aula de processo civil iii

Post on 18-Feb-2016

215 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

aula processo civil

TRANSCRIPT

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS• NOÇÕES DE RECURSO

•Filologia - A palavra recurso provém do latim “recursus”, que traz a idéia de voltar atrás. Diante de uma decisão que não agrada, pretende-se uma nova análise da matéria, ou seja, percorrer um novo caminho no judiciário, geralmente em outra instância dita superior.

•OBS: caiba salientar que nem toda via de impugnação judicial configura hipóteses de recursos e nem toda reapreciação da questão deve dar-se por órgão distinto daquele que proferiu a decisão atacada, porquanto alguns recursos provocam decisões dentro do próprio órgão que proferiu o julgado. Ex: Embargos de Declaração.

•FUNDAMENTO - Os recursos vão buscar seus fundamentos na necessidade psicológica, ínsita ao homem, de não se conformar perante uma única decisão. E ele incapaz, em regra, de se submeter à imposição de outrem, quando esta lhe pode trazer, de uma ou outra forma, algum gravame ou prejuízo. Além disso, a precariedade dos conhecimentos dos seres humanos pode causar um erro de julgamento e o confiar-se o poder de decidir a apenas uma pessoa possibilita o arbítrio.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

•Fundamento Constitucional - A existência dos recursos tem sua base jurídica no próprio texto constitucional, quando este organiza o Poder Judiciário em duplo grau com a atribuição primordialmente recursal dos Tribunais. Art. 5º, inciso LV CF..

•Conceito - “meios de impugnação de decisões judiciais, voluntários, internos à relação jurídica processual em que se forma o ato judicial atacado, aptos a obter deste a anulação, a reforma ou o aprimoramento”( MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Manual de Processo de Conhecimento. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, P. 498).

•OBS: a posição majoritária da doutrina é no sentido de que não se pode atribuir natureza de recurso ao chamado duplo grau de jurisdição obrigatório, regido pelo artigo 475 do CPC, a natureza de recurso, exatamente por este não ser de caráter voluntário. Na visão de Alcides de Mendonça Lima, melhor seria considerá-lo uma condição de eficácia das sentenças que a ele estão sujeitas.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

•OBS: Toda decisão judicial deve ser motivada, na conformidade do artigo 93, IX da Constituição Federal e dos artigos 118 , 131, 165, 280, II, 458, II do CPC.

•Efeitos: o recurso pode permitir que sejam alcançados quatro resultados, quais sejam: reforma, invalidação, esclarecimento e integração da decisão judicial impugnada.

a) Reforma – O recurso pode ter por objeto a reforma da decisão judicial impugnada, quando ocorrer um erro de julgamento, também chamado “error in iudicando”. Tal ocorre quando o magistrado atribui ao direito positivo uma vontade diversa da vontade concreta da lei.

b) Invalidação – Quando a decisão apresenta um vício de forma, resultando no descumprimento de uma norma de natureza processual, tal decisão enseja nulidade, devendo o julgado ser invalidado.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

OBS: REFORMA x INVALIDAÇÃO – através do recurso que busca a reforma da decisão, o que se espera é que o órgão julgador do recurso prolate nova decisão sobre a mesma questão já decidida pelo provimento impugnado, devendo este novo pronunciamento substituir o pronunciamento recorrido. Já na segunda hipótese, o que se espera obter no julgamento do recurso uma decisão que anule o pronunciamento impugnado, expurgando-o do processo e determinado ao órgão que o havia prolatado uma nova decisão sobre uma mesma questão.

c) Esclarecimento - há situações em que a decisão proferida pleo órgão judicial é obscura ou contraditória. Nessas hipóteses, é possível a interposição de recurso para fim de esclarecimento da mesma. Nesse caso o recurso não é destinado a provocar uma nova decisão sobre a questão, mas busca reafirmar a decisão judicial, com termos mais esclarecedores do que os usados anteriormente.

d) Integração - Integração consiste na atividade de suprimir

lacunas, o que nos leva a concluir que aqui a atividade jurisdicional não se encerrou, haja vista ter o juízo omitido uma questão sobre a qual deveria ter se pronunciado. Nesse caso, o que se pretende é reabrir a própria atividade decisória, com a apreciação da questão que ainda não havia sido apreciada.

Classificação dos Recursos

1. Total ou parcial - A primeira forma de classificação decorre do fato de que uma decisão judicial pode ser impugnada inteira ou parcialmente, de modo que, recurso total é aquele que ataca todo o conteúdo impugnável da decisão .

T EORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

2. Principal ou adesivo - Nos termos do artigo 500 do CPC, cada parte interpõe seu recurso no prazo, independentemente do outro e observando o regramento legal. Assim, pode ocorrer que ambas as partes recorram de uma decisão que deixou insatisfeitas as duas. Nesse caso, o recurso de cada uma elas será independente do outro e, por isso, será chamado recurso principal. Contudo, pode acontecer que uma situação de sucumbência recíproca, onde ambas as partes tenham obtido apenas a satisfação parcial de seu pleito, uma das partes reste satisfeita, com o resultado, deixando e recorrer da decisão. Nesse caso, o artigo 500 do CPC permite que a parte que deixou de recorrer no prazo legal, na fase de apresentar contra-razões recursais, interponha recurso adesivo, ou seja, recurso subordinado ao da outra parte. Este recurso, por sua vez, só será julgado se o recurso principal for admitido.

3. Ordinário ou excepcional – São ordinários os recursos cujo objeto imediato é a tutela do direito subjetivo, e excepcionais aqueles cujo fim imediato é a tutela do direito objetivo. Encontram-se na primeira espécie recursos como a apelação, o agravo e os embargos ifringentes. Na segunda categoria localizam-se os recurso especial e recurso extraordinário.

OBS: Nos recursos ordinários, em que o objeto imediato é a tutela do direito subjetivo do recorrente, pode-se discutir questões de fato e de direito, já que o direito subjetivo nasce quando uma situação fática concreta se enquadra na descrição abstrata contida na norma. Desta forma, tanto os aspectos de fato como os de direito podem ser aqui discutidos. Por outro lado, nos recursos excepcionais, cujo objeto imediato é a tutela do direito objetivo (Constituição da República e direito federal), onde apenas mediatamente se tutela o direito subjetivo, apenas questões de direito podem ser suscitadas.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS OBS: Os Enunciados 07 e 279 da Súmula da jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal proíbem, respectivamente, que se admita recurso especial ou extraordinário objetivando o mero reexame de prova.

Juízo de Admissibilidade e juízo de Mérito – O julgamento dos recursos divide-se em duas fases. Na primeira delas, dita preliminar, ocorre a apreciação dos requisitos de admissibilidade do recurso. Caso estejam presentes, passa-se, de imediato, ao Juízo de mérito, que consiste na fase do julgamento em que se vai examinar ou não a procedência da pretensão manifesta no recurso.

Destaque: Em nosso sistema, o recurso é interposto perante o órgão a quo, ou seja, perante o órgão que proferiu a decisão recorrida. No momento da interposição d recurso, este órgão exerce o juízo de admissibilidade, de modo que ao apreciar a petição de interposição do recurso, deverá o órgão a quo declarar se é o caso de receber ou não receber o recurso. Exceção: agravo de instrumento.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

PROCEDIMENTO - Art. 547 a 565 e seguintes do CPC

1º Ao receber o recurso, ou seja, ao identificar a presença dos requisitos de admissibilidade, abre-se vista ao recorrido, a fim de que este possa oferecer suas contra-razões, ou seja, sua impugnação ao recurso. 2º Oferecida as contra-razões, remete-se os autos ao órgão a quo, para que este, pela segunda vez, aprecie a admissibilidade do recurso. Isto se dá porque pode o recorrido alegar ausência de algum requisito de admissibilidade, provocando assim um novo exame do tema pelo órgão que recebeu o recurso.Nessa ocasião o Juízo a quo irá dizer se dá seguimento ou não ao recursos.

3º Tendo o órgão a quo dado seguimento ao recurso, é o mesmo remetido ao órgão competente para a análise do juízo de mérito, este sendo denominado juízo ad quem.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

4º Tratado-se o juízo ad quem de órgão colegiado, há de ser sorteado um relator, o qual irá exercer uma vez mais o juízo de admissibilidade sobre o recurso. Poderá o relator dar seguimento ao recurso, levando-o a apresentação do colegiado, ou rejeitá-lo liminarmente. Art. 557 do CPC.

5º Por fim, na sessão designada ao julgamento do recurso, passa-se a apreciar uma vez mais o juízo de admissibilidade. Na hipótese do órgão ad quem não conhecer do recurso, isto é, proferir julgamento negativo de admissibilidade, não se procederá ao juízo de mérito.

- Formação da coisa julgada no caso de não recebimento de recurso ou não prosseguimento de recurso pelo Juízo a quo ou ad quem:

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

•Sendo negativo o juízo de admissibilidade, o provimento que deixa de receber o recurso tem efeito meramente declaratório, limitando-se a explicitar que a decisão contra a qual se recorreu não admitia mais impugnação, de modo que o trânsito em julgado da mesma terá ocorrido no momento em que a mesma se tornou irrecorrível, e não no momento d julgamento do recurso.

•Ex: interposta uma apelação contra uma sentença após o término do prazo legal, terá a mesma transitado em julgado no momento do término daquele prazo, ainda que a decisão sobre a inadmissibilidade do recurso seja prolatada meses depois.

•Importância do momento da fixação do trânsito em julgado – o momento da fixação do trânsito em julgado da sentença é de fundamental importância, tendo em vista que para a verificação do termo inicial do prazo para ajuizamento e “ação rescisória”, posto que tal prazo e de dois anos, á contar da data do trânsito em julgado da sentença rescindível. Art. 495 do CPC.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

OBS: Os requisitos de admissibilidade dos recursos se dividem em genérico e específicos , sendo que os genéricos se aplicam a todo tipo de recurso, enquanto que os específicos se restringem a admissibilidade dos recursos excepcionais.- Exemplo de requisito genérico – tempestividade.- Exemplo de requisito específico – prequestionamento.

-Requisitos Intrínsecos – equivalem as condições do recurso, as quais remetem as condições da ação.- a) Legitimidade para recorrer – artigo 499 do CPC – o qual atribui às partes, ao Ministério Público e ao terceiro prejudicado o direito de recorrer. O MP tato pode recorrer nos processo em que ele é parte, como nos que atua como fiscal da Lei (Art. 499, § 2º do CPC)

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

b) Interesse de Recorrer – refere-se a utilidade do provimento pleiteado através do recurso. Haverá utilidade no recurso interposto quando estiverem presentes a necessidade de interposião do recurso e adequação do recurso interposto. De modo que, haverá interesse de recorrer quando o recurso for o único meio colocado à disposição de quem o interpõe, a fim de que alcance, dentro do processo, situação jurídica mais favorável do que a proporcionada pela decisão recorrida.

OBS: É preciso ainda, para que o recurso possa ser admitido, que se tenha interposto o recurso adequado, ou seja, que se tenha interposto o recurso cabível contra o tipo de provimento impugnado.

Peculiaridades – Quando uma decisão judicial contrarias súmula vinculante do STF, é cabível o ajuizamento de reclamação constitucional diretamente no STF.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

• O fato de se admitir a utilização desse meio de impugnação de decisão, não exclui o manejo de recurso, conforme expressamente prevê o artigo 7º da Lei 11,417;2006, de seguinte teor:

“Art. 7º .Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

c) Juridicamente Possível – considera-se juridicamente possível o recurso que estiver previsto em lei. Assim, considera-se juridicamente impossível o recurso interposto contra despacho

TEORIA GERAL DOS RECURSOS CÍVEIS

• de mero expediente, na forma do artigo 504 do CPC.•EX: É juridicamente impossível recurso interposto contra a decisão interlocutória prevista no rtigo 519 do CPC, pela qual o juiz deixa de aplicar a deserção

top related