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30-08-2017
Revista de Imprensa
1. Antigo Centro de Saúde vai ser a Casa de Delães, Diário do Minho, 30-08-2017 1
2. Acessos melhorados, Correio da Manhã - Correio da Manhã Norte, 29-08-2017 3
3. Oncologia sem espaço para novos pacientes, Jornal de Notícias, 30-08-2017 4
4. Jornadas de urologia, Correio da Manhã - Correio da Manhã Norte, 29-08-2017 5
5. Barómetro, Correio da Manhã - Correio da Manhã Norte, 29-08-2017 6
6. Número de consultas no SNS aumenta em 2016, Diário do Minho, 30-08-2017 7
7. 4 mil doentes oncológicos em lista de espera, Correio da Manhã, 30-08-2017 8
8. Direita critica aumento da espera por cirurgias, Jornal de Notícias, 30-08-2017 10
9. Saúde - PS acusa PSD e CDS de fazerem "demagogia", i, 30-08-2017 11
10. Médicos e forças de segurança arriscam não ter progressões, Público, 30-08-2017 12
11. Enfermeiros apelam a Marcelo face à discriminação do Governo, Jornal de Notícias, 30-08-2017 15
12. Viagens da Nos, Huawei e Oracle no Ministério Público, Negócios, 30-08-2017 16
13. Código de conduta na Saúde permitia viagens? “Nim”, Público, 30-08-2017 19
14. Nova ferramenta para diagnosticar cataratas, Correio do Minho, 30-08-2017 21
15. Telemedicina para reduzir riscos, Correio do Minho, 30-08-2017 22
16. Reduzir descontos, Correio da Manhã, 30-08-2017 23
17. Um quinto com danos oculares, Jornal de Notícias, 30-08-2017 24
18. Crianças carregam 11 kg de material escolar dentro da mochila, Jornal de Notícias, 30-08-2017 25
19. "Na escola primária há menos tempo de recreio do que numa prisão a sério" - Entrevista a MárioCordeiro, i, 30-08-2017
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Âmbito: Regional
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metia a ceder as antigas instalações do Centro de Saúde da freguesia, des-de que a autarquia fama-license cedesse o terreno necessário para a cons-trução da nova unidade de saúde de Delães, assu-misse os encargos com o projeto e dotasse o terre-no das infraestruturas ex-teriores indispensáveis.
A Câmara Municipal deu total cumprimento a todos os compromissos contratualmente assumi-dos – o novo Centro de Saúde de Delães viria a ser inaugurado em 2007 –, mas só ontem, passa-dos 10 anos, viu ser for-malizada a contrapartida assumida pela ARS Norte.
Para o presidente da autarquia, Paulo Cunha, aquele foi, assim, «um dia muito importante para
a freguesia e para o con-celho, pois estão criadas condições para fortale-cermos num futuro pró-ximo a dinâmica cívica, autárquica e cultural de Delães».
Para além da nova sede da junta de freguesia, es-tá previsto que o edifício venha também a acolher um novo posto dos CTT, um auditório para perto de 300 pessoas e cerca de uma dezena de salas que servirão de sede das associações da freguesia.
«Vamos acabar com o problema de um edifício devoluto e vamos colocá--lo novamente à disposi-ção da comunidade, indo ao encontro de uma ne-cessidade há muito apon-tada pelas gentes de De-lães», acrescenta Paulo Cunha.
Antigo Centro de Saúde virará a Casa de Delães
Instalações devolutas entregues ontem à Câmara de Famalicão pela ARS Norte
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A Administração Re-gional de Saúde (ARS) do Norte en-tregou à Câmara de
Vila Nova de Famalicão as antigas instalações do Centro de Saúde de De-lães. «Até que enfim este dia chegou», reagiu o pre-sidente da Junta de Fre-guesia de Delães, Manuel Silva, quando soube da notícia, informou a au-tarquia famalicense em comunicado.
A escritura foi assina-da ontem, 29 de agosto, nos Paços do Concelho, pelo presidente da Câ-mara Municipal, Paulo Cunha, e pelo presidente do Conselho Diretivo da ARS Norte, António Ma-rinho, sendo assim colo-cado um ponto final num impasse que durava há vá-rios anos.
Escritura e entrega das chaves do edifício aconteceram ontem nos Paços do Concelho
Com este património na sua posse, a Câmara Municipal fica agora em condições de iniciar os procedimentos para a re-cuperação e reabilitação do edifício e a sua prepa-ração para vir a acolher a “Casa de Delães” que rece-berá a nova sede de junta de freguesia e um conjun-to de valências sociais ao serviço do tecido associa-tivo local, conforme de-sejo antigo da freguesia e do município.
O processo, recorde-se, remonta ao ano de 2000, altura em que a ARS Nor-te celebrou com a Câma-ra Municipal de Vila Nova de Famalicão um acordo tendo por objeto a cons-trução do novo Centro de Saúde de Delães, on-de ficou estabelecido que a ARS Norte se compro- Página 1
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Âmbito: Regional
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QUARTA-FEIRA.30.AGO 2017 WWW.DIARIODOMINHO.PT 0,85 € Diretor: DAMIÃO A. GONÇALVES PEREIRA | Ano XCVIII | n.º 31506
Festival de Polifoniaexalta temática Mariana
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ABC quer universidade de andebol
REPORTAGEM P.17-19A
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Festival juntaem Vianagrandes estrelas da música
REGIÃO P.14
Antigo Centro de Saúde vai ser a Casa de Delães
REGIÃO P.10
IPCA bate recorde nas candidaturas aos Cu rsos Técnicos Superiores
REGIÃO P.13
DESPORTO P.29
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BOLSA DE MANUAIS DA CRAVEIRO DA SILVACRESCE EM NÚMERO DE UTILIZADORES E PARCEIROS
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“BRAGA BARROCA” PROMETENOVE DIAS INTENSOS DE CULTURA
religião P.20
BARCELOS MOBILIZA-SEPARA LEMBRAR D. ANTÓNIO BARROSO
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BAMPAD.BA
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Correio da Manhã Norte Tiragem: 136719
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PENAFIEL. HOSPITALPADRE AMÉRICO.
Acessos melhorados El O espaço exterior da Consul-ta Externa do Hospital Padre Américo, em Penafiel, está a ser alvo de uma intervenção. O ob-jetivo é melhorar os acessos e reformular o parque de estacio-namento de ambulâncias.
"A intervenção pretende me-lhorar as acessibilidades de pes-soas, evitando os constrangi-mentos de trânsito e impedindo
a estagnação nos acessos, que com a redução do diâmetro da rotunda vai possibilitar a cria-ção de duas vias de circulação", explica o hospital. A entradavai contar com 11 lugares para am-bulâncias. Está prevista a insta-lação de um sistema de som-breamento no centro da rotun-da que será fixado à fachada de entrada da Consulta Externa. e
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3 Hospital Padre Américo
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Hospital de dia é um espaço amplo para tratamento dos doentes. Serviço tem experlinda acumulada de 25 anos
Gaia Solução passará por reservar pavilhão ambulatório do Hospital Santos Silva só para doentes com cancro
Oncologia sem espaço para novos pacientes
Narina Silva locais@jn.pt
► A ala de oncologia do Hospital Santos Silva, em Gaia, é insufi-ciente para acolher todos os que necessitam de cuidados. Quem o afirma é António Moreira Pinto, diretor de serviço. A semelhança do que acontece noutros hospi-tais, no pavilhão ambulatório co-meça a ser difícil dar resposta a to-dos os pedidos.
"Neste momento, estamos ou-tra vez numa fase de transição. A parte física que está atribuída a oncologia começa a não ser sufi-ciente. O número de utentes tem vindo a crescer e necessitamos de mais espaço", referiu.
Segundo Moreira Pinto, a admi-nistração já está a trabalhar numa possível solução. Em breve, o pa-vilhão que atualmente é dividido com outras especialidades pode-rá vir a funcionar apenas para o serviço onccrlógico. "O número de pacientes com cancro está a au-mentar e vai obrigar à separação das especialidades. Estamos a pensar ocupar um espaço maior nesta ala", acrescentou.
Outra das mudanças pensadas é a criação de uma área para inter-namentos. "Os internamentos de oncologia são feitos no serviço de medicina. Se a estrutura física do
consultas diárias, asseguradas por seis médicos e 14 enfer-meiros. Nestas duas centenas estão Incluídas as consultas programadas e os casos de emergência.
novos casos por ano. O número de doentes oncológicos tem vindo a aumentar. A maioria dos pacientes sofre de cancro da mama, do pulmão e da próstata.
mil consultas anuais, que in-cluem o acompanhamento dos doentes oncológicos, através de consultas externas e trata-mentos realizados no hospital de dia.
hospital permitir vamos tentar criar no pavilhão um espaço com um mínimo de seis camas para conseguir dar um melhor apoio ao doente", explicou.
Acabaram os contentores Uma ala "ótima" com "luz direta" e "ampla". É assim que Moreira Pinto descreve o novo pavilhão ambulatório, onde se insere o ser-viço de oncologia. O espaço subs-titui, desde 2015, o antigo hospital de dia que funcionava em conten-tores e permitiu criar "melhores condições de trabalho" e dar "uma maior garantia de qualidade aos doentes".
-O serviço de oncologia tem cerca de 25 anos e funcionava no pavilhão satélite do edifício prin-cipal, onde tínhamos apenas três gabinetes e uma sala de tratamen-to. Entretanto, o número de pa-cientes cresceu e tivemos de pen-sar numa alternativa. Enquanto não houve autorização, nem orça-mento para se construir, passa-mos'pela fase dos contentores. Durante cinco anos estivemos num espaço pequeno e sem pri-vacidade". disse Moreira Pinto.
Além de oncologia, as instala-ções acolhem os serviços de he-matologia clínica, radiologia, reu-matologia é doenças infetoconta-glosas. •
Conferanclas Sexualidade e cancro em debate
• A sexualidade da doente on-etiiógica, o risco familiar de cancro e a preservação da fer-tilidade na doente com cancro da mama vão estar em debate nas III Jornadas de Oncologia e Hematologia de Gaia, nos dias 22 e 23 de setembro, no Cen-tro Multimelos de Espinho. De acordo com Moreira Pinto, di-retor de oncologia do Hospital Santos Silva, o objetivo para este ano é "estabelecer pontes que permitam aproximar os hospitais dos centros de saú-de". "O hospital não pode ser um local isolado. São os cen-tros de saúde que prestam os cuidados primários e alertam para a necessidade de preven-ção. Além disso é bom debater e, em conjunto, esclarecer cer-tas dúvidas", explicou.
à‘ Os utentes estão cada vez mais informados e familiarizados com a doença. Se antes asso-davam o cancro à morte, agora com a evolução dos trata-mentos, acreditam na cura" Moreira Pinto Diretor de Oncologia
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Correio da Manhã Norte Tiragem: 136719
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AROUCA. SAÚDE
Jornadas de urologia
A loja interativa de turis-mo de Arouca recebe, dia 9 de setembro, as primeiras Jornadas de Urologia Cuida-dos de Saúde Primários. O objetivo é promover a parti-lha das perspetivas e expe-riências entre os profissio-nais da especialidade. •
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Âmbito: Informação Geral
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O som BATISTA ROMÃO DIRETOR DA PJ DO PORTO
Polícia Judiciária conseguiu deter funcionário de hospital que falsi-ficou várias obras de arte do portuense Joa-quim Costa.
e DESCEO JOÃ
ROSEIRO ARGUIDO
Engenheiro da ARS Norte irá sa-ber a 6 de setem-bro qual é a pena pedida pelo Mi-nistério Público. É suspeito de cor-rupção em obras.
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O número de consultas nos centros de saúde e nos hospitais au-mentou ligeiramen-
te em 2016, mas mais de uma em cada quatro (28%) continua a ser realizada fora dos tempos máximos de resposta garantidos.
Segundo o relatório so-bre o acesso a cuidados de saúde referente ao ano passado, a que a agência Lusa teve acesso, foram realizadas, em 2016, cer-ca de 31 milhões de con-sultas médicas nas unida-des de cuidados de saúde primários, o que repre-sentou um crescimento
de dois por cento em re-lação ao ano anterior.
