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06Revista dos Antigos Alunos da Universidade do Porto, Nº 06, II Série, Dezembro de 2008, 2.5 Euros
ODE MARÍTIMA, pág 12 COMO A “CAIXA QUE MUDOU O MUNDO” MUDOU BRUNO
CARVALHO, pág 10 IAREN NO COMBATE AOS POLUENTES EMERGENTES, pág 18 ENTREVISTA A HENRIQUE BARROS, pág 20 SPREADTHESIGN: O GESTO É TUDO, pág 30 TUP: EM CENA HÁ 60 ANOS, pág 32 OS NANOBODIES DA ABLYNX, pág 34 ETNOGRAFIA
E FOLCLORE PELO NEFUP, pág 44 DESENHOS DE MARQUES DA SILVA, pág 46
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Portugal tem uma relação matricial com o mar. E para caracteri-zar essa relação, nada melhor do que recorrer às palavras buri-ladas na exacta medida pelos poetas. Fernando Pessoa exaltava a
identidade nacional ao proclamar “ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”. Já Sophia de Mello Breyner Andresen dava um cunho pessoal à cumplicidade portuguesa com os oceanos, asseverando: “Metade da minha alma é feita de maresia”. Ou sentenciando num poe-ma tão curto quanto brilhante: “Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto ao mar”. Esta mundividência marítima atravessou séculos de História e muitas gerações de portugueses, forjando um contexto socioeconómico que se mantém válido na actualidade. É no mar que Portugal encontra, ainda hoje, alguns dos seus mais importantes recursos naturais, a partir dos quais se desenvolvem actividades de grande valor económico e social. Falo das mais óbvias – pesca, construção e reparação naval, indústria conserveira, turismo, transportes marítimos, gestão portuária, protec-ção contra a erosão costeira, etc. –, mas também de actividades que só agora emergem, como a aquacultura, a biotecnologia marítima aplicada à saúde, as energias renováveis, a preservação dos recursos marinhos e da biodiversidade, o ordenamento das regiões costeiras ou o desenvolvi-mento de novas tecnologias de observação submarina.Ora, a competitividade destas novas actividades da Fileira do Mar depen-de eminentemente do conhecimento, da pesquisa científi ca e da inova-ção tecnológica. Por conseguinte, é fácil aquilatar da importância que hoje assumem a investigação, divulgação e transferência de tecnologia na área das Ciências Marinhas. Consciente desta realidade, a U.Porto dedica hoje, através das suas unidades orgânicas e centros de investiga-ção, uma atenção cada vez mais metódica e profi ciente ao estudo da vida aquática nos seus diferentes cambiantes. Conforme damos conta nesta edição da UPorto Alumni, a nossa comuni-dade académica dispõe de massa crítica assinalável nas áreas da biologia e ecologia marinhas, da ecotoxicologia, da parasitologia, da fi siologia, nutrição e cultivo de espécies aquáticas, da química aquática, da robó-tica submarina, da detecção remota, da erosão e ordenamento das re-giões costeiras, entre outras. A investigação nestes domínios tem uma forte aplicabilidade, na medida em que a produção de conhecimento é orientada para o apoio avançado a empresas do sector pesqueiro (nome-adamente na produção piscícola em aquacultura) e para a colaboração com decisores públicos na gestão do oceano e das zonas costeiras, na preservação dos recursos marinhos e no controlo da qualidade da água para consumo humano. Neste como em outros casos, a U.Porto está, simultaneamente, a expan-dir os limites do conhecimento e a prestar relevantes serviços à comu-nidade. Trata-se de uma orientação estratégica há muito assumida pela nossa Universidade, por se pensar que, deste modo, a instituição poderá mais cabalmente contribuir para o desenvolvimento do país e o bem-estar da sua população. Aproveito para desejar à comunidade académica da U.Porto um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
José CarlosMarques dos Santos
Reitor daUniversidadedo Porto
EDITORIAL
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NO CAMPUSNotícias que marcaram
a actualidade da comu-
nidade académica, com
destaque para a lideran-
ça da U.Porto em todos
os indicadores que me-
dem o acesso ao ensino
superior, para a coorde-
nação pela Universidade
de importantes consór-
cios internacionais e ain-
da para a realização do
9.º Encontro de Reitores
do Grupo Tordesillas.
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EM FOCOPara lá da relação épica
que tem com o mar, Por-
tugal depende em boa
medida dos recursos
marinhos, quer para a sua
alimentação, quer para o
seu equilíbrio económico.
Neste contexto, a U.Porto
está a desenvolver inves-
tigação de ponta na área
das ciências do meio aquá-
tico, através sobretudo do
CIIMAR – Centro Interdis-
ciplinar de Investigação
Marinha e Ambiental.
1810
PERCURSOO director do Porto Ca-
nal passou pela banca,
administrou empresas e
criou negócios. Aos 40
anos, Bruno Carvalho
mantém uma energia
empreendedora aparen-
temente inesgotável.
Este antigo aluno da FEP
promete consolidar o
seu projecto televisivo
e não desdenha outras
ambições, como a presi-
dência do SLB.
PORTO, CIDADE, REGIÃOConstituído a partir da Faculdade
de Farmácia, o IAREN – Insti-
tuto da Água da Região Norte
encontra-se na vanguarda das
análises ambientais a nível eu-
ropeu. Sedeado em Matosinhos,
este organismo de interface en-
tre a U.Porto e a comunidade é,
actualmente, um laboratório de
referência na monitorização de
poluentes emergentes.
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VINTAGEOs desenhos que o arquitec-
to Marques da Silva fez en-
quanto estudante, em Paris,
são uma verdadeira precio-
sidade artística, cujo estudo
vai permitir perceber melhor
a importância estética e o ca-
rácter multifacetado da obra
do mestre portuense. Para
tanto, o instituto homónimo
está a proceder a um estudo
profundo dos desenhos e
alguns deles já se encontram
acessíveis para consulta em
formato digital.
VIDAS & VOLTASO NEFUP completou, este
ano, o seu 25.º aniversá-
rio. Ocasião que se presta
a balanços sobre uma
associação que se dedica
à recolha, compreensão
e divulgação do folclore
português, apresen-
tando-o sob a forma de
espectáculos de cultura
popular.
EMPREENDERO UPTEC alberga, desde
Fevereiro último, a Ablynx,
uma empresa de origem bel-
ga que se dedica à criação
de nanobodies. Este novo
tipo de proteínas terapêuti-
cas tem vindo a ser desen-
volvido em parceria com o
IBMC e revela um grande
potencial no combate a
patologias graves, como o
cancro, as infl amações, as
tromboses ou o Alzheimer.
ALMA MATERFoto-reportagem sobre a
Faculdade de Direito da U.
Porto, na Rua dos Bragas.
Depois de 60 anos de-
votados ao ensino das
engenharias, o edifício foi
remodelado e hoje serve
as Ciências Jurídicas.
MÉRITOPrémios, distinções e des-
cobertas que valorizam a
comunidade académica da
U.Porto e são o reconhe-
cimento da sua excelência
em diferentes áreas do
conhecimento. Destaque
para a atribuição da Bolsa
de Investigação ABBOTT
Urologia 2008, para o
“Young Scientist Award
2008” e para o “FIA Honor
Award for Science”.
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INVESTIGARA FPCEUP participou no
projecto-piloto Spreadthe-
sign, tendo deste modo
contribuído para a concre-
tização do primeiro dicio-
nário on-line de tradução
de línguas escritas/faladas
para línguas gestuais. Ago-
ra, a Faculdade vai partici-
par na segunda fase deste
projecto internacional e,
assim, consolidar a massa
crítica que já possui na área
da educação dos surdos.
CULTURAO TUP – Teatro Universitário
do Porto comemora, durante
o mês de Dezembro, o seu
60.º aniversário. A efeméride
é naturalmente motivo de
celebração mas também de
refl exão sobre o futuro do
grupo, tendo como pano
de fundo as difi culdades ao
nível das infra-estruturas e
um certo distanciamento da
comunidade estudantil em
relação às actividades extra-
curriculares.
FACE-A-FACEEm entrevista, o Coordena-
dor Nacional para a Infec-
ção VIH/sida revela uma
perspectiva optimista sobre
a evolução da epidemia em
Portugal. Henrique Barros
assegura que a sida entrou,
no nosso país, numa “fase
de defervescência”, embora
lamente que os preconcei-
tos sociais em relação à do-
ença ainda prevaleçam na
sociedade portuguesa.
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NO CAMPUS
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São mais de 930 jovens oriundos de 42 países di-
ferentes e compõem o contingente de estudantes
estrangeiros que, só no primeiro semestre deste ano
lectivo, escolheram a U.Porto para cumprir um período
de estudos ao abrigo dos mais variados programas de
mobilidade internacional no ensino superior.
Entre os países mais representados, o Brasil (330
estudantes), a Espanha (116) e a Itália (82) confi rmam
a tendência verifi cada nos últimos anos. Seguem-se
outras nações europeias como a Polónia, a Alemanha,
a Turquia, a República Checa e a França. Numa lista-
gem onde não faltam estudantes de todos os níveis de
ensino superior, da graduação ao pós-doutoramento,
assinala-se ainda a presença de cidadãos do Afeganis-
tão, Bangladesh, China, Cuba, Índia, Indonésia, Irão,
Peru, Síria ou Tailândia.
Apesar de provisórios, uma vez que não estão conta-
bilizados todos os estudantes que vão chegar no se-
gundo semestre, estes números indiciam um aumento
signifi cativo da comunidade estudantil estrangeira que
escolhe a U.Porto para completar a sua formação. Em
2007, contavam-se por esta altura “apenas” 780 estu-
dantes estrangeiros inscritos, tendo o ano fechado com
um total de 1120.
A este aumento continuado, refl ectido na diversifi -
cação dos países que “exportam” para a U.Porto, não
é alheia a aposta na mobilidade que a Universidade
tem vindo a incentivar dentro e fora da instituição.
Prova disso é a posição de liderança afi rmada pela
U.Porto em importantes consórcios internacionais (ver
página 8), a participação em eventos internacionais
de promoção universitária (como aconteceu, no início
de Novembro, com a deslocação de uma delegação à
Feira de Ensino Superior Europeu que decorreu em
Jacarta, na Indonésia), ou o trabalho de apoio aos
estudantes OUT desenvolvido pelo Serviço de Relações
Internacionais, em parceria com a Erasmus Student
Network – Porto (ESN-Porto).
TR
MAIS DE930 ESTUDANTESESTRANGEIROS
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Prima pelo estilo moderno, pelos tons garridos
e facilmente se distingue pelo cesto frontal.
Assim se apresenta a BUTE (Bicicleta de Utili-
zação Estudantil), que neste mês de Dezembro
se tornou o novo meio de transporte “ofi cial”
da U.Porto. Numa parceria inédita com a em-
presa Ideia Biba e a Câmara Municipal do Por-
to, a Universidade vai distribuir, nos próximos
quatro anos, mais de 4.000 bicicletas junto
dos estudantes, docentes e funcionários da
instituição. Pretende-se, desta forma, aumen-
tar o uso das duas rodas, bem como promover
a preservação ambiental e hábitos de vida
saudáveis entre a comunidade académica.
As BUTE’s chegam ao Porto depois de já terem
começado a circular nas universidades de
Aveiro e do Minho. Mas “até pela dimensão
da Universidade, o nosso projecto é mais am-
bicioso”, destaca Bruno Almeida, responsável
do Gabinete de Actividades Desportivas da
U.Porto (GADUP) que, até fi nal do ano lectivo,
espera atribuir mais de mil bicicletas, algo que
se repetirá anualmente, até 2012.
Para todos os seleccionados, a utilização da
BUTE é gratuita, sendo que a bicicleta não
pode estar parada mais que 72 horas seguidas.
Por isso, são privilegiados os “estudantes des-
locados de casa e que não têm meio de trans-
porte próprio”. Afi nal, a bicicleta está prepa-
rada para satisfazer todas as necessidades do
“transporte académico”. Para isso, conta com
um cesto para livros ou computadores, protec-
ção de corrente e fecho de segurança.
De resto, os três pólos da U.Porto (Centro,
Asprela e Campo Alegre) vão contar com
zonas de parqueamento para as bicicletas. A
Universidade está ainda a desenvolver esfor-
ços tendo em vista a instalação de ciclovias
que facilitem a circulação da BUTE. “Espera-
mos tornar mais fácil a vida de todos os que
desejem andar de bicicleta dentro do Porto”,
realça Bruno Almeida, para terminar com um
desafi o: “A Universidade está a criar estas
oportunidades para toda a comunidade e esta
tem tudo a ganhar se usufruir delas”.
TR com JornalismoPortoRádio
A 1.ª edição do festival de media digitais
Future Places passou pela U.Porto, instituição
que, aliás, foi co-organizadora do evento que
teve lugar de 7 a 19 de Outubro na capital nor-
tenha. Neste contexto, o edifício da Reitoria
da U.Porto acolheu a exposição dos trabalhos
que mais de 30 artistas internacionais sub-
meteram a concurso no Future Places. Para
além da exposição, o programa do festival
incluiu workshops, conferências, concertos e
cinema/vídeo. Nestas iniciativas participaram
conceituados académicos e artistas internacio-
nais das áreas da arte multimédia, dos media
participativos e do entretenimento digital.
A exposição resultou de um convite da or-
ganização portuguesa e norte-americana do
Future Places a artistas e criativos de todas as
nacionalidades para refl ectirem sobre o tema
do festival: Media Digitais e Culturas Locais.
O resultado traduziu-se em mais de três cen-
tenas de trabalhos em web, vídeo digital, ins-
talações artísticas, música electrónica, gráfi cos
3D, entre outros formatos. Na abertura ofi cial
da exposição foram, igualmente, entregues os
prémios aos trabalhos considerados pelo júri
internacional como os melhores do evento.
Na génese do festival Future Places está o
programa de cooperação que o Estado portu-
guês assinou, em Março de 2007, com a Uni-
versidade do Texas (Austin), programa esse
que envolve as universidades do Porto e Nova
de Lisboa e contempla o ensino, a investiga-
ção e a aplicação de tecnologias emergentes
nas áreas dos conteúdos digitais, das formas
avançadas de computação e da matemática.
Na sessão de abertura do Future Places, o
reitor da U.Porto, José Carlos Marques dos
Santos, salientou que “o festival constitui um
bom exemplo de como deve ser o debate so-
bre as ferramentas tecnológicas emergentes,
na medida em que cruza a refl exão teórica
com a aplicação artística e comunicacional
dos novos paradigmas multimédia”.
Resta dizer que a segunda edição do festival
terá lugar em Lisboa, no próximo ano.
RMG
Reitores e outros altos representantes de 42
universidades do Brasil, Espanha e Portugal
reuniram-se, nos dias 20 e 21 de Outubro, na
U.Porto, para reforçarem a cooperação entre
as instituições de ensino superior que repre-
sentam. Tratou-se do 9.º Encontro de Reitores
do Grupo Tordesillas, um consórcio criado
em 2000 para promover a colaboração entre
universidades do espaço ibero-brasileiro nos
domínios do ensino, ciência, tecnologia e
cultura.
Na sessão de abertura, o reitor da U.Porto,
José Carlos Marques dos Santos, que na altura
presidia ao Grupo Tordesillas, lembrou que a
“cooperação interuniversitária é fundamental
para o avanço científi co, tecnológico e cultural
das instituições do ensino superior”.
À guisa de balanço, o vice-reitor da U.Porto
responsável, entre outros pelouros, pelas
Relações Internacionais salienta que o Grupo
Tordesillas encontrou na capital nortenha um
ambiente propício à revitalização dos seus
princípios orientadores. Segundo António
Marques, houve “consenso” entre os partici-
pantes sobre a necessidade do Grupo Torde-
sillas “não se resumir a um encontro anual de
reitores”. Neste quadro motivacional, garante
ter existido uma “vontade de dinamizar o gru-
po e de avançar para projectos concretos”.
Com estes propósitos, o colégio reitoral apro-
vou a criação de programas de pós-graduação
e doutoramento em áreas de excelência de
cada uma das universidades, de forma a
atrair estudantes de todo o mundo. Por outro
lado, foram constituídos grupos de trabalho
dedicados ao empreendedorismo, à inves-
tigação e à gestão da qualidade, havendo o
compromisso de em cada uma destas áreas
serem desenvolvidas, até 2009, iniciativas que
conduzam a projectos conjuntos. Durante o
encontro, verifi cou-se ainda a adesão ofi cial
de três novos membros: as universidades de
S. Paulo, Federal Fluminense (Brasil) e Jaime
I (Espanha).
Composto por reitores, presidentes e outros
representantes de 23 universidades brasilei-
ras, 13 espanholas e seis portuguesas, o Grupo
Tordesillas procura fomentar uma cooperação
multilateral e estável, salvaguardando as di-
ferentes identidades institucionais mas explo-
rando, ao mesmo tempo, o enorme potencial
que oferece a diversidade de percursos histó-
ricos, recursos humanos, capacidades científi -
cas e meios tecnológicos de cada instituição.
RMG
NO CAMPUS
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“Pelo prestígio da instituição”, “pela qualidade
do ensino” ou, simplesmente, “pela proximi-
dade”. Os argumentos são variados e pesaram
na opção dos 4.247 novos estudantes de 1º
ciclo (licenciatura) que a U.Porto acolheu no
arranque do ano lectivo 2008/2009.
Reforçando a tendência dos últimos anos, a
Universidade liderou todos os indicadores que
medem o acesso ao ensino superior público
universitário. Com uma taxa de preenchimen-
to na ordem dos 100% (apenas uma vaga
fi cou por preencher), a U.Porto colocou mais
candidatos do que qualquer outra universida-
de portuguesa, contribuindo ainda com quatro
formações para o “top 10” dos cursos com
as mais elevadas médias de entrada a nível
nacional: Medicina, da FMUP, e Medicina, do
ICBAS, líderes do ranking, Bioengenharia, da
FEUP, e Arquitectura, da FAUP.
Na leitura de José Sarsfi eld Cabral, pró-reitor
da U.Porto, os resultados “traduzem o pres-
tígio que a Universidade tem ganho entre as
famílias e os estudantes”. Uma “capacidade
de atracção” que o responsável atribui “ao
cuidado no desenho de cursos adequados às
necessidades do mercado de trabalho” e “à
promoção de projectos (como a Universidade
Júnior) que abrem a universidade aos mais
jovens”.
O certo é que qualidade não faltará aos estu-
dantes que, a 15 de Setembro, pisaram pela
primeira vez as salas da academia. Entre eles
esteve Fábio Carneiro, estudante da FMUP
que, com uma média de 19,75 valores, obteve
a nota de entrada mais alta dos candidatos a
Medicina de todo o país. Para o estudante de
18 anos, “o prestígio do curso” foi argumento
sufi ciente para optar pela FMUP. Já Mariana
Oliveira, caloira em Ciências Farmacêuticas
(FFUP), sintetiza o espírito que acompanha a
nova “selecção de esperanças” da U.Porto: “É
uma das mais conceituadas universidades do
país, tem boas condições, bons professores e
cabe-nos aproveitar tudo isso”.
TR com JornalismoPortoRádio
Novos avanços na pesquisa científi ca e
tecnológica colocam a U.Porto na crista da
onda da Investigação, Desenvolvimento e
Inovação. Entre outros trabalhos de relevo, a
investigação do Laboratório de Separação e
Reacção (LSRE), da Faculdade de Engenharia
da U.Porto (FEUP), sobre o gasóleo verde
e a caracterização tridimensional de uma
enzima vital à sobrevivência do organismo
causador da tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis, realizada por investigadores
do IBMC – Instituto de Biologia Molecular e
Celular (U.Porto) e do CNBC – Centro de Neu-
rociências e Biologia Celular (Universidade
de Coimbra), já mereceram reconhecimento
internacional.
O trabalho de Alírio Rodrigues e Viviana Silva,
do LSRE, é um passo para tornar o gasóleo
menos poluente e valeu o prémio “ABB Global
Consulting Award for Sustainable Technolo-
gy”, no âmbito dos “IChemE Awards for Inno-
vation & Excellence 2008”.
Por outro lado, Sandra de Macedo Ribeiro, do
IBMC, em colaboração com a Universidade
de Coimbra e o CNBC, abriram perspectivas
para potenciais alternativas terapêuticas para
a tuberculose (doença infecciosa de grande
incidência em Portugal e cujo combate é cada
vez mais difícil), merecendo publicação no
conceituado periódico PLoS ONE, edição de
18 de Novembro.
Por seu turno, Tiago Costa, fi nalista do Mestra-
do Integrado em Engenharia Electrotécnica e
de Computadores da FEUP, sob orientação de
Paulo Moreira, desenvolveu um robot médico
para auxiliar as equipas hospitalares em vi-
deoconferência entre o doente acamado e um
médico, no transporte de exames e medica-
mentos dentro do hospital, no registo automá-
tico de movimento (detectar quando o doente
acorda de uma operação) e na vigilância das
instalações durante a noite. Tratou-se de uma
colaboração com o Hospital Privado de São
Martinho, em Valongo.
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A MAISATRACTIVA DO PAÍS
COMBUSTÍVEL VERDE,TUBERCULOSE E ROBOT MÉDICO
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8
NO CAMPUS
A meta está traçada há muito e a verdade é
que começa a desenhar-se como uma realida-
de cada vez mais certa. Líder incontestável a
nível nacional, a U.Porto continua a progredir
nos rankings universitários mais reputados
do mundo, estando mais próxima de atingir o
“top 100” das melhores universidades da Eu-
ropa, objectivo traçado para 2011.
Começando pelo ranking mundial das univer-
sidades com melhores índices de produção
científi ca, a U.Porto subiu 84 posições, classi-
fi cando-se, em 2008, no 375.º lugar (161.º da
Europa). Neste ranking elaborado pelo Higher
Education Evaluation & Accreditation Council
of Taiwan pesam factores como a performance
da produção científi ca das universidades, de
acordo com critérios que se prendem com a
excelência da investigação, com o número de
artigos produzidos e com o número de artigos
citados nas mais reconhecidas publicações
internacionais.
Já a edição mais recente do Academic Ranking
of World Universities, elaborado pela Shan-
ghai Jiao Tong University, coloca a U.Porto na
169.ª posição do ranking europeu e na 402.ª
posição do ranking das 500 melhores uni-
versidades do mundo. Finalmente, na última
edição do Webometrics Ranking of World
Universities, a Universidade já está entre as
100 melhores da Europa (99.º lugar), tendo
atingido o 267.º posto do ranking mundial no
primeiro semestre de 2008.
De resto, a U.Porto é a melhor universidade
portuguesa em todos os rankings referidos.
Com a Universidade a afi rmar-se entre as 100
primeiras europeias no Webometrics e entre
as 200 primeiras europeias nos restantes
rankings, o vice-reitor António Marques subli-
nha que “já faltou mais para a U.Porto se po-
sicionar entre as 100 melhores da Europa em
2011”, algo que se concretizará “quando atingir
as 100 melhores em três dos quatro rankings
mais reputados do mundo”.
