autos mexicano desl sigl xvi o -...

Post on 01-Oct-2018

215 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

AUTOS MEXICANOS DEL SIGLO XVI

Marianne O. DE BOPP

L o s ESPAÑOLES que c o n q u i s t a n a M é x i c o l l egan a u n m u n d o

extraño, a u n m u n d o de formas de v i d a distintas, de n i v e l

c u l t u r a l diferente, de dioses desconocidos. Esos hombres de

comienzos d e l R e n a c i m i e n t o , arraigados aún en l a E d a d M e d i a ,

que apenas comienzan a conocerse a sí mismos como i n d i v i ­

duos en p l e n o t r i u n f o de su n u e v a g l o r i a y de las verdades

recientemente adquir idas , se encuentran con culturas m u y he­

terogéneas, que v a n desde l a edad de p i e d r a hasta l a edad de

los metales en su más alto desarrol lo. Desde, e l cr is t ianismo,

religión espir i tua l i zada , a u n q u e anclada en rel igiones mágicas,

pasan a u n m u n d o de conceptos plenamente mágicos. A n t e

sus ojos se despliega u n a v i d a d o m i n a d a p o r fuerzas demonía­

cas, u n a v i d a g u i a d a p o r e l hechizo, e l conjuro , l a brujería

y l a m a g i a negra, todo u n m u n d o l l e n o de u n a demonología

análoga a l a m e d i e v a l , de cuyos vínculos su razón, apenas

consciente de sí m i s m a , acaba de l ibrarse.

L a s t r ibus indígenas de M é x i c o pract ican danzas r i tuales ,

que ejecutan c o n m o t i v o de las fiestas de l a vegetación y de

las procesiones destinadas a p e d i r l luv ias ; son danzas que

deben c o n j u r a r a los dioses y a l m i s m o t iempo causar en los

danzantes u n estado extát ico de concepción mágica. L a músi­

ca, e l canto, l a danza y los arcaicos gestos mágicos que se hacen

p a r a desviar e l m a l y c a l m a r l a i r a de los demonios d i v i ­

nos f o r m a n parte de l a religión, son instrumentos de l a magia ,

ceremonias necesarias, realizadas casi s iempre a l aire l i b r e , en

presencia de los dioses. L o s pueblos d e l N u e v o M u n d o h o n r a n

a sus d i v i n i d a d e s con h i m n o s rituales, cantan epopeyas heroi­

cas y c o n j u r a n y se p r o p i c i a n a los muertos. L a guerra sa­

grada, l a " g u e r r a f l o r i d a " , comienza y t e r m i n a c o n fiestas y

ceremonias r i tuales, seguidas siempre d e l sacri f ic io h u m a n o ,

de ese sacr i f ic io mágico que los conquistadores n o conocen,

porque ellos ya sólo l o ejecutan en f o r m a espir i tual izada. L o s

españoles v e n b a i l a r a l rey; b a i l a n los sacerdotes, los nobles y los guerreros, hombres y mujeres, a l u m n o s de los templos y n i -

AUTOS MEXICANOS DEL XVI 113

ños; b a i l a n con máscaras de animales (venado, tigre, coyote,

etcétera), danzan con serpientes, ataviados de picos de águila

y guacamaya; visten p l u m a s de ave p a r a a d q u i r i r e l poder

míst ico del vuelo; siguen el m o v i m i e n t o de los astros como

pájaros giradores (Danza d e l v o l a d o r ) ; representan las es­

estrellas, las nubes, l a l l u v i a . T o d a s esas danzas, que no con­

t i e n e n el m e n o r elemento de diversión o alegría, t e r m i n a n

e n u n sacrificio sangriento, dest inado —como los atributos de

las máscaras, como las p l u m a s o cornamentas— a ganarse a los

poderes mágicos y o b l i g a r a los dioses a c u m p l i r con sus fun­

ciones. Son expresión de l a v i d a mágica; i n d i c a n que toda l a

ex is tencia g i r a en torno a l a rel igión y que cada función

v i t a l está penetrada p o r e l la . E n r e a l i d a d , los conquistadores

m i s m o s están todavía tan cerca de este m o d o de pensar, que les

e x t r a ñ a únicamente l a f o r m a ; creen que e l d i a b l o se h a me­

t i d o all í p a r a lograr paralelos en su opinión tan torcidos. L a

d i f e r e n c i a está sólo en l a f o r m a de expresión, que nace de

este nuevo continente, de esta natura leza extraña y v i o l e n t a

y también de u n a tradición de c o n t i n u i d a d e s p i r i t u a l que no h a b í a tenido contacto a lguno c o n E u r o p a .

