
gestão territorial da rede de assistência social básica, promovendo a organização e a articulação
das unidades a ele referenciadas e o gerenciamento dos processos nele envolvidos. A equipe de
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referência do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é responsável pela gestão
territorial da proteção básica, organização dos serviços ofertados e pela oferta do Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF). (MDS, 2012).
Assim, o CRAS Padre Bernardo Bourassa, campo desta pesquisa, conforme já
apontado está situado à Rua Antônia Fernandes s/n – Município de Capistrano-Ceará; tendo sido
fundado no dia 30/09/2009, estando esse equipamento vinculado a Prefeitura Municipal -
Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS. Neste são desenvolvidos o PAIF
(Serviço de Atendimento Integral às Famílias) e também o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos. O público alvo desses serviços são as famílias em situação de
vulnerabilidade social, especialmente as beneficiárias do Programa Bolsa Família e do Benefício
de Prestação Continuada (BPC). Seu funcionamento ocorre de segunda à sexta, das 8h ao 12h e
das 13h às 17:00 h. Para ser atendido no CRAS é preciso levar um documento de identificação e
um documento que provem que todas as pessoas que serão beneficiadas pelos serviços ofertados
moram na mesma residência.
A cidade de Capistrano fica localizado no maciço de Baturité, a 100 quilômetros de
Fortaleza, Sua população estimada em 2013 é de 18.000 mil habitantes. O topônimo Capistrano é
uma alusão ao historiador João Capistrano Honório de Abreu. Sua denominação original era
Ribeira do Riachão em 1933 Capistrano de Abreu. Possui um CREAS, um CRAS sede e um
CRAS rural. No município de Capistrano mais de 300 famílias são acompanhadas mensalmente
pela equipes de Referencia dos CRAS.
As atividades desenvolvidas pelo CRAS de Capistrano são:
Acolhida
Atendimento Psicossocial
Inclusão das Famílias no PAIF
Inclusão de crianças, adolescentes e idosos no serviço de convivência
Encaminhamento para o Cadastro Único
Busca Ativa
Campanhas socioeducativas
Articulação Intersetorial
Visitas domiciliares
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Palestras e Oficinas
Encaminhamentos para cursos profissionalizantes entre outros serviços.
Tem como missão é proporcionar com uma politica de Desenvolvimento Social e
trabalho, ações capazes de gerar a inclusão social, a proteção á família, aos indivíduos e os
grupos , especialmente aqueles socialmente vulneráveis.
A equipe técnica do CRAS de Capistrano é composta de uma assistente social,
trabalhadora concursada, um psicólogo, dois orientadores sociais, um auxiliar administrativo e
um auxiliar de serviços gerais esses demais são todos terceirizado. Dos grupos existentes no
CRAS iremos focar o serviço de convivência e fortalecimento de vínculo da pessoa idosa, no
caso o Grupo Bela Idade, que foi criado em Maio de 2005 com a Banda Kacia e o Grupo
Sensação.
Atualmente o grupo é composto de 250 idosos/as participantes, estando dividido nas
localidades Pesqueiro, Manga, Boqueirão, Marmoré e Carqueija, além da sede - que contabiliza
60 idosos/as. Uma vez por mês todo o grupo é reunido para momento de socialização, ocorrendo
o encontro na sede do município. Vale ressaltar que ainda se faz presente a realização de
momentos de integração (forró) que historicamente perpassa o cotidiano de alguns grupos de
convivência da pessoa idosa, considerando ser esta uma demanda dos próprios usuários, difícil
de ser rompida, embora saibamos não ser esta a proposta desse serviço da política de assistência
social. Além do forró, todos os meses é realizado um café da manhã com esses 250 idosos, que
também participam de oficinas de artesanatos, palestras, dentre outras atividades, mas
gostaríamos de destacar que observamos que a maior participação dos usuários ocorre no forró,
pois muitos apontaram que o momento que lhes proporciona alegria e convivência mais próxima
com os demais participantes.
1. 2 Especificidades da Pesquisa
Levando em conta os aspectos referidos no tópico anterior, a pesquisa tem como
base uma abordagem qualitativa, pois, segundo Minayo (2010) essa responde a questões muito
particulares [...], ou seja, ela trabalha com o universo de significados, dos motivos, das
aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.
20
Corroborando com a reflexão anterior, Martinelli retrata que:
No que se refere às pesquisas qualitativas, é indispensável ter presente que, muito mais
do que descrever um objeto, buscam conhecer trajetórias de vida, experiências sociais
dos sujeitos, o que exige uma grande disponibilidade do pesquisador um real interesse
em vivenciar a experiência da pesquisa. (MARTINELLI, 1999, p. 25).
Uma vez que nossa finalidade é compreender e perceber a visão dos/as idosos/as ante
a condição de garantia de direitos, bem como a reflexão deles em relação ao conhecimento de tais
direitos em seu cotidiano, outra pesquisa que não seja a qualitativa, não ofereceria requisitos para
entrar na esfera do universo de valores e de direitos, dos significados por não permitirem à
mensuração dos dados que queremos obter.
Inicialmente a investigação veio a ser delineada através de um levantamento
bibliográfico para organizarmos as fontes necessárias disponíveis para o delineamento desta
pesquisa, valendo ressaltar que desde a experiência do estágio supervisionado estamos
alimentando nosso referencial teórico sobre o tema. Diante do exposto, Gil (2002) nos afirma
que a vantagem de fazer uma pesquisa bibliográfica é que este
[...] reside no fato de permitir ao investigador a descoberta de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente [...] a pesquisa
bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. (GIL, 2002, p. 45).
Para isso, recorremos a livros, artigos, documentos eletrônicos e documentos
científicos, como monografias, cartilhas e boletins informativos disponíveis na Instituição, que
contemplam informações disponibilizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate a Fome (MDS) e demais órgãos governamentais. Juntamente com o levantamento
bibliográfico utilizamos a pesquisa documental para uma aproximação maior em relação ao tema;
pesquisa que Cervo descreve como sendo aquela
[...] onde são investigados documentos com o propósito de descrever e comparar usos e
costumes, tendências, diferenças e outras características. As bases documentais
permitem estudar tanto a realidade presente como o passado, com a pesquisa histórica.
(CERVO, 2007, p.62).
A justificativa na escolha da pesquisa documental foi devido ao acesso a documentos
da instituição, relatórios e leis disponíveis, a exemplo da LOAS, PNAS e NOB/SUAS e outros
marcos que orientam a atuação profissional nos CRAS; todos sendo importantes instrumentos de
21
análise para esta pesquisa.
Concomitante a essa investigação foi realizada uma pesquisa de campo, considerando
que como aponta Gil “no estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho
pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma
experiência direta com a situação de estudo.” (GIL, 2002, p. 53). Esta pesquisa decorre do
contato direito com o objeto de estudo.
Como técnica de coleta de dados utilizamos a entrevista tipo semi-estruturada que
segundo Minayo (2010) “[...] é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores,
realizada por iniciativa do entrevistador.” (p. 64) e que ainda para Triviños (1987) a “entrevista
semiestruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e
hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa” (p.146)
Ainda, é importante mencionarmos que a pesquisa de campo também foi realizada
através da observação participante, caracterizada pela participação real do pesquisador com a
comunidade ou grupo a observação participante ocorreu através dos diários de campo e dos
encontros nos grupos de forró tudo registrado através do diário e das imagens através das fotos.
De acordo com Mann (1996) a observação participante é uma tentativa de colocar o observador e
o observado do mesmo lado, tornando-se o observador um membro do grupo de modo que
vivem e trabalham dentro do sistema. A escolha dessa técnica se deu em virtude de nossa
identificação com o grupo nos períodos de estágio obrigatório, conforme anteriormente
mencionado. Ressaltamos que entre os meses de janeiro e junho realizamos diversas visitas as
atividades realizadas com o Grupo Bela Idade, de forma a facilitar nosso contato e observações
sobre os sujeitos da pesquisa.
Levando em conta todas essas afirmações no tópico a seguir faremos menção ao
perfil de todos os/as entrevistados/as.
1.3 Breve perfil dos entrevistados
Caracterizamos aqui breve perfil dos/as idosos/as entrevistados/as desta pesquisa,
que foram 07 (sete) participantes do Grupo Bela Idade do CRAS sede Capistrano.