Contudo, este cresci-mento deveu-se, sobre-tudo, a consultas não pre-senciais (que cresceram mais de 6%), um aumento que se estendeu também aos domicílios médicos (mais um por cento). As consultas presenciais ti-veram em 2016 um cres-cimento de apenas 0,5%.
Quanto às consultas hospitalares, cresceram 0,4% em 2016. O aumen-to de primeiras consul-tas (mais 0,9%) foi supe-rior ao das consultas de seguimento.
Número de consultas no SNS aumenta em 2016
Dados
O número de camas nos cuidados continuados cresceu 8,4% em 2016, passando a existir 8.112 lugares de internamento, um acréscimo de 631 em relação ao ano anterior.
O número de atendimentos nas urgências no Serviço Nacional de Saúde subiu para 6,4 milhões e ainda são mais de 40% os casos de ida às urgências com prioridade menor (verde, azul e branca).
A Administração Central do Sistema de Saúde revelou ontem que o tempo de espera para cirurgia em doentes prioritários melhorou em 2016, um ano que teve a maior atividade cirúrgica de sempre.
Redação/Lusa
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DADOS DO RELATÓRIO DE ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE DE 2016
211 mil doentes aguardavam
uma cirurgia
4460 destes eram casos
de neoplasia maligna
3 meses e meio foi o tempo médio de espera
22 mil doentes Inscritos e operados no mesmo dia
31 mil dos Inscritos ultrapassaram o tempo máximo de resposta prevista para cirurgia
568 765 operações mais 1,5% do que em 2015
31 milhões de consultas realizadas nos centros de saúde
Nº de camas cresceu 8,4% nos cuidados continuados Passaram a existir 8112 lugares de Internamento, mais 631 que em 2015 Rede Nacional de Cuidados Continuados integrados Tinha um total de 14 376 lugares 288 camas Para cuidados paliativos
6 405 707 - *2873421 episódios de urgência , daque " 2°15 40,7% receberam pulseiras de prioridade menos graves na escala de Manchester
Cerca de 31mil doentes ultrapassaram o tempo máximo de espera
Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD
I3 Segundo o vice - presidente do grupo parlamentar do PSD, Miguel Santos, o relató-rio devia ter sido entregue ao Parlamento há dois meses. Para o deputado, o docu-mento revela a "visível de-gradação" do Serviço Nado-
nal de Saúde e o aumento do tempo de espera para cirur-gias é uma das consequên-cias. A líder do CDS-PP, As-sunção Cristas, anunciou que vai questionar a tutela sobre quais os hospitais e especiali-dades onde há mais espera. •
Relatório entregue com atraso de 2 meses
INSCRITOS PARA CIRURGIA
Mais de 4 mil doentes oncológicos à espera RELATÓRIO O Tempos de espera para cirurgias e para consultas aumentaram no ano passado JUSTIFICAÇÃO O ACSS diz que em contrapartida melhoraram as respostas para os mais prioritários SóNIA TRIGUEIRAO
No final do ano passado es-tavam em lista de espera para uma cirurgia 211 mil
doentes, sendo que 4460 destes eram pessoas com neoplasia maligna (cancro). Os dados constam do Relatório Anual so-bre o Acesso a Cuidados de Saú-de nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas de 2016 e revelam que 31 mil doen-tes ultrapassaram o tempo má-ximo de resposta previsto. E o tempo de espera médio para a realização de uma operação foi de 3,3 meses. Para agravar o cenário da
prestação de cuidados no SNS, o mesmo documento, que che-gou em pleno mês de agosto ao Parlamento, revela que 22 mil doentes foram inscritos e ope -
22 MIL DOENTES FORAM INSCRITOS NA LISTA E OPERADOS NO MESMO DIA
rados no mesmo dia, não cum-. prindo os critérios de priorida-de e antiguidade das listas de espera. O número de consultas nos centros de saúde e nos hos-pitais aumentou em 2016, mas mais de uma em cada quatro (28%) continua a ser realizada fora dos tempos máximos de resposta garantidos.
Para diminuir o impacto ne - gativo destes números, Ricardo Mestre, da Administração Cen-tral dos Sistema de Saúde (ACSS), afirmou que os tempos de resposta em 2016 se manti-veram "à volta dos três meses, como acontecia habitualmen-te", e sublinhou que "os tempos de resposta para os os mais prioritários melhoraram". Da equipa ministerial não houve comentários. •
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 2 de 2ID: 71058301 30-08-2017
CIRURGIAS
4 MIL DOENTES ONCOLÓGICOS EM LISTA DE ESPERA P.18
VIDAS DE VERAOP.87A45
SAÚDE OBRIGA
SALVADOR A CANCELAR CONCERTOS
CORREIO www.cmjornal.pt da manhã GIRE OCTAVI8 RIBEIRO RIR.-ADJ.: ARMANDO ESTERES PEREIRA, CAROS RORRIMIES E JOSE CARLOS CASTRO
COREIA DO NORTE AMEAÇA JAPÃO AO LANÇAR MÍSSIL
VEÍCULO DO FOTÓGRAFO ALVO DE PERÍCIAS
VIATURA
DE PEDRO
PALMA
ENCONTRADA
EM S. PEDRO
DE SINTRA
SEM SINAIS
DE VIOLENCIA
P.10
MISTÉRIO EM SINTRA
ae RJB
TENSÃO MILITAR P.28 ADJUDICAÇÕES PÚBLICAS P.4E5
Contratos suspeitos pagos com viagens CALDAS DA RAINHA P.20
Encontra 1710 euros em envelope e devolve-os à dona 2 MILHÕES DE EUROS/HORA P.8 E9
Consumo dispara nas grandes superfícies
REVELAÇÕES
AS PAIXÕES PROIBIDAS
DE DIA Histórias da vida amorosa da Princesa do Povo P.24 E 25
QUARTA-FEIRA 3010812017 1 DIÁRIO! E 1 (C/IVA)
4t
o
e SPORTING
LATERAL DOUGLAS ' WILLIANI COM CAB RUMA AO BECA 1 EM INGLATERRA DE SAIR DO DRAGÃO i
DANILO TEM VONTADE / PC PORTO P.30 E 31
ESCÂNDALO NO COMBATE AOS FOGOS
FALHA LOGiSTICA DINHEIRO É GASTO
NÃ MAS
O COMIDA 01EGA
AO TEATRO DE OPERAÇÕES
DEM BOMBEIROS A FOME O COMANDANTESE OPERACIONAIS criticam alimentação fornecida, apesar dos preços cobrados P.6 E 7
ESTADO PAGA 21,20 EUROS/DIA
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ACSS indica que as cirurgias a 22 mil pessoas, inscritas e operadas no mesmo dia, tiveram aval das direções clínicas
Saúde Governo diz que a resposta será mais célere em 2018 e destaca que nunca foram feitas tantas operações
Direita critica aumento da espera por cirurgia
ao pormenor
68 mil cirurgias programadas efe-tuadas em 2016, mais 1,5% do que em 2015 e mais cerca de 65 mil do que em 2011.
1 mil doentes, o que correspon-de a 14,8% dos incritos, não foram operados dentro do tempo limite fixado por lei.
mil pacientes aguardavam por uma operação no final de 2016, 60,7% das cirurgias fo-ram feitas em ambulatório.
120 dias por consulta o Em média, os pacientes do Ser-viço Nacional de Saúde esperaram 120 dias pela primeira consulta no hospital, solicitada pelo médico de família através do programa Con-sulta a Tempo e Horas. No ano passado, os hospitais e os centros de saúde atenderam mais doentes em consultas do que em 2015.
31 milhões atendidos • As unidades de cuidados de saúde primários realizaram cerca de 31 milhões de consultas em 2016, o que representa um cres-cimento de 2% em comparação com 2015. Essa subida deve-se, sobretudo, às consultas não pre-senciais (cresceram mais de 6%) e aos atendimentos nos domicí-lios (subiram 1%). As consultas presenciais aumentaram 0,5% no ano passado.
Cada Sofia Luz carialuz@jn.pt
>A Direita condena o aumento do tempo de espera por cirurgias nos hospitais públicos em 2016 e a pre-sidente do CDS/PP, Assunção Cristas. exige que o Ministério da Saúde esclareça em que especiali-dades e hospitais ocorreram as su-bidas. O Governo admite que os tempos médios de resposta se mantiveram acima dos três meses
- tal como o IN noticiou na edição de ontem -, mas acredita que ha-verá uma resposta mais célere em 2018, sublinhando que nunca fo-ram operados tantos doentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como no ano passado.
A Administração Central do Sis-tema de Saúde (ACSS) lembra que, em janeiro, o tempo máximo de resposta cirúrgica nas situações de nível de prioridade normal redu-zirá de 270 para 180 dias. A mu-
CDS/PP quer saber quais os hospitais e as especialidades onde a espera subiu
dança "permitirá baixar os tempos médios de resposta aos utentes". O PSD duvida. O vice-presidente do grupo parlamentar Miguel San-tos argumenta que, se hoje não se cumprem os 270 dias fixados na lei, é "natural e possível" que a si-tuação se agrave em 2018. Para dar resposta, "irão recorrer ao setor convencionado" e a "dívida conti-nuará a aumentar ".
Também Assunção Cristas mostrou preocupação com o au-mento da espera por cirurgias: "É preciso que sejam feitas em con-texto de qualidade e com os inves-timentos necessários para garan-tir que podemos ter cirurgias no SNS feitas em tempo próprio, e não aumentando os tempos de es-pera para os doentes".
As críticas da Direita foram des-prezadas pelo PS. A vice-presiden-te do grupo parlamentar Susana Amador sublinhou os dados "glo-balmente positivos" (mais cirur-gias e consultas e melhoria dos tempos de resposta para os priori-tários) e acusou a PSD e CDS de "desfaçatez e demagogia".
Quanto ao facto de 22 mil pes-soas terem sido inscritas e opera-das no mesmo dia, furando os cri-térios de prioridade e de antiguida-de, a ACSS garante que foram auto-rizadas pelas direções clínicas "por razões pontuais e concretas". Mas apenas indica urna: a "rentabiliza-ção dos tempos disponíveis para a utilização dos blocos operatórios", sem explicar por que é que, nesses casos, não foi chamado um pacien-te que já estava na lista de espera. •
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Saúde. PS acusa PSD e CDS de fazerem "demagogia"
POLÉMICA II PSD e CDS critica-ram o aumento das listas de espera nas cirurgias. "As críti-cas vindas de quem durante anos descapitalizou os serviços públi-cos deste país é de uma enorme desfaçatez e demagogia". res-pondeu a vice-presidente da ban-cada Susana Amador. O PSD tinha apontado "o clima de degra-dação no SNS", o CDS registou que o SNS "piorou".
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Tiragem: 34326
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Polícias, militares e médicos podem manter carreiras congeladas
Polícias e militares, que nos últimos
anos tiveram promoções, e os mé-
dicos ou os guardas prisionais, que
já têm luz verde das Finanças para
subirem na carreira, são alguns dos
funcionários públicos que se arris-
cam a fi car de fora do descongela-
mento das progressões prometido
para 2018 e cujo modelo ainda está
a ser desenhado. Nas reuniões pa-
ra preparar o Orçamento do Estado
(OE) para 2018, o Governo tem par-
tido da premissa de que as carreiras
onde houve algum tipo de desconge-
lamento não serão a prioridade no
próximo ano e quanto às restantes
ganha cada vez mais força a ideia
de que haverá um descongelamento
generalizado, que se traduzirá nos
salários de forma gradual.
Na reunião que teve ontem com o
Bloco de Esquerda, o secretário de
Estado dos Assuntos Parlamentares,
Pedro Nuno Santos, não apresen-
tou ainda uma proposta, nem dados
concretos sobre o número de poten-
ciais benefi ciários ou sobre os custos
associados ao descongelamento. Só
a partir da próxima semana, quando
o ministro das Finanças, Mário Cen-
teno, entrar nas negociações com
os partidos que apoiam o Governo
no Parlamento, haverá mais desen-
volvimentos.
Ao que o PÚBLICO apurou, há du-
as possibilidades em cima da mesa.
Uma delas passa por abrir as pro-
gressões apenas aos trabalhadores
que estão há mais tempo estagnados
na mesma posição remuneratória,
começando pelos que têm salários
mais baixos. Outra — que está a ser
ponderada mais fortemente — é ini-
ciar o descongelamento para todos
os que têm carreiras congeladas,
sem fazer qualquer distinção ao
nível dos rendimentos, mas apro-
var uma norma que faça com que
o efeito salarial da progressão seja
gradual.
