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AMARRAÇÃO EM CAIS DE EMBARCAÇÕES DE GRANDE PORTE Mario Barreiro Mazzoni Buchas Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Março de 2020

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AMARRAÇÃO EM CAIS DE EMBARCAÇÕES DE

GRANDE PORTE

Mario Barreiro Mazzoni Buchas

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Março de 2020

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i

AMARRAÇÃO EM CAIS DE EMBARCAÇÕES DE

GRANDE PORTE

Mario Barreiro Mazzoni Buchas

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

NAVAL E OCEÂNICO

Autor:

_________________________________________________

Mario Barreiro Mazzoni Buchas

Orientadora:

_________________________________________________

Profa. Marta Cecília Tapia Reyes

Examinador:

_________________________________________________

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho

Examinador:

_________________________________________________

Prof. José Márcio do Amaral Vasconcellos

Examinador:

_________________________________________________

Eng. Isaias Quaresma Masetti

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Março de 2020

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ii

Buchas, Mario Barreiro Mazzoni

Amarração em cais de embarcações de grande porte / Mario Barreiro

Mazzoni Buchas - Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2020.

X, p. 62:Il.; 29,7 cm

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Naval e Oceânica, 2020.

Referências Bibliográficas: p. 62

I. Reyes, Marta. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e

Oceânica. III. Amarração em cais de embarcações de grande

porte.

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iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Engenharia Naval e Oceânica

Centro de Tecnologia, bloco C, sala C-205, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou

venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem

finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor.

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iv

Dedico este trabalho a Deus, à minha

família e, em especial, à minha avó

Juana Pastoriza Lois, que certamente

observa, fisicamente longe, mas

espiritualmente perto, seus netos

alcançando os objetivos tão esperados e

aguardados.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e à minha família por toda a força e base dadas ao longo de

minha formação, pela compreensão nos momentos de ausência durante a graduação e pelo

apoio dado em todas as etapas da minha vida.

Agradeço à minha mãe, Vera, e ao meu pai, Sergio, por todos os ensinamentos e

pela brilhante criação. Pelo companheirismo, tutela, amor e dedicações importantes a

qualquer ser humano. Agradeço às minhas irmãs Bruna e Paula pela presença e amizade

durante todas as etapas de minha vida.

Agradeço à minha namorada Camila pelo amor e amizade partilhados ao longo de

todos os últimos cinco anos, pelos sonhos compartilhados e por todas as felicidades

vividas durante os últimos tempos.

Agradeço à minha avó Chiara e à minha finada avó Juana, que de longe se orgulha

em saber que o momento tão esperado – e tão indagado – chegou.

Agradeço aos amigos feitos durante o curso de Engenharia Naval, do segundo

semestre de 2014 e todos com os que tive contato. Agradeço aos servidores e funcionários

não só ligados à Engenharia Naval e Oceânica, mas à UFRJ como um todo. A

universidade é feita por todos vocês, e certamente sem vocês não seria centro de

excelência reconhecido, como o é.

Agradeço à Proper Marine pela incrível oportunidade de estágio e aprendizado

profissional dada a mim a partir de 2019. Com vocês, o aprendizado é contínuo e diário,

e juntos fazemos coisas incríveis. Muito obrigado por todas as oportunidades.

Agradeço ao corpo docente da Engenharia Naval e Oceânica pelos ensinamentos

prestados ao longo dos últimos quase seis anos e pela construção das bases necessárias

para a minha formação como engenheiro. Agradeço, em especial, à professora Marta, pela

orientação e pela extrema prestatividade e disponibilidade para desenvolvimento deste

trabalho.

Agradeço, por fim, à Universidade e ao contribuinte Brasileiro, pela oportunidade

de formação como Engenheiro Naval e Oceânico. Espero retribuir através da contribuição

para a indústria naval e ciência brasileiras, sempre em prol daqueles responsáveis pela

existência e excelência da universidade pública.

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RESUMO

A recuperação esperada para os mercados offshore e naval do Brasil traz, consigo,

grande expectativa quanto à retomada da atividade naval nos estaleiros do país, seja em

termos de contratos para comissionamento de embarcações do tipo FPSO ou para

alocação temporária de plataformas do tipo sonda que necessitem realizar manutenções

programadas ou aguardar pela assinatura de contratos com empresas responsáveis pela

exploração de petróleo nos campos das bacias de Campos e de Santos.

Parte importante dos fatores que tornam possível a atracação e amarração de

embarcações de grande porte em estaleiros e portos Brasileiros são os componentes

envolvidos nas manobras de atracação, como os cabeços, defensas do cais e amarras

utilizadas nas amarrações de embarcações de grande porte, bem como rebocadores

portuários utilizados nas manobras de atracação e desatracação de embarcações de grande

porte em cais. É importante que todos os fatores ligados às operações de atracação e

desatracação e nos cálculos de amarração, tanto operacionais quanto técnicos, sejam

conhecidos e estudados de forma a garantir que os equipamentos do cais e as operações

planejadas estejam de acordo com padrões internacionais de projeto, evitando acidentes

e garantindo operações seguras ao longo de toda a estadia destas embarcações nas

dependências dos estaleiros, resguardando os interesses dos estaleiros e dos armadores

das embarcações.

O presente estudo visa apresentar guia prático de amarração de embarcações de

grande porte em estaleiros, através do estudo das operações necessárias para atracação e

desatracação de embarcações de grande porte do tipo FPSO, bem como utilização de

método de estimativa capacidades de amarras de arranjo de amarração simples proposto

para dimensionamento dos equipamentos de atracação do estaleiro, como cabeços,

defensas e amarras.

Palavras-Chave: Atracação, Desatracação, Amarração, Operação, Cais, FPSO, Tensões

em linhas de atracação, Cabeços, Amarras, Defensas.

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vii

ABSTRACT

The expected recovery of the Brazilian naval and offshore industries bring great

expectations regarding the activities on Brazilian shipyards, wether when it comes to

contracts for the comissioning of FPSO vessels, wether for temporary accommodation of

Mobile Offshore Drilling Units (MODUs) for routine surveys or for stand-by waiting for

new contracts with oil companies responsible for the exploration of offshore field located

in Campos or Santos basins.

An important part of the factors that make possible the mooring of big ships on

Brazilian Shipyards are the mooring components of the shipyards facilities, i.e., its

installed bollards, its installed fenders and its available mooring lines, as well as the

possibility of mobilizing harbour tugs and the expertise of the tug’s teams with berthing

and unberthing operations of big ships. It is important that all factors regarding to the

berthing and unberthing movements and procedures, both operational and technical, are

well-known and studied so that the shipyard’s mooring equipments, facilities and human

teams are in accordance with international rules and patterns, avoiding accidents and

ensuring safe operations during all stay of this vessels on shipyard’s facilities, respecting

the interests of both parts, shipyards and shipowners.

This study aims on presenting a practical guide on mooring, berthing and

unberthing of big vessels on shipyards, containing the study of the usual operations

performed on berthing and unberthing procedures of big vessels on sheltered shipyard’s

facilities, as well as utilizing method of estimate of mooring equipment’s capacity given

a proposed mooring arrangement so that the shipyard’s mooring equipments are well

dimensioned in terms of SWL and MBL values of bollards, fenders and mooring lines.

Key words: Mooring, Unberthing, Operation, Quayside, Shipyards, FPSO, Mooring Line

Tensions, Bollards, Mooring Lines, Fenders.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. OPERAÇÕES DE ATRACAÇÃO E DESATRACAÇÃO ................................................... 8

3. PROJETO DE AMARRAÇÃO E SEUS DETALHES ....................................................... 14

3.1. Amarração e arranjos padrão de amarração em cais ........................................ 14

3.2. Principais equipamentos de amarração ............................................................ 16

3.3. Determinação de cargas ambientais em embarcações ..................................... 18

3.3.1. Cargas de Vento ........................................................................................... 20

3.3.2. Cargas de Corrente ....................................................................................... 22

3.3.3. Cargas de Onda ............................................................................................ 23

3.4. Normas para projetos de amarração ................................................................. 25

3.5. Método para estimativa de tensões atuantes nos equipamentos de amarração 32

4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 42

4.1 Arranjo de amarração proposto ........................................................................ 48

4.2 Estimativa de Área Vélica ............................................................................... 50

4.3 Determinação de Cargas Ambientais ............................................................... 51

4.4 Estimativa de capacidades dos cabeços e linhas de amarração ....................... 55

4.5 Estimativa de cargas sobre as defensas ............................................................ 58

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 61

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1 – Sonda NORBE VI amarrada na Bahia, ref. (3). .......................................... 4

Figura 1-2 – Estaleiro Brasfels, no Rio de Janeiro (RJ). .................................................. 5

Figura 2-1 – P-66 deixa Estaleiro Brasfels rumo ao campo de Lula, ref. (7). .................. 8

Figura 2-2 – Manobra de afastamento da embarcação do cais ....................................... 11

Figura 2-3 – Operação de giro da embarcação para aproximação com o outro bordo ... 12

Figura 2-4 – Arranjo de operação para amarração da embarcação ao cais de atracação 13

Figura 3-1 – Arranjo de amarração típico ...................................................................... 15

Figura 3-2 – Embarcações militares em arranjo de amarração mediterrâneo. ............... 16

Figura 3-3 – Principais equipamentos de amarração da embarcação. ............................ 17

Figura 3-4 – Cais de atracação ....................................................................................... 18

Figura 3-5 – Exemplo de seção de documento de dados meteoceanográficos. .............. 20

Figura 3-6 - Coeficientes de arrasto de corrente longitudinal em navio-tanque (14). .... 23

Figura 3-7 - Operação Ship-to-ship no porto de Cabedelo (PB). ................................... 27

Figura 3-8 – Diferentes condições de carregamento durante amarração (19). ............... 33

Figura 3-9 – Arranjo padrão de amarração (19). ............................................................ 34

Figura 3-10 – Carga atuante na linha lançante de proa da embarcação (19). ................. 34

Figura 3-11 – Choque com atrito tangencial (19)........................................................... 35

Figura 3-12 – Parâmetros geométricos para arranjos de amarração (18) ....................... 37

Figura 3-13 – Ângulo vertical linha de amarração – cabeço (18) .................................. 37

Figura 3-14 – Arranjo de amarração exemplificado (18) ............................................... 38

Figura 3-15 – Tabela utilizada para compilação de dados de arranjo de amarração (18)

........................................................................................................................................ 41

Figura 4-1 – Sequência de ações proposta...................................................................... 46

Figura 4-2 – Arranjo de amarração proposto.................................................................. 49

Figura 4-3 - Arranjo geral de FPSO utilizado para estimativa de áreas vélicas ............. 50

Figura 4-4 - Velocidade média de vento medida para região da Baía de Guanabara. .... 52

Figura 4-5 - Rosa dos ventos atuantes na região da Baía de Guanabara. ....................... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1-1 – Sondas e plataformas no Brasil, ref. (1). ..................................................... 2

Tabela 1-2 – Plataformas Semi-Sub de perfuração no Brasil em 2018, ref. (1). .............. 3

Tabela 2-1 – Correspondência entre TPB e número de rebocadores/força de tração estática

para operações de atracação e desatracação, ref. (9) ...................................................... 10

Tabela 3-1 – Coeficientes de forma Cs (11). .................................................................. 22

Tabela 3-2 - Coeficientes de altura Ch (11). .................................................................. 22

Tabela 3-3 – Coeficientes de reflexão para cálculo de forças de onda (12) ................... 25

Tabela 3-4 – Períodos de retorno a serem adotados para projetos de amarração - (17). 28

Tabela 3-5 – Tipos de análises indicados por natureza de projeto - (17) ....................... 30

Tabela 3-6 - Métodos de análise recomendados - (17). .................................................. 31

Tabela 3-7 - Limites de tensão e fatores de segurança das linhas de amarração - (17). . 31

Tabela 3-8 – Valores típicos de coeficiente de redução c (19). ...................................... 36

Tabela 4-1 – Dados de entrada e de saída utilizados na metodologia ............................ 45

Tabela 4-2 – Dimensões principais da embarcação........................................................ 48

Tabela 4-3 – Áreas vélicas transversais estimadas ......................................................... 51

Tabela 4-4 – Áreas vélicas longitudinais estimadas ....................................................... 51

Tabela 4-5 – Carga de vento transversal atuante na embarcação ................................... 54

Tabela 4-6 - Carga de vento longitudinal atuante na embarcação .................................. 54

Tabela 4-7 – Cálculos para grupo de linhas de través na popa....................................... 57

Tabela 4-8 - Cálculos para grupo de linhas de través na proa ........................................ 57

Tabela 4-9 - Cálculos para grupo de linhas lançantes de popa ....................................... 57

Tabela 4-10 - Cálculos para grupo de linhas lançantes de proa ..................................... 57

Tabela 4-11 – Valores de MBL requerido para as linhas de amarração ......................... 58

Tabela 4-12 - Velocidades de aproximação para projeto de defensas marítimas ........... 59

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1. INTRODUÇÃO

Em tempos de “entressafra” entre crise econômica e de emprego no setor de

petróleos e de promissora renovação no mercado de trabalho e em novas oportunidades

de contrato devido a novos leilões de campos nas bacias de Campos e de Santos, é comum

que embarcações de grande porte passem temporadas em stand-by, em busca de contratos

com empresas Brasileiras ou com empresas internacionais que tenham direito de

exploração em campos Brasileiros.