E l teatro i n d i o , como e l de E u r o p a , parte de u n a v ivenc ia

mágica . E n ta época de l a conquis ta existe en México e l teatro

s a c r i f i c i a l (Bai le d e l T u n ) , u n teatro sacro; hay representacio­

nes de enfermedades y de su curación, conjuro del m i l a g r o

efectuado p o r magia ; y hay representaciones zoomorfas, to­

d a v í a ligadas estrechamente a l o mágico, a l l a d o de comedias

p r i m i t i v a s , farsas rudas destinadas a l a diversión.

Desde las p inturas y grabados sobre los misterios d e l cris­

t i a n i s m o , que los frailes enseñan a los indios en las iglesias, y

desde su gesto representativo, hasta e l cuadro v i v o y l a drama-

tización n o hay sino u n paso lógico. L o s frailes, y seguramente

t a m b i é n los discípulos solícitos, d a n muchas veces este paso,

s i n q u e p u e d a hablarse aún de verdadero teatro. T o d a s las

ceremonias religiosas cristianas y l a representación teatral

de escenas tomadas de l a leyenda const i tuyen u n a atracción

p a r a los paganos y u n m e d i o de instrucción p a r a los conversos;

l a c a p i l l a abierta m e x i c a n a ( u n escenario colocado sobre u n a

p l a t a f o r m a ) permite que g r a n n ú m e r o de espectadores asistan

a los oficios religiosos; e l aspecto más i m p o r t a n t e es siempre

el de l a propaganda fide.

114 MARIANNE O. DE BOPP

E l espíritu franciscano de los pr imeros misioneros los l l e v a

a preferir , de acuerdo c o n l a tradición eclesiástica, u n a trans­

formación lenta y comprensiva. Así, las procesiones d e l cu l to

rel igioso i n d i o , c o n su c o p a l y sus flores, pasan a ser procesio­

nes de fiestas cristianas, con incienso y candelas; l a ceremonia

de l sacri f ic io sangriento se convierte en ceremonia d e l sacri­

f ic io espir i tua l i zado y e n símbolo de l a ofrenda. C o m o ocurrió

en los pr imeros siglos de l a E d a d M e d i a , durante l a cristia­

nización de E u r o p a , los misioneros a d m i t e n elementos au­

tóctonos, formas culturales ajenas; conservan fechas arraigadas

de fiestas estacionales e i n c o r p o r a n a l a nueva fe las mascaradas

y danzas r i tuales. P o r detrás de l a evidente b u e n a disposición

de los i n d i o s p a r a r e c i b i r e l cr ist ianismo, los monjes at isban

algo que está fuera de su alcance: e l pasado mágico c o m ú n de

l a h u m a n i d a d . Es inev i tab le que con l a evangelización nazca

u n concepto falso, u n a mezcla d e l cr is t ianismo con las ideas

paganas de los ritos. Así como las piedras de los templos

s i rv ieron p a r a constru ir iglesias cristianas, " p a r a que e n e l

m i s m o l u g a r en donde D i o s h a s ido o fendido sea g lor i f i cado

y a l a b a d o " , según palabras de Cortés, l a superposición de r i ­

tos y costumbres o r i g i n a u n a extraña mezcla de ambos cultos,

con i n n u m e r a b l e s graduaciones.

L o s p r i m e r o s autos mexicanos —ese raro y fugaz fenómeno

de l a época híbr ida— const i tuyen u n a superposición i g u a l a l a

efectuada e n l a construcción de iglesias cristianas sobre los

c imientos de los templos indios , con sus piedras y esculturas.

D e este m o d o los misioneros i n t e n t a r o n sanar l a r u p t u r a y

evitar l a destrucción de l o formado orgánicamente, injertán­

dole u n a v i d a extraña e inorgánica. P e r o l a v i t a l i d a d de las

raíces autóctonas hace que l a f lor n u e v a se adapte en seguida

a l árbol viejo. D e los rasgos indios fundamentales d e l teatro

híbr ido y de l a ceremonia rel igiosa y l a leyenda cristianas

resulta u n a fusión entre l a p r i m i t i v a representación r i t u a l

europea y l a ceremonia indígena c o n su dramática frag­

m e n t a r i a .