TR
Luzes, câmara... telemóvel... Second Life e –
fi nalmente – acção! De 1 a 5 de Outubro foi de
cinema, criatividade e inovação que se fez a
primeira edição do U.FRAME – Festival Inter-
nacional de Vídeo Universitário, organizado
pelo curso de Ciências da Comunicação da
U.Porto.
Promovido em parceria com a Universidade
da Corunha (Espanha), o festival reuniu na
Biblioteca Almeida Garrett as mais inovadoras
tendências do audiovisual mundial, a partir
dos trabalhos de estudantes de 62 universi-
dades e escolas de cinema de todo o mundo.
Talentos que, durante cinco dias, mostraram o
que valem na produção de fi cções, animações,
documentários, mas também em dois ciclos
especiais dedicados a vídeos criados em tele-
móvel e no mundo virtual do Second Life.
No que toca à competição, o Grande Prémio
do Júri do U.FRAME distinguiu o israelita
Lior Geller, da Universidade de Telavive,
pelo fi lme“Roads”. Em Portugal, fi caram os
prémios de “Melhor Vídeo Experimental” e
“Media Light” (fi lmes por telemóvel). Mário
Augusto, jornalista e membro do júri, elogiou
as “boas ideias” made in Portugal. Uma opi-
nião partilhada por Molly Green, participante
norte-americana. “Às vezes pensamos que os
EUA são o centro da produção cinematográ-
fi ca, mas há coisas incrivelmente talentosas
a ser feitas em todo o mundo e é fantástico
encontrá-las aqui”.
Paralelamente à projecção dos fi lmes, o pú-
blico do U.FRAME pôde ainda participar em
conferências, masterclasses e workshops di-
rigidos por artistas e académicos convidados.
Ainda a recuperar do brainstorming “muito
interessante” gerado no workshop de Escrita
para Pequeno Ecrã, o humorista/radialista
Nuno Markl destacava “uma experiência a
repetir”, quem sabe, já em 2009. Concluído
o primeiro take, o U.FRAME já tem sequela
marcada para o próximo ano.
TR com JornalismoPortoRádio
Nos próximos quatro anos, a cooperação entre
instituições do ensino superior da Europa e da
América Latina terá como epicentro a U.Porto.
Isto porque a Universidade foi recentemente
escolhida pela Comissão Europeia para liderar
dois importantes projectos de cooperação
internacional entre universidades dos dois la-
dos do Atlântico. Até 2012, a U.Porto vai assim
gerir programas comunitários avaliados em
5,6 milhões de euros e que envolvem institui-
ções de 45 países.
Pela Universidade passa, desde logo, a coor-
denação do “Euro Brazilian Windows”, um
programa que visa promover, a partir de Feve-
reiro de 2009, a mobilidade de 200 estudantes,
investigadores e docentes entre 19 universida-
des europeias e latino-americanas. Financia-
do em 3,1 milhões de euros, este projecto re-
sulta de um consórcio de nove universidades
de oito países europeus (Alemanha, Bélgica,
Espanha, França, Holanda, Hungria, Portugal
e Suécia) e dez universidades brasileiras.
No outro projecto, a U.Porto vai liderar a
criação e coordenação de um observatório
que supervisionará todos os acordos de coo-
peração de ensino superior entre os 18 países
da América Latina e os 27 da União Europeia.
Integrado no programa comunitário ALFA III,
este projecto está orçado em 2,5 milhões de
euros.
Nas palavras de António Marques, vice-reitor
com o pelouro das Relações Internacionais, a
vitória destas duas candidaturas mostra que
“a Comissão Europeia reconhece a U.Porto
como interlocutor privilegiado no desenvol-
vimento das relações entre as instituições de
ensino superior europeias e sul-americanas”.
Ao mesmo tempo, premeia-se o “crescente
esforço de internacionalização da Universi-
dade”, do qual tem resultado a participação
em vários outros projectos de cooperação
internacional na América Latina e em África.
Contextos onde, segundo António Marques, a
U.Porto pode “assumir-se como a instituição
charneira da estratégia de internacionalização
europeia nestas regiões”.
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U.PORTO LIDERA CONSÓRCIOSINTERNACIONAIS
CINEMANO U.FRAME
MAIS PRÓXIMADO “TOP 100”EUROPEU
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ESTÓRIAS
A PIDE TAMBÉMFREQUENTAVA
A UNIVERSIDADE
Joaquim dosSantos MachadoAntigo aluno da
Faculdade de Economia
O jornal República de 1 de Fevereiro de 1957 dava conta das come-morações no Porto do 31 de Janeiro, dedicadas “aos gloriosos ven-cidos de 1891” e promovidas por um grupo de jovens republica-
nos, de entre os quais alguns universitários.Em 1957, eu era aluno do curso de Economia da Universidade do Porto e venho a saber, por um colega, que tinha estado na secretaria da Facul-dade um agente da PIDE a saber a minha identidade. Isto porque, vim a descobrir anos depois, o director da PIDE tinha solicitado ao director da delegação do Porto que o informasse da “identidade completa, do porte moral e político e bem assim do que possa constar nessa delegação acerca de Joaquim dos Santos que, segundo o jornal República de 1 de Fevereiro de 1957, foi orador no jantar de confraternização promovido por um grupo de jovens republicanos dessa cidade, quando das comemorações do 31 de Janeiro”.Na verdade, um dia vejo escrito, a letras vermelhas, mais ou menos isto: “A polícia é muito instruída – até já frequenta a Universidade!”.Ora, o tal agente informou o seu superior do Porto assim: “Trata-se de Joaquim dos Santos Marinho, aluno do 1.0 ano de Economia da Universi-dade do Porto (...), o qual também foi organizador do referido jantar. Po-liticamente é democrático, moralmente nada consta. Desafecto às actuais instituições”. Igualmente terei feito parte da candidatura a Presidente da República do Doutor Arlindo Vicente, em 1957!O jornal República publicou, a 10 de Maio de 1974, que houve um “bufo” infi ltrado nos movimentos universitários portuenses, com o pseudónimo de “Grifo” (cujo nome também se sabe), que fornecia ao subsecretário de Estado da Juventude “pormenores de universitários interessados em fre-quentar o próximo curso quanto à data, local, meio de transporte, custo, etc...”.Sendo eu trabalhador-estudante e não estudante-trabalhador, em vez de pertencer à JUC – Juventude Universitária Católica (vigiada), pertencia à JOC – Juventude Operária Católica (vigiada). E até isto causava descon-fi anças de ser do reviralho! Mas não obstante o meu nome ser Joaquim dos Santos Marinho, não conseguiram provar que eu fi z parte de qualquer comemoração. Era apolítico, como ainda hoje sou. Mesmo assim, fi quei a ser freguês da PIDE-DGS até ao 25 de Abril!Eu não soube quase nada do que me estava a acontecer, a não ser o que me ia sucedendo no dia-a-dia. Tendo sido submetido à “lei da rolha” aí por vol-ta de 1966, estive até 16 de Abril de 2008 a tentar esquecer-me daqueles tempos, data em que consultei, no arquivo da PIDE-DGS (Torre do Tom-bo), o processo que me moveram. Nem queria acreditar: condenaram-me por actos que nunca pratiquei, apesar de, por volta de 1969, terem conclu-ído que “estariam” enganados, visto que o Joaquim dos Santos era outro! Mesmo assim, até 25 de Abril de 1974, não deixaram de me vigiar!Estou a escrever estas minhas memórias. Só aí terei espaço para desven-dar algumas das investigações e perseguições a que fui sujeito, bem como a presunção de informar e alertar as novas gerações para o eventual res-surgimento de uma ditadura como a de outrora, em que não era permito pensar, ter ideias e transmiti-las usando a liberdade de expressão.
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“O que eu gosto é de fazer coisas”. E faz. Apesar da candura com que o diz, Bruno Carvalho vai acumulando “coisas” no seu currículo de empresário. Com 40 anos, mas con-
servando uma certa traquinice adolescente, o director do Porto Canal passou pela banca, administrou empresas e criou ne-gócios. Conheceu alguns contratempos, mas aparentemente o viço empreendedor não terá esmorecido. Em mãos tem uma tarefa hercúlea: consolidar uma estação de televisão do Porto e para o Porto. Para tanto, é forçado a competir por um bolo pu-blicitário também ele condicionado pelo “centralismo desme-surado” do país. Nada que o demova. De Lisboa interessa-lhe sobretudo o Benfi ca, cuja presidência encaixa bem na moldura da sua ambição. Antes de “fazer coisas”, Bruno Carvalho passou pela Faculda-de de Economia do Porto (FEP), onde se licenciou sem nunca chumbar a qualquer cadeira mas cultivando o absentismo com afi nco. Sentiu, no entanto, que o curso, apesar de ensinamen-tos proveitosos, era na altura “algo distante da realidade em-presarial”. “A minha ideia sempre foi ser empresário, embora um bocadinho mais bem sucedido”, diz, deixando escapar o bom humor que o caracteriza. Com os negócios no horizon-te, decidiu reforçar a sua formação com uma licenciatura em Marketing (The Chartered Institute of Marketing) e um MBA (Cardiff Business School), ambos no Reino Unido.Concluídas as pós-graduações, em 1992, Bruno Carvalho re-gressa a Portugal empurrado pela falta de oportunidades pro-fi ssionais num Reino Unido em crise económica. “Ainda me convidaram para fazer o doutoramento, mas eu tinha 23 anos e queria trabalhar”. E trabalho, pelos vistos, era coisa que não faltava no nosso país. “Quase ninguém tinha um MBA em Por-tugal”, por isso “chegaram a oferecer-me 12 empregos!”. No meio de tão vasto leque de escolhas, aterrou onde disse nunca querer trabalhar: a banca. “A minha única excepção era o BPI”, onde acabou por fi car quatro anos como subdirector do Depar-tamento de Grandes Empresas Norte. “Aprendi imenso. Não foram só os conhecimentos técnicos, mas a cultura do banco em si. A maneira de estar do BPI infl uenciou muito daquilo que sou hoje, só cortei a parte do formalismo”, garante.Depois vieram as empresas. Primeiro a Brasopi, hoje Throt-tleman, onde foi director de Franchising e Internacionalização (1996-1998), seguindo-se a Têxteis Atma, agora na qualidade de administrador (1998-1999). Mas, paralelamente, Bruno Carvalho já conduzia os seus negócios. Com um sócio abriu, no fi nal de 1995, a primeira loja Swatch em Portugal, o que seria o passo inaugural para, no ramo da joalharia e relojoaria, constituir a rede de lojas Bluebird. Foi ainda responsável pelo master franchising da rede de lojas Silverfi eld Portugal, dedica-das ao comércio de artigos de decoração.
Da NTV para o Porto CanalMas seria a “caixa que mudou o mundo” a mudar-lhe a vida. Em Novembro de 2000, Bruno Carvalho é convidado para director-geral da NTV (cargo que mais tarde acumularia com o de administrador-delegado), um canal de televisão por cabo lançado pela RTP e pela PT. O arranque do projecto “correu muito mal”, admite. A 15 de Outubro de 2001, o canal foi para o ar apenas sete horas por dia e a “patinar completamente”, nas palavras de Bruno Carvalho. Tanto assim que, logo em meados de Novembro, o director de informação, Carlos Magno, é demitido por um conselho de administração já exasperado com a “Ninguém Te Vê”, como lhe chama-vam os críticos. Os alarmes soaram e o canal sedeado no Monte da Virgem, em Gaia, esteve mesmo para ser en-cerrado. In extremis, Bruno Carvalho apresenta ao conselho de adminis-tração um plano de recuperação da NTV, que é aceite. Assim, a estação passou a ser transmitida durante 24 horas e, em 2002, era já líder de audiências no Grande Porto, com 10,2% de share no cabo.Entretanto, o Governo mudou e com ele a administração da RTP, que “quis acabar com o cariz portuense da NTV e torná-la um canal de todas as regiões”, conta Bruno Carva-lho. “Devagarinho e pacien-temente encontraram uma maneira de retirar o canal ao Porto”, lamenta ainda. Por conseguinte, abandona a NTV em Agosto de 2003, estação que, em Maio de 2004, daria lugar à RTPN.
A CAIXA QUEMUDOU O MUNDO
MUDOU-LHE A VIDA
BRUNO CARVALHO
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A latejar na cabeça fi cou, contudo, a ideia de criar “um canal do Porto e para o Porto”. A sua experiência no audiovisual foi, de resto, consolidada na Filbox, uma produtora de televisão de
que Bruno Carvalho seria sócio-gerente entre 2003 e 2006. No entanto, o espírito da NTV só ressuscitaria a 29 de Setembro de 2006, uma vez que o seu sucedâneo, o Porto Canal, teve de
aguardar quase três anos para ver autorizada a sua inclusão no pacote de canais da TV Cabo. Agora, decorridos dois anos de emissões, o balanço é, para Bruno Carvalho, “claramente positivo”. “A
maior parte das pessoas dizia que íamos estar no ar quinze dias e já cá estamos há dois anos”, atira. E isto apesar das “difi culdades em atrair investimento publicitário de grandes empresas,
como a Galp, a CGD, os CTT ou a EDP. Se nos chamássemos Lisboa Canal, de certeza que essas empresas investiriam. É uma questão de centralismo. Ninguém quer
saber do Porto para nada”, desabafa. No segmento cabo, o Porto Canal fi delizou 3% das audiências do Grande
Porto. Mas Bruno Carvalho não tem dúvidas de que “a força social do canal é já enorme. Toda a gente quer vir cá e quem vem diz que foi
visto”. A justifi cação reside, em seu entender, na “programação de proximidade” do canal, “o único que é falado em português
durante 24 horas”. Neste sentido, a estratégia passa hoje por “reforçar os espaços informativos”, a partir de “notícias de proximidade”. “Os outros canais não dizem o que se passa na rua onde as pessoas vivem. E isso é o que nós tentamos fazer aqui, no Porto Canal”.
Na alma, a chama imensaCom o respaldo fi nanceiro da produtora espanhola Media Luso, parceira do projecto, Bruno Carvalho espera atingir o break-even no próximo ano e, assim, afasta quaisquer sombras sobre a viabilidade do canal. Até porque o seu desaparecimento seria, garante, “catastrófi co” para a Área Metropolitana do Porto. “Nós combatemos o centralismo desmesurado que se vive em Portugal”, assegurando um “maior pluralismo informativo” e “criando líderes de opinião no Norte”. “A televisão em Portugal vai de Lisboa a Cascais. O olhar sobre o país é único e é o deles. Mas o Porto tem um olhar diferente e nós procuramos dá-lo”, explica.Em Lisboa mora, contudo, a sua “grande paixão”: o Benfi ca. Bruno Carvalho não desdenha a pers-pectiva de um dia vir a presidir ao clube encarnado, considerando que a sua condição de portuense não constitui um óbice a esse objectivo. Com uma chama bem menos imensa vive a política,
apesar de, nas Autárquicas de 2005, ter sido manda-tário da candidatura do PS à CM Porto, cuja lista era encabeçada por Francisco Assis. Justifi ca a sua fugaz
incursão pela política dizendo que o “Porto parou com Rui Rio” e que projecto socialista era, pelo contrário, “muito mobilizador e com bons projectos para a ci-dade”. Ou seja, propunha-se “fazer coisas”, aquilo de que Bruno Carvalho tanto gosta.
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A ironia de ser responsável por levar um “fi el amigo” qua-se à extinção devia obrigar-nos a repensar seriamente os nossos hábitos alimentares… Alguém notou que o
peixe que cozinhamos de “mil e uma maneiras” e consumi-mos em “mil e duas” ocasiões tem andado mais desaparecido no oceano que todos pensávamos inesgotável? Os portugueses notam que o preço tem subido, de vez em quando as notícias falam na difi culdade crescente em encontrar locais de pesca, as grandes secas de bacalhau quase desapareceram... Mas o facto é que continua quase invariavelmente a surgir nas bancas dos supermercados… De todo modo, ter o “fi el amigo” cozido “com todos” à mesa da Consoada, ou ao balcão nuns apressados boli-nhos de bacalhau, é um hábito tão enraizado na cultura portu-guesa que difi cilmente se altera.A pressão tem sido tal que os stocks de bacalhau no Atlântico Norte são considerados total ou quase totalmente esgotados. Resta o pesqueiro do Mar de Barentz que a Noruega tem vindo a gerir com assinalável zelo, explica Paulo Santos, investigador
Os mares estão a mudar: encontram-se cada vez mais despojados de peixe, apesar dos esforços
nacionais e internacionais para controlar a poluição e as capturas. Neste contexto, as ciências do meio
aquático são hoje alvo de grande expectativa e têm contribuído para a construção de uma alternativa em terra: a aquacultura. A U.Porto, em articulação
com o sector pesqueiro, tem estado na linha da fren-te. Talvez um dia seja possível manter o “fi el amigo”
e, vários outros, sempre à nossa mesa.
Como manterum “fi el amigo”
sempre à mesa?
Ciências do meio aquático
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do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR) – La-boratório de Biodiversidade Costeira – e professor da Faculda-de de Ciências da U.Porto. Este caso leva a pensar que, apesar de tudo, o equilíbrio entre os interesses económicos e a gestão sustentável dos recursos é possível. No entanto, explica ainda o investigador, o consumidor consciencioso que pretende con-tribuir para a recuperação dos stocks, evitando comprar peixe juvenil e preferindo o peixe maior, acaba por ser confrontado com o preço, porque o bacalhau maior é também o mais caro. O caso do bacalhau é apenas um exemplo mais próximo do paladar dos portugueses. Recentemente, passou a fazer parte do conjunto de espécies produzidas em aquacultura.
Espécies na lista vermelhaA situação de sobre-exploração, embora com algumas varia-ções, repete-se noutras espécies, quase todas carnívoras porque são as mais apreciadas para consumo humano. Para além do bacalhau, na chamada “lista vermelha” das espécies ameaçadas
há ainda o atum, o camarão, o alabote, o linguado europeu, o peixe-espada-branco, a pescada, diversos peixes vermelhos, o salmão, as raias, os tamboris, os tubarões (cação e tintureira, por exemplo). Com base na lista, a organização internacional Greenpeace promove uma campanha de sensibilização junto de consumidores e hipermercados. Muitos destes peixes são de crescimento lento (à escala de vários anos) e, portanto, aca-bam por ser capturados antes de atingirem a idade reprodutiva, o que torna a pesca ainda mais nociva para os ambientes ma-rinhos. No caso de espécies que crescem mais rapidamente, como a sardinha (que representa quase metade das capturas portuguesas), a situação não será tão grave. A ecologia explica que a redução do número de carnívoros se traduz num desequilíbrio nos ambientes marinhos, porque menor número de carnívoros signifi ca maior quantidade da espécie (ou espécies) de que se alimenta e, logo, maior pres-são sobre os primeiros níveis da cadeia alimentar: fi toplâncton (algas microscópicas que vivem na parte superior da massa de
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água) e zooplâncton (minúsculos animais que se alimentam do fi toplâncton). Escas-sez nestes primeiros níveis da cadeia de alimentação traduz-se num menor número de efectivos nos níveis seguintes, à medida que se sobe noutras cadeias alimentares que se estabelecem nos mesmos ambientes ma-rinhos. No entanto, dado que, geralmente, um predador não depende apenas de uma presa, nem depende apenas das condições alimentares, as inter-relações que se estabe-lecem são muito mais complicadas do que parece, sendo hoje estudadas por investi-
gadores com formação em sistemas complexos, refere João Coimbra, coordenador do CIMAR (Laboratório Associado que envolve o CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto e o CCMAR – Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve), onde existe um grupo de investigação dedicado a esta área.
Ameaças controlam-seO panorama adensa-se porque, para além destes efeitos da cha-mada “sobre-pesca”, há ainda impactes assinaláveis causados pelos diversos tipos de poluição que afectam mares e oceanos, seus ambientes e elementos vivos, e poluição indirecta provo-cada pela poluição dos rios. No entanto, existem ainda outras ameaças relacionadas com modifi cações diversas causadas pelo homem nos ecossistemas. As zonas costeiras e lagunares que desempenham, para muitas espécies marinhas, importantes funções de maternidade merecem especial atenção por esta-rem sob pressão e ameaça permanente.O estudo dos efeitos e extensão das toxinas e poluentes nos indivíduos e ecossistemas aquáticos são objecto de investiga-ção do CIMAR – nomeadamente quanto ao estabelecimento de indicadores, metodologias e tipifi cação dos efeitos –, nos Laboratórios de Toxicologia Ambiental, coordenados por Maria Armanda Henriques, e de Ecotoxicologia, liderados por Lúcia Guilhermino, ambas professoras no Instituto de Ciências Bio-médicas Abel Salazar. A monitorização cabe ao Instituto Por-tuguês de Investigação Marítima (IPIMAR), com o qual tem havido articulação sempre que, no decurso da investigação, é detectada alguma anomalia. A acumulação de poluentes nos organismos atinge proporções que merecem atenção especial em certas situações, como já se comprovou no fígado de tainhas de água doce, em que se detectou uma grande diversidade de substâncias tóxicas – o conhecido e (legalmente) banido pesticida DDT foi apenas uma delas. Mas a acumulação de tóxicos nos restantes tecidos, como os músculos, decorre a uma escala muito diferente. Por outro lado, a frequentemente referida acumulação de metais pesados nos organismos marinhos só merece preocupação, na
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Os benefícios do consumo de peixe para a saúde humana são inúme-
ros e conhecidos. O que a grande maioria de nós desconhece é que
os peixes transportam consigo um elevado número de formas pa-
rasitas distintas, algumas das quais, ditas zoonóticas, são capazes
de infectar o homem, causando patologias mais ou menos severas.
Assim, várias questões desde logo se colocam: Quais as espécies de
peixe que são infectadas por formas parasitas? Que espécies para-
sitas representam maior risco para a saúde humana? Que cuidados
devem existir durante a confecção do peixe, de forma a precaver a
transmissão da infecção ao Homem? É seguro comer sushi? Nada
de alarmes! Embora, em teoria, todas as espécies de peixe sejam
consideradas como potenciais hospedeiros de formas parasitas vá-
rias (genericamente designadas por ictioparasitas), desde que de-
vidamente confeccionado, o peixe não constitui qualquer ameaça à
saúde humana, continuando o seu consumo a oferecer numerosos
benefícios.
Dentro dos ictioparasitas, nem to-
das as formas são igualmente pe-
rigosas para o Homem. Os nemáto-
des anisaquídeos, por exemplo, são
responsáveis pela condição “anisa-
quidose”, caracterizada por proble-
mas gástricos graves que exigem
tratamento médico. Do outro lado
do espectro estão outros parasitas
que não representam qualquer ris-
co para a saúde. Na verdade, os pa-
rasitas estão em todo o lado e em
todos os seres vivos.
Após uma fase inicial centrada na procura e descrição de novas es-
pécies, os ictioparasitologistas alargaram os seus horizontes, ao da-
rem conta da eventual utilidade prática dos parasitas de peixes em
estudos de biomarcação (como sejam, por exemplo, estudos de ava-
liação e de discriminação de stocks e estudos de padrões migratórios
de determinadas espécies piscícolas) e de bioindicação da qualidade
ambiental de ecossistemas aquáticos (como sejam, por exemplo, es-
tudos que pretendam avaliar o grau de contaminação ambiental por
diferentes metais pesados e o grau de poluição térmica).