Dados extraídos da referência (1) indicam que, no ano de 2018, um quarto ou 25%

das sondas e plataformas existentes no Brasil estavam paradas ou fora de operação,

aguardando contrato em situação de stand-by. Os dados são fornecidos pela Marinha do

Brasil.

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2

Tabela 1-1 – Sondas e plataformas no Brasil (1)

Quando se realiza análise específica das plataformas do tipo semi-sub de

perfuração, os dados levantados são ainda mais taxativos: de um total de 19 (dezenove)

plataformas especificamente do tipo semi-sub de perfuração existentes em águas

Brasileiras no ano de 2018 (dois mil e dezoito), 7 (sete) estavam inativas, aguardando

início de contratos ou novas oportunidades para continuidade de suas ações em águas

Brasileiras.

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Tabela 1-2 – Plataformas Semi-Sub de perfuração no Brasil em 2018 (1)

Dados extraídos da referência (2), também do ano de 2018 (dois mil e dezoito),

indicam que a frota de sondas operando no Brasil à época retornou aos dados dos anos

1990, diante de poucas iniciativas de novos contratos com plataformas sondas por parte

da PETROBRAS. A matéria traz conteúdo otimista, no entanto, quanto ao surgimento de

contratos e oportunidades de aquecimento do mercado de perfuração no Brasil a partir

dos anos de 2020 em diante, dados os recentes leilões de campos realizados pela Agência

Nacional do Petróleo, ANP. Se, em 2018, de acordo com (1) e com a Tabela 1-2, o número

de sondas em operação no Brasil alcançou 12 (doze) unidades, as expectativas crescentes

para o biênio 2020/2021 e os anos de 2023, 2024 e 2025 são de, respectivamente, um total

de 20 (vinte) para o biênio e de total de 30 (trinta) a 35 (trinta e cinco) sondas em operação

no Brasil.

Dadas estas condições de mercado futuro, é comum que as companhias

afretadoras de plataformas-sonda mantenham seus ativos dentro do Brasil a espera de

novos contratos e, neste meio tempo, utilizem de instalações como estaleiros ou portos

para amarração, realização de pequenas obras e de inspeções obrigatórias por parte de

sociedades classificadoras. A sonda NORBE VI, por exemplo, de propriedade da empresa

OCYAN, foi atracada sem necessidade de remoção de seus thrusters no estaleiro

ENSEADA, localizado na Bahia, e ficou durante 1 (hum) ano na localidade realizando

manutenções de rotina, entre os meses de Agosto de 2018 e Agosto de 2019, quando

deixou o estaleiro para cumprir novo contrato assinado com a PETROBRAS. As

informações de tempo e local de estadia da NORBE VI no Estaleiro ENSEADA foram

obtidas com base nas referências (3) e (4). A Figura 1-1 é extraída da referência (3) e

LOCAL ATIVAS INATIVAS TOTAL

Campos 10 0 10

Santos 2 1 3

Bahia 0 2 2

Porto do Açu (RJ) 0 2 2

Rio de Janeiro (RJ) 0 1 1

Angra dos Reis (RJ) 0 1 1

Total (abs.) 12 7 19

Total (%) 63,2% 36,8% -

Plataformas Semi-Sub de perfuração

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4

ilustra a sonda de perfuração NORBE VI durante operação de chegada e atracação no cais

do Estaleiro ENSEADA, na Bahia.

Figura 1-1 – Sonda NORBE VI amarrada na Bahia (3)

Além das oportunidades com plataformas-sonda, oportunidades podem surgir nos

próximos anos dada a grande quantidade de demanda de descomissionamento de

plataformas de petróleo atualmente situadas nas bacias de Campos e de Santos e

necessidade de afretamento e/ou construção de novas unidades por parte da

PETROBRAS ou de empresas atuantes na exploração de petróleo nos campos da região.

Durante campanhas de descomissionamento de unidades de produção de petróleo do tipo

FPSO, por exemplo, podem surgir diversos motivos que tornem necessária a amarração

em estaleiros de grande ou médio porte para realização de pequenos reparos e campanhas

de descomissionamento que viabilizem o transporte das unidades a locais conhecidos pelo

recebimento de embarcações a serem sucateadas, em geral em países da Ásia.

Há atualmente, por exemplo, expectativas quanto a contratos de construção e

eventual integração de módulos de novas unidades FPSO encomendadas pela

PETROBRAS. Atualmente, de acordo com dados extraídos da referência (5), há dois

estaleiros no Brasil com contratos vigentes para obras de plataformas e construções de

módulos de plataformas FPSO: o Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo (ES),

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5

responsável pela integração da P-68, e o Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ),

responsável pela fabricação e integração de skids de recuperação de vapor e do sistema

de flare do FPSO Carioca.

Figura 1-2 – Estaleiro Brasfels, no Rio de Janeiro (RJ)

Ainda de acordo com as referências (5) e (6), há grande expectativa entre os

maiores estaleiros brasileiros para encomendas para os FPSOs dos campos de Búzios V,

Mero 2 e Itaipu. Outros FPSOs com contratações em curso, como os dos campos de

Parque das Baleias e Marlim I e II, embora não possuam em seus contratos cláusulas de

conteúdo local podem representar, segundo informe da PETROBRAS, oportunidades de

contratos para estaleiros Brasileiros: “As plataformas poderão ter parte de sua

construção realizada em estaleiros nacionais, considerando os compromissos

competitivos que viabilizem a produção segundo o cronograma da Petrobras”. Ainda de

acordo com a referência (5), havia no fim de 2018 (dois mil e dezoito) diversos estaleiros

brasileiros de grande e médio porte sem contratos para fornecimento de produtos para

FPSO, entre os quais se destacam os estaleiros Mauá (RJ), Vard Promar (PE), QGI (RS),

Renave (RJ), Brasa (RJ) e Enseada (BA), além de estaleiros atualmente em recuperação

judicial, os estaleiros de Rio Grande (RS) e o EISA (RJ).

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6

O presente trabalho possui como objetivos o estudo e apresentação, através de

revisão bibliográfica, dos principais equipamentos envolvidos nas manobras de atracação

de embarcações de grande porte em estaleiros, possuindo como objetivo final a

apresentação de metodologia adaptada e simples de dimensionamento aproximado dos

equipamentos de amarração necessários ao estaleiro, bem como apresentação de métodos

usualmente utilizados para operações de atracação e desatracação de embarcações de

grande porte, como FPSOs e plataformas semissubmersíveis, dos berços de estaleiros.

Para isto, são realizados estudos quanto a naturezas de diferentes arranjos de

amarração, equipamentos típicos utilizados em amarrações tanto por parte de estaleiros

quanto por parte de embarcações, métodos para determinação das cargas ambientais

atuantes em embarcações do tipo FPSO, referências normativas para projeto de arranjos

de amarração de embarcações de grande porte e referências normativas para cálculo de

forças atuantes sobre os principais elementos utilizados em arranjos de amarração.

É importante notar a distinção entre atracação e amarração. Quando se refere a

atracação, trata-se das operações a serem realizadas de atracação e desatracação quando

da aproximação de embarcações de cais de portos ou estaleiros, e de todos os aspectos

operacionais envolvidos. A referência à amarração, por outro lado, é realizada

considerando cálculos de engenharia de amarração e dimensionamento, em especial, das

linhas de amarração existentes em um dado arranjo de amarração, principais fatores na

manutenção de segurança de um arranjo de uma embarcação sobre um cais de porto ou

estaleiro.

O presente trabalho é dividido, então, em um total de quatro seções distintas

destinadas ao entendimento do problema abordado. Na seção 2 são apresentadas

operações marítimas padrões realizadas em estaleiros ou portos com embarcações de

grande porte, envolvendo rebocadores portuários para manobra de embarcações dentro

de regiões abrigadas como forma de alteração da orientação da embarcação no cais, por

exemplo, tratando então das operações de atracação e desatracação. Na seção 3, de

explicação dos passos para um projeto de amarração e seus detalhes, são apresentados os

principais métodos para cálculo de parâmetros envolvidos na metodologia proposta,

como cargas ambientais, bem como são apresentadas normas amplamente utilizadas para

projetos de amarração de embarcações em cais. Na seção 4 é apresentada a metodologia

do projeto, com as premissas adotadas, os cálculos realizados e os resultados obtidos para

a estimativa de capacidades dos principais aparatos de amarração considerados. A seção

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7

5, por fim, apresenta a conclusão do trabalho, à luz dos estudos realizados e dos resultados

obtidos.

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2. OPERAÇÕES DE ATRACAÇÃO E DESATRACAÇÃO

Operações de atracação e desatracação de grandes embarcações em cais podem

ser mais comuns do que se imagina. Além dos procedimentos adotados para as operações

de chegada e partida das embarcações nos cais de estaleiros ou portos, operações podem

e costumam ser realizadas também ao longo do período de amarração de uma embarcação

em uma localidade para inversão do bordo da embarcação ligado ao cais. Isto ocorre, em

grande parte das vezes, durante a estadia de embarcações de grande porte, em especial

embarcações do tipo FPSO, em estaleiros para instalação de módulos e plantas de

processo sobre o convés principal dos FPSOs.

Figura 2-1 – P-66 deixa Estaleiro Brasfels rumo ao campo de Lula (7)

Os aspectos operacionais das operações de atracação e desatracação de

embarcações de grande porte em estaleiros são importantes e acompanhadas de perto,

necessitando de autorização para início e fim, da autoridade marítima competente,

Marinha do Brasil ou Capitania dos Portos, e em geral também de companhia de

engenharia responsável por inspeção de terceira parte, serviço em geral denominado

Marine Warranty Surveyor.

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9

As Normas e Procedimentos das Capitanias dos Portos são referências normativas

emitidas pela Marinha do Brasil e pelas Capitanias dos Portos de cada região do país que

descrevem, de forma geral, procedimentos a serem adotados em caso de atracação ou

desatracação de embarcações em portos e terminais específicos. A referência (8), por

exemplo, de Normas e Procedimentos da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, define

diversos requisitos importantes para operações marítimas nos terminais existentes no

estado do Rio de Janeiro. Embora aponte especificidades para diferentes terminais

existentes, há no anexo E da referência (9) tabela relacionando porte bruto (DWT) de

embarcações a receberem manobras de atracação e desatracação e quantidade de

rebocadores, bem como bollard pull (capacidade de tração estática) total somada dos

rebocadores envolvidos na manobra. A Tabela 2-1 ilustra correlação entre DWT da

embarcação a ser atracada/desatracada e quantidade de rebocadores e tração estática

recomendada para o somatório dos rebocadores envolvidos na operação.

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10

Tabela 2-1 – Correspondência entre TPB e número de rebocadores/força de tração

estática para operações de atracação e desatracação (9)

Como se pode observar, para embarcações de altos valores de porte bruto, é

comum que sejam utilizados quatro ou mais rebocadores durante as operações de

atracação e desatracação. Em alguns terminais específicos ou locais de maiores

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incidências de vento, ondas ou correntes, a referência (9) recomenda mobilização de um

ou dois rebocadores escoteiros além dos quatro envolvidos nas manobras de atracação e

desatracação.

As manobras devem ocorrer, ainda de acordo com requerimentos existentes na

referência (9), à luz do dia, em horário combinado e após autorização das autoridades

competentes. Além disso, devem estar presentes o Comandante da embarcação, em geral

encarregado e responsável pela operação, além do prático da região, responsável por

auxiliar o Comandante da embarcação e os comandantes das embarcações rebocadoras

nas manobras a serem realizadas.

Manobras de reposicionamento e troca de bordo de embarcações atracadas em

portos ou estaleiros em geral envolvem em geral quatro embarcações rebocadoras,

responsáveis pela manobra de retirada da embarcação das proximidades do cais, manobra

de giro, reaproximação do cais pelo outro bordo e, por fim, posicionamento da

embarcação próximo ao cais para que possam ser passados os cabos de amarração no

outro bordo da embarcação. As figuras abaixo esquematizam o passo a passo geral de

operações de atracação e desatracação em geral realizadas com FPSOs nas dependências

de estaleiros ou portos para troca do bordo das embarcações colado ao cais.

Figura 2-2 – Manobra de afastamento da embarcação do cais

A manobra de afastamento da embarcação do cais, ilustrada na Figura 2-2, deve

ser realizada após terem sido desconectadas as linhas de amarração da embarcação aos

cabeços do cais. Afastada a embarcação do cais, deve ser iniciada a manobra de giro da

embarcação, ilustrada pela Figura 2-3.

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Figura 2-3 – Operação de giro da embarcação para aproximação com o outro bordo

A manobra de giro, ilustrada na Figura 2-3, deve ser realizada com extremo

cuidado e, a critério dos responsáveis pela operação e pelas embarcações envolvidas, a

distância segura entre as embarcações e o cais para que não haja riscos de colisões.