Ressaltamos que a trajetória que marca da realização dessas entrevistas foi
22
desafiadora, pois muitos idosos que compõem o grupo Bela Idade não queriam dar entrevistas,
por acharem que o conteúdo que seria perguntado não era de confiança, iria expor situações que
os mesmos desejariam não compartilhar sobre seu processo de velhice mesmo diante do fato de
sermos presentes às reuniões e atividades do grupo. Para abordagem dos sujeitos da pesquisa a
ajuda de nosso genitor foi de extrema importância, pois o mesmo é pessoa bastante conhecida e
respeitada no município e assim os idosos se sentiram seguros e mais confortáveis para
participarem prestarem informações, diferentemente do ar de desconfiança que eles tinham
quando inicialmente os abordamos. Assim, para resguardar o sigilo em relação ao nome dos/as
idoso/as seus nomes serão substituídos pelas letras do alfabeto – de A a G.
Idoso A
Possui 71 anos, é viúva, possui 10 filhos, mora sozinha e relata que "os filhos foram
todos embora e deixaram-na sozinha". Possui uma renda de dois salários mínimos e é com essa
renda que sobrevive, tendo sido aposentada como agricultora. Segundo declarou, sabe ler e
escrever, mas pouco estudou, somente até antiga sétima série, que atualmente corresponde ao 8º
ano do ensino fundamental.
Idoso B
Possui 70 anos, é casado e tem 05 filhos, somente 02 filhos ainda residem com o
mesmo e sua esposa. Recebe mensalmente um salário mínimo. É agricultor e não sabe ler e nem
escrever.
Idoso C
Possui 60 anos, é viúva, tem 13 filhos, mas mora somente com seu filho caçula. O
sustento da casa é garantido pela renda de um salário, fruto de sua aposentadoria como
agricultora. Sabe somente escrever o seu nome e não sabe ler.
Idoso D
Possui 69 anos, é casada, tem dois filhos, que residem com ela e o esposo. Não possui
renda própria, pois nunca trabalhou. A renda familiar advém de um salário mínimo do esposo,
que é Gari. Sabe ler e escrever e fez até a oitava série, correspondente atualmente ao 9º ano do
Ensino Fundamental.
23
Idoso E
Possui 69 anos, é viúva, tem seis filhos e reside com apenas com três deles. Ganha por
mês dois salários mínimos, por ser aposentada como agricultora. Sabe ler e escrever pouco e não
recorda até que ano escolar cursou.
Idoso F
Possui 59 anos, é separada e tem cinco filhos. Na sua casa moram ela e dois filhos. A
renda da família equivale a dois salários mínimos, advindos da sua aposentadoria, mas na
entrevista não especificou qual era a sua profissão. Sabe ler e escrever pouco.
Idoso G
Possui 60 anos, é casada e tem dois filhos. Reside com o esposo e filhos. É aposentada
como agricultora ganha dois salários mínimos. Sabe ler e escrever e cursou até a oitava série (9º
ano do atual ensino fundamental)
A seguir, discutiremos a categoria velhice e apresentaremos os marcos legais de defesa
dos direitos da pessoa idosa no Brasil.
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2 DISCUTINDO A CATEGORIA VELHICE
Neste capítulo trazemos breve discussão sobre uma das principais categorias deste
estudo que é a categoria velhice, apresentando posteriormente os marcos legais de defesa da
pessoa idosa no Brasil, construídos a partir dos anos 1990.
2.1 A velhice: estigmas e expressões atuais
Mascaro (1997) inicia a pergunta ao leitor em seu livro intitulado “o que é velhice”,
que idade a velhice começa, refletindo que determinar a idade em que uma pessoa pode ser
considerada idosa é uma tarefa difícil, pois num determinado momento histórico, numa dada
sociedade e em diferentes situações sociais, uma pessoa pode ser considerada idosa aos 70 anos,
aos 60 anos, ou até mesmo aos 40 anos. No Brasil, a Lei nº 10.741, mais conhecida como
Estatuto do Idoso, teve sua aprovação no ano de 2003, considerando a pessoa idosa aquela com
idade igual ou superior a 60 anos.
Podemos considerar a idade como um número de anos de alguém ou de algo.
Segundo o dicionário Aurélio a idade é uma duração ordinária da vida; fase, tempo ou época da
vida. Isto caracterizando a interpretação puramente filológica da língua portuguesa.
Mas, segundo Antero (2003), a idade significa muito além do que os anos vividos
registrados nos documentos, significando a reunião dos seguintes elementos:
Número de anos vividos com muitos momentos que ficaram registrados na nossa mente,
na lembrança de outro e nos elementos de registros de vida. Reunião de elemento
cronológico com modificações, desenvolvimentos, envelhecimento de elementos
biológicos e com mudanças de nossas manifestações. Desenvolvimento de nosso espirito
aqui entendido como conjunto de princípios e sentimentos que regem e caracterizam as
dimensões de cada pessoa: a solidariedade, amizade, liberdade, compromissos, valores e
etc.(ANTERO, 2003, p.62).
Assim, à luz do pensamento do autor supracitado o envelhecimento é o processo de
continuidade da vida deste a concepção até a morte – ou seja, ao nascermos já estamos
caminhando nesse processo; já a velhice é a última fase da nossa vida e que não tem “data de
inicio completamente definida para todos os humanos e que, portanto, varia muito entre as
pessoas e nas diferentes sociedades humanas.” (ANTERO, 2003, p.62). Segundo Beauvoir
(1990) o envelhecimento faz parte da vida, não sendo sinônimo de velhice, como afirma:
O envelhecimento não é a velhice, como uma viagem não se reduz a uma etapa. O
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envelhecimento é um processo irreversível, que se inscreve no tempo. Começa com o
nascimento e acaba na destruição do individuo. A palavra envelhecimento começa pela
palavra vida. Os significados são inseparáveis, salvo se congelarmos o tempo ou se
viajarmos ao volante de uma máquina que nos permita retroceder nele, como nos
convida a fazer a ficção cientifica, através do escritos dos romancistas. Envelhecemos
como vivemos [...] não vivemos mais quando envelhecemos e que só os velhos
envelhecem. (BEVAUOIR, 1990, p.17).
Compreendendo, para Neri (2001) “[...] os processos de transformações do
organismo que ocorrem após a maturação sexual e implicam a diminuição gradual da
probabilidade de sobrevivência.” (p. 49).
Nessa linha, Almeida (2003) levanta diversos questionamentos acerca da velhice e
afirma não ser tarefa da antropologia responder normativamente a esta questão; cabe-lhe, porém,
como ciência interpretativa, identificar e analisar as noções sobre velhice que são delimitadas no
universo social e cultural. Almeida como antropólogo levanta essa questão que a ciência tanto
antropológica, tanto como sabemos gerontologia cabe-lhe descrever o perfil da velhice em
relação ao universo social, desta forma entenderemos seu processo. Nas palavras de Almeida:
À velhice, como categoria social, destina-se um tempo e um espaço próprios: seu tempo
é o passado (“no meu tempo...!”), seu lugar, seus espaços da intimidade e privacidade,
refúgio dos aposentos. Há, na modernidade, uma incompatibilidade entre velhice,
presente e futuro, entre velhice e espaços público, exceto quando esse último for à praça
ou o jardim, sinônimos de ociosidade e de “ver” o tempo passar. (ALMEIDA, 2003,
p.45).
Desta maneira, o conceito de velhice envolve inúmeras dimensões, entre as quais se
destaca a biológica, a cronológica, a social, a demográfica, a econômica, a cultural, a
psicológica, a ideológica e a política. A Organização Mundial de Saúde (2010), baseada na idade
cronológica, define o idoso como a pessoa inicialmente aos 65 anos, nos países desenvolvidos e
aquela que possui 60 anos nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Refletindo sobre a idade cronológica, biológica, social e psicológica Schneider e
Irigary (2008) pontuam que:
A idade cronológica mensura a passagem do tempo decorrido em dias, meses e
anos desde nascimento, é um dos meios mais usuais e simples de se obter informações sobre uma
pessoa.
A idade biológica é definida pelas modificações corporais e mentais que ocorrem
26
ao longo do processo de desenvolvimento e caracterizam o processo de envelhecimento humano.
A idade social é definida pela obtenção de hábitos e status social pelo individuo
para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua
idade, em sua cultura e em seu grupo social.
A idade psicológica tem um conceito que pode ser usado em dois sentidos. Um se
refere a relação que existe entre a idade cronológica e às capacidades psicológicas, tais como
percepção, aprendizagem e memória, as quais pronunciam o potencial de funcionamento futuro
do individuo.
Ao refletirmos sobre a dualidade entre o que é ser jovem e o que é ser velho e
tomando como base o pensamento de autores Barros e Ximenes (2002) temos que
Ser velho ou jovem depende do estado de espirito de cada pessoa, a velhice não é
doença, é uma etapa da vida sobrecarregada de perdas e ganhos. Como é na vida, e na
maioria das vezes a pessoa não pode mais ser criativa e se priva de muitas atividades,
por medo de fracassos ou de censuras. Essa atitude, quase sempre a leva ao isolamento
ou a rejeição pelos mais jovens, principalmente pelos membros da família. (BARROS e
XIMENES, 2002, p. 12).
