apresentação para décimo ano de 2014 5, aula 21-22

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pretendia-se momentos (não tanto acontecimentos)

uso do presente

períodos curtos

Expressões evitáveis:

• algo

• bastante

• muito

• da qual/do qual (de que)

• relembrar (lembrar)

• demonstrar (mostrar)

e... Reticências... É assim que se faz.

aperceber de que

a convicção de que

a expectativa de que

a consciência de que

Ele parte.

Parte.

E, de repente, ...

respeitar margens;

não desperdiçar muito espaço antes da margem (medo de translinear?);

se se escrever a lápis, apagar;

[usar folhas com furos.]

a ante após até

com conforme contra de

desde durante em entre

exceto mediante para perante

por salvo segundo sem

sob sobre trás

Preposições que podem

aparecer em contração

a

de

em

por

a + o = ao

a + os = aos

a + a = à

a + as = às

de + o = do

de + os = dos

de + a = da

de + as = das

em + o = no

em + os = nos

em + a = na

em + as = nas

por + o = pelo

por + os = pelos

por + a = pela

por + as = pelas

25 de Abril

FERIADO!

A setora de Português mandou-nos fazer entrevistas a gente da nossa idade sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me com a Cátia e o Miguel junto à paragem das camionetas. Quase toda a malta jovem ia para a praia.

À nossa pergunta respondiam:

— Uma coisa histórica.

— Atiraram abaixo com um presidente chamado Salazar.

— Qual quê! O homem caiu de uma cadeira e morreu.

— Foi uma revolução qualquer, há muito tempo, antes de eu nascer.

— É um feriado. E basta.

Todos bateram palmas.

Pois em minha casa logo pela manhã a mãe espeta um cravo vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o ao peito. E faz rodar um disco antigo do Zeca Afonso, que por acaso até é giro.

O meu pai levanta-se tarde, veste-se à balda para o almoço de confraternização com os seus companheiros do 25 de Abril. A uns arrancaram unhas, outro tem marcas de pontas de cigarro pelo corpo. A Maria das Dores esteve a fazer de estátua, que não é propriamente posar para um escultor mas estar de pé dias e noites com uma luz virada para os olhos. O meu pai não sofreu nada. A prisão deve ter sido a grande aventura

da vida dele — esteve com assaltantes a quartéis, participou em fugas, trocava mensagens por pancadinhas na parede. Foi até na prisão que se casou.

Do seu tempo de revolucionário ficou esta sardinhada anual, regada a vinho tinto.

Pois vivam as revoluções que dão feriado! Infelizmente são só três: o 5 de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25 de Abril.

25 de Abril — FERIADO!

A setora de Português mandou-nos fazer entrevistas a gente da nossa idade sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me com a Cátia e o Miguel junto à paragem das camionetas. Quase toda a malta jovem ia para a praia.

À nossa pergunta respondiam:

— Uma coisa histórica.

— Atiraram abaixo com um presidente chamado Salazar.

— Qual quê! O homem caiu de uma cadeira e morreu.

— Foi uma revolução qualquer, há muito tempo, antes de eu nascer.

— É um feriado. E basta.

Todos bateram palmas.

Pois em minha casa logo pela manhã a mãe espeta um cravo vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o ao peito. E faz rodar um disco antigo do Zeca Afonso, que por acaso até é giro.

O meu pai levanta-se tarde, veste-se à balda para o almoço de confraternização com os seus companheiros do 25 de Abril. A uns arrancaram unhas, outro tem marcas de pontas de cigarro pelo corpo. A Maria das Dores esteve a fazer de estátua, que não é propriamente posar para um escultor mas estar de pé dias e noites com uma luz virada para os olhos. O meu pai não sofreu nada. A prisão deve ter sido a grande aventura

da vida dele — esteve com assaltantes a quartéis, participou em fugas, trocava mensagens por pancadinhas na parede. Foi até na prisão que se casou.

