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ENSINO SUPERIOR ¦ UNIVERSIDADE PAGA INDEMNIZAÇÃO POR PRAXE VIOLENTA Lusíada condenada por morte ¦ Família de Diogo Macedo vai receber 90 mil euros pela morte do jovem, em 2001, com 22 anos

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ENSINO SUPERIOR ¦ UNIVERSIDADE PAGA INDEMNIZAÇÃO POR PRAXE VIOLENTA

Lusíadacondenadapor morte¦ Família de Diogo Macedo vai receber 90 mil euros pelamorte do jovem, em 2001, com 22 anos

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• SECUNDINO CUNHA*

AUniversidade Lusíada, deVila Nova de Famalicão, foicondenada por omissão de

acção, no caso da praxeviolenta, ocorrida em Outubro de

2001, no seio da tuna académica, e

que resultou na morte de DiogoMacedo, de 22 anos, aluno de Ar-quitectura.

Na decisão do processo cível, quefoi conhecida esta semana, o Tribu-nal de Famalicão determinou o pa-gamento à família, por parte da Lu-síada, de uma indemnização de 90mil euros, tendo considerado, no

essencial, que a instituição de ensi-no não fez tudo o que podia no con-trolo das praxes violentas.

"Se tivesse contro-lado as práticas de mhimhagressividade física e

psicológica, tinha con-tribuído para que amorte não tivesseocorrido"dizasenten-

ça, referindo "compor -tamentos de pseudo -

praxe mais próprios da

instrução militar"Este foi um dos casos mais graves

ocorridos em universidades portu-guesas, ao nível das praxes violen-tas, entretanto interditas. DiogoMacedo era estudante do 4 5 ano de

Arquitectura, mas era caloiro natuna, onde, segundo confessou à

mãe, foi várias vezes maltratado.

Aliás, na noite fatídica, ao sair de

casa, disse à mãe que "ia resolveruns problemas na tuna"

Era dia de ensaio e os rituais da

praxe imposta pelos mais antigosforam mais violentos do que o habi-tual. Diogo Macedo morreu, no

Hospital de S. João, no Porto, devidoa vários traumatismos.

O processo -crime relativo a este

caso, com base na queixa apresen-tada pela família, acabou arquivadopor falta de provas. E, apesar de to -das as diligências do MinistérioNunca sesoube quemmatou oestudanteuniversitárioPúblico e investiga-ções da Polícia Judi-ciária, nunca se che-

gou a saber quem ma-tou Diogo Macedo. É

que os elementos da

tuna reuniram e com-binaram uma versão,falando em acidente,da qual nunca saíram e

que impediu, segundo a família, a

descoberta da verdade. Com o ar-quivamento do processo -crime, a

família entendeu avançar com um

processo cível e o tribunal acabou

agora por lhe dar razão.

Esta decisão pode levar à reaber -tura do processo -crime, embora a

advogada da família, Sônia Carnei-

ro, esteja céptica. "Atendendo aomuro de silêncio em torno do caso,vai ser muito difícil avançar no quequer que seja e a reabertura não se

faz sem um dado novo consideradorelevante" disse ao Correio da Ma-nhã. ¦¦ com B.E.,P.G.eJ.M.

Diogo Macedo morreu após praxe violenta no seio da tuna académica

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Praxe: brincadeira ou humilhação?¦ Brincadeira ou humilhação? A

questão surge quando se fala em pra-xes académicas. Os caloiros ouvidos

pelo CM por todo o País não se quei-xameatéelogiamasvirtudesintegra-doras da praxe. Mas,paraumobserva-dor exterior, atese de humilhação ga-nhapontos. Um exemplo: o CMassis -tiu esta semana ao tribunal de praxe da

Faculdade de Ciências e Tecnologia(FCT) da Universidade Nova de Lis-boa. Durante duas horas, 150 caloirosforam colocados num círculo entre

grades (ver foto) e sujeitados a várias'brincadeiras! Comocalor que estava,até agradeceram os balões de água e as

mangueiradas que lhes atiraram. E,

aparentemente, divertiram -se. Mas,na verdade, esta cena e outras, comofazer de cão (ver foto em cima) têm

Caloiros levam banho no tribunal de praxe da FCT, Monte de Caparica

muito de humilhante. Luís Coelho, lí-der da associação de estudantes, des -dramatiza e garante que "os abusos

são punidos no código de praxe" Tam -

bém Américo Santos, veterano da

Universidade do Porto, diz que "apra-xe é um ritual de iniciação e convívio ".