Sabia, por exemplo, que a razão para a tradicional sardinha se
apresentar “moída” pode ser devida à presença de um minúsculo
parasita do género Kudoa, que tem como acção liquefazer as fi bras
musculares do local onde se encontra? Pois é, embora este parasi-
ta não represente qualquer problema de saúde pública, ele confere
avultados prejuízos na indústria de conserva nacional de sardinha.
Outro aspecto interessante refere-se ao estudo de bactérias do gru-
po dos bacteriófagos que, embora sejam potencialmente patogéni-
cas para o peixe, poderão ser usadas como agentes benéfi cos, no-
meadamente na produção de vacinas capazes de evitarem doenças
de peixes cultivados em pisciculturas. Alguns destes assuntos são
as tarefas e o tema de investigação do grupo de Patologia Animal
do CIIMAR.
ADIVINHA QUEMVEM PARA JANTAR...
Francisca Cavaleiro,colaboradora do CIIMAR
Maria João Santos,professora da Faculdade deCiências da U.Portoe investigadora do CIIMAR
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EM FOCO
opinião de João Coimbra, em situações muito especiais, como o consumo muito regular (a uma escala diária, por exemplo) de seres vivos que vivem mais próximo do fundo, como o peixe espada, espécie também ameaçada.
Alternativa constrói-se em terraNeste contexto, podemos ser levados a pensar que a aquacultu-ra é a alternativa, mas não é bem assim. Primeiro, porque nem todas as espécies que consumimos podem, por enquanto, ser produzidas em aquacultura. Depois, considera Paulo Santos, porque as espécies produzidas em aquacultura são alimenta-das com rações à base de farinha de peixe (produzidas a par-tir de anchova ou capelim), portanto, também consumidoras de recursos marinhos e com impactes signifi cativos. Mas a evolução da actividade se bem apoiada na investigação, como também acontece no caso de vários grupos do CIMAR, poderá abrir boas perspectivas. Os grupos de investigação sobre nu-trição e qualidade – laboratórios de Nutrição (coordenado por Aires Oliva Teles) e de Nutrição, Crescimento e Qualidade do Peixe (liderado por Luísa Valente) – têm trabalham no sentido de tornar mais efi caz e melhor digerido o alimento e até de testar novos constituintes das rações, nomeadamente usando farinhas de origem vegetal e suplementos proteicos, o que po-derá representar benefícios para os ecossistemas, maior quan-tidade a custos mais baixos. Os estudos realizados até agora, com estas novas fórmulas de alimento, segundo Luísa Valente, têm sido incentivadores.As espécies de cultivo mais comum, e que os portugueses já se habituaram a ver nas bancas de venda de peixe, são a truta e a truta salmonada, o robalo e a dourada. Espécies como o lin-guado e o rodovalho (pregado) são relativamente recentes em aquacultura. A piscicultura do Rio Alto (unidade da empresa A. Coelho & Castro), com sede na Póvoa do Varzim e dirigi-da tecnicamente por um antigo estudante da U.Porto, Isidro Blanquet, foi pioneira em Portugal na criação de linguado e rodovalho. Actualmente, nas instalações da Estela (Póvoa do Varzim), é acolhido todo o ciclo de vida do linguado e, no caso do rodovalho, apenas a fase de crescimento. Nesta empresa,
No âmbito de uma candidatura a um cluster regional para o sector do
Mar, a U.Porto é um dos parceiros para um dos pólos desse cluster. Neste pólo, a criar no Porto de Leixões, a Universidade pretende ins-
talar uma extensão do seu Parque de Ciência e Tecnologia (UPTEC)
para o sector do mar. Actualmente, o UPTEC existe apenas na Aspre-
la e no Campo Alegre, estando previsto, para além do já referido,
uma extensão para as indústrias criativas e outra para o sector agro-
alimentar, este último a criar em Vairão.
No pólo de Leixões participam, para além do UPTEC, a Administração
dos Portos do Douro e Leixões (APDL), o CIMAR (a parte do Labo-
ratório Associado CIIMAR ligada à U.Porto), o Instituto para o De-
senvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar (IDCEM) e a
Câmara Municipal de Matosinhos.
Na margem Sul do Porto de Leixões, está prevista a construção de
um novo Terminal de Cruzeiros, com uma marina e um novo edifício,
um complexo a concluir em 2011. O futuro edifício incluirá, previ-
sivelmente, as valências de apoio ao serviço de cruzeiros, no piso
inferior, mas também espaço para acolher o Centro de Investigação
Marinha e Ambiental, com zonas de laboratório, e ainda espaço de
divulgação científi ca. O pólo do mar do UPTEC ocupará parte do sec-
tor Norte e do sector Sul do Porto de Leixões.
Do lado Norte, a U.Porto pretende instalar a extensão do UPTEC para
o sector do mar, no antigo edifício da sanidade. Constituir-se-á como
incubadora de empresas ou espaço de acolhimento de operadores
e instituições com vocação marítima, com um tanque de 12 a 15 me-
tros de profundidade para experiências em tecnologias e ciências
marinhas, ou testes de materiais, equipamentos e operadores em
condições simuladas de mar. Nesta zona poderão vir a funcionar tra-
balhos relacionados com o 2.º e 3.º ciclos de formação da U.Porto
em Ciências do Meio Aquático. O objectivo é, afi rma Jorge Gonçal-
ves, vice-reitor da U. Porto, criar ali um ambiente favorável a novas
actividade, produtos e agentes do sector.
Para o início do ano está prevista a inauguração de uma pequena área
de trabalho que lançará o desenvolvimento deste Parque de Ciência e
Tecnologia, que ocupará 2.800 m2. Nessa pequena unidade de lança-
mento trabalhará um interlocutor com formação em biologia, conheci-
mento em tecnologias e experiência empresarial. A Câmara Municipal
de Matosinhos está também a preparar a instalação, não muito longe,
de um parque industrial de retaguarda, com 50.000 m2.
CIMAR E UPTECEM MATOSINHOS
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RAIA PARAOBSERVAR OMAR NOROESTE
A proposta de um observatório de dados oceanográfi cos (físicos,
químicos e biológicos) e meteorológicos está a ser preparada por
um conjunto de entidades ligadas ao sector no Norte de Portugal e
na Galiza. Trata-se de um projecto coordenado pela MeteoGalicia –
Consellería de Medio Ambiente e Desenvolvemento Sostible, Junta
da Galiza, mas que envolve ainda o CIIMAR e outros três centros de
investigação da U.Porto na área das engenharias e tecnologias – Ins-
tituto de Sistemas e Robótica (ISR), Instituto de Engenharia Mecâni-
ca e Gestão Industrial (INEGI) e Instituto de Engenharia de Sistemas
e Computadores do Porto (INESC/Porto) –, a Universidade de Aveiro,
o Instituto Hidrográfi co e investigadores na área da Engenharia Fí-
sica. Do outro lado da fronteira estão ainda envolvidos o Instituto
Español de Oceanografía (IEO), a Universidade de Vigo (UVigo), Inte-
cmar, o CETMAR e o Instituto de Investigaciones Mariñas (IIM-CSIC).
A candidatura apresentada ao INTERREG IV A (Innovation & Environ-
ment, Regions of Europe Sharing Solutions), já aprovada, consiste
num observatório de oceanografi a física e meteorologia, incluindo
também parâmetros biológicos, associada a uma rede de bóias com
sensores, a instalar ao longo da costa Noroeste da Península, que
completará o sistema já existente em Portugal. Esta rede, designada
RAIA, entre outras vantagens, permitirá a monitorização de tráfego
marítimo, previsões sobre o estado do mar e meteorologia (infor-
mando pescadores e surfi stas, por exemplo), acompanhamento de
alterações no clima e no oceano, avaliação de riscos naturais (evo-
lução da costa, por exemplo) e associados a actividades humanas
(destaque para a poluição), e o estudo da evolução de certos pa-
râmetros biológicos. Serão principais benefi ciários os organismos
responsáveis pela gestão dos recursos marítimos, controlo da qua-
lidade da água e segurança marítima, os centros de investigação,
os operadores turísticos, entre outros. Estuda-se, actualmente, a
possibilidade de alargar o âmbito de actuação também à área so-
cioeconómica.
com instalações também em Montalegre, Paredes de Coura e Sines, decor-rem projectos de investi-gação em articulação com o CIMAR e, em breve, começará um outro à es-cala europeia, com o in-tuito de testar a produção em aquacultura de novas
espécies: bacalhau, goraz (também objecto de investigação no CIMAR), pescada, salmonete, polvo e corvina. O bacalhau, o goraz e a corvina já estão a ser produzidos em aquacultura, em-bora com limitações. No primeiro caso, produz-se apenas nos países nórdicos, cresce menos que os indivíduos em ambiente natural e é consumido fresco, não podendo ser seco porque tem um índice de gordura corporal mais elevado. Dado o bai-xo custo de colocação no mercado português da produção em aquacultura intensiva noutros países mediterrânicos, como a Grécia, a diversifi cação de espécies pode ser a chave para o sec-tor em Portugal. O projecto europeu SEACASE, em que o CI-MAR é parceiro, pretende precisamente estabelecer indicado-res que possam contribuir para comparar o desenvolvimento e a qualidade do peixe criado em regime intensivo e extensivo.Por outro lado, os Laboratórios de Patologia, regidos por Jorge Eiras, e de Imunobiologia, por António Afonso, têm vindo a contribuir para o melhor conhecimento da sanidade do peixe, dos seus problemas de saúde e formas de tratamento (ver pág. 16). No último caso, a investigação sobre vacinas permitirá evi-tar o uso de antibióticos que, se não cumpridos os limites de segurança, nomeadamente o prazo de eliminação pelo organis-mo do peixe antes do consumo humano, poderão ser potencial-mente nocivos.A U. Porto desenvolve, portanto, investigação e acompanha-mento técnico-científi co em toda a linha das ciências do meio aquático, mantendo fortes laços de colaboração com organis-mos e instituições da Galiza, entre outras, na área da nutrição de organismos aquáticos.
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Ao contrário do que possam parecer, os chamados “po-luentes emergentes” são as-
sim designados não tanto por serem poluentes novos, mas, sobretudo, por estar a emergir o estudo da sua ecotoxicidade – efeitos adversos na saúde pública e impacto ambiental que poderão conduzir à sua inclu-são em futuras directivas europeias. Muitos, aliás, estão no ambiente que nos rodeia há anos ou décadas e
podem ter efeitos agressivos nos ecossistemas e nos indivídu-os, mas ainda se sabe pouco sobre a sua extensão e impacto. A diversidade de poluentes emergentes é grande. Podem enquadrar-se nos seguintes grupos de compostos: toxinas provenientes de algas; antioxidantes; substâncias usadas em bioterrorismo e sabotagem; detergentes; subprodutos de de-sinfecção da água para consumo humano, retardantes de cha-ma, fragrâncias, aditivos da gasolina, nanopartículas, produtos de beleza, pesticidas, biocidas, produtos farmacêuticos, me-tais vestigiais e seus compostos, anticorrosivos, preservantes de madeira, plastifi cantes, entre outros. Em alguns casos, são substâncias surgidas recentemente ou que passaram a ter uso mais comum nos últimos anos devido às exigências da socie-dade moderna. O ritmo a que são introduzidos no ambiente excede a sua capacidade de degradação. Frequentemente, devi-do à sua baixa concentração (mas elevada nocividade) exigem novas técnicas e enorme rigor na identifi cação e determinação da concentração. Efeitos cancerígenos, desregulação endócri-na, provocando por exemplo alteração no comportamento do sistema reprodutivo e mudança no sexo dos seres vivos aquáti-cos, e a selecção de estirpes bacterianas resistentes a antibióti-cos – estes dois casos principalmente decorrentes dos resíduos farmacêuticos – estão entre os efeitos conhecidos.
O IAREN – Instituto da Água da Re-gião Norte, nascido da Faculdade
de Farmácia da U.Porto e organismo de interface entre a Universidade e a região, está na vanguarda das
análises ambientais a nível europeu. Os poluentes emergentes, a surgi-
rem na investigação mundial deste sector e fonte de grande incerteza e
preocupação, são a grande aposta para o futuro, embora se mantenha
a análise de águas, solo e sedimen-tos como principal serviço à comuni-
dade e única fonte de receita.
IARENREFERÊNCIA EUROPEIA
NA ANÁLISE DEPOLUENTES EMERGENTES
Rios limpos em 2015Apostando nesta área nova e de tecnologia laboratorial de pon-ta, o Instituto da Água da Região Norte (IAREN), sedeado em Matosinhos e organismo de interface entre a U.Porto (por ini-ciativa da Faculdade de Farmácia) e a comunidade, tornou-se um laboratório de referência europeu na monitorização de po-luentes emergentes – sendo membro fundador da rede NOR-MAN (Network of Reference Laboratories for the Monitoring of Emerging Environmental Pollutants). A investigação tem sido dirigida para metodologias automatizadas, miniaturiza-das e amigas do ambiente. A funcionar em instalações recentes junto a um antigo depósito de água, o IAREN, cuja actividade principal é a análise de águas de variadas matrizes e solos da região, prevê ampliar esta sua valência de análise de poluentes emergentes. O espaço do antigo depósito de água pode vir a ser usado para esse efeito procurando desenvolver trabalhos inovadores numa área cada vez mais procurada e cada vez mais exigente, que implica equipamento caro, muito especializado e técnicos com formação adequada. Perspectiva-se que o investimento em equipamento para aná-lise de poluentes emergentes, num valor superior a 200 mil euros, seja cada vez mais uma prioridade, como demonstrou o recente caso, entre vários outros, em que se detectaram estrogé-neos nas águas do Rio Douro, compostos esses que funcionam como desreguladores endócrinos nos organismos aquáticos e em que os sofi sticados aparelhos do IAREN desempenharam papel crucial. No entanto, como não está ainda devidamente estudada a relação entre a concentração das substâncias e os seus efeitos e não estão fi xados limites legais, não se sabe o alcance da concentração encontrada.Como ponto de contacto, em Portugal, da rede NORMAN, compete ao Instituto sedeado em Matosinhos a recolha e envio ao gestor da rede de todos os dados produzidos a nível nacio-nal sobre ocorrência e efeitos de poluentes emergentes. Assim,
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com a colaboração dos vários pontos de contacto na Europa, a rede europeia procura a validação e harmonização de métodos analíticos na perspectiva de fornecer informação e parâmetros de referência, estudos de ocorrência, transporte e efeitos eco-lógicos deste tipo de poluentes, apoiando cientifi camente as autoridades europeias na concretização dos objectivos da Di-rectiva Quadro da Água que é atingir o bom estado químico e ecológico de todas as águas interiores até 2015.Outra situação problemática, há muito conhecida e detectada sistematicamente nas análises do IAREN, mas não relaciona-da com os chamados poluentes emergentes, é a elevada con-centração de nitratos e pesticidas nas águas dos poços na zona entre os rios Ave e Cavado, devido à ampla actividade agrícola, o que inviabiliza a sua utilização para consumo humano. Este estudo deu origem a uma tese de doutoramento, esperando-se que este conhecimento possa contribuir para o melhoramento da situação num futuro próximo.
Ponte U.Porto/comunidadeO IAREN é constituído por 39 associados, nos quais se encon-tram, para além da U.Porto, empresas municipais de água e serviços municipalizados de água e saneamento, câmaras municipais, organismos regionais da administração central e empresas, sobretudo localizadas na zona Norte de Portugal. É o laboratório português com maior número de parâmetros acreditados (205), sendo os mesmos de natureza microbioló-gica e físico-química (entre os quais metais pesados e compos-tos orgânicos de síntese: pesticidas, hidrocarbonetos, ftalatos, detergentes, fenóis, compostos orgânicos voláteis, etc.), para análise de várias matrizes ambientais: águas naturais, águas residuais, lamas, solos e sedimentos. É também o laboratório português que mais parâmetros conseguiu acreditar de um só vez (165) na auditoria de concessão realizada pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC). A nível nacional, apenas o IAREN tem capacidade para analisar certos parâmetros, como
é o caso de determinados pesticidas, compostos orgânicos vo-láteis (hidrocarbonetos voláteis que resultam da manipulação e uso de combustíveis fósseis), derivados fenólicos, compostos organometálicos, ftalatos (usados para tornar o plástico mais maleável, considerados cancerígenos) e certos grupos de sub-produtos de desinfecção da água para consumo humano.A preocupação em estar na vanguarda das análises ambientais também é determinada pela necessidade de acolher a investi-gação que se faz na U.Porto, sobretudo na Faculdade de Far-mácia, ao nível da pré-graduação, de mestrados, doutoramento e pós-doutoramentos e promoção de estágios. Um terço dos lucros do IAREN são destinados à investigação. Em 2005, o IAREN analisou 20 mil amostras e realizou 200 mil determi-nações. A estas actividades juntam-se ainda os cursos de for-mação promovidos com regularidade.No entanto, os custos associados à qualidade, rigor e presença cimeira no sector das análises ambientais não têm, lamenta Fátima Alpendurada, compensado o investimento feito na acreditação, que é obrigatório, verifi cando-se, acrescenta, que certas entidades encaminham amostras para o estrangeiro, resultando em prejuízos para o país e para a fi abilidade dos resultados, bem como uma dilatação dos prazos para análise. A directora sublinha que as despesas de funcionamento deste instituto só podem ser suportadas pelas receitas provenientes dos trabalhos realizados, dado que não existem outras fontes de receita, e alerta ainda para a necessidade de uma maior responsabilização de todos nesta questão: “Sendo a água um património da humanidade, cabe a todos nós, sem excepção, assumir a responsabilidade pela situação actual, e a necessida-de de desenvolvermos esforços para que se inverta a tendência da diminuição da qualidade da água, através do investimento na educação e da aposta na prevenção da poluição”.
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Qual é a situação actual da epidemia VIH/sida em Portugal? Ao longo dos anos, baseámos o nosso conhecimento da evolução da infecção em informação quantitativamente muito má. E isso fez com que as respostas à infecção tenham sido pensadas olhan-do, muito provavelmente, para uma fotografi a desfocada...
Quer dizer que as estatísticas não correspondem à realidade?Sim. As estatísticas não correspondem totalmente à realida-de, por duas ordens de razões. Primeiro: os médicos têm, pelo seu conceito de privacidade dos doentes, relutância em gerar informação. Ocorre aquilo que designamos tecnicamente por subnotifi cação, ou seja, há um número signifi cativo de casos que não são declarados. Segundo: o sistema que existia nunca foi auditado e avaliado. Ora, isso é indispensável porque as cor-recções fazem-se ao longo do tempo, e não ao fi m de décadas.
Neste contexto, qual é o retrato possível da epidemia?A informação que temos, e que começa a ser coerente, indica que estamos numa fase de defervescência da infecção. Existem cerca de 30 mil casos de infecção declarados, mas o número de casos novos é inequivocamente menor. Isto resulta da própria dinâmica de uma infecção. Há uma fase em que a infecção cresce na população e depois entra em defervescência, porque há uma resposta biológica e uma resposta social. Mas o facto da infecção estar a diminuir não quer dizer que esta não possa reactivar-se e renascer. Isso depende, obviamente, do grau de preparação do conjunto de estruturas profi ssionais que a nossa sociedade possui para responder à epidemia.
Falou de uma resposta biológica e de outra social. Em concreto, que respostas são essas?Estamos a falar de uma infecção e, portanto, há um jogo entre um agente infeccioso e um hospedeiro susceptível. A estratégia de ambas as espécies é, obviamente, sobreviver. Isto signifi ca que, nas primeiras fases, há pessoas que são, por razões gené-ticas, mais susceptíveis de serem infectadas, enquanto outras são mais resistentes. Sabemos que há variantes genéticas que fazem com que a infecção não seja possível, porque o vírus en-quanto chave não encontra na célula humana a fechadura que lhe permite abrir a porta para entrar. E há outras variantes em que, mesmo infectando, a estrutura genética das pessoas im-pede que haja uma progressão para formas graves de doença. É neste sentido que eu digo que há uma resposta biológica, res-posta essa sobre a qual ocorre uma intervenção farmacológica para supressão da actividade virosa.
E a resposta social?A resposta social prende-se com a compreensão dos mecanis-mos de contágio. Percebeu-se muito rapidamente que a infec-ção era transmitida de mãe para fi lho, entre parceiros sexuais, entre pessoas que usavam drogas ou material de injecção não estéril, ou ainda em pessoas que faziam transfusões de sangue não seguras. Entretanto, houve uma resposta tecnológica para garantir a segurança do sangue e uma resposta terapêutica para impedir, através de fármacos, a transmissão do vírus da mãe para o fi lho. Mas fi caram por dar as respostas relativas à utilização de drogas por via injectada e às relações sexuais. E aí houve uma modifi cação dos padrões de vida: os consumidores de droga voltaram-se para as drogas não injectadas e tentaram evitar a partilha de seringas; o início da actividade sexual foi adiado; e a utilização de preservativos aumentou.
O Coordenador Nacional para a Infecção VIH/sida considera que a socie-
dade portuguesa está melhor preparada para responder à epidemia, graças
ao avanço das respostas biológica e social. Segundo Henrique Barros, a
infecção entrou, em Portugal, numa “fase de defervescência”. O número de
casos novos de sida é “inequivocamente menor”, sobretudo entre as popula-
ções vulneráveis. Mas, apesar da evolução, o estigma social continua muito
presente, o que constitui um factor acrescido de risco. Hoje, “a sida não é es-
sencialmente um problema de saúde, mas sim um problema social”, garante o
também docente e investigador da Faculdade de Medicina da U.Porto.
“A SIDA É HOJEESSENCIALMENTE UM PROBLEMA SOCIAL”
FACE-A-FACE
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HENRIQUE BARROS, COORDENADORNACIONAL PARA A INFECÇÃO VIH/SIDA
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Sexo, drogas e tabus
Qual é o padrão epidemiológico português?Em Portugal, a infecção foi conduzida pela propagação entre utilizadores de drogas. A infecção de homens que tinham sexo com homens era, quantitativamente, menos importante, pois estes tinham mais consciência do risco e aderiram a formas de prevenção efi cazes, como a utilização do preservativo. Ainda hoje, dos cerca de 30 mil casos declarados quase metade estão associados ao consumo de drogas. E nas fases iniciais da infec-ção, essa proporção é muito mais alta.
E de que grupo etário estamos a falar?A infecção VIH permanece uma infecção de adultos jovens, por duas razões: está associada ao consumo de drogas e à acti-vidade sexual, que são práticas do fi nal da adolescência e início da idade adulta. Portanto, se as pessoas se infectam aos 16, 18, 20 anos, e se nada for feito, vão aparecer com sida, a fase fi nal da infecção, cerca oito a dez anos depois. Em Portugal, temos aquilo que tecnicamente se designa por epidemia concentrada. Ou seja, a infecção não está espalhada pela população, como
nos países africanos. A infecção só está generaliza-da quando 1% ou mais das mulheres grávidas são positivas. Quando 5% da infecção atinge, como é o nosso caso, as populações vulneráveis (consumido-res de droga, homens que têm sexo com homens, presos ou trabalhadores de sexo), diz-se que a epi-demia é concentrada.
