alfabetização & lingüística

Post on 06-Jun-2015

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Professora Tatiana Lima

Levar em consideração a fala não significa ensinar os alunos a “falarem bonito”.

O objetivo deve ser: incentivar a fala e mostrar como ela funciona.

Lembrar que a língua padrão não é superior.

A escrita preserva a língua como um objeto inanimado, fossilizado.

A escola gira em torno da escrita. A gramática normativa está voltada para a escrita.

Existem valores sonoros diferentes para cada símbolo alfabético, e a ortografia por si só não dá uma orientação clara sobre a pronúncia da língua e seus dialetos.

Não existe relação simples “um por um” letra por som. Um mesmo som pode ser representado por diferentes letras e vice versa.

A escrita não é espelho da fala.

Tabela de símbolos fonéticos

Modos de articulação

Letras corresponden

tes na ortografia

Exemplos

Oclusivas pbtd

qu/cg

pai, bicicletaboitiadia

aquele, casa, taxi

gula,guerra

Nasais mnnh

m, n

mala,camponada,cantotinha,vem

lã, bom, banco

Modos de articulação

Letras correspondent

es na ortografia

Exemplos

Fricativas fvsz

chj

facavaca

exceção, feliz, próximomesmo,visgoenxada,basta

giz, gente

Laterais llh

mala,latafamília,alho

Representações fonéticas do R e

RR

rrrxhrr

caro, marcarro, marcarro, marcarro,mar

Portamar

Modos de articulação

Letras correspondent

es na ortografia

Exemplos

Africados td

tia,muitodia,doido

Vogais ieéaóouã

vive, menino (mininu)vê, aquelepé, aquela

lápó, abóbora

avô, todotudo, todo, salto

lã, banana

O uso de vogais e consoantes na escrita tem um significado e uma função muito diferentes de seu uso na fala. Escreve-se “optar” e se costuma dizer “opitar”, “lápis” e se diz “laps”, “caixa” e se diz “caxa”.

A ortografia é uma convenção sobre as possibilidades de uso do sistema de escrita, de tal modo que as palavras tenham um único modo de representação gráfica.

Escada

Elefante

Os alunos deveriam identificar as palavras que são escritas começadas com a letra E.

A criança usa a sua fala como referência para a escrita e não comete “erros” por leviandade ou distração.

O aluno erra a forma ortográfica porque se baseia na forma fonética. Os erros dos alunos revelam uma reflexão sobre os usos lingüísticos da escrita e da fala.

A escola não deveria preocupar-se somente com a ortografia, mas também com o funcionamento da fala; é importante saber como os alunos falam para poder entender melhor o que eles escrevem.

Deixar as crianças escreverem espontâneos é de fundamental importância para que façam corretamente a passagem da fala para a escrita e da escrita para a ortografia.

A escola, como espelho da sociedade, não admite o diferente e prefere adotar só as noções de certo e errado, numa falsa visão da realidade.

Os professores deveriam discutir o problema da variação lingüística com seus alunos e mostrar-lhes como os diferentes dialetos são, por que são diferentes, como a sociedade encara essa variação, seus preconceitos e a conseqüência disso na vida das pessoas.

A escola deve respeitar os dialetos, entendê-los e até mesmo ensinar como essas variedades da língua funcionam comparando-as entre si. Incluindo nessa discussão o dialeto considerado padrão.

Para o aluno, o respeito às variedades lingüísticas significa a compreensão do seu mundo e dos outros.

Fala artificial da professora pode atrapalhar a alfabetização.

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