E L PRODUCTO DE ESA FUSIÓN tiene su p a r a l e l o más cercano e n e l

d r a m a m e d i e v a l : n o es u n teatro contemporáneo. E l públ ico

d e l N u e v o M u n d o , que apenas conoce los p r i n c i p i o s rudi=

m e n t a d o s de u n teatro independiente , n o es capaz todavía

AUTOS MEXICANOS DEL XVI

de entender el teatro refinado, muy desarrollado y cargado de ideas, del barroco español. Es evidente la separación entre esos dos pueblos —el español y el indio— que viven juntos, pero sin formar una nación. Con la conquista comienza para los indios el primitivo teatro ritual en su forma cristiana; por o t r a parte, los españoles continúan representando en el nuevo continente los autos sacramentales, con toda su complejidad y su refinamiento barrocos, un teatro en su más alto grado de desarrollo. Dos niveles sociales distintos, dos épocas diferen­tes conviven en un mismo país, y cada una de ellas tiene el teatro que le corresponde. La finalidad y el sentido del teatro indígena pertenecen por completo a la temprana Edad Media europea. La intención de los frailes es enseñar; su único obje­to, conservar el carácter eclesiástico y hasta sacro del teatro, a pesar de las desviaciones permitidas; esto es extraño a toda estética dramática, a la forma o al deseo de divertir. Pero tampoco cabe afirmar que se trata de una vuelta al Medievo: en México el drama religioso no puede permanecer inalterado ni desarrollarse en la misma forma que en Europa; le falta el origen cristiano-litúrgico y la influencia natural del ambiente europeo; adopta los temas bíblicos de la Edad Media europea, resultado de un largo desarrollo, en una época en que esta f o r m a ya había desaparecido desde hacía mucho. Sin desarro­llo y sin relación se presentan ahora los dos centros del interés religioso de Europa: l a Biblia y los evangelios apócrifos, por una parte, y por otra las leyendas medievales, sin excluir los elementos tomados de la epopeya heroica europea. E l culto cristiano viene a superponerse a las ceremonias rituales y litúrgicas de los indios, de las cuales penetran en el teatro elementos extraños a él; pero falta todo desarrollo propio, progresivo. E l teatro híbrido nunca llega más allá de la re­presentación de las leyendas de la fe más fáciles de compren­der. Como llega un momento en que se interrumpe l a incor­poración cultural del elemento indio, la transformación eu­ropea hacia lo burgués o lo cortesano no es posible; como no existe el ambiente social adecuado, el teatro mexicano no crea pasiones complejas, sino que se limita a misterios de­mentales y a obras que son una especie de moralidades. El auto sacramental, que en España era un arma contra la herejía reformista, y que con sus abstracciones y alegorías aspiraba

116 MARIANNE O. DE BOPP

a ser confirmación de l a fe, e n M é x i c o sólo era comprensib le

a l español i n m i g r a d o , n o a l i n d i o ; no constituye u n a evolución

d e l teatro m e x i c a n o , sino u n fenómeno simultáneo a él.

A pesar de las diferencias, e l teatro h íbr ido m e x i c a n o tiene

más de u n a analogía con e l medieva l europeo, probablemente

con todo teatro p r i m i t i v o . E n México parece volver a darse l a

a c t i t u d d e l públ ico medieva l i le trado, que quiere que todo

acontec imiento tenga su representación deta l lada y exhaustiva,

e n f o r m a épica y poco dramática —exigencia ya. abandonada

desde hacía m u c h o p o r e l teatro español de ideas, pero que en

e l siglo x v seguía p r e d o m i n a n d o en e l resto de E u r o p a . Pero

si esta a c t i t u d resurge en México es sólo a causa de las d i f i ­

cultades lingüísticas. E l auto m e x i c a n o es p o r su espíritu u n

d r a m a r i t u a l en su f o r m a más senci l la , y sigue e l esquema

común a todo teatro p r i m i t i v o ; p o r o t r a parte, e l i n f l u j o d e l

teatro i n d i o , ya más desarrol lado, y e l de los modelos españoles

l o hace menos rígido y algo más c o m p l i c a d o . Se trata general­

mente de u n a ópera rel igiosa, combinación de música, canto,

danza y representación, dest inada a u n a interpretación reci­

tat iva r í tmica con acompañamiento de instrumentos y coros.

E L INFLUJO DEL ELEMENTO INDIO en e l teatro m e x i c a n o del

siglo XVI se mani f iesta en diferentes formas. U n a de ellas es el.

r e a l i s m o d e l escenario. E l escenario indígena de M é x i c o es

m u c h o más comple jo que l a p r i m i t i v a decoración de l a E d a d

M e d i a europea, y esta c o m p l e j i d a d pasó a l teatro crist iano.