Como Paulo Cabido, veteranode Évo -ra, para quem "rebolar no chão e fazer

flexõeséumaformadeintegração'!»

N>) DEPOIMENTOS DE CALOIROS DESTE ANO

"Puseram-me ovos

e farinha na cabeça"

RICARDO FARIA 18 anos FCT

mm As praxes têm sidoII fixes, sem nada de

mal.Já me ajoelhei, fiz vé-

nias, fiz de cabide e no dia

dos meus anos puseram--me ovos e farinha na cabeça para o

bolo. Entrei em Matemática Aplicada,

mas o objectivo é o mestrado emCiência Forense para ser CSI.

RAQUEL VIANA 17 anos U. Coimbra

"Promove a integraçãodos estudantes"

m m Estou a gostarm H multo. É maravi-

lhoso. A praxe promove o

espírito de integração dos

novos estudantes. Desta

forma conheci muito mais gente.Nunca sabemos o que nos vai acon-

tecer, mas temos a certeza de que

ninguém nos vai fazer mal.

FILIPE PARDAL 18 anos Univ. Algarve

"Nunca fui humilhado e

estou a adorar as praxes"a a Nunca fui humi-¦ ¦ lhadoeestouaadoraras praxes. Espera-va que fosse muito pior.

Não me arrependo nada

de ter aderido às praxes, pois, em

poucos dias, já conheço quase toda a

gente do curso. É importante para

adquirir o espírito da Universidade.

RICARDO CAEIRO I7 anos Univ. Évora

"Comemos no chão

mas é divertido"

mm As praxes facilitamlia integração. Os

veteranos metem-nos

ovos na cabeça, pintam--nosacaraeasmãos,mas o melhor são os jantares. Come-

mos no chão, com uma colher, mas é

divertido e não pagamos. Ninguém se

sente humilhado.

RAQUEL MOURINHA IB anos, FCT

"Sei que há outrasonde é bem pior"a a Já tive de andar a¦ ¦ rebolar na relva, defazer jogos com os olhos

tapados e de andar a gri-tar por aí. Tem sido bas-

tante divertido e sei que há outras

universidades onde é bem pior. Que-ro seguir investigação na área da

Saúde.

DANIEL MATOS 18 anos U. Coimbra

"Sem praxe a integraçãoera muito mais difícil"

mm Púseram-meadar¦ I dez voltas e depoistive de ira correr dar um

pontapé puma garrafa. É

muito engraçado. Destaforma háj hipótese de conhecertodaa gente db curso de Biologia. Se não

houvesse praxe, a integração dos no-vos alunos era muito mais difícil.

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Falta de imaginação naUniversidade de CoimbraS "Caloiro, tu saltas como se nãohouvesse amanhã! " ordenava o

'doutor ! do 3^ ano de Biologia daUniversidade de Coimbra, ao caloiro

que se ia transformar embola de té -nis num campo improvisado, ondeos colegas formavam a rede e os

mais velhos eram os jogadores .

No final, o caloiro Francisco Al -meida, de 18 anos, considerava a ex-periência "superengraçada" O jogonão é novo , mas para este caloiro é

"muito original" Contudo, opresi-dente do Conselho de Veteranos,João Luís Jesus, diz que os estudan-tes têm vindo a perder imaginação,referindo que é difícil encontrar, nosdias que correm, uma "brincadeiradiferente" Damesmaforma diz que"o espírito crítico deixou de ser usa-do" Mas continua a "ser uma formadivertida" de fazer a integração dos

novos estudantes, frisa Jorge Serro-te, presidente da AAC.bRG.

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cozinhados num forno solar, esparguetescom diferentes sabores e cocktailsmoleculares são algumas das

experiências que estão hoje disponíveisno café e bar científico da Noite dos

Investigadores, no Porto.

'Cocktails' originais na Noitedos Investigadores. Quegues

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ciênciaTecnologia. Lisboa vai receber a sede da rede europeia de supercomputa-dores. Estas máquinas, com capacidade de processamento de quatro mil mi-lhões de operações por segundo, permitem simular terramotos, tsunamis, al-

terações climáticas e ainda o comportamento de moléculas. O supercompu-tador português 'Milipeia' já investiga o Alzheimer em Coimbra

COMPUTADOR PREVÊ CATÁSTROFES

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BRUNO ABREU

Simular condições atmosféricas,prever terramotos, tsunamis ou al-

terações climáticas. Fazer simula-

ções de moléculas. Tudo isto envol-ve cálculos complexos que só po-dem ser feitos com recurso asupercomputadores. Lisboa foi es-colhida para a instalação da sededa rede europeia destes computa-dores, o PRACE (Parceria para a

Computação Avançada na Europa,traduzido do inglês), durante umano e meio, com a sede a ser insta-lada já no próximo ano.

