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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS Clipping
VEÍCULO: REVISTA ÉPOCA
DATA: 18/11/2017
ASSUNTO: FEBRE AMARELA PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB: https://viewer.aemmobile.adobe.com/index.html#project/64a78630-6518-424a-85fc-0977835bc4fd/view/edicao_1013_17_de_novembro_2017/article/epoca______-dj-cec13b54-81f1-4bb5-8bb3-645e42216854 ACESSADO EM: 18/11/2017
Ameaça na floresta
No maior surto da história recente do Brasil, a febre amarela chega às matas da populosa Região
Sudeste - e à beira de condomínios de luxo. Alcançará as cidades e seus moradores?
Marcela Buscato
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"Alguém tem medo de macaco?" pergunta Freddy Giorgi, lançando pedaços da banana que
acabara de descascar na direção das árvores. Os galhos quase tocam o terraço da casa em que
mora com a família, em um condomínio de luxo de Jundiaí, a 60 quilômetros de São Paulo.
Acompanha o gesto com assobios, normalmente um chamado irresistível para os saguis que
habitam a mata ao redor, nos limites da zona urbana com a rural, a apenas 8 quilômetros do
centro. Há 17 anos, Giorgi, ex-empresário, trocou a vida na capital pela tranquilidade do
condomínio, a apenas 30 minutos da metrópole. Entre todos os terrenos, criados a partir do
loteamento de uma fazenda de seu pai, a família escolheu para construir a casa na área em frente
à vegetação típica da região, que mescla remanescentes de Mata Atlântica a manchas de Cerrado.
A casa envidraçada, projetada pela mulher de Giorgi, a arquiteta Beatriz, de 64 anos, debruçase
sobre a vegetação. A área da piscina se abre até os limites da mata. Sentados no terraço, Giorgi,
de 71 anos, Beatriz e o casal de filhos, Vitoria, de 23 anos, e Lucas, de 21, acostumaram-se a
chamar pelos saguis. Habituaram-se a observar o deslocamento lento até de uma família inteira de
bugios, um macaco maior e mais arredio. O acordar todas as manhãs era acompanhado pelo ronco
gutural da espécie ao longe. Desde outubro, o barulho dos bugios rareou a cada amanhecer, até
cessar. Também desapareceram os sauás, outra espécie de macaco de médio porte. "É o segundo
dia que não vejo sauás. Estou preocupado", diz Giorgi. Os agentes do Centro de Vigilância e
Controle de Zoonoses que visitam a casa inclinam a cabeça para observar o topo das árvores, em
busca dos macacos. As folhas se mexem. Pássaros apenas. A presença dos agentes na casa da
família Giorgi dá pistas sobre o sumiço dos animais. Desde agosto, depois de um macaco morto ser
encontrado na divisa da cidade com Louveira, funcionários da prefeitura visitam propriedades da
zona Ârural para orientar os moradores. Explicam sobre uma doença que afetou os macacos de
maneira sem precedentes na região e se tornou uma ameaça real também para os humanos: a
febre amarela.
EM 12 MESES, O BRASIL TEVE 779 CASOS - QUASE O MESMO NÚMERO DOS ÚLTIMOS 36 ANOS.
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Transmitida atualmente pela picada de mosquitos silvestres, que vivem na copa das árvores na
floresta e à beira das matas, a doença é causada por um vírus do mesmo tipo dos que causam
dengue, zika e chikungunya. Porém, mais letal. A doença mata um terço das pessoas com
sintomas: febre súbita, vômitos, dores de cabeça e no corpo. Nesses quadros, há
comprometimento irreversível do fígado e dos rins. Em 2017, o Brasil enfrenta o pior surto de
febre amarela desde que o governo começou a registrar os casos, nos anos 1980 (leia o quadro na
página 64). As primeiras infecções começaram no ano passado. Nos 12 meses de julho de 2016 a
junho de 2017, morreram 262 pessoas. Foram 779 casos, quase o mesmo número total ocorrido
nos 36 anos anteriores, 797.
Os casos que se costumavam contar às dezenas, principalmente na região amazônica, deram lugar
às centenas na região mais populosa do país, o Sudeste. Concentraram-se nos estados de Minas
Gerais (475), Espírito Santo (306) e Rio de Janeiro (29 casos) - esses dois últimos considerados até
então regiões de menor risco. No estado de São Paulo, dos 23 casos em humanos confirmados
como infecção local, 14 ocorreram na área sem recomendação de vacina, mais ao leste. "Houve
uma mudança no perfil da doença: ela está se aproximando das grandes cidades", diz o médico
virologista Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Isso explica por que
famílias como a Giorgi, em Jundiaí, instaladas em confortáveis condomínios à beira da maior
metrópole da América do Sul, viram-se cara a cara com uma doença que ocupa, no imaginário
brasileiro, a categoria de moléstia tropical sepultada pelo tempo - ou, pelo menos, empurrada
pela urbanização para as florestas ao Norte.