Terminada a manobra de giro deve-se, por fim, realizar a manobra de aproximação da

embarcação pelo outro bordo ao cais para que, dessa forma, sejam passados os cabos da

nova amarração da embarcação pelo seu outro bordo. Em geral, essas operações são

realizadas com as embarcações de apoio sendo utilizadas como empurradores,

pressionando a embarcação contra o cais de atracação de modo a permitir que a manobra

de amarração possa ser realizada pela equipe de marinharia responsável sem risco de

acidentes oriundos da movimentação da embarcação no sentido do cais ou no sentido

contrário, ou mesmo para o caso de movimentos laterais da embarcação durante a

operação de atracação, que pode durar horas, se necessário. Em geral, é necessário

também que fiquem posicionadas embarcações de apoio em compasso de espera para

caso seja necessário corrigir a posição da embarcação durante a operação de atracação. O

arranjo ilustrado na figura a seguir, portanto, é comum em operações de atracação e

desatracação em estaleiros ou portos, consistindo da utilização de duas embarcações de

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apoio para empurrar a embarcação contra o cais de modo a garantir a proximidade da

embarcação dos aparatos de amarração a serem acionados, e em duas embarcações de

apoio localizadas nas extremidades da embarcação atracada (proa e popa) para correção

de eventuais passeios da embarcação durante sua operação de atracação.

Figura 2-4 – Arranjo de operação para amarração da embarcação ao cais de atracação

É importante ressaltar que há inúmeros possíveis arranjos de embarcações

rebocadoras para operações de atracação e desatracação de embarcações de grande porte

em estaleiros ou portos, e as manobras a serem realizadas ficam sempre a cargo do prático

e dos responsáveis pela operação. As embarcações envolvidas devem respeitar aos

requerimentos específicos para cada terminal existente e previsto na referência normativa

(9), bem como respeitar aos critérios de tração estática mínima para o conjunto de

rebocadores e demais critérios existentes nas Normas e Procedimentos da Capitania dos

Portos.

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3. PROJETO DE AMARRAÇÃO E SEUS DETALHES

A etapa de análise de etapas do projeto de amarração e fatores envolvidos do

presente trabalho é subdividida em segmentos que facilitem a abordagem a ser realizada

posteriormente, de determinação de cargas ambientais e estimativa das capacidades sobre

elementos envolvidos dado arranjo simples de amarração proposto. Sendo assim, a seção

a seguir apresentada é dividida nos seguintes itens de estudo:

➢ Amarração e principais arranjos de amarração de embarcações em cais;

➢ Principais equipamentos utilizados na amarração de embarcações em cais

de estaleiros ou portos;

➢ Principais formulações existentes para determinação de cargas ambientais

atuantes em embarcações, sendo estas as cargas ambientais de vento, de

corrente e de onda;

➢ Referências normativas amplamente utilizadas para projeto de sistemas e

arranjos de amarração de embarcações de grande porte;

➢ Referências normativas para cálculo básico e estimativa de cargas atuantes

sobre os equipamentos envolvidos na amarração de embarcações de

grande porte.

3.1. Amarração e arranjos padrão de amarração em cais

A amarração consiste, basicamente, na utilização de equipamentos adequado para

garantir ligação segura entre uma embarcação a uma estrutura fixa/permanente, que seja

capaz de garantir segurança e manter a posição da embarcação. Há duas principais formas

de amarração de embarcações simples, ou únicas, a cais: o arranjo típico de amarração,

que consiste da aproximação transversal da embarcação ao cais e, dados os equipamentos

da embarcação e do cais, como buzinas, guinchos, cabeços e linhas de amarração, a

conexão realizada através de diversos tipos de linhas para que seja feita a atracação de

forma segura. A segunda forma padrão de amarração é a mediterrânea, que consiste na

aproximação da embarcação de forma perpendicular ao cais, de proa ou de popa, e do

lançamento de âncora na extremidade oposta (contra o sentido do cais), de forma a ocupar

menos espaço do cais. O arranjo típico de amarração é mais comum para o caso de

embarcações de grande porte, enquanto o arranjo de amarração mediterrâneo é utilizado

para o caso de embarcações de pequeno porte, como embarcações recreativas. Os dois

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principais tipos de arranjos de amarração são rapidamente explicados a seguir, e

informações a seu respeito foram extraídas da referência (10).

Arranjos típicos de amarração de embarcações em cais são projetados

considerando linhas de três principais tipos, em geral chamadas de espias: espringues,

lançantes e linhas de través. Linhas espringues são linhas que atravessam a embarcação

de forma diagonal, isto é, saem da embarcação com popa-proa ou proa-popa. Linhas

lançantes são linhas que saem em geral das extremidades da embarcação e apontam para

fora da embarcação, sendo em geral lançadas proa-proa e popa-popa. Linhas de través,

por fim, são linhas cuja principal função é a de manter a embarcação ligada às defensas

do cais e limitar o seu passeio/offset quando da ocasião de rajadas de vento. A figura

abaixo, retirada de site de náutica, representa arranjo de amarração ilustrativo para

embarcações de recreio, em geral pequenas e de baixa área vélica. Arranjos de amarração

para embarcações maiores, no entanto, seguem os mesmos padrões e possuem em geral

mais linhas para gerar redundância ao sistema de amarração, evitar grandes passeios que

possam ser prejudiciais às estruturas da embarcação ou do cais e que atendam aos critérios

de tensões máximas nas linhas para casos intacto e de checagem de redundância de

sistemas de amarração.

Figura 3-1 – Arranjo de amarração típico

O arranjo de amarração mediterrâneo, por outro lado, em geral utilizado em

marinas como forma de economia de espaço para alocação de mais embarcações ou em

casos de necessidade ou possibilidade de rápida retirada da embarcação do local de

estadia, consiste na aproximação da embarcação perpendicularmente ao cais e

necessidade de ligação de um mínimo de duas linhas de amarração do tipo lançantes, haja

vista a possibilidade de lançamento da âncora de uma das extremidades da embarcação

em sentido oposto ao do cais. O arranjo mediterrâneo, como dito, é utilizado em geral por

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embarcações de recreio em marinas, mas também pode ser utilizado, embora com maior

complexidade e em geral acompanhados de maior número de linhas de amarração, para

o caso de embarcações militares diante da necessidade de rápida retirada ou da falta de

espaço em determinadas localidades. A Figura 3-2 ilustra situação de embarcações

militares alinhadas em arranjos de amarração do tipo mediterrâneo.

Figura 3-2 – Embarcações militares em arranjo de amarração mediterrâneo

3.2. Principais equipamentos de amarração

Os equipamentos envolvidos na amarração de uma embarcação podem ser

divididos, para fins de maior compreensão, em equipamentos pertencentes à embarcação

e equipamentos pertencentes ao cais. Em geral, a embarcação é dotada de equipamentos

que permitam que as linhas de amarração cheguem de forma segura e eficaz à

embarcação, a elas estejam fixas e, se possível, com margem para operação de aplicação

de tensão ou aliviamento de tensão sobre as linhas de amarração através de guinchos. O

cais, por sua vez, é dotado de sistemas que permitam que sejam amarradas as linhas de

amarração vindas da embarcação, o caso dos cabeços de um cais, e elementos que

absorvam a energia cinética decorrente do avanço de uma embarcação contra o cais e que

ao mesmo tempo mantenha distância segura da embarcação contra o cais. Esta última

função é, em geral, exercida pelas defensas marítimas instaladas em cais de estaleiros e

portos.

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Figura 3-3 – Principais equipamentos de amarração da embarcação

A Figura 3-3 ilustra basicamente o arranjo de equipamentos de amarração de uma

embarcação, que em geral são distribuídos ao longo de toda a embarcação, desde o seu

convés principal até localidades na extrema proa da embarcação, no castelo de proa. Os

elementos principais de amarração em cada ponto de possível amarração são as buzinas

(fairleads), os cabeços (mooring bitts) e os cabrestantes (pedestal fairleads).

Os cabeços são estruturas existentes também nos cais de estaleiros e portos, e são

estruturas rígidas o suficiente para suportar cargas que em geral, considerando estaleiros

e portos de grande capacidade, variam entre 100 e 200 toneladas de capacidade por

cabeço. As buzinas, dos termos em inglês mooring chocks ou fairleads, são estruturas

existentes em geral nos bordos das embarcações e responsáveis por “admitir” a chegada

das linhas de amarração do cais na embarcação, possuindo geometria tal que consiga

readmitir novo rumo da linha em direção a um cabeço, cabrestante ou a um guincho

existente no convés principal da embarcação. Cabrestantes, por sua vez, são estruturas

singulares semelhantes aos cabeços, que possuem como principal função a possibilidade

de alterar o sentido das linhas de amarração no convés principal e a possibilidade de

tensionar as linhas em direção aos cabeços ou guinchos.

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Figura 3-4 – Cais de atracação

Já a estrutura de um cais conta, em geral, com cabeços, cuja função principal é

semelhante à dos cabeços existentes em embarcações, e consiste em estruturas fixadas no

cais e aterradas de forma que as permita a absorção de grande quantidade de carga e que

permita a amarração e fixação dos cabos de amarração. Há, ainda, as defensas marítimas,

que consistem em elementos de absorção de energia semelhantes a molas rígidas, e são

responsáveis pelo afastamento e pela manutenção de distância segura entre a embarcação

e a estrutura do cais, bem como são responsáveis também pela absorção da energia

cinética decorrente de movimentos de avanço da embarcação contra o cais, devido a

cargas ambientais incidentes do mar para o continente.

3.3. Determinação de cargas ambientais em embarcações

A determinação das cargas ambientais atuantes sobre uma embarcação é parte

fundamental da análise de desempenho de projetos de amarração de embarcações do tipo

FPSO ou plataformas semissubmersíveis de operação. As principais fontes ou referências

normativas para determinação das formulações existentes e aceitáveis utilizadas para

determinação das cargas ambientais atuantes sobre embarcações são apresentadas pelas

referências (11) em sua norma para classificação de instalações flutuantes de produção

de petróleo, e (12), em seus guias de recomendação para análise de desempenho de

operações marítimas.

Como se pode observar adiante, na seção 3.4 do presente trabalho, as cargas

ambientais relevantes sobre embarcações amarradas em cais ou fundeadas são

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consideradas as cargas ambientais decorrente da ação dos ventos, de correntes ou da ação

de ondas sobre as estruturas. Estas informações variam de local para local e, dada essa

variação, a referência melhor esmiuçada na seção 3.4 determina regras que definem, dada

uma duração estimada para as operações e estadia de uma embarcação atracada em

determinada localidade, os critérios a serem adotados na análise das cargas ambientais

em termos de período de retorno das incidências ambientais.

A referência (13) define período de retorno de incidências ambientais como sendo

o intervalo médio de tempo em que um dado evento é igualado ou ultrapassado, sendo

também definido, numericamente, como o inverso da probabilidade. Na análise de

projetos de amarração, portanto, utiliza-se documentos de análise e estudo das condições

meteoceanográficas da região em que se pretende amarrar a embarcação e, dadas as

premissas explicitadas em 3.4, determina-se o período de retorno necessário para análise

das condições ambientais para que sejam determinadas as cargas ambientais. Documentos

de registro das condições ambientais de uma região são conhecidos como dados

meteoceanográficos, e trazem consigo, em geral, dados de velocidades de vento,

velocidades de correntes e duplas altura significativa de onda – período de retorno ou

período de pico para diferentes ângulos de incidência em relação à direção Norte real e

para diferentes períodos de retorno. Estas análises são realizadas com base em observação

das condições ambientais de determinada região e, dados espectros razoáveis e baseados

em estudos estatísticos, extrapolação das condições ambientais esperadas para períodos

de retorno de 1 (hum), 10 (dez), 50 (cinquenta) a até 100 (cem) anos. Na ausência de

documentos do tipo, podem ser observados dados de incidências ambientais da região por

outros meios ou são arbitrados valores limites de projeto para as condições ambientais.

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Figura 3-5 – Exemplo de seção de documento de dados meteoceanográficos

As cargas ambientais, dadas as condições meteoceanográficas da região, podem

ser definidas através das formulações existentes para determinação das cargas de vento,

corrente e onda.

3.3.1. Cargas de Vento

Formulação amplamente utilizada para determinação das cargas de vento sobre

uma embarcação é a formulação apresentada na referência (11), referência normativa da

sociedade classificadora ABS, que consiste na determinação de equações para pressões

de vento sobre unidades produtoras de petróleo, como é o caso de embarcações do tipo

FPSO. A formulação, que possui profundidade superior à tradicional e simplificada

equação de força de vento por arrasto, traz consigo relações entre a variação da pressão

de vento com a altura e variação da contribuição de diferentes componentes da área vélica

de uma embarcação, como casco, superestrutura e outros fatores, atribuindo a cada um

destes componentes diferentes coeficientes de arrasto.

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A fórmula apresentada em (11) para determinação da pressão de vento atuante

sobre uma embarcação do tipo FPSO é dada pela equação (1) para a pressão de vento

considerando unidades do SI.

𝑃𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0,610 ∗ 𝐶𝑠 ∗ 𝐶ℎ ∗ 𝑉𝑟𝑒𝑓2 (1)

Onde:

{

𝐶𝑠 = 𝑆ℎ𝑎𝑝𝑒 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡 (𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎) 𝐶ℎ = 𝐻𝑒𝑖𝑔ℎ𝑡 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡 (𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎)

𝑉𝑟𝑒𝑓 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎

Os coeficientes presentes na formulação, Cs e Ch são, respectivamente, os

coeficientes de forma e de altura e são funções das componentes da área vélica a serem

consideradas e suas alturas respectivas com relação à linha d’água. Ambos os coeficientes

são parâmetros adimensionais.