"Um supercomputador é umcomputador formado por várioscomputadores, ou se preferir, pro-cessadores ".explica Pedro Alberto,físico e investigador do Centro deFísica Computacional da Universi-dade de Coimbra - instituição querepresenta o nosso País no PRACE

-, responsável pelo único super-computador português: o Milipeia( ver texto secundário). Para ter umaideia, um supercomputador podeser 50 mil vezes mais poderoso queum convencional como o que temlá em casa.

Lisboa foi escolha consensual

para receber a sede do PRACE du-rante um ano e meio. Na opinião dePedro Alberto,"é prestigiante ter cáa sede dos supercomputadores" e

se for feito um bom trabalho, até po-de ser que eles fiquem em Lisboamais tempo. Isto poderá trazer be-nefícios ao nosso País, permitindoo acesso dos cientistas à rede dosmaiores supercomputadores euro-

peus e aos "desenvolvimentos tec-

nológicos associados", diz.

Um supercomputador pode seressencial para detectar e prever,por exemplo, alguma catástrofe."Os

programas que prevêem o compor-tamento na vida real precisam defazer cálculos e equações muito

complexas" ,diz o físico. É por isso

que estes se tornam indispensáveispara prever terramotos, tsunamis,gerir dados. Algumas empresas jáapostam nestes sistemas para quenada falhe.

"Por exemplo, a Airbus [fabrican-te de aviões francês] e a Repsol[grupo petrolífero hispano-argenti-no] já investiram em supercompu-tadores. As simulações são tão rea-listas que se tornam indispensá-veis", explica.

Por isso, as empresas e governos

investem nestas máquinas, apesardo seu preço elevado."São com-

putadores caros . Alguns custam20 milhões de euros. Mas os go-vernos investem neles porque são

indispensáveis".Como exemplo, o físico fala da

Alemanha e da França, que pen-saram em aliar-se para combatera hegemonia de supercomputa-dores dos Estados Unidos (vercaixa) e também pela utilidadeque estes têm nas simulações darealidade.!

Estados Unidosdominam 'top' lo

Uma busca rápida pelo site

www.topsoo.org, põe-nos a par de

uma realidade estrondosa: o íopiOé praticamente constituída por su-

percomputadores norte-america-

nos. 0 maiorsupercomputadordomundo chama-se Roadrunner e

realiza quatro mil milhões de

operações porsegundo Segue

-se o alemão Jaguar e depois o nor-

te-americanoJUGENE.

Um milhão degigabites de dados

A capacidade de armazenamentodos supercomputadores é tão gran-de que conseguem armazenar ummilhão de gigabites (esse número

cheio dezeros no título). Traduzindoem outras unidades...

LIVROS• Se fossemoscalcular este número

em termosde livros numa biblioteca,

teríamosde ir buscara maior do mun-do: A Biblioteca do Congresso dos Esta-

dos Unidos. Num supercomputador

conseguia-se armazenar um terço dos

29 milhões de livros catalogados, 58

milhões de manuscritos, 6 mil histórias

de BD e 4.8 milhões de mapas.

ANOS-LUZ• Se, poroutro lado, preferirmos desco-

dificareste número em distância espa-

cial, eleequivalea 169 anos-luz. Este

número éoequivalentea 1,1 vezes a dis-

tância que existe entre o Sol e a Terra.

Ou então, escolhendo outro corpo ce-

leste, a 40 viagens entre o Sol e a estre-

la vizinha mais próxima, Próxima Cen-

tauri.

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SEGUNDOS• Para usarmos este número em se-

gundos, temosde voltar muito tempoatrás. Milhares de anos. Se neste mo-

mento parássemos um temporizadorneste número, é porque o tínhamos ini-

ciado no período Oligoceno, há 30 mi-

lhões de anos atrás, quando aconteceu

o início de uma grande extinção devido

à queda de um meteorito nos EUA.