Diante do exposto, observamos que as concepções da velhice nada mais são do que o
resultado de uma construção social e temporal, que segundo Schneider e Irigaray (2008), são
feitas no seio da sociedade com valores e princípios éticos próprios, que são atravessados por
questões multifacetadas, multidirecionadas e contraditórias. Daí o fato de termos algumas
sociedades em que a velhice é valorizada, respeitada, sendo o velho o referencial a ser seguido,
enquanto que em outras a pessoa idosa é tida como alguém a ser isolado, que está “fora do
circuito” e que por não mais produzir deve ser afastado.
Sabemos que a capitalismo favorece essa última visão excludente, preconceituosa e
desumana e que esse “valor” não é algo recente, já estando na agenda desse nefasto sistema desde
sua consolidação, sobretudo no século XIX, quando os preceitos dos liberais conduziam o
sistema. Para os liberais da época, idosos e pessoas com deficiência eram vistos como
improdutivos, por não serem mão de obra abundante a ser utilizada. Diante disto, favoreciam a
visão de exclusão, tanto que as políticas sociais – tão criticadas no período – eram pelos liberais
toleradas apenas nesses casos, mais ainda sim como ações paliativas, não possuindo a dimensão
de direitos (Behring e Boschetti, 2011).
27
Mas, relacionando a afirmação acima na contemporaneidade, percebemos que essa
visão ainda permanece na fase neoliberal do capitalismo, iniciada, ou melhor hegemônica no
mundo a partir dos anos 1980. Hoje vivemos numa sociedade de consumo, onde o novo é
valorizado, caso contrário não serve “nessa dura realidade, o velho passa ser ultrapassado,
descartado, ou já esta fora de moda.” (SCHNEIDER e IRIGARAY, 2008, p.587), embora
saibamos que o capitalismo trata de mascarar essa visão preconceituosa da velhice, sabemos que
ela existe e se faz presente em nosso cotidiano.
A rapidez da produção e ao mesmo tempo do descarte dos produtos e das pessoas
está refletida em várias esferas da vida, incluindo no medo de ficar velho. Assim, o medo da
transformação assemelha-se com a velhice, o medo de envelhecer está ligado muitas vezes ao
medo de ser ridicularizado, de estar ultrapasso numa sociedade que só busca o novo. E assim,
avança nesse cotidiano o mercado que cria e oferece “alternativas” para “driblar” a velhice.
Avança o mercado da beleza, da saúde que promete “milagres” para não envelhecer – o que
mesmo de forma velada favorece a visão negativa da velhice, ou seja, se eu for velho não serei
feliz. Preciso ser novo e bonito para ser aceito, mas não podemos fugir do envelhecimento,
conforme nos apresentaram autores supracitados, considerando que é um processo inato ao ser
humano. Vejamos alguns dados sobre esse processo.
Vivemos em uma sociedade em vias de envelhecimento, em que a proporção de
pessoas com 65 anos de idade ou mais está em constante crescimento. É bom lembrarmos que as
mudanças ocorridas no mundo do trabalho, a partir dos anos 1970, favoreceram esse processo,
pois o mercado de trabalho exige cada vez mais “disponibilidade” do trabalhador, flexibilidade,
fato que impacta a decisão das pessoas de ter filhos, ou seja, as famílias se tornam cada vez
menos numerosas, e países como o Brasil não possuem mais uma população predominantemente
jovem, como ocorrida em anos anteriores. Diversos países da Europa já vivenciam esse fato, que
demanda a construção de uma rede de proteção voltada a esse segmento, rede essa que, na nossa
opinião é deficitária, no caso do Brasil, considerando as características que se fazem presentens
nas políticas sociais brasileiras, que são privatizações, setorialização e ausência de articulação, o
que favorece a não garantia dos direitos da população. Ao mesmo tempo, a questão da
importância social do envelhecimento tem um alcance muito mais amplo, pois o que a velhice
realmente é – as oportunidades que oferece os fardos que carrega – esta mudando
dramaticamente. (GIDDENS, 2005; Behring e Boschetti, 2011).
28
Contemplando esse raciocínio Netto e Ponte (1996) apontam que a sociedade
moderna defronta-se com o crescimento massivo de uma população de idosos; fruto do aumento
da expectativa média de vida da raça humana, e de outro, se omite ou adota mesmo atitudes
preconceituosas sobre o velho e a velhice. Muitas vezes isso causa o retardamento de medidas
políticas que visem à melhoria de um envelhecimento saudável e aceitável pela sociedade, não
vemos por vezes políticas que visem a minorar o fardo de que se é ingressar na terceira idade nos
dias atuais. Tomando como exemplo o caso brasileiro percebemos como as políticas públicas
ainda não garantem a efetivação dos direitos dos idosos. Os marcos legais – Política Nacional do
Idosos e Estatuto do Idosos são relativamente recentes e ainda assim encontramos dificuldade de
articulação das políticas públicas – saúde, assistência social, previdência, educação – para atender
plenamente a esse segmento. Mais à frente veremos os frutos da pesquisa de campo em que
demonstramos a veracidade dessa reflexão.
Ainda sobre o conceito de envelhecimento Filho (1997) aponta-o como um processo
dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que vão
alterando progressivamente o organismo, tornando-os mais suscetível às agressões intrínsecas e
extrínsecas que terminam por leva-lo à morte. Já Mercadante (1996), afirma que com certeza a
velhice é um fenômeno biológico, ou seja, o organismo do ser idoso apresenta certas
particularidades, havendo no envelhecimento um sentido relativamente claro da noção de
decadência no plano biológico. O organismo do indivíduo entra em declínio quando se reduzem
suas probabilidades de subsistir.
Desta maneira, o envelhecimento é um conjunto de modificações que ocorrem no
nosso organismo, e com o passar do tempo vemos as marcas de expressão no nosso corpo dessa
reação que temos. Ximenes (2012) afirma que no ser humano essas modificações incluem a
redução da flexibilidade dos tecidos, a perda de algumas células. Mas, a evolução biológica do
individuo também em seu processo vital é decisivamente afetada pela classe social, pela cultura e
demais determinantes que vão prolongar ou encurtar o ciclo de sua vida. Assim,
[...] de modo geral a imagem da velhice é mais negativa que positiva – mas está longe
de ser apenas negativa, sobretudo na perspectiva da população idosa. Sem deixar de ser
críticos sobre as dificuldades específicas que enfrentam, decorrentes da idade, os idosos
brasileiros valorizam mais que os não idosos os aspectos positivos de sua condição.
(VENTURI, BOKANY, 2008, p. 28).
Ainda,
29
O envelhecimento, não é problema, e sim, vitória. Problema será se as nações
desenvolvidas ou em desenvolvimento não elaborarem e executarem políticas e
programas para promoverem o envelhecimento digno e sustentável e que contemple as
necessidades do grupo etário das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.
(BERZINS, 2003, p. 20).
Desta maneira, o envelhecimento deve ser pensado pelos Estados e as políticas e
programas devem contemplar os direitos e necessidades dos idosos e, além disso, reconhecer a
sua importância do protagonismo desses na sociedade.
Ainda ao que tange os estudos sobre o envelhecimento Berzins (2003) cita a Divisão
de População da ONU em seu artigo como um organismo que estuda fatores que contribuem para
o envelhecimento mundial. Nos estudos realizados em 2002 foram pontuados quatro
considerações básicas sobre a transição demográfica mundial com o objetivo de subsidiar os
países para debates e promoção de ações contemplativas as necessidades dos idosos, são elas:
O envelhecimento da população mundial ocorre sem precedentes na história;
O envelhecimento populacional é um fenômeno geral e afeta a todos – homens,
mulheres e crianças. A solidariedade e a intergeracionalidade devem ser à base das ações da
sociedade civil e dos estados;
O envelhecimento é importante e tem consequências em todos os setores da vida
humana, tais como econômico, saúde, previdência, lazer, cultura.
O envelhecimento populacional está se processando de forma gradual, contínuo e
irreversível e transcorrerá acentuadamente no século XXI.
Diante disso, ao segmento populacional idoso deve ser assegurado o direito da
igualdade de oportunidades e tratamento em todos os aspectos da vida, pois como afirma
Siqueira (2007).