A força de vento, por sua vez, pode então ser calculada através de famosa relação

entre força e pressão. Como se trata de pressão atuante sobre as áreas das superfícies da

embarcação em contato com o vento, a força de vento é, então, calculada com base na

pressão calculada com base na equação (1) e na área vélica correspondente ao elemento

de área em questão. A equação (2) relaciona a pressão de vento e a área vélica de um

elemento de área e é apresentada a seguir.

𝐹𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑃𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 ∗ 𝐴𝑤 (2)

Onde:

{𝐹𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑃𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜

𝐴𝑤 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑣é𝑙𝑖𝑐𝑎

É automática a conclusão, com base na existência dos coeficientes de altura e de

forma distintos para cada porção da área vélica da embarcação, que a força de vento é

calculada para cada elemento de área (superestrutura, casco, etc) e é constituída, então,

de um somatório de forças de vento calculadas com base em considerações quanto à

natureza das formas expostas ao vento e à sua altura com relação à linha d’água da

embarcação.

A Tabela 3-1 e a Tabela 3-2, ambas extraídas da referência (11), apresentam,

respectivamente, os valores a serem utilizados dos coeficientes Cs e Ch em função,

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respectivamente, das formas dos elementos de área de que se trata e da altura destes com

relação à linha d’água do calado considerado para a unidade ou para a embarcação.

Tabela 3-1 – Coeficientes de forma Cs (11)

Tabela 3-2 - Coeficientes de altura Ch (11)

3.3.2. Cargas de Corrente

A referência (11) apresenta, ainda, formulação amplamente aceita e utilizada para

determinação de cargas de correntes atuantes sobre uma embarcação.

A formulação proposta pela referência e apresentada na equação (3) consiste no

cálculo de força de arrasto atuante sobre as estruturas submersas de uma embarcação,

envolvendo típicos coeficientes de arrasto, dados de velocidade de corrente e área exposta

à corrente, que varia em função da incidência da corrente.

𝐹𝑐𝑢𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡 = ƥ𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟∗𝐶𝑑∗𝐴𝑐𝑢𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡∗𝑢𝑐∗|𝑢𝑐|

2 (3)

Onde:

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{

𝐹𝑐𝑢𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒, 𝑒𝑚 𝑁

ƥ𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎, 𝑒𝑚 𝑡𝑜𝑛/𝑚³

𝐴𝑐𝑢𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 à 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒, 𝑒𝑚 𝑚2

𝐶𝑑 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜𝑢𝑐 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 à á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒, 𝑒𝑚 𝑚/𝑠

Os valores de Cd, coeficiente de arrasto, são determinados através de testes de

laboratório realizados com modelos reduzidos de embarcações e unidades flutuantes. A

partir dos testes realizados, são plotados valores estimados para coeficientes de arrasto de

corrente em função do ângulo de ataque com que a corrente incide sobre a embarcação.

A referência (14) apresenta coeficientes de arrasto obtidos para embarcações do tipo

VLCC em diferentes condições de carregamento e ângulos de ataque. A Figura 3-6 ilustra

dados obtidos através de testes conduzidos em laboratório.

Figura 3-6 - Coeficientes de arrasto de corrente longitudinal em navio-tanque (14)

3.3.3. Cargas de Onda

As cargas de onda, por sua vez, podem ser determinadas, entre outras formas,

através da formulação apresentada em (12), em seu manual de análise e modelagem de

operações marítimas, que apresenta formulação de carga de onda em função de altura

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significativa de onda, aceleração da gravidade, coeficiente de reflexão R – variável em

função da natureza da superfície ou embarcação exposta às ações de onda -, a boca da

embarcação e o peso específico da água do mar ou da água doce, a depender das condições

do local de amarração da embarcação.

Esta formulação, que é utilizada primordialmente para análise de forças de onda

atuantes em reboques costeiros ou oceânicos, apresenta a força de onda atuante na

embarcação como força de drift, cuja equação definidora é apresentada na equação (4),

fornece resultados em geral conservadores, segundo (12), de forma a ser de boa utilização

para estimativas de forças de onda atuantes sobre embarcações atracadas ou ancoradas.

𝐹𝑑𝑟𝑖𝑓𝑡 [𝑁] = ƥ𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟∗𝑔∗𝑅2∗𝐵∗𝐻𝑠²

8 (4)

Onde:

{

𝐹𝑑𝑟𝑖𝑓𝑡 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑟𝑖𝑓𝑡 𝑑𝑒 𝑜𝑛𝑑𝑎, 𝑒𝑚 𝑁

ƥ𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎, 𝑒𝑚 𝑡𝑜𝑛/𝑚³

𝑔 = 𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒, 𝑒𝑚 𝑚/𝑠2

𝑅 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜, 𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙𝐻𝑠 = 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑔𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑜𝑛𝑑𝑎, 𝑒𝑚 𝑚𝐵 = 𝐵𝑜𝑐𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜, 𝑒𝑚 𝑚

O coeficiente de reflexão, R, é parâmetro adimensional relativo à forma da

embarcação ou de tipo de geometria submersa, e varia de acordo com a geometria do

objeto submerso. De forma geral, R é maior quanto maiores forem as respostas em ondas

do tipo de geometria submersa. Embarcações com formato quadrado, por exemplo, cujos

valores característicos de RAO, caracterizadores de resposta da embarcação em ondas,

do inglês Response Amplitude Operator, possuem coeficiente de reflexão típico de valor

consideravelmente superior a embarcações de casco convencional, cuja forma

hidrodinâmica contribui para melhor comportamento em ondas e menores valores de

amplitude de resposta. A Tabela 3-7, extraída de (12), apresenta valores de coeficientes

de reflexão típicos para formas comuns a embarcações e plataformas.

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Tabela 3-3 – Coeficientes de reflexão para cálculo de forças de onda (12)

3.4. Normas para projetos de amarração

As normas internacionais para projetos de amarração baseiam-se, de maneira

geral, em recomendações de boas práticas de projeto, que são seguidas e recomendadas

como parâmetros básicos de qualidade de projeto por parte de reconhecidas instituições

responsáveis pela ação de vistoria e Marine Warranty Surveyor. O serviço de Marine

Warranty Surveyor, comum no meio de operações marítimas, consiste em inspeção e

aprovação técnica, de terceira parte e independente das partes envolvidas em projetos de

operações marítimas como projetos de amarração, como forma de confirmação da

segurança dos bens envolvidos nas operações projetadas e planejadas.

No caso específico de projetos de amarração de embarcações de grande porte em

cais de estaleiros ou portos, as principais referências normativas existentes consistem nas

recomendações internacionais de referência (15), (16) e (17), respectivamente ISO 19901-

7, API RP 2SK – Design and Analysis of Stationkeeping Systems for Floating Structures

(2005) e 0032/ND – Guidelines for Moorings, da Noble Denton. As duas referências

normativas citadas interagem e possuem as mesmas definições básicas quanto aos limites

de tensões nas linhas de amarração, classificações de projeto, necessidades de utilização

de que tipos de dados meteorológicos e classificação dos projetos. A referência 0032/ND

– Guidelines for Moorings, por se tratar de texto mais ilustrativo e de simples

compreensão, será utilizada no presente trabalho para apresentação dos principais

requisitos para corretos projetos de amarração de embarcações de grande porte.

Em seu início, a referência (17) define os principais motivos pelos quais se deve

considerar, apesar de aparentemente serem mais brandas as cargas ambientais sobre

navios atracados, cujos locais geralmente em estaleiros ou portos são posicionados em

regiões abrigadas e de menor intensidade de cargas ambientais, que o risco envolvido no

projeto e execução de tais atracações deve ser considerado alto:

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1) Amarrações de embarcações possuem alto valor de consequência de falha

devido à natureza da amarração: enquanto ancoragens offshore possuem maior

liberdade e, em geral, maior distanciamento entre o ativo ancorado e outras

embarcações ou estruturas vizinhas, no caso de amarrações em cais, a falha

dos componentes de amarração pode levar a consequências seríssimas dada a

proximidade com elementos do cais e outras embarcações amarradas ou de

passagem na região.

2) Incerteza no cálculo das cargas ambientais devido a efeitos de cisalhamento

de vento e possíveis efeitos de squat em regiões de baixo calado.

3) Potenciais limitações no ajuste de arranjo de amarrações e alteração no arranjo

e tensão das linhas de amarração durante tempestades ou ocorrência de mau

tempo.

4) Possível dificuldade de conhecimento das tensões atuantes nas linhas de

amarração devido à falta de equipamentos adequados.

5) Alto potencial de falha dos equipamentos de amarra~çao, em especial nas

linhas, devido a desgastes por atrito das linhas de amarração quando em

contato com outros equipamentos ou barreiras físicas existentes no cais.

Considerados estes pontos, passa-se à análise da referência normativa 0032/ND,

que dispõe de regras gerais para projetos de amarração de embarcações de grande porte.

As principais informações requeridas para projetos de amarração de embarcações de

grande porte do tipo FPSO são as seguintes:

1) Natureza da operação, isto é, de que tipo de operação se trata (amarração em

cais de estaleiro ou porto, ancoragem etc.).

2) Datas previstas para início e fim da amarração da embarcação, bem como sua

duração estimada.

3) Dados quanto a se o sistema de amarração deverá ser ativo ou passivo, isto é,

se haverá possibilidade, durante o período de amarração da embarcação, de

variar as tensões aplicadas às linhas através dos guinchos existentes na

embarcação.

4) Se a embarcação estará tripulada ou não-tripulada durante a amarração.

Além dos fatores acima previstos, é de fundamental importância, de acordo com

a referência (17), que seja esclarecida a referência normativa adotada como base para as

análises de amarração a serem realizadas.

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Ainda em (17) são definidos requerimentos de conhecimento dos detalhes da

região pretendida para o projeto de amarração, tanto em termos geográficos quanto em

termos de incidências ambientais. Dados como posição do cais com relação ao Norte

geográfico, documentos com batimetria da região e calados aceitáveis de embarcação

para a região do cais pretendido, tipo de solo marinho, detalhe das defensas marítimas

instaladas no cais e detalhes dos cabeços do cais como sua capacidade em SWL (Safe

Working Load) são requeridos e necessários para cálculo de amarração de uma

embarcação. Detalhes quanto às posições dos fairleads e guinchos da embarcação, bem

como quanto às posições dos cabeços do cais e posição relativa entre a embarcação e o

cais devem, também, ser levantados para correto projeto de amarração.

Por fim, é mandatório que se possuam dados completos quanto às características

hidrostáticas da embarcação e condições de carregamento esperadas para o seu período

de amarração em termos de calados esperados. Para caso de projetos de amarração em

que há variação de calado ao longo da estadia da embarcação em uma localidade, como

ocorre em geral com operações entre navios em que pode haver transferência de óleo ou

outros tipos de fluidos de uma embarcação para outra e consequente variação de calados,

devem ser avaliadas as condições de carregamento mais críticas em termos de tensão

atuante sobre as linhas de amarração e, dado determinado envelope de condições de

carregamento críticas, realizar-se as análises considerando todas as condições levantadas.

Figura 3-7 - Operação Ship-to-ship no porto de Cabedelo (PB)

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A norma de referência (17) define, também, valores de períodos de retorno de

condições ambientais padrões a serem utilizados a depender do tipo e duração do período

de amarração. Para entendimento da divisão realizada em norma é importante, no entanto,

ter em mente a distinção entre as classificações de operações restritas (Weather Restricted

Operations) e operações irrestritas (Weather Unrestricted Operations).

De acordo com (17), operações restritas são aquelas definidas como aquelas que

podem ser realizadas e finalizadas em janela de tempo para a qual há previsão

meteorológica confiável durante toda a duração da operação. O período de referência de

operação (operational reference period) é, então, definido como sendo de 72 (setenta e

duas) horas. Operações restritas não devem, necessariamente, ser projetadas com base em

dados meteoceanográficos extremos da região, haja vista a possibilidade de avaliação dos

boletins de previsão meteorológica para determinação das condições ambientais de

projeto.

Já operações irrestritas, de acordo com (17), são definidas como aquelas cujo

tempo estimado de operação excede o período de referência de operação e, portanto, cujas

condições ambientais de projeto devem respeitar a extremos estatísticos para a região,

cujos períodos de retorno a serem adotados variam e são definidos a depender do tipo de

operação realizado.

Considerando, então, que para o presente projeto trata-se de operações de

atracação que possibilitem ações de reparo e vistorias previstas e que naturalmente

excedem o tempo de 72 (setenta e duas) horas, a avaliação dos critérios ambientais de

projeto dar-se-á considerando operações irrestritas à luz da norma de referência estudada.

Para operações irrestritas, os períodos de retorno a serem utilizados para definição das

condições ambientais de projeto são definidos na Tabela 7-1 da norma de referência (17).

Tabela 3-4 – Períodos de retorno a serem adotados para projetos de amarração (17)

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O caso avaliado consiste em amarração de embarcações grande porte em estaleiros

ou portos, e se encaixa na classificação Quayside/Inshore. Para este caso, a depender da

duração da amarração, os períodos de retorno a serem utilizados são de:

a) 10 (dez) anos para projetos com duração estimada inferior a 6 (seis) meses;

b) 100 (cem) anos para projetos com duração estimada igual ou superior a 6 (seis)

meses.

Os dois principais métodos de análise de amarração são conhecidos como o

método de análise quase-estática e o método de análise dinâmica.