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A reemergência da febre amarela lembra a chegada daquele parente distante, que tememos ter
vindo para ficar: é familiar, mas incômoda. O vírus desembarcou no país em 1685, no Recife,
À PROCURA Beatriz e Freddy Giorgi, em sua casa, em Jundiaí, São Paulo. O barulho dos bugios ao amanhecer desapareceu (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA).
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depois de viajar a bordo de um navio vindo da África e que fizera escala nas Antilhas, então
assoladas por uma epidemia. No Brasil imperial, dizimava milhares a cada surto. O
desenvolvimento, em 1937, de uma vacina altamente eficaz, a mesma usada até hoje, foi
fundamental para transformar a febre amarela em doença dos livros de história para a maioria dos
brasileiros. A erradicação nos anos 1950 do mosquito Aedes Aegypti - sim, o mesmo contra o qual
o Brasil luta novamente hoje - também foi importante. Na época, ele disseminava o vírus da febre
amarela pelas cidades.
Mas uma campanha agressiva para erradicá-lo, à base de um pesticida poderoso, o DDT, hoje
proibido, exterminou temporariamente a espécie do Brasil. Desde 1942, quando os três últimos
casos de febre amarela transmitida por Aedes foram confirmados, em Sena Madureira, no Acre,
não há registro no Brasil da forma urbana da doença.
O deslocamento dos surtos para o Sudeste preocupa. A aproximação do vírus das grandes cidades
aumenta o risco de ele se tornar novamente parceiro do Aedes. O mosquito, que bota ovos em
água parada e prefere o clima quente para se reproduzir, fez das cidades brasileiras um lar muito
confortável - como mostram as epidemias de dengue a atingir o país desde os anos 1980 e, nos
últimos anos, os surtos de zika e chikungunya. Eis um cenário incômodo. "É uma combinação de
alto risco: temos o vírus, o Aedes e pessoas não vacinadas", diz Nogueira.
ESPECIALISTAS DIZEM QUE EXISTE O RISCO DE A FEBRE AMARELA SER TRANSMITIDA PELO
AEDES AEGYPTI
Ninguém sabe se é uma questão de tempo o Aedes se infectar com o vírus da febre amarela. "O
risco de reurbanização (da febre amarela) sempre existiu", diz o médico Pedro Vasconcelos,
diretor do Instituto Evandro Chagas, em Belém. Casos isolados, geralmente importados,
aparecem quase anualmente, mesmo em cidades como São Paulo. Em um estudo publicado em
2012, pesquisadores estrangeiros calcularam o risco de o vírus se espalhar em diversos países. Na
Região Sudeste do Brasil, em meses quentes, estimaram que uma pessoa infectada poderia
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espalhar o vírus para cerca de três pessoas. O que acendeu o sinal de alerta desta vez foi a
chegada do vírus às matas da região - o que pode torná-las um reservatório. Especialistas como
Vasconcelos são otimistas. “O que nos dá um pouco mais de confiança é que nunca achamos um
Aedes com o vírus”.
Uma possível explicação é que, talvez, para o vírus se alastrar pelo Aedes, precise haver uma
quantidade maior do mosquito nas cidades do que há hoje. "Em Angola, onde houve uma
epidemia urbana da doença no ano passado, os níveis de infestação chegam a 60% dos imóveis",
diz Vasconcelos. "No Brasil, quando altos, ficam em 5%." Especula-se também a possibilidade de a
espécie ter perdido a capacidade de transmitir o vírus da febre amarela. Mas não foi isso que
concluiu a bióloga Dinair Lima, do Instituto Oswaldo Cruz. Em um laboratório de alta segurança,
em Paris, Dinair deixou mosquitos Aedes, provenientes do Rio de Janeiro, alimentarem-se com
sangue infectado com o vírus. Duas semanas depois, 10% dos mosquitos tinham Âpartículas virais
na saliva e poderiam transmitir a doença. "Os do Rio de Janeiro se mostraram mais suscetíveis que
os de Manaus, região endêmica", diz Dinair. Quando apareceram casos no Rio, no início do ano,
não houve a reurbanização. Talvez existam barreiras. Uma pista vem de outros vírus disseminados
pelo mosquito. Um estudo de Ribeirão Preto mostrou que o vírus da dengue leva vantagem sobre
o da febre amarela se infectar antes ou ao mesmo tempo um primo do Aedes Aegypti.