Ser ativo e participativo após os 60 anos, de acordo com as próprias limitações e
potencialidades, não pode ser considerado como um privilégio conquistados pelo
individuo, mas um direito que o Estado deve garantir a seus cidadãos. A sociedade tem
o dever de promover um ambiente na qual seus idosos possam desfrutar direitos e
oportunidades, após uma vida dedicada à construção dessa sociedade. (SIQUEIRA,
2008, p. 209).
No Brasil, o envelhecimento populacional em curso é descrito de várias formas, mas
Neri (2006) diz ser “um problema grave”, pelo fato do número de idosos está crescendo muito
30
rápido e excessivamente, sem ter avançado no país o sistema de garantia de direitos dessa
população, sobretudo o segmento mais vulnerabilizado, como é o caso dos sujeitos dessa
pesquisa, usuários da política de assistência social.
Assim, no ponto a seguir apresentamos os marcos legais de defesa da garantia dos
idosos, refletindo sobre os aspecto que necessitam avançar.
2.2 Os marcos legais de defesa da pessoa idosa no Brasil
No Brasil, os direitos da população idosa estão expressos na Constituição Federal de
1988 e de forma mais precisa no chamado Estatuto do Idoso, que é a Lei Federal nº 10.741/2003,
bastante conhecida em meio a população. Ainda, precisamos lembrar que além dos marcos
federais, temos no caso de alguns Estados e Municípios legislação específicas que asseguram
alguns direitos desse segmento, como a gratuidade de transporte pública e meia- entrada em
espetáculos, mas que aqui não serão abordados, dado os objetivos desta pesquisa.
A Carta Magna do país, elaborada no processo de transição democrática nos anos
1980, configurou o Brasil como Estado de direito, a partir de um sistema de garantias, não
esquecendo os segmentos que historicamente foram excluídos e marginalizados pelo sistema
capitalista, a exemplo da população idosa e das pessoas com deficiência. Em seu capítulo sobre
Ordem Social, no que se refere ao idoso e a pessoas com deficiência, o artigo 203 da
Constituição Federal estabelece o direito a um salário mínimo em situação de falta de meios de
subsistência; artigo posteriormente regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social
(FALEIROS, 2008).
Vale ressaltarmos que a garantia citada acima refere-se ao chamado Benefício de
Prestação Continuada (BPC) que é, em muitos casos, o meio de subsistência de idosos da classe
vulnerabilizada considerando que esses foram excluídos do mercado de trabalho (muitos sequer
entraram nesse mercado) e não tendo como se manter acabam por recorrer a esse benefício da
política de assistência social, que tem interface com a previdência social, responsável por sua
operacionalização. Segundo Pereira (2005):
O Beneficio de Prestação Continuada (BPC), está previsto na Constituição brasileira
vigente e regulamentado pela Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS), que desde 1994, transfere ao idoso e à pessoa com deficiência, pobres, um
salário mínimo mensal – enquanto perdurar sua condição de extrema necessidade. Esse
beneficio significa um alívio para idosos extremamente necessitado a partir dos 65 anos.
31
(PEREIRA, 2005, p.05).
Além da garantias de defesa dos direitos da pessoa idosa estarem expressas na
Constituição Federal de 1998 e na Lei Orgânica da Assistência Social (em seus objetivos),
precisamos destacar a aprovação da Lei 8.842, em 1994, que regulamenta a Política Nacional do
Idoso e que segundo Lima (2013) buscou por em prática ações voltadas não apenas para idosos,
mas para aqueles que ainda irão envelhecer, garantindo assim melhoria da qualidade de vida das
pessoas com 60 anos ou mais de idade, tendo ficado estabelecido que maiores de 60 anos deverão
ser objetos de atenção especial do Estado.
Conforme apresenta em seus objetivos, a Política Nacional do Idoso (1994) busca
“assegurar os direitos sociais dos idosos, criando condições para promover sua autonomia,
integração e participação na sociedade” (art. 1º). A referida Lei assegura a criação de Conselhos
de Direitos do Idoso e diversas ações governamentais visando implementar as políticas para o
idoso em várias áreas, como assistência, habitação, saúde, educação, cultura, lazer e previdência
social.
Sobre os conselhos de defesa dos direitos da população idosa, na instância federal,
segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da Republica (2013), temos o
Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI) como "um órgão superior de natureza e
deliberação colegiada, permanente, paritário e deliberativo, integrante da estrutura regimental da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR", tendo por finalidade
elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da Política Nacional do Idoso,
observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de
2003 (Estatuto do Idoso), bem como acompanhar e avaliar a sua execução.(BRASIL, 2013).
Desde sua criação o CNDI oportuniza, de forma privilegiada, o intercâmbio entre a
sociedade civil e o governo, atuando como uma ferramenta de controle social. Entre
outras atividades que desenvolve, destaca-se a realização de conferências, juntamente
com a Secretaria de Direitos Humanos, setoriais e nacionais de Direitos da Pessoa
Idosa. Tais conferências proporcionam o contato e a vivência com diferentes
perspectivas sobre os problemas desta população, destacando conquistas e identificando
áreas onde outras melhorias, alterações ou intervenções para a promoção dos direitos da
pessoa idosa sejam necessárias. Entre os anos de 2006 e 2011 foram realizadas, no
Brasil, três Conferências Nacionais de Direitos da Pessoa Idosa que contaram, de forma
progressiva, com uma expressiva participação da sociedade civil e do governo.
(BRASIL, 2013, p.20).
No estado do Ceará temos também o Conselho Estadual dos Direitos do Idoso
(CEDI-CE), que é órgão colegiado de deliberativa coletiva, vinculado à Secretaria do Trabalho e
Desenvolvimento Social (STDS), tendo sido criado pelo Decreto Nº 26.963, de 20/03/2003,
32
publicado em DOE de 24/03/2003 e Alterado pelo Decreto Nº 29.305, de 03/06/2008. Este
conselho atualmente funciona na Casa dos Conselhos, situada à Rua Pereira Valente nº 491,
bairro Aldeota, em Fortaleza-Ceará e tem em sua composição 20 conselheiros da sociedade civil
e 20 conselheiros governamentais.
No tocante a política saúde, observamos também a importância de atenção ao
segmento idoso, considerando que Constituição Federal de 1988, por meio da criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), que definiu a saúde como um direito de todos e dever do Estado, tendo
como diretrizes: a promoção do envelhecimento saudável; a manutenção da capacidade
funcional; a assistência às necessidades de saúde do idoso; a reabilitação da capacidade ou
recursos humanos especializados; o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e o apoio a
estudos e pesquisas sobre o tema. Percebemos o reconhecimento do Estado e das políticas
setoriais de que deve se ter um olhar para o segmento idoso.
Mais a frente, em 2003, foi aprovado o Estatuto do Idoso (2003), tendo como
finalidade regular os direitos desse segmento populacional e determinar que o Estado, a
sociedade e a família sejam os entes responsáveis pela proteção e garantia desse direitos.
Segundo Faleiros:
O Estatuto do Idoso afirma que o idoso goza de direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana (art. 2º), e que o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua
proteção um direito social (art. 8º). Pelo art. 9º é obrigação do Estado garantir à pessoa
idosa a proteção à vida e à saúde, e junto com a família e a sociedade garantir sua
liberdade e dignidade. Aí são estabelecidos outros direitos: à educação, ao exercício da
atividade profissional, à habitação. Não esquecendo do Benefício de Prestação
Continuada o BPC que no valor de um salário mínimo garante ao idoso aos 65 anos que
dele precisar. (FALEIROS, 2008, p. 158).
Destacamos que o Estatuto do Idoso tramitou cinco anos no Congresso Nacional,
sendo aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, sendo
sancionado pelo então presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1° de
outubro de 2003. (ROCHA, 2003).
Sem sombra de dúvidas a aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço para o
sistema legal brasileiro, reforçando o preconizado na Constituição Federal de 1988, em seu
Capítulo VII, Título VIII (Ordem Social), nos arts. 229 e 230, que versa sobre alguns princípios e
direitos assegurados aos idosos.
Ainda conforme nos apresenta Faleiros (2008) “envelhecer no século XXI não terá, o
33
mesmo significado que teve no século XX”, o que nos leva a refletir que é perceptível que os
direitos dos cidadãos, incluindo a população idosa são cada vez mais violados, tendo em vista as
investidas neoliberais que avançam no país. Direitos previstos na Constituição Federal,
referendados pelo Estatuto do Idoso transmutam-se em mercadorias, em virtude ou falha do papel
do Estado em assegurar as mínimas condições de sobrevivência da população, mesmo que
Borges (2006) afirme que
Algumas mudanças significativas quanto ao desenvolvimento de ações direcionadas ao
idoso têm como prerrogativas a ampliação da discussão sobre as políticas sociais,
entendidas como direitos de cidadania e não mais simplesmente como benefícios,
ampliando a análise da questão além do âmbito público, atingindo toda a sociedade,
visando à redefinição de espaços sociais significativos e à melhoria na dignidade e nas
condições de vida dos idosos e do conjunto de brasileiros. (BORGES, 2006, p. 79).
