apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 63-64

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• volta em vez (linha 1) — de novo em volta / em revolta / aqui e ali / sempre

• ínvias (l. 4) — óbvias / inúmeras / inacessíveis / invejosas

• de cidadania (6) — civil / citadino / patriótico / jurídico

• fora de regra (8) — irregular / estrangeiro / normal / regulamentar

• chegue ao conhecimento de (8-9) — saiba / conheça / seja comunicado a / diga a

• tutelares (9-10) — de tutor / titulares / de tutela / de tutoria.

• vertente (14) — cume / em apreço / que verte / ultrapassado

• incidentes (20-21) — episódios / tipos /acessórios / tumultos

• assentada (22) — assente / vez / sentada / peripécia

• alinhavado (26) — esboçado / passado a limpo / escondido / planeado

• patéticos (32) — patetas / dramáticos / parvos / malucos

• represálias (37) — retaliações / algálias / repreensões / críticas

• pairam em fundo (39) — pastam / ficam subentendidas / ficam ao fundo / são referidas

• O não hábito de reclamar (43) — Não nos habituarmos a reclamar / Não se reclamar / O mau hábito de reclamar / O hábito de não reclamar

• propicia (44) — dificulta / prejudica / facilita / melhora

• representação (45) — imagem / petição / delegação / sabedoria

• nos círculos em que nos movemos (49) — em família / entre nós / nas altas esferas / em casa

• um dos objetivos estratégicos (53) — uma das táticas / uma das metas / uma das estratégias / uma das vitórias

• suficientemente generalistas (60-61) — pouco abstratas / vagas / cruas / concretas

• reclamantes habituais (67) — poucos que reclamam / mais interesseiros / revoltados / cocós

São muitos os que, volta em vez aqui e ali, argumentam e refilam em situações em que se sentem injustiçados, enganados ou maltratados [...], são poucos os que se dão ao trabalho de pedir um livro de reclamações, escrever uma carta ou mandar um “mail”.

Por ínvias inacessíveis razões, fala-se muito mais do direito que as pessoas têm a reclamar do que propriamente do dever de cidadania civil que é fazer com que tudo o que é mal feito, despropositado ou fora de regra irregular chegue ao conhecimento de seja comunicado a quem tem responsabilidades tutelares de tutela.

Se não quiserem pôr as coisas em termos de cidadania, ponham-nas em termos da qualidade dos consumidores que, não sendo a mesma coisa, para o caso vertente em apreço tem um razoável efeito prático semelhante.

De facto, se são muitos os que, volta em vez, argumentam e refilam em situações em que se sentem injustiçados, enganados ou maltratados e falam mais alto, dizem o que devem e o que não devem e aproveitam inci dentes episódios quotidianos para expulsar de uma assentada vez frustrações acumuladas, são muito poucos os que se dão ao trabalho de pedir um livro de reclamações, escrever uma carta ou mandar um mail em que o desconforto experimentado é alinhavado esboçado em meia dúzia de frases explicativas.

Os argumentos habituais para justificar a quase ausência de reclamações pensadas e escritas (em vez das múltiplas discussões de guiché ou quase insultos a funcionários can sados, mesmo que patéticos dramáticos) vão desde o “não vale a pena, já que não acontece nada”, ao “não tenho jeito para escrever”, passando pelo extraordinário “tenho mais que fazer” e continuando por diversas fórmulas de me dos, uns de represálias retaliações, que, sobretudo em prestações de serviços muito especializadas, pairam em fundo ficam subentendidas, outros de enfrentar funcionários hiperzelosos que não facilitam livros de reclamações, quando mesmo afir mam que não os têm.

O não hábito de reclamar Não se reclamar da forma que está definida para o efeito propicia facilita a distância brutal entre a representação imagem que vamos adquirindo pessoalmente sobre o funcionamento do nosso pequeno mundo, a partir das nossas próprias experiências e do que vamos ouvindo nos círculos em que nos movemos entre nós, e o que depois os serviços e as empresas propagan deiam a seu próprio respeito. Do ponto de vista delas, o cliente está sempre em primeiro lugar e um dos objetivos estratégicos uma das metas, do grande banco à pequena

mercearia de bairro, é de que percebamos que existem para nos ser vir e, nesse sentido, se preocupam connosco, pensam no nosso bem-estar e fazem tudo o que é possível para agradar. Para confirmar isso mesmo, têm as avaliações periódicas muito bem pensadas e suficientemente gene ralistas vagas para caber quase tudo na categoria do “não se aplica” e, com o que resta, terem umas estatísticas que são a prova provada da satisfa ção dos clientes.

Como, entretanto, não há queixas nem reclamações diretas para justificar uma maior atenção, os reclamantes habituais poucos que reclamam entram diretamente na categoria de “chatos” e des cobrimos um dia, por acaso, que vivemos no melhor dos mundos porque ninguém se queixa.