L o que crea l a escena n o es, como en l a E d a d M e d i a , l a fuerza

de imaginación d e l espectador, s ino l a imitación a r t i f i c i a l ,

pero f i e l , de l a r e a l i d a d ; p o r q u e l a fantasía n o desempeña u n

p a p e l t a n i m p o r t a n t e en e l ambiente indígena como en E u r o ­

p a . L a actuación en l a escena n o es i lusión, es rea l idad. L a

fantasía escénica d e l M e d i e v o sólo aparece allí donde hay

p r e d o m i n a n t e i n f l u e n c i a d e l e lemento español (Conversión-

de los cuatro reyes de Tláscala). L a profusión de árboles reales

y art i f ic iales , de flores, aves y mamíferos, de ramas de las cuales

cue lgan aves, conejos y otras cosas bonitas y raras, de calles

adornadas de rosas, de casas engalanadas y hombres ataviados

de p l u m a s , joyas y adornos, todo esto se conservó en e l teatro

cr i s t iano , a u n q u e con e l t i e m p o l a pobreza de las órdenes

rel igiosas y l a de los indios derrotados har ían necesario sus-

AUTOS MEXICANOS DEL XVI

t i t u i r e l oro y las joyas p o r modestas imitaciones. T o d o ese

esplendor de c o l o r i d o , esa var iedad de vestidos, máscaras y

adornos, lo m i s m o que l a música de flautas y matracas mágicas

y los bailes, f o r m a b a n parte d e l c u l t o y eran instrumentos

destinados a p r o d u c i r e l éxtasis, elementos inseparables d e l

teatro sacro. ( E n E u r o p a , cuando el d r a m a se separó de l a

iglesia, los objetos r i tuales permanecieron e n ella.)

E l paraíso c r i s t i a n o (Motolinía) se presenta en l a escena

indígena con toda l a r i q u e z a d e l T l a l o c a n i n d i o : frutas, flores,

papagayos, toda clase de animales, " p l u m a y o r o " . D e l m i s m o

m o d o reaparecen elementos de las ceremonias r i tuales e n las

escenas de l a N a v i d a d cr is t iana (Adoración de los Reyes).

Persisten l a máscara y e l disfraz, con su a n t i g u o s igni f icado

r i t u a l .

Más fuerte a ú n y más evidente es l a presencia d e l m u n d o

i n d i o en los personajes d e l d r a m a rel igioso: u n a i n d i v i d u a l i z a ­

ción, como l a que ocurre en E u r o p a , h u b i e r a s igni f icado l a

r e n u n c i a a l sent imiento mágico de l a v i d a ; para l o g r a r l a hubie­

r a sido necesario destruir en l a conciencia e l o r d e n v i t a l an­

t iguo. P e r o t a m p o c o son posibles en M é x i c o los personajes

típicos medievales. E n E u r o p a todos los personajes d e l teatro

rel igioso, hasta los más santos, son e l resultado de u n a larga

evolución: las diversas figuras se fueron hac iendo más vitales

y a d o p t a n d o rasgos característicos y populares, hasta que e l

e lemento p r o f a n o acabó p o r p r e d o m i n a r sobre e l rel igioso.

Se fueron desarro l lando diversos tipos a base ante todo de

figuras que, p o r l a ampl iac ión p r o f a n a de u n asunto dado,

se co laban e n las historias bíblicas: pastores, soldados, sir­

vientes, esposas, mercaderes de ungüentos, mendigos, ladrones,

verdugos, ángeles y diablos . Estas figuras se introducían en e l

teatro m e d i e v a l p a r a a l igerar u n poco e l r i g o r de l a h i s t o r i a

bíblica; vivos y populares — a l estilo europeo—, se m u e v e n , b i e n

perfi lados, a l l a d o de las figuras casi s iempre hieráticas e

inmutables de l a B i b l i a . L a m a y o r parte de tales tipos son

completamente extraños a l a estructura social d e l m u n d o

i n d i o ; c u a n d o a l g u n o de ellos aparece en los autos mexicanos,

está adaptado a l n u e v o ambiente de los conquistadores o b i e n

recibe e l sello de l a v i d a indígena.

E l p r e d o m i n i o d e l e lemento profano p o p u l a r sobre e l

rel igioso, ta l c o m o se p r o d u j o en E u r o p a , era i m p o s i b l e en