Prioridade será dada às carreiras que estiveram congeladas nos últimos anos. Modelo ainda não está fechado,mas efeito salarial do descongelamento será gradual
Em entrevista ao Expresso, o pri-
meiro-ministro, António Costa, já
tinha deixado um aviso: o descon-
gelamento destina-se às carreiras
“que não tenham sido objecto de
nenhum tipo de descongelamento,
sejam carreiras gerais ou especiais”.
“Ao longo destes anos, algumas car-
reiras tiveram a felicidade de ver as
suas progressões não congeladas.
Essas não vão ser a prioridade do
próximo ano”, acrescentou.
Questionado pelo PÚBLICO so-
bre as carreiras em que houve al-
gum tipo de progressão e a que se
estaria a referir António Costa, o
Ministério das Finanças respondeu
que “não existem dados públicos so-
bre as promoções” nas estatísticas
do emprego público. Ainda assim,
enviou uma lista das carreiras em
que foram solicitadas promoções
nos últimos dois anos. É o caso dos
militares das Forças Armadas, GNR,
PSP, guardas prisionais, médicos e
diplomatas.
Neste grupo estão situações dis-
tintas. Os militares e as forças de
segurança estão abrangidos pela
norma orçamental que todos os
anos tem permitido que, mediante
autorização do Ministério das Finan-
ças, haja promoções para os postos
imediatos por se tratar de forças hie-
rarquizadas. Foi o que aconteceu,
por exemplo, em Abril desde ano,
quando Mário Centeno autorizou a
promoção de vários cabos da GNR
ao posto de cabo-chefe. Ou em No-
vembro de 2016 com a promoção de
1050 elementos policiais da PSP, ten-
do a maioria passado da categoria
de agente para agente principal.
Também os guardas prisionais já
têm luz verde para a promoção de
mais de 360 guardas para a catego-
ria de guardas principais.
Os médicos, além de alterações
na sua grelha salarial decorrente
do aumento do horário de trabalho
para as 40 horas, já têm a garantia
de que serão abertos os concursos
para médicos graduados e para
consultores, permitindo que al-
guns acedam ao topo da carreira.
Em alguns casos, a promoção de-
pende de concurso, noutros o que
conta é antiguidade. Mas nos casos
apresentados pelo Ministério das Fi-
nanças estão em causa promoções,
e não progressões na carreira.
Sindicatos contestam opçãoJosé Alho, dirigente da Associação
Sócio-Profi ssional Independente
da Guarda Nacional Republicana,
lembra que as promoções estão su-
jeitas a vagas e “nada têm a ver com
as progressões”. “Então por terem
sido promovidos ao respectivo pos-
to, os guardas fi cam impedidos de
progredir na carreira? Isso não faz
sentido”, contesta.
Também Júlio Ribeiro, do Sindica-
to Independente da Guarda Prisio-
nal, contesta a opção. “Espero que
OE2018Raquel Martins
Ao longo destes anos, algumas carreiras tiveram a felicidade de ver as suas progressões não congeladas. Essas não vão ser a prioridadeAntónio CostaPrimeiro-ministro
as carreiras sejam desbloqueadas e
que os guardas prisionais sejam co-
locados nos devidos índices. Temos
guardas com 12 anos de carreira que
estão no mesmo índice dos que têm
cinco anos de carreira”, alerta.
As progressões estão congeladas
há mais de uma década e dependem
da avaliação de desempenho (nas
carreiras gerais e em algumas car-
reiras especiais). De acordo com as
estimativas dos sindicatos, mais de
metade dos trabalhadores já têm os
dez pontos necessários para acede-
rem à progressão obrigatória.
O Governo pediu a todos os
serviços e organismos públicos
para enviarem ao Ministério das
Finanças informação sobre o nú-
mero de trabalhadores que reú-
nem as condições para progredir
e os custos associados, mas os da-
O ministro das Finanças, Mário Centeno, vai assumir as negociações com a esquerda na próxima semana
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NUNO FERREIRA SANTOS
dos ainda não forma divulgados.
A estes casos ilustrados pelo Mi-
nistério das Finanças há que juntar
outros que podem também fi car ex-
cluídos do descongelamento nesta
fase inicial, porque tiveram pro-
gressões salariais, decorrentes de
mudanças nas suas carreiras. Foi o
que aconteceu com os técnicos su-
periores do Instituto Nacional que
em 2015 passaram a integrar uma
carreira especial ou os da Direcção-
Geral do Orçamento, da Direcção-
Geral do Tesouro e Finanças e do
Gabinete de Planeamento, que tam-
bém foram integrados numa nova
carreira. Num caso e no outro, as
mudanças traduziram-se num au-
mento de 52 euros no salário men-
sal. com Maria João Lopes
raquel.martins@publico.pt
O deputado André Silva, do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), lamenta que o Governo continue
a mostrar-se indisponível para contratar mais vigilantes da natureza no OE2018, além dos 50 previstos no orçamento anterior. “O Governo continua a dizer que não há previsão para, no horizonte de 2018-2019, ir para além dos vigilantes que já estão previstos no último orçamento, isto é, 50. Destes, 20 já foram contratados, faltam 30. Mesmo assim, 119 [efectivo actual] continua muito além das cinco centenas que o PAN defende e dos cerca de 400 que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas defende. Nós iremos insistir”, disse André Silva ao PÚBLICO, no fim do encontro de cerca de três horas com membros da equipa do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos estava na reunião com o BE).
André Silva também tem dúvidas de que seja contemplado este ano o fim da isenção de IVA para os toureiros (a medida foi chumbada no ano passado). “O PAN teme mais a oposição do grupo parlamentar do PS do que dos ministérios da Cultura e das Finanças”, disse André Silva. Seja como for, não vai baixar os braços. Entre outras medidas, o PAN quer que seja actualizada a tabela de honorários dos advogados oficiosos.
Hoje, PAN e executivo voltam a encontrar-se rapidamente, apenas para trocarem alguns dados. A próxima reunião demorada será entre o final desta semana e o início da próxima. Para já, nada se avançou, o Governo vai analisar as propostas do PAN e os dois lados vão desenhar com mais detalhe as medidas em discussão. M.J.L.
Reivindicações por atender do PAN
Depois de uma reunião de cerca de
três horas e meia, em que pouco se
adiantou de concreto sobre as me-
didas do Orçamento do Estado (OE)
para 2018, o Bloco de Esquerda saiu
insatisfeito com a proposta que o Go-
verno pôs em cima da mesa para al-
terações no IRS. Certo é que o execu-
tivo já levantou o tecto inicialmente
proposto dos 200 milhões de euros,
mas o montante proposto ainda es-
tá longe de conseguir anular, nesta
legislatura, tal como o BE deseja, os
efeitos fi scais produzidos pelo ante-
rior Governo de direita.
Isto signifi ca que o tecto defi nido
pelo Governo, para o alívio fi scal do
IRS, também não rondará os 600 mi-
lhões de euros, verba defendida pelo
BE. Seja como for, apesar de insatis-
feitos, os bloquistas não se dão por
vencidos, uma vez que as negocia-
ções ainda estão longe do fi m. Apesar
de o calendário apertar — o OE2018
tem de ser entregue até meados de
Outubro —, os entendimentos ainda
não estão à vista e haverá mais reu-
niões nas próximas semanas.
Até agora, o Governo não disse
claramente o que pretende fazer em
termos de IRS. Mas ontem, antes da
reunião com o BE, o secretário de
Estado dos Assuntos Parlamentares,
Pedro Nuno Santos, disse à Lusa que
a intenção é que “esta alteração che-
gue a muita gente, nomeadamente
àqueles que foram mais sobrecarre-
gados, a classe média e a classe mé-
dia/baixa”, e falou em benefi ciar 3,6
milhões de agregados. O governante
não adiantou, porém, detalhes.
Mas o número avançado pelo Go-
verno de 3,6 milhões agregados le-
vanta interrogações, quando cruza-
do com as estatísticas de 2015 sobre
quem paga IRS — em cinco milhões
de agregados, apenas 52% pagaram
imposto, ou seja, 2,6 milhões. Isto
signifi ca que há cerca de 2,4 milhões
de agregados não pagaram qualquer
imposto. Como não pagam, não po-
dem ser abrangidos por qualquer de-
sagravamento, a não ser que o execu-
BE continua insatisfeito com a propostado Governo para o IRS em 2018
tivo esteja a ponderar avançar com
uma espécie de crédito fi scal para
estas pessoas, algo que não deverá
merecer a concordância dos bloquis-
tas. O BE quer que os “mais pobres
dos pobres”, dentro daqueles que
pagam IRS, sejam abrangidos pelo
desagravamento, mas terá outros ca-
minhos a propor ao Governo.
Já ao fi m da noite, o Governo con-
fi rmou ao PÚBLICO que o número
avançado por Pedro Nuno Santos e
que foi distribuído aos partidos que
apoioam o Executivo, estava errado,
e que o número correcto, afi nal, é de
1,6 milhões de agregados. Um valor
em linha ao publicado esta segunda-
feira pelo PÚBLICO e que dava conta
das intenções do Governo em desa-
gravar o IRS dos contribuintes que
se enquadram no segundo e terceiro
escalão do imposto.
Uma alternativa proposta pelo BE
na reunião, ao nível da receita fi scal,
para se poder ir mais longe no alívio
da classe média e de quem tem ren-
dimentos mais baixos, é criar receita
com a derrama estadual, imposto pa-
go pelas empresas que os bloquistas
querem ver aumentado.
Aumento das pensõesEm cima da mesa, estiveram outros
temas para além do alívio fi scal do
IRS e das progressões nas carreiras,
os dois dossiês mais quentes destas
negociações. O aumento das pen-
sões, também defendido pelo BE,
foi abordado no encontro com Pe-
dro Nuno Santos, mas só dverá ha-
ver novidades concretas quando o
Ministério do Trabalho for envolvido
nas reuniões. O BE defende um au-
mento, no início de 2018, acima do
que está previsto na lei e que garanta
que quem foi penalizado pelo factor
de sustentabilidade do Governo de
direita possa ser compensado. Os
bloquistas não adiantaram quanto
querem aumentar, até porque no en-
contro o próprio executivo fez um
balanço das actualizações das pen-
sões já previstas na lei e permanece
uma incógnita sobre o valor médio
do crescimento da economia nos
dois últimos anos - se for superior a
2% essa actualização será superior à
infl ação. Para estas contas pesam os
dados relativos ao terceiro trimestre,
o que só se saberá em fi nais de Ou-
tubro ou em Novembro, através do
Instituto Nacional de Estatística.
No encontro, foi ainda aborda-
da a vinculação extraordinária dos
professores precários, que não estão
abrangidos pelo programa de inte-
gração em curso. Tal como já havia
dito o primeiro-ministro, o Governo
voltou a mostrar abertura para aco-
lher a proposta. Resta saber, como
em quase tudo até agora, que modelo
será seguido.
Maria João Lopes
PEDRO ELIAS
O BE exige que os mais pobres dos pobres beneficiem do alívio no IRS
mjlopes@publico.pt
1,6milhões é o númerode agragados familiaresque beneficiarãodo desagravamento do IRSnos escalões mais baixos
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52468a16-6218-4d88-baf9-efc702714606
PS já admite mudar lei para evitar mais cortes de pessoal na PT Trabalhadores da PT ameaçam com nova greve e recurso aos tribunais • Bancada socialista reúne-se com o Governo na próxima semana para estudar alteração da lei • ACT desafi ada a clarifi car relatório Economia, 18/19
Modelo para descongelar carreiras por fechar. Bloco e Governo não se entendem no alívio do IRS p6/7
Regras são dúbias sobre se quadros do ministério poderiam ou não viajar p8
O míssíl atirado sobre o Japão não era a opção mais arriscada p30 a 32
Médicos e forças de segurança arriscam não ter progressões
Código de conduta na Saúde permitia viagens? “Nim”
Coreia apontou ao Japão para evitar Trump, para já
IgrejaPadres com filhos
devem assumir paternidade? “Há mais
de 4000” casos no mundo à espera
de soluçãop10/11
Festival Veneza com vista paraos Óscares e uma luz portuguesaDestaque, 2 a 5
ENRI
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Edição Lisboa • Ano XXVIII • n.º 9995 • 1,20€ • Quarta-feira, 30 de Agosto de 2017 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos
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Verão
Fábricas centenáriasCom a América aos seus pésCaderno especial diário
De
Verão
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Enfermeiros apelam a Marcelo face à discriminação do Governo GREVE A Ordem dos Enfermeiros (OE) apelou, ontem, à "interven-ção urgente" do presidente da Re-pública e aponta o dedo à discri-minação do Governo por só recu-sar negociar a carreira de enfer-magem. O Ministério da Saúde permanece em silêncio sobre a proposta de acordo coletivo de trabalho, entregue dia 16, e o Sin-dicato dos Enfermeiros já apre-sentou um pré-aviso de greve para os-dias 11 a 15 de setembro.