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Nas últimas décadas, a transmissão no Brasil se restringiu às picadas dos mosquitos silvestres, dos
gêneros Haemagogus e Sabethes, que não se aventuram longe das matas. Macacos,
especialmente os bugios, costumam ser as primeiras vítimas da doença, antes que ela chegue aos
humanos. Quando encontrados mortos em grande número, servem de alerta - como aconteceu
em Jundiaí. Entre 2008 e o ano passado, o Centro de Zoonoses havia recolhido cerca de 30
macacos mortos. Neste ano, até novembro, foram 196. Exames apontaram o vírus em 68. "As
pessoas estão assustadas e avisam mais sobre os animais mortos", diz o veterinário Luis Gustavo
Nascimento, da Zoonoses. "Mas os macacos estão morrendo mais."
Nascimento vem criando novas rotinas para lidar com o surto. Na sala de necrópsia, pega o corpo
de um sagui e coloca sobre a mesa. Com o bisturi, raspa a pelagem do abdome e faz uma incisão
do peito à barriga. Retira pedaços de órgãos num ritual: "Vou descendo: coração, pulmão, fígado,
baço, rim e intestino". Ao agente de Zoonoses Donizete Estevão cabe esfacelar, geralmente num
golpe certeiro, o crânio do animal. O cérebro é o primeiro órgão a entrar em decomposição.
Dependendo de quanto tempo demorou para o corpo do animal ser encontrado e recolhido, pode
ser que não exista nenhuma amostra aproveitável para quem procura o vírus da febre amarela. As
análises são feitas no Instituto Adolfo Lutz, na capital paulista, para onde as amostras viajam no
mesmo dia. Como o transporte só ocorre uma vez na semana, as necrópsias são feitas no mesmo
dia. Em uma única quinta-feira de outubro, foram 38. "Tinha dia que esta sala parecia acidente de
avião", diz Nascimento, apontando com o bisturi para o entorno. "Tinha saco preto para todo
lado." Em 9 de novembro, depois que a pior onda do surto passou pela região, eram apenas sete
animais: seis saguis de Jundiaí e um trazido pela Zoonoses da vizinha Cabreúva.
A situação não foi atípica apenas na Zoonoses. "Tenho 30 anos de profissão e nunca mais quero
passar por uma situação como essa", afirma a veterinária Cristina Adania, coordenadora de fauna
da Associação Mata Ciliar, uma organização não governamental em Jundiaí que reabilita animais
silvestres. "Nunca chorei tanto." A equipe da entidade chegou a ser acionada para tentar salvar
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macacos doentes. Em uma ocasião, encontraram cinco bugios mortos no chão. Viram um filhote
descer das árvores e tentar acordar a mãe morta. Encaminhados por prefeituras de cidades
vizinhas, como Louveira, alguns bugios doentes chegaram ao centro de reabilitação. Dos 42 com
suspeita da doença, apenas um sobreviveu. Assim como para os humanos, não há tratamento
específico.
(Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA).
Jundiaí não tem caso de suspeita de febre amarela entre humanos. Mas a gravidade da epidemia
entre macacos mostra a entrada do vírus numa região de Mata Atlântica, onde historicamente não
ANÁLISE O veterinário Luis Gustavo Nascimento faz necropsia em um sagui. Em um dia, foram 38 desses procedimentos. (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA.
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havia casos de transmissão local. Na cidade de São Paulo, três macacos foram encontrados mortos
com o vírus - o governo estadual suspeita que um quarto foi infectado na vizinha Cajamar.
A BAIXA COBERTURA VACINAL EM MINAS GERAIS PODE TER CONTRIBUÍDO PARA O SURTO NO
SUDESTE
Em retrospecto, o avanço da febre amarela foi previsível. Até 1999, os focos constantes dos surtos
se circunscreviam à Região Norte, Centro-Oeste, parte do Maranhão e casos esporádicos ao oeste
de Minas Gerais. Entre 2000 e 2008, há um claro avanço em direção ao Sudeste e Sul - até chegar
ao surto de grandes proporções deste ano em Minas Gerais, que parece ter impulsionado o
avanço do vírus para a área mais populosa do país. Apesar do monitoramento, o surto atual se
revela mais fulminante que o esperado. "A capacidade e a velocidade do mosquito
surpreenderam", diz Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado
de São Paulo.