De acordo com (17), a análise quase-estática consiste basicamente na aplicação

da média das forças ambientais observadas, considerando cada uma das direções de

incidência em um mínimo total de 8 (oito) totais incidências, uma a cada 45°, e as

respostas do sistema de amarração e da embarcação atracada são calculadas de forma a

gerar máximo passeio da embarcação dadas as cargas ambientais. Para este máximo

passeio, dadas condição de cargas ambientais, são calculadas estatisticamente as cargas

sobre as linhas de amarração, os cabeços e as defensas do cais. A análise quase-estática

oferece boas aproximações, porém apresenta-se falha e com maior distância dos dados

reais à medida que se aumenta a profundidade em caso de análises de ancoragem.

Já a análise dinâmica, de acordo com (17), consiste na consideração da dinâmica

das linhas de amarração dadas suas inércias devido às movimentações das buzinas das

embarcações e dadas as forças hidrodinâmicas atuantes nas linhas de amarração. A análise

dinâmica é, de forma geral, aproximação mais aconselhável para análises de ancoragem

em grandes profundidades.

Embora não seja de caráter obrigatório, a referência (17) apresenta tipos de análise

usualmente utilizados e aconselhados para cada natureza de projeto. Como se pode

observar e como já era esperado, dada a observação de indicação de utilização da análise

quase-estática para atracações ou projetos de ancoragem em baixas profundidades, a

técnica de análise indicada para amarrações em cais de portos ou estaleiros é a técnica de

análise quasi-estática.

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Tabela 3-5 – Tipos de análises indicados por natureza de projeto (17)

Por fim, a referência (17) define limites de tensão atuante sobre as linhas de

amarração de um sistema, variáveis de acordo com a condição de análise, i.e. se se trata

de análise intacta, de análise de checagem de redundância ou de análise transiente. Para

isso, no entanto, é necessário entender de que se tratam os métodos de análise intacta,

checagem de redundância ou análise transiente.

A análise intacta consiste na análise das respostas e tensões atuantes sobre os

componentes do sistema de amarração intacto, sem avarias e com a presença de todas as

linhas projetadas para o sistema. A análise de checagem de redundância consiste na

análise da resposta da embarcação, em todos os termos usualmente analisados (tensão nas

linhas de amarração, passeio da embarcação, tensão nos cabeços do cais, força sobre as

defensas), considerando falha das linhas de amarração mais carregadas em cada

incidência de vento. Esta análise é requisito de projeto, e usualmente arranjos de

amarração são projetados de forma a fornecer redundância de arranjo, possibilitando que

o sistema tenha capacidade de absorver sem problemas sobretensões em linhas de

amarração ou cabeços decorrentes da falha de componentes envolvidos na amarração. A

análise transiente, que de acordo com (17) deve ser realizada para o caso de haver outra

instalação ou embarcação nas proximidades da embarcação atracada, consiste em se

considerar e levantar a característica da movimentação e do passeio da embarcação

considerando todos os pontos únicos de falha do sistema. A tabela abaixo apresenta os

métodos de análise indicados para cada tipo de amarração, a cais ou do tipo ancoragem,

considerando o estado limite, para fins das análises de amarração abordadas, LS2 (ULS),

do inglês Ultimate Limite State, que corresponde a condição de projeto cujas cargas são

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geradas por combinações de cargas ambientais de baixa ocorrência e altos períodos de

retorno.

Tabela 3-6 - Métodos de análise recomendados (17)

Os limites percentuais de tensões nas linhas de amarração definidos na referência

e tabelados de acordo com a análise realizada são apresentados na Tabela 10-1 da

referência (17), e são expostos na Tabela 3-7.

Tabela 3-7 - Limites de tensão e fatores de segurança das linhas de amarração - (17).

Como se observa, para o caso de arranjos de amarração, os limites são

apresentados em percentuais do MBL (Maximum Breaking Load), valor de carga

usualmente tabelado para linhas de amarração de materiais padrão como náilon, poliéster,

polyblend, aço e outros materiais utilizados em atracações navais. Para o caso de análises

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quase-estáticas, os limites de tensão nas linhas de amarração são de 50% do MBL (fator

de segurança de 2.00) para a análise intacta e 70% do MBL (fator de segurança de 1.43)

para análise de checagem de redundância.

Como se poderá observar na seção seguinte, as formulações existentes na

referência (18) para estimativa das tensões atuantes nas linhas de amarração consideram

limites de tensão atuante para análise intacta de 55%, valor ligeiramente superior ao

indicado nas referências normativas atualmente indicadas. As formulações utilizadas no

momento de determinação de cargas atuantes em arranjo de amarração padrão, no

entanto, serão adaptadas aos limites de tensão atualmente recomendados pelas referências

apresentadas.

3.5. Método para estimativa de tensões atuantes nos equipamentos de

amarração

Há, atualmente, diversos métodos para estimativa das tensões atuantes nos

equipamentos envolvidos em uma amarração de uma embarcação em um cais de estaleiro

ou de um porto. Em geral, os métodos para estimativa de tensões atuantes nos

equipamentos de amarração, embora forneçam boas aproximações e estimativas

razoáveis de desempenho de arranjos de atracações, não são utilizados como substitutos

de softwares computacionais utilizados para análises de amarração em cais ou ancoragem.

Isto ocorre porque, embora os métodos existentes sejam eficazes na determinação dos

limites e parâmetros básicos necessários aos equipamentos de atracação, como MBL

(Carga máxima de ruptura) das linhas de amarração, SWL (Carga segura de trabalho) dos

cabeços do cais, limite de resistência das defensas marítimas instaladas, limite de carga

nas buzinas, é necessária avaliação mais rigorosa quanto às tensões atuantes nas linhas de

amarração, cargas nas defensas e, em especial, quanto aos valores de passeio da

embarcação para cada incidência ambiental. De fato, quanto mais complexos os dados de

saída desejados, maiores os esforços de cálculo e mais inviáveis que estes sejam

realizados de outra forma que não numericamente.

As referências existentes que dispõem de formulações para estimativa das tensões

atuantes nos cabos de amarração e defensas marítimas são diversas, desde as com

formulações mais simples, como a apresentada por (10), passando por formulação de

complexidade intermediária, que considera peculiaridades inerentes a sistemas de

amarração, como a formulação existente em (18), chegando também a formulações de

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natureza mais complexa, com cálculos mais sofisticados, envolvendo estimativas de

passeio da embarcação, e geralmente aplicada em programas computacionais ou modelos

numéricos com maior capacidade de processamento e poder de cálculo, como a

apresentada em (20). Este trabalho utiliza as formulações de (19) para determinação das

cargas atuantes em defensas marítimas de portos e cais, e as formulações de (18) para

determinação das cargas atuantes sobre linhas e cabeços de amarração.

A obra de Mason, dada na referência (19), embora voltada a Obras Portuárias,

apresenta formulações utilizadas para estimativa de tensões em linhas de amarração e de

cargas sobre defensas. Embora sua maior contribuição para este trabalho seja na

determinação de cargas sobre defensas marítimas, é interessante o estudo da formulação

apresentada para cálculo de tensões atuantes sobre linhas de amarração para o

entendimento dos maiores elementos de complexidade da formulação existente em (18).

A referência (19) apresenta conceitos interessantes quanto à necessidade não só

de conhecer o arranjo de amarração de uma embarcação em termos de linhas de

amarração e suas orientações, mas também da natureza das operações a serem realizadas

durante período de estadia e análise das condições de carregamento – e consequentemente

flutuabilidade – da embarcação ao longo de um período de amarração em cais. É

interessante notar a necessidade de conhecimento das condições de carregamento da

embarcação e de suas variações ao longo deste período, para correta estimativa das cargas

atuantes sobre as linhas durante todo o período, para as diferentes condições de

flutuabilidade e, no caso específico de preocupação da referência, para correto

dimensionamento das estruturas de cabeços do cais e defensas marítimas em termos de

coroamento das estruturas.

Figura 3-8 – Diferentes condições de carregamento durante amarração (19)

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A referência (19) apresenta, ainda, método simplificado de estimativa das tensões

sobre linhas de amarração de um arranjo padrão de amarração. Considerando um arranjo

de amaraação padrão de uma embarcação, contemplando linhas de amarração destinadas

a resistência de cargas longitudinais (lançantes), linhas destinadas a resistência de cargas

transversais (linhas transversais ou de través) e linhas destinadas a resistência de cargas

transversais e longitudinais (espringues), a referência (19) apresenta formulação simples,

considerando as contribuições de cada tipo de linha para as resistências às cargas

ambientais.

Figura 3-9 – Arranjo padrão de amarração (19)

Considerando o arranjo padrão de amarração apresentado na Figura 3-9, por

exemplo, o arranjo conta apenas com uma linha lançante na popa. Neste caso, de acordo

com (19), a carga sobre a linha lançante de popa, única responsável, neste arranjo, pela

resistência a cargas ambientais no sentido oeste-leste, é calculada através de simples

decomposição de forças para este caso.

Figura 3-10 – Carga atuante na linha lançante de proa da embarcação (19)

É fácil notar, no entanto, que a presente formulação apresenta soluções demasiado

simplificadas. Isto ocorre devido ao fato de se considerar, para todos os fins, que as

contribuições de carga nas linhas de amarração existem e atuam simplesmente no plano

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horizontal. Sabe-se, de experiência teórica e prática, que embarcações de grande porte,

em especial embarcações do tipo FPSO, podem chegar a possuir grande valor de borda

livre e suas buzinas e guinchos estão localizados nos seus conveses principais,

ocasionando grande distância vertical entre os pontos de amarração na embarcação e nos

cabeços do cais. A resistência das linhas de amarração, portanto, sofre influência direta

dos ângulos das linhas de amarração com o plano dos cabeços do cais. Além disso, outros

fatores devem ser considerados para análise de tensão sobre as linhas de amarração.

A maior contribuição de (19) consiste na análise de teoria de impacto para

determinação de cargas máximas atuantes sobre defensas marítimas. Para isto, como se

trata de teoria de impacto, são calculadas energias de impacto, considerando velocidades

de impacto entre a embarcação e as defensas do cais. Considerando choque com atrito

tangencial, a referência fornece formulação para cálculo da energia de impacto entre

embarcação e defensas marítimas.

Figura 3-11 – Choque com atrito tangencial (19)

A energia de impacto, então, é dada pela equação (5) para estes casos de choque

entre embarcação e defensas marítimas com atrito tangencial.

𝐸𝑑 = 𝑀∗𝑣𝑝2

2∗ (

1

1+ 𝑙²

𝑟²

) (5)

Onde:

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{

𝐸𝑑 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜,

𝑀 = 𝐷𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜, 𝑒𝑚 𝑢. 𝑡.𝑚 (𝛥

9.8065)

𝑣𝑝 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐ℎ𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 − 𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎𝑠, 𝑒𝑚 𝑚/𝑠𝑙 = 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝐶𝐺 𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎𝑠, 𝑒𝑚 𝑚

𝑟 = 𝑅𝑎𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑖𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜, 𝑒𝑚 𝑚

A componente da equação (5) composta pelos parâmetros l e r pode ser

aproximada como um coeficiente de redução c, variável em função de diversos aspectos,

e cujos valores são tabelados em função principalmente do valor de l frente ao valor do

comprimento total da embarcação L.

Tabela 3-8 – Valores típicos de coeficiente de redução c (19)

A referência (18), por sua vez, apresenta em seu Anexo E método para estimativa

da resistência total longitudinal e transversal de arranjos padrões de amarração

usualmente utilizados para embarcações de grande porte. Este método possui vantagens

com relação ao método simplificado apresentado anteriormente pois, além de considerar

critérios de projeto como limites de tensão atuantes sobre as linhas de amarração,

considera também ângulo vertical das linhas de amarração com os cabeços do cais, bem

como os comprimentos das linhas dentro da embarcação, linboard, correspondente ao

comprimento das linhas compreendido entre o guincho ou cabeço na embarcação às

buzinas, e comprimento fora da embarcação, loutboard, correspondente ao comprimento

da linha após saída da embarcação. São considerados os ângulos de cada uma das linhas

de amarração com a horizontal da embarcação, β, ou com a transversal da embarcação, α,

a depender da finalidade da linha, se é linha de través, lançante ou espringue.

As principais restrições quanto ao método apresentado por (18) consistem no fato

de que, para este método, as resistências longitudinal e transversal dos arranjos de

amarração são calculadas separadamente; ainda, o método possui grande aderência com

programas computacionais para ângulos verticais entre linhas de amarração e cabeços de

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valores de até 25°. As linhas de amarração devem ser todas de mesmo material, e caso

haja linhas de diferentes materiais, em especial linhas de aço misturadas com linhas de

materiais sintéticos como poliéster ou náilon, as linhas sintéticas são desprezadas devido

à baixa capacidade de distensão das linhas de aço. As linhas de cada característica, isto é,

linhas de través, lançantes ou espringues devem possuir, na medida do possível,

comprimentos parecidos e serem compostas do mesmo material.

As figuras abaixo demonstram os principais parâmetros utilizados para análise das

resistências longitudinal e transversal de um arranjo de amarração de acordo com (18).