Apetece um slogan: “Seja responsá-vel, reclame!”. 

No 1.º parágrafo — o que aliás será depois confirmado ao longo do texto (e não deixa de ser corroborado também pelo título da obra em que este retrato se insere) —, percebemos que a atitude da escritora relativamente ao tipo, ao perfil, de que se vai ocupar é de distanciamento irónico. Trata-se de caricaturar um tipo — um «cromo», como se retira do título do livro — que a cronista considera antiquado e risível, ainda que, com paternalismo fingido, alegue enternecer-se com ele.

O sujeito de «Refere pessoas fora do seu tempo e consideradas utópicas» é nulo subentendido, correspondendo a «O romântico» (ou às suas anáforas «este» ou «lo»). 

[referente/antecedente]

O romântico

Podia dar-me para pior: vir aqui falar de perfis ainda mais ultrapassados. Mas enterneço-me tanto com este que não resisto a esboçá-lo. [anáforas de «O romântico»; possíveis antecedentes da elipse em baixo]

[O romântico] Refere pessoas fora do seu tempo e consideradas utópicas …

[elipse]

No 2.º parágrafo, há uma breve referência memorialística, ou mais confessional, quando a autora recorda a sua adolescência por certas características dos «românticos» lhe lembrarem os comportamentos «incondicionais» dos jovens que se apaixonam pela primeira vez.

«julietas e isoldas» (l. 11) alude a duas personagens de clássicos da literatura universal: Julieta, da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare; e Isolda, de Tristão e Isolda, lenda que teve várias versões (as primeiras, em romances em verso medievais).

Aproveitando também os verbetes ao lado (Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2011), explica a intenção da autora nas linhas 9-15.

A cronista pretende distinguir a aceção em que toma «romântico» (que reunirá sentidos de ‘piegas’, ‘devaneador’, ‘sonhador’) de outras aceções da palavra: não se vai reportar ao partidário do movimento literário designado «romantismo» («escola de escritores datada»), nem aos grandes verdadeiros apaixonados («um mito encarnado por julietas e isoldas»), nem aos seguidores da escola cultural-filosófica («movimento espiritual e artístico).

O antecedente do pronome anafórico «a» (l. 16) é «[a] necessidade incontrolável e absolutamente prioritária de amar e de ser amado» (ll. 14-15).

[…], O romantismo corresponde, em qualquer época e em qualquer latitude, à necessidade incontrolável e absolutamente prioritária de amar e de ser amado.

antecedente / referente

Haverá quem a satisfaça com trabalho anáfora

No contexto em que está, «oração» (l. 16) pertence ao campo lexical de c) ‘religião’.

Haverá quem a satisfaça com trabalho […] ou oração

O perfil traçado por Rita Ferro vinca as características doentias do «romântico». Rendido ao amor, ou à sua ilusão de amor, perde a noção da realidade e passa a viver apenas para a sua paixão. Ao contrário, as personagens de O Amor Acontece, mesmo se verdadeiramente apaixonadas, evidenciam maior espírito crítico (veja-se como Aurélia percebe os defeitos de James) e conseguem manter interesses até profissionais (nenhuma das personagens desleixa a carreira).

A palavra romantismo, tal como o adjetivo romântico, é habitualmente utilizada para designar um tipo de sensibilidade — diz-se de alguém que é uma pessoa «romântica» querendo significar que é sentimental, idealista, propensa ao devaneio, revelando por vezes um sentido pouco prático da realidade. O mesmo se diz de um sítio ou de uma cena motivadora do despertar do sonho, da emoção, do sentimento. Diz-se que o mar, a lua, um bosque, um sítio ermo, um

rochedo, um pôr do sol, o outono, uma história de amor, um determinado tipo de música são «românticos» — o que não se diz habitualmente de uma oficina, fábrica, descoberta científica, ou competição desportiva... Associada à palavra surgem outras, como solidão, saudade, melancolia, sonho, devaneios amorosos. [...]

No entanto, quando falamos de Romantismo, a palavra designa apenas um período ou movimento literário e

artístico, que marca, a partir de finais do século XVIII, uma viragem total na conceção da arte e da própria vida, cortando com a longa tradição do classicismo europeu.

Teve a sua origem nos povos do Norte, principalmente na Inglaterra, Escócia e Alemanha, e difundiu-se, em seguida, nos países do Sul, de tradição latina, França, Itália, Espanha, Portugal [...].

Escreve sobre um estereótipo (um tipo, um «cromo», que escolherás tu), segundo o estilo que Rita Ferro usa para o tipo do «romântico» (na segunda metade do texto (ll. 19-31 sobretudo).

TPC

Lê «Romantismo» (pp. 142-143).

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