118 MARIANNE O. DE BOPP

u n a c o l o n i a que se encontraba bajo l a v i g i l a n c i a de l a Iglesia;

n i s i q u i e r a existía en España. L a s figuras d e l d r a m a crist iano

de M é x i c o n o son resultado de u n a evolución, n i son capaces de

e l l a ; como los frailes c u i d a n que n o se aparten de l dogma,

conservan rígidamente sus ademanes característicos y necesaria­

mente hieráticos. N u n c a aparecen los tipos famil iares, cercanos

e íntimos que v i v e n con e l p u e b l o ; son seres dogmáticamente

fijados, cuya severidad tiene que conservarse tanto más cuanto

que a ú n n o están arraigados f i rmemente en l a fe. A l p u e b l o

n o se le permite — a l menos en l a escena— m o d e l a r a los perso­

najes n i j u g a r con ellos. E l i n d i o m i s m o n o puede personifi­

carse en ellos (aunque p r o n t o tratará de hacerlo fuera del

teatro); su p a p e l se l i m i t a a las figuras secundarias. Antes de

que l a f i g u r a del p u e b l o p u d i e r a desarrollarse dentro de este

marco , ese t i p o de dramatización desapareció, cediendo a la

l ínea est i l izada d e l d r a m a barroco español.

Así , las figuras sagradas s iguieron siendo rígidas; e l d i a b l o

era u n i n t r u s o y l a m u j e r era extraña a l a representación

r i t u a l . S i n embargo, podemos observar cómo el rey (Herodes)

se t ransforma en el señor de los pueblos indígenas, con cual i ­

dades mágicas, esplendor y m a g n i f i c e n c i a y con todo e l r i t u a l

acostumbrado de los grandes señores. D e l a m i s m a manera, los

Reyes M a g o s se i d e n t i f i c a n evidentemente con los vencidos

(Comedia de los Reyes), y los pastores se v u e l v e n indios; ciertas

f iguras secundarias muestran igua lmente u n i n f l u j o indígena.

S i n d u d a , también e l e lemento cómico tiene sus raíces más

b i e n e n e l teatro precortesiano que en e l español, tanto

más cuanto que sirve p a r a disfrazar, como en todas partes, l a

resistencia contra e l destino y l a opresión.

P e r o donde más se manif iesta l a s i n g u l a r i d a d i n d i a d e l auto

m e x i c a n o es en e l estilo, que conserva f ie lmente las caracte­

rísticas de co lor ido , p a l a b r a y sonido que vemos en los l ibros

sagrados, e n l a poesía indígena y en las crónicas. Estos rasgos

se tras lucen en l a traducción —del iberadamente f i e l — de d o n

Franc isco d e l Paso y T r o n c o s o , que conserva todos los giros

típicos d e l lenguaje poético indígena. A pesar de ser obra

m u c h a s veces de indios incul tos y poco hábiles en l a expresión,

o b i e n de hombres cultos que h a n pasado p o r escuelas perte­

necientes a u n a c u l t u r a d i s t i n t a , los autos reflejan todavía el

lenguaje p u r o , b r i l l a n t e , c o m p l i c a d o y r i c o en metáforas de

AUTOS MEXICANOS DEL XVI 119

l a poesía i n d i a , y descubren u n a s e n s i b i l i d a d de expresión

l ír ica, cuya estilización es p r o d u c t o de u n largo desarrol lo. Es

u n lenguaje creado p o r l a v i v e n c i a directa y l a intuición inge­

n u a , no tocado aún p o r e l pensamiento abstracto. " L o tengo

e n e l rostro, en e l corazón" es más v i v o , más i m a g i n a t i v o que

" l o ent iendo" . " T i e n e s allí t u cola, tus alas", en vez de " t u

p u e b l o , tus vasallos" (Destrucción de Jerusalén), o " l u g a r don­

de se levanta e l frío, l u g a r donde se alza e l v i e n t o " (Comedia de

los Reyes), p a r a designar e l mísero pesebre d e l N i ñ o D i o s , son

expresiones más potentes e n fuerza lírica y más cercanas a l

o r i g e n del lenguaje que l a designación común. E l espíritu

de l a raza, d e l lenguaje, d e l p u e b l o se i m p o n e a l contenido

extraño que expresa. H a s t a e n los casos en que e l texto tiene

u n acento marcadamente español (Invención de la Santa Cruz)

e l tono d o m i n a n t e está, s i n l u g a r a dudas, en l o autóctono.

L a metáfora, muchas veces b r i l l a n t e , pero y a esti l izada,

constituye u n a de las pecul iar idades pr inc ipa les d e l estilo

indígena. T o d a l a poesía precortesiana contiene, como perlas

ensartadas, esas metáforas, que son reflejo f igurado de l a vada,

de l a ac tua l idad i n m e d i a t a , en todo l o que b r i n d a de más

precioso y be l lo . L a s imágenes de esa poesía casi n u n c a se

ref ieren a l a v i d a c o t i d i a n a ; están dentro d e l estrecho círculo

de l a v i d a elevada a l o d i v i n o y solemne. L a s piedras precio­

sas, las plumas, los adornos y flores t ienen seguramente, a l lado

d e l destino evidente, u n s igni f icado simbólico y mítico. E n l a

poesía indígena hay lamentaciones líricas como l a siguiente:

" E r a n p lumas finas de quetza l , y se a jaron y p a l i d e c i e r o n ; eran

esmeraldas y se h i c i e r o n añicos"; y los autos cont ienen expre­

siones semejantes; d e l N i ñ o Jesús se dice: " O h p i e d r a preciosa,

o h p l u m a r ica , o h f i n a turquesa, o h a jorca" (Adoración de los

Reyes); de Mar ía : " L a señora celestial y hermosa, c ierto se

aventajaba enteramente a toda l a d i v e r s i d a d de vistosas flores,

las cenicientas, las a m a r i l l a s , las bellas flores moradas matiza­

das; así es, a toda l a d i v e r s i d a d de flores hermosas, parecidas

a las p lumas bermejas [que] allá estaban esparciéndose" (Ibid.).

O t r a característica d e l esti lo poét ico i n d i o es e l o r d e n de

las palabras en l a oración, d i s t i n t o d e l empleado e n español:

" A h o r a , pues, al lá en e l hoyo, Sabio-Pez T i e r r a o í a . . . " (Libro

del Consejo); "Pues , como n o c u i d a su c i u d a d , R o m a , que.

120 MARIANNE O. DE BOPP

nosotros, de verdad, con nuestra c i u d a d , Jerusalén, ciertamen­

te así también lo haremos" (Destrucción de Jerusalén).

Es notable e l constante empleo d e l fu turo . E n e l Libro del

Consejo dice: "Pájaros anidaréis sobre los árboles, sobre los

bejucos moraréis, engendraréis, os multiplicaréis sobre las ra­

mas de los á r b o l e s . . . " ; y e n l a Adoración de los Reyes leemos:

" D e su raíz se formará enteramente, nacerá, se criará u n

h o m b r e , generoso cabal lero, y nacerá, brotará u n a m a r a v i l l o s a

f l o r . " T o d a s las anotaciones escénicas se d a n en esta forma:

" L u e g o asirá u n a cadena e l emperador y a Pilatos atará"

(Destrucción de Jerusalén).

O t r a s i n g u l a r i d a d : las repetidas interrogaciones. D i c e e l

Libro del Consejo: "¿De dónde venís, abuelo nuestro? ¿Visteis

verdaderamente l a montaña que decís? ¿En dónde está? Y o

l a veré, l a derribaré. ¿En dónde l a visteis?" D e l a m i s m a

m a n e r a h a b l a d o n C a r l o s C h i c h i m e c a t e c o t l (Cuevas, His­

toria ) en su proceso p o r idolatr ía ante l a Inquisición: " ¿ Q u é

es esta d i v i n i d a d , cómo es, de dónde vino? ¿Qué es lo que

enseñas, qué es lo que n o m b r a s ? " Y Herodes gr i ta a irado en l a

Comedia de los Reyes: " ¡ O h g r a n señor! ¿Acaso desatinas?

¿Qué expresas? ¿Quién es gobernante, q u i é n rey de los judíos

s ino yo? ¿Acaso ya perecí, ya morí , ya me acabé?" E l número

de ejemplos de los autos podría aumentarse indef inidamente .

Característica d e l esti lo indígena es también l a i n t e r m i n a b l e

repetición, reiteración y para le l i smo. L a cadencia lírica, e l

r i t m o d e l ensalmo mágico, l i g a d o inseparablemente a l a músi­

ca y a l a danza es percept ib le p o r todas partes, desde los

l i b r o s sagrados hasta esas últ imas expresiones puras de l m u n d o

indígena. " B a j a n hojas d e l c ielo, b a j a n d e l cielo arcos f lor idos"

(Chilam Balam): esto es danza, aquí están las palabras recita­

tivas rítmicas de u n bai le , cuya expresión era ya más perfecta

q u e l a de l a música y l a poesía. E n todas las frases d e l Popol

Vuh resuena este m i s m o r i t m o , l a reiteración i n f i n i t a e impre­

s i o n a n t e del m i s m o pensamiento e n sinónimos, innumerables

como las figuras de u n a danza o los sonidos del tambor. Se

r e p i t e n ideas, frases, nombres de dioses y de lugares, verbos y

exclamaciones; se d a n tesis y antítesis de u n a simetría inevi ta­

ble, n a c i d a de l a natura leza y d e l cuerpo h u m a n o , s ingula­

r i d a d de toda l a poesía sacra p r i m i t i v a : de l a m i s m a m a n e r a

canta C h i n a , se expresa l a B i b l i a m i s m a y l a E d d a . A pesar

AUTOS MEXICANOS DEL XVI 121

d e l a comprensible resistencia de l a Iglesia contra l a f o r m a

arcaica y sacra d e l canto, l a costumbre de este r i t m o t r a d i c i o n a l

s iguió p r e d o m i n a n d o . Así , e n l a Adoración de los Reyes lee­

m o s : " E l que está j u n t o , e l que está cerca", " Y a p o r donde

q u i e r a se descubrió, l legó, se manifestó y resonó b i e n t u fama,

t u g l o r i a , t u o m n i p o t e n c i a " ; en La viejecita y su nieto: " T u v e

ganas, u n capricho, se me antojó" , "Sospecho que tú seas e l

q u e te los comes. Quizás seas tú e l que te los comes." E n l a

Comedia de los Reyes, G a s p a r repite l i tera lmente lo que e l em­

p e r a d o r le encargó y e l capitán j u d í o repite l o que se le mandó.

T a m b i é n esta p e c u l i a r i d a d se fué adaptando a l estilo español;

l o vemos en el diálogo d e l Tlacahuapahualitzli y en l a Con­

versión de los cuatro Reyes de Tlascala.

E l i n d i o , como el h o m b r e de todas las religiones mágicas,

efectúa innumerables ceremonias, que encadenan su v i d a .

T a m b i é n en este m u n d o mágico, ya compl icado, ciertas cere­

m o n i a s siguen siendo necesidad i n e l u d i b l e de l a v ida , constante

c o n j u r o de l a desdicha que p u d i e r a sobrevenir si se descubriera

e l hechizo. C a d a dios tiene su fórmula de conjuro, su a t r i b u t o

v e r b a l mágico, y lo m i s m o cada p iedra , a n i m a l , p l a n t a . E l

est i lo solemne y c o n j u r a d o r de l a fórmula todavía es parte de

l a acción r i t u a l . A u n c u a n d o l a fórmula y l a ceremonia h a n

p e r d i d o ya su sentido y a u n cuando l a capa a l ta de l a sociedad

las h a abandonado, s iguen subsistiendo tenazmente. L a repe­

tición y l a reiteración en cada frase, lo m i s m o que l a fra­

se i n i c i a l y l a f i n a l , const i tuyen fórmulas de cortesía, que se

conservan a pesar de haberse despojado de su más p r o f u n d o

s igni f icado. Constantemente nace d e l fondo religioso de l a

v i d a esta f o r m a semipoética y simbólica de las palabras ora­

torias, cuya r i q u e z a v e r b a l y complicación corresponde a l estilo

e x t e r n o e i n t e r n o de l a v i d a . " Q u e así sea, se respondió a sus

p a l a b r a s " (Popol Vuh); " Q u e así se haga, o h caballeros honra­

d o s " (Sacrificio de Isaac).

Fórmulas, interjecciones: " O h engendrados" (Popol Vuh);

" O h e l Príncipe Quetzalcóat l , / ah, yo he de traer mis f lores"

(Poesía indígena); " O h Señores, o h Reyes" (Adoración de los

Reyes). L a s i n t e r m i n a b l e s paráfrasis d e l f o r m u l i s m o ant iguo,

q u e expresan ahora ideas extrañas a él, muchas veces hacen

penoso e l estilo; a través de él se ve que los pensamientos que

e l a u t o r i n d i o p r o c u r a expresar a su m a n e r a le son extraños.

122 MARIANNE O. DE BOPP

A b r a h a m amonesta a su h i j o (Sacrificio de Isaac) e n u n a

larga oración, que tiene todo e l estilo de las oraciones q u e

d i r i g e n los padres a sus hi jos (Clavigero; S a h a g ú n ) : " N o sa­

bemos p o r cuánto t i e m p o nos concederá e l cielo gozar de l a

preciosa joya que en t i poseemos; . . . t ú procuras v i v i r con

sumo cuidado, p i d i e n d o c o n t i n u a m e n t e a D i o s que te ayude.

Él te crió y te posee, él es t u Padre , que te ama más que yo ."

L a alocución se hace, como e n toda poesía arcaica, en l a segun­

d a persona d e l s ingular : " O h tú" , " O h tú, m i amado padre, tú.

geni tor mío sobre l a t i e r r a " (Sacrificio de Isaac) o d e l p l u r a l ,

" O h vosotros".

L a pesadez y l a complicación relat ivamente grande d e l

diálogo escénico, en comparación con e l d e l auto europeo,

t ienen su or igen en esa ceremoniosa cortesía indígena, que en

las obras l i terarias refleja las fórmulas usuales en l a v i d a .

"Cuatroc ientas veces hacéis desatinar y os burláis de los de­

más", dice Herodes (Adoración de los Reyes), empleando e n el

auto cr is t iano e l sistema numérico azteca; y d e l m i s m o m o d o :

" M a n d a n besar cuatrocientas veces tus manos y tus pies"

(Ibid.).

T o d o e l ceremonia l i n d i o aparece en los autos cristianos.

E l complejo y extenso r i t u a l de l a rel igión indígena puede

trasplantarse s i n d i f i c u l t a d a l a rel igión cr ist iana; los hombres

siguen h a c i e n d o sus "grandes reverencias, y besaron l a t ierra ,

según costumbre y en señal de paz" ( A l v a r a d o Tezozómoc). E l

rey de l a escena m e x i c a n a es e l rey i n d i o , con todo su r i t u a l

y con los escasos restos de su ant igua magni f icencia , n o e l

europeo. C u a n d o los aztecas e n t r a b a n en la sala de l a A u d i e n ­

c ia , hacían tres reverencias antes de empezar a h a b l a r : " E n

l a p r i m e r a decían 'señor', en l a segunda 4 m i señor 5, en l a tercera

'gran señor* (tlatoani, notlatocaltzin, hueli tlatoani) y h a b l a b a n

c o n voz baja y con l a cabeza i n c l i n a d a . . . ; a l despedirse n i n ­

g u n o volvía las espaldas a l t r o n o " ( C l a v i g e r o ) . Y en los autos

vemos: " T ú que sentado estás, o h señor, o h soberano" (Co­

media de los Reyes); " O h Señor, oh gran Señor, o h rey" (Ado­

ración de los Reyes). O t r a fórmula de saludo a l rey es: "Pasas

c o n trabajo l a v i d a , o h n o b l e , o h gran señor. O h Príncipe, o h

Herodes , fortalézcante los dioses"; "Padeciste necesidad, pasas­

te trabajos, o h tú, a m a d o n i ñ o " (Comedia de ¡os Reyes). L a

frase " M a n c e b o , h i j o m í o venturoso, l legado habéis a vuestra

AUTOS MEXICANOS DEL XVI 123

casa y corte" de A l v a r a d o T e z o z ó m o c corresponde a l "Pues

de v e r d a d es vuestra casa adonde vinisteis a l l egar" de Herodes.

C o m o los reyes indios rec iben " o r o y p l a t a y p l u m a s y

p iedras preciosas y ropas de mantas y algodón, e indios e indias

p a r a sacr i f icar" ( B e r n a l Díaz d e l C a s t i l l o ) , también e l rey de

l a Destrucción de Jerusalén ofrece todas esas cosas e n señal

de agradecimiento: " D i g a n , ¿acaso q u i e r e n ciudades, o por

v e n t u r a oro, piedras finas, cosas preciosas?" C o m o e l rey —do­

t a d o todavía de fuerzas mágicas— p r o f a n a su sant idad si toca

e l suelo c o n los pies ("le ponían mantas p o r q u e no písase l a

t i e r r a " , dice B e r n a l D í a z ) , los judíos d i c e n en l a Comedia de

los Reyes: " Q u e vuestros pies tengáis a b i e n poner en e l suelo,

o h vosotros, señores, o h vosotros, reyes."

E s t i l o , fórmulas, ceremonia l se ref lejan claramente en los

escasos restos que se conservan d e l teatro h íbr ido m e x i c a n o y

c o m p r u e b a n l a fuerza de l a raíz indígena y su indestruct ible

v i t a l i d a d . E n todas partes e l m o d o de v i d a i n d i o está en situa-

c i ó n desventajosa, y s in embargo se i m p o n e , e n grado m u c h o

m a y o r de l o que se creería a p r i m e r a vista. P e r o las antiguas

formas sólo podían c o n t i n u a r si seguían v i v i e n d o en e l p u e b l o

c o m o creación nueva y p r o p i a , y esto no sucedió. E l pue­

b l o , aislado, y a l m i s m o t i e m p o separado de sus fuentes

religiosas, ya n o crea nada p r o p i o . L a expresión v i t a l i n d i a

se irá agotando con el t i empo. E l teatro q u e predominará

y a n o será europeo, n i será e l d e l cu l to , s ino u n teatro español

n a c i d o en suelo m e x i c a n o ; y a n o es expresión de l a fe, acto

r i t u a l , como l o era e l teatro i n d i o , s ino l a discusión de ideas

europeas, q u e sólo p a u l a t i n a m e n t e e n c u e n t r a n su voz pecul iar .

top related