Destarte, conforme expomos, é fato que temos tido avanços legais na perspectiva de
direitos da garantia dos direitos da pessoa idosa, se contrapondo a visão da caridade e do favor
que foram tão próprias da relação Estado e sociedade civil durante longas datas no país (década
de 1930 a 1980), no entanto, é necessário reconhecermos também a necessidade de que esses
direitos sejam concretizados, não podendo ser pensados no âmbito de políticas específicas, mas
sim a partir da articulação das setoriais, incluindo a política de assistência social.
A seguir traçamos uma articulação entre a política de assistência social e os direitos
da população idosa, apresentando os dados coletadas na pesquisa de campo realizada.
34
3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E A GARANTIA DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA
O capítulo que se segue pretende apresentar o histórico da assistência social no
Brasil e destacar aparatos legais que a delimitam como direito constitucional; apresentando,
no último tópico, os aspectos observados na pesquisa de campo, realizada com o Grupo Bela
Idade, no município de Capistrano-Ceará.
3.1 Breve histórico da assistência social no Brasil
Ao falarmos da assistência social no Brasil precisamos lembrar que antes de ser
política pública não contributiva, direito do cidadão e dever do Estado, essa teve um passado
marcado ações caritativas, filantrópicas e clientelistas. Para Garcia (2012)
As práticas de proteção social não são recentes no Brasil. Mas essas ações, e mesmo
os programas voltados para a proteção, foram realizadas sempre sob o manto da
caridade, da solidariedade ou da filantropia, marcadas por uma “responsabilidade”
de fundo ético ou religioso. (GARCIA, 2012, p. 06).
Podemos dizer que as primeiras iniciativas de atendimento aos necessitados
ocorreram no seio das entidades religiosas, especialmente da Igreja Católica. De acordo com
Guará e Jesus (2012) as ações sociais das ordens religiosas assumiam seu compromisso com
os pobres, tendo como referência a prática da caridade cristã. Essas ações eram
individualizadas, fragmentadas e estavam principalmente representadas pela concessão de
esmolas ou auxilio material, ou em atividades regulamentadas e organizadas. A criação das
Santas Casas de Misericórdia, uma das instituições mais conhecidas no trato da "assistência os
necessitados" exemplifica essa ação das ordens religiosas. De acordo com as autoras
supramencionados,
A partir de 1822, com a população das cidades aumentando, cresceu também o
numero de crianças abandonadas e perambulantes o que levou as Santas Casas à
criação de inúmeras instituições sociais para órfãos, abandonados e outros
necessitados. Surgiam assim as grandes instituições de cuidados que se baseavam na
internação e no isolamento social como os asilos, hospitais de insanos ou doentes
crônicos, orfanatos e educandários. Os recursos para este atendimento deveriam ser
providos pelas Câmaras Municipais ou Assembleias Provinciais. (GUARÁ e
JESUS, 2012, p.05).
35
Na atuação da Igreja Católica junto ao “carentes” e “necessitados”, percebemos a
relação indissociável entre assistência e filantropia, ou seja, a assistência social era uma
espécie de obrigação dessa instituição, estando alicerçadas nos preceitos cristãos que
defendiam. Diante disso, os autores Guará e Jesus (2012) ressaltam que
O modo de atuação da assistência social nas primeiras décadas do século XX
mantinha ainda um caráter paternalista: ofertava o auxilio ou a ajuda material, mas
mantinha o beneficiado na condição de pobreza e subalternidade. A crítica aos
trabalhos de cunho assistencialista marcou o discurso das ciências sociais nos anos
70 e 80; nele defendia-se a ideia de era preciso não apenas “dar o peixe”, mas
“ensinar a pescar”, sugerindo uma atuação que promovesse alterações mais diretas
na qualidade de vida dos assistidos e que não apenas atendesse às suas necessidades
imediatas. (GUARÁ e JESUS, 2012, p.07).
Complementando essa reflexão Sposati (1994) defende que a filantropia estava
bastante associada a Igreja Católica, como uma forma de laicização da concepção católica da
caridade e neste caso, não podemos esquecer que a própria história do Serviço Social
brasileiro nasceu em meio a ação católica, realizada entre os anos 1920 e 1930 e
posteriormente, de forma gradativa, foi incorporando outros elementos, de cunho
conservador, a suas bases, a exemplo do positivismo. Com ascensão de Vargas ao poder, o
estreitamento dos laços entre Estado e Igreja Católica e que a partir da década de 1930 irão
caracterizar o trato da questão social no país. (Iamamoto e Carvalho, 2001).
Assim, dizer que após a Revolução de 1930, no governo Varguista, inicia-se no
Brasil, o trato da questão social pelo Estado, não mais como caso de polícia, mas sim com a
estratégia de "colaboração de classes" (Behring e Boschetti, 2011), passando o Estado a
regulamentar a legislação trabalhista e a organizar entidades socioassistenciais, dentre elas o
Conselho Nacional de Serviço Social, em 1938 e a Legião Brasileira de Assistência Social,
em 1942. (Iamamoto e Carvalho, 2001), além do apoio visível as ações da Igreja Católica e
seus desdobramentos, a exemplo da criação das Escolas de Serviço Social no Brasil, que
passam a “qualificar” agentes para atuarem nesse trato.
Nesse cenário, se dá, cada vez mais, a aproximação do Estado com os segmentos da
elite brasileira, selando o mérito do Estado na concessão de auxílios e subvenções (auxilio financeiro)
para as organizações da sociedade civil que estavam, naquele momento, encarregadas do trabalho
social, distante da compreensão de direito. Desta forma, a importância do CNSS na trajetória dessa
política reside no fato desta ter representar à primeira presença de regulamentação na burocracia do
Estado brasileiro. (Iamamoto e Carvalho, 2003)
36
Também à época do Estado Novo, data a criação da Legião Brasileira de Assistência
Social (LBA), considerada a primeira grande instituição assistencial, que segundo Guará e Jesus
(2012)
assegurou estatutariamente sua presidência às primeiras damas da República,
imprimindo dessa forma a marca do “primeiro-damismo” à assistência social e
estendendo sua ação às famílias da grande massa não previdenciária, atuando na
ocorrência de calamidades com ações pontuais e fragmentadas. (GUARÁ e JESUS,
2012, p. 23).
A criação da LBA se deu em virtude do envio de tropas brasileiras para a Segunda
Guerra Mundial e assim foi criada para amparar as famílias dos expedicionários; sendo ao
final da guerra, transformada em instituição de amparo, sobretudo, à maternidade e à infância.
(Yazbek; Martinelli e Raichelis, 2008). Essa instituição contou com o patrocínio de instituições
como a Confederação Nacional da Indústria e a Associação Comercial do Brasil,
(IAMAMOTO, 2013), sendo ainda destaque a figura da primeira dama Darcy Vargas, que
inaugura a atuação das esposas de governantes nas ações sociais executadas pelo Estado, que
inaugura o chamado primeiro-damismo no país, que é a presença maciça das esposas dos
governantes nas ações de assistência social e que ainda hoje se fazem presentes na realidade
dessa política pública.
Com a ditadura militar, nos anos 1960 a LBA é transformada em uma fundação, e
passa a integrar o Ministério do Trabalho e Previdência Social. Em 1974 o Governo Geisel
cria o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), contando em sua estrutura com
uma Secretaria de Assistência Social (Mestriner, 2001), fato que favoreceu o mix de repressão
e assistência, que vinha sendo desenvolvida pelos governos militares, ou seja, ao mesmo
tempo em que se amplia a perseguição a quaisquer posições contrárias ao sistema, ampliava-
se as ações do Estado, na saúde, habitação e outras esferas. (Behring e Boschetti, 2011).
No período de redemocratização, entre os anos 1970 e 1980, cenário brasileiro foi
marcado por intensa efervescência política, com manifestação a favor do retorno a
democracia, sendo destaque nesse processo a atuação dos movimentos sociais, que almejavam
a ruptura com ótica clientelista que vinha sendo desenvolvida pelo Estado, favorecendo o
desenho de uma nova perspectiva para os direitos no Brasil, consolidada com a promulgação,
em 1988 da Constituição Federal (CF).
