a comunicação social no contexto do governo médici

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Slides que mostram como se deu a comunicação social durante o fechado e opressor governo do presidente Médici.

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A COMUNICAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DO GOVERNO MÉDICI

(1969-1974)

INTRODUÇÃO

-O referido seminário visa mostrar através de slides e outros materiais bibliográficos, como se deu a Comunicação social durante o fechado e opressor governo ditatorial do presidente Médici, no período de 1969 a 1974. Pretendemos através dele expor aos futuros profissionais de Comunicação a importância do livre exercício do pensar e do agir em prol dos direitos humanos.

O SEMINÁRIO SE DIVIDIRÁ EM CINCO TÓPICOS PRINCIPAIS:

I-QUEM FOI MÉDICI?: Síntese bibliográfica e as mais importantes ações do seu governo;

II-A COMUNICAÇÃO NO ESTADO MILITAR E A CRIAÇÃO DA AERP: Definir conceitos sobre como se deu a propaganda ideológica do regime.

III-A IMPRENSA DENTRO DO PERÍODO MÉDICI: Mostrar como a imprensa estava mobilizada diante da censura à liberdade de expressão;

IV-ESTUDOS DE CASO DE JORNAIS PRÓ-REGIME: Analisar dois jornais que acabaram por se tornarem porta-vozes da Ditadura.

V-A IMPRENSA ALTERNATIVA: Mostrar como alguns veículos como “O Pasquim”, conseguiram de forma satírica e corajosa, ir contra o regime;

TÓPICO I QUEM FOI MÉDICI?

Emílio Garrastazu Médici Nasceu em Bagé em 4 de dezembro de 1905 e faleceu no Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 1985

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 30 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Com o afastamento de Costa e Silva, uma junta militar assumiu a presidência por um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo presidente da república.

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, ele foi eleito presidente da república.

Foi o governo mais repressor e violento da fase ditatorial com muitas denúncias de mortes, torturas e desaparecimento de presos políticos.

“ANOS DE CHUMBO”:

-Assassinato de Carlos Marighella pelo governo militar em 04/12/69 (um dos principais organizadores da luta armada para a criação de um estado socialista no Brasil);

-Prisão e tortura do cearense Frei Tito de Alencar devido ao fato do mesmo participar da Aliança Nacional dos Estudantes, entidade que também queria a erradicação da ditadura;

-Exílio de cantores que se opunham à ditadura como Caetano Veloso e Gilberto Gil (em Londres de 1969 a 1972) , Geraldo Vandré (Paris,de 1969 a 1973), entre outros;

-Extermínio de guerrilheiros que

lutavam no Araguaia pela queda da ditadura, pelas Forças Armadas que contavam com 20 mil soldados;

-Controle total da Imprensa e da

liberdade de expressão.

O “MILAGRE ECONÔMICO”

-Foi o desenvolvimento acelerado da economia brasileira durante o governo Médici;

-Deixou um terrível legado para nosso país como: grande endividamento externo, aumento da já elevada concentração de renda, aumento das diferenças sociais entre as regiões, baixos salários, miséria e fome.

TÓPICO II A COMUNICAÇÃO NO ESTADO MILITAR E A CRIAÇÃO DA AERP

A PROPAGANDA IDEOLÓGICA E A AERP

-Com intuito de encobrir as mazelas do regime, Médici investiu maciçamente em propagandas eficientes que mostrassem apenas sua imagem positiva;

-O governo cria a Assessoria Especial

de Relações públicas (Aerp);

A AERP se propunha a abrir canais de comunicação entre governantes e governados como meio de obter a integração do sistema político para a execução do projeto governamental.

-O Brasil era apresentado como uma ilha de paz e tranquilidade, em processo de gigantesco crescimento econômico;

-A figura do presidente era sempre associada a elementos da cultura popular como futebol e música;

- O clima de ufanismo disseminado no período Médici foi alimentado pela vitória do Brasil na Copa do Mundo de 70 como consequência do apoio do governo à seleção “canarinho”, aproveitando a paixão do brasileiro pelo futebol;

TÓPICO-III

A IMPRENSA DENTRO DO PERÍODO

MÉDICI

-Na imprensa, a década de 70 foi uma época rica, complexa e definidora dos caminhos que o país

percorreria no futuro; - A imprensa, como uma espécie de

porta-voz de seu tempo, acompanha as ambivalências do momento;

-Ora concorda ou simplesmente se cala, ora reage, sinalizando para o

o leitor os acontecimentos.

A SITUAÇÃO DOS PRINCIPAIS VEÍCULOS IMPRESSOS DIANTE DA CENSURA:

-REVISTA VEJA: jovens de todo o Brasil foram recrutados para o

lançamento dessa revista;

- A enorme equipe prepara-se cuidadosamente para pôr nas ruas a primeira revista semanal de informação brasileira;

-Nos primeiros anos após sua fundação, as matérias não eram assinadas.

-O JORNAL DO BRASIL que produzira uma edição histórica com a edição do

AI-5, com toda a primeira página lu-dibriando os censores foi um exem-plo de resistência imediata ao arbí-trio.

-No Rio de Janeiro, os primeiros anos da década de 70 consolidam o

JORNAL DO BRASIL como um jornal moderno, inteligente, compatível

com as novas tendências do jornalismo diário e com as circunstâncias do

Brasil da época.

-A FOLHA DE SÃO PAULO, até então um jornal imperceptível e inexpressivo, comporta-se da maneira mais educada possível

durante os anos mais duros da ditadura e da censura.

-O ESTADO DE SÃO PAULO já terá uma posição muito mais digna.

Depois do editorial do dia do AI-5, o jornal se aquieta, porque a ditadura se aquieta em relação a

ele,mas no apogeu do governo Médici enfrenta o poder militar abertamente e de todas as formas;

- Em agosto de 1972, a censura retorna ao jornal com toda a força;

- Os diretores decidiram que, no espaço destinado às matérias

censuradas em O ESTADO DE SÃO PAULO, sairiam poemas de Camões (Os Lusíadas) e no JORNAL DA TARDE do mesmo grupo, receitas culinárias (que não necessariamente resultavam em bons pratos).

-Enfim, em todo o país a imprensa se

mobilizava da maneira que podia para combater à censura, porém, devido ao fato do governo manter agentes e informantes do SNI( Sistema Nacional de Informação) infiltrados nos mais diversos ambientes sociais, havia um temor em relação à possíveis prisões, torturas e boicotes.

TÓPICO-IV

ESTUDOS DE CASO DE JORNAIS PRÓ-REGIME

CASO DO JORNAL CORREIO DO SUL DA CIDADE DE BAGÉ, TERRA NATAL DE

MÉDICI

-Bagé: 3 emissoras de rádio, 1 jornal impresso com mais de 50 anos; “O Correio do Sul”

OBJETIVO DO JORNAL: DEFENDER OS PRECEITOS FEDERALISTAS

-Médici colega de ginásio de Francisco X. Sá, diretor do Jornal;

-Jornal faz campanha na posse de Médici para que a população local aderisse aos ideais do novo presidente.

-O jornal contém símbolos que

remetem aos significados de afeição, proximidade e orgulho, ajustados à realidade de Bagé em relação à Médici.

-Correio do Sul trabalhará o sentimento patriótico que irá unir o povo ao seu líder, sendo este representante da comunidade.

-Correio do Sul organiza a festa para comemorar a posse do novo presidente;

-Deste modo o Jornal divulga a imagem de Médici idealizada como a de um herói, personalidade maior no país, que jamais esquecerá seus semelhantes, o povo de Bagé.

CASO FOLHA DA TARDE, JORNAL DA CIDADE DE SÃO PAULO

-1967 a 1964, Empresa Folha da manhã, passa por grandes transformações tecnológicas;

-Conglomerado jornalístico Folha: na época 5 jornais, cada um dirigido para um público específico;

-Um destes veículos foi a “Folha da Tarde”;

-Dois anos depois do AI-5 o jornal sofre mudanças editoriais e se torna porta-voz da ditadura;

-Embora com layout moderno para a época a redação funcionava nos moldes dos antigos jornais;

-Escolha de Antônio Aggio, aliado dos militares, para dirigir o jornal.

-Alguns funcionários do jornal são demitidos por se mostrarem com tendências comunistas;

-Vendas do jornal aumentam com manchetes impactantes;

-”Folha da Tarde” usa termos sensacionalistas que deturpam a imagem dos participantes dos movimentos de esquerda, transformando-os em terroristas.

-Ex-editor-chefe do jornal se defende dizendo que em nenhum momento visou legitimar atos de violência do governo, mas que publicava as notícias como as recebia da Agência Folha;

-Porém,o jornal “Folha da Tarde” publicou notícias alegando que não existiam torturas.

-O Jornal “Folha da Tarde” e “Correio do Sul”, feriram alguns princípios da ética jornalística que diz o seguinte:

Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação.

Art. 6º É dever do jornalista:

I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;

-Porém, é importante lembrar que tais jornais, foram uma grande exceção, em relação a maioria dos Jornais que lutaram contra a violação do nossos direitos durante a ditadura!

TÓPICO-V

A IMPRENSA ALTERNATIVA

A IMPRENSA ALTERNATIVA

-Contra o regime militar, o modelo econômico, a violação dos direitos humanos e a censura;

-160 periódicos contra a intransigência do governo.

OS TIPOS DE JORNAIS

-Satíricos-políticos, feministas, ecológicos, culturais.

Exemplos de charges contra a ditadura:

O Pasquim, n. 200, 1 a 7 de maio de 1973, p. 16.

O Pasquim, n. 54, 2 a 8 de julho de 1970, contracapa.

O Pasquim, n. 43, 12 a 18 de fevereiro de 1970, p. 33.

A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ALTERNATIVO NO “MILAGRE”:

OS ATORES SOCIAIS: -As esquerdas, os jornalistas e os

intelectuais;

AS VERTENTES: -Ideológica e existencial;

OS JORNAIS: -Ideológicos e existenciais.

NOVAS FORMAS DE PENSAR A COMUNICAÇÃO E AS VIVÊNCIAS HUMANAS NO PERÍODO DA EXCEÇÃO:

-O constante exercício do não – esquecer;

-A homogeneização como regra número 1;

-O diferente não é proibido, todavia é represado.

UM DESAFIO MAIOR...

-Passada a ditadura militar, chegada da ditadura dos conteúdos.

CONCLUSÃOPara concluir, podemos dizer que o

modelo de Comunicação Social imposto pelo autoritarismo no governo Médici construiu-se, alimentou-se e caminhou na lacuna entre a fragmentação do real e a imagem unificada e harmoniosa da realidade, criando um país fictício, onde a imagem ideal foi utilizada pelo poder para não declarar o país real, cheio de desigualdades e problemas

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