LITROS• O planeta Terra tem cinco oceanos,

mas mesmo com a grandeza do Pacífi-

co, Atlântico ou Índico, estes não te-riam capacidade para armazenar 1 000000 000 000 000 litros de água. Para

colocar estes litros todos no nosso pla-neta .seriam necessário a capacidadede armazenamento de 10,23 vezes os

oceanosque temos.

• Quantas estrelas serão 1 000 000 000000 000 estrelas? Segundo as contas

dos especialistas do PRACE, equivale a

3333 vezes as estrelas que compõem a

Via Láctea, onde se localiza o Sistema

Solar e, consequentemente, o nosso

planeta. Estima-se que a constelaçãotenha entre duzentos a quatrocentosmil milhões deestrelas.

ESTRELAS GRÃOS DE AREIA• Os grãos de areia, derivados do seu ta-manho e das imensas extensões (como

os desertos e praias) que temos, são

das poucas coisas em que um 10 eleva-

do a 15significa pouco. Segundo esti-

mativas feitas pelos investigadores do

PRACE, 1 000 000 000 000 000 equiva-

leapenasa 1/7500 dosgrãosde areia

que existem em todo o planeta.

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Sistema português investigaAlzheimer e doença dos pezinhosInstalado no Centro de Física Computacional daUniversidade de Coimbra, supercomputador coloca520 processadores ao serviço da investigação

O Milipeia é o único supercomputa-dor existente em Portugal, masmesmo assim a sua utilidade paraos investigadores portugueses nãose põe em causa, investigandodoenças como o Alzheimer e a

"doença dos pezinhos"."Até agora já foram realizadas

várias experiências que aprovei-tam a sua capacidade e cálculo earmazenamento", conta Pedro Al-berto, investigador do Centro de Fí-sica Computacional da Universida-de de Coimbra e responsável poreste computador.

Instalado em 2006, no Departa-mento de Física a Universidade deCoimbra, o supercomputador éconstituído por 502 processadores,muito longe dos 300 mil que exis-tem no maior supercomputador da

Europa que está instalado na Ale-manha.

"É pequeno comparado com a

tecnologia que já está disponível -como nos Estados Unidos, onde jáse planeiam computadores com ummilhão de processadores - mas éessencial para se fazerem simula-

ções e investigar-se no campo da fí-

sica, química ou biologia", diz o es-

pecialista.Como exemplos de investiga-

ções que recebem o apoio do Mili-peia - recebeu o nome porque o su-

percomputador anterior se chama-

va"Centopeia"e com o aumento de

capacidade "Milipeia" fazia todo o

sentido - Pedro Alberto enuncia es-tudos feitos em bioquímica em quese simulava o comportamento decertas moléculas.

"O Milipeia está a ser muito útilnuma investigação que está a serfeita aqui em Coimbra sobre o

Alzheimer e a doença dos pezinhos.Nesses casos fazem-se simulaçõesde como as moléculas reagem aos

avanços e novas soluções encon-tradas para combater estas doen-

ças", conta.Outro estudo que tem sido feito

com simulações de moléculas nosupercomputador tem a ver commateriais bio-luminiscentes. Isto é,

o estudo das células que os pirilam-pos, por exemplo, têm e que emitemluz. Isto poderá ser utilizado para seconstruírem novos materiais lumi-niscentes, como marcadores de tm

Equipa de investigadores emfrente ao Milipeia

ta.No total, o Milipeia está desdeOutubro de 2006 ao serviço de 34projectos de científicos de sete uni-versidades e centros de investiga-ção portugueses, na área da Física,Química, Bioquímica, Biofísica, Ma-temática, Engenharia Química e In-formática, disponibilizando 3,5 mi-lhões de horas de cálculo.

Empresas como a GMV (na altu-ra Skysoft) também já usufruíramdos serviços do Milipeia, assim co-mo o CERN - Organização Europeiapara a Investigação Nuclear.»

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Portugueses vãocombater pragasem MoçambiqueInvestigadores do Biocant - Centro de Inova-

ção em Biotecnologia vão apoiar Moçambi-que no combate à "virose do tomate" e ao"amarelecimento do coqueiro", duas pragasque atingem a agricultura daquele país. Umadelegação de técnicos portugueses deverápartir no início de Novembro para Moçambi-que, a fim de avaliar as condições técnicasexistentes para pôr os dois projectos em prá-tica. O objectivo é o "despiste rápido" da in-

fecção, de forma a detectar a doença atravésde métodos moleculares numa fase aindaprecoce e impedir a sua disseminação. ¦

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segunda

No Paláciode Cristal, no

Porto, decorrea sessãode lançamentodo livro

"Portugal.O Pioneiroda Globalização- a Herança dasDescobertas".A sessão écomentada

peloseconomistasDaniel Bessa eJaime Quesado.