Com a Constituição Federal de 1988, a assistência social ganhou o status de
direito, passando a ser política de seguridade social, sendo, portanto, direito do cidadão e
37
dever do Estado, rompendo assim, na esfera legal, com ótica do favor. A partir dessa
regulamentação, a assistência social é elevada a condição de política pública; formando,
juntamente com a saúde e a previdência social, o tripé da seguridade social, sendo prestada a
quem dela necessitar, sem a exigência de prévia contribuição, como ocorre na Previdência
Social.
Entretanto, sabemos que a Constituição, mesmo estabelecendo todos os direitos e
deveres dos cidadãos de um país, não consegue, de forma ampla, apresentar as peculiaridades
e especificidades das políticas públicos e por isso, em 1993 temos a promulgação da Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS), de nº 8.742, que regulamenta e estabelece normas e
critérios para organização da assistência social em território nacional. (Brasil, 1993), sofrendo
alterações recentes em 2011 por meio da lei 12.435, que dispõe sobre nova organização dessa
política pública à luz do SUAS. Ainda, precisamos refletir que a CF e os marcos legais que se
desdobram a partir dessa não estão isentos de rebatimentos, como estamos presenciando no
contexto brasileiro a partir da adoção de referenciais neoliberais para as políticas públicas,
traduzidas por marcas de privatizações, setorialização e fragmentação dos direitos sociais.
A referida legislação prevê a instituição de um sistema, chamado Sistema Único
da Assistência Social (SUAS), que embora previsto na década de 1990, e tendo sido
construído suas bases de implentenção em 2005, só veio a ser, de fato, regulamentado em
2011, com a sanção da lei 12.435. Para Guará e Jesus (2012).
A nova política de assistência social brasileira se pauta numa nova regulação, que
nasce na Constituição de 1988 e se consolida no Sistema Único da Assistência
Social. Aí se definem novas funções e são determinadas as estruturas de serviços e
de gestão mais descentralizada e participativa. Apresentamos ainda os instrumentos
e recursos de gestão preconizados pelo SUAS, que estimulam a participação e
cultura cívica na atenção à população mais castigada pelos agravos sociais do
modelo econômico-social em que vivemos. (GUARÁ e JESUS, 2012, p.03).
No panorama que desenha a assistência social brasileira na perspectiva de direitos,
além da Lei Orgânica da Assistência Social destacamos a importância da aprovação, em 2004,
da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que se constitui de um documento que
fortalece os princípios, as diretrizes e as objetivos dessa política e que estão expressos na
LOAS. A PNAS também estabelece as proteções afianças, além de conceituar e estabelecer as
bases de organização do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
38
Mais adiante, em 2005 é aprovada a Norma Operacional Básica da Assistência
Social do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), que foi revisada com nova
aprovação no ano de 2012. Destacamos que através da NOB/SUAS são organizados, em todo
território nacional, os princípios, as diretrizes, a gestão e a execução de serviços, projetos,
programas e benefícios da assistência social – daí advém a sua relevância. Pontuamos também
em 2006 a aprovação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único
de Assistência Social (NOB-RH/SUAS), elencando as orientações quanto aos recursos
humanos da política, com destaque para o estímulo a capacitação continuada e o
reconhecimento da necessidade de quadro técnico mínimo, considerando que não se faz
política pública sem trabalhadores.
Com a construção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é inaugurada
uma nova perspectiva assistência social no Brasil, sendo definidos dois níveis de proteção
social, a básica e a especial - de média e alta complexidade.
A proteção social básica, tem como porta de entrada os Centros de Referência da
Assistência Social (CRAS) e de outras unidades básicas e públicas de Assistência Social.
Como exposto na PNAS, são considerados serviços de proteção básica aqueles que tem a
família como unidade de referência, ofertando um conjunto de serviços locais que visam a
convivência, a socialização e o acolhimento das famílias cujos vínculos familiares e
comunitários não foram rompidos; assim como a promoção da sua integração ao mercado de
trabalho. (MDS, 2004). Destacamos aqui os idosos como um dos públicos-alvo desses
serviços e que foram investigados nessa pesquisa.
No tocante a proteção social especial, esta está dimensionada em dois níveis, que
são a média e a alta complexidade. Esses níveis de proteção são direcionadas ao atendimento
das famílias e indivíduos em situação de direitos violados; sendo a unidade pública de
referência de média complexidade os Centros de Referência Especializada da Assistência
Social (CREAS). (MDS, 2004).
Outro destaque nos marcos legais da assistência social brasileira foi a aprovação
da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, no ano de 2009, onde ficou definida
padronização dos serviços da política, evitando sobreposição e pulverização de atendimentos,
bem como permitindo a criação de uma identidade desses serviços, evitando assim criação de
terminologias. Conforme esse documento os serviços socioassistenciais são divididos da
seguinte forma:
PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
1. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);
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2. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;
3. Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e
Idosas. (Brasil, 2009)
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
Média complexidade
1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos (PAEFI);
2. Serviço Especializado em Abordagem Social;
3. Serviço de proteção ao adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de
Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviço à Comunidade (PSC)
4. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas
Famílias;
5. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua
Alta Complexidade
6. Serviço de Acolhimento Institucional;
7. Serviço de Acolhimento em República;
8. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
9. Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências.
(Brasil, 2009)
Não iremos nesta pesquisa abordar todos os serviços previstos, mas iremos nos
deter ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), onde está situado o
grupo Bela Idade, campo de nossa pesquisa.
Sendo um serviço da proteção básica, o SCFV tem um caráter preventivo, estando
fundamentado no desenvolvimento de potencialidades e aquisições de seus usuários, assim
compreendendo os usuários como sujeitos de direitos. No caso específico do Grupo Bela
Idade, informamos que esse grupo já existia no município, como citamos acima e quando da
criação do CRAS sede fora incorporado dentre dessa proposta. O município de Capistrano
oferece através da fisioterapia, rodas de conversa e lazer com muito forró, uma inserção e
valorização do idoso na sociedade, cozinheira, porteiro e serviços gerais, uma psicóloga, e
uma estagiaria de psicologia.
Com relação aos objetivos gerais do Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos e objetivos específicos para o serviço para pessoas idosas a Tipificação estabelece
que este serviço visa:
- Complementar o trabalho social com família, prevenindo a ocorrência de situações
de risco social e fortalecendo a convivência familiar e comunitária;
- Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e
pessoas idosas, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito à
convivência familiar e comunitária;
- Promover acessos a benefícios e serviços socioassistenciais, fortalecendo a rede de
proteção social de assistência social nos territórios;
- Promover acessos a serviços setoriais, em especial das políticas de educação,
saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território, contribuindo para o usufruto
dos usuários aos demais direitos;
- Oportunizar o acesso às informações sobre direitos e sobre participação cidadã,
estimulando o desenvolvimento do protagonismo dos usuários.
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(BRASIL, 2009, p. 12)
Sendo assim, podemos afirmar que os objetivos do Grupo Bela Idade caminham
em consonância com os expressos na Tipificação Nacional do Serviços Sociossistenciais e
refletimos que aos trabalhadores do CRAS sede Capistrano é lançado o desafio cotidiano de
romper com o ranço assistencialista, que perpassa historicamente a política de assistência
social e por outro lado a necessidade de trabalhar a autonomia desses idosos, a compreensão
de que são sujeitos de direitos e que precisam conhecê-los. Ao analisarmos os objetivos do
serviço de convivência não podemos pensar suas concretizações sem o alcance do
protagonismo e autonomia da pessoa idosa. A seguir expressamos os dados coletados na
nossa pesquisa de campo.
3.2 A pesquisa de campo: Os idosos do grupo Bela Idade e suas percepções sobre a
assistência social
Antes de apontarmos os dados coletados nessa investigação, gostaríamos de
lembrar que, conforme colocado no capítulo 1 desta produção, a pesquisa de campo realizada
no CRAS sede Capistrano esteve alicerçada em desafios. O primeiro desafio foi pensarmos
como delimitaríamos os critérios para selecionarmos os sujeitos da pesquisa de um universo
de 250 pessoas, moradores da zona urbana e rural do município. Então delimitamos para as
entrevistas aqueles que observamos serem os idosos mais participativos do grupo, neste caso,
aqueles que participam do forró e que residissem na sede, o que facilitaria a aplicação de uma
das técnicas de coleta de dados, ou seja, as entrevistas.
O Segundo desafio foi que a abordagem realizada para apresentarmos essa
proposta de investigação e solicitarmos autorização para concederem as entrevistas, o que nos
exigiu várias visitas as atividades realizadas no CRAS, fato que não isentou a pesquisa de não
conseguir, a um primeiro momento, adesão dos sujeitos. Muitos idosos que abordamos não
queriam parar o que estavam fazendo, ou seja, no momento de socializar e lazer para conceder
as entrevistas. Outros recebiam com desconfiança o convite. Realizamos várias tentativas e
praticamente não obtivemos êxito, ou seja, não conseguimos realizar a entrevistas nos
primeiros contatos realizados.