A baixa cobertura vacinal em Minas gerais pode ter contribuído para o surto no sudeste
Ainda não há estudos que expliquem as causas. O desequilíbrio ecológico causado pelo
rompimento de uma barreira de rejeitos minerais há dois anos em Mariana, Minas Gerais, que
contaminou o Rio Doce, é uma hipótese, mas sem comprovação. Outras possibilidades são a
reconstrução de corredores ecológicos, zonas de matas por onde os mosquitos e macacos com o
vírus circulam, e a integração entre as zonas urbanas e rurais. "Quase não existe mais essa
delimitação. Há uma conurbação com condomínios à beira da mata", diz o sanitarista Fábio Alves,
secretário de Saúde de Itatiba, cidade vizinha a Jundiaí. Neste ano, o município registrou dois
casos. Um dos pacientes morreu: um homem de 76 anos, morador de um condomínio.
Enquanto faltam estudos para comprovar as hipóteses de avanço, uma emerge em números
concretos. "A baixa cobertura vacinai de cidades de Minas Gerais foi fundamental para a expansão
do surto", afirma Pedro Tauil, da Universidade de Brasília. Todo o estado de Minas Gerais é área
de recomendação permanente de vacina. Mas há casos como o município de Itambacuri - 21 casos
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registrados - que só tinha vacinado 40% da população. O ideal é 95%. Não se previa que isso ia
acontecer", afirma a enfermeira Janaina Almeida, diretora da Vigilância Epidemiológica."A
população não buscava a vacina." Especialistas como Tauil afirmam que a obrigação cabe aos
municípios. "É preciso ter equipes volantes na zona rural. Não adianta mandar ir ao posto", afirma
Tauil.
Manter a cobertura vacinal alta nas regiões endêmicas é fundamental não apenas para evitar a
disseminação do vírus. Quando a imunização é feita em períodos de surto, há certo pânico da
população. Pessoas com contraindicação (como gestantes e idosos) acabam tomando a vacina - e
podem sofrer efeitos colaterais. A vacina é segura, mas eventos adversos graves podem acontecer
a cada 400 mil doses. Entre eles há o desenvolvimento de um tipo de febre amarela vacinal. Outro
bom motivo para monitorar a cobertura é evitar uma possível epidemia. Nesse cenário, existe o
risco de não haver suprimento de vacina suficiente.
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Em São Paulo, o governo estuda aumentar a área de vacinação no estado. Esbarram nesse
empecilho. "Não há vacina para todo mundo", diz a biomédica Regiane, do Centro de Vigilância
Epidemiológica do Estado de São Paulo. A capacidade de produção da Bio-Manguinhos, fábrica de
vacinas do governo brasileiro, é de 9 milhões de doses por mês, para atender o país todo, além da
demanda da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Essa linha de produção também faz vacina
VÍTIMAS O macaco bugio (acima) e o sagui. Nos surtos, são os primeiros a morrer e servem de alerta (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA, AFP).
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contra rubéola, sarampo e caxumba, que não podemos deixar de produzir", afirma o diretor
Maurício Zuma.
O Brasil goza de posição relativamente confortável. A escassez é um problema mundial. O
processo quase artesanal de infectar ovos de galinha com o vírus, somado ao fato de a doença não
atingir países ricos e exigir uma única dose para imunização, faz com que a produção não seja um
negócio lucrativo. Existem só seis produtores no mundo. Por isso, no ano passado, em uma
epidemia urbana na África que começou em Angola e chegou à República Democrática do Congo,
O sagui, nos surtos, são os primeiros a morrer e servem de alerta (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA, AFP).
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houve fracionamento de vacina. Doses de 0,5 mililitro foram divididas em cinco de 0,1 mililitro. Os
primeiros estudos sugerem que o fracionamento pode ser eficaz ao conferir imunidade por alguns
anos. No Brasil, o Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo, estuda aplicar a estratégia. "Estamos pensando no fracionamento já para 2018", diz
Regiane, do Centro de Vigilância Epidemiológica.
O Estado de São Paulo estuda fracionar doses da vacina a partir de 2018
A família Giorgi, de Jundiaí, garantiu sua vacina em outubro, em um posto mais tranquilo, da
cidade vizinha de Louveira. "Não nos preocupávamos muito com a febre amarela até os jornais
noticiarem a morte do senhor de 76 anos em Itatiba", diz Beatriz. O mesmo medo se abateu sobre
boa parte da população da cidade, que lotou os postos de saúde e locais improvisados de
vacinação. A cidade vai voltando ao normal - restam um parque fechado e a obrigatoriedade de
apresentar carteirinha de vacinação para entrar em clubes de campo frequentados pela elite. Mas
os bugios que habitavam as matas no entorno da casa da família Giorgi devem demorar a voltar -
estima-se que levará ao menos dez anos para a população se recuperar. Naquele final da tarde de
novembro, minutos depois dos assobios de Freddy Giorgi, um sagui curioso apareceu. Os sauás
voltaram às árvores vizinhas no último fim de semana. São sobreviventes