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Èsmm,

Morte celularInvestigação analisou o processo da «morte programada» das células.

AS CÉLULAS têm um pro-

grama de vida e morte no

seu património genético.

Algumas células, depois deenvelhecidas ou danificadas,

programam a sua morte para

que o sistema se renove

constantemente, o que se

chama de «morte celular pro-

gramada». Esta «morte pro-

gramada» pode ocorrer em

deficiência ou em excesso eter a ela associadas doenças

como, por exemplo, o can-

cro: o desregular deste

mecanismo pode levar

a um aumento das células

cancerígenas.Para entender este proces-so, um grupo de investigado-res do Instituto de BiologiaMolecular e Celular (IBMC),do Instituto de Ciências Bio-

médicas Abel Salazar (IC-BAS), da Universidade Fer-

nando Pessoa (todos do

Porto) e da Universidade daCalifórnia desenvolveu um

estudo onde identificou no-

vos genes potencialmenteenvolvidos no processo de

morte celular.

O objectivo foi analisar es-

ses genes quando expostosa uma droga, que induz a

morte celular programadacomo meio de encontrar no-

vas proteínas e mecanismos

metabólicos envolvidos no

processo. A análise da ex-

pressão de diferentes genesé útil na identificação de no-

vos componentes envolvidos

na morte celular programadae permite o desenho de no-

vas drogas que actuam no

processo de modulação.Este artigo, publicado na re-

vista Microbiology, abre por-tas a uma nova possibilidadede investigação em diversas

áreas, como os mecanismos

da morte celular, o desenvol-vimento de novas drogas,até ao estudo do cancro ou

de doenças associadas ao

envelhecimento.

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Estudo sobre agenesiaAusência dos incisivos laterais superiores aumenta risco de anomalias,

EM PORTUGAL não existem

dados sobre agenesiasdentárias, ou seja, sobre

a ausência dos incisivos

laterais superiores que, deacordo com um estudo leva-

do a cabo por uma equipade investigação da CESPLJ- Cooperativa de Ensino Su-

perior Politécnico e Universi-

tário, de Gandra (Paredes),

tem, além das implicaçõesestéticas, também compli-

cações ao nível funcional,

uma vez que pode causaratrofia do maxilar. Além disso,

a investigação concluiu queos familiares directos dedoentes com agenesia têm

um risco superior de sofre-

rem do mesmo problema.Estes estudos tiveram comobase uma amostra de mais

de 16 mil processos clínicos

e indicaram que 1,3 por cen-

to da população portuguesasofre de agenesia dos incisi-

vos laterais superiores. Entre

todas as regiões da cavidade

bucal, a dos incisivos laterais

superiores constitui área de

grande risco embriológico,uma vez que é um local

de fusão dos processosda face.A investigação, liderada porTeresa Pinho, incidiu ainda

sobre um estudo familiar,

de forma a perceber qualo risco relativo de um familiar

directo de um doente vir a ter

agenesia, ou microdontia

(dentes menores do queo tamanho normal) dos inci-

sivos laterais. As conclusões

revelam um risco 15 vezes

superior ao da população em

geral. Falta agora perceberqual a componente genética

que estará por detrás desta

anomalia.

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Universidadecompensafamília pelamorte de aluno

RADAR É uma decisão inédita: oTribunal de Famalicão conside-rou a Universidade Lusíada cul-pada pela morte de um aluno. Afamília recebe indemnização de

90 mil euros, na primeira vez queuma universidade é responsabi-lizada por praxes. // PÁG. 8

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Praxe. Lusíada condenada a pagar90 mil euros à família de aluno mortoPela primeira vezuma universidadeé responsabilizada.Médico que suspeitoudos alunos suicidou-se