Figura 3-12 – Parâmetros geométricos para arranjos de amarração (18)

Figura 3-13 – Ângulo vertical linha de amarração – cabeço (18)

Assume-se, ainda, que na resistência lateral dos arranjos de amarração, a tensão

nas linhas é proporcional a cos𝛼

𝐿 , considerando o comprimento total das linhas relevante

para o caso de arranjos de amarração com diversas linhas ocupando a mesma função

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(absorção de tensões longitudinais, transversais ou mistas). Isto significa, em outras

palavras, que considera-se que, para o caso de cargas transversais, a resistência e a

contribuição para a resistência lateral do arranjo como um todo é diretamente

proporcional ao cosseno do ângulo transversal da linha e inversamente proporcional ao

comprimento da linha; quanto menor o ângulo 𝛼, maior será a contribuição de

determinada linha para a resistência lateral do arranjo. Da mesma forma, quanto maior o

comprimento da linha de amarração, menor será a contribuição da linha para a resistência

lateral.

Figura 3-14 – Arranjo de amarração exemplificado (18)

Dado um arranjo com suas características mapeadas em termos de ângulos

laterais, longitudinais e verticais, comprimentos das linhas, posição dos cabeços, como

no caso da Figura 3-14, a referência (18) apresenta procedimento de cálculo das

resistências longitudinal e transversal de um arranjo de amarração através de um total de

sete passos, apresentados a seguir.

1. Divisão da função das linhas de amarração no dado arranjo de amarração. As

linhas de amarração de um arranjo devem ser divididas em dois principais grupos,

cada um desmembrado em outros dois grupos. No caso, deve-se dividir as linhas

em linhas de amarração destinadas a fornecimento de resistência longitudinal na

proa e na popa (lançantes), vem como linhas destinadas a fornecimento de

resistência transversal na proa e na popa. Embora possuam a mesma função na

proa e na popa, as linhas destinadas a resistência transversal (linhas de través)

devem ser distribuídas na proa e na popa da embarcação, de forma a contribuírem

para aliviamento dos momentos decorrentes de cargas não alinhadas longitudinal

ou transversalmente à embarcação. No caso do exemplo da Figura 3-14, trata-se

de arranjo de amarração projetado com base em falta de espaço a vante ou a ré da

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embarcação no berço de atracação, utilizando então a seção de meia-nau para

posicionamento das linhas lançantes.

2. Levantamento de todos os dados geométricos e valores necessários para

realização do cálculo. Isto inclui os ângulos α e β de cada linha, a depender da

classe da linha (linha lançante destinada a resistência longitudinal ou linha de

través destinada a resistência transversal), os valores de comprimento linboard e

loutboard de cada uma das linhas, bem como os valores do ângulo θ vertical e a

distância vertical H entre os cabeços do cais e o convés principal da embarcação

ou ponto de altura dos apoios das linhas de amarração.

3. Devem ser tabulados, então, para cada linha, os valores de cos θ (para todos os

tipos de linhas), cos β para linhas destinadas à resistência longitudinal e cos α para

linhas destinadas à resistência transversal.

4. A partir dos dados levantados de cossenos dos ângulos α de cada linha, deve ser

calculado o fator cos𝛼

𝐿 de cada linha para cada grupo de resistência transversal (na

popa e na proa), determinando então, para cada um destes grupos, a linha crítica

ou mais carregada, considerada neste modelo a linha de maior valor de cos𝛼

𝐿, fator

relacionado à tensão absorvida por cada linha do arranjo de amarração.

5. As resistências longitudinal e transversal são, então, definidas como sendo dadas

pelas formulações abaixo, onde Rya corresponde à resistência transversal na popa

da embarcação, Ryf corresponde à resistência transversal na proa da embarcação,

Rxa corresponde à resistência transversal na popa da embarcação e Rxf

corresponde à resistência transversal na proa da embarcação.

A resistência transversal de um arranjo de amarração de uma embarcação de

grande porte, considerando diferentes grupos para proa e popa da embarcação, é dada

pela equação (6).

𝑅𝑦 = 0.55 ∗ 𝑀𝐵𝐿 ∗ (∑𝑐𝑜𝑠²𝛼𝑖

𝑙𝑖

𝑛𝑖=1 ) ∗

𝑙𝑐

cos𝛼𝑐∗ cos 𝜃𝑐 (6)

Onde:

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40

{

𝑅𝑦 = 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑠𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑗𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜,𝑀𝐵𝐿 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜

𝛼𝑖 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑖 𝑎 𝑛𝑙𝑖 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑖

𝑙𝑐 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒

𝛼𝑐 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒

𝜃𝑐 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒𝑖 = í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

𝑛 = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑟 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

Como se pode verificar, a formulação existente considera resistências transversais

de cada uma das linhas do grupo responsáveis pelo fornecimento da resistência

transversal, como componentes de uma resistência total existente. A resistência é

ponderada com o fator cos𝛼

𝐿, considerado o fator na metodologia relacionado à tensão nas

linhas. São realizadas correções considerando a orientação das linhas com relação a seu

ângulo vertical θ e, por fim, é realizada consideração considerando fator de segurança de

1.81, relativo ao valor de 0.55 na tensão atuante sobre as linhas de amarração. Neste caso,

no entanto, frisa-se a orientação atual de referências normativas já apresentadas quanto

ao fator de segurança de 2.0, a ser utilizado para a análise realizada neste trabalho.

O cálculo para resistência longitudinal de um arranjo de amarração apresentado

por (18) é mais simples e consiste na aplicação de fator de segurança, correção da

resistência fornecida por cada linha devido aos ângulos vertical θ e com o eixo horizontal

β, além da quantidade de linhas lançantes que fornecem resistência longitudinal ao

conjunto de linhas (de proa ou de popa).

𝑅𝑥 = 0.55 ∗ 𝑁 ∗ 𝑀𝐵𝐿 ∗ cos 𝜃 ∗ cos 𝛽 (7)

Onde:

{

𝑅𝑥 = 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑗𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜,𝑀𝐵𝐿 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜

𝛽 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 𝛽 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

𝜃 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝜃 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜𝑁 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

É apresentada, na referência, tabulação recomendada para compilação dos dados

do arranjo de amarração e facilitação dos cálculos a serem realizados com base nas

equações (6) e (7). A Figura 3-15, abaixo, apresenta tabela recomendada para análise das

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resistências longitudinal e transversal de um projeto de amarração de embarcação de

grande porte.

Figura 3-15 – Tabela de compilação de dados de arranjo de amarração (18)

É importante frisar, para o caso desta formulação, que considera-se que as linhas

lançantes responsáveis por resistir às cargas longitudinais, em cada conjunto (linhas

responsáveis por absorver cargas longitudinais advindas da proa ou de popa), devem ser

o mais próximas possível em termos de comprimento e ângulos β e θ, de forma que a

formulação apresentada acima seja válida. De fato, a referência (18) apresenta critério de

avaliação da validade da fórmula apresentada na equação (7), considerando variação

tolerável entre os valores de cos θ, cos β e l entre as linhas de um mesmo conjunto

longitudinal para validação da formulação apresentada.

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4. METODOLOGIA

A metodologia a ser adotada para análise e determinação das cargas atuantes sobre

os equipamentos de amarração do estaleiro, i.e., linhas de amarração, cabeços e defensas

do cais, é baseada em passo a passo formulado utilizando metodologias e formulações

apresentadas na seção 3 deste trabalho, de análise de formulações usualmente utilizadas

e parâmetros de projetos de amarração.

O passo a passo a ser adotado como procedimento para estimativa inicial de cargas

atuantes nos equipamentos de amarração é resumido a seguir. Os detalhes de cada uma

das etapas serão explanados nas subseções destinadas às etapas. O procedimento adotado,

com as etapas organizadas em forma de fluxograma, é apresentado na Figura 4-1.

De forma geral, o procedimento consiste basicamente em aplicar as metodologias

apresentadas na seção 3 do presente trabalho. Especificamente, a formulação de

determinação das resistências longitudinal e transversal sobre a embarcação é utilizada

de forma reversa: de posse das cargas ambientais definidas como as atuantes sobre a

embarcação, com base nas formulações já apresentadas, calcula-se o valor de MBL

requerido das linhas de amarração para que o sistema seja capaz, dado fator de segurança

requerido por norma, de suportar às cargas transversal e longitudinal impostas e

calculadas. Dessa forma, calcula-se valor de MBL requerido para as linhas e,

considerando a quantidade de linhas por cabeço, calcula-se por consequência as cargas

atuantes estimadas sobre os cabeços para um arranjo de amarração padrão de embarcação

do tipo FPSO.

Dados do problema, como por exemplo áreas vélicas longitudinal e transversal,

velocidades de vento, geometria do arranjo de amarração e dados do cais como

espaçamento entre cabeços e espaçamento entre defensas são ora adotados como

premissas, ora extraídos de referências apropriadas para a análise. Em todos os casos, os

critérios adotados são expostos e explicados nas subseções existentes.

O problema de estimativa de capacidade dos componentes de amarração de um

cais de estaleiro, portanto, consiste basicamente, como todo problema, em inputs a serem

fornecidos e outputs calculados com base nos dados de entrada. No caso da sequência de

ações proposta e adotada na abordagem apresentada, há três etapas principais a serem

cumpridas para que, então, sejam obtidos os dados de saída, isto é, os valores estimados

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de MBL para as linhas de amarração, cabeços do cais e as resistências das defensas do

cais.

A primeira etapa da sequência de ações proposta na Figura 4-1, por exemplo, que

consiste na realização do desenho do arranjo de amarração proposto, requer diversos

dados de entrada: distanciamento entre cabeços e defensas do cais, distância vertical entre

o cais e a linha d’água, distância entre os cabeços e a extremidade do cais, distância entre

os cabeços e a embarcação, quantidade de linhas disponíveis para amarração,

posicionamento das buzinas e guinchos na embarcação e material das linhas de

amarração, são exemplos de dados de entrada necessários para desenho do arranjo de

amarração a ser proposto.

A segunda etapa da sequência de ações proposta consiste na estimativa de área

vélica e determinação das condições de carregamento da embarcação. Para isto, são

necessários como dados de entrada o arranjo geral da embarcação e suas vistas frontal e

lateral de casco e de superestrutura e demais estruturas de topside, para que seja possível

a determinação das áreas vélicas longitudinal e transversal da embarcação. Além disso,

para que sejam determinadas de forma correta as áreas vélicas da embarcação, são

necessárias como dados de entrada também as condições de carregamento da embarcação

durante a amarração, que irão influenciar na área vélica a ser fornecida para cálculo das

cargas ambientais.

A terceira etapa da sequência de ações proposta na Figura 4-1, e última a requerer

dados de entrada, é a etapa de determinação das cargas ambientais. A etapa de

determinação de cargas ambientais requer diversos dados de entrada a depender da

natureza dos cálculos a serem realizados: no presente trabalho, parte-se da premissa que

estaleiros de grande porte em geral são localizados em regiões abrigadas e, portanto, não

contam com ação significativa de forças de onda ou de corrente. Neste caso, seriam

necessários como dados de entrada apenas dados relativos às componentes da área vélica

da embarcação e seus centroides com relação à linha d’água da embarcação, além dos

dados de velocidade de vento típica da região considerada.

As etapas seguintes, de estimativa de MBL requerido para as linhas de amarração

e estimativa de capacidade necessária para as linhas de amarração, cabeços e defensas do

cais são etapas que se alimentam dos dados de entrada anteriormente apresentados no

problema e fornecem como dados de saída os valores de capacidade das linhas de

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amarração, cabeços e defensas do cais de um estaleiro ou porto de grande porte

responsável por receber embarcações de grande porte.

A Tabela 4-1 apresenta os principais dados de entrada e saída extraídos de cada

uma das etapas da sequência de ações proposta. A Figura 4-1 apresenta sequência de

ações proposta para estimativa de cargas atuantes sobre equipamentos de amarração. Na

sequência de ações proposta, cada etapa das etapas I à V definidas é alimentada pelos

dados de entrada e dados de saída respectivos listados na Tabela 4-1. Os elementos de cor

verde correspondem às etapas, em ordem, etapas I, II, III, IV e V. Os elementos de cor

vermelha correspondem aos dados de entrada, e os elementos de cor azul correspondem

aos dados de saída esperados em cada uma das etapas.

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Tabela 4-1 – Dados de entrada e de saída utilizados na metodologia

Dados de entrada Dados de saída

Etapa I

- Características do cais

- Características da embarcação (dimensões principais, coordenadas de buzinas e guinchos)

- Características da amarração (quantidade de linhas

disponíveis e material)

-

Etapa II

- Vistas lateral e frontal da embarcação

- Condições de carregamento previstas para a embarcação durante amarração

-

Etapa III

- Dados de documento METOCEAN (incidências ambientais)

- Dimensões e contornos principais da embarcação

- Áreas vélicas longitudinal e transversal calculadas

- Coeficientes de arrasto de corrente OCIMF

-

Etapa IV -

Valor de MBL requerido para as

linhas de amarração com base em cálculo construído a partir

das referências

Etapa V -

Capacidades estimadas para as

linhas de amarração, cabeços e defensas do cais de estaleiro ou porto de grande

porte

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Figura 4-1 – Sequência de ações proposta

Para que se deem os passos da sequência de ações proposta devem ser adotadas

premissas quanto a questões variáveis em função de cada projeto e necessárias para

determinação em especial quanto ao arranjo de cabeços do cais, distanciamento da

embarcação para os cabeços, condições de carregamento mais críticas que a embarcação

poderá enfrentar durante período de amarração e características principais da embarcação

(comprimento total, boca moldada, pontal moldado).