Contudo, se não tivermos uma atitude de educação, informa-ção e ausência de tabus, é natural que comecem a surgir casos em pessoas mais velhas. Isto porque se vive cada vez mais anos e a sexualidade activa estende-se até mais tarde.
Que efeitos teve a evolução dos fármacos na modifi cação do padrão epidemiológico?Mudou completamente. Passou-se de uma fase em que a po-sitividade para o VIH era quase uma sentença de morte para uma fase em que se vive 10, 20, 30 anos com a infecção. Mas tendo, obviamente, que suportar os efeitos colaterais dos medi-camentos e as consequências de uma infecção permanente.
Podemos considerar a sida uma doença crónica? É eminentemente uma doença crónica porque as pessoas vi-vem durante muito tempo, embora o seu dia-a-dia seja con-dicionado pelos tratamentos. Hoje, as pessoas infectadas têm uma qualidade de vida muito razoável, quando não muito boa. Aliás, essa qualidade de vida não tem a ver nem com a infecção nem com os tratamentos, mas sim com o olhar dos outros.
O estigma social ainda está muito presente em Portugal?Sim, sem dúvida. Quanto mais rígidos são os padrões sociais de avaliação dos outros, mais se discrimina e se tende a estig-matizar. O que é péssimo para uma doença destas, em que a resposta fundamental depende da detecção precoce da infecção. As pessoas que sabem que estão infectadas modifi cam os seus comportamentos e, por isso, é menos provável que infectem os outros. Logo, quanto maior for o estigma e a discriminação, mais a infecção vai permanecer e o risco será maior.
A evolução dos fármacos não está a ter o efeito perverso de conduzir a um certo relaxamento na prevenção? O facto de se poder viver bem e muito tempo com a medicação fez, nomeadamente em alguns estratos sociais e educacionais, emergir a ideia de que já chegava de prevenção primária. Nas comunidades homossexuais dos EUA e da Europa está-se a notar algum reacender da infecção, porque houve um cansaço de duas décadas e meia de prevenção. Mas não é justifi cável porque, ao utilizar um preservativo, não estamos simplesmen-te a protegermo-nos da infecção VIH. Estamos também a pro-tegermo-nos de outras infecções que todos nós conhecíamos do passado e que agora estão a reaparecer, como a sífi lis, por exemplo. De resto, nada nos garante que não possam surgir outros agen-tes. E se a transmissão for por via sexual, os mecanismos de barreira funcionam. Portanto, a mensagem tem de ser muito clara: isto não é uma espécie de expiação sobre pessoas em particular, mas sim uma boa escolha de estilo de vida.
Ciência numa encruzilhada
Qual é o “state-of-the-art” da investigação mundial sobre o VIH/sida, designadamente em relação a uma possível vacina? A ciência procura o conhecimento dentro de determinados quadros paradigmáticos. Se eu quero encontrar uma vacina para um vírus, como o da varíola ou do sarampo, é natural que vá mais ou menos pelo mesmo caminho. E esse caminho mostrou-se, no caso do VIH, inefi caz. Por isso, o grande salto será alguém que seja capaz de pensar isto de outra maneira, de ter um olhar diferente do olhar de décadas sobre a forma de encontrar vacinas. E, já agora, também sobre a forma de as testar. Este aspecto é muito importante no caso do VIH. Quan-do testamos uma vacina para a transmissão da rubéola ou da tuberculose, estamos a trabalhar com um agente que não tem grande dependência das nossas atitudes pessoais. No caso con-creto da infecção VIH, nós sabemos que há uma forma extre-mamente efi caz de prevenção: o preservativo. Ora, não é etica-mente aceitável pedir às pessoas para ter relações sexuais sem preservativos, sendo umas vacinadas e outras não para ver se a vacina funciona. Portanto, até por este aspecto isto nos obriga a imaginar a experimentação como não estávamos habituados.
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FACE-A-FACE
“A INFECÇÃO VIH PERMANECE UMA
INFECÇÃO DEADULTOS JOVENS”.
“AS PESSOAS QUE SABEM QUE ESTÃO INFECTADAS MODIFICAM OS SEUS COMPORTAMENTOS E, POR ISSO, É MENOS PROVÁVEL QUE INFECTEM OS OUTROS”.
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A vacina não é, portanto, uma prioridade, mas sim a prevenção?Não! A vacina é a prioridade das prioridades. Mas temos de vol-tar atrás e refazer toda a história, para ver se encontramos um caminho diferente. O exemplo da experimentação é o exemplo limite da incapacidade de demonstrar a efi cácia da vacina. Ago-ra que esta seria a solução, inequivocamente que sim.
Tem esperança de que a vacina seja encontrada a curto/médio prazo?É muito difícil dizer. Tanto pode demorar anos como pode ser já amanhã. Precisamos de procurar uma solução inteligente, o tal caminho novo. E estão milhares de pessoas em todo o mundo a fazê-lo.
Que contributos tem dado a ciência portuguesa para o estudo do VIH?Infelizmente muito poucos. A virologia e a imunologia não são áreas tradicionalmente fortes na investigação portuguesa, ao contrário de muitas outras áreas das Ciências da Vida. Além disso, não tivemos durante muito tempo o hábito de fazer cir-cular a informação entre a enfermaria, o laboratório e a popu-lação. Por outro lado, foi muito forte a pressão para encontrar o agente da infecção, as medicações mais efi cazes e os chamados microbicidas, o que tornou a investigação nesta área brutalmente rápida. Por isso, só os grupos com muita massa crítica, capacidade de trabalho e ligações a várias áreas de investigação são ven-cedores neste caminho. E Portugal não tem, ob-jectivamente, estas condições.
Mas seria importante que tivesse...Penso que é fundamental que tenhamos. Portugal é, há vários anos, o país da Europa ocidental com mais casos de infecção. Portanto, seria expectável que se empenhasse intelectual e cientifi camente no problema. Além disso, Portugal é em rela-ção a um tipo particular de vírus, o VIH2, o país da Europa com mais casos autóctones, o que quer dizer que tem uma obriga-ção acrescida de produzir conhecimento, trazer informações novas e procurar respostas inovadoras.Obviamente que é sempre possível mudar esta situação. E eu espero que isso aconteça, pois sem investigação básica, sem investigação clínica e sem investigação comportamental não temos as provas necessárias nem para agir nem para medir o resultado das nossas acções. Importa, contudo, salientar que as universidades portugue-sas têm dado um contributo importante na formação de recursos humanos de quali-dade e com vários níveis de diferenciação.
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“PORTUGAL É, HÁ VÁRIOS ANOS, O PAÍS DA EUROPA OCIDENTAL COM MAIS CASOS DE INFECÇÃO”.
Especialistaem epidemiologia
Henrique Barros nasceu em 1957 no Porto. Excep-
tuando a passagem pelo Hospital Universitário de
Lund, na Suécia, enquanto research fellow (1988),
a sua actividade académica e profi ssional tem sido
desenvolvida na Faculdade de Medicina da Univer-
sidade do Porto (FMUP), onde se licenciou em 1981
e se doutorou dez anos depois. Henrique Barros
notabilizou-se como investigador científi co, sendo
hoje um dos mais reputados especialistas portu-
gueses na área da epidemiologia. Publicou mais de
100 artigos em revistas indexadas, designadamente
sobre temas como a saúde perinatal, a infecciolo-
gia, as doenças cardiovasculares e o cancro. Dezas-
seis trabalhos seus receberam prémios nacionais e
internacionais. Não é por isso de estranhar que, em
Agosto de 2005, tenha sido convidado para liderar a
Coordenação Nacional da Infecção VIH/sida, entida-
de que está incumbida de coordenar as actividades
de prevenção da infecção no país. Já antes, entre
1994 e 1999, tinha presidido à Direcção da Asso-
ciação Portuguesa de Epidemiologia. É professor
catedrático do 5.º Grupo (Sociologia Médica), na
FMUP, faculdade onde exerce as funções de director
do Serviço de Higiene e Epidemiologia e de regente
da disciplina de Higiene Hidrológica do Curso de
Climatologia e Hidrologia.
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FACE-A-FACE
Depois de tudo o que falámos, que balanço faz da actividade da Coordenação Nacional?Nós também estamos numa fase de mudança. Os grandes pro-gramas verticais, impositivos e monotemáticos são respostas do passado. Não faz sentido tentar controlar tudo, sobretudo
quando estamos a falar de uma doença. A res-posta tem de passar pela coordenação real das respostas dos vários níveis institucionais, sejam da saúde, sejam sobretudo de fora da saúde. Ou seja, é preciso sermos capazes de infl uenciar as estruturas do trabalho, para que as pessoas não percam o emprego por estarem infectadas. É pre-
ciso sermos capazes de infl uenciar as estruturas do ensino, para que a educação sexual se torne uma realidade. É preciso sermos capazes de infl uenciar as estruturas da ciência, para que se investigue mais nesta área...
E tem havido essa capacidade de infl uência?Pelo menos montaram-se as estruturas para que isso aconteça. Não é fácil, obviamente. Mas este é, inequivocamente, o ca-minho. A emergência de uma doença que afectou estratos da população socialmente muito desenvolvidos – com poder aqui-sitivo, cultura e capacidade de reivindicar direitos – fez com que, praticamente pela primeira vez, os doentes assumissem o protagonismo social que lhes compete. Vivíamos num modelo muito paternalista, em que o médico e o sistema de saúde as-sumiam a responsabilidade pela pessoa doente e esta esperava, passivamente, que lhe fi zessem o bem. Ora, a urgência de fazer qualquer coisa para rapidamente mudar um percurso – que, de alguma forma, se mudou – criou toda uma resposta social completamente diferente daquela que tínhamos há 30 anos. As pessoas interessadas são, necessariamente, o fundamental da resposta ao problema, e não o sistema de saúde. Mesmo ten-do o conhecimento, as estruturas e os instrumentos de resposta, o sistema de saúde não deve actuar sem os doentes.
A hora da sociedade civil
Por conseguinte, a estratégia da Coordenação Nacional foi-se al-terando.A estratégia foi-se alterando no sentido de dar cada vez mais poder, visibilidade e capacidade de intervenção à sociedade civil e, ao mesmo tempo, alargar esta discussão a todos os es-tratos da vida em sociedade. A sida é hoje essencialmente um problema social, e já não tanto um problema de saúde.
Sendo um problema social, quais são as intervenções prioritárias da Coordenação Nacional? A estratégia hoje é esta: primeiro, conhecer a epidemia, ou seja, saber qual é a realidade do país. Segundo, agir de acordo com essa informação. Se a infecção está concentrada em populações vulneráveis, há que actuar de maneira a inibir, nesses estratos populacionais, a transmissão do vírus. E, por último, garantir que a infecção não surge noutros lados, educando a população para a saúde.
Quais são as metas da Coordenação Nacional em termos de preva-lência de casos de sida? Uma das coisas que nós fi zemos e pela qual somos responsa-bilizáveis é o Programa Nacional [de Prevenção e Controlo da Infecção VIH/sida], que descreve um conjunto de objectivos, metas e estratégias entre 2007 e 2010. Nesses objectivos quan-tifi cados está a diminuição em 25% do número casos de morte por sida e do número de casos de sida. E penso que vamos con-seguir. Um outro objectivo é diminuir o número de infecções e esse não está quantifi cado, simplesmente porque nós não acre-ditávamos na fi abilidade da informação disponível. Hoje conhecemos melhor a realidade. O número de testes do VIH realizados nos centros de aconselhamento e diagnóstico anónimo mais do que duplicou, se comparado com a realidade de há quatro ou cinco anos. Sabemos que a realização de testes antes da gravidez é praticamente universal e isso permite-nos viver numa sociedade em que, dentro dos limites do razoável, contivemos a transmissão do VIH. Diminuiu, igualmente, as infecções entre pessoas que consomem drogas. Neste momen-to, em colaboração com o IDT [Instituto da Droga e da Toxico-dependência], já avaliámos mais de 15 mil utilizadores de dro-gas e verifi cámos algo muito importante: só cerca de 3% é que não sabiam que tinham a infecção. Outro indicador importan-te: o modelo de “contratualização” com os hospitais permite conhecer melhor o número de doentes que entram em trata-mento. Portanto, nós temos hoje um conjunto de indicadores que, cruzados uns com os outros, nos dão uma imagem mais nítida da realidade e nos permitem, a partir de 2010, arriscar metas quantifi cadas de uma forma mais realista.
“NÃO FAZ SENTIDO TENTAR CONTROLAR TUDO,
SOBRETUDO QUANDO ESTAMOS A FALAR DE UMA DOENÇA”.
“AS PESSOAS INTERESSADAS SÃO, NECESSARIAMENTE, O FUNDAMENTAL DA RESPOSTA AO PROBLEMA, E NÃO O SISTEMA DE SAÚDE”.
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HOMENAGEM
Em 2008, a U.Porto foi confrontada com o desapareci-mento de ilustres membros da sua comunidade aca-démica. Logo a 26 de Janeiro, a investigadora do Ins-
tituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) Mónica Castro (1973-2008) faleceu ainda jovem, para desgosto dos que com ela conviveram de perto, como o seu colega Alexandre do Car-mo. Segundo este investigador, Mónica Castro “era estimada e respeitada pelos seus amigos do trabalho e da Universidade e admirada pelos mais jovens, que a sentiam como modelo de dedicação e profi ssionalismo. E de grande generosidade – nun-ca aqui [IBMC] conheci ninguém com tão grande capacidade e disponibilidade para ajudar. Para os mais seniores, a Mónica era uma colega mais jovem, alguém que já era uma certeza no nosso meio científi co, e que iria ser brilhante”, considera Alexandre do Carmo.Mónica Castro tinha formação superior em Bioquímica e con-cluiu o Programa de Doutoramento GABBA (Programa Gradu-ado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada) da U.Porto, per-tencendo à classe de 1997. A Imunologia Molecular era a sua área de investigação e, graças ao mérito que evidenciou neste domínio, Mónica Castro foi bolseira da Fundação para a Ciên-cia e a Tecnologia e, pouco tempo antes de falecer, chegou a ser seleccionada no âmbito do Programa Ciência 2007 de Contra-tação de Doutorados para o Sistema Científi co e Tecnológico Nacional. Do currículo da investigadora, há ainda a registar o Programa Gulbenkian de Estímulo à Investigação com que foi distinguida pela fundação homónima. A 22 de Abril, a comunidade académica da U.Porto voltou a en-lutar-se, neste caso em consequência do falecimento de Isabel Santos (1945-2008), professora catedrática do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências (FCUP). Num texto de elogio póstumo, José Pissarra, também docente e investigador do referido departamento, considerou não ser “exagero dizer que a Professora Isabel Santos teve uma vida consagrada à Aca-demia; como verdadeiro Professor Universitário assumiu este sacerdócio devotando-se à docência e à investigação. São pesso-as assim que fazem as instituições e esta prestigiou altamente aquela que serviu”.Isabel Santos licenciou-se em Biologia pela FCUP, em 1972, com a classifi cação fi nal de 16 valores, o que lhe valeu a con-
quista dos prémios “Dr. Manuel Ferreira” e “Eng. António de Almeida”. Na U.Porto concluiria, em 1980, o doutoramento em Biologia (especialidade Ultraestrutura e Fisiologia Celular). Em 1989 realizou as provas de agregação, ascendendo no ano seguinte à posição de professor catedrático. Como investigado-ra, Isabel Santos integrou o Centro de Citologia Experimental da U.Porto e, mais tarde, o IBMC, tendo-se notabilizado pelos seus estudos na área da Biologia Vegetal. Seria, aliás, responsá-vel pela respectiva unidade de investigação. Desenvolveu inú-meros projectos de pesquisa científi ca, deixou vasta obra pu-blicada e foi regente de disciplinas de licenciatura e mestrado das áreas de Desenvolvimento Vegetal e de Culturas In Vitro. Devem ainda ser referidos os cargos institucionais que ocu-pou, designadamente o de secretário da Sociedade Portuguesa de Microscopia Electrónica e o de presidente da Sociedade Por-tuguesa de Fisiologia Vegetal.A 8 de Maio, a U.Porto viu partir um dos mais ilustres docen-tes da sua história: Joaquim Costa Maia (1922-2008), professor jubilado da Faculdade de Medicina (FMUP). Natural do Porto, Joaquim Costa Maia destacar-se-ia logo no ensino secundário, tendo completado o curso geral dos liceus com a classifi cação de 18 valores. No ano lectivo de 1939-40 frequentou o curso preparatório de Medicina da Faculdade de Ciências da U.Porto e, entre 1940 e 1945, licenciou-se em Medicina e Cirurgia na FMUP, com uma média fi nal de 18 valores. Logo após a conclusão da licenciatura, Joaquim Costa Maia começou a frequentar, como assistente voluntário, os servi-ços das cadeiras do V Grupo, a convite dos professores Carlos Ramalhão e A. Almeida Garrett. Em 1947 é contratado como 2.0 assistente do V Grupo, passando a participar no serviço de aulas práticas de Bacteriologia e Parasitologia. Foi ainda encar-regado da totalidade das aulas práticas de Higiene e Epidemio-logia, bem como de algumas exposições teóricas desta última disciplina. Seria, aliás, nestas áreas que Joaquim Costa Maia se notabilizaria como docente e investigador, legando ao meio científi co e académico vários estudos de referência. Sem prejuízo da sua especialização em Higiene, Saúde Pública e Medicina Social, Joaquim Costa Maia investiu muita da sua competência científi ca na verifi cação da importância metodoló-gica da Bioestatística, quer no domínio da Epidemiologia, quer em toda a investigação médica. O seu interesse pelo Bioesta-tística foi ganho durante a passagem pela Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade de Johns Hopkins (Baltimore, EUA), entre 1948 e 1950. Na instituição norte-americana ob-teve os graus de mestre e doutor em Saúde Pública (especia-lidade Epidemiologia). Mas, curiosamente, por não existirem na altura equivalências académicas entre os dois países, con-cluiria, em 1955, um novo doutoramento, desta feita na FMUP. Apresentou então a dissertação intitulada “Alguns Aspectos da Epidemiologia, Profi laxia e Combate da Tinea Capitis”, tendo sido aprovado por unanimidade com 18 valores.
Homenagens póstumas
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Escola de Gestão do Porto – University of Porto Business
Análise Financeira (6.ª edição)Organização: FEP, (APAF) e ISFEP • Du-ração: 270 horas presenciais (Março de 2009) • Créditos: 30 créditos ECTS • In-fo.: +351 225 571 289 • [email protected] • Propina: 5750 €
Pós-Graduação em Direcção de Em-presas - Edição para a Indústria da Construção (3º Edição)Organização: FEP, AICCOPN e ISFEP • Duração: 270 horas presenciais (Fevereiro a Dezembro de 2009) • Créditos: 30 cré-ditos ECTS • Info.: +351 225 571 288 / [email protected] • Propina: 4750 €
Faculdade de Engenharia (FEUP)Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • Fax: + 351 225 081 440 • www.fe.up.pt
Gestão de Projectos de Software Duração: 5, 6 e 11 de Fevereiro de 2009 • Candidatura: Até uma semana antes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00; 14h00-17h30 • Coorden.: Prof. Raul Moreira Vidal • Informações/con-tactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected] / 22 030 15 85 • Propina: 1000 €
Gestão de Requisitos de Software Duração: 29 e 30 de Janeiro e 4 de Feverei-ro de 2009 • Candidatura: Até uma semana antes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00; 14h00-17h30 • Co-orden.: Prof. João Pascoal Faria • Informa-ções/contactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected], 22 030 15 85 • Propina: 1000 €
Gestão da Qualidade de Software Duração: 12, 13 e 18 de Fevereiro de 2009 • Candidatura: Até uma semana an-tes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00; 14h00-17h30 • Coorden.: Prof. João Pascoal Faria • In-formações/contactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected] / 22 030 15 85 • Pro-pina: 1000 €
Gestão de Testes de Software Duração: 29 e 30 de Janeiro e 4 de Fe-vereiro de 2009 • Candidatura: Até uma semana antes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00;
14h00-17h30 • Coorden.: Prof. Ana Pai-va • Informações/contactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected], 22 030 15 85 • Propina: 1000 €
Métodos Ágeis de Desenvolvimento de Software Duração: 12, 13 e 18 de Fevereiro de 2009 • Candidatura: Até uma semana antes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00; 14h00-17h30 • Coorden.: Prof. Ademar Aguiar • Informações/con-tactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected], 22 030 15 85 • Propina: 1000 €
Gestão de Aquisições de Software Duração: 5, 6 e 11 de Fevereiro de 2009Candidatura: Até uma semana antes do início de cada curso • Vagas: 20 • Horário: 09h30-13h00; 14h00-17h30 • Coorden.: Prof. Raul Moreira Vidal • Informações/con-tactos: http://ciqs.fe.up.pt, [email protected] / 22 030 15 85 • Propina: 1000 €
Faculdade de Ciências da Nu-trição e Alimentação (FCNAUP)Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 074 320 • Fax: + 351 225 074 329 • www.fcna.up.pt
Suporte NutricionalDuração: 54 horas (6 a 13 de Fevereiro de 2009) • Créditos: 2 ECTS * • Info.: 225 074 320 / [email protected] • Propina: 198 €
Curso de actualização em alimenta-ção e nutrição para professores de biologia e ciências da natureza, do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e Ensino SecundárioDuração: 149 horas (Início a 25 de Feve-reiro de 2009) • Créditos: 5,5 créditos • Info.: 225 074 320 • [email protected] • Propina: 550 €
Alimentação da criança na prática pedagógica do educador de infância Duração: 81 horas (Março e Abril de 2009) • Créditos: 3 ECTS * • Info.: 225 074 320 • [email protected] • Propina: 297 €
Culinária SaudávelDuração: 12 horas (Março e Abril de 2009) • Candidaturas: Até 10 dias antes do início do curso (processo sujeito às vagas existentes) • Horário: sábados de manhã • Info.: 225 074 320 • [email protected] • Propina: 145 €
Culinária Saudável para controlo do peso Duração: 12 horas (Março e Abril de 2009) • Candidaturas: Até 10 dias antes do início do curso (processo sujeito às vagas existentes) • Horário: sábados de manhã • Info.: 225 074 320 • [email protected] • Propina: 145 €
Faculdade de Letras (FLUP)Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Fax: + 351 226 091 610 • www.letras.up.pt
De Pequenino nasce o Leitor. Luga-res do Livro e da Infância no Mundo de HojeDuração: 50 horas (5 de Janeiro a 18 de Fevereiro de 2009) • Inscrições: 2 a 19 de Dezembro (2ª edição) • Horário: 18h30 às 22h (4ª e 6ª feira) • Créditos: 2 UC - CCPFB • Info: Serviço de Gestão Aca-démica - Sector de Formação Contínua / 226077152 / [email protected] • Propina: 225 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Culturas e Mentalidades na Época ContemporâneaDuração: 25 horas (9 de Janeiro a 6 de Fevereiro de 2009) • Inscrições: até 19 de Dezembro • Horário: 18h30 às 21h30 (6ª feira); 9h30 às 12h30 (sábado) • Créditos: 1 UC • Info: Serviço de Ges-tão Académica - Sector de Formação Contínua / 226077152 / [email protected] • Propina: 100 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Geotecnologias aplicadas ao Ensino da Geografi a (2ª edição)Duração: 28 horas (Janeiro e Fevereiro de 2009) • Inscrições: até 31 de Dezem-bro • Horário: 18h30 às 21h30 (4ª feira); 18h30 às 21h30 (6ª feira); 9h30 às 13h30 (sábado) • Créditos: 1 UC+3 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 22 6077148 / [email protected] • Propina: 130 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Geografi a de Portugal revisitada – O MarDuração: 27 horas (Janeiro a Março de 2009) • Inscrições: a defi nir • Horário: 10h às 13h (sábado) • Créditos: 1,1 UC+2,5 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 22 6077148 / [email protected] • Propi-na: 105 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Curso Intensivo de Francês para fi ns profi ssionais (1ª Edição)Duração: 60 horas (2 Fevereiro a 4 Março de 2009) • Créditos: a indicar • Info: Ser-viço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: 200 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Sexo e Criação: Mulheres sem Voz; Vozes de Mulheres – Sécs. XIX-XXDuração: 27 horas (2 de Fevereiro a 30 de Março de 2009) • Inscrições: 5 a 23 de Janeiro de 2009 • Horário: 19h30 às 22h30 (2ª feira) • Créditos: 1,5 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077152 / [email protected] • Propi-na: 105 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
FORMAÇÃO CONTÍNUA DA
UNIVERSIDADEDO PORTO
FORMAÇÃO CONTÍNUA DA
UNIVERSIDADE DO PORTO
CANDIDATURASENTRE
DEZEMBRO DE2008 E MARÇO
DE 2009
AtençãoA presente lista não
dispensa a consulta da página do Catálogo de Formação Contínua da
U.Porto 2008, em ht-tp://www.up.pt > Ensino > Educação > Contínua > Catálogos, através da
qual poderá aceder a todas informações (em constante actualização) sobre os vários cursos que compõem a oferta
da U.Porto.