O Tribunal de Famalicão consi-

dera que a Universidade Lusía-da foi responsável pela morte de

um aluno na praxe, em Outubrode 2001. Diogo morreu com 22

anos depois de ser repetidamen-te agredido durante um ensaioda tuna. Os rituais ditaram a

morte, mas o processo-crime foi

arquivado, morrendo com ele a

culpa dos agressores. A institui-

ção, pertencente à FundaçãoMinerva, foi agora condenada -no processo cível - ao pagamen-to de uma indemnização de 90mil euros à mãe, Maria Macedo,

por omissão de acção.O tribunal sublinha que a Uni-

versidade Lusíada de Famalicão

(ULF) podia ter feito mais paraevitar a morte de Diogo. Na sen-

tença, à qual o í teve acesso, o

juiz não tem dúvidas: "Se tives-

se controlado as práticas de agres-sividade física e psicológica, tinhacontribuído para que a mortenão tivesse ocorrido." A ULF sem-

pre alegou não ter responsabili-dade sobre a tuna, por esta serautónoma. Contudo, o juiz con-

sidera que a Lusíada "tinha o

dever de controlar as activida-des de praxe e os estudantes".

"Foi uma decisão que deu algumalento à mãe - é preciso ver como

o Diogo morreu. Pelo menos viucondenada a instituição respon-sável", disse ao i, Sônia Carnei-

ro, advogada de Maria Macedo.Pouco se sabe sobre os verda-

deiros contornos da morte. Depoisde acontecer, os tunos reuniram-

-se de urgência para gizar ver-sões. Sabe-se que morreu devi-do a traumatismos provocados

por agressões num ensaio daTuna Académica da Lusíada, masnão quem o matou - face à faltade provas o processo-crime foi

arquivado.A universidade devia ter proi-

bido "esse tipo de comportamen-tos de pseudo-praxe, mais pró-prio de instrução militar", diz o

juiz na sentença, considerando"caricata a desvalorização dos

À falta de provascontra os membros

tuna,o processo-crime

foi arquivadoOExclusivo i/Semanário Grande Porto

comportamentos que violam a

integridade moral e física dos

seus alunos", especialmente estan-

do Diogo no 4.° ano.

médico suicida-se Estudante de

Arquitectura, Diogo tinha 22 anos

mas nunca passou de caloiro natuna Na noite de 8 de Outubro de

2001, saiu de casa para resolveros problemas com os colegas. Estes,

ouvidos pela justiça, alegam terhavido ensaio, mas garantem nun-ca o ter chegado a ver - apesar de,

durante horas, terem ouvido o ruí-do da sua pandeireta.

O estudante apareceu horas

depois com uma alegada indiges-tão, acabando por morrer no Hos-

pital de São João, no Porto. As

primeiras dúvidas foram levan-tadas por um médico que cruzou

informações e desconfiou queteria morrido na praxe. O fune-

ral, onde tocava a tuna e no quala sua namorada vestiu pela pri-meira vez o traje, foi interrompi-do. O médico, que apresentouqueixa ao Ministério Público exi-

gindo medidas e garantindo quenão ia desistir de provar a verda-de dos factos, acabou por se sui-

cidar dias depois, em circunstân-cias suspeitas. Pedro Sales Dias

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«ANDEBOL

Benfica volta a ter o adjunto no bancoSem fim à vista parece estar o caso que envol-ve o técnico principal do Benfica, José AntónioSilva (foto) que, pela terceira ronda estaráausente do banco. Como já vem sendo hábito,será Pedro Gama a ocupar essa função na

recepção, hoje, ao Sporting da Horta.Nenhuma das partes envolvidas no processoavança qualquer pormenor sobre o ponto da

situação deste caso. Por um lado está o

Benfica, que evita fazer comentários que colo-

quem em causa eventuais conversações, poroutro, a Universidade do Porto, que tambémse remete ao silêncio quanto a uma resoluçãodefinitiva do caso.

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Luta entre órgãos de gestão do InstitutoPolitécnico do Porto trava-se na justiçaAbel Coentrão

Providência interposta emMaio pelo presidente do IPP,ainda por decidir, paralisouConselho Geral, cujosmembros responderam comoutra acção no tribunal

• Uma guerra judicial ameaça travara gestão do Instituto Politécnico doPorto no qual, há quatro meses, se

aguarda uma decisão do TribunalAdministrativo e Fiscal sobre umaprovidência cautelar para anular aescolha das personalidades externasdo Conselho Geral (CG). Esta acçãoque suspendeu a actividade daqueleque, segundo o actual regime jurídicodo ensino superior, é um órgão comcompetências de gestão, foi inter-posta pelo actual presidente do Poli-técnico, Victor Correia Santos, que,entretanto, continuou a tomar deci-sões que, segundo os novos estatutosdo IPP, seriam da esfera exclusiva doconselho. E os membros eleitos doCG, entre os quais se encontram diri-gentes de várias escolas, entregaramsegunda-feira uma outra acção caute-lar, visando a avaliação da legalidadedaqueles actos.