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Diante do exposto, decidimos por requisitar a presença de nosso pai para nos
acompanhar nas devidas apresentações e, pelo fato deste ser bastante conhecido e respeitado
no município, houve facilidade para concretizá-las. Tínhamos a proposta inicial de
realizarmos 10 entrevistas, mas em virtude do tempo e da receptividade dos usuários optamos
em consolidar apenas 07 (sete), pois consideramos ser um bom número, tendo em vista que na
sede do município existem cerca de 80 idosos e assim nosso universo contempla média de
10% do total de usuários desse SCFV. As entrevistas foram realizadas na residência de cada
um com duração de 30 minutos. Foram realizadas nos meses de Maio e Junho/2014 após a
leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.
Observamos que o maior interesse dos usuários do Grupo Bela Idade se expressa,
sobretudo, nas suas participações no forró. Sabemos que essa atividade, assim como o
fornecimento de sopões, foram durante muitos anos absorvidos como as principais atividades
destinadas ao publico idoso, mas com o ordenamento da assistência, a partir dos marcos legais
construídos no últimos 15 anos, a perspectiva de direito é ampliada e os serviços destinados a
pessoa idoso ganham nossos significados.
Desta forma, quando questionamos os idosos do Grupo Bela Idade sobre o que
seria assistência social, grande parte dos entrevistados teve dificuldade de compreender a
pergunta e por meio das respostas observamos que não possuem compreensão desta como
política pública, chegando a confundi-la com o assistente social, que é um dos trabalhadores
da assistência social. Segundo as entrevistadas,
Assistência é aquela mulher que ajuda a gente na aposentadoria. Já disse minha fia é
aquela mué boazinha que vem aqui que ajuda a gente no que precisar. Eu gosto dela,
ela é uma boa assistente social. ( A, 71 anos).
Já ouvi falar, mas não sei explicar. Mas, é uma coisa boa viu lá no grupo já falaram
sobre essa assistência dizem que é bom pra nós. (D, 69 anos).
Sei não minha “fia” desse negocio de assistência aí.( E, 69 anos).
Minha fia, eu sei o que é. Mas não sei explicar já disse eu escutei poucas vezes falar
dessa assistência. Tem alguma coisa haver com o grupo? (referindo-se ao grupo
Bela Idade). (F, 59 anos).
Sei dizer não, eu até sei o que é, mas não sei explicar a você eu sei que é uma coisa
boa para as pessoas que precisam inclusive nós né fia que é idoso. (G, 60 anos).
Podemos apontar que as respostas acima expressam a realidade de muitos
usuários da política de assistência social, não se restringindo apenas ao público idoso. Como a
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história da assistência social e do Serviço Social possuem linha tênue, considerando que
durante longas datas a assistência social representava caridade e esta era a perspectiva que
funda a profissão, não é claro a distinção entre essas duas categorias. Ainda, é importante
destacar que a fala da idosa A exprime o ranço presente no Serviço Social brasileiro e que está
ligado as bases conservadoras que perduraram na profissão até meados da década de 1980,
percebendo a profissão como eminentemente feminina e necessariamente formada de pessoas
boas, porque resolvem os “problemas do usuário”, “porque os ajuda”; não possuindo os
sujeitos da pesquisa a compreensão de que os/as assistentes sociais são trabalhadores que
asseguram direitos.
Sobre o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), as colocações de
nossos entrevistados expressaram que esses não sabem o significado desse equipamento e
seus objetivos. Nenhum dos idosos soube explicar o que esse representava e a frase colocada
a seguir, se fez presente em todas as entrevistas realizadas quando o usuário foi questionado
do que se tratava o equipamento:
Não sei (B, 70 anos)
A partir da colocação acima refletimos o grande desafio da assistência social e de
seus trabalhadores que é fazer com que seus usuários a entendem, saibam o que ela defende e
quais são os serviços destinados para eles. Observamos que os idosos entrevistados não
entendem que o Grupo Bela Idade é na realidade o Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos da Pessoa Idosa, expresso na Tipificação Nacional dos Serviço
Socioassistenciais. Sobre o Grupo Bela Idade avaliaram:
Falta só o lanche, o resto é bom (A, 71 anos)
Gosto muito. (B, 70 anos)
É bom pra me divertir, meu marido não gosta dessas coisas ai venho pra sair de casa.
(D, 69 anos)
Dos 07 (sete) entrevistados, apenas a idosa G (60 anos), colocou a necessidade de
realização de outras atividades para além do forró, ou seja, mesmo não compreendendo o que
é SCFV, a idosa manifestou seu interesse em outras atividades a serem desenvolvidas junto ao
grupo, não colocando quais seriam.
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Como percebemos ao analisar as respostas dos sujeitos idosos, os trabalhadores do
SUAS devem investir mais em estratégias de socialização dos direitos dos idosos, adotando
metodologias que sejam de fácil compreensão para que entendam o real significado assumida
atualmente pela assistência social. Além da definição do que seria assistência social é
importante também destacar a identificação dos equipamentos (CRAS, CREAS e outros) e
serviços, de forma que possa acioná-los caso tenham seus direitos violados. Quando
destacamos os aspectos ligados a metodologias de fácil compreensão pontuamos a questão em
virtude de verificarmos nas entrevistas realizadas que a maior parte dos idosos não sabem ler
ou tem dificuldade, mesmo que assinem o nome, ou mesmo tenho cursado o ensino
fundamental. Uma das entrevistadas sequer soube nos informou quando parou de estudar e até
que ano escolar cursou; fato que aponta para essa reflexão, pois como no disse Camarano,
Este é o desafio dos profissionais: mudar conceitos já enraizados, incorporar as
novas tecnologias, aprender a “falar” na linguagem deles dos idosos e levar o
conhecimento da assistência coletiva para o interior dos grupos, além da”
necessidade de se viabilizar uma política de assistência para um país com demandas
crescentes de idosos.” (CAMARANO, 2002, p. 06).
Dando continuidade a pesquisa de campo, outra questão relativa aos direitos da
pessoa idosa foi levantada e perguntamos aos entrevistados se conheciam o Estatuto do Idoso
e, se eles conheciam, e o que esse significava para eles.
Sim conheço, mas não sei dizer o que é não. (A, 71 anos).
Nunca ouvi falar! Eu nunca ouvi aqui ninguém falar nesse estatuto aí, me explique
melhor. (C, 60 anos).
Sim, mas não sei dizer o que é não sei que é pra nós, mas não sei pra que serve. (D,
69 anos).
Sim, conheço ele está ai pra garantir meus direitos, hoje eu sei que posso contar com
o Estatuto para várias coisas. (E, 69 anos).
Estatuto do idoso é aquilo que garante os direitos da gente. (F, 59 anos).
Sim, eu conheço eu já ouvi falar, mas não sei explicar. (G, 60 anos)
Alguns dos entrevistados argumentaram a falta de não saber o que significa o
Estatuto do Idoso, não sabiam nem que existia essa regulamentação, sendo poucos os que o
relacionaram a garantia de seus direitos. Percebemos a partir dessas falas que embora o
Estatuto do Idoso já mais de uma década de aprovação, ainda não é ampla a sua divulgação,
sobretudo, junto a seus maiores interessados, que são as pessoas idosas. Sabemos que essa
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regulamentação é bastante difundida no meio acadêmico, como também no cotidiano dos
trabalhadores das políticas setoriais, mas as colocações acima reforçam a necessidade de
ampliar o acesso dos idosos ao conhecimento de seus direitos. Entendemos ser o SCFV
imperdível estratégia para que essa socialização seja realizada.
A partir dessas falas, percebemos que talvez pelo fato de desconhecerem seus
direitos é que esses idosos sejam vítima de violações desses. A grande maioria é o provedor/a
de sua residência, sendo sua renda, por vezes a única que mantém a família. A maioria não
tem renda familiar superior a dois salários mínimos e aí nos vem a pergunta: Será que esses
idosos conseguem ter suas necessidades plenamente atendidas, como alimentação, moradia,
saúde, lazer? Não podemos esquecer que os significados da contrarreforma do Estado
brasileiro na vida dos trabalhadores é nefasto, o que provoca desemprego, desregulamentação
dos direitos e isso, sem sombra de dúvidas, possui influência nas famílias, sobretudo as de
baixa renda, que são vitimadas por esses reflexos da questão social, sendo as vezes obrigada a
se manter com a renda advinda de benefícios sociais, a exemplo do Programa Bolsa Família
ou mesmo a partir dos rendimentos de um de seus membros, que geralmente é aquele que
dispõe de certa estabilidade de remuneração mensal – seja por meio de aposentaria ou através
do benefício de prestação continuada (BPC).
Também outro fator que dificulta o entendimento do significado do Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculo para a pessoa idosa, no nosso entendimento, é que
muitos usuários não sabem ler e escrever, e que talvez, por isso, haja a visão de que vão para
o CRAS apenas para dançar forró ou mesmo para participar do café da manhã. Ao
depararmos com esse fato, percebemos a necessidade da assistência social estar articulada a
outras políticas setoriais, a exemplo das políticas de seguridades social (saúde e previdência),
com quem, de certa forma, mesmo com dificuldades vem travando diálogo, mas também com
as políticas como a habitação e educação. No tocante a política de educação, na nossa visão,
essa poderia contribuir de forma relevante para ressignificar a compreensão dos idosos sobre
seus direitos.
Ainda, é necessário destacarmos que além de tudo isso, é importante que a pessoa
idosa seja a protagonista de sua própria histórica, se perceba como sujeito de direito,
compreenda que existem mecanismos para assegurar a sua condição de cidadão e que há uma
rede de proteção social para ela, muita além do CRAS, a exemplo dos Conselhos de Direitos
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da Pessoa Idosa, e que necessitam ser conhecidos por aqueles que são os maiores atores dessa
política, ou seja, seus usuários.
Por fim, destacamos as respostas de nossos entrevistados a pergunta sobre o que
ser idoso para eles:
É ser feliz (A, 71 anos)
É bom (B, 70 anos)
É uma idade boa de descansar. (E, 59 anos)
É diversão . (F, 59 anos)
É viver. (G, 60 anos)
O que podemos concluir que a relação existente a percepção da velhice dos idosos
entrevistadas, de uma forma geral, foi positiva e destacamos que essa visão está associada a
algumas oportunidades que esses não tiveram na juventude, a exemplo da liberdade de sair
que as mulheres não possuíam e com a viuvez ou separação acabaram por conquistar e o
reflexo disso é sua participação no Grupo Bela Idade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como finalidade conhecer as percepções dos idosos do Grupo
Bela Idade, do município de Capistrano-Ceará sobre o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos da política de Assistência Social, refletindo sobre os desafios que
se fazem presentes nesse cenário.
A partir da análise das falas dos 07 (sete) participantes entrevistados observamos
que esses não entendem como funciona a assistência social, ou seja, desconhecem que esta é
direito do cidadão e dever do Estado, sendo inscrita na Constituição Federal de 1988. Quando
questionados sobre os motivos que levam a participar do Grupo Bela Idade, as questões
apontadas elencam que estar ali é fator positivo, pois assim saem de casa e convivem com
outros idosos, pelo fato de muitas vezes se sentirem sozinhos, por serem viúvos ou morarem
sozinhos.
Quando falamos de velhice, os idosos, sujeitos dessa pesquisa, tem entendimentos
acerca de cada realidade vivenciados por eles, onde destacamos que alguns associam a velhice
a um momento “maravilhoso” em sua vida, sobretudo as mulheres pelo fato de estarem
vivenciando uma liberdade, que muitas vezes não possuíam quando tinha seu companheiro e
outra parcela associa a velhice a um estágio de rompimento com a solidão, pois a partir de sua
participação no Grupo Bela Idade passaram a interagir com outros idosos e a construir laços
comunitários. Então podemos concluir que a percepção de velhice no grupo está relacionada
as vivências pessoais de seus participantes.
Observamos que a partir de sua inserção no SCFV – Grupo Bela Idade os
participantes se sentem seguros e acolhidos pelo grupo, sendo mais que um espaço de
convivência, por vezes um local de refúgio, frente as adversidades que o assolam, a exemplo
da solidão. Quando estão utilizando serviço da política de assistência social é um momento
de expressarem, se divertirem, dançarem, confraternizarem e principalmente um momento de
se sentirem úteis. Entretanto, os entrevistados colocaram que as instalações onde funcionam
as atividades precisam ser melhoradas, tendo sido referenciando bastante o aspecto relativo a
ventilação do local.
Precisamos reconhecer aqui que este processo investigativo não se expressa de
forma acabada, apenas dispõe de análises e reflexões capazes de promover futuros e maiores
debates acerca desta temática.
A pesquisa realizada reflete e aponta para a necessidade de uma maior valorização
da pessoa idosa, por parte da sociedade, da família e do poder público. Destacamos a
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necessidade de que as ações voltadas a pessoa idosa façam um interlocução com as demais
políticas setoriais, como já apontamos e que possam ser ampliados as ações intergeracionais
de forma a amenizar, mas sobretudo, superar o desafio que é o diálogo entre as gerações. Para
tanto, de maneira geral, não restrito ao município de Capistrano, é importante que o Estado
tenha olhar sensível para a política de assistência social, assegurando recursos, não mínimos,
mas compatíveis com a proposta de intervenção do serviços socioassistenciais, assim como
assegure corpo de trabalhadores para o desenvolvimento desses, evitando suas
descontinuidades. Outro desafio também é ampliar as estratégias de fortalecimento de
vínculos familiares da pessoa idosa, trazendo a família para dentro dos equipamentos,
discutindo as peculiaridades que perpassam a velhice. Nas falas dos entrevistados, a grande
maioria apontou que possuem bom relacionamento na família, mas não relataram como esse
se processa, o que aponta para a necessidade de desvelar dessas realidades.
Também destacamos que o profissional de Serviço Social, trabalhador do SUAS,
tem como desafio trabalhar a autonomia dos usuário, que se inicia a partir do conhecimento
de seus direitos e deveres enquanto cidadão, o que sem sombra de dúvidas, contribuirá para
construção da nova ordem societária, livre de todas as formas de preconceito e discriminação,
em consonância com nosso projeto profissional.
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XIMENES, M.F.P. O cotidiano dos cuidadores de idosos. Brasília, 2012.
51
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Convidamos a Senhora a participar da pesquisa “A PERCEPÇÃO DOS/AS IDODOS/AS
SOBRE O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS
DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE CAPISTRANO-
CEARÁ: OLHARES DOS PARTICIPANTES DO GRUPO BELA IDADE ”, sob a responsabilidade da pesquisadora, que tem por objetivo GERAL.
Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevista, com roteiro de perguntas pré-
definidas e será gravada se assim você permitir e que tem duração aproximada de quinze a
vinte minutos.
Os resultados desta pesquisa serão publicados nos meios científicos e em nenhum momento a
Senhora será identificada. A Senhora não terá nenhum gasto ou ganho financeiro por
participar desta pesquisa.
Se depois de consentir em sua participação a Senhora pode desistir de continuar participando,
tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja
antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua
pessoa.
Para qualquer outra informação, a Senhora poderá entrar em contato com a pesquisadora no
endereço Avenida João Pessoa, 3884, Bairro Damas e telefone de contato (85) 3201-7000.
Eu,___________________________________________________________, fui
devidamente informada sobre o teor da pesquisa e a importância desta. Sendo assim concordo
com minha participação, assinando as duas vias de igual teor.
_____________________________________ Data: ___/ ____/ _____
Assinatura do participante
_____________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
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APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Nome:
2. Idade:
3. Escolaridade:
4. Tem filhos?
5. Com quem reside?
6. Tem renda mensal? Além da sua renda, alguém trabalha? Quanto ganha?
7. É aposentado? Por quanto tempo trabalhou?
8. Sabe ler e escrever? Se souber, estudou até que ano?
9. O que ser idoso pra você?
10. Quanto tempo frequenta o grupo Bela Idade? Como conheceu o grupo?
11. Além do Bela Idade você frequenta alguma atividade no CRAS?
12. Você sabe o que é o CRAS? E quais os serviços que ele oferece para a comunidade?
13. Você sabe quais os profissionais que trabalham no CRAS? Diga quais?
14. Se o entrevistador citar o assistente social, pergunte o que ele faz.
15. Você conhece o Estatuto do Idoso? Sim ou Não?
16. O que você acha das atividades do Grupo Bela Idade?
17. Que outras atividades poderiam ser desenvolvidas no Grupo Bela Idade?
18. Você acha as instalações onde funcionam o Grupo Bela Idade adequados? Sim ou
Não? Diga porque.
19. Você já ouviu falar em Assistência Social ? Sim ou Não. Onde?
20. O que é Assistência Social?
21. Como é a relação com a sua família? Eles participam com você de alguma atividade
no CRAS?
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