*** Cursos a aguardar creditação por parte da Secção Permanente do
Senado da U.Porto
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Teoria da Literatura: Questões Basi-lares na Abordagem do LiterárioDuração: 25 horas (26 Fevereiro a 28 Maio de 2009) • Inscrições: 22 Janeiro a 12 Fevereiro de 2009 • Horário: 18h às 20h (5ª feira) • Créditos: 1 UC • Info: Ser-viço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: 100 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Técnicas de Representação Cartográfi ca e SIG (1ª Edição)Duração: 18 horas (27 Fevereiro a 14 Mar-ço de 2009) • Créditos: 2 créditos ECTS * • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: 85 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Desenho de Investigação: Estraté-gias, Modalidades e ConcretizaçõesDuração: 25 horas (Fevereiro de 2009) • Inscrições: a defi nir • Horário: a defi nir • Créditos: 1 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: a defi nir
Inquérito por QuestionárioDuração: 12 horas (Fevereiro de 2009) • Inscrições: a defi nir • Horário: a defi nir • Créditos: 1 ECTS • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: a defi nir
Os livros, caminhos de paz. Como contrariar a violência na escola e no mundo (1ª edição)Duração: 50 horas (2 de Março a 29 de Abril de 2009) • Créditos: 2 U.C (CCPFC) • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propi-na: 225 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Lógica, Linguagem e Argumentação na Filosofi a Antiga, Moderna e ContemporâneaDuração: 25 horas (7 de Março a 18 de Abril de 2009) • Créditos: 1 U.C (CCPFC) / 2,5 ECTS • Info: Serviço de Gestão Aca-démica / 226077148 / [email protected] • Propina: 100 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Análise Espacial de Riscos TecnológicosDuração: 27 horas (20 de Março a 4 de Abril de 2009) • Créditos: 3 créditos ECTS * • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propina: 125 € + 2,02 € (Seguro Escolar) *
Edição, Transformação e Exploração de Dados Quantitativos: Iniciação ao SPSSDuração: 25 horas (Março de 2009) • Info: Serviço de Gestão Académica / 226077148 / [email protected] • Propi-na: A defi nir
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Faculdade de Medicina (FMUP)Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200-319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt • [email protected]
Curso de Actualização em Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Apoio Integrado a IdososDuração: 40,5 horas (17 de Janeiro, 21 de Fevereiro e 14 de Março de 2009) • Inscrições: até 12 de Janeiro de 2009 • Vagas: 20 • Horário: das 9h às 13h • Coorden.: Prof. Doutor Alberto Pinto Hespanhol • Info: Instituto de Pós-Gra-duação da FMUP/ 22 551 36 76 / [email protected] • Propina: 40 €
Pós-Graduação em Medicina DesportivaDuração: 810h (Janeiro a Dezembro de 2009) • Candidaturas: 3 a 21 de Novembro • Vagas: 30 • Horário: das 15h às 19h (6ª feira); das 9h às 13h (sábado) • Coorden.: Prof. Doutor Ovídio Costa • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP/ 22 551 36 76 / [email protected] • Propina: 2000 €
Gestão de ProjectoDuração: 67,5 horas (Início a 27 de Fe-vereiro de 2009) • Créditos: 2,5 ECTS • Info.: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
SeminárioDuração: 202,5 horas (Início a 6 de Mar-ço de 2009) • Créditos: 7,5 ECTS • Info.: Instituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Programação para a SaúdeDuração: 135 horas (Início a 11 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Institu-to de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
BioestatísticaDuração: 135 horas (Início a 12 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Ins-tituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Avaliação em Informática MédicaDuração: 135 horas (Início a 13 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Ins-tituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Sistemas de Informação em Saúde IDuração: 135 horas (Início a 13 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Ins-tituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
BioinformáticaDuração: 135 horas (Início a 14 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Institu-to de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Processamento de Sinal e ImagemDuração: 135 horas (Início a 16 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Ins-tituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Telemedicina e e-SaúdeDuração: 135 horas (Início a 16 de Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Info.: Ins-tituto de Pós-Graduação da FMUP / 225 513 676 / [email protected]
Faculdade de Psicologia e de Ci-ências da Educação (FPCEUP)Rua do Dr. Manuel Pereira da Silva • 4200-392 Porto • Telf: +351 226 079 700 • Fax: +351 226 079 725 • www.fpce.up.pt
Inventário Home (2ª Edição)Duração: 20 horas (a confi rmar: Dezem-bro) • Numerus Clausus: 20 • Horário: a defi nir • Créditos: 2.0 ECTS (aguarda acreditação) • Coorden.: Prof. Dra. Orlan-da Cruz e Prof. Dra. Isabel Pinto Lima • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 100 €
(Per)cursos de Educação e Formação de Adultos – Formação Avançada.(3ª Edição)Duração: 30 horas (16 de Dezembro a 3 de Fevereiro de 2009) • Numerus Clausus: 20 • Horário: 18h30 às 21h30 • Créditos: 3,0 ECTS • Coorden.: Prof. Dra. Isabel Menezes • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propi-na: 150 €
Gestão e Concepção da Formação (nível I) (2ª Edição)Duração: 30 horas (8 de Janeiro a 7 de Fevereiro de 2009) • Inscrições: até 22 de Dezembro • Numerus Clausus: 20 • Horário: 19h00 – 22h00 • Créditos: 3,0 ECTS • Coorden.: Prof. Dra. Filomena Jordão • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 150 €
Intervenção Psicológica em Oncolo-gia (3ª Edição)Duração: 32 horas (10 de Janeiro a 28 de Fevereiro de 2009) • Numerus Clausus: 20 • Horário: 18h30 às 21h30 • Créditos: 3,5 ECTS (aguarda acreditação) • Coor-den.: Prof. Dra. Marina Prista Guerra • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 180 €
Intervenção em Grupo nas Pertur-bações do Espectro do Autismo (1ª Edição) Duração: 36 horas (Janeiro e Fevereiro de 2009) • Numerus Clausus: 20 • Horário: a defi nir • Créditos: 3,5 ECTS (aguarda acre-ditação) • Coorden.: Prof. Dra. Orlanda Cruz e Prof. Dra. Isabel Pinto Lima • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 150 €
Literacia e “Sociedade do Conheci-mento” (1ª Edição) Duração: 30 horas (Janeiro e Fevereiro de 2009) • Numerus Clausus: 20 • Ho-rário: 18h30 às 21h30 • Créditos: 3,0 ECTS (aguarda acreditação) • Coorden./ Info: Prof. Dra. Ariana Cosme • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 120 €
Técnicas para Estimular a Criativida-de e a Motivação (2ª Edição)Duração: 30 horas (Janeiro a Fevereiro de 2009) • Créditos: 3 ECTS • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: a indicar
Análise de Dados com o Programa SPSS - análise multivariada (2ª Ed.)Duração: 48 horas (Fevereiro a Março de 2009) • Créditos: 5 ECTS • Propina: a indicar • Info: 226 061 890 / [email protected]
Gestão e Concepção da Formação II (2ª Edição)Duração: 30 horas (5 a 28 de Março de 2009) • Créditos: 2,5 ECTS • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: a indicar
Técnicas de Liderança e Coaching para Chefi as Intermédias (3ª Edição)Duração: 30 horas (5 a 28 de Março de 2009) • Inscrições: até 31 de Dezembro • Numerus Clausus: 20 • Horário: 18h30 às 21h30 (6ª feira) • Créditos: 2,5 ECTS • Coorden.: Prof. Dra. Filomena Jordão • Info: 226 061 890 / [email protected] • Propina: 170 €
Reitoria da U.Porto / Instituto de Recursos e Iniciativas ComunsPraça Gomes Teixeira • 4099-002 Porto • Tlf: +351 220 408 000 / 043 • Fax: +351 220 408 186/7 / 4 • www.reit.up.pt
Execução da segurança na constru-ção (e-learning) Duração: 45 horas (4 semanas) • Início do calendário lectivo: Fevereiro de 2009 • Créditos: 1,5 crédito ECTS • Info: 220 408 053 / [email protected] • Propina: 150 €
Alumni 06_OK.indd Sec1:27Alumni 06_OK.indd Sec1:27 08/12/12 16:31:1008/12/12 16:31:10
CANDIDATURAS ENTRE DEZEMBRO DE 2008 E
MARÇO DE 2009
AtençãoOs valores das propinas podem sofrer
alterações. O período de candidatura é, em muitos casos, alargado e noutros são
criadas segundas fases de candidatura.
Faculdade de Ciências (FCUP)Rua do Campo Alegre, s/n • 4169-007 PORTO • Tlf: +351 220 402 000 • Fax: +351 220 402 009 • www.fc.up.pt 3º Ciclo / Programa Doutoral em Ciência de Computadores Duração : 6 semestres • Candidaturas: 2 a 22 de Dezembro (2ª fase); 2 a 20 de Março de 2009 (3ª fase) • Horário: a de-fi nir • Vagas: 30 • Créditos: 180 ECTS • Coorden.: Prof. Dr. Sílvio Marques de Al-meida Gama • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 € / ano
Programa Doutoral em QuímicaDuração : 6 semestres • Candidaturas: Em permanência • Vagas: 50 • Crédi-tos: 180 ECTS • Horário: A defi nir • Info: 220403032 / [email protected] • Propina: 2500 € / ano
Faculdade de Engenharia (FEUP)Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • Fax: + 351 225 081 440 • www.fe.up.pt
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia CivilDuração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2009 (6ª fase); 1 a 28 de Fevereiro de 2009 (7ª fase); 1 a 31 de Março de 2009 (8ª fase) • Horário: a de-fi nir • Vagas: 30 • Créditos: 180 ECTS • Coorden.: Prof. Dr. Raimundo DelgadoInfo: 225081901 / [email protected] • Pro-pina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Química e Biológica Duração: 6 semestres • Candidaturas: 5 a 23 de Janeiro de 2009 • Horário: a de-fi nir • Vagas: 40 • Créditos: 180 ECTS • Coorden.: Prof. Dr. Romualdo Salcedo •
Info: 22 508 1884 / [email protected] • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Electrotécnica e de ComputadoresDuração: 6 semestres • Candidaturas: até 9 de Janeiro de 2009 • Horário: a defi nir • Vagas: 50 • Créditos: 180 ECTS • Co-orden.: Prof. Dr. Aurélio Campilho • Info: 22 508 3205 / cfl [email protected] • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em Engenharia Mecânica Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 20 e Janeiro de 2009 (6ª fase); 1 a 20 de Fevereiro de 2009 (7ª fase); 1 a 20 de Março de 2009 (8ª fase) • Horário: a de-fi nir • Vagas: 30 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1642 / [email protected] • Propina: 3000 € / ano
3º Ciclo / Programa Doutoral em En-genharia e Gestão de TransportesDuração: 6 semestres • Candidaturas: 1 a 31 e Janeiro de 2009 (6ª fase); 1 a 28 de Fevereiro de 2009 (7ª fase); 1 a 31 de Março de 2009 (8ª fase) • Horário: segun-das-feiras (todo o dia) e terças-feiras (à tarde) • Vagas: 30 • Créditos: 180 ECTS • Info: 22 508 1903 / [email protected] • Propina: 3000 € / ano
Faculdade de Medicina (FMUP)Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200-319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt • [email protected]
3.º Ciclo / Programa Doutoral em Investigação Clínica e em Serviços de SaúdeDuração: 6 semestres • Candidaturas: até 23 de Dezembro • Horário: 5ª feira (16h às 20h), 6ª feira (14h às 20h) e sábado (9h às 13h) • Vagas: 8 • Coorden.: Prof. Dr. Altamiro da Costa Pereira • Info: Instituto de Pós-Graduação da FMUP/ Tel.: 22 551 36 76/ E-mail: [email protected]: 2500 € / ano
A U.Porto tem vindo a intensifi car as re-lações pedagógicas e científi cas com universidades do Norte de África. Neste âmbito, há a destacar os acordos de co-operação interuniversitária já rubricados com instituições do ensino superior arge-linas, marroquinas e líbias. Desta forma, a Universidade está a reforçar a sua liga-ção ao chamado Grande Magrebe, um espaço geoestratégico da Bacia Mediter-rânica de que Portugal se sente próximo geográfi ca e até culturalmente, dado o património histórico comum. A aproxi-mação da U.Porto assenta nas áreas da formação, mobilidade e investigação, à luz da estratégia de internacionalização que a Universidade delineou para si. A relação Euro-Mediterrânica é, aliás, con-siderada fundamental para a preservação de traços civilizacionais comuns a diferen-tes povos, bem como para a cooperação política, económica e cultural entre países com níveis de desenvolvimento díspares. Ora, este desiderato tem sido favorecido pela paulatina abertura de alguns regimes políticos do Magrebe. De resto, o Governo português parece bastante empenhado na aproximação a Marrocos, Argélia e Líbia, por entender que estes países têm potencial de crescimento económico e por acreditar que existem perspectivas de evolução política.O primeiro acordo de colaboração entre a U.Porto e uma congénere do Magre-be foi assinado em 2006, ainda durante o reitorado de José Novais Barbosa. A entidade subscritora foi a Universidade de Ciências e Tecnologia Houari Bou-mediene, de Argel, capital da Argélia, que se comprometeu a colaborar com a U.Porto em actividades de investigação, no intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores, na partilha de informações relativas ao ensino e à pesquisa científi -ca, na disponibilização de publicações de carácter científi co ou técnico, na organi-zação de eventos académicos e na troca de experiências entre laboratórios. De referir, a propósito, que o acordo con-templa as seguintes áreas científi cas: estudos sísmicos, questões marítimas, domínio ferroviário, domínio geotécni-co e grandes estruturas públicas. Neste contexto, é de assinalar a frequência do curso de Engenharia Civil da FEUP (Facul-dade de Engenharia) por oito estudantes argelinos.
Basicamente com os mesmos propó-sitos, a U.Porto assinou, em 2007, um acordo de cooperação com a Universi-dade Moulay Ismail, sedeada em Meknès, Marrocos. Também neste caso, a intensi-fi cação das relações académicas vem no seguimento da aproximação política entre os dois Estados. O protocolo interuniver-sitário tem como pano de fundo o Acordo de Cooperação Cultural e Científi ca cele-brado, no mesmo ano, entre os governos de Portugal e do Reino de Marrocos.
Desporto é motivo de colaboração No seguimento deste acordo, a FADEUP (Faculdade de Desporto) vai colaborar com a Universidade Moulay Ismail na criação, estruturação e desenvolvimento de um curso de Desporto na instituição marroquina. O vice-reitor da Universidade Moulay Ismail foi recebido na FADEUP e “reconheceu a qualidade internacional” desta faculdade, distinguindo-a até, pe-lo “entusiasmo e paixão”, de outras que tinha visitado em França. Quem o ga-rante é Jorge Olímpio Bento, presidente do Conselho Directivo da FADEUP, que considera que o trabalho de consultoria e formação de recursos humanos que, no âmbito do acordo, a sua faculdade vai realizar é um “contributo para a defesa, promoção e divulgação de Portugal no mundo”. Acrescenta, a propósito, que a U.Porto “tem a obrigação de cooperar com instituições com um nível de desen-volvimento inferior”, sob pena de “não cumprir integralmente a sua missão”. Recentemente, em Outubro de 2008, a U.Porto rubricou um acordo de co-operação cultural e científi ca com a Universidade 7 de Abril, de Zawia, na Líbia. Neste caso, a colaboração con-templa os domínios das engenharias Civil e Mecânica, com intervenção directa da FEUP, mas estão ainda previstos cursos de Português e Arqueologia da responsa-bilidade da FLUP (Faculdade de Letras). Existe, contudo, a intenção de estender a cooperação aos domínios da Medicina e da Farmácia. Deve ressalvar-se, a pro-pósito, que o acordo encontra-se ainda a ser trabalhado e transposto para o terre-no, sendo certo que incluirá formação em Portugal para recém-licenciados líbios, bem como programas de pós-graduação e doutoramento.António Campos e Matos, docente do Departamento de Engenharia Civil da FEUP, tem estado directamente envolvido na implementação do acordo com a insti-tuição líbia e, à UPorto Alumni, salientou a “vertente empresarial” presente em todo o processo. As empresas portuguesas com uma carteira de actividades na Líbia vão desempenhar, de facto, um papel impor-tante na concretização de uma estratégia de cooperação interuniversitária que abar-ca ainda as universidades do Minho e de Lisboa. Deve referir-se que, também neste caso, o aprofundamento das relações di-plomáticas entre o Governo português e o regime de Muammar Khadafi tem servido para alavancar a cooperação académica e científi ca.
RMG
FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA
DA UNIVERSIDADEDO PORTO
ACORDOS INTER-
UNIVERSITÁRIOSPROMOVEM
RELAÇÕES COM MAGREBE
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Não é de mais uma crise fi nanceira que vou aqui falar. Vou refl ectir sobre A Crise que neste momento se atra-vessa que, pela gravidade dos impactos que já se fazem
sentir quando a procissão ainda vai no adro, todos esperam não ter de testemunhar segunda nas suas vidas. É uma crise que pôs à prova (para não dizer “pôs em causa”) modelos de gestão de instituições bancárias, formas de organização da ac-tividade bancária (por exemplo, a banca de investimentos, tal como a conhecemos, faz hoje parte do passado!), modelos de regulação e supervisão dos mercados, modelos de avaliação do risco mas também modelos de gestão das fi nanças pessoais de muitos consumidores. É uma crise que está a despoletar níveis de intervenção por parte das autoridades sem precedentes e verdadeiramente inacreditáveis há uns escassos três meses. Neste espaço não pretendo fazer um exercício de antecipação dos efeitos da crise ou de refl exão sobre o novo equilíbrio que vai ter de ser encontrado. Qualquer esforço de previsão no ac-tual contexto de incerteza é muito ingrato, preferindo colocar-me na postura bem mais sensata do sábio da nossa praça que defende que “prognósticos só no fi m do jogo”. Vou antes fazer uma breve caracterização dos principais factos e referir os es-forços das autoridades no intuito de debelar a crise e estancar os seus efeitos. Vou ainda referir a inevitabilidade do contágio desta crise à economia real, sendo a dimensão desse contágio função da efi cácia das políticas públicas que forem entretanto tomadas para o contrariar. Esta crise tem a sua génese na crise hipotecária dos EUA em Agosto de 2007 e sofreu graves desenvolvimentos em Setem-bro passado. Problemas de insolvência em bancos de referên-cia no sistema fi nanceiro deram origem a falências em cascata, forçaram fusões e justifi caram intervenções governamentais, impondo uma forte reformatação do sistema bancário. Este efeito dominó rapidamente extravasou as fronteiras dos EUA e afectou o sistema fi nanceiro a nível global, tendo-se feito sentir primeiramente na Europa ocidental e logo a seguir nas econo-mias emergentes.
Recuperação lenta e gradualAs autoridades nacionais reagiram, em primeira instância individualmente, com o objectivo de estabilizar o sistema fi -nanceiro. Algumas das medidas incluíram a utilização de fundos públicos na compra de activos agora baptizados como “tóxicos”, na recapitalização de vários bancos e na prestação de garantias a operações no mercado interbancário, a proibi-ção de operações de venda curtas (short-selling), a garantia dos depósitos dos contribuintes e a redução das taxas directoras por parte dos bancos centrais. No entanto, os primeiros sinais de resposta nos mercados começaram a fazer-se sentir apenas quando uma maior coordenação destas intervenções a nível in-ternacional se tornou efectiva – facto compreensível à luz da forte integração internacional quer das instituições quer dos mercados. Para além destas medidas, outras mais estruturan-tes terão de se seguir que garantam que outra crise com as mesmas causas não se volte a repetir. No que respeita à economia real, esta crise veio trazer fortes restrições à concessão de crédito a empresas e particulares, pôs fi m à bolha imobiliária que se fazia sentir, o que a par da des-mesurada subida do preço de algumas mercadorias (o petróleo registou máximos históricos em Julho!) e a apreciação do euro deram origem à desaceleração da actividade económica. A ex-pectativa da redução da procura interna, mas essencialmente da procura externa, agravará naturalmente esta tendência.Algumas economias desenvolvidas estão já a entrar em reces-são neste último trimestre de 2008 e muitas outras entrarão no início de 2009. A recuperação espera-se lenta e gradual. As previsões mais optimistas antecipam-na para fi nais de 20091.
P.S. Desde a data de redacção do artigo (início de Novembro) até à sua publicação já dois bancos portugueses foram inter-vencionados, o Banco Central Europeu desceu a taxa directora mais 75 pontos base e é muito provável que a economia portu-guesa entre em recessão já no último trimestre de 2008.
Quo vadis? REFLEXÕES SOBRE
A CRISE FINANCEIRA1Fonte:FMI, World Economic Outlook/October 2008 – Financial Stress, Downturns, and Recoveries
CláudiaRibeiroFaculdade de EconomiaUniversidade do Porto
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Surpreendentemente, há estudantes surdos que concluem os seus cursos
superiores sem que os docentes se apercebam da sua incapaci-dade auditiva. Quem o garante é Orquídea Coelho, responsá-vel, em Portugal, pela coordena-ção do projecto Spreadthesign. A docente e investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciên-
cias da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) conhece histórias de enorme abnegação protagonizadas por estudantes que, durante o seu curso superior, foram confrontados com a “falta de sensibilidade e formação da comunidade académica para lidar com as questões dos surdos”, diz. “Há professores que não aceitam a presença de intérpretes [de língua gestu-al] ou a mera gravação das aulas”, refere a propósito. Por isso, “muitos estudantes surdos rapidamente desistem da universi-dade. Eles não conseguem descodifi car os textos nem captar o que o professor está a dizer”, acrescenta.