Victor Correia Santos, que é acusa-do de colocar o IPP num "marasmo"institucional para conseguir prolongaro seu poder na instituição, termina o

mandato a 3 de Outubro, mas o maiorPolitécnico do país não tem neste mo-mento activo o órgão ao qual caberiaeleger o seu sucessor. Um mês depoisde ter dado posse aos 25 elementoseleitos para o CG, e na sequência da

votação, por parte destes, de uma lis-

ta com as dez personalidades externasa convidar para o conselho, o presi-dente do IPP interpôs, a 28 de Maio,uma acção cautelar visando anularaquela votação. Nela argumenta ain-

da que nove dos 25 conselheiros quetinha empossado não poderiam ter-secandidatado ao cargo, por serem tam-bém dirigentes de escolas do InstitutoPolitécnico do Porto.

A partir do momento em que foinotificado da entrada destra acção, o

presidente interino do CG suspendeua actividade daquele órgão, ao qualcaberia, entre muitas outras funções,fixar o valor das propinas - por pro-posta do presidente do instituto - ou

preparar as eleições nas escolas. Atri-buições que, segundo os membroseleitos do CG, Victor Correia Santos

"usurpou", ao iniciar em Agosto o

processo eleitoral em três escolas e

ao decidir o valor das propinas desteano. Perante a não revogação destes

despachos, 18 dos 25 membros elei-tos decidiram mandatar um deles, nocaso Francisco Beja, que é tambémpresidente da Escola de Música e dasArtes do Espectáculo (ESMAE), parainterpor uma acção cautelar para apu-ramento da legalidade dos despachos

contestados."Preocupado" por ver a gestão de

uma instituição com 15 mil alunospendente de decisões de um tribu-nal, o vice-presidente da ESMAE,um dos contestários, vê no recursoà providência cautelar a única formade impedir que o IPP fique nas mãosde um homem só. E a antiga "vice"de Victor Correia Santos quando esteera presidente do Instituto Superiorde Engenharia (ISEP) do IPP, Delmin-da Lopes, denuncia um afastamentodeste em relação à instituição quehoje dirige.

Contactado pelo PÚBLICO, VictorCorreia Santos preferiu não respon-der às acusações de que é alvo. "OPresidente está estatutariamente no

pleno exercício das funções para quefoi eleito e não se pronuncia sobreeventuais questões legais suscitadasnos tribunais, por respeito pela de-cisão e pela competência dos órgãosjudiciais", afirmou apenas num textoenviado por e-mail.

Dezoito dos 25 membros do Conselho Geral criticam presidente do IPP

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Os argumentos do presidente do IPP

Contestada eleição dos membros externos

• O presidente do IPP considera ile-

gal o Conselho Geral, a que o própriodeu posse, por nele estarem sentadosdocentes que são também dirigentesde escolas do Politécnico. Os estatu-tos referem que o CG pode convidaros presidentes de escolas para as reu-niões, sem direito a voto, o que levaVictor Correia Santos a afirmar que,sendo assim, não podem ser eleitos.Mas nem foi isso que o levou a avan-

çar com a acção cautelar que interpôsa 28 de Maio.

O recurso ao tribunal visou sus-

pender a eficácia das duas primei-ras deliberações daquele órgão, quetinham como âmbito o processo de

cooptação das dez personalidadesexternas que, por lei, dele têm quefazer parte. Como os estatutos do IPPdizem que o CG deve definir as regraspara a escolha destes elementos, os25 eleitos decidiram, por maioria,que a eleição destes "convidados" se

faria por lista fechada. Uma delas ven-ceu com 16 dos 25 votos expressos.Victor Correia Santos considera quecada conselheiro deveria poder votar

livremente em dez personalidades àescolha (ganhando as dez que tives-sem mais votos) e argumenta ainda

que três das que foram indicadas nãoo podiam ser, por não residirem naregião: eram os casos de um admi-nistrador da Portugal Telecom, RuiPedro Soares; do director da Funda-ção Gomez-Pardo da UniversidadePolitécnica de Madrid, Afonso Maldo-nado Zamora; e de Alfredo JoaquimSoares Ferreira, que criou no Portouma organização não-governamentalna área da engenharia.