Do seu tempo de revolucionário ficou esta sardinhada anual, regada a vinho tinto.

Pois vivam as revoluções que dão feriado! Infelizmente são só três: o 5 de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25 de Abril.

a à | ao

ante

após

até

com

conforme

contra

de do | da | das

desde

durante

em na | numa

entre

exceto

mediante

para

perante

por pelo | pela

salvo

segundo

sem

sob

sobre

trás

________________________________

antes de

junto a junto à

Berbatov marcou um golo ao Benfica.

Complemento indireto

a

Vi o programa do Bruno Aleixo.

Modificador restritivo do nome

de

Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico.

Modificador do grupo verbal

em

O Busto foi desmentido pelo Bruno.

Complemento agente da passiva

por

O Bruno desmentiu o Busto. sujeito complemento direto

O Busto foi desmentido pelo Bruno. sujeito agente da passiva

A primeira consiste em usar-se a preposição, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição.

Ora realística ora caricaturalmente, o professor Adolfo Coelho (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem «Podemos não chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».

A segunda é começar frases por infinitivos, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]».

(Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)

Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem sintática.

Isto parece-se com

Prefiro este àquele

Ficou sob a jurisdição de

Tem a ver com (Tem que ver com)

Onde moras?

Dá-me com força

Tenho de ir

Compara esta folha com aquela

O gelado de que gosto mais

As pessoas com que falei

Hás de vir

Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correcta «hão de»).

Foi o facto de ele ter mentido que me agradou.

Apesar de ela ser bonita, é muito feia.

Diz ao polícia que morri.

Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu.

7. Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo da Europa, jogou bem.

8. Comi uma alface, quando a conheci.

2. Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.

4. Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.

1. Ela tem uma das melhores memórias; ele, uma das piores.

3. Ontem, comi uma alface de estimação.

5. Não voteis na lista Z, votai na lista de vinhos.

6. Não creio, contudo, que sejas parvo.

3. Combinava, por vezes, uns assaltos.

8. E, se tudo correr bem, encontramo-nos em Paris.

8. Porque estava frio, despi a camisola.

9. A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.

Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.vocativo

Dê-me, stor, a fatia do bolo rançoso. vocativo

Dê-me a fatia do bolo rançoso, stor. vocativo

Ela tem uma das melhores memórias.

Ele, uma das piores. elisão

Ontem, comi uma alface de estimação. modificador

Comi uma alface, quando a conheci. oração subordinada adverbial (temporal)

Porque estava frio, despi a camisola.oração subordinada adverbial (causal)

 

Combinava, por vezes, uns assaltos. modificador

E, se tudo correr bem, encontramo-nos em Paris.

oração subordinada adverbial (condicional)

Não creio, contudo, que sejas parvo. advérbio conectivo

Não voteis na lista Z, votai na lista de vinhos.

oração coordenada + oração coordenada (assindética)

Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.

palavras da mesma classe

oração subordinada relativa explicativa

A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.

modificador apositivo

Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo da Europa, jogou bem.

Responde à pergunta 4 (p. 119).

Tendo em conta que o fragmento que leste se integra num diário ficcionado, diz qual te parece ter sido a intenção da autora ao abordar esta data histórica.

Pretende mostrar-se a indiferença dos mais novos relativamente a uma data histórica, o 25 de abril de 74. Essa atitude de desinteresse — e de desconhecimento — sai realçada por os mais velhos conservarem certos rituais de comemoração da efeméride. Entretanto, tais festejos, bastante caricaturáveis, já banalizados, contrastam com a visão heroica do período antifascista a que alguns ainda aludem.

TPC — Estuda a ‘Preposição’ (pp. 137-139) nas folhas da Nova gramática didática de Português (NGDP) que, em Gaveta de Nuvens, reproduzi em «Classes de Palavras».

(Para quem tenha pensado concorrer, não esquecer que o concurso Dá voz à letra termina na próxima quarta.)

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