Spreadthesign A surdez condiciona a capacidade
cognitiva, penalizando fortemente os jovens que pretendem progredir na sua formação escolar. Conscien-
tes disto mesmo, instituições do en-sino superior, escolas vocacionais e
uma federação de surdos abraçaram, em 2006, o projecto internacional Spreadthesign, do qual nasceu o
primeiro dicionário on-line de tra-dução de vocábulos de seis línguas escritas/faladas para outras tantas
línguas gestuais. A participação por-tuguesa esteve a cargo da FPCEUP.
No ano lectivo de 2007-08, a Universidade do Porto acolheu 17 estudantes surdos. Para promover o seu sucesso escolar, bem como a de outros cidadãos portadores de defi ciência física e sensorial, existe o estatuto do Estudante com Necessidades Educativas Especiais (ENEE) que, genericamente, confere um conjunto de apoios sociais e de aprendizagem especializada, um regime de avaliação especial, garantias de acessibilidade às instalações universitárias e direito de prioridade no atendi-mento. Contudo, o estatuto de ENEE não cobre todas as carên-cias dos estudantes surdos, sobretudo devido à escassez de fi -nanciamento específi co. A este nível, Orquídea Coelho salienta que as bolsas de estudo não têm em conta a incapacidade audi-tiva do benefi ciário, mas tão-só a sua condição socioeconómica. Esta situação leva a que seja muito difícil para os estudantes surdos pagarem a um intérprete de língua gestual, cujos ser-viços custam, no mínimo, quinze euros por hora, assegura a investigadora da FPCEUP.Sem intérpretes, o percurso universitário de um estudante surdo torna-se bastante mais árduo. Mesmo os estudantes que fazem a leitura da fala – os poucos que, segundo Orquídea Coelho, têm sucesso no ensino superior – apenas são capa-zes, na melhor das hipóteses, de apreender cerca de 33% da informação transmitida numa aula. Por isso, há quem grave as aulas para que um familiar ou amigo as transcreva; há quem peça apontamentos a vários colegas e, em casa, faça minucio-
samente a comparação entre eles; há ainda quem contrate in-térpretes só para algumas cadeiras... Enfi m, um conjunto de expedientes que provam, como salienta Orquídea Coelho, que os estudantes surdos “só conseguem concluir os seus cursos à custa de muito trabalho e sacrifícios. Abdicam de ir ao cinema, de namorar, de conviver com os amigos... Fazem do curso um projecto de vida. Mais: as famílias vivem em função dos cursos dos fi lhos surdos”.
Primeiro dicionário multilingue Apesar dos diferentes contextos nacionais, a educação dos surdos é uma questão que suscita o interesse da generalida-de dos países desenvolvidos, designadamente da UE. Assim se compreende que, em 2006, o Fundo Social Europeu (FSE) tenha fi nanciado o projecto-piloto Spreadthesign, cujo princi-pal propósito era, à partida, a criação do primeiro dicionário on-line multilingue para surdos (www.spreadthesign.com). Ou seja, um dicionário que, utilizando as tecnologias multimédia e as potencialidades comunicativas da Internet, permitisse a tradução para seis línguas nacionais gestuais de 1900 vocá-bulos de outras tantas línguas escritas/faladas. No horizonte
estava o desejo de aproximar as línguas nacionais e gestuais dos diferentes países participantes, com o intuito de promover o acesso dos surdos ao mercado de trabalho europeu. Além disso, pretendia-se incentivar processos de formação profi s-sional em regime de intercâmbio transnacional, bem como, numa fase posterior, acompanhar, investigar e avaliar esses mesmos processos. Por outro lado, o Spreadthesign constituía uma oportunidade de estudar os obstáculos, possibilidades e oportunidades de comunicação intercultural resultantes do projecto, além, claro, de servir para aferir o impacto do dicioná-rio multilingue como instrumento pedagógico. A ideia partiu da Universidade de Örebro, na Suécia, país que se distingue pelas boas práticas na educação dos surdos. Foi então a convite da instituição sueca que se juntaram ao projecto equi-pas de Espanha (Federación de Personas Sordas de la Comuni-dad de Madrid), da Lituânia (Educational Centre for Deaf and Hard-of-Hearing, Kaunas), da República Checa (Stredni Skola, Zakladni Skola e Materska Skola), do Reino Unido (Doncaster College for the Deaf) e de Portugal (FPCEUP), garantindo-se
que o professor está a dizer”, acrescenta.
No ano lectivo de 2007-08, a Universidade do Porto acolheu
bulos de outras tantas línguas escritas/faladas. No horizonte
estava o desejo de aproximar as línguas nacionais e gestuais
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assim a diversidade geográfi ca e linguística do Spreadthesign.A FPCEUP foi convidada, segundo Orquídea Coelho, devido à sua “experiência de investigação no domínio da surdez e da educação de surdos”. Aliás, o Centro de Investigação e de Intervenção Educativas (CIIE) da faculdade, a quem compete as actividades de I&D nesta área, participa ainda no projecto PROFACITY. Profane citizenship in Europe. Testing demo-cratic ownership in hybrid situations, que agora se inicia e é igualmente fi nanciado pela UE. Neste caso, trata-se de “estudar as formas de cidadania construídas pelos surdos no sentido do ‘direito a terem direitos’”, esclarece Orquídea Coelho, que também coordena este projecto.Apesar desta massa crítica científi ca, ao formar a equipa res-ponsável pela implementação do projecto Spreadthesign, o CIIE estabeleceu uma parceria com o Instituto Jacob Rodrigues Pereira (Casa Pia de Lisboa), além de contar com a colaboração da Associação de Surdos do Porto e da Associação de Formado-res e Monitores Surdos. Desta forma foi reforçado o know-how de uma equipa composta, não só por investigadores e docentes ouvintes, mas também por estudantes surdos da U.Porto. Estes últimos são também formadores de língua gestual da DREN
(Direcção Regional de Educação do Norte), à excepção de um que é especialista em informática. Os estudantes surdos fi caram responsáveis, sobretudo, pela produção do dicionário. “É muito importante que os estudan-tes surdos participem em actividades de investigação no ensino superior, principalmente numa área que lhes diz respeito. Eles estão a perceber como é que se investiga, como é que se produz e como é que se intervém na sociedade. E isto fá-los crescer imenso e ganhar autoestima”, garante Orquídea Coelho.À semelhança das restantes equipas internacionais, os elemen-tos portugueses envolvidos na produção do dicionário tiveram por base uma lista de vocábulos seleccionados pelo Colégio Doncaster. Dessa lista em inglês constavam não apenas termos de utilização corrente no convívio social como vocabulário es-pecífi co dos sectores da madeira/construção e da restauração, onde muitos surdos, sobretudo no norte da Europa, exercem a sua actividade profi ssional. Depois de traduzidos para português, os vocábulos que cons-tavam da lista foram sendo traduzidos para a nossa língua ges-tual. Nos casos em que não restavam dúvidas sobre a tradução, os gestos referentes a cada vocábulo eram cuidadosamente re-presentados e fi lmados, terminando o processo com o upload
últimos são também formadores de língua gestual d
(Direcção Regional de Educação do Norte), à excepçã
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das imagens na Internet. Quando uma determinada palavra não tinha correspondência gestual conhecida, havia que con-fi rmar junto da comunidade de surdos portuguesa se de facto existia, ou não, tradução dessa mesma palavra para a nossa lín-gua gestual. E se na verdade não existisse, então a palavra era soletrada gestualmente a partir da dactilologia (alfabeto gestu-al) e fi lmada desta forma. Importa dizer que, caso a palavra entretanto adquira tradução gestual, há sempre a possibilidade de introduzir o gesto no dicionário. De resto, todos os gestos estão a ser continuamente aprimorados e fi lmados de novo, o que faz do dicionário um work in progress. Por ora, estão edita-dos 1900 gestos portugueses no dicionário e, curiosamente, são estes que têm suscitado um maior número de consultas (pageviews). “A comunidade de surdos portuguesa vive ainda um pouco fechada” e, por isso, “está muito ávida deste tipo de iniciativas”, explica Orquídea Coelho.
Faltam escolas bilinguesParalelamente, a equipa nacional do Spreadthesign empenhou-se na avaliação do projecto. Com este intuito, os investigadores do CIIE caracterizaram os modelos de educação de surdos nos sistemas de ensino dos seis países representados. A intenção era verifi car o cumprimento, no meio escolar, das normas so-bre educação de surdos que tinham sido preconizadas pelos responsáveis educativos dos diferentes países. No caso portu-guês, diz Orquídea Coelho, “a legislação é condizente com a investigação”, a qual defende que “os surdos devem ser edu-cados num ambiente bilingue. Ou seja, devem ter muito pre-cocemente acesso tanto à língua gestual como à língua do país onde vivem, na sua vertente escrita”. Acontece, porém, que, em Portugal, “só o Instituto Jacob Rodrigues Pereira utiliza, de facto, uma metodologia bilingue de trabalho com as crianças”. Feito o balanço da execução do projecto-piloto durante a con-ferência internacional que teve lugar na FPCEUP, a 3 de Julho último, foi já assegurado o fi nanciamento, pelo FSE, da se-gunda fase do Spreadthesign. Os objectivos para os próximos dois anos passam por enriquecer o dicionário com vocabulário referente a outras áreas vocacionais, pela introdução de voz, de mais imagens 3D e de descrições que complementem as imagens, pela reconfi guração dos gestos e ainda pela inserção de Sign Writing (sistema de representação gráfi ca das línguas gestuais que permite, através de símbolos visuais, reproduzir as confi gurações das mãos, as expressões faciais e os desloca-mentos corporais). Outra novidade é a inclusão de equipas de mais cinco países, inclusivamente de fora da Europa: África do Sul, Alemanha, França, Japão e Turquia.
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A vida académica no Porto ganhou dinamismo sobretu-do a partir do último quartel do século XIX, quando se multiplicaram as iniciativas ligadas ao teatro, à música
e à imprensa estudantis. Há até registo de um Teatro Acadé-mico que terá existido por volta de 1851, na Rua das Liceiras (actual Rua do Alferes Malheiro). Mais tarde, no início do sé-culo XX, avultaram as récitas teatrais e as “revistas”, que “ou se destinavam a celebrar o fi m do curso ou obedeciam (...) a impulsos de solidariedade a favor das crianças ou dos pobres. Outras vezes ainda, visavam auxiliar estudantes necessitados, fornecendo-lhes livros, pagando-lhes as propinas e subsidian-do-os mensalmente, sobretudo em caso de doença”, escreveu o historiador Cândido dos Santos (SANTOS, Cândido dos, 1996 – Universidade do Porto. Raízes e memória da instituição. Porto: Reitoria da Universidade do Porto). Mas a frequência das récitas foi diminuindo até meados do sé-culo XX, altura em que emergiram outros motivos de interesse cultural entre os estudantes. É então que o teatro ligeiro cede espaço ao teatro clássico, sendo este corporizado, na comuni-dade académica portuense, pelo TUP – Teatro Universitário do Porto. O grupo fez a sua estreia absoluta a 13 de Dezembro de 1948, no Teatro Rivoli, com a representação das peças Filode-mo, de Luís Vaz de Camões, e O Fidalgo Aprendiz, de D. Fran-cisco Manuel de Melo, e ainda de duas cenas do dramaturgo espanhol Tirso de Molina. Na génese do TUP esteve a vontade de alguns estudantes da U.Porto, vontade essa que mereceu o acolhimento favorável do reitor de então, Amândio Tavares, e do director do Centro de Estudos Humanísticos, em cuja secção de teatro clássico fi ca-ria integrado o novel grupo. Sob a direcção de um docente da Faculdade de Medicina, Hernâni Monteiro, o TUP benefi ciou, igualmente, do apoio da indústria e do comércio portuenses.
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O TUP – Teatro Universitário do Porto come-mora, durante o mês de Dezembro, o seu 60.º
aniversário. Para celebrar a efeméride, o grupo está a preparar um novo espectáculo original que deverá estrear-se no início de 2009. Ape-
sar das difi culdades para ensaiar e representar em condições dignas, o TUP promete continuar
a honrar os seus pergaminhos históricos e a fi gurar no roteiro cultural da cidade. Para além
da habitual produção de duas peças por ano, existe a intenção de manter a aposta em ac-
ções formativas na área das artes cénicas.
A ternura dos sessenta
CULTURA
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Vocação experimentalAo longo dos seus 60 anos de história, o TUP notabilizou-se, sobretudo, pelo contributo que deu para o nascimento do te-atro independente no Porto. Graças à sua natureza amadora e académica, o grupo pôde assumir, desde logo, um carácter eminentemente experimental e assim concorrer para o alarga-mento dos horizontes da expressão dramática na cidade e no país. Neste particular, há a salientar as inúmeras encenações de textos de autores inéditos em Portugal, circunstância de-monstrativa de uma clara vocação para a descoberta de novas dramaturgias, para a exploração de diferentes registos dramáti-cos e para a fuga às convenções teatrais. Entre as peças do seu reportório contam-se, por exemplo, O Meu Coração Vive nas Terras Altas, de William Saroyan; A Cavalgada para o Mar, de John Millington Synge; O Ensaio, de Maurice Baring; O Jardim Zoológico de Vidro, de Tennessee Williams; Um Noivado no Da-fundo, de Almeida Garrett; Lamentações do Clérigo, de Anrique da Mota. Ou seja, autores e textos dramáticos menos óbvios.A actividade do TUP extravasou a cidade do Porto e o seu cam-pus universitário, sendo frequente a participação do grupo em festivais nacionais e internacionais. Mas foi na Invicta, mais concretamente em salas como o Rivoli ou o Coliseu ou ain-da no Centro Universitário e nas faculdades de Engenharia e Medicina, que o TUP conheceu os seus grandes momentos de glória. Neste percurso sexagenário, Cândido dos Santos des-taca a fi gura do encenador Correia Alves e sublinha a impor-tância para o grupo da colaboração dos estudantes de Belas-Artes, designadamente no desenho de fi gurinos e na pintura de cenários.Deve também ser reconhecida ao TUP a importância das suas acções formativas, vertente que continua a ser privilegiada nos dias de hoje. Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, o grupo promove a cada dois anos um Curso de Iniciação ao Teatro. Além disso, é frequente a organização de workshops nas áreas do teatro, da performance e da dança. De resto, esta aposta na formação é para continuar, assegura o vice-presidente do TUP, Nuno Matos.Composto actualmente por um núcleo duro de cerca de dez elementos, o TUP promete ainda produzir, encenar e repre-sentar dois espectáculos por ano, além de se encontrar dispo-nível para colaborar com outros grupos de teatro (universitário e profi ssional) da cidade do Porto, como sempre fez ao longo da sua história. Em mente está, igualmente, a participação em festivais de teatro universitário, como o FATAL (Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa) e o MITEU (Mostra Internacio-nal de Teatro Universitário).
Reportório de difi culdades Para assinalar os 60 anos de vida da instituição, o TUP pre-vê estrear um novo espectáculo original (ainda sem título) em meados de Janeiro. É um sinal de vitalidade do grupo num momento em que, como admite Nuno Matos, uma série de difi culdades tolhem a sua actividade dramatúrgica. Segundo o vice-presidente do TUP, o “trabalho é bastante difi cultado pela ausência de infra-estruturas. Como os restantes grupos acadé-micos de teatro – e, já agora, o Orfeão e os grupos de canto coral – não temos uma sala onde apresentar o nosso teatro. Não exis-te na cidade do Porto um auditório para a cultura universitária. E, hoje em dia, torna-se impossível pagar o aluguer de uma sala na cidade. Para além disso, o edifício que nos servia de sede está em péssimas condições e praticamente inutilizável”, garante Nuno Matos. Aliás, “existe a intenção, por parte da rei-toria, de agrupar todos os grupos de teatro universitário num só espaço. Mas, enquanto não se passa da intenção, o trabalho é altamente prejudicado”, acrescenta o mesmo responsável. Além disso, “o abandono por parte da maioria dos estudantes das actividades extracurriculares acarreta graves consequên-cias, nomeadamente no que à continuidade dos projectos diz respeito. Dessa forma, não é comum vermos muitos grupos académicos levarem trabalhos a cena. E os que o conseguem acabam por não fazer uma divulgação efi caz. Nesse sentido, o TUP, mesmo lutando contra o mesmo problema, tem sabido manter uma coerência e um equilíbrio que permitem a produ-ção dos espectáculos e nos dão as condições necessárias para os ‘exportar’”, salienta ainda Nuno Matos. Por tudo isto, “o desejo do TUP é só um: ter condições para se afi rmar cada vez mais como fi gura presente e importante no panorama cultural do Porto. Parece simples, mas não é e nem depende só do nosso trabalho”, explica Nuno Matos.
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A Ablynx é uma empresa belga de ponta na área das nano-tecnologias aplicadas à indústria farmacêutica, há cerca de oito meses instalada no Parque de Ciência e Tecno-
logia da Universidade do Porto (UPTEC). Dispondo de um cen-tro de inovação com aproximadamente 500 m2, e onde investiu cerca de três milhões de euros em equipamento, a Ablynx tem vindo a desenvolver, em parceria com o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), uma tecnologia já patenteada e úni-ca no mundo que permite a criação de nanobodies (nanocorpos), ou seja, um novo tipo de proteínas terapêuticas com base em fragmentos de anticorpos destinado ao combate de uma vas-ta gama de doenças graves, como o cancro, as infl amações, as tromboses ou o Alzheimer. E esta tem sido uma parceria de sucesso. Em declarações à UPor-to Alumni, António Parada, responsável pela área de Proprieda-de Intelectual do IBMC/INEB, lembra que a Ablynx mantém uma ligação umbilical ao IBMC desde 2005, ligação essa que se tornou mais visível quando a empresa necessitou de mais es-paço. Segundo António Parada, eram necessárias condições de trabalho que o IBMC não podia providenciar, fruto do problema de espaço com que hoje se debate. Naturalmente que o parceiro natural para ultrapassar esta questão seria sempre a U.Porto. E é nesta altura que entra em campo o UPTEC.
O relacionamento entre as instituições foi de tal forma proveitoso que António Parada arrisca mesmo dizer que o que se conseguiu fazer num curto espaço constituirá, porventura, um autêntico re-corde mundial. “Em três meses, uma empresa, um instituto de interface e uma instituição pública com o peso da U.Porto con-seguem transformar um armazém de arrumos num laboratóriototalmente equipado”, salienta António Parada, para quem esta realização “só abona a favor de um vasto grupo de pessoas envol-vidas, como Carlos Silva, Chefe de Manutenção do IBMC, Fredrik Oxelfelt, na altura responsável pela Ablynx, e o Professor Jorge Gonçalves [vice-reitor da U.Porto], que teve a visão e a coragem para transformar todas estas vontades em algo concreto”.
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Ablynx
Anticorpos à escala nano
O UPTEC alberga, desde Fevereiro último, a Ablynx, uma empresa
de origem belga que se dedica à criação de nanobodies. Este novo
tipo de proteínas terapêuticas é vocacionado para o combate de pa-tologias graves, como o cancro, as
infl amações, as tromboses ou o Al-zheimer. Daqui resulta um potencial que não é só científi co mas também
económico. Factor determinante para o desenvolvimento da unidade
portuguesa tem sido a ligação à U.Porto, confi rmando-se assim que
é possível, em Portugal, um relacio-namento profícuo entre os mundos
académico e empresarial.
EMPREENDER
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Por conseguinte, não é de estranhar que os responsáveis da Ablynx se mostrem extremamente agradados com o desempe-nho da unidade portuguesa, apesar de algumas dores de cres-cimento que vão surgindo e às quais urge dar resposta o mais rapidamente possível. O que não deverá ser um obstáculo, até porque, diz António Parada, “a comunicação entre a Ablynx e o UPTEC difi cilmente poderia ser melhor”.
Espaço precisa-seE quais são essas dores de crescimento? Muito simples. O rápi-do desenvolvimento da Ablynx levou a que as suas instalações, actualmente sedeadas no pólo universitário do Campo Alegre, tivessem chegado quase ao limite da respectiva capacidade. De uma forma mais simplista, a Ablynx precisa de espaço. “Preci-samos de crescer mais”, sustenta António Parada, frisando que a unidade portuguesa “tem um desempenho acima da média no conjunto global da empresa, o que é óptimo, já que se tra-duz no reconhecimento do nosso capital humano – tendo em contra que, a nível de infra-estruturas, não há grandes dife-renças”. Mas este continuado depositar de confi ança da gestão belga nos resultados que vão saindo do Porto obriga a empresa a crescer, a expandir-se e a ter outro tipo de espaço de que ac-tualmente não dispõe. Como é que se resolve este problema? Obviamente junto do UPTEC, o parceiro natural da Ablynx para tudo o que diz respeito às infra-estruturas. Neste particular, An-tónio Parada mostra-se “confi ante de que, se surgirem desafi os, o UPTEC aparecerá para os superar, como aliás já o fez em ou-tras ocasiões”.Já no que diz respeito à captação de profi ssionais altamente qua-lifi cados, não parecem existir grandes difi culdades de recruta-mento. “A Ablynx veio para o Porto por causa das pessoas”, diz António Parada, frisando que a empresa “contrata gente muito qualifi cada”. Aliás, esta é uma área onde o Porto pode encontrar caminhos de inovação e negócio, fruto dos recursos humanos que produz e da capacidade instalada que não pára de crescer. A título de exemplo, refi ra-se que as três maiores empresas que operam em Portugal ao nível da Biologia (Bial, Grupo Biocodex e Ablynx) estão no Porto, o que permite um incremento cada vez mais intenso das relações entre o meio empresarial e o meio académico, numa espécie de negócio onde todos ganham. Num país onde empresas e universidades andam, regra geral, quase que de costas voltadas, a U.Porto toma, de novo, a dianteira, con-cretizando projectos no terreno e potenciando o ensino que é ministrado nas diferentes faculdades.
Um mundo novo?Com o desenvolvimento da nanotecnologia, e com o sucesso que o trabalho da Ablynx em Portugal tem registado, estará o Porto a caminho de se tornar uma referência além-fronteiras na área da Biologia em geral e da nanotecnologia em particu-lar? António Parada acha algo redutor colocar a questão desta forma. “É verdade que a Ablynx aposta na especialização e pro-duz para a empresa mãe um produto com qualidade claramen-te acima da média”, afi rma o responsável, contrapondo, no en-tanto, que “isso não vai transformar o Porto numa espécie de Meca da nanotecnologia”. Na sua opinião, o Porto “encontrou na Biologia um caminho para o desenvolvimento. E é preciso dizer-se que esse caminho foi descoberto há dez anos pela Bial. Foi uma porta corajosamente aberta e atravessada que outros tiveram a intuição de seguir. Talvez por isso, o Porto se esteja a tornar numa zona capaz de criar valor, de gerar negócio, na área da Biologia”. Ou seja, bem acarinhado pelas forças vivas da cidade (U.Porto, Câmara, CCDRN, etc.) a região pode tri-lhar aqui um caminho de sucesso. E o acarinhado não signifi ca qualquer tipo de subsidiodependência e ausência de risco. “Se querem um exemplo de ajuda perfeito é ver o que o UPTEC e a U.Porto fi zeram com a Ablynx”, alerta António Parada. E em que estádio de desenvolvimento está a Ablynx relativa-mente ao seu objecto de estudo e investigação? António Para-da não abre muito jogo, mas sempre vai adiantando que já se chegou ao fi nal da Fase I do nanobody mais avançado. Trata-se de um anti-trombótico, cujo desenvolvimento ainda continua. “O que para já podemos dizer ao mercado é que os resultados são bons”, remata António Parada. Até fi nal do ano, a empresa, fundada em 2001 na cidade belga de Gent, e já cotada na Euro-next, deverá anunciar novos resultados.
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No vetusto edifício da Rua dos Bragas ainda
restolhavam as memórias de mais de 60 anos
devotados ao ensino das engenharias quan-
do, com a subtileza de um virar de página, um
novo ofício se anuncia. Em amplas divisões
despojadas de vida, a luz irrompe para defi nir
a silhueta do mobiliário expectante e instalar
a quietude própria do vazio.
A espera pressente-se na rudeza do quadro
de lousa, na austeridade académica de
cadeiras e secretárias, no brilho opaco dos
azulejos, na superfície acetinada das ma-
deiras, na alvura da pedra monumental. Um
vagar cerimonioso como que se entranha
na massa construída, enquanto a patine do
tempo vai obedecendo às instruções de uma
nova ordem.
Os quatro pisos em geometria rectangular
preparam-se, solicitamente, para acolher a
precisão imprecisa das Ciências Jurídicas. A
Técnica em breve cederá lugar à Razão das
Leis. Benefi cium juris nemini est denegandi /
A ninguém deve ser denegado o benefício do
Direito. E assim o avatar acontece, conferindo
à FDUP a gravitas que lhe permite instruir,
condignamente, novas gerações para a admi-
nistração da Justiça.
RMG
BENEFICIUM JURIS
ALMA MATER
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A Loja da Universidade do Porto deu recente-
mente um passo importante na concretização
da sua estratégia de aproximação à comunidade
académica e à cidade, com a abertura de uma
sucursal na Faculdade de Belas Artes (FBAUP),
no espaço antes ocupado pela livraria In-Úteis.
O conjunto de produtos da Loja da Universidade
do Porto cobre as vertentes de livraria, pape-
laria, têxteis, vinho do Porto, obras gráfi cas,
posters, postais e outras. Trata-se de artigos
inovadores, distintos na qualidade e com algum
tipo de ligação à instituição, nomeadamente ao
nível da concepção. De acordo com a orientação
estratégica da Loja, este conjunto deverá ser
progressivamente alargado com novos produ-
tos, até ao fi nal do ano.
Com o novo espaço, em exploração pela Asso-
ciação de Estudantes da FBAUP, a Loja pretende
vir a disponibilizar objectos concebidos por
elementos desta Faculdade, assim como repro-
duções do seu espólio museológico.
Entre os produtos a acrescentar nos próximos
tempos à variedade já disponível, estão os brin-
quedos pedagógicos e os objectos inovadores
numa perspectiva tecnológica, nalguns casos
em resultado da investigação realizada pela
comunidade científi ca da U.Porto. Até ao Natal
perspectiva-se a remodelação da página da Loja
(http://www.loja.up.pt) com módulo de vendas
on-line e ofertas especiais.
LOJA
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MONTRA
VINHO, GASTRONOMIA E SAÚDE C. HIPÓLITO - REISEDITORA UP
Em “Vinho, Gastronomia e Saúde”, C. Hipó-
lito-Reis, professor jubilado de Bioquímica
da Faculdade de Medicina da U.Porto, ana-
lisa as inter-relações do vinho, da gastro-
nomia e da saúde, encarando-as como um
conjunto sistémico de complementaridades
em que os três elementos se relacionam em
harmonia.
“A certeza de que a vida, a sua duração e
qualidade, e a saúde, em termos gerais,
dependem da alimentação, o conhecimento
da espantosa excelência de, pelo menos,
uma certa gastronomia, dita mediterrânica,
grega ou cretense, em que o vinho tem
a sua parte, e a descoberta dos valores
simbólicos desta actividade humana (…),
abriram perspectivas novas numa área do
saber humano em que a dada altura, cienti-
fi camente, tanto se empolou a alimentação
racional e ao mesmo tempo, inapelavel-
mente, se condenava o vinho como droga
geradora de desgraças orgânicas, compor-
tamentais e comunitárias”. (C. Hipólito-
Reis, in Prefácio).
São estas novas perspectivas que o autor
explora nesta obra lançada pela Editora UP
(http://editora.up.pt). Apresenta-se em
duas partes: a primeira tem quatro capítu-
los preparatórios daquele em que se for-
mula o tema (as inter-relações do vinho, da
gastronomia e da saúde), seguindo-se-lhes
um de integração dos recursos discutidos
na matéria médica, e outro conclusivo. A se-
gunda parte inclui sete apêndices de carác-
ter especializado, contendo as informações
complementares requeridas.
QUE COMEMOS? PERE PUIGDOMÈNECHTRADUÇÃO DE PAULO VAZ-PIRES EDITORA UP
É segura a alimentação de hoje? Porque
é que comer pode ser tanto uma fonte de
prazer como de angústia? Que comemos
no passado, que comemos agora e que
comeremos no futuro? São estas as ques-
tões a que Pere Puigdomènech, professor
de Investigação no Instituto de Biologia
Molecular de Barcelona (CSIC) e director do
Laboratório de Genética Molecular Vegetal
(CSIC-IRTA), procura responder na obra
“Que Comemos?”, com chancela da Editora
UP, e que traduzem uma análise abrangente
da problemática da alimentação.
Nas palavras do autor, “este livro pretende
dar uma visão geral, ainda que não exaus-
tiva, do conjunto de factores que permitem
responder à pergunta que lhe dá o título. E
estes factores são muitos. Vão desde o que
é necessário comer, o que é possível culti-
var e como produzir alimentos para a actual
população do mundo, até ao que podemos
prever no futuro próximo, na perspectiva da
biologia moderna”.
Numa altura em que a alimentação sau-
dável está na ordem do dia, marcando as
preocupações quer dos especialistas em
saúde e nutrição, quer dos consumidores,
quer dos próprios programas governa-
mentais, “Que Comemos?” torna-se ainda
mais actual, não deixando se ser acessível
a um público mais vasto nesta tradução de
Paulo Vaz Pires, investigador no Centro de
Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR)
e docente no Instituto de Ciências Biomédi-
cas Abel Salazar, onde é director do Depar-
tamento de Produção Aquática.
“AJUDAR A NASCER - PARTEI-RAS, SABERES OBSTÉTRICOS E MODELOS DE FORMAÇÃO (SÉCULO XV - 1974)”MARINHA CARNEIRO EDITORA UP
“Ajudar a Nascer” acompanha, de forma
contextualizada e cientifi camente susten-
tada, o processo de profi ssionalização das
parteiras, percorrendo a sua trajectória so-
cioprofi ssional e formativa desde o século
XV, em que o “ser parteira” assumia o esta-
tuto de ofício, até à conquista de um espa-
ço profi ssional próprio, já no século XX.
No prefácio do livro, Maria Cristina Tavares
Teles da Rocha e José Alberto Correia, am-
bos docentes e investigadores da Faculda-
de de Psicologia e Ciências da Educação da
U.Porto, consideram que a obra de Marinha
Carneiro “constituirá seguramente uma
referência incontornável da investigação a
desenvolver em vários domínios discipli-
nares como sejam, entre outros, a História
e Sociologia das Profi ssões e do Trabalho,
Sociologia dos Sistemas de Formação e
Teoria do Currículo, História e Sociologia da
Saúde, Sociologia dos Objectos Técnicos”.
Marinha Carneiro (Santo Tirso, 1954) é pro-
fessora/coordenadora da Escola Superior
de Enfermagem do Porto, onde lecciona nas
áreas de História da Enfermagem, Enferma-
gem e Cidadania e Enfermagem de Saúde
Materna e Obstétrica. É licenciada, mestre
e doutorada em Ciências da Educação pela
U.Porto, e licenciada em Enfermagem com
Especialização em Enfermagem de Saúde
Materna e Obstétrica.
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MÉRITO
Cresceu em Portugal, “encontrou-se” em África e pondera “viver um tempo na América Latina”. Recusa o epíteto de “aventureiro” mas é de aventura que se faz o mundo de Pedro Cardoso, o anti-go aluno da U.Porto que foi distinguido, no dia 4 de Outubro, como “Jornalista Revelação” de Angola no âmbito do Pré-mio Maboque 2008, o mais importante galardão angolano para a área da comu-nicação social.Aos 26 anos, o repórter luso-angolano vê reconhecido o mérito de um “per-curso diferente” que, em quatro anos, o levou das salas da licenciatura em Jor-nalismo e Ciências da Comunicação da U.Porto (concluída em 2004) até ao car-go de subchefe de redacção do Novo Jor-nal, um dos mais proeminentes jornais angolanos. Pelo meio, fez a “escola” em Cabo Verde (jornal A Semana), antes de rumar a Angola, em 2006. “Sou fi lho de angolanos e sempre alimentei o desejo de vir para cá”, destaca Pedro Cardoso que, até chegar ao Novo Jornal, trabalhou em várias publicações institucionais e foi colaborador do Público.Sobre o prémio, a nova “revelação” do jornalismo angolano destaca “o valor pessoal e simbólico” do mesmo. Ser re-conhecido em Angola é o fechar de um ciclo para mim e para a minha família”, realça. Sem esquecer os amigos que fez na U.Porto, Pedro Cardoso não pondera, porém, o regresso a Portugal. “Mais do que nunca, Angola precisa de jornalistas responsáveis e eu sinto um compromis-so muito forte com esta terra”.
Pedro Martins, investigador do Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC), licenciado e doutorado pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), foi re-centemente distinguido na primeira edi-ção do prémio “EFCE Excellence Award in Industrial Crystallization 2008”. Atribuído pela Federação Europeia de Engenharia Química (EFCE), este galar-dão visa premiar as melhores teses de doutoramento realizadas a nível euro-peu na área da cristalização. A tese de Pedro Martins – intitulada “Modelling Crystal Growth from Pure and Impure Solutions: A Case Study on Sucrose” – foi escolhida pelo seu “grau de inovação, profundidade e alcance, bem como pela sua relevância industrial”.Desenvolvido no Departamento de En-genharia Química da FEUP e orientado pelo professor Fernando Roch, o traba-lho consistiu na investigação do cresci-mento cristalino sob os pontos de vista teórico e experimental, dando particular ênfase à cristalização da sacarose em so-luções puras e impuras. Para além de receber um prémio su-perior a 1.500 euros, Pedro Martins garantiu ainda a participação no 17th International Symposium on Industrial Crystallization (ISIC 17), evento que teve lugar, em Setembro, em Maastricht, na Holanda.
Ricardo Dinis-Oliveira, investigador e docente do Instituto de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), tornou-se, no passado mês de Junho, o primeiro português a ser dis-tinguido com o prémio “Young Scientist Award 2008”, atribuído pelo comité científi co da International Association of Forensic Toxicologists (IAFT).Aos 29 anos, o jovem investigador, li-cenciado em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP), viu premiado o carácter inova-dor da tese de doutoramento em Toxico-logia pela mesma faculdade. Juntamen-te com cientistas da FMUP, da FFUP e da Faculdade de Desporto (FADEUP), Dinis-Oliveira descobriu um antídoto para uma das substâncias que provoca mais mortes por envenenamento em Portugal: o paraquato. A equipa de in-vestigação demonstrou, pela primeira vez, que a administração de salicilatos a animais de laboratório intoxicados com paraquato é capaz de reverter a toxici-dade. Este tratamento está a ser testado num ensaio clínico com o objectivo de avaliar o grau de efi cácia nos seres hu-manos.Publicados em várias revistas científi cas, os resultados da investigação já foram sujeitos a registo de Patente Nacional e Internacional. Para além do prémio da IAFT, Ricardo Dinis-Oliveira foi ainda reconhecido com a atribuição do Título de Doutoramento Europeu.
“JORNALISTAREVELAÇÃO”EM ANGOLA
DOUTORADODA FEUPDISTINGUIDO COMPRÉMIO EUROPEU
“YOUNGSCIENTISTAWARD 2008”
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Patrícia Teixeira Lopes, antiga aluna e docente da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP), foi distinguida, no passa-do mês de Outubro, com o Prémio Pro-fessor Manuel Baganha promovido, pela primeira vez, pela Associação dos Anti-gos Alunos da Faculdade de Economia da U.Porto (AAAFEP).Doutora em Ciências Empresariais, Pa-trícia Teixeira Lopes é Licenciada em Gestão e Mestre em Ciências Empresa-riais (com especialização em Finanças) pela FEP, instituição à qual se mantém ligada como professora auxiliar do Gru-po de Contabilidade e Gestão. Autora de diversas publicações em revistas na-cionais e internacionais, a “Economis-ta Revelação 2008” tem desenvolvido trabalhos de consultoria junto de várias empresas e instituições. Desde Abril deste ano, ocupa também as funções de Pró-Reitora da U.Porto, responsável pelo pelouro do Planeamento Estratégico, Relações e Participações Empresariais.O júri desta primeira edição do Prémio Professor Manuel Baganha foi com-posto por José da Silva Costa (director da FEP), Joaquim Branco (presidente da AAAFEP), Daniel Bessa (director da EGP-UPBS), e pelos economistas e alumni da FEP, Miguel Cadilhe e Oli-veira Marques. No mesmo encontro que distinguiu Patrícia Teixeira Lopes foi prestada homenagem aos primeiros licenciados da faculdade, na pessoa de oito estudantes da primeira licenciatura concluída em 1958.
Uma equipa de investigação da Facul-dade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) foi recentemente galardo-ada com a “Bolsa Pfi zer de Investigação Clínica em VIH/SIDA”, no valor de 60 mil euros.Esta bolsa – a de maior valor atribuída pela Pfi zer e pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa – distinguiu o projec-to “Risco cardiovascular aumentado na infecção VIH. Contribuição da dimeti-larginina assimétrica para avaliação da disfunção endotelial. Estudo transversal e prospectivo”, liderado pelos docentes e investigadores Manuel Pestana (direc-tor do Serviço de Nefrologia da FMUP) e António Sarmento (director do Serviço de Doenças Infecciosas). O objectivo da investigação é descobrir se a dimetilargi-nina assimétrica – uma proteína presen-te no nosso organismo – poderá ser um marcador do risco de acidentes cardio-vasculares nos pacientes com VIH. Para isso, os investigadores estudam 1.500 pacientes com VIH que frequentam o Hospital de São João, no Porto. Apesar destes doentes benefi ciarem de melhor qualidade de vida devido à efi cá-cia dos medicamentos anti-retrovíricos, os acidentes cardiovasculares são uma das principais causas de morte na popu-lação infectada pelo VIH.
Propõe uma abordagem inovadora e pode representar uma nova esperança para homens diabéticos que sofram de disfunção eréctil. Assim se defi ne a pro-posta de investigação que valeu a uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) a atri-buição da Bolsa de Investigação ABBOT-TUrologia 2008, pela Associação Portu-guesa de Urologia.Liderada por Carla Costa (bióloga dou-torada pela FMUP) e Pedro Vendeira (urologista licenciado e doutorado pela FMUP) – na foto – e completada por Ra-quel Soares (bioquímica licenciada pela FCUP, mestre e doutorada pela FMUP), Duarte Pignatelli (endocrinologista li-cenciado e doutorado pela FMUP) e Ân-gela Castela (bioquímica licenciada pela Universidade de Coimbra), esta equipa multidisciplinar pretende identifi car os genes ligados à função vascular que es-tão alterados no pénis de animais (ratos) diabéticos. Em caso de sucesso, podem abrir-se as portas à criação de novas te-rapêuticas direccionadas ao combate à disfunção eréctil, problema que atinge entre 50 a 70% dos homens diabéticos.A Bolsa de Investigação ABBOTT Uro-logia 2008 tem o valor de 5 mil euros e foi atribuída durante o X Simpósio da Associação Portuguesa de Urologia, que se realizou, de 9 a 11 de Outubro, no Al-garve.
PATRÍCIA TEIXEIRA LOPES É‘ECONOMISTA REVELAÇÃO’ 2008
PRÉMIO PFIZER PARA EQUIPADA FMUP
BOLSA DEINVESTIGAÇÃO PARA FMUP
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MÉRITO
Anake Kijjoa, professor do Departamen-to de Química do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), rece-beu um doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Burapha, Tailân-dia, a 25 de Novembro.O professor, de origem tailandesa e a viver em Portugal há vários anos, de-sempenhou e desempenha um papel decisivo no desenvolvimento das rela-ções entre a U.Porto e as universidades tailandesas.Anake Kijjoa iniciou a sua actividade do-cente na U.Porto em 1981, primeiro no Departamento de Química da Faculda-de de Ciências e, depois de 1984, no IC-BAS, onde também é responsável pelo Departamento de Química.A U.Porto mantém, actualmente, acor-dos de cooperação com as universida-des tailandesas de Burapha, Kasetsart, Chiang Mai e Khon Kaen. Até agora, o professor e investigador interveio na vinda de oito estudantes tailandeses para a U.Porto, onde já concluíram as suas teses de doutoramento. Colaborou ainda no ingresso de mais onze discen-tes, cujas teses de doutoramento ainda estão em curso.A intervenção de Anake Kijjoa e da Co-missão Europeia possibilitou também a assinatura de um acordo entre o Mi-nistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português e o ministério con-génere tailandês.
José Costa Lima, professor catedrático da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP), foi galardoado com o “FIA Ho-nor Award for Science”, um prémio promovido pela Associação Japonesa de Flow Injection Analysis com o objectivo de distinguir investigadores que se des-taquem pela actividade científi ca de ex-celência na área de análise em fl uxo.Nascido no Porto em 1945, Costa Lima vê reconhecido um percurso que inclui a licenciatura e o doutoramento em Química, pela Faculdade de Ciências da U.Porto. Na Faculdade de Farmácia fez a agregação em Química Analítica e é actualmente director do Serviço de Química-Física, bem como coordenador do Mestrado em Química Analítica Am-biental.Investigador multipremiado nas áreas da Química Analítica ou da Química Ambiental, José Costa Lima é autor de mais de 420 artigos científi cos publica-dos em revistas Internacionais. No cur-rículo conta ainda com passagens por altos cargos em sociedades científi cas de referência nos campos da Electroquími-ca, Química e Ciências Farmacêuticas.O “FIA Honor Award for Science” foi entregue durante a 15th International Conference on Flow Injection Analysis and Related Techniques, um evento que teve lugar em Nagoiya, no Japão, entre 28 de Setembro e 3 de Outubro.
Não resiste a sashimi de atum, vibra ao som de John Cage, mas é a desenhar edifícios que mais se destaca Nuno Tra-vasso, o melhor aluno da Faculdade de Arquitectura da U.Porto (FAUP) no bié-nio 2005/2007 e, por isso mesmo, ven-cedor da edição 2008 do Prémio Arqui-tecto José Marques da Silva, promovido pelo instituto da U.Porto com o mesmo nome.Foi no passado dia 30 de Outubro que Nuno Travasso recebeu os 2.500 euros do galardão que celebra a vida e a obra de um dos maiores vultos da história da Universidade e da arquitectura portu-guesa. Valor a juntar aos vários galardões amealhados ao longo de um percurso académico de excelência, culminado em 2007 com a conclusão da licenciatura pela FAUP (média fi nal de 17 valores). “As recompensas que procuro não são prémios. No entanto, estes lembram que esta lógica da recompensa existe e são, por isso, um incentivo”, destaca o arquitecto.Aos 28 anos, e com um currículo em que se assinalam as colaborações com vários arquitectos portuenses, a mais nova pro-messa saída da “Escola do Porto” aposta na afi rmação “como arquitecto indepen-dente”. Nos projectos “a longo prazo” de Nuno Travasso está também a continu-ação do percurso académico na FAUP, “casa” onde diz ter ganho “a estabilidade necessária para procurar novos modos de olhar e de fazer”.
HONORIS CAUSA PARAANAKE KIJJOA
CATEDRÁTICODA FFUPDISTINGUIDONO JAPÃO
NOVAPROMESSA DAARQUITECTURA
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O atelier Bolos Quentes, formado pelos licenciados da Faculdade Belas Artes da U.Porto (FBAUP) Albino Tavares, Duar-te Amorim, Miguel Marinheiro e Sérgio Couto, foi distinguido com o Prémio de Melhor “Music Video” no Ottawa Inter-national Animation Festival (OIAF 07), um dos mais prestigiados festivais in-ternacionais na área do cinema de ani-mação.De 17 a 21 de Setembro, o OIAF reuniu na capital canadiana mais de 27 mil visi-tantes e 1.500 empresas ligadas à indús-tria cinematográfi ca. Espaço improvável de afi rmação de um projecto que até “surgiu por acaso. Depois de um traba-lho para a faculdade, sobrou-nos uma película de 16mm que dava para fi lmar 3 minutos. Encontrámos uma música com esse tempo – ‘Spang It’, de Último – e produzimos o vídeo aplicando tinta permanente em cima da própria pelícu-la”, explica Sérgio Couto. Da ideia nas-ceu um vídeo “low budget”, onde duas personagens interagem com manchas de tinta animada, conceito que conven-ceu o júri do OIAF. “O prémio foi uma surpresa porque os outros concorrentes tinham orçamentos enormes. Se ganhá-mos foi porque reconheceram a diferen-ça e irreverência do projecto”.De regresso ao “mundo real”, o quarte-to de jovens (todos nascidos em 1983) aposta na afi rmação do Bolos Quentes, um atelier criado em 2003, enquanto es-paço de trabalho académico. Desde en-tão, desenvolveram vários projectos nas áreas do design gráfi co, multimédia, ví-deo e cinema, assim como intervenções artísticas e culturais.
Ricardo Veloso e João Costa, dois estu-dantes que terminaram no ano passado o Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC) da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), tornaram-se recentemente nos primeiros membros da instituição a re-ceberem elogios de frequência Erasmus, louvor que visa reconhecer a excelência dos resultados obtidos pelos estudantes na sua passagem pelo mais conhecido programa de mobilidade no ensino su-perior europeu.Foi no primeiro semestre do ano lectivo 2007/08 que o duo partiu rumo à Eslo-váquia para um período de estudos na Fakulta Riadenia a Informatiky (Ilinská Univerzitá). Da experiência na Europa Central, Ricardo Veloso destaca o “con-tacto com um país fantástico na sua be-leza natural e cultural”, a par do “nível do ensino praticado”. “O nosso contac-to com os professores e o nosso estu-do foram muito apreciados. Gostámos imenso do trabalho deles, que tornaram as cadeiras um desafi o interessante e empolgante”, lembram os novos alumni da FEUP, para quem a felicitação públi-ca – acordada entre as universidades de origem e de destino – acaba por ser “a cereja no topo do bolo”.Actualmente a trabalhar em Inglaterra e na Polónia, respectivamente, Ricardo Veloso e João Costa destacam os bene-fícios de uma experiência Erasmus, não só pela valorização pessoal, mas sobre-tudo “pelo que pode representar no fu-turo, em termos profi ssionais”.
O e-book “Laboratórios de Instrumenta-ção para Medição/ Laboratories of Ins-trumentation for Measurement”, obra multimédia bilingue criada na Facul-dade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e editada pela Editora UP, venceu a V Competição Internacional “eLearning in Praxis”, iniciativa que visa divulgar novas modalidades de ensino baseadas em soluções de eLearning. Da autoria de cinco docentes e investiga-dores do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP (Maria Teresa Resti-vo, Fernando Gomes de Almeida, Maria de Fátima Chouzal, Joaquim Gabriel Mendes e António Mendes Lopes), este e-book inovador permite, pela primeira vez, o acesso online a laboratórios remo-tos. Na prática, o leitor pode, a partir de qualquer lado, “entrar” nos laboratórios da FEUP e experimentar diferentes téc-nicas de medição – como se estivesse em ambiente laboratorial real –, a partir da interacção com textos, imagens, víde-os, animações e simulações.Com a atribuição do “eLearning in Pra-xis” na categoria “Materiais de apoio à aprendizagem online”, o primeiro e--book editado pela Editora UP converte-se também na primeira obra da editora premiada no estrangeiro. A entrega do galardão teve lugar durante a VI Inter-national Conference on Emerging eLe-arning Technologies and Applications 2008, que decorreu em Setembro, na Eslováquia.
“ÓSCAR” DAANIMAÇÃO PARA ALUMNI DA FBAUP
ELOGIO INÉDITO PARA ERASMUS DA FEUP
PRÉMIOINTERNACIONAL PARA E-BOOKDA U.PORTO
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Desde que os fundadores, os então estudantes Romeu Veloso, Jorge Oliveira, Leopoldina Silva, Fernando Jesus, Adriana Costa e Fernando Fangueiro (os dois
últimos ainda no grupo) constituíram o Núcleo de Etnografi a e Folclore da Academia do Porto (NEFAP), a partir do Coral de Letras, em 1982, a colectividade acolheu duas gerações de universitários e várias formações, contando actualmente 35 elementos. A actual presidente, Margarida Luz, acompanhada por Jorge Caldas, um dos elementos mais antigos do NEFUP, acompanha e ajuda a direcção e é estudioso das danças tradi-cionais, e Armando Dourado, encenador há 12 anos, conduzem a visita. Desfi lam memórias do grupo, um legado de música, dizeres, trejeitos, danças, costumes, objectos e trajos que mos-traram, em vários palcos nacionais e estrangeiros, um pouco de uma certa condição única do Portugal a Norte.O Núcleo passou por duas grandes estéticas de representação da cultura e tradições da região e por uma mudança de nome: de Núcleo de Etnografi a e Folclore da Academia do Porto (NE-FAP) para Núcleo de Etnografi a e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP). Numa primeira fase, os espectáculos eram constituídos por danças e cantares do Minho mas, a partir de 1989, as encenações de António Augusto e novos elementos que vieram do GEFAC, de Coimbra, iniciaram uma nova fase com a teatralização de cenas do quotidiano popular, a partir de recolhas etnográfi cas. A viragem fi cou marcada em “O Minho, o Folclore e o Vinho”. Hoje, “os espectáculos são trabalhados com o mesmo rigor de um espectáculo teatral”, explica Arman-do Dourado. A acrescentar ao rigor teatral, afi rma ainda Jorge Caldas, pro-cura-se estudar, recolher e registar criteriosamente manifesta-ções genuínas. Afi nal de contas, os espectáculos transmitem testemunhos da identidade cultural de uma região. Para o es-pectáculo “Mulher Vida e Festa”, por exemplo, que incluía uma representação do tradicional “Jogo do Pau”, durante dois minu-tos, os elementos do NEFUP procuraram a colaboração de um
conhecido grupo de Fafe, onde praticaram durante três meses. Anos antes, por alturas do Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, para o espectáculo “O Sol e a Lua”, o grupo procurou contrariar a tendência geral de apresentar o mais comum, o folclore do Minho, e tratou as tradições da área do Grande Por-to (“Terras do Ave”, “Maia”, “Sousa”, e “Santa Maria”), em que, entre outras manifestações, registaram e assistiram ao “En-terro do João”, considerado mais genuíno na Travagem, em Ermesinde, onde decorre há cerca de 60 anos e coincide com o período entre o Carnaval e a Páscoa, tal como a “A Queima do Judas”.
As caretas de Trás-os-MontesNum passo em frente nesta nova senda pela encenação das tra-dições, pelo rigor da recolha etnográfi ca, o grupo aventurou-se pela zona do país “onde as tradições estão mais vivas”, assinala Armando Dourado, o que implicou mais de 20 deslocações por caminhos de Trás-os-Montes e Alto Douro adentro, de Monta-legre a Armamar, de Miranda a Vila Real ou Vinhais.Os “Caretos” de Podence e Varge, “Máscaros” de Ousilhão, o “Carocho” de Constantim, o “Chocalheiro” em Bemposta e o “Farandulo” em Tó, ou os “diabos” de Vinhais, são, apesar de máscaras para a traquinice, faces de uma mesma realidade, nem sempre conhecida, que é a grande diversidade e forte ge-nuinidade da cultura e tradições desse “Reino Maravilhoso”, classifi cava o escritor Miguel Torga (numa conferência em 1941), chamado Trás-os-Montes e Alto Douro. Ramifi cações que resultam da interioridade a que foram votadas muitas da-quelas zonas, mas também do carinho pelas culturais locais
Virado o quarto de século de exis-tência, pelo menos duas gerações
de universitários têm vindo a divul-gar a cultura e tradições da região
Norte através do NEFUP – Núcleo de Etnografi a e Folclore da Univer-
sidade do Porto, antes NEFAP. De uma fase inicial de danças e canta-res minhotos, o grupo evoluiu para
“uma encenação de rigor teatral” das tradições, caracteriza o encena-dor Armando Dourado, culminando
no espectáculo “O Dianho da Bru-xa” dedicado a Trás-os-Montes e
Alto Douro, esse “Reino Maravilho-so”, como dizia Torga.
Das danças e cantaresà encenação das tradições
VIDAS E VOLTAS
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e das longas raízes históricas, de que a língua é uma consistente demonstração, tal como se descreve na frase sobre o mirandês: “La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua meligrana (romã), guapa i cape-chana, nun yê de onte, detrasdonte ou tras-dontonte mas cunta cun uito séclos de eijistência”. Querendo mostrar muito mais des-ta realidade multifacetada do que os pauliteiros que são a vertente mais divulgada, o NEFUP cons-truiu o actual espectáculo “O Dianho da Bruxa”, estreado em Junho de 2007 e ainda em repre-sentação. Para a verifi cação dos excer-tos em mirandês, colaboraram elementos do grupo de divulgação da música e língua mirandesa Galadum Galundaina. Um dos aspectos apresentados e menos conhecidos da generalidade do público são precisamente as danças mistas, com par homem-mu-lher, que também existem naquela zona do país e estão, tradicionalmente, associadas ao namoro. Mas também estão retratados, entre vários outros aspectos, os “care-tos” de Podence; o “Jogo do Panelo”, jogo com uma peça de barro preto de Bisalhães (Vila Real); a lenda da Ponte da Misarela, sobre o rio Rabagão (zona do Barroso); ou a “Ladaínha da Grande Queimada das Bruxas”, relacionada com o tão comum convívio da fi gura da bruxa com as tra-dições populares em Trás-os-Montes e que apresenta uma vertente humorística e muito peculiar em Montalegre.
“Percursos” de 25 anosApós a animada conversa sobre as actividades e história do NEFUP, Jorge Caldas e Margarida Luz guiam uma pequena visita à sala de ensaios e aos bastidores. O olhar percorre foto-grafi as de momentos marcantes, nomes dos actuais e anteriores membros, objectos que marcaram horas de trabalho e, guardada nos armários e arrecadações, a avantajada diversidade de cabe-çudos; trajos tradicionais de Viana a Miranda, que variam con-soante as zonas, ocasiões e classes sociais; alfaias agrícolas e de pesca; artesanato diverso. Dir-se-ia que se guarda ali um museu em potência. Aliás, entre 5 e 17 de Junho, uma faceta mais re-presentativa deste espólio foi mostrada na Biblioteca Municipal do Porto, associada a cinco peças encomendadas a artistas plás-ticos. Trajos típicos, cabeçudos, artesanato, fotografi as, cartazes, medalhas, galhardetes, revistas, entre outros, constituíam esta exposição que assinalou 25 anos de actividade.
Para além dos ensaios, decorrem na sede do NEFUP, nas tra-seiras da actual Faculdade de Direito, workshops e ateliers rela-cionados com as actividades do grupo, como os workshops para construção de “cabeçudos” (que decorreram durante o Verão até há sete anos), e os mais recentes ateliers de dança, cavaqui-nho viola ou bombos e caixa.Do currículo de NEFUP, os dirigentes destacam os dois pri-meiros prémios arrecadados em duas edições do Festival In-ternacional de Llangollen, no País de Gales, em 1990 e 1998. Actualmente, prepara-se o espectáculo “Percursos”, construído a partir dos momentos mais marcantes dos 25 anos do Núcleo, a estrear, previsivelmente, até fi nal do ano, no Porto.
e que a língua é uma mo se descreve na ngua Mirandesa, , guapa i cape-nte ou tras-éclos de
des-ue
e-excer-elementos do
e língua mirandesa pectos apresentadosidade do público são com par homem-mu-la zona do país e estão, namoro. Mas também
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das Bruxas”, relacionadagura da bruxa com as tra-ntes e que apresenta umaculiar em Montalegre.
s actividades e história do a Luz guiam uma pequenaidores. O olhar percorre foto-nomes dos actuais e anteriores Para além dos ensaios decorrem na sede do NEFUP nas tra
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Corria o ano de 1890 e o jovem arquitecto José Marques da Silva rumava a Paris. Recém-formado
em Arquitectura pela Academia Por-tuense de Belas Artes, instala-se na ca-pital francesa onde é admitido na Escola Nacional e Especial das Belas Artes. Vir-tuoso no Desenho, Marques da Silva fre-quenta o Atelier de Victor Laloux, onde faz um conjunto de provas académicas das quais resultaram desenhos notáveis e que durante décadas se julgaram per-didos. Feitos a tinta-da-china, alguns aguarelados, fazem hoje parte do espó-lio do Instituto Arquitecto José Marques da Silva (IMS), uma unidade orgânica da U.Porto em processo de transformação em fundação. Os desenhos que Marques da Silva fez ainda enquanto estudante encontra-vam-se no número 30 da Praça Marquês de Pombal, sede do IMS, casa-mãe da fa-mília Lopes Martins, à qual o arquitecto se une pelo casamento com Júlia Lopes Martins. O imóvel fi caria desabitado em 2002, por morte de David Moreira da
Silva, genro de Marques da Silva, e também ele arquitecto e urbanista. Nessa altura, os técnicos do IMS começaram a in-ventariar o espólio móvel do edifício e foi numa cave que se depararam com uma das jóias da coroa: os desenhos. Apesar de não estarem organizados – ao contrário dos projectos dos edifícios construídos e não-construídos do arquitecto, esses metodicamente ordenados pela fi lha e genro – o seu estado de conservação não apresentava grandes preocupações. Actu-almente, alguns dos desenhos encontram-se disponíveis e já digitalizados no IMS, muito embora ainda se esteja a proceder a um estudo profundo para se fazer a correspondência entre o enunciado das provas e os desenhos. Apesar disso, algumas correspondências já foram feitas, como é o caso da “Casa Hospitalária para a Tunísia”, feito em Março de 1891. Depois de ler o enunciado da prova, é possível estabe-lecer qual o desenho que lhe corresponde, tal é a especifi cidade de uma construção feita para um clima e uma cultura que não a europeia. Na sua tese “O arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte do país na primeira metade do séc. XX”, António Cardoso descreve o edifício como “um estabelecimen-to servido por religiosos hospitalários, situado entre duas cida-des, de apoio a viajantes e indígenas que aí poderão concentrar abrigo durante as horas de intenso calor e repousar segundo o uso das suas regiões”. Uma escola, um hotel, ou uma porta, são exemplos de outros desenhos à espera de serem estudados e devidamente identifi cados.
Desenhos de
Marques da Silva revelam nova faceta do arquitecto
O Instituto Arquitecto José Marques da Silva (IMS) é fi el
depositário de um conjunto de desenhos que o mestre por-
tuense fez em Paris, durante a sua juventude. Trata-se de uma
verdadeira preciosidade artística, cujo estudo vai permitir perceber melhor a importância estética e o carácter multifacetado da obra de
Marques da Silva. Feitos a tinta-da-china, alguns aguarelados,
os desenhos estão a ser alvo de um acompanhamento exaustivo por parte dos técnicos do IMS e
alguns foram já digitalizados.
Maria José Marques da Silva
Foi a primeira mulher portuguesa a tirar o curso de Arquitectura na então Escola de Belas Artes do Porto. Iniciou a
actividade profi ssional no atelier de seu pai e, depois da morte deste, sucedeu-lhe na direcção de algumas obras,
como é o caso da Igreja de S. Torcato, perto de Guimarães. Desenvolveu a sua actividade intimamente ligada ao seu
marido, o arquitecto David Moreira da Silva. Foi presidente da Secção Regional do Norte da Associação dos Arqui-
tectos. Morreu em 1996 e o seu espólio encontra-se disponível no IMS.
VINTAGE
Hotel de passageiros:
alçado, 1895
Original a tinta-da-
china e aguarela sobre
papel, 64x128,5 cm
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David Moreira da Silva
Foi o último a habitar o número 30 da Praça Marquês de Pombal. Arquitecto e urbanista, era genro de Marques da Silva. O Palácio do
Comércio, no quarteirão de Sá da Bandeira e Fernandes Tomás, o prédio de rendimento Trabalho e Reforma, na Rua de Nossa Senhora de
Fátima, a torre de habitação da Cooperativa dos Pedreiros, na Rua da Alegria, ou o adro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Praça
Marquês de Pombal, são algumas das obras que assinou, e cujos projectos e restante documentação se encontram no IMS.
O Porto de Marques da SilvaMas se aos 21 anos Marques da Silva andava em Paris, onde conviveu, entre outros, com Teixeira Lopes, Ventura Terra, Veloso Salgado e António Nobre, e obteve, em 1896, o título de Arquitecto Diplomado pelo Governo Francês, poucos anos passaram desde que regressou a Portugal, onde projectou algu-mas das obras mais emblemáticas da cidade do Porto. O Teatro Nacional de S. João, a estação de S. Bento, a Casa de Serralves ou os liceus Rodrigues de Freitas e Alexandre Herculano são apenas alguns dos edifícios de sua autoria e que mudaram para sempre a paisagem da Invicta. Também na Avenida dos Alia-dos, artéria nobre da cidade, deixa a sua marca com os edifícios do Jornal de Notícias, de “A Nacional” e do “Banco Inglês”, e é de Marques da Silva o Monumento aos Heróis das Guerras Peninsulares, que ainda hoje se eleva no centro da Praça Mou-zinho de Albuquerque (Rotunda da Boavista).Os desenhos e os escritos destes e dos outros projectos com a assinatura de Marques da Silva encontram-se no IMS, onde amiúde são alvo do escrutínio de investigadores. Um legado deixado por Maria José Marques da Silva, fi lha do arquitecto, que por testamento doou todo o espólio do pai à U.Porto para com ele fundar o Instituto Arquitecto José Marques da Silva. Para além do número 30 da Praça Marquês do Pombal, o nú-mero 44 tem também uma importância fulcral no que diz res-peito ao património imóvel do IMS. À espera de recuperação, a casa-atelier de Marques da Silva, projectada pelo próprio, é um
edifício valioso para compreender a vida e obra do arquitecto. Construída na primeira década do século XX, esta casa nasce, como escreveu António Cardoso, “no espaço afectivo da sua juventude”. “Era uma aproximação à casa-mãe, um reino de paz (e alguma solidão) e de conforto material”. O andar que fi ca à cota do magnífi co jardim era o atelier do ar-quitecto que, segundo a descrição de António Cardoso, “mos-trava uma hierarquia de espaços com uma sala de receber, com um fogão inscrito (duplamente) na parede de separação, dando sobre a sala de trabalho de Marques da Silva. Os espa-ços de trabalho (…) eram articuláveis com as escadas interiores de acesso aos andares superiores, numa disposição verifi cável noutros projectos, que aqui assumia a função instrumental de fácil direcção e gestão do escritório, com o empenhamento e o tacto da mulher do arquitecto”. Marques da Silva viveu nes-ta casa até morrer, em 1947, com 78 anos. Mais de 60 anos depois do seu desaparecimento, o IMS está a trabalhar num núcleo documental e museológico que permita que o olhar da cidade se detenha, não só na obra, mas também nos objectos pessoais do arquitecto.
Projecto de um monumento
funerário à memória de M.
Andersen, 1894
Original a tinta-da-china
e aguarela sobre papel,
92,5x49,5 cm
Uma casa hospitalária para
a Tunísia: alçado, 1891
Original a tinta-da-china
e aguarela sobre papel,
78x138 cm
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Os antigos jogadores de hóquei em patins do CDUP – Centro Desportivo Universitário do Porto têm um novo ponto de encontro, mas, desta vez, na Internet.
Trata-se de um blogue, http://nososdooqueidocdup.blogspot.com, criado por Fernando Ranito, antigo treinador do clube, entre 1962 e 1980. O blogue inclui imagens dos vários encontros que os antigos jogadores foram mantendo e ainda elementos sobre a história da modalidade no CDUP, tais como fotos e textos. A história é contada por Carvalho e Castro, que acompanhou a origem daquela secção de hóquei. Foi jogador, chefe de secção e treina-dor, tendo ombreado com as diversas gerações que passaram pelo clube.Um grupo de antigos jogadores, hoje na casa dos 60/70 anos, continua a reunir-se anualmente. E alguns deles, até há pouco tempo, ainda jogavam semanalmente no Pavilhão do Vigorosa. Em 1958, 1959 e 1969, o CDUP jogou na divisão maior do hóquei português. A partir de 1969, formou um conjunto de jogadores, desde os 13 anos (juniores), que continuaram até ao escalão sénior, tais como o guarda-redes Passos Cardoso e os irmãos José e Rui Resende. São estes, agora na casa dos 40/50 anos, que falta trazer para o convívio do hóquei do CDUP, co-menta Fernando Ranito. Talvez o novo blogue, que já incentiva a troca de impressões e o convívio entre a geração que jogou nos anos 60, possa vir a contribuir também para alargar o con-junto de convivas.
JC
BLOGUE DE ANTIGOSHOQUISTAS DO CDUP
A Associação dos Antigos Orfeonistas da U.Porto está a convidar os antigos alunos da Universidade a inscre-verem-se como sócios. Para tanto, os interessados só
têm de enviar para a sede da associação (Rua dos Bragas, 289, 4050-123 Porto) um pedido nesse sentido (com nome, facul-dade frequentada, endereço e telefone) ou preencher uma fi -cha de inscrição no site dos Antigos Orfeonistas (hptt://aaoup.up.pt). O convite dos Antigos Orfeonistas é, aliás, bastante sugestivo: “Se foste aluno da nossa Universidade e gostas de cantar, to-car, dançar ou simplesmente conviver e passear, junta-te a nós que serás bem-vindo”. De referir que podem ser associados, não apenas os alumni da U.Porto, como também os antigos elementos do Orfeão Universitário. A Associação dos Antigos Orfeonistas foi criada em 1967, “fru-to do entusiasmo e desejo de reviver os bons tempos de estu-dante de um grupo de antigos orfeonistas da Universidade”. Actualmente, a associação tem em actividade um grupo coral, uma orquestra de tangos, duas tunas (no Porto e em Lisboa), um grupo de fados e um grupo de danças, embora se encontre aberta a outras formas de expressão artística que os seus asso-ciados queiram desenvolver. Os ensaios, reuniões, palestras e outros encontros académicos têm lugar na sede instalada na antiga Faculdade de Engenharia, na Rua dos Bragas. Resta dizer que os Antigos Orfeonistas editam um jornal de distribuição gratuita para todos os sócios, o Lamiré, onde são divulgadas as actividades da associação e recordados momen-tos da sua história.
RMG
ANTIGOS ORFEONISTASPROCURAM NOVOS SÓCIOS
Encontro em Fevereiro
de 2008. De baixo para
cima e da esq. para a dta.:
Carvalho e Castro; Carlos
T. Fernandes; Adriano
Pimenta (de pé); Luís
Salvador; Alfredo Cardoso
da Silva, Fernando
Ranito; José Abreu; Telmo
Pinto Basto (de pé); José
Luís Lima; Álvaro Teixeira
Bastos; Mário Montes;
Carlos Alves; Fernando
Rocha; Carlos Pinto
Machado; Carlos Fontes
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U.PORTO EM NÚMEROS
Campus Universitários
Faculdades
Business School
Docentes (1903,8 ETI)
Docentes com doutoramento
Funcionários
Estudantes
Estudantes de 1º Ciclo e Mestrado Integrado
Estudantes de 2º Ciclo /Mestrado
Estudantes de Especialização
Estudantes de 3º Ciclo /Doutoramento
Estudantes estrangeiros (7,8% do total)
em programas de mobilidade
em cursos de 1º Ciclo e Mestrado Integrado
em cursos de 2º Ciclo (mestrado)
em cursos de 3º Ciclo (doutoramento)
investigadores Post-Doc
Nacionalidades diferentes
Programas de Formação em 2008/09
Cursos do 1º Ciclo / Licenciatura
Cursos de Mestrado Integrado
Cursos de 2º Ciclo / Mestrado
Cursos de 3º Ciclo / Doutoramento
Cursos de Formação Contínua
Vagas disponíveis em 2008/09 (15,1% das vagas nacionais)
Vagas preenchidas na 1ª fase do concurso nacional 2008/09 (99,6% das vagas preenchidas)
Mais alta classifi cação média do último colocado das universidades públicas
Unidades de investigação
Unidades com classifi cação “Excelente” e “Muito Bom”
Unidades integradas em Laboratórios Associados ao Estado
Artigos científi cos indexados na ISI Web of Science em 2007 (22,4% da produção nacional)
Patentes em nome próprio
Spin-offs (empresas desenvolvidas na Universidade)
Bibliotecas
Títulos de Monografi as
Revistas científi cas disponíveis on-line
Downloads de artigos científi cos
Residências Universitárias
Camas
Unidades de alimentação (cantinas, bares, etc)
Lotação das cantinas
Refeições servidas por dia
Estudantes com bolsas de estudo
314
1
2 2701 428
1 702
28 90122 4773 845
5302 049
2 2631 085
583330208
5761
6413518
13949
400
4 0254 010154,2
693113
1 7213932
30634 449
30 607829 601
91 214
202 270
13 600
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