De forma geral, os parâmetros envolvidos e necessários para execução dos passos

citados na Figura 4-1 são definidos com base em práticas usuais de projeto e com base no

conservadorismo do método, explicitado na seção 3, para determinação das resistências

Desenho esquemático de

arranjo de amarração

Estimativa de área vélica e condições de carregamento

durante amarração

Determinação de cargas

ambientais

Cálculo de MBL requerido nas

linhas de amarração

Estimativa de carga sobre os cabeços, linhas de amarração e

defensas

Dados de entrada - Etapa I

Dados de entrada - Etapa II

Dados de entrada - Etapa III

Dados de saída -Etapa IV

Dados de saída -Etapa V

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longitudinal e transversal do arranjo de amarração proposto. Os principais pontos

definidos, são, então:

➢ O distanciamento entre os cabeços do cais, bem como das defensas, d, ou

distanciamento entre dois cabeços consecutivos, é considerado como

sendo de 20,0 metros, e as defensas e os cabeços são considerados como

alinhados em mesmos planos transversais.

➢ A distância entre o plano dos cabeços do cais e das buzinas da embarcação

mais próximos do cais é de 12,2 metros no total, podendo ser maior a

depender da posição das buzinas nas curvaturas de proa e de popa do casco

da embarcação.

➢ A distância vertical entre os cabeços do cais e as buzinas da embarcação,

parâmetro H na Figura 3-13, localizados em seu convés principal, é de 16

(dezesseis) metros, considerando a embarcação com 10 (dez) metros de

calado, o cais com linha d’água média localizada 4 (quatro) metros abaixo

do cais e a embarcação com 30 (trinta) metros de pontal moldado.

➢ As linhas de amarração todas são compostas do mesmo tipo de material,

de acordo com premissas existentes no método apresentado na referência

(18).

➢ As áreas vélicas longitudinal e transversal da embarcação são definidas

com base em estimativa realizada a partir de arranjo geral de embarcação

do tipo FPSO disponível on-line, realizada com base nas dimensões

principais da embarcação definidas a seguir.

➢ Considera-se que estaleiros de grande porte e portos possuem instalações

e cais em geral abrigados, estando livres de incidências de onda ou

corrente significativas à luz de cálculos de amarração. Sendo assim,

considera-se que a embarcação está exposta a cargas ambientais apenas de

vento. Considera-se ainda, para esta análise específica, que a embarcação

deverá ser amarrada na cidade do Rio de Janeiro em região interior da Baía

de Guanabara e que, para estes fins, são desprezados dados de maré e

correntes de maré da região e são considerados os dados de vento da região

localizada na Baia de Guanabara, entre as cidades de Niterói e Rio de

Janeiro. Arranjos de amarração a serem avaliados em outras regiões, como

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principalmente em locais mais ao Norte do Brasil, devem se atentar à

variação das marés e de suas correntes.

As dimensões principais da embarcação atracada, por fim, são dadas com base nas

dimensões principais das maiores embarcações do tipo FPSO atualmente existentes e são

apresentadas na Tabela 4-2. O deslocamento da embarcação durante amarração é

estimado como sendo o peso em toneladas relativo ao volume de deslocamento de uma

embarcação de coeficiente de bloco Cb = 0,90, comprimento total de 320 metros, boca

moldada de 60 metros e 10 metros de calado.

Tabela 4-2 – Dimensões principais da embarcação

4.1 Arranjo de amarração proposto

A metodologia a ser adotada para análise e determinação das cargas atuantes sobre

os equipamentos de amarração do estaleiro, i.e., linhas de amarração, cabeços e defensas

do cais, é baseada em passo a passo formulado utilizando metodologias e formulações

apresentadas na seção 3 deste trabalho.

O arranjo de amarração proposto consiste em um total de 20 (vinte) linhas, sendo

8 linhas destinadas a fornecer resistência transversal à embarcação pela popa, 8 linhas

destinadas a fornecer resistência transversal à embarcação pela proa, 2 linhas destinadas

a fornecer resistência longitudinal pela proa e 2 linhas destinadas a fornecer resistência

longitudinal pela popa. O arranjo é esquematizado com base no arranjo fornecido pela

referência (18) e apresentado na Figura 3-9 do presente trabalho. A Figura 4-2 ilustra o

arranjo de amarração proposto com as respectivas numerações das linhas de amarração.

320,00

60,00

30,00

21,00

10,00

177120,00Deslocamento de amarração [t]

Dimensões principais

Calado crítico de amarração [m]

Pontal moldado [m]

Boca moldada [m]

Comprimento total [m]

Calado de operação [m]

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Figura 4-2 – Arranjo de amarração proposto

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4.2 Estimativa de Área Vélica

Como já dito anteriormente, as áreas vélicas longitudinal e transversal da

embarcação, a serem estimadas para determinação das cargas de vento atuantes, são

determinadas com base em arranjo geral de embarcação semelhante do tipo FPSO

existente e de domínio público. O arranjo geral utilizado como base para determinação

das áreas vélicas longitudinal e transversal é exposto na Figura 4-3, e é considerado

interessante para determinação das áreas vélicas da embarcação por possuir correlações

reais entre áreas de casco, de superestrutura, módulos e outras estruturas. A área vélica

frontal das superestruturas é estimada para este caso, considerando a boca moldada da

embarcação e valores estimados para altura e largura das estruturas de topside do FPSO.

A Figura 4-3 apresenta a imagem utilizada como base para determinação das áreas vélicas

da embarcação.

Figura 4-3 - Arranjo geral de FPSO utilizado para estimativa de áreas vélicas

A estimativa das áreas vélicas é realizada, então, utilizando software de

modelagem computacional AutoCAD para transformação da imagem em comprimentos,

larguras e alturas adaptadas às dimensões principais da embarcação como definidas na

Tabela 4-2. A partir disso, então, são definidas polilinhas do contorno da embarcação e

de cada uma de suas áreas transversais ou longitudinais. Como explicado na seção 3.3.1,

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a formulação para determinação de carga de vento diferencia estruturas de casco,

estruturas de casaria com diferentes coeficientes para determinação da pressão de vento.

As áreas vélicas são, então, determinadas não só com base em suas áreas, como também

com base em seu tipo (casaria, superestrutura, módulos e casco) e na altura de seu

centroide de área com relação à linha d´água da embarcação. As tabelas a seguir

apresentam os resultados obtidos para as áreas vélicas transversal e longitudinal da

embarcação, divididas em suas diferentes componentes.

Tabela 4-3 – Áreas vélicas transversais estimadas

Tabela 4-4 – Áreas vélicas longitudinais estimadas

4.3 Determinação de Cargas Ambientais

Como explicitado nas premissas de cálculo, considera-se que, pelo fato de se estar

dimensionando arranjo de amarração para portos e estaleiros de grande porte, capazes de

receber embarcações de grandes dimensões e realizar operações de manutenção e/ou

montagem de módulos de embarcações do tipo FPSO, que as cargas ambientais atuantes

são predominantemente as cargas de vento, haja vista que portos e estaleiros de grande

porte estão, em geral, localizados em regiões abrigadas e livres de ações significativas de

correntes ou ondas. Ainda, como dito anteriormente, considera-se que a embarcação é

amarrada no interior da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e que os efeitos de maré e

No. Descrição Área [m²] Centroide [m]

1 Casco 6972,40 12,00

2 Superestrutura 115,46 37,60

3 Módulos popa 354,71 36,31

4 Casaria 124,89 30,34

5 Módulos SMN 1775,65 38,12

6 Proa 250,59 43,11

9593,70TOTAL

Transversal

No. Descrição Área [m²] Centroide [m]

1 Casco 1945,95 20,65

2 Superestrutura 522,98 49,30

Longitudinal

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suas correntes para a região do cais podem ser desprezados. Em caso de avaliação

semelhante para cais localizados em regiões mais ao Norte do Brasil, deve-se levar em

consideração efeitos gerados pela variação de altura das marés e as correntes de maré

decorrentes destas variações.

De posse das áreas vélicas transversal e longitudinal estimadas e de valores de

velocidades de vento atuantes na região, é possível realizar o cálculo das cargas de vento

atuantes sobre a embarcação com base na formulação normativa apresentada na seção

3.3.1 e com base na referência (11).

A velocidade de vento a ser utilizada para cálculo das forças de vento deve ser

utilizada com base em diversos fatores relativos a um arranjo de amarração específico,

i.e., a orientação do cais e da embarcação com relação ao norte real e aos dados de vento

da região. Além disso, devem ser considerados os períodos de retorno determinados por

norma e explicitados na Tabela 3-4. No caso deste trabalho, como já dito, considera-se

dados de velocidade de vento relativos à região da Baía de Guanabara localizada entre as

cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, que conta com alta presença de estaleiros e

existência do Porto do Rio de Janeiro. Para esta região, dados estatísticos de velocidades

de vento históricos da região, coletados entre fevereiro de 2012 e janeiro de 2019 e

extraídos do site Wind Finder, referência (21), apontam para o comportamento das

velocidades de vento ao longo dos meses do ano ilustrado na Figura 4-4 e Figura 4-5, que

ilustram, respectivamente, os dados de velocidade média de vento medida e probabilidade

de excedência de determinadas velocidades e a rosa dos ventos atuantes na região onde

ocorrem as medições.

Figura 4-4 - Velocidade média de vento medida para região da Baía de Guanabara

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Figura 4-5 - Rosa dos ventos atuantes na região da Baía de Guanabara

Ventos acima de 34 nós possuem probabilidade máxima de ocorrência da ordem

de 26% para meses de março, possuindo menor intensidade durante os meses do outono

e do inverno. Considera-se, então, para fins de cálculo deste caso, dada a ausência de

dados de período de retorno de 10 anos para a região, ventos máximos da ordem de 34

nós, com coeficiente de segurança no acréscimo da velocidade de vento de projeto de

30%. A velocidade de vento de projeto, então, é adotada como sendo de 47.6 nós, ou

aproximadamente 22.8 m/s, de velocidade de vento atuante em todas as possíveis direções

na região. Na ausência de informações de documento meteoceonográfico da região, a

velocidade de vento de projeto deverá ser a velocidade de vento de contingência do

projeto, a partir da qual medidas deverão ser tomadas para garantia da segurança dos

equipamentos de amarração e dos tripulantes da embarcação atracada.

Como apresentado, a formulação para cálculo das forças de vento consiste,

inicialmente, no cálculo das pressões de vento, que por sua vez são calculadas para cada

componente da área vélica e posteriormente somadas para dar origem à força total de

vento aplicada sobre uma embarcação ou plataforma. Para isso, são determinados

coeficientes de forma da componente da área vélica, Cs, e coeficientes de altura da

componente da área vélica, Ch, para que então os valores de pressão de vento possam ser

calculados com base na equação (1) e os valores de força de vento, Fwind, possam ser

calculados com base na equação (2). Os coeficientes Cs e Ch são tabelados a depender da

forma e altura das componentes de área vélica, e definidos com base nos critérios

apresentados na Tabela 3-1, para o caso dos coeficientes de forma, e na Tabela 3-2 para

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o caso dos coeficientes de altura. Com base nas informações de tipo de área, altura do

centroide de área e valor de área de cada uma das componentes das áreas vélicas

transversal e longitudinal, os valores de força de vento podem ser calculados para cada

uma das componentes e, posteriormente, somados para dar origem ao valor total de força

de vento atuante transversal e longitudinalmente.

A Tabela 4-5 e a Tabela 4-6 apresentam, respectivamente, os dados utilizados e

os valores encontrados para as forças de vento de cada componente de área levantada e o

total das forças transversal e longitudinal atuantes sobre a embarcação considerando

velocidade de vento de 22.80 m/s incidente transversal e longitudinalmente à embarcação.

Tabela 4-5 – Carga de vento transversal atuante na embarcação

Tabela 4-6 - Carga de vento longitudinal atuante na embarcação

No. Descrição Área [m²] Centroide [m] Cs Ch Pwind [N/m²] Fwind [N]

1 Casco 6972,40 12,00 1,00 1,00 317,10 2210964,93

2 Superestrutura 115,46 37,60 1,00 1,31 415,40 47963,60

3 Módulos popa 354,71 36,31 1,00 1,31 415,40 147347,34

4 Casaria 124,89 30,34 1,00 1,18 374,18 46731,44

5 Módulos SMN 1775,65 38,12 1,00 1,31 415,40 737611,33

6 Proa 250,59 43,11 1,00 1,31 415,40 104097,37

9593,70

3294716,02

335,97FORÇA TOTAL [t]

TOTAL

Transversal

FORÇA TOTAL [N]

No. Descrição Área [m²] Centroide [m] Cs Ch Pwind [N/m²] Fwind [N]

1 Casco 1945,95 20,65 1,00 1,18 374,18 728137,19

2 Superestrutura 522,98 49,30 1,00 1,40 443,94 232171,55

960308,74

97,92TOTAL [t]

TOTAL [N]

Longitudinal

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4.4 Estimativa de capacidades dos cabeços e linhas de

amarração

A estimativa de necessidade de capacidade dos cabeços do cais e linhas de

amarração da embarcação é realizada com base no arranjo definido na Figura 3-14 e em

adaptação da formulação apresentada na seção 3.5 do presente trabalho. Basicamente,

como se pode observar no arranjo de amarração proposto, não há mais de uma linha

lançante ou mais de uma linha de través ligadas a um mesmo cabeço do cais. Há, para o

caso de alguns cabeços, a chegada de uma linha de través e uma linha lançante. Como,

no entanto, as linhas de través e linhas lançantes são carregadas em diferentes cenários de

incidência ambiental, pode-se considerar então que o carregamento máximo nos cabeços

será referente ao carregamento máximo de uma das linhas, ou de través ou lançante,

ligada a ele.

A referência (18) recomenda utilização de fator de segurança de 2.0 para cabeços

e linhas de amarração. Sendo assim, considera-se para estimativa de capacidade dos

cabeços e linhas de amarração existentes no arranjo de amarração as cargas mais altas

estimadas para as linhas de acordo com formulação apresentada na seção 3.5.

De forma geral, a formulação apresentada na seção 3.5, extraída da referência

(18), fornece método para cálculo das resistências longitudinal e transversal, de popa e de

proa, de arranjos de amarração dados valores relativos à sua geometria (ângulo das linhas

lançantes e de través, ângulos verticais entre os cabeços e os fairleads) e à resistência das

linhas de amarração. As equações (6) e (7) apresentam, respectivamente, formulações

para cálculo das resistências longitudinal e transversal de linhas de amarração de um

arranjo. Como, no caso, trata-se da possibilidade de realizar estimativa quanto ao MBL

das linhas de amarração e MBL dos cabeços do cais, opta-se então por realizar o cálculo

reverso: considera-se os valores de Ry e Rx, resistências transversal e longitudinal do

arranjo de amarração, como sendo os valores de carga de vento calculados na seção 4.3.

Sendo assim, podem ser calculadas então os MBLs necessários às linhas lançantes e de

través de popa e de proa, para que o arranjo tenha resistências longitudinal e transversal

equivalentes aos das cargas máximas de vento atuantes sobre ele de acordo com critérios

existentes nas referências normativas. A referência (18) recomenda que, tanto para o caso

de cálculo de resistências das linhas de proa e de popa, se utilize os valores máximos

calculados para as cargas ambientais, dada a possibilidade de incidência de ventos vindos

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de diversas direções, em especial de incidências de bochecha ou similares, que venham a

ocasionar carregamento excessivo de linhas em apenas uma das extremidades da

embarcação. Por fim, o fator de segurança de 0.55 aplicado nas formulações da referência

(18) é alterado para fator de 0.50 (2.0) em observância aos critérios definidos na Tabela

3-7.

As equações apresentadas abaixo ilustram os cálculos realizados com base em

adaptação da metodologia de estimativa de resistências longitudinal e transversal,

apresentada na seção 3.5 e com base na referência (18), para estimativa das cargas limite

das linhas de amarração. A equação (8) apresenta estimativa de carga máxima de ruptura

para as linhas de amarração de través, enquanto a equação (9) apresenta estimativa de

carga máxima de ruptura para as linhas lançantes.

𝑀𝐵𝐿𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣 = 𝐹𝑦

0.50∗(∑𝑐𝑜𝑠²𝛼𝑖

𝑙𝑖𝑛𝑖=1 )∗

𝑙𝑐

cos𝛼𝑐∗cos𝜃𝑐

(8)

Onde:

{

𝐹 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑀𝐵𝐿 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜

𝛼𝑖 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑖 𝑎 𝑛𝑙𝑖 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑖

𝑙𝑐 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒

𝛼𝑐 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒

𝜃𝑐 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒𝑖 = í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

𝑛 = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑟 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

𝑀𝐵𝐿𝑙𝑜𝑛𝑔 = 𝐹𝑥

0.50∗𝑁∗cos𝜃∗cos𝛽 (9)

Onde:

{

𝐹𝑥 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑀𝐵𝐿 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎çã𝑜

𝛽 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 𝛽 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

𝜃 = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝜃 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜𝑁 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜

Os dados de ângulos horizontal, vertical e comprimentos das linhas são extraídos

do desenho do arranjo de amarração proposto. Os comprimentos internos ao navio,

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linboard, usualmente considerados como as distâncias entre as buzinas da embarcação e

os guinchos utilizados para tensionamento das linhas de amarração, são aproximados

como 15.0 metros para todas as linhas de amarração envolvidas no arranjo. Por fim, são

realizados os cálculos das formulações existentes nas equações (8) e (9) e necessárias para

cálculo do MBL das linhas de amarração, de forma similar à realizada na referência (18)

e explicitada na Figura 3-15 do presente trabalho.

O MBL requerido para as linhas de amarração é calculado, então para cada um dos

grupos definidos como: resistência transversal na proa, resistência transversal na popa,

resistência longitudinal na proa e resistência longitudinal na popa. As tabelas abaixo

compilam os dados levantados e calculados para obtenção dos valores de MBL requerido.

Tabela 4-7 – Cálculos para grupo de linhas de través na popa

Tabela 4-8 - Cálculos para grupo de linhas de través na proa

Tabela 4-9 - Cálculos para grupo de linhas lançantes de popa

Tabela 4-10 - Cálculos para grupo de linhas lançantes de proa

Linha α [°] β [°] Lext [m] Lint [m] L [m] θ [°] cos θ cos α / cos β (cos α)/L (cos² α)/L

1 24,00 - 27,740 15,000 42,740 30,904 0,858 0,914 0,021 0,020

2 4,00 - 21,020 15,000 36,020 37,330 0,795 0,998 0,028 0,028

3 10,00 - 12,780 15,000 27,780 51,780 0,619 0,985 0,035 0,035

4 20,00 - 12,160 15,000 27,160 52,224 0,613 0,940 0,035 0,033

5 17,00 - 11,780 15,000 26,780 52,674 0,606 0,956 0,036 0,034

6 19,00 - 11,920 15,000 26,920 52,674 0,606 0,946 0,035 0,033

8* 15,00 - 11,680 15,000 26,680 52,674 0,606 0,966 0,036 0,035

10 20,00 - 12,040 15,000 27,040 52,674 0,606 0,940 0,035 0,033

0,250

Través popa

SOMA

Linha α [°] β [°] Lext [m] Lint [m] L [m] θ [°] cos θ cos α / cos β (cos α)/L (cos² α)/L

13* 15,00 - 11,660 15,000 26,660 52,674 0,606 0,966 0,036 0,035

14 25,00 - 12,350 15,000 27,350 52,674 0,606 0,906 0,033 0,030

15 19,00 - 12,060 15,000 27,060 52,674 0,606 0,946 0,035 0,033

16 17,00 - 11,770 15,000 26,770 52,674 0,606 0,956 0,036 0,034

17 25,00 - 12,640 15,000 27,640 52,674 0,606 0,906 0,033 0,030

18 13,00 - 12,920 15,000 27,920 51,780 0,619 0,974 0,035 0,034

19 1,00 - 21,990 15,000 36,990 36,052 0,808 1,000 0,027 0,027

20 23,00 - 31,960 15,000 46,960 26,968 0,891 0,921 0,020 0,018

0,241SOMA

Través proa

Linha α [°] β [°] Lext [m] Lint [m] L [m] θ [°] cos θ cos α / cos β

9 - 7,00 90,400 15,000 105,400 52,674 0,606 0,993

12 - 6,00 91,310 15,000 106,310 52,674 0,606 0,995Lançante popa

Linha α [°] β [°] Lext [m] Lint [m] L [m] θ [°] cos θ cos α / cos β

10 - 7,00 92,290 15,000 107,290 52,674 0,606 0,993

11 - 7,00 89,940 15,000 104,940 52,674 0,606 0,993Lançante proa

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Os valores calculados para o MBL de cada um dos casos, então, são resumidos na

Tabela 4-11.

Tabela 4-11 – Valores de MBL requerido para as linhas de amarração

Como os cálculos são realizados com base em formulação que já contempla fator

de segurança de 2.0 para cálculo das tensões atuantes sobre as linhas de amarração,

considera-se então que o MBL aproximado das linhas de amarração deverá ser,

consideradas as premissas adotadas, de 167.0 toneladas ou superior. De posse do material

das linhas de amarração a serem utilizadas e de catálogo de linhas de amarração náuticas,

pode-se selecionar linhas de amarração de MBL igual ou superior ao valor calculado.

Da mesma forma, considerando que no arranjo de amarração proposto na Figura

4-2 não há cabeços que possuam ligadas a ele mais de uma linha de amarração de cada

tipo utilizado (lançantes ou de través), como já dito anteriormente, pode-se considerar

que os cabeços de amarração deverão possuir valor de MBL mínimo correspondente ao

MBL requerido para as linhas de amarração. Isto ocorre também devido ao fato de que o

fator de segurança recomendado para carga sobre os cabeços, de acordo com a referência

(18), é igual ao fator de segurança recomendado para o caso de tensões em linhas de

amarração. Os cabeços, para o caso estudado, deverão possuir capacidade mínima, em

termos de carga segura de trabalho, de 167.0 toneladas-força.

4.5 Estimativa de cargas sobre as defensas

Como já explicitado na seção 3 do presente trabalho, a referência (19) apresenta

formulação para estimativa de cargas sobre as defensas de um cais considerando

MBL [t]

Resultados

162,71

162,55

160,76

166,59

No.

Resistência longitudinal - Proa

Resistência longitudinal - Popa

Resistência transversal - Proa

Resistência transversal - Popa

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formulações para energias envolvidas em eventuais impactos. Neste caso, as defensas são

projetadas para suportar impacto da embarcação quando esta é jogada contra o cais, seja

durante sua chegada ao local de amarração ou durante a sua estadia.

Para isso, a estimativa de energia de impacto considera a massa da embarcação e

sua velocidade no momento do impacto contra as defensas do cais. As velocidades típicas

utilizadas para projeto de defensas marítimas são dadas na referência (19) e expostas na

Tabela 4-12.

Tabela 4-12 - Velocidades de aproximação para projeto de defensas marítimas

A equação utilizada, então, para determinação da energia de impacto a ser

absorvida pela defensa dos cais, de acordo com formulação da referência (19), consiste

no cálculo da energia de impacto a ser absorvida por um total de 12 (doze) defensas

marítimas, referentes às defensas marítimas que estarão em contato com a embarcação de

acordo com arranjo proposto na Figura 4-2. A equação (10) ilustra a formulação utilizada.

𝐸𝑑/𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎 = 𝑐∗𝑀∗𝑣𝑝²

2∗𝑁 (10)

Onde:

{

𝐸𝑑 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎 𝑐 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜

𝑀 = 𝐷𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 𝑒𝑚 𝑢. 𝑡.𝑚𝑣𝑝 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑜 𝑐𝑎𝑖𝑠 𝑒𝑚 𝑚/𝑠𝑁 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜

O valor da energia de impacto a ser absorvida por defensa, então, é calculado

como sendo, para coeficiente de redução 1.0, doze defensas resistindo à energia de

impacto, embarcação com deslocamento descrito na Tabela 4-2 e velocidade de avanço

adotada como 0.40 m/s, e é de 120.37 toneladas-força de resistência para cada defensa do

Moderado

Forte

Forte

0,10

0,15

0,20

0,30

0,40

Condições de

vento

Condições de

aproximação

Velocidade normal

ao cais [m/s]

Favoráveis

Difíceis

Favoráveis

Moderadas

Difíceis

Protegido

Protegido

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cais. Ressalta-se que se trata de formulação conservadora, adotada para estimativa

preliminar e projeto de defensas de cais.

𝐸𝑑

𝑑𝑒𝑓𝑒𝑛𝑠𝑎= 1.0 ∗ 18055.05 ∗ 0.402

2 ∗ 12 = 120.37 𝑡𝑓

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5 CONCLUSÕES

O presente trabalho possui como objetivo principal a apresentação de guia prático

das operações de atracação, desatracação e amarração de embarcações de grande porte,

como embarcações do tipo FPSO, em cais de estaleiros e portos capazes de recebe-las, e

todas as consequências deste recebimento: a estimativa das capacidades dos

equipamentos de amarração do estaleiro, como defensas do cais, cabeços e linhas de

amarração a serem utilizadas, bem como apresenta procedimentos padrões de operações

de atracação e desatracação com base nas referências normativas existentes e advindas

das autoridades marítimas brasileiras.

Os métodos para estimativa de capacidades de cabeços, linhas de amarração e

defensas do cais, respectivamente adaptados das referências (18) e (19), embora

conservadores e com determinadas simplificações, fornecem valores considerados

razoáveis e dentro das capacidades usualmente requeridas para projetos deste tipo. Além

disso, apresentam certa flexibilidade de aplicação dadas alterações nos arranjos das linhas

de amarração e dos cabeços do cais de atracação. O método apresentado, no entanto,

constitui-se de diversas aproximações e premissas adotadas, e não fornece parâmetros

importantes para análises de arranjos de amarração, como determinação das cargas sobre

as linhas para diferentes incidências ambientais, cargas sobre as defensas para cada caso,

análise de redundância de arranjos de amarração e outros requisitos normativos utilizados

para análises de amarração, restringindo-se somente à estimativa de capacidade dos

equipamentos do cais envolvidos em um arranjo.

O trabalho fornece, também, visões gerais quanto às operações de atracação e

desatracação de embarcações em dependências de estaleiros ou portos, em especial para

o caso de embarcações do tipo FPSO a serem atracadas por outro bordo para instalação

de módulos de topside. Neste caso, as operações descritas possuem eco na realidade,

considerando recomendações normativas e práticas usuais de operação utilizando

embarcações rebocadoras.

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