Em carta aberta dirigida a Mar-celo Rebelo de Sousa, a bastoná-ria, Ana Rita Cavaco, alerta para o incumprimento do número míni-mo de enfermeiros nos hospitais e nos centros de saúde "para garan-tir a qualidade da prestação de cuidados de saúde". Estima que a situação se agrave, já que há cada vez mais profissionais a manifes-tar a "intenção" de deixar as uni-dades públicas.
Os enfermeiros "estão sem car-
reira, não têm categorias profis-sionais que a OE lhes reconhece, levam para casa menos de mil eu-ros por mês, generalistas e espe-cialistas, os que trabalham 35 ho-ras e os que trabalham 40 horas", sustenta a bastonária. "É a desor-ganização total desde 2005, altura em que fomos alvo de congela-mento salarial", alerta Ana Rita Cavaco, que não se admira que surja o "movimento espontâneo dos enfermeiros especialistas de
Bastonária Ana Rita Cavaco diz
que Governo recusa negociar
saúde materna e obstetrícia" e a recusa de prestar cuidados espe-cializados. O protesto, retomado este mês, está a alargar-se a mais cinco especialidades, acrescenta.
"O Governo negoceia carreiras com outros profissionais de saú-de, por exemplo os técnicos de diagnóstico e terapêutica, mas não quer negociar com a maior classe profissional do Serviço Nacional de Saúde (SNS1". acusa Ana Rita Cavaco. A bastonária garante que não baixará os braços nem aceita-rá "este bloqueio" do Governo em silêncio. Não tendo a quem mais recorrer, deixa um "apelo since-ro" a Marcelo Rebelo de Sousa, para que intervenha na salvaguar-da do SNS. CARLA SOFIA LUZ
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As viagens pagas por empresas tecnológicas envolvem diversos detentores de cargos públicos.
Pau Barrena/Bloomberg
JUSTIÇA
Ministério Público investiga viagens pagas a dirigentes
O Ministério Público decidiu investigar as viagens pagas pela Nos a dirigentes da Saúde e Finanças e está a "recolher elementos" sobre as viagens oferecidas pela Oracle a vários outros responsáveis.
BRUNO SIMÕES brunosimoesO)negocios.pt
Apolémica das viagens pagas pordiversas em-presas tecnológicas e de telecomunicações a
dirigentes públicos chegou à justiça Esta terça-feira, a Pxocuradoria-ge-ral da República (PGR)dissequere-colheu elementos sobre as viagens pagas pela Nos a seis altos dirigentes da Saúde e das Finanças e "decidiu enviá-los ao Departamentode Inves-tigaçãoeAcção Penal (DIAP)de lis-boa com vista a investigação". Adi-cionalmente, está a "recolher ele-mentos" sobre as viagens pagas pela Oracle a outros quadros do Estado, de acordo çom a Lusa.
O caso rebentou no passado sá-bado, quando o Expresso anunciou que uma empresa parceira da tec-nológicachinesa Huawei pagou via-gens à China a cinco dirigentes dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e a um da Auto-ridadellibutária Esta segunda-fei-ra, o Eco noticiou que tinha sido a Nos a financiar essas viagens, uma informação confirmada pelà pró-pria operadora ao final do dia.
"A Nos confirma (...) a existên-cia de um pagamento das viagens aéreas da referida visita a um total de 14 pessoas, sendo cinco dessas colaboradores da empresa. O en-
quadramento deste pagamento en-contra-se ainda a ser apurado", as-sumiu fonte da operadora de tele-comunicações. Em causa está uma "viagem de trabalho a Zhang Zhou e Shenzehen", em Junho de 2015 que "teve como único objectivo par-tilhar com os participantes conhe-cimento e melhores práticas na área da saúde". Além dos dirigentes do Estado e dos cinco colaboradores da empresa, viajaram também re-presentantes de grupos de saúde privados.
Os cinco dirigentes da SPMS, bemcomoopresidentedesta entida-de (que não participou nas viagens), colocaram o lugar à disposição na passada segunda-feira0 ministro da Saúde pediu à Inspecção-geral das ACtividades em Saúde (IGAS) para investigaressas viagens e prefere es-perar pelas conclusões dessa análise para decidir se aceita ou não a demis-são desses dirigentes.
°Observador noticiou, também segunda-feira, que a tecnológica americana Oracle pagou em 2014 viageme estadia aos Estados Unidos a cinco funcionários do Estado que pertencem a estruturas que depen-dem dos Ministérios da Segurança Social, Flna~, Saúde eAdminis-tração Interna. Alguns destes qua-dros haviam também viajado para a China a expensas da Huawei e da Nos, de acordo com o Observador.
Um desses quadros é Carlos Santos, que é chefe de equipa mul-tidiseiplinar de 2.° nível do Núcleo de Sistemas Distribuídos, que já está
a ser investigado pela própria Auto-ridade Tributária, que abriu um in-quérito para "verificação das cir-cunstâncias que levaram à autori-zação e aceitação da viagem em questão" à China.
A ministra da Administração interna anunciou esta terça-feira que pediu à Inspecção-geral da Ad-ministração Interna (IGAI) a aber-tura de um inquérito "com vista ao apuramento de todas as circunstân-cias" relativas à participação de Francisco Baptista, chefe de Equi-pa Multidisciplinar de Sistemas e Produção (EMSP) da Secretaria--geral do Ministério da Administra-ção Interna, na viagem paga pela Oracle. ■
Ministério Público investiga Huawei desde o início do mês
O tema das viagens pagas pela Huawei já está na agenda desde Julho, altura em que o Observador noticiou que a tecnológica chinesa pagou uma viagem à China a diversos políticos e titulares de cargos públicos. Entre eles estavam Sérgio Azevedo, um dos vice-presidente da ban-cada parlamentar do PSD, Luis Newton, presidente da Junta de Fre-guesia da Estrela, Ângelo Pereira, presidente do PSD Oeiras e candi-dato do partido ao município. Paulo Vistas, presidente da Câmara de Oeiras, Nuno Custódio, vice-presidente do PSD Oeiras, Rodrigo Gon-çalves, vice-presidente do P50 Lisboa, e João Mota Lopes, ex-director do Instituto de Informática da Segurança Social. A Procuradoria-ge-ral da República começou a recolher elementos sobre o caso no início deste mês e no passado dia 16 anunciou que fez chegar esses dados ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
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REACÇÕES
Nos confirma, Ministério Público investiga
A Nos confirmou na segunda-fei-
ra que pagou viagens a 14 pes-
soas. O Ministério Público vai
agora investigar.
A Nos confirma (...) a existência de um pagamento das viagens aéreas da referida visita a um total de 14 pessoas, sendo cinco dessas colaboradores da empresa.
NOS
A ministra da Administração Interna
determinou à Inspecção-geral da Administração Interna a abertura de um inquérito com vista ao apuramento de todas as circunstâncias.
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO
INTERNA
Relativamente às notícias vindas a público no último fim--de-semana, a PGR procedeu à recolha de elementos e decidiu enviá-los ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa com vista a investigação. PROCURADORIA-GERAL DA
REPÚBLICA
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OS MAIS PODEROSOS 2017
4'4 Afirmou-se no último ano corno o ministro mais popular do Governo. Salta 12 lugares no ranking dos Mais Poderosos.
PRIMEIRA LINHA 4 a 9
negociospt e gd c OS Quarta-feira, 30 de Agosto de 2017 Diàrio Ano XVI N.o 3573 € 2.00
Director dl Vai Subdirectores André Vendem Cebo Filipe Tiago Freire
Purihr idade
Governo rasga contrato com a Venezuela Estaleiros de Viana do Castelo têm à venda o aço para construir dois navios encomendados por Caracas. EMPRESAS 18 e 19
ENTREVISTA ANTÓNIO CHORA
Greve na Autoeuropa? "Estou espantado"
"Nunca pensei ver tanta verborreia", afirma o antigo
líder da Comissão de Trabalhadores. António Chora acusa o sindicato afecto à CGTP de "populismo".
EMPRESAS 20 e 21
Viagens da Nos, PSD questiona Huawei e Oracle atraso na no Ministério revisão da Público despesa pública EMPRESAS 22 e EDITORIAL ÚLTIMA 32
KELLY kellyservices.pt
WHERE TOP COMPANIES
GO FOR TOP TALENT
Pensões
Aumentos custam 860 milhões, mas PCP quer mais Despesa da Segurança Social e da CGA vai disparar em 2018.
ECONOMIA 14 e 15
Mercados
Mísseis da Coreia atingem bolsas mundiais PRIMEIRA LINHA 10 a u
Acções
Cotação do BCP cai 13% no último mês MERC. Ao(:
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Viagem de quadros do Ministérioda Saúde exigia autorização superior
NUNO FERREIRA SANTOS
A partilha de conhecimentos na área da telemedicina foi apresentada como justificação da viagem
Pelo menos neste aspecto o Código
de Conduta dos Serviços Partilhados
do Ministério da Saúde (SPMS) é cla-
ro: os convites para viagens devem
ser remetidos ao conselho de admi-
nistração, que as autorizará ou não.
No caso das polémicas deslocações
à China pagas pela Nos, o PÚBLICO
perguntou ontem à assessoria dos
SPMS se o conselho de administração
deu ou não luz verde à aceitação das
viagens, mas a resposta que recebeu
nada esclarece. Apesar disso, é certo
que aquele conselho sabia da deslo-
cação, uma vez que uma das pessoas
que aceitaram a viagem foi o vogal
executivo da administração, Artur
Trindade Mimoso.
O que diz o Código de Conduta
dos SPMS sobre “ofertas, convites
ou benefícios similares”? Que os
“convites para assistência ou parti-
cipação em eventos sociais, institu-
cionais ou culturais, palestras, semi-
nários, viagens ou outros benefícios
similares, ainda que direccionados
a determinado colaborador, devem
ser dirigidos ao conselho de admi-
nistração, para avaliação prévia e
eventual autorização”. A seguir, é
dito que “os colaboradores não po-
dem oferecer, solicitar, receber ou
aceitar, para si ou para terceiros,
quaisquer benefícios, dádivas e gra-
tifi cações, recompensas, presentes
ou ofertas, em virtude do exercício
das suas funções, nos termos legal-
mente previstos” (exceptuam-se “as
ofertas entregues ou recebidas por
força do desempenho das funções
em causa que se fundamentem numa
mera relação de cortesia”).
O PÚBLICO questionou a assessoria
dos SPMS sobre se o assunto foi colo-
cado ao conselho de administração,
se sim, quem autorizou e quando; so-
bre o facto de Artur Trindade Mimo-
so ter sido uma das pessoas que viaja-
ram; e sobre a justifi cação dada para
estas deslocações pagas por tercei-
ros, à luz do Código de Conduta. Mas
a resposta que recebeu foi a de que
“todas estas questões estão em aná-
lise pelas entidades competentes”.
Ao Expresso, porém, que avançou
cluiu um concerto dos Aerosmith.
A mais recente polémica sobre as
viagens não se fi ca pelos funcioná-
rios do SPMS ou da SGMAI. Também
a Autoridade Tributária (AT) está a
conduzir um inquérito por uma
viagem realizada com contornos
semelhantes — neste caso, especifi -
cou o Expresso, o convite foi posto
à consideração dos superiores hie-
rárquicos.
O que diz o Código de Conduta
dos Trabalhadores da Autoridade
Tributária e Aduaneira? Que “os
trabalhadores não devem pedir ou
aceitar presentes, hospitalidade ou
quaisquer benefícios que, de forma
real, potencial ou meramente apa-
rente, possam infl uenciar o exercício
das suas funções ou colocá-los em
obrigação perante o doador”. Que
a “aceitação de ofertas ou hospita-
lidade de reduzido valor (objectos
promocionais, lembranças, ...) não
é censurável se não for frequente, es-
tiver dentro dos padrões normais de
cortesia, hospitalidade ou protocolo
e não for susceptível de comprome-
ter, de alguma forma, ainda que apa-
rente, a integridade do trabalhador
ou do serviço”.
Entre vários outros pontos, no
documento lê-se ainda que “os tra-
balhadores devem agir em todas as
circunstâncias de forma que as suas
acções resistam ao mais rigoroso es-
crutínio público” e que “devem evi-
tar situações que possam dar origem
a confl itos de interesses”. Tal acon-
tece “sempre que os trabalhadores
tenham interesse pessoal ou patri-
monial” naquilo que está em causa,
ou seja, “qualquer vantagem ou o
afastamento de uma desvantagem,
ainda que meramente potencial, pa-
ra si próprios ou para outrem”.
Segundo o código de conduta da
AT, os seus funcionários devem tam-
bém resguardar-se de “situações que
de forma real, potencial ou aparente,
sejam susceptíveis de comprometer
a confi ança pública na sua objectivi-
dade e imparcialidade e, em conse-
quência, na integridade do serviço
público”. Por fi m, “os trabalhadores
não devem pedir nem aceitar quais-
quer benefícios económicos”.
Administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde não esclarece se deu luz verde à viagem. Assessoria diz apenas que as questões estão a ser analisadas “pelas entidades competentes”
Caso das viagensMaria João Lopes
Huawei categórica
Empresa garante que não pagou viagens à China
Um mês depois de o Observador ter noticiado as viagens à China feitas a convite da tecnológica
Huawei e um dia depois de a empresa de telecomunicações Nos ter assumido que pagou essas viagens, a Huawei Tech. Portugal Lda reafirmou ontem estar “disponível para prestar, em sede própria, todos os esclarecimentos necessários, tal como foi referido, em comunicado no dia 2 de Agosto de 2017”. Num comunicado enviado às redacções, a empresa clarifica pela primeira vez que “não pagou qualquer viagem à China”.
“A Huawei recebe entidades públicas e privadas oriundas de todo o mundo com quem
partilha os mais recentes desenvolvimentos na indústria das tecnologias de informação e comunicação como são o caso de 5G, das Smart Cities, da Safe City, da Internet das Coisas e da Industria 4.0”, escreve a Huawei.
“Estas visitas, exlusivamente de trabalho, assim como a necessária hospitalidade, têm como único objectivo a partilha de conhecimento, o que constitui uma prática empresarial comum, também em Portugal e na Europa”, acrescenta a empresa. “O nosso foco é, sempre foi e continuará a ser a inovação, o desenvolvimento tecnológico, bem como a partilha de conhecimento e experiência na área das TIC”.
a polémica notícia das viagens pagas,
os SPMS tinham justifi cado as deslo-
cações com “objectivos prioritários”
de adquirir e partilhar conhecimen-
tos sobre “os recursos, modelos e es-
tratégias diferenciadoras utilizadas
no âmbito da telemedicina”.
Este caso está a ser investigado pe-
lo Ministério Público e pela Inspec-
ção-Geral das Actividades em Saúde
(IGAS) Os funcionários já colocaram
o lugar à disposição, mas o ministro
Adalberto Campos Fernandes quer
aguardar pela conclusão do inquérito.
O que está em causa são as notí-
cias do Expresso e, depois, do jor-
nal Eco de que funcionários do Minis-
tério da Saúde teriam ido até à China
em viagens oferecidas pelas Huawei e
pela Nos — e pagas pela segunda, que
é parceira da empresa chinesa.
Ontem também a ministra da Ad-
ministração Interna avançou com
um pedido de inquérito à Inspec-
ção-Geral da Administração Inter-
na sobre o caso do funcionário da
secretaria-geral daquele ministério
que viajou para os EUA, a convi-
te da Oracle, viagem essa que in- mjlopes@publico.pt
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Corte: 2 de 2ID: 71058153 30-08-2017
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PS já admite mudar lei para evitar mais cortes de pessoal na PT Trabalhadores da PT ameaçam com nova greve e recurso aos tribunais • Bancada socialista reúne-se com o Governo na próxima semana para estudar alteração da lei • ACT desafi ada a clarifi car relatório Economia, 18/19
Modelo para descongelar carreiras por fechar. Bloco e Governo não se entendem no alívio do IRS p6/7
Regras são dúbias sobre se quadros do ministério poderiam ou não viajar p8
O míssíl atirado sobre o Japão não era a opção mais arriscada p30 a 32
Médicos e forças de segurança arriscam não ter progressões
Código de conduta na Saúde permitia viagens? “Nim”
Coreia apontou ao Japão para evitar Trump, para já
IgrejaPadres com filhos
devem assumir paternidade? “Há mais
de 4000” casos no mundo à espera
de soluçãop10/11
Festival Veneza com vista paraos Óscares e uma luz portuguesaDestaque, 2 a 5
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BIO
Edição Lisboa • Ano XXVIII • n.º 9995 • 1,20€ • Quarta-feira, 30 de Agosto de 2017 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos
HOJE Valérian6.º álbum duplo: Estação deBrooklyn – Terminal do Cosmos /Os Espectrosde Inverloch
doo CCoossmmooss ///
Por + 8,90€
ISNN-0872-1548
Verão
Fábricas centenáriasCom a América aos seus pésCaderno especial diário
De
Verão
Página 20
A21
Tiragem: 8000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 37
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Corte: 1 de 1ID: 71060174 30-08-2017
NACIONAL| Redacção/Lusa |
Investigadores portugueses criaram um
aparelho que usa sondas oftalmológicas e
ultra-sons de alta frequência para a detec-
ção precoce de cataratas.
O projecto surgiu de uma investigaçãocom elementos do Instituto de Telecomu-nicações e da Faculdade de Ciências eTecnologia da Universidade de Coimbra.
Com testes realizados com olhos de suí-no e de ratos, conseguiu-se uma taxa deêxito de 99,7% na caracterização de cata-ratas. O próximo passo é conseguir par-
ceiros para colocar o dispositivo no mer-cado, descrito pela equipa como “umaferramenta de diagnóstico simples, robus-ta e de baixo custo”.
Segundo a Organização Mundial deSaúde, em 2020 serão 40 milhões de pes-soas afectadas pela doença, que pode pro-vocar perda de visão, uma vez que impli-ca que o cristalino do olho fique opaco.
Um dos investigadores envolvidos, Mi-guel Caixinha, afirmou que conhecer aextensão dos danos provocados pela cata-rata é essencial para as operações cirúrgi-cas serem precisas e usarem a quantidadede energia certa.
Nova ferramenta paradiagnosticar cataratas
Página 21
A22
Tiragem: 8000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 37
Cores: Cor
Área: 13,35 x 6,89 cm²
Corte: 1 de 1ID: 71060175 30-08-2017
SAÚDE| Redacção/Lusa |
O recurso à telemedicina para tratar doen-
tes com insuficiência cardíaca reduz em
55% o número de internamentos, com
idêntico reflexo na diminuição de custos,
segundo um estudo ontem apresentado no
Congresso Europeu de Cardiologia, em
Barcelona. O estudo foi realizado em Es-
panha e analisou 116 doentes com dois
subtipos de insuficiência cardíaca. Segun-
do o médico Santiago Jiménez, um dos
autores do estudo, a introdução da tele-
medicina veio reduzir os internamentos e
também os custos associados. A telemedi-
cina aplicada a doentes com insuficiência
cardíaca consiste na realização de consul-
tas médicas através de videoconferências,
em conjunto com a monitorização à dis-
tância de diferentes variáveis, algumas
das quais devem controladas diariamente.
Telemedicina para reduzir riscos
Página 22
A23
Tiragem: 136719
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 47
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Área: 4,49 x 3,71 cm²
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ADSE REDUZIR DESCONTOS A lista F ao Conselho Geral e de Supervisão da ADSE pro-pôs ontem a redução das contribuições para a ADSE dos atuais 3,5% para 2,5%.
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A24
Tiragem: 65236
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 10
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Corte: 1 de 1ID: 71058146 30-08-2017
Crianças Um quinto com danos oculares
• Uma em cada cinco crian-ças sofre de problemas oftal-mológicos. alertou a Socieda-de Portuguesa de Oftalmolo-gia, avisando que a situação pode piorar com muitas horas a olhar para écrans. "As horas em contacto com dispositivos eletrônicos e exposição a ecrãs podem ser prejudiciais", disse Alcina Toscano.
Página 24
A25
Tiragem: 65236
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 10
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Área: 15,75 x 22,59 cm²
Corte: 1 de 2ID: 71058122 30-08-2017
Mochilas das crianças estio mais pesadas do que há 14 anos, apurou a Deco
Nennana Cnce hermana.cruniajn.pt
palmearas
Deco Estudo revela que 66% das crianças transportam mochilas demasiado pesadas
Alunos chegam a carregar 11 kg de material escolar
► A mochila típica de um estu dante português pesa 5,79 quilo gramas. Mas há casos de alunos que carregam 11 quilogramas de material escolar. Essa foi a conclu-são a que chegou a Deco Proteste num estudo, divulgado ontem, so-bre o peso das mochilas, segundo o qual 66% das crianças transpor-tam mais peso do que deviam su-portar.
A Associação de Defesa do Consumidor voltou às escolas para pesar crianças e as suas mo-chilas e "à semelhança do que
Entre os 10 e os 13 anos • O estudo da Deco Proteste foi efetuado, em março, em seis escolas públicas e privadas da Grande Lisboa. Foram pesadas 174 crianças, entre os 10 e os 13 anos, e as suas mochilas.
Mais 1" quilogramas • 0 peso médio da mochila de um aluno do 7.° ano é de 5,79 quilogramas, mais 1,29 quilo-gramas do que aquele que devia suportar, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde.
aconteceu em 2003, o estudo re-velou que mais de metade das crianças carregavam mais peso do que o recomendável. Os números são difíceis de ignorar: 66% das crianças transportavam nas mo-chilas mais do que 10% do peso corporal".
Ou seja, apesar de o problema já ter resultado numa iniciativa legis-lativa e numa petição pública em apreciação no Parlamento, a situa-ção piorou face a 2003, altura em que a Deco apurou que 53% dos alunos carregavam mochilas com peso a mais. "Desta vez, 66% trans-portavam às costas mais quilogra-mas do que os recomendáveis. O total de alunos que levava às cos-tas mais de 20% do peso corporal também aumentou: de 4,5%, em 2003, para 16%. em 2017", revela.
Dai que. para a Deco, o diploma sobre a desmaterialização de ma-nuais e outros materiais escolares, promulgado pelo presidente da República, é ainda "um ponto de partida" num processo de refor-mulação da escola. Por isso, a De-co vai enviar o estudo para o Par-lamento e pedir uma audição na Comissão de Educação.
"As políticas dos progra-mas/conteúdos, dos manuais e das condições escolares também devem ser consideradas", concor-da o presidente da Confederação de Associações de Pais (Confap), Jorge Manuel Ascenção. •
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Tiragem: 65236
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Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Ensino Crianças carregam 11 kg de material escolar dentro da mochila Página 10
Operação Marquês José Sócrates conhece acusação até novembro Pagma 13
França Polida admite que menina portuguesa possa ter sido raptada Pagina 29
Caso dos emails F. C. Porto aponta ligações de Bruno Paixão às águias Página 41
Benfica Queixa do Sporting resulta em castigo de 67 dias para Vieira Pagina 42
Seleção Azar de João Cancelo vale prémio a Ricardo Pereira Página 44
Red Bull PSP em alerta máximo e com todos os meios mobilizados Paginas 18 e 19
Quarta-Mia 30 de agosto 2017 • Invw.ja.pt • Cl • IMO • Ing133 • IlltiNNonso Camões • IIME•aearka Domingos de Párade • atirei Daid Ponte% Inês Cadeso e Pedm Cambo • Miei le lie Pádimerel
Mais de 30 políticos investigados por viagente,
Jorna de Notícias
manam pata a ;nas& nos rios
tm foto a Douto
Rios com-caudais no mínimo Especi.}1;stasexem revisão de acordos
corft Egafirgtie esta a barrar passagem da agua Pescas, restauração e turismo afetados
• Relação do Porto anulou provas e obrigou juizes a reformular o acórdão
• Arguidos recebiam luvas de contribuintes para adulterar rendimentos página 14
Condenação de funcionários das Finanças travada por escutas ilegais
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Pág: 22
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O Zoom // Entrevista
Pediatra com mais de 30 anos de consul-tório, nunca deixou de querer saber mais, sobre tudo um pouco. Nos últimos anos tirou um curso de história de arte e até aprendeu a tocar violino. Para a ren-trée, preparou um livro sobre vacinas c
está a escrever outro sobre pais sem pres-sa, contra as marato-nas sem meta à vista.
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Tiragem: 14000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 23
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Pediatra admite-se apreensivo com as
gerações mais novas e com a sociedade
do agora. Para a rentrée, prescreve
mais filosofia
Mário Cordeiro. "Não é por acaso que uma pessoa se revela narcisista aos 20 ou 30 anos" MARTA E REIS marta.reis@jonline.pt MAFALDA AZEVEDO (Fotografia) fotognifia@ionline.pt
Aos 61 anos, Mário Cordeiro mantém o consultório na Av. Guerra Junqueira mas são variados os interesses. Dos pro-jetos editoriais aos passeios com a Ten-rinha, passando pela paixão pela histó-ria de arte, conversar é outras das coi-sas que gosta de fazer. Foi assim, ao sabor do tempo, numa manhã de verão em Lis-boa. Pai de cinco filhos, três a passar pela adolescência, o pediatra admite que a pedalada é diferente e os desafios tam-bém, mas a idade trouxe-lhe mais calma e sabedoria. Nos últimos tempos, sente-se um bocado pessimista com o rumo da sociedade e um certo umbiguismo dos mais novos. Disciplina-se desde cedo, avisa, sob pena de estarmos a criar uma geração de narcisistas.
É médico pediatra há mais de 30 anos. Tem cinco filhos, cinco netos. Ainda se surpreende com as saídas das crianças? Acho que sim. Surpreendo-me sempre com o ser humano e com a sociedade, em constante mutação, com coisas inimagi-náveis há meia dúzia de anos. Como as pessoas resultam muito da sua interação com o contexto em que vivem, é natural que acabem por mudar. Com toda a informação e estímulos, • podémos dizer que hoje os miúdos estão mais espertos? Não acho que isso seja verdade. Se calhar, para os nossos avós que só tinham uma telefonia, sabermos agarrar num coman-do de televisão e mudar de canal, mes-mo antes desta parafernália de canais. era capaz de gerar a mesma reação de espanto que hoje temos com as coisas que os miúdos são capazes de fazer. Mas não acho que os miúdos sejam mais inte-ligentes. Têm um enorme acesso a infor-mação, muitas vezes de mais. Uma infor-mação que não chega a pouco e pouco, vem em catadupa. Coisas de menor de dimensão, não digo um acidente na Madei-ra, mas algumas coisas que hoje chegam na hora demorariam uma semana a ser conhecidas. E isso traz consigo o quê? Há um apeio maior a estarem informados. a procurar informação. Agora perceber o que se está a passar, saber rriativizar, aí é que falha e isso não mudou. Mesma a rela-ção com a tecnologia não terá nada de espe-cial. Muitas vezes ouvimos dizer que o cére-bro funciona como o computador... É o computador que funciona como cérebro.
É uma extensão do cérebro em termos de funcionamento e isso leva a que quando estamos a pensar em alguma coisa, se pudermos materializar esse raciocínio puxando o rato para um lado ou deslizan-do o dedo, vamos fazê-lo. É intuitivo, os nossos avós e bisavós é que não o tiveram. Ainda assim, uma das constatações dos mais velhos é que hoje os recém- nascidos até abrem os olhos mais cedo. As pessoas é que não estavam despertas para que um bebé pudesse abrir os olhos tão cedo. Há pais que me perguntam: "Quando é que o nosso bebé começa a ver?" Vé ainda antes de ter nascida É um dado cientifico irrefutável. Os bebés não mudaram, as pessoas é que não lhes liga-vam como ligam hoje. O conceito era: o bebé come e dorme, interessa que esteja quentinho, mudar a fralda e dar-se uns mlminhos, mas nos primeiros tempos era um sujeito passivo do amor dos pais. Só mais tarde, quando sua excelência come-çava a barafustar, ali a partir dos seis
meses, é que se dizia que o bebé espevi-tava, isto quando desde o início vê, ouve, tem competências. A sociedade hoje dá mais atenção às crianças e, com isso, elas começam cedo a apreender tudo. Um bebé está aqui e olha para esta lata de Coca-Cola. Se nunca lhe disser o que é, não sabe. Se convive com os pais, se vê o pai pedir uma cola, vai identificando a lata, ligan-do as coisas. As crianças hoje têm esta excelente oportunidade de conviver com o mundo adulto, os pais falam mais com elas e elas vão pescando mais informa-ção. Antes ninguém lhes explicava nada, é só essa a diferença. Sente que já existe essa perceção generalizada da mais valia dos
estímulos? Às vezes até aquela pressão do "se não fizer isto o meu filho vai ser um burro"? Cada vez mais, às vezes em excesso. Pode-rá haver exceções, mas acho que a maior parte dos pais já sabe que uma criança tem bastante para dar e se, puxar por ela, terá mais hipóteses. Como um jogador de futebol ou qualquer talento: é preciso trei-no para dar alguma coisa. A partir de que idade é que uma criança começa a ser manipuladora? Desde cedo, mas isso é o normal. Em qual-quer situação, uma pessoa tenta ver como conseguir o melhor para si. Um bebé a partir dos nove meses, um ano - quando já passou à história aquela angústia de saber se vai comer ou não, se estão garan-tidas as suas necessidades básicas - come-ça a sentir maior autoestima. Começa a perceber que consegue fazer muitas coi-sas em termos corporais, que consegue comunicar mesmo que atabalhoadamen-te. De repente sente: "Afinal não sou um
suplente da equipa B, estou em campo na equi-pa A". e isso dá-lhe uma pujança ao ego incrível. Numa fase em que uma criança se vê a partir de si, em que acredita que o seu umbigo é o centro de tudo e que é a pessoa mais importante do uni-Nemo, começa essa morá-Pulação- E depois quan-do os adultos pedem uma gracinha, para bater pal-minhas, o artista sente-se ainda mais no centro do palco e vai tentando fazer o que quer. Perce-be que há um caminho a percorrer, coisas a con-quistar e começa a ver os tnmfos que tem. Aque-
le arzinho, o choro, a tossezinha para inter-romper o pai e a mãe quando sente que não é o centro das atenções, os guinchos. É tudo para testar até que ponto é capaz de manipular. Vê-se muito quando caem e reforçam a situação de fragilidade com aquele "dói dói dói". Educa-se a partir dessa idade ou é deixar passar essas primeiras fitas? Acho que deve haver traços de educação coerente e consistente ao longo do tem-po. Não é por acaso que uma pessoa aos 18, 20 ou 30 anos se revela ou se constitui uma pessoa narcisista, sem empada. Mas esse traço de personalidade já nasce cm parte connosco, não? Qual é o peso da educação?
Toda a gente pode ser um narcisista. Cla-ro que há fatores intrínsecos ou extrínse- cos que podem levar isso a agravar-se ou não, mas vem sobretudo da falta de limi-tação externa. Todos nós somos candida-tos, uns mais ou menos, mas todos preen-chemos o papel de candidatura para ser-mos tiranos. Felizmente, depois, os nossos pais, a sociedade e até o nosso superego, o nosso polícia interno, intervêm: as pessoas aprendem que não é caminho e percebem que, além disso, não se iam sentir muito felizes. Agora isto reprime-se desde cedo. Como? O tal bebé que comeu, que está bem dis-posto no chão a brincar. Os pais finalmen-te vão para a mesa jantar e estão descan-sados. O bebé vê aquela cena e pensa qual-quer coisa do género: "Olha-me aqueles meus dois escravos a libertarem-se" e começa numa guincharia. Aí não há hipó-tese: os pais têm de dizer "xiu, caluda. Ago-ra estou a falar com a mãe e tu estás cala-do". E mesmo que a criança continue a chorar, naquela vitimização de que nin-guém gosta dela os pais devem continuar a conversar sem dar muita atenção, sem se enervarem muito nem entrarem tam-bém naquelas grandes explicações: "não vês que eu tive um dia muito dificil no tra-balho, etc.." Não é pedagógico? Às vezes há essa tentação de falar com eles como se fossem mais crescidos. Entrar nessas explicações que a criança não percebe não é muito produtivo, não percebe. Depois, quando os pais são mais assertivos em público, acabam por surgir uns olhares recriminadores. Por exemplo, se uma criança desata aos berros no supermercado e se tenta dizer "parou". É como se estivesse instalada uma certa vigilância_. Há uma certa vigilância que me parece idiota. Lá estão as mudanças na socieda-de. Passou-se de um país onde se podia bater, zurzir e queimar crianças que nin-guém se metia - e os vizinhos até sabiam mas "era lá com eles"- para um país onde há leis e regras contra os maus tratos infan-tis mas as pessrs estão muito mais indig- • nadas e intrometidas. Exagerou-se. Pas-sou-se de ver um pai espancar um filho e ninguém intervir para ver-se um pai que fala mais rispidamente e meterem-se logo na conversa a perguntar se aquele pai não esta a ser demasiado duro com o filho. De onde vem essa inversão? De uma certa vontade de fazer o bem, cer-tamente, mas também de protagonismo e de necessidade de censurar o outro.
continua na página seguinte »
"Passou-se de ver um pai espancar um filho e ninguém intervir para não se poder falar mais rispidamente "
"É preciso acabar com as aulas de hora e meia. Ao fim de uma hora é uma sova de cadeira"
"As pessoas organizam muito mal as férias. Parece que há uma vergonha de dizer não fui ao Algarve, não fiz uma viagem, não fui às Seychelles"
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Zor Entrevista
» continuação da página anterior
Acha que as redes sociais, tendo dado microfone a toda a gente, acabaram por alimentar essa imiscuição na vida dos outros? Também. As pessoas gostam de ser justi-ceiras. Apanham ali uma cena que nem viram desde o início mas fazem logo o seu statement e depois voltam as costas com ar de Lucky Luke. Há uma tentativa maior de proteção das crianças do que havia no passado. Tem o efeito desejado? Acho que com a voragem do tempo e com a autonomia que conquistam nas redes sociais está a haver um certo para-doxo: têm muita informação mas esque-cem-se de que a informação, só por si, não vale nada. Precisam de experiência e sabedoria. E depois acham que sabem muito, e como sabem muito, podem atuar pensando pela sua cabeça, mas não podem porque não têm maturidade. Há crian-ças de 12 anos que são mais altas do que a Marta. Porque não podem conduzir um automóvel? Se calhar usavam melhor toda a tecnologia. Não podem porque não têm uma visão sistémica esqueciam-se da pessoa que vai atravessar a estra-da, do semáforo. Essa visão de ecossis-tema não é algo que um adolescente pos-sa ter. E, de facto, eles conseguem fazer tudo nos computadores, mas depois fal-ta-lhes essa visão e esse filtro. A autono-mia a navegar não é acompanhada de unia autonomia no pensar, no estrutu-rar ideias e na tomada decisões. Resul-tado: temos bebezolas enormes conven-cidos de que sabem tudo e que vivem muito no hoje, no agora. É levantarem-se de manhã, aguentar uns "stõres" pelo caminho e depois dominar nas redes sociais e as mensagens. E os pais? Muitos pais deixam andar e vai faltando uma visão mais a médio prazo. É impor-tante uni jovem ter noção de que o seu percurso escolar se dirige algures e o que é que pretende desse algures. Tomar deci-sões, pensar a médio prazo não é compa-tível com querer viver só o hoje. Os adolescentes não foram sempre um bocado inconsequentes? Não tanto, parece-me. Os pais acabavam por estar mais disponíveis para coisas tão simples como ensinar a mudar um pneu de um carro ou a construir um móvel e apli-car bondex. Há coisas que se perderam. Mas não será também porque hoje os sonhos parecem mais dificeis de concretizar, maior precariedade no trabalho.
Não creio. O que acho é que se contempo-riza hoje mais com a falta de rigor e com o "tanto faz como fez". Em coisas peque-nas. Ali perto de casa há uma zona de cal-çada portuguesa que tinha uni desenho simétrico. Quando vieram arranjar umas caixas e foi preciso calcetar de novo, puse-ram tudo à balda Nem é uma questão de esforço, porque pôr as pedras de uma maneira ou de outra ia dar ao mesmo, mas é uma questão de brio e de perceber que havia ali um desenho que era importan-te completar. Mesmo que isso não interes-sasse nada ao calceteiro. De onde acha que vem essa erosão do brio da sociedade? • Odeio generalizações, mas vem muito da família, da escola e da sociedade, deste viver apenas o hoje. É uma sociedade que se está a demitir de reconhecer o brio, desde miúdos. Limita-se a estas coisas dos rankings, dos quadros de honra, que são sempre instrumentos muito envie-sados dependentes de duas ou três disci-plinas e que não avaliam o estudante como pessoa. Vive perto de uma escola pública que este ano esteve no centro de uma polémica na altura de inscrições, com suspeitas de moradas falsas. Como vê esta corrida ao Liceu D. Filipa dc Lencastrc? Há outros casos assim t m Lisboa, no Porto ou em Coimbra. São escolas que atingiram patamares dc excelência edu-cativa, mesmo que os alunos digam sem-pre que há "stôres" horríveis. O facto é que há escolas e escolas e esta é uma boa escola. Conheço bem, os meus filhos estudaram lá. Percebe os pais que sentem a tentação de apresentar uma morada falsa? Percebo que exista uma tentação de pen-sar em fazê-lo. Sobretudo se unia pessoa
"Vivemos numa sociedade que se está
a demitir de reconhecer o brio. Limita-se
a rankings"
"Um bom professor não tem de ter medo de estar
a falar de matemática e parar para comentar um
golo do Ronaldo"
A Tenrinha não é como um filho, mas é família. Para o pediatra, a ligação aos animais faz parte de
algo maior, uma manifestação de respeito pela natureza que é, ao
mesmo tempo, respeito pela humanidade. E ajuda a pôr a vida
em perspetiva, perceber o quão passageiros somos
até vive perto e vai demorar mais tempo no tránsito para pôr o filho na escola dele e que nem tem tantas atividades. Se o cri-tério é a morada, deixa-me cá arranjar... As pessoas obviamente fazem-no. Não é legal, mas como toda a gente faz... E sobre-tudo porque há unia sensação de injusti-ça se morar naquela rua pode e naquela outra já não pode. Não é preocupante que se formem depois estes guetos de bons alunos, escolas muito concorridas e outras que ficam com os alunos que sobram? Acho que não se formou um gueto. Esti-ve na associação de pais durante nove anos e o que conseguimos foi desenvolver mui-tas atividades extracurriculares em con-junto e ir além das disciplinas centrais. E isso é replicável em todas as escolas, mesmo em bairros mais problemáticos? Esta é uma zona de Lisboa com maiores rendimentos. Creio que aqui mais de 90% dos pais têm licenciatura, mas acredito que é possível. Não é urna licenciatura que dá capacida-de de empada, de solidariedade. É preci-so olhar mais para os alunos, perceber de que é que eles precisam, repensar a for-ma como se dá aulas. Parece-me que a imaginação dos professores tem de melho-rar uni bocadinho cm muitos casos. E depois os pais podem formar associações, mobilizar-se. Em Lisboa há protocolos com as cOmaras para financiar as ativida-des extracurriculares. Se a escola não tiver ninguém disponível para fazer esse traba-lho, vai contratá-lo a uma empresa, que cobra x por esse serviço. Se a associação de pais gerir esse dossié já sobra mais dinheiro para aplicar nas atividades. Mas pais de uma boa escola se calhar estão mais motivados. Isso tem muito que se lhe diga. Quando estava na associação de pais da EBI eram 400 alunos, 800 pais e mães, e apareciam à roda dc 10 a 15 pessoas. E digo-lhe, mui-tas vezes era angustiante. Éramos mais da associação do que os pais a aparecer. Os pais nunca foram muito às reuniões. Gostam que se faça, mas não aparecem. Claro que às vezes a pessoa pensa: para que estou aqui em vez de ir para casa? É o tal espirito de missão. E quando há ideias giras e isso tem algum eco na direção das escolas, mais motivação ainda. No fim do ano letivo, uma das suas crónicas no i condenava a postura de Mário Nogueira e da FENPROF por terem feito greve num dia com exames. Vê nos professores um dos problemas do ensino? Conheço professores excelentes e profes-sores horríveis. Acho que a posição do sin-
dicato é constantemente de defesa de uma série de coisas que compreendo que pre-cisem de ser defendidas, mas se calhar devia haver unia Ordem dos Professores, para se focar mais na parte pedagógica e académica, para ver como os alunos pode-riam aprender mais. São, ainda assim, uma profissão uni pouco maltratada. Suportar grandes deslocações, estarem até a última sem saber onde ou se vão ser colocados. Isso sem dúvida, relatos como vemos de professor es que se levantam às 5 da madru-gada para ir dar aulas são inacreditáveis. E não percebo como é que estamos para começar as aulas e nem osprofessores sabiam onde iam estar colocados, nem os pais sabem os horários. Sendo o número de alunos algo bastante previsível, tiran-do uma criança ou.outra que emigra ou muda de escola, em abril devia-se fazer logo tudo para que as pessoas, quando fos-sem de férias, soubessem mais ou menos com o que contar. Esta instabilidade não contribuirá para uma depreciação do papel do professor? Parece-me que contribui para uma certa desvalorização. Mas há muitas coisas que deviam mudar•. Em primeiro lugar é erra-do que continue a chamar-se Ministério da Educação e que não seja Ministério do Ensino e da Aprendizagem. Isso fazia logo Página 29
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a diferença. Educar remete para uma rela-ção paternalista quando não é isso que se pretende. Depois creio que as matérias deveriam ser reduzidas no sentido de per-ceber o que interessa saber. Multiplicar potências: para que é que isso serve em termos práticos? Podemos sempre argumentar para que servem outras matérias em termos práticos, a História... É diferente. A História serve de contexto. mostra como o ser humano interage em sociedade. Agora, multiplicar potências... Depois é preciso acabar com aquelas aulas
"A escola tem de dar competências, potenciar os talentos. Se é só para despejar a informação,
há a internet"
"A internet não ensina.
Permite saber tudo, mas não
fornece as ligações"
de hora e meia em que os alunos, coita-dos... Quando vou às reuniões de pais sen-to-me naquelas cadeiras e. passado uma hora, é uma sova de cadeira. Quanto tempo é que um miúdo está concentrado? Uns 16 a 18 minutos. Isso também não dava para nada. Não era preciso acabar a aula, mas fazer uma pausa ali ao fim de um quarto de hora, dizer agora vamos lá espreguiçar-nos, falar de outra coisa qualquer. Um bom professor não tem de ter medo de estar a falar de matemática e parar para comentar um golo do Ronaldo no dia ante-rior, o atentado em Barcelona. Tem um professor que o marcou? Tive vários. Tive o Rómulo de Carvalho no Pedro Nunes, que fazia as coisas assim. O Jaime Leote a Matemática Porquê esses e não outros? Íamos para as aulas deles com gozo. Íamos aprender. Hoje os miúdos conseguirão ter esse sentimento? Conseguem ir à Internet ver tudo. A internet não ensina. Permite saber tudo, mas não fornece as ligações. Antes o pro-fessor era a fonte principal de informa-ção. Uma pessoa que soubesse ler, escre-ver e contar tinha mais hipóteses de pas-sar de uma profissão no campo para outra com melhores perspetivas. Bastava. Isso
hoje é um dado adquirido, o ensino tem de mudar. O que é preciso é dar compe-tências, potenciar os talentos. Porque é que os alunos têm todos as mesmas maté-rias? Porque é que não há mais aulas inter-ligadas? Não fazia mais sentido as Inva-sões Francesas serem dadas pelos profes-sores de História, Português e Francês em conjunto? Creio que é necessário interli-gar mais as coisas. Porque se é só para despejar a informação, é como diz. há a Internet. E depois acho que seria preciso refletir sobre onde é que estes miúdos que têm hoje 15, 16. 17 anos vão estar daqui a 20 anos e de que é eles vão precisar. As profissões do futuro? Sim. Podemos falhar nessa análise, mas já temos alguma noção. Tivemos alguma disrupção,mas mesmo na tecnologia ulti-mamente não tem havido nada de muito novo. E mais assustador para mim: há décadas que não há uma ideia filosófica nova. Produzem-se teorias económicas, produzem-se vipes do "morte ao estran-geiro/venha o estrangeiro"... Como a turismofobia em Lisboa. Sim. Fsta discussão do "és pró ou contra" turistas é um disparate. Não se deixa contaminar? Não, pelo contrário. Pois se eu adoro ser turista, não havia de gostar que os turis-tas viessem ao meu país? Na minha rua já há oito alojamentos locais A p ~ir a
Ten rinha à noite era o deserto total e ago-ra é menos, sinto uma maior segurança. Mas o que queria dizer é que temos estas reações umas atrás das outras e menos reflexões de fundo sobre quem somos, para onde vamos. Está-se a viver o dia a dia sem pensar globalmente. Era preciso mais Eduardos Lourenços. O que mudou? As pessoas distraíam-se menos. Não eram tão forçadas a pensar sobre os casos que se sucedem, sobre o debate do momento. Às tantas cansa. Vivemos este verão o drama dos incêndios. Perdeu um familiar bombeiro. Vivi-o de perto e sinto que muitas vezes a discussão devia ser mais contida. Como no terrorismo. Mesmo antes de Barcelo-na todos os dias havia uma notícia de fula-no que esfaqueou, atropelou. À boleia do terrorismo noticia-se tudo e questões como a violência doméstica, que continua a exis-tir, ficam para um segundo plano. A discussão mediática diz alguma coisa às famílias enlutadas? São esferas diferentes. É evidente que tem de se perceber tudo o que se passou para que não se repita, como em qualquer coi-sa que corre mal, mas isto evidentemen-te demora tempo. O timing das famílias
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i:ontinudi,.ro da r);roirld anterior
não é nem podia ser o timing da investi-gação. Para a família, a dor é tão grande que a pessoa tenta arranjar explicações, responsabilidades, como quando se tem uni cancro e se pensa se o médico não podia ter visto mais cedo a massa. Mas é demais. Veja-se o caso do avião que ater-rou na praia No próprio dia passados minu-tos já havia especialistas em brevês a dizer tudo e mais alguma coisa, como se pudes-sem saber ao certo o que se passou. Esta discussão piora o luto das famílias? Piora, sem dúvida Para não falar de quan-do dá ideias, basta ver os casos em que pessoas com problemas mentais copiam ataques com facas e carros, mesmo sem uma intenção terrorista Ou a transmis-são dos fogos nos casos dos pirómanos. Uma vez vi um pirómano falar do prazer de ver as labaredas. Ele não via a floresta a ser destruída, falava do cheiro da lenha a queimar, daquele crepitar, uma expe-riência sensorial que lhe dava prazer. A televisão ao transmitir isto, na minha opi-nião, potencia novos casos. E há outros efeitos colaterais. As pessoas ficam assus-tadas e até se sentem quase complexadas de estar a desfrutar das férias. E depois tudo o que é em overdose dessensibiliza. O nosso sistema imunológico funciona
assim. As pessoas estão muito alérgicas aos ácaros fazem vacinas até saturar o mecanismos de resposta. Aqui acontece exatamente o mesmo. Qual é o perigo da dessensibilização? É a banalização do mal de que falava Han-nah Arendt. Um certo alheamento. Esta repetição até exaustão das mesmas ima-gens não faz nada bem. Andamos a dizer aos pais que deve haver poucos estímulos antes de ir dormir, uma história para ador-mecer e depois os adultos vão para a cama assustadíssimos à espera que rebente a bomba. Dormem mal, andam irritáveis. Isto é acentuado no meio urbano. No meio rural, acha que aquelas pessoas estiveram a noite toda a ver os debates na televisão quando têm de acordar cedo para ir para o campo? Estamos a terminar o período de férias. Parece um paradoxo, mas para muitas famílias são um período de stress. São. As férias não deviam ser uma repeti-ção da vida do dia a dia. Deviam ser um polo endorfinico, de calma, para quem tem um polo adrenalínico no dia a dia Ou o contrário, para quem tem um dia a dia mais tranquilo. O que se passa é que as pessoas organizam muito mal as férias. Planeiam tudo, o hotel, a praia, o sítio, mas não pensam naquilo de que estão a preci-sar fisica e psicologicamente. Parece que
há uma vergonha de dizer não fui ao Algar-ve, não fiz uma viagem, não fui às Seychelles. E depois esgotam-se nisso, mais no dinhei-ro que têm de arranjar. Como vivemos numa época de muito show off, de selfies, de mostrar nas redes sociais onde esta-mos, dizer que estou no Geres tem menos sucesso do que dizer que estou nas Seychelles. Então se a pessoa puser que ficou em casa a dormir ou foi passear o cão... Pensam que está deprimida. Possivelmente. E depois, como as pessoas vão ver o número de likes e comentários,
"Esta discussão do 'és pró ou contra' turistas
é um disparate. Dantes ia passear a Tenrinha à
noite e era um deserto"
"Vivemos numa época de muito show off. As
pessoas sabem o que foi bom ou mau consoante
os likes que têm"
o "ah que lindo", "que inveja", com não sei quantos "eeee", é uma ditadura terrível. As pessoas não são verdadeiramente livres: só sabem o que foi bom ou mau consoan-te os likes que têm. Perde muito tempo com as redes sociais? Zero. Tenho uma página de Facebook onde não meto nada, as pessoas é que de vez cm quando metem lá coisas. Nem a seguir os seus filhos? Os mais velhos não metem grandes coi-sas, os mais novos menos. É mais o Insta-gram, gostam de fotografia. Os mais novos já têm telemóvel? Os mais novos têm 14, já têm. Mas tento passar-lhes que há mais coisas a fazer, nomeadamente ler, ir passear o cão, con-versar. Interagir. É fácil fazer a gestão enquanto pai? Tem de ser pelo exemplo. Nem eu nem a minha mulher andamos no Facebook nem agarrados ao telefone à hora das refeições. Já teve aquela cena de ter pai, mãe e criança de telemóvel na mão na consulta. Já. Numa das crónicas no i escrevi sobre uma adolescente que não largava o tele-móvel. Foi na crónica cm que falava dos pais-multibanco. Muitas crianças veem os pais assim. É "o
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pai dá, o pai compra". Como não sabem
a história da família, não têm sequer ideia
do custo das coisas. Que o avô ou bisavô
nasceu numa aldeia, que ia de bicicleta
na neve para a escola. Não lhes interessa
sequer saber. "Lá vem a historia do pobre-
zinho". Acho mesmo que os jovens estão
a recuperar uma faceta narcísica do "tenho direito a tudo". Não será um gap geracional... está a ficar mais velho, menos tolerante com
as falhas das gerações mais novas.
'Talvez, mas existem diferenças. Quan-do éramos miúdos tudo era uma opor-tunidade para nós. Quando fazíamos InterRail era com pouco, íamos ao super-
mercado comprar comida, ficamos sen-tados a conversar, a observar as pes-soas. Hoje os miúdos querem mais coi-
sas e ao mesmo tempo são muito mais
apegados aos pais. Sente isso nos seus filhos mais novos?
Sim, talvez. Este ano tentámos mandá-los
para campos de férias, fazer coisas dife-rentes. Se não depois cria-se urna rotina
em que eles acomodam-se a este confor-
to - terem cama e roupa lavada, terem televisão. acesso à internet - e para eles
é o status natural da humanidade. Uma proposta nas suas crónicas era mais trabalhinhos de verão. Sim, não faz mal a ninguém. Uma das
Para o pediatra, os jovens
começam a dar sinais
preocupantes de egocentrismo:
sentem que têm direito a tudo
e desconhecem o valor real das
coisas. Os pais passam a ser uma
espécie de muttibanco.
Um trabalhinho de verão pode
ajudar a trazê-los à terra, recomenda
tarefas deles foi andarem a pintar umas
paredes lá de rasa, a apanhar o lixo. Tem
de ser. Podia pagar a alguém, mas havia
tinta e, em vez de chamar alguém, fize-
ram eles. Até para eles perceberem que
quando tiverem a sua independência eco-
nómica não vão ter dinheiro para tudo,
a menos que ganhem o euromilhões ou façam algum negócio escuro. É fazê-los
perceber de alguma forma que não vão
ter um T4 com vista para o Tejo, vão
arranjar um Ti ranhoso algures e fazer
a sua evolução e isso não tem de os fazer infelizes. Se tiverem uma vida interior
intensa, uma vida cultural e relacional,
serão felizes na mesma. Mas confesso-
lhe que estou apreensivo com as gera-
ções mais novas... Pessimista? Sim, um bocado pessimista com o desinte-
resse e ignorância que se vem instalando.
O que lhe faz mais confusão no
consultório? Às vezes a ignorância de pais e filhos sobre factos ou até palavras da língua portugue-
sa. Wittgenstein tinha razão quando dizia
que o que mostrava a evolução das socie-
dades era a evolução da palavra. Desde
os "grunfes" da pré-história, o ser huma-
no teve necessidade de arranjar designa-ções para as coisas que conhece, de com-
inar frases elaboradas. A escolha da pala-
vra numa sociedade evoluída não é à balda.
E hoje muitos adolescentes estão com
uma linguagem paupérrima.
Sempre houve o calão, o bué.
Não é o bué, é o que fica para lá disso. E
o que fica é um discurso muito pobre. Não
há aspetos metafóricos, não há associa-ção a memórias. Acho que antes havia
mais imaginação e criatividade. Os mais pequenos têm-na.
Sim, mas depois perdem. Acabam forma-tados por uma escola que não estimula a criatividade nem o pensar pela cabeça. E depois diz-se que há muitos miúdos hipe-rativos: havê-los há, mas há sobretudo
muitos miúdos que não conseguem estar ali encerrados naquela prisão, onde há
menos recreio do que uma prisão a sério.
As horas de recreio numa prisão são supe-riores às horas de recreio numa escola
primária. Depois das férias, como se desacelera
os miúdos? Muitos estarão com vontade de regres-
sar. As férias para as crianças tornam-
se um bocado repetitivas. Para os mais novos são totalmente disruptivas: mudan-
ças de casa, de pessoas, come-se quan-do se come. E por isso é importante,
uns dias antes do regresso, começar a haver um reset, entrar nos ritmos de
dormir. E depois eles dizem "mas ama-
nhã não tenho aulas". É começar a dei-
tar mais cedo, gradualmente. E come-
çar a refrescar a memória sobre as maté-
rias dadas no ano anterior. Não é estudar,
mas reler para que haja alguma sequên-
cia. Não vai tirar mais que meia hora
por dia. A última vez que falámos com mais
vagar há dois anos ia aprender violino
para acompanhar um dos filhos mais
novos. Conseguiu? Aprendi, comecei no final desse verão,
tenho aulas e tento todos os dias estudar
um bocadinho.
É muito diferente ser pai de um adolescente aos 60 do que aos 30?
Começam logo por ser realidades dife-
rentes: os anos 80 são diferentes de 2017.
Mas é sempre um desafio. Já não tenho
aquela pedalada enorme, mas tenho uma
calma e sabedoria maior.
Qual é o projeto para a rentrée?
Vou publicar um livro sobre vacinas. Estou a escrever outro sobre "pais sem pressa".
O seu estilo?
Sim. Será sobre como contrariar esta cor-rida para nenhures, uma maratona sem
meta à vista que não faz qualquer senti-
do. E dar dicas para, no dia a dia, viver com mais calma sem ser preciso enfiar-
mo-nos numa gruta na Serra da Estrela.
A nível pessoal tenho dois livros de poe-
sia mas há ideias para peças de teatro,
romance. E depois leio livros e livros de
História de Arte. Concluiu há poucos anoso curso.
Sim e muda a perspetiva. Ainda agora em
Salamanca.. Não é que tenha alguém para impressionar, mas percebendo porque é
que há umas igrejas mais escuras e outras
mais claras, o porquê dos arcobotantes.
tira-se mais das coisas. Onde gostava de ir?
"Hoje os miúdos querem mais coisas e ao mesmo tempo
são muito mais • apegados aos pais"
"Na escola primária há menos
recreio do que. numa
prisão a sério"
Itália, é um repositório de arte. Gostava
de voltar à Toscana. E em Lisboa, quais são as suas paragem
prediletas? Em termos de museus, o Museu de Arte
Antiga, o Museu do Azulejo e agora que-
ro ver se vou à Cordoaria ver a exposição
dos guerreiros. Também queria ver a do Van Gogh. Foi um dos primeiros museus
que visitei no InterRail, em Amesterdão.
Lembro-me que escrevi um poema mui-
to emotivo sobre a vida dele.
Ter sido um pintor incompreendido.
Sim, estava lá sentado e foi uma reflexão
sobre aquela dicotomia de estarmos ali
num museu moderno a admirar as obras
ignorando o sofrimento da vida dele.
Sente-se mais sensível hoje a essas
ironias ? Sempre gostei muito dc refletir e de ler
compulsivamente o que me faz talvez irá
nico, às vezes sarcástico. Felizmente a
minha mulher partilha essa paixão comi-
go e os miúdos também vão crescendo nesse ambiente. Que livro o tocou este verão?
Gostei imenso de um que é em homena-gem à minha parceira. um livro sobre
um beagle, "Uma Prenda para Bertie".
Sente que a Tenrinha é como um filho? Não é... Mas que sinto que faz parte da
família sim. E que respeitar os animais e natureza é uma melhor forma de res-
peitar a humanidade. Não ponho cães
aqui e humanos ali, é tudo parte da natu-
reza Um dia que tivemos de abater uma
árvore na Lourinhã quase que chorá-
mos. É uni bocado pueril, mas ponho-me a pensar o que é que esta oliveira já
viveu, há quantos séculos está aqui. E
acho que a natureza faz-nos ver o quão ridículos somos. Entrei na faculdade com
16 anos. É um bocado disto que falo. Os tempos eram outros, mas com a idade dos meus filhos já debatíamos a existên-cia dc Deus, as questões metafísicas. a
guerra do Vietname e hoje acho que con-
versam menos sobre estas questões. Não
éramos um grupo de contestatários, mas discutir aquelas coisas dava-nos uni gozo
enorme, exercitar a teorização, filosofar.
debruçarmo-nos sobre a vida.
É a prescrição para a rentrée? Sim. muito mais filosofia. procurar per-ceber o outro, não rotular logo e olhar
mais para a beleza natural e possível à
nossa volta, sabendo que o mundo tem
coisas más. É bom compensar esse lado
agressivo com a beleza. as folhas que come-
çam a cair. Deleitarmo-nos com a nossa
existência. Não é no leito de morte que vamos ter tempo para isso.
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Acusação a Sócrates sai a seguir às eleições
autárquicas Investigação não vai esgotar prazo
concedido até 20 de novembro
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BALSEMÃO. O PLAYBOY QUE NÃO QUIS SER COMO OS OUTROS MENINOS RICOS Tímido mas mulherengo, privilegiado mas trabalhador. O i faz a pré-publicação da biografia do patrão da Impresa colocada hoje à venda /1 PAG. 1G-21
1,2)0/OntaCembffif/Mollti~o2915/0belabfroie/CtionfrearRitonksitasirletralweabrktraesaillaxaelCibliffiaintdesitRutoNs
Trabalhadores das empresas fornecedoras da Autoeuropa estão contra a greve
Paralisação histórica na fábrica de Setúbal por causa da mudança de horários de trabalho trava produção de 400 canos //PÁGS. S8
Entrevista ao pediatra Mário Cordeiro
"Na escola primária há menos tempo de recreio
do que numa prisão a sério" e "Passou-se de ver um pai espancar um filho e ninguém
intervir para não se poder falar mais rispidamente
"Mesmo que a criança continue a chorar os pais devem continuar a conversar sem dar muita atenção"
npac.s 22 27
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