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Bello, T. S.; Teruchkin, S. U.; Garcia, A. A. L. Alterações no perfil das exportações gaúchas. O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 Alterações no perfil das exportações gaúchas Teresinha da Silva Bello * Sônia Unikowsky Teruchkin ** Álvaro Antônio Garcia *** INTRODUÇÃO Este artigo visa compreender as alterações da pauta exportadora gaúcha, tendo como pano de fundo a demanda mundial, a abertura econômica, nela incluída a formação de blocos, a taxa de câmbio e a diversificação de produtos e de mercados. 1 Para o crescimento das exportações nacionais e estaduais, concorreram vários fatores, externos e internos. Dentre os externos, podem ser citados: elevado crescimento da economia mundial, com maior crescimento dos parceiros comerciais usuais do País e/ou do Estado; modificações estruturais na demanda mundial, favorecendo os produtos em que Brasil e/ou o RS é especializado; modificações nos preços relativos e/ou em outros fatores que aumentaram a capacidade competitiva. Mudanças sociais, econômicas e políticas, bem como a criação e o fortalecimento dos acordos regionais de comércio, também * Economista, Técnica da FEE. ** Economista, Técnica da FEE. *** Economista, Técnico da FEE. Os autores agradecem à colega Beky Macadar as críticas e as sugestões a uma versão preliminar deste artigo. Um agradecimento especial ao colega e Estatístico Jeferson Daniel de Matos, que fez o tratamento estatístico de vários dados, sem os quais este estudo não poderia ser feito. Os erros que, eventualmente, tenham permanecido são de responsabilidade dos autores. 1 Uma análise do comércio externo do RS perde sentido, visto que o Estado absorve uma gama relativamente grande de mercadorias importadas por outras unidades da Federação; por outro lado, também se revela importante porto de entrada para mercadorias a serem distribuídas em outras unidades da Federação. Assim, opta-se pela avaliação apenas das exportações gaúchas, tendo em vista sua relevância na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e sua participação no total exportado pelo Brasil, já que, sob esse aspecto, a contribuição do RS ao País tem sido muito importante.

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Bello, T. S.; Teruchkin, S. U.; Garcia, A. A. L. Alterações no perfil das exportações gaúchas.

O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

Alterações no perfil das exportações gaúchas

Teresinha da Silva Bello*

Sônia Unikowsky Teruchkin**

Álvaro Antônio Garcia***

INTRODUÇÃO

Este artigo visa compreender as alterações da pauta exportadora

gaúcha, tendo como pano de fundo a demanda mundial, a abertura

econômica, nela incluída a formação de blocos, a taxa de câmbio e a

diversificação de produtos e de mercados.1

Para o crescimento das exportações nacionais e estaduais,

concorreram vários fatores, externos e internos. Dentre os externos,

podem ser citados: elevado crescimento da economia mundial, com maior

crescimento dos parceiros comerciais usuais do País e/ou do Estado;

modificações estruturais na demanda mundial, favorecendo os produtos

em que Brasil e/ou o RS é especializado; modificações nos preços

relativos e/ou em outros fatores que aumentaram a capacidade

competitiva. Mudanças sociais, econômicas e políticas, bem como a

criação e o fortalecimento dos acordos regionais de comércio, também

* Economista, Técnica da FEE.

** Economista, Técnica da FEE.

*** Economista, Técnico da FEE. Os autores agradecem à colega Beky Macadar as críticas e as sugestões a uma versão preliminar deste artigo. Um agradecimento especial ao colega e Estatístico Jeferson Daniel de Matos, que fez o tratamento estatístico de vários dados, sem os quais este estudo não poderia ser feito. Os erros que, eventualmente, tenham permanecido são de responsabilidade dos autores. 1 Uma análise do comércio externo do RS perde sentido, visto que o Estado absorve

uma gama relativamente grande de mercadorias importadas por outras unidades da Federação; por outro lado, também se revela importante porto de entrada para mercadorias a serem distribuídas em outras unidades da Federação. Assim, opta-se pela avaliação apenas das exportações gaúchas, tendo em vista sua relevância na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e sua participação no total exportado pelo Brasil, já que, sob esse aspecto, a contribuição do RS ao País tem sido muito importante.

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O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

influíram nos negócios internacionais, com alterações de produtos e

mercados. O aumento da renda e do processo de urbanização em alguns

países (China e Índia por exemplo) são algumas das mudanças sociais que

favoreceram a demanda internacional. O crescimento econômico mundial,

capitaneado pela China e seguido por vários países, em especial os

emergentes, também favoreceu o crescimento das exportações. Pelo lado

político, no caso do Brasil, houve um maior interesse por parte do

Governo brasileiro em incrementar as relações Sul-Sul. A conclusão da

Rodada Uruguai, a criação da Organização Mundial de Comércio (OMC) e

seus desdobramentos em termos de uma nova fase de abertura comercial

e de predomínio de práticas liberais, bem como a formação e a

consolidação dos acordos regionais, vêm repercutindo nas relações

externas brasileiras, especialmente no que se refere ao comércio exterior.

Do ponto de vista interno, destacaram-se os processos de abertura

e de estabilização econômica implementados no Brasil, a partir de 1990 e

1994, respectivamente, com reflexos no comercio externo, bem como a

relevância de novos mercados para o crescimento das empresas.

Para várias atividades produtivas, as exportações são importantes

fontes de economia de escala, ao permitirem o crescimento do nível de

produção, e possibilitam o conhecimento de novas ideias e tecnologias,

fatores indispensáveis para o incremento da produtividade e, por

decorrência, da competitividade das empresas. Para incrementar as

exportações, em nível tanto nacional como estadual, a estratégia

empresarial utilizada foi a diversificação de produtos e de mercados. Essa

diversificação reduz a volatilidade das receitas de exportação e diminui os

efeitos de crises de demanda localizadas.

Após esta parte introdutória, segue-se uma nota metodológica.

Posteriormente, são feitas considerações sobre a contribuição das

exportações gaúchas ao PIB do RS. A seguir, é traçado um perfil

comparativo, por fator agregado, das vendas externas do Estado em

relação aos principais estados exportadores do País. Na sequência, as

exportações do Rio Grande do Sul são analisadas por fator de

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competitividade e por destino. Ao final, encerra-se com algumas

considerações resultantes deste estudo.

BREVES CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Nem todas as abordagens contemplam os dados a partir de 1980.

Um fato limitador da análise por produto, por fator de competitividade e

por destino refere-se ao período analisado, restrito aos anos de 1989 e

2008. Esse período justifica-se pelo fato de os dados desagregados por

países e mercadorias, tal como usados neste trabalho e disponíveis no

Sistema Alice, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), só estarem

disponibilizados a partir de 1989. Uma vez compatibilizados os dados da

Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), utilizados no período

1989-96, com os da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), após

1996, bem como com as alterações da NCM em 2002 e 2007, foram

selecionadas as posições a quatro dígitos, por entender-se que esse grau

de discriminação é suficientemente adequado, ordenando-se as mesmas

pelo somatório do valor no período 1989-2008.2

Com o objetivo de apresentar um panorama mais agregado e,

portanto, mais fácil de visualizar, agruparam-se os dados em quatro

períodos: de 1989 a 1993, de 1994 a 1998, de 1999 a 2003 e de 2004 a

2008. Cada um deles possui certas características que exerceram forte

influência no comércio exterior brasileiro. De uma maneira geral, o

primeiro (1989-93) correspondeu à abertura comercial; o segundo

(1994-98), ao início do Plano Real e à política do câmbio fixo; o período

compreendido entre 1999 e 2003 foi marcado pela volta do câmbio

flutuante e pela desvalorização do real; o último período (2004-08)

2 A classificação a dois dígitos denomina-se capítulo, a quatro dígitos, posição, a seis

dígitos, subposição, e, a partir daí, denominam-se itens (5o e 6o dígitos) ou subitens (7o

e 8o dígitos). Assim, uma classificação a quatro dígitos, que, ao longo deste trabalho, será chamada indistintamente de produto ou mercadoria, pode, na verdade, englobar um ou mais subitens.

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correspondeu a uma grande expansão do comércio internacional

concomitante ao retorno do câmbio valorizado — exceção aos seis meses

finais de 2008.

Em relação às exportações por fator de competitividade, foi feita

uma seleção dos 50 produtos mais importantes de cada período,

ordenados pelo valor nominal de suas exportações. Seguindo a

classificação adotada por Fernando Puga (2007), esses produtos foram

agrupados de acordo com o seu principal fator de competitividade:

a) setores intensivos em recursos naturais - agropecuária,

extração mineral, petróleo e álcool (inclusive refino), alimentos e

bebidas, madeira, papel e celulose e produtos de minerais não

metálicos;

b) setores intensivos em trabalho - têxtil, vestuário, couro e

calçados, produtos de metal e móveis/joias/indústrias diversas;

c) setores intensivos em escala - química, borracha e plástico,

metalurgia e veículos automotores;

d) setores intensivos em tecnologia diferenciada ou

baseados na ciência - máquinas e equipamentos, máquinas

de escritório e informática, aparelhos elétricos, material

eletrônico e de comunicações, instrumentos médicos e ópticos,

aviação/ferroviário/embarcações/motos.

A partir daí, procedeu-se a uma investigação sobre a participação

dessas mercadorias nas exportações gaúchas ao longo do tempo.

No que se refere ao destino dos produtos exportados pelo Estado,

depois de identificarem-se os principais locais para onde se dirigem os

mesmos, foi feito um levantamento dos produtos embarcados para esses

destinos, com destaque para as principais posições da NCM, a quatro

dígitos, exportadas para cada um deles. Foram selecionados os principais

blocos ou regiões de destino. Contudo escolheu-se analisar as informações

dos EUA (inclusive Porto Rico), e não do Acordo de livre Comércio da

América do Norte (NAFTA), devido ao fato de que o México já faz parte da

Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), e, nesse caso,

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haveria dupla contagem. Para compatibilizarem-se os dados, optou-se por

utilizar os valores das exportações da União Europeia (UE), composta de

27 países, apesar de se saber que tal só ocorreu em 2007. Mas, como o

incremento de países no bloco foi gradual, tendo iniciado com seis países,

era importante tornar a informação homogênea.

A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES NO PIB DO RS

No período 1980-2008, as exportações gaúchas sempre registraram

maior relação com o Produto Interno Bruto do Estado do que as

exportações brasileiras com o PIB nacional. E, apenas em três desses

anos (1995, 1996 e 1998), a razão entre as exportações gaúchas e o PIB

estadual esteve abaixo dos 10%, sendo que, nos anos de 1992, 2003 e

2004, esse percentual ultrapassou os 20%, tendo alcançado o recorde de

22,5% em 2004. No caso brasileiro, considerando-se o mesmo intervalo

de tempo, a maior relação das exportações com o PIB nacional ocorreu

em 2004 (14,5%), e a menor, em 1996 (5,7%), como pode ser visto no

Gráfico 1. Desse modo, é possível afirmar-se que a economia do RS é bem

mais dependente do mercado externo do que a do Brasil. E essa

dependência tem sido maior no século XXI do que nos últimos anos do

século passado (década de 90), pois, exceto o ano de 1992, as maiores

relações entre as vendas externas e o PIB gaúcho estão no período de

2001 a 2008 e em alguns anos da década de 80. Neste último caso, em

decorrência do esforço exportador necessário para enfrentar a penúria

cambial em que o País se encontrava à época.

Nos anos 80, as exportações do RS oscilaram bastante, com

períodos de elevação e de redução, conforme pode ser visto na Tabela 1.

Em 1982, a queda das vendas externas do Estado teve como causa

principal a grande desaceleração do comércio mundial, resultado das altas

nos juros internacionais — capitaneadas pelos Estados Unidos — e da

valorização do dólar nos mercados europeus, além dos problemas nos

balanço de pagamentos dos países do Terceiro Mundo. Mas, em 1983,

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com uma maxidesvalorização do cruzeiro ainda no início do ano, as

exportações voltaram a crescer, aumentando também sua relação com o

PIB estadual. O crescimento da demanda interna e dos salários reais de

1985 a 1986 levou à nova queda nas vendas ao exterior. Vale salientar-se

que o ano de 1986 foi marcado pelo Plano Cruzado, o qual resultou não só

em uma explosão do consumo interno como na perda de competitividade

das exportações, fruto do congelamento da taxa de câmbio, aliado ao

aumento dos custos internos. Além disso, externamente, mantinha-se a

retração da economia norte-americana, a estagnação da economia

europeia, a valorização do dólar, a queda nos preços das commodities e o

aumento do protecionismo. Em 1987, a retomada das boas condições do

mercado internacional e das desvalorizações cambiais favoreceu as

vendas gaúchas ao exterior, bem como um aumento da razão entre as

exportações e o PIB do Estado. No entanto, em 1989, apesar do bom

desempenho da economia gaúcha e do crescimento das vendas externas,

a razão entre as exportações e o PIB reduziu-se, devido à maior absorção

da produção por parte do mercado interno.

Na década de 90, registraram-se as menores relações

exportações/PIB no RS, sendo que, apenas em 1992, esse percentual foi

bem elevado (20,3%). Tal fato pode ser explicado pelo desempenho mais

fraco das exportações nessa década. Nos anos 90, registraram-se grandes

transformações nos cenários internacional e nacional, que tiveram reflexos

na pauta exportadora do RS. No lado externo, intensificou-se a

globalização da economia, e aceleraram-se os acordos de integração, o

que fomentou o processo de abertura da economia ao exterior, iniciado ao

final dos anos 80. No caso dos acordos, a economia brasileira, na década

de 90, defrontou-se com a formação do Mercado Comum do Sul

(Mercosul) e do NAFTA, com a conclusão da Rodada Uruguai do Acordo

Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e com a implementação da OMC.

Internamente, dois fatores colaboraram sobremaneira para

enfraquecer as exportações ao longo dos anos 90: redução das

concessões aos exportadores e implantação do Plano Real. Se, desde os

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anos 70, o setor exportador sempre se beneficiou de subsídios e de

incentivos por parte do Governo, a partir dos anos 90, com a retomada do

fluxo de capital e o consequente desafogo da crise cambial, com o

aumento das pressões externas por maior abertura no comércio e no

movimento de capital, reduziram-se as concessões feitas aos

exportadores, ao mesmo tempo em que, em 1994, completou-se o

cronograma de desgravação tarifária iniciado no Governo Collor. Ainda em

1994, no mês de julho, foi implantado o Plano Real e, dentre seus efeitos,

podem ser destacados a valorização do câmbio (ocorrida em 1994-98) e o

decorrente aumento dos preços dos produtos exportados (em especial, os

dos produtos industrializados), bem como um fortalecimento da demanda

interna (principalmente, devido ao controle da inflação), o que também

desestimulava as exportações. Diante desses fatos, na década de 90, a

razão entre as exportações gaúchas e o PIB do Estado recuou, tendo

alcançado seus menores níveis em 1995, 1996 e 1998. E, a despeito da

adoção de um câmbio flexível a partir de janeiro de 1999, as vendas

externas do RS nesse ano tiveram variação negativa e só se recuperaram

a partir de 2000, conforme pode ser visto na Tabela 1. Entretanto, mesmo

tendo apresentado um decréscimo de receita, em 1999, a relação com o

PIB estadual elevou-se para 12,9%, devido à forte recessão interna que

pressionou negativamente o PIB do Estado.

Essa lenta reação das exportações gaúchas depois da

maxidesvalorização deveu-se essencialmente à queda acentuada nos

preços das commodities após os colapsos asiático e russo, nos anos

anteriores. E, em 2000, mesmo com os preços ainda em baixa, o volume

exportado pelo Estado elevou-se, dando início a um processo de

recuperação que só foi engrenar efetivamente a partir de 2003.

No período analisado do século XXI (2001-08), as exportações do

Rio Grande do Sul sempre representaram um percentual acima de 16%

em relação ao valor do PIB estadual, sendo que, em 2003 e 2004, essa

razão ultrapassou os 20%, conforme mostrado no Gráfico 1. Tal fato é

explicado pelo excelente desempenho das vendas externas gaúchas

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nesses anos. Tanto os preços quanto o volume embarcado elevaram-se,

não apenas como resultado da forte aceleração no comércio mundial como

também pela desvalorização da taxa de câmbio brasileira no segundo

semestre de 2002. No caso do câmbio, seus efeitos fizeram-se sentir

principalmente a partir de 2003, dada a defasagem de tempo que

costuma haver entre a mudança na taxa e as alterações nas exportações.

Os efeitos da crise da Argentina, no final de 2001, tendo em vista a

importância do país vizinho para o mercado externo gaúcho, que, por isso,

poderiam ter sido mais danosos para as exportações do RS, foram

amenizados pelo crescimento mundial, onde a China desempenhou

importante papel. Embora diferentes em suas qualificações — pois o

mercado argentino importa do RS principalmente manufaturados,

enquanto as importações chinesas com origem no RS são de produtos

básicos —, as vendas para esse país asiático permitiram que as

exportações continuassem a representar uma parcela importante da

economia gaúcha.

A frustração da safra agrícola, em 2005 e 2006, porém, não

permitiu que o RS usufruísse plenamente dos ganhos proporcionados pelo

aumento de preço das commodities iniciado em 2002. E, além disso, em

abril de 2004, teve início, no Brasil, um processo de valorização do real

que persiste até hoje. 3 Mesmo assim, a relação exportações/PIB, em

2004, ainda se manteve alta, apesar de menor. Em 2005, os estragos

causados pela conjunção entre estiagem e valorização cambial fizeram-se

sentir plenamente, e o total exportado pelo RS elevou-se apenas 5,8%, o

que diminuiu a relação das exportações com o PIB para 18,6%. Em 2006,

embora as receitas tenham crescido, a razão exportações/PIB caiu e, em

2007 e 2008, mesmo com o forte incremento das vendas externas, sua

relação com o PIB manteve-se em torno de 17%, de acordo com o Gráfico

1 e a Tabela 1. Tal fato pode ser explicado pelo melhor desempenho da

3 Esse processo de valorização do real estendeu-se até setembro de 2008, quando se desencadeou uma crise econômica mundial, que levou a uma perda de valor da moeda brasileira. Essa desvalorização do real, entretanto, não durou mais de seis meses e, a

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economia do Estado nestes dois últimos anos, a qual teve um crescimento

acima do registrado nos anos que lhe antecederam, o que resultou em

diminuição da relação exportações/PIB. Do mesmo modo que essa relação

ultimamente tem decrescido no RS, as vendas externas do Estado, nos

últimos anos, também vêm perdendo participação no total exportado pelo

Brasil, conforme será visto a seguir.

PERFIL COMPARATIVO DAS EXPORTAÇÕES GAÚCHAS

No ranking dos estados exportadores, entre os anos de 1980 e

2008, o RS foi o terceiro colocado na grande maioria das vezes, perdendo

apenas para São Paulo e Minas Gerais; e, naqueles anos em que não foi o

terceiro, ocupou o segundo lugar, atrás apenas de São Paulo. Ao longo

das décadas de 80 e 90 do século passado e nos primeiros anos do século

XXI — mais especificamente até 2004 —, a participação percentual das

exportações gaúchas no total das exportações brasileiras sempre foi

acima dos 10%, mesmo quando sua taxa de crescimento era pior do que

a das vendas externas do País. Seu maior índice ocorreu em 1993,

quando respondeu por 13,4% do valor exportado pelo Brasil. A partir de

2005, porém, a representatividade do Estado caiu para um dígito, tendo

alcançado seu menor nível em 2006, quando contribuiu com apenas 8,6%

do total vendido pelo País ao exterior. Diante disso, o período 2004-08

registrou a menor participação do Estado ao longo dos períodos

analisados, conforme pode ser visto na Tabela 2.

Nos anos de 2005 e 2006, grande parte dessa perda pode ser

atribuída à frustração de safra decorrente da estiagem, embora, em 2006,

os prejuízos com a seca tenham sido menores. Além dessa frustração na

agricultura, a valorização cambial pode ter afetado sobremaneira as

exportações de manufaturados pelo Estado, tendo em vista que, no perfil

das mesmas, há um predomínio das intensivas no uso do fator trabalho e

pouco dependentes de insumos importados, ou seja, de mercadorias em

partir do segundo trimestre de 2009, o real voltou a valorizar-se.

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que uma parcela substancial do custo de produção se dá em moeda

nacional, como foi o caso dos calçados e dos móveis, dentre outros. Afora

isso, a queda da participação das exportações gaúchas no total do País

teve a ver — e muito — com a retração nas vendas de calçados ao

exterior, decorrente da maior concorrência dos calçados asiáticos, em

especial dos chineses, que elevaram seu market share em mercados antes

ocupados pelos calçados brasileiros. Ademais, no próprio mercado interno,

verificou-se uma “invasão” de calçados da China, em particular os

esportivos, desbancando as empresas gaúchas.

Entre 2004 e 2008, apesar de o valor das exportações do RS ter

aumentado em todos os anos, sua taxa de crescimento, exceto em 2007,

foi menor do que a das vendas externas totais do País. Entretanto é

possível verificar-se, na Tabela 2, que essa perda de participação também

ocorreu com o conjunto dos até então cinco maiores estados exportadores

(SP, MG, RS, PR e SC). Isso denota que outras unidades da Federação

ganharam maior representatividade neste último período. A elevação do

preço do petróleo contribuiu para que estados exportadores dessa

commodity e de seus derivados auferissem ganhos de receita, o que lhes

permitiu aumentar sua parcela nas exportações do País, como foi o caso

do Rio de Janeiro. O crescimento das exportações de soja pela Região

Centro-Oeste do País também colaborou para essa redução de

representatividade do Estado. Do mesmo modo, a transferência e/ou a

instalação de novas unidades calçadistas do RS para a Região Nordeste do

País aumentou as exportações dessa mercadoria por alguns estados

daquela região, ao mesmo tempo em que atuou em detrimento das

vendas externas de sapatos pelo RS. Isto porque houve um desvio das

vendas de calçados, que deixaram de ser embarcados pelo RS e passaram

a ser exportados pelos novos estados produtores.

Comparando-se as exportações do RS, por fator agregado, com as

do Brasil e com as de alguns dos principais estados exportadores (SP, MG,

PR e SC), entre 1980 e 2008, é possível observar-se que, ao longo de

todo o período em análise, apenas o Paraná apresentou participação

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crescente dos produtos industrializados em suas exportações e que Santa

Catarina diminuiu o percentual das vendas externas dos industrializados

somente no último quinquênio (2004-08). Já o Brasil, bem como RS e SP,

registrou uma participação média crescente dos industrializados até o

intervalo 1994-98 e, na última década, registrou perdas a favor dos

produtos básicos, o que pode ser visto na Tabela 3. No País e nesses dois

estados, a maior representatividade dos produtos industrializados no total

exportado ocorreu em 1994-98, quando a moeda nacional se apresentava

valorizada frente ao dólar. Embora possa parecer um paradoxo, é

importante salientar-se que foi nesse quinquênio que se consolidou o

Mercosul, com a entrada em vigência do Protocolo de Ouro Preto, que

instaurou a Tarifa Externa Comum (TEC). E reza a teoria que, logo após o

processo de abertura comercial, costuma haver um natural aumento da

corrente de comércio entre os parceiros, fruto da desgravação tarifária

entre eles. Posteriormente, as taxas de crescimento do comércio entre os

países-membros do acordo tendem a se estabilizar, embora em níveis

mais altos do que os praticados anteriormente à liberação. Como a pauta

de exportações para o Mercosul, tanto no Brasil quanto no RS, sempre se

caracterizou pelo predomínio de produtos industrializados, com o avanço

do processo de desgravação tarifária entre seus membros, houve um

acréscimo nas vendas de manufaturados para a região. Também

colaboraram para o bom desempenho dos industrializados no período

1994-2008 as vendas de produtos semimanufaturados, impulsionadas

pela recuperação das economias mais desenvolvidas (Estados Unidos,

Europa e Japão).

No período 1999-2003, produtos básicos importantes da pauta

exportadora do RS, como fumo, soja em grão e carnes, encontravam-se

com os preços em baixa, embora tivessem registrado algum aumento nos

volumes embarcados. Inclusive a torta de soja, também pertencente ao

grupo dos básicos, teve queda nos preços e nas quantidades. Por

consequência, as receitas em dólares dos produtos básicos mantiveram-se

menores do que no período 1994-98. Desse modo, o que realmente

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explicou seu aumento na parcela das exportações gaúchas, no período

1999-2003, foi a queda nas vendas de industrializados, com destaque

para o fraco desempenho dos calçados, do óleo de soja, dos polímeros de

etileno, dos couros, da pasta química de madeira e das partes e

acessórios de veículos, conforme a Tabela 4.

Já no período 2004-08, a menor representatividade dos produtos

industrializados na pauta de exportações do Rio Grande do Sul pode ser

explicada pela elevação no preço das commodities, o que incrementou seu

valor exportado e, consequentemente, a participação dos produtos básicos

na pauta. Assim, à medida que as vendas de industrializados se retraíam,

fruto do desestímulo cambial e da ampliação da concorrência de similares

chineses, avançavam as exportações dos básicos, revertendo um quadro

que, em nível tanto nacional quanto estadual, demorou décadas para ser

construído. Produtos como o fumo, a soja e as carnes registraram

substanciais aumentos de preços em 2004-08. Além disso, os volumes

embarcados — excetuando-se a soja, em 2005 — também tiveram

acréscimos. Por outro lado, as exportações de calçados, carro-chefe dos

produtos industrializados, mantiveram o fraco desempenho registrado no

quinquênio 1999-2003.

Por outro lado, o Estado do Paraná, que, no período 1980-83, tinha

nos produtos básicos praticamente 70% de suas exportações, no período

2004-08 viu essa participação cair para em torno de 35%, enquanto os

produtos industrializados representaram aproximadamente 63% de suas

vendas externas, equiparando-se aos do RS. Tal fato pode ser explicado,

em boa parte, pela entrada das exportações de automóveis e seus

componentes na pauta exportadora do Paraná. No RS, embora tenha

havido incremento das vendas externas na área de petroquímicos, fruto

da expansão do Polo Petroquímico e da Refinaria Alberto Pasqualini

(Refap), a pauta exportadora de manufaturados manteve-se com poucas

alterações, com produtos assentados essencialmente na agropecuária,

cuja produção se baseia principalmente no uso intensivo de recursos

naturais, conforme poderá ser visto a seguir.

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O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

AS EXPORTAÇÕES DO RS POR FATOR DE COMPETITIVIDADE

Analisando-se as vendas ao exterior do Rio Grande do Sul em

1989-2008, percebe-se que os produtos intensivos em recursos naturais

tiveram sua participação elevada de 48,8% em 1989-93 para 56,9% em

2004-08, conforme a Tabela 5.4 Em números absolutos, cresceu também a

quantidade de mercadorias desse agregado incluídas entre as 50 mais

importantes: eram 17 no primeiro período, passando a 22 no último.

Dentre as principais mercadorias intensivas em recursos naturais

exportadas pelo RS, por receita de exportação, destacam-se: tabaco não

manufaturado, soja em grão, carne de aves, carne suína, torta (bagaços)

de soja, óleo de soja, óleos de petróleo (exceto óleos brutos),

hidrocarbonetos cíclicos, preparações de carne e pasta química de

madeira. Observou-se ainda que os quase 10 pontos percentuais ganhos

pelos produtos intensivos em recursos naturais no decorrer dos períodos

analisados não foram resultado de uma evolução lenta e gradual. Na

verdade, aconteceu um salto no último período. Em boa medida, porque,

no final desse período, ocorreu um expressivo crescimento nos preços das

commodities agrícolas, devido, entre outros fatores, à expansão

econômica internacional — em particular, a da China — e à especulação

nos mercados futuros.

Os dados referentes ao comportamento dos produtos intensivos em

trabalho são aqueles que mais chamam atenção pela sua queda ao longo

do tempo. No primeiro período, esses bens representavam 39,2% do total

das 50 mercadorias mais exportadas pelo Estado, tendo apresentado uma

redução vertiginosa no último período (2004-08), quando tiveram uma

participação de 19,8% sobre o total. Os produtos intensivos em trabalho

mais importantes na pauta exportadora gaúcha, por ordem de valor, são:

calçados de couro natural, couros preparados de bovinos, móveis e suas

4 Para uma análise mais detalhada das exportações por fator de competitividade, ver Garcia (2009).

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partes, couros curtidos ou crust de bovinos, calçados de borracha ou de

plástico, armas de fogo, partes de calçados, calçados de matérias têxteis e

facas e suas lâminas.

Essa diminuição na representatividade dos produtos intensivos em

trabalho deveu-se, principalmente, à queda da participação das receitas

com calçados de couro natural. O calçado gaúcho foi perdendo mercado

internacional, principalmente, para a China e, mais tarde, para o Vietnã e

outros países cujo custo da mão de obra era muito inferior àquele

praticado no Estado. Com a perda da competitividade, os calçadistas

gaúchos procuraram agregar valor ao seu produto, através de design e

desenvolvimento de marca, dentre outras medidas. Isso, embora em

alguns casos tenha-se traduzido em elevação do preço médio do sapato

e/ou no ganho de algum nicho de mercado, se mostrou insuficiente para

impedir a expressiva queda no valor total das exportações do produto ao

longo dos anos. Mesmo as vendas externas de calçados de borracha,

plástico e matérias têxteis, que tiveram alguma expressão nos períodos

intermediários, já não conseguiram sustentar essa posição no período

final.

Em relação aos demais produtos intensivos em trabalho, deve-se

realçar o aumento da importância dos “couros preparados” entre os

produtos mais exportados pelo Rio Grande do Sul. As vendas externas de

móveis cresceram bastante entre 1989 e 2003, mas, de 2004 a 2008,

apresentaram uma leve queda na participação. Já as armas de fogo — na

realidade, espingardas e/ou carabinas para caça ou tiro ao alvo —

mantiveram sua posição ao longo dos anos, enquanto declinaram as

participações relativas dos produtos de cutelaria. Assim, as mercadorias

intensivas em trabalho, que eram 12 entre as 50 mais importantes do

Estado no primeiro período, no final, ou seja, entre 2004 e 2008, tiveram

nove representantes.

Dos quatro grupos de produtos aqui considerados, o de mercadorias

intensivas em escala foi o que apresentou, relativamente, melhor

performance entre 1989 e 2008, conforme pode ser visto na Tabela 5. E o

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interessante é que, apesar desse agregado quase duplicar sua

participação no total entre o primeiro e o último período, diminuiu o

número de seus produtos inseridos entre os 50 mais exportados,

passando de 14 entre 1989 e 1993 para 10 entre 2004 e 2008. Dentre os

produtos intensivos em escala exportados pelo RS, destacam-se:

polímeros de etileno, tratores, partes e acessórios para veículos,

carrocerias para veículos automóveis, polímeros de propileno, reboques e

semirreboques, borracha sintética e artificial, pneumáticos novos de

borracha e ônibus e microônibus. Perderam importância relativa os

produtos de metalurgia básica e as peptonas e seus derivados — no caso

do RS, as proteínas de soja —, e ganharam representatividade os

produtos petroquímicos — polímeros — e os da indústria metal-mecânica

vinculada à área automotiva e/ou agrícola. Destacaram-se, pelo

crescimento na participação, as vendas de tratores, de reboques e

semirreboques, de carrocerias, e, ainda, as de polímeros de etileno.

O agregado composto por produtos intensivos em tecnologia ou

baseados na ciência também ganhou significância na pauta exportadora

gaúcha, mas o seu peso relativo era muito pequeno e assim continuou

sendo. Ademais, essa evolução ficou mais nítida nos períodos

intermediários da análise, ou seja, entre 1994 e 1998 e entre 1999 e

2003, quando esse agregado alcançou, respectivamente, 6,4% e 5,9% do

total. No último período, já se percebe um recuo da participação relativa,

para 5,5%. O número de produtos intensivos em tecnologia incluídos nas

50 mercadorias mais exportadas pelo Estado variou entre sete e 10

representantes. Dentre eles, salientaram-se: máquinas para colheita ou

debulha, condensadores elétricos, ferramentas pneumáticas, partes

destinadas aos motores, transformadores elétricos, máquinas para

processamento de dados, máquinas para preparo do solo, outras

máquinas e aparelhos de ar condicionado.

A valorização cambial entre 1994 e 1998 reduziu significativamente

a competitividade dos produtos gaúchos, sendo esse o pior período em

termos de evolução das exportações do Estado. Isso tudo sugere que os

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produtos intensivos em tecnologia ou baseados na ciência foram menos

vulneráveis à valorização cambial, apresentando, assim, um desempenho,

comparativamente, superior ao dos demais conjuntos de mercadorias aqui

analisados. Ainda que, em termos absolutos, não sejam valores muito

expressivos na pauta de exportações do Estado, cabe ressaltar-se o

crescimento relativo das vendas externas de máquinas para colheita ou

debulha e de máquinas para preparo do solo. Por outro lado, os aparelhos

de ar condicionado e os motores de pistão — motores diesel e semidiesel

—, que tiveram relevância nas exportações desse agregado até o começo

dos anos 2000, perderam participação entre 2004 e 2008, ao ponto de,

neste último período, os motores de pistão não estarem mais incluídos na

lista dos “50 mais”.

Para poder melhor compreenderem-se essas alterações na pauta, a

seguir, serão analisados os principais destinos das exportações gaúchas.

AS EXPORTAÇÕES GAÚCHAS POR DESTINO

A diversificação de mercados pode ser atribuída, em parte, à

formação e à consolidação de blocos econômicos e de acordos comerciais,

aos diferentes ritmos de crescimento dos países, com maior intensidade

naqueles em desenvolvimento, aliado a um maior protecionismo das

nações desenvolvidas, bem como ao espírito empreendedor dos

empresários na abertura de novos mercados.

A questão que se coloca é o que melhor explica o crescimento das

exportações. Isto é, a principal causa estaria na decisão empresarial de

diversificar os mercados de destino, para tornar as exportações menos

dependentes das alterações na demanda de um número restrito de países,

ou a principal explicação estaria da expansão do crescimento mundial,

atribuindo a esse fator o bom desempenho externo? Neste último caso, a

diversificação geográfica das vendas externas resultaria menos da postura

intencional e agressiva dos exportadores e mais do crescimento das

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importações nos países e nos blocos de destino, e as vendas apenas

teriam acompanhado o momento favorável dos negócios no plano

internacional, que teria sido mais intenso justamente nos mercados não

tradicionais.

Na visão de Markwald e Ribeiro (2005), a diversificação geográfica

das exportações brasileiras contribuiu para sustentar o crescimento das

mesmas no período 1998-2002, quando essas ainda não tinham

deslanchado. Mas a expansão do comércio mundial, a partir de 2002, foi o

fator relevante para explicar o crescimento acelerado das exportações do

País. Já Puga (2007), ao analisar o excepcional crescimento das vendas

externas brasileiras no período 2000-05, que levou a um aumento da

participação do Brasil no comércio internacional, concluiu que a principal

causa foi a elevada capacidade de resposta das empresas brasileiras ao

aumento na demanda mundial, uma vez que o crescimento do comércio

internacional explicou apenas metade do aumento das vendas do País ao

exterior no período. Portanto, ambos os argumentos — estratégia

empresarial e conjuntura internacional favorável — elucidam o incremento

das vendas externas.

A distribuição geográfica das exportações brasileiras e gaúchas

passou por mudanças significativas ao longo dos anos em análise. Visando

melhor compreenderem-se essas alterações, apresenta-se uma análise

das exportações gaúchas para os principais destinos segundo regiões,

blocos e/ou países. Optou-se por destacar as vendas para o Mercosul, a

ALADI (exclusive Mercosul), os Estados Unidos (inclusive Porto Rico), a

União Europeia, a Ásia (exclusive Oriente Médio) e o Oriente Médio. Isto

porque esse conjunto de destinos absorveu, no período 1989-2008,

parcela substancial das vendas externas do Brasil e do RS. Deve-se ter

presente que as exportações para determinada área geográfica são

sensíveis a vários fatores, tais como: taxa de câmbio real bilateral, tipo de

produto que o país exporta para esse mercado, modificações no nível de

atividade do mercado importador e acordos comerciais estabelecidos.

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UMA VISÃO GERAL

A distribuição geográfica das exportações gaúchas passou por

mudanças significativas ao longo das décadas de 70 e 80,5 o mesmo

ocorrendo no período em análise (1989-2008). Nesses 20 anos, mercados

tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia, reduziram

praticamente à metade sua participação conjunta, passando de 65% em

1989 para 35% em 2008. E isso ocorreu a despeito de o Brasil ser

beneficiário do Sistema Geral de Preferências (SGP)6 tanto dos Estados

Unidos como da União Europeia. Além da concorrência de vários países,

nesses mercados, devem-se enfatizar as barreiras não tarifárias

existentes, especialmente na área agrícola, como importante fator

restritivo das exportações brasileiras e gaúchas, constituindo-se em um

“novo protecionismo” 7 . Concomitantemente, houve um acréscimo da

representatividade das vendas para Mercosul, ALADI (exclusive Mercosul),

Ásia e Oriente Médio. Enquanto os principais países europeus, como

Alemanha, Reino Unido, Itália, Países Baixos, Espanha e França,

diminuíram sua parcela nas exportações gaúchas, as vendas para China,

Rússia, Arábia Saudita e África do Sul aumentaram consideravelmente,

passando de quase 3% nos três primeiros períodos (1989-93, 1994-98 e

1999-2003) para 15% no último (2004-08), seja por estratégias

empresariais, pelo crescimento dessas economias e/ou pelo

aproveitamento dos “ventos favoráveis” aos negócios no plano

internacional.

Um indicador da importância de regiões, países e blocos nas

5 No Brasil, assim como no RS, a participação dos principais países industrializados, que era de mais de 70% na década de 70, reduziu-se substancialmente até 1980. A política de diversificação de mercados reverteu-se nos anos 80, em consequência, basicamente, da crise de liquidez que atingiu os países em desenvolvimento endividados, após a moratória decretada pelo México em 1982. Assim, elevou-se novamente a representatividade dos países industrializados, denotando uma nova reconcentração das vendas externas (Teruchkin, 1990). 6 O SGP consiste em um tratamento tarifário especial, praticado pelos países desenvolvidos a certos produtos importados, procedentes e originários de alguns países com menor desenvolvimento.

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exportações do RS está na sua participação no total das vendas externas

do Estado, como apresentado na Tabela 6. Os dados dessa tabela

denotam que a grande mudança na distribuição geográfica das vendas

externas gaúchas ocorreu entre o primeiro e o segundo período, quando

as exportações não tinham ainda deslanchado. De fato, nesses anos, a

participação conjunta dos mercados tradicionais (Estados Unidos e União

Europeia) recuou quase 14 pontos percentuais. Esse espaço foi

integralmente ocupado pela Ásia e pelo Mercosul. Porém, no período

seguinte (1999-2003), a mudança mais significativa foi a perda de

representatividade do Mercosul, devido, principalmente, a problemas de

estabilidade econômica e/ou a políticas dos parceiros do bloco. Já a

participação dos mercados não tradicionais teve um incremento

expressivo, onde se distinguem as vendas para o Oriente Médio, em

especial o Irã e a Arábia Saudita, e para os demais países, como a África

do Sul.

No período 2004-08, sobressai-se o grande incremento do valor

exportado em relação ao período anterior, bem como o novo impulso

verificado na reorientação das vendas externas em direção a mercados

não tradicionais. Salientam-se, pela elevada taxa de acréscimo, as vendas

para outros países, como a Rússia, grande importadora de carne suína

gaúcha, e vários países da África, apesar de pouco representativos na

pauta, como Egito, Angola e Marrocos.

De um lado, essa mudança retrata uma adaptação das exportações

gaúchas às tendências do comércio mundial, onde as vendas para

destinos não tradicionais registraram significativas taxas de crescimento,

sendo o caso mais marcante o da China. Ressalta-se, também, a

preocupação das entidades ligadas às exportações em estimular a

abertura de novos mercados, tendo-se em vista as dificuldades

encontradas nos mercados tradicionais. Com isso, a queda da participação

dos Estados Unidos e da União Europeia na pauta foi compensada pela

diversificação de parceiros. Considerando o exposto, passa-se a analisar

7 Para maiores detalhes, ver Bello (2001).

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as exportações gaúchas para os principais blocos e ou países, para melhor

visualizarem-se essas mudanças.

ESTADOS UNIDOS (INCLUSIVE PORTO RICO)

Principal destino das exportações brasileiras e gaúchas em todos os

20 anos de análise, os Estados Unidos reduziram sua parcela no valor

total das vendas externas, de forma mais acentuada, a partir de 2002, em

nível tanto nacional como estadual. Assim, quando se confrontam os

dados do primeiro com os do último período, verifica-se que a

representatividade dos EUA nas exportações do RS caiu para quase a

metade.

O produto mais exportado pelo Estado, no período 1989-2008, foi

calçado de couro, sendo que o mercado norte-americano chegou a

absorver cerca de 65% do valor total desse produto em 1989-93, mas foi

diminuindo sua participação ao longo dos anos, atingindo pouco mais da

metade das vendas de calçados gaúchos no início dos anos 2000 e menos

de 30% do valor embarcado no quinquênio 2004-08. Isso ocorreu devido

à grande concorrência dos países asiáticos, em especial da China, aliado à

forte valorização do real em relação ao dólar desde 2004, a qual retirou

competitividade dos produtos gaúchos nesse mercado, em particular dos

intensivos em mão de obra.

Nesses 20 anos, pelo seu valor, também se destacam nas vendas do

RS para os EUA: tabaco não manufaturado, armas de fogo, couros e peles

curtidos ou crust, partes e acessórios dos veículos automóveis, conforme

pode ser visto no Quadro 1. Já os embarques de máquinas e aparelhos de

ar condicionado, que, entre 1989 e 1993, eram o terceiro produto em

valor para esse mercado, perderam participação nos quinquênios

posteriores. Por outro lado, produtos químicos orgânicos, como os

hidrocarbonetos cíclicos (benzeno, tolueno, estireno etc.), triplicaram sua

representatividade ao longo dos períodos. Cabe salientar-se que o elevado

acréscimo das vendas para os Estados Unidos em 2008 deveu-se à

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exportação de uma plataforma marítima montada em Rio Grande para a

Petrobrás, por um regime especial de exportação, denominado Repetro8.

UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia tem sido relevante parceira do Brasil e mais ainda

do RS nos últimos 20 anos. Contudo, sistematicamente, perdeu

representatividade ao longo dos períodos. No RS, passou de 34,5% em

1989-93 para apenas 19,1% em 2004-08. Diferentemente dos EUA, o

que singulariza o comércio com a UE é a grande concentração das

exportações nas commodities agrícolas, dentre as quais se destacaram a

soja e seus derivados. Os principais produtos exportados pelo RS para

esse bloco foram, por ordem de valor, em todo o período: tabaco não

manufaturado, torta (bagaço) de soja, calçados de couro natural, soja em

grão, couros e peles curtidos ou crust, carnes e miudezas de frango,

conforme o Quadro 1. Esses produtos, que, em conjunto, representavam

75% das vendas para a UE no primeiro período, diminuíram

continuamente sua participação, atingindo os 57% no último quinquênio

(2004-08), denotando grande concentração em produtos de baixo nível

tecnológico, intensivos em recursos naturais e, no caso do calçado,

intensivos em mão de obra.

Nas negociações comerciais com a União Europeia, os conflitos mais

notáveis foram devidos aos subsídios concedidos aos produtores

europeus 9 , às barreiras tarifárias a determinados produtos agrícolas

considerados sensíveis e às barreiras não tarifárias de caráter técnico,

sanitário e/ou administrativo, utilizadas para dificultar a entrada de

8 Repetro é o regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens destinados

à exploração e à produção de petróleo e de gás natural. Nesse caso, os bens são vendidos pelo fabricante nacional à pessoa jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda estrangeira de livre conversibilidade, ainda que não haja a saída física do bem do território nacional. Ver Sartori (2006).

9 Para maiores detalhes dos subsídios desse bloco no comércio Brasil-União Europeia,

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produtos importados extrabloco.

Os principais países importadores de produtos gaúchos da União

Europeia são: Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda e Espanha, que,

juntos, diminuíram sua representatividade nas exportações gaúchas de

28% no quinquênio 1989-93 para 13% em 2004-08. Esse comportamento

foi similar ao do bloco, dada a intensa participação desses países nas

importações da União Europeia provenientes do RS.

MERCOSUL

A partir da constituição do bloco, em 1991, até fins de 1998, as

vendas do RS para os parceiros cresceram mais do que as do Brasil e,

com isso, a representatividade do Mercosul, que, em nível tanto nacional

como estadual, era de 4% das vendas externas em 1991, elevou-se para

17% e 20% das exportações brasileiras e gaúchas, respectivamente, em

1998. As exportações estaduais para o bloco caracterizam-se,

fundamentalmente, por serem de produtos manufaturