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Aula da disciplina Comunicação e Cidadania - UFRGS - 2011.2 - professoras Ilza Girardi e Cláudia Moraes

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Comunicação e cidadaniaComunicação e cidadaniaBIB 02020 – 2 créditos – 30 horas

2011/2Professora responsável: Ilza Girardi

Estagiária: profa. Cláudia H. De Moraes

Aula 1: A cidadania – história e perspectivas teóricas

O que é cidadania?O que é cidadania?

Um conceito e várias interpretações

A cidadania assumiu várias faces no decorrer da história, de acordo com os contextos culturais.

*Cidadania em Roma

Estátua de jovem romano usando toga ( 20 – 30 d.C.) que era um sinal de distinção

- cidadania classista: os patrícios (descendentes dos fundadores), os plebeus (descendentes dos estrangeiros) e os escravos (prisioneiros de guerra e os devedores)

- “a quem possa exercer”: o homem livre - “ser romano” - mais importante do que o

vínculo pai-filho- o estrangeiro, sem religião, podia ser

punido com a morte ao ingressar numa assembleia

Ser cidadão romano comportava uma notável série de privilégios, variáveis durante o curso da história, tendo sido criadas diversas "gradações" da cidadania. Na sua versão definitiva e plena, todavia, a cidadania romana permitia o acesso aos cargos públicos e, às várias magistraturas, a possibilidade de participar das assembleias políticas da cidade de Roma; diversas vantagens de caráter fiscal e, importante, a possibilidade de ser sujeito de direito privado, ou seja, de poder se apresentar em juízo mediante o mecanismo do jus civile, o direito romano por excelência.

* Cidadania na Grécia antigaTodos os que teriam condições de opinar eram cidadãos: homens livres, sem

necessidade de trabalhar (dedicação ao ofício público). Eram excluídos homens ocupados, mulheres, estrangeiros e escravos.

Compreendia apenas os direitos políticos – participação no destino da coletividade.

Em Esparta, a mulher possuía um pouco mais de liberdade, pois a atividade militar dos homens abria espaço para uma maior atuação. Estava sujeita a duros treinamentos físicos e militares para poder servir o exército e gerar crianças sadias que se tornariam futuros soldados.

A mulher em Atenas também estava sujeita a uma série de restrições.Quando era esposa de um homem rico não havia a necessidade de trabalho

enquanto fonte de renda (coordenar trabalhos dos escravos).A mulher de um homem de poucas posses era obrigada a trabalhar para ajudar

no sustento da família. De famílias ricas ou pobres, as mulheres em Atenas não possuíam direitos

políticos. A vida pública não era (ou não deveria ser) espaço para as mulheres. Tanto em Esparta quanto em Atenas, as mulheres não eram consideradas cidadãs.

Atena combatendo Encélado, pintura em prato grego, c. 525 a.C. Museu do Louvre.

- Forte mitologia: Mito de Atena era usado para reforçar a ideia de “civilizar os estrangeiros”

- união entre Estado e Religião

- cidadãos atenienses eram iguais – nobres (eugenia)

Concepção moderna

O conceito de cidadania enquanto DIREITO DE TER DIREITOS tem se prestado a diversas interpretações.

Tornou-se clássica a concepção de MARSHALL, que estudou a sociedade inglesa e gerou a noção de cidadania e de seus elementos constitutivos.

Thomas Humprey Marshall (1893-1981) foi um sociólogo britânico, conhecido principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca Cidadania e Classe Social, publicado em 1950, a partir de uma conferência proferida no ano anterior.

Analisou o desenvolvimento da cidadania como desenvolvimento dos direitos civis, seguidos dos direitos políticos e dos direitos sociais nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente. Introduziu o conceito de direitos sociais, sustentando que a cidadania só é plena se é dotada de todos os três tipos de direitos e esta condição e está ligada à classe social.

Fonte: Wikipédia

Thomas Humprey Marshall

Direitos civis e políticos Direitos civis: Conquistados no século XVIII,

correspondem aos direitos individuais de liberdade, igualdade, propriedade, de ir e vir, direito à vida, à segurança, etc.

Direitos políticos: Conquistados no século XIX correspondem aos direitos de liberdade de associação, reunião, organização política e sindical, participação política e eleitoral.

São chamados de direitos individuais exercidos coletivamente e foram incorporados à tradição liberal.

Direitos de Primeira Geração

Direitos de Segunda Geração

Direitos sociais,conquistados no século XX (movimento sindical e operário)

Direitos sociais, econômicos ou de crédito: trabalho, saúde, educação, aposentadoria, seguro-desemprego

São direitos e garantias de acesso aos meios da vida e do BEM ESTAR

Direitos que tornam REAIS os direitos FORMAIS

Direitos de Terceira Geração Segunda metade do século XX Direitos que têm como titular, não o indivíduo,

mas grupos humanos como POVO, NAÇÃO, COLETIVIDADES ÉTNICAS ou HUMANIDADE

Direito da autodeterminação dos povos, direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito ao meio ambiente

São relativos a interesses difusos, como direito ao meio ambiente e do consumidor, das mulheres, das crianças, das minorias étnicas, dos jovens, idosos

Direitos de Quarta Geração??

Alguns já discutem a necessidade de reflexão sobre direitos contemporâneos não incorporados entre os de terceira geração

Seriam relativos à bioética e à engenharia genética, porém ainda não estão estabelecidos formalmente

São objeto de discussão, enquanto isso ficam enquadrados em relações de cidadania tais como direito do consumidor. (Exemplo: uso de transgênicos em alimentos industrializados).

Conhecimento do código genético→

→ manipulação

O símbolo abaixo é o que indica presença de transgênicos nos alimentos

Rotulagem é direito à informação

No Brasil, existem transgênicos autorizados para consumo: soja e alguns tipos de milho e de algodão. Como sabemos, a soja e o milho são usados na produção de muitos alimentos, como salgadinhos, cereais matinais, óleos, bolachas, massas, margarinas, papinhas para crianças e enlatados.

Para garantir ao consumidor o direito de saber o que come, o Decreto 4.680/03 obriga que os fabricantes indiquem no rótulo do produto a presença de transgênico sempre que o alimento contiver mais de 1% de organismo geneticamente modificado, mesmo que não seja identificado no produto final. Pela regra, além de incluir uma frase de alerta, para facilitar a visualização do consumidor, o rótulo deve conter o símbolo que indica a presença de transgênico: um triângulo amarelo com um "T" no meio.

http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=2343

Tensões entre cidadania e Estado

O conceito de cidadania envolvendo igualdade e liberdade, os direitos civis e políticos de primeira geração exigem, para sua realização, um Estado mínimo, os direitos sociais de segunda geração demandam uma presença mais forte do Estado.

A tensão é que, para o neoliberalismo, o Estado deve ser mínimo, e por isso a demanda dos direitos sociais é sempre baseada em mobilização.

É um direito que deve ser permanentemente CONQUISTADO.

Exemplo: Os defensores do estado mínimo exigiram a intervenção do estado forte

Se em 2008 e 2009 a crise nos Estados Unidos se deu no setor privado da economia, agora a crise está instalada no setor público.

O governo socorreu o setor privado, evitando entre outras conseqüências uma quebradeira geral, gastou mais do que deviam, e não fez os ajustes necessários para sustentar sua economia. Além disso, a recuperação econômica foi lenta, o que potencializou o problema.

fonte: http://www.jcnet.com.br/detalhe_economia.php?codigo=213480

Outras visões de cidadania

Alguns criticaram esta definição de Marshal propondo excluir os DIREITOS SOCIAIS por serem direitos históricos e não naturais (Maurice Cranston, 1983);

Outros reclassificaram a cidadania em PASSIVA e ATIVA. A primeira, via Estado, e a segunda a partir de instituições autônomas. Haveria uma cidadania conservadora – passiva e privada; e outra revolucionária – ativa e pública (Bryan Turner, 1990).

Para Cranston, os direitos naturais não estariam vinculados a coletividades nacionais – desvincular cidadania e nação;

Os direitos nacionais seriam limitados a liberdade, segurança e propriedade – que escapariam à regulamentação pois são princípios universais;

Os direitos sociais seriam consideradores naturais, como entendeu a ONU que incluiu estes nos direitos humanos.

Tradições em debate

A tradição cívica – a virtude do civismo pode negar os direitos individuais (Estado em primeiro lugar)

A tradição civil da Modernidade – o Estado garantindo os direitos individuais.

Busca contemporânea é combinar o civil (direitos individuais) e o cívico (deveres com o Estado, responsável pelo bem público).

O sentimento de Comunidade

Elemento aglutinador. Identidade coletiva que para os antigos significava

pertencer a uma cidade, e para os modernos, a uma nação.

A construção de uma cidadania plena exige equilíbrio entre o público e o privado, buscando a integração da solidariedade familiar com as regras impessoais, racionais das instituições públicas.

Traços do civismo

“Cidadania para si” (Leca, 1986), o civismo seria composto de três traços principais:

• Inteligibilidade do mundo político para o cidadão• Empatia enquanto capacidade de colocar-se no

lugar de outros cidadãos para entender seus interesses

• Civilidade para o reconhecimento interindividual, quanto às escolhas coletivas, de caráter cívico.

O civismo combinaria de forma instável estes elementos, contraditórios ou complementares, deslocando-se em diferentes eixos.

PERTENCER: eixo particular-geral, orientação para um grupo global (classe, Igreja, etc); eixo comunidade-sociedade, indicando grupos primários (família); eixo cima-baixo (integração em comunidades locais, regionais ou nacionais).

ENGAJAMENTO: eixo público-privado (dar a vida pela pátria – cívico, até cuidar da família e amigos – civil); eixo conformidade-autonomia (conformismo – individualismo); eixo reivindicação dos direitos-reconhecimento de obrigações. (Leca, 1986).

O termo civilidade Shills emprega o termo num sentido individualista, paroquial e

holista (ponte entre sociedade civil – Estado) Tenta explicar o paradoxo da construção da cidadania numa

sociedade dominada por valores individuais. Civilidade é atitude individual de preocupação com o bem

público, é um espírito público. Aproxima-se do que Montesquieu chamou de virtude: amor à

Republica (do latim res publica, "coisa pública") e à Democracia. É conduta de uma pessoa cuja autoconsciência está parcialmente

sobredeterminada por sua autoconsciência coletiva. (sociedade civil e suas instituições).

Sociedade civil é aqui concebida não apenas como mercado, mas como espaço além da família, da localidade e aquém do Estado.

Links de vídeos

http://www.youtube.com/watch?v=kkWrY_zn5O0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ZNNStazJfn8 - Belo Monte

Links para acessar o excelente documentário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, realizado pelo cineasta brasileiro Silvio Tendler.

parte 1 -http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8parte 2 -http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=relatedparte 3- http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&feature=relatedparte 4-http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related

Bibliografia desta aula

VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização. RJ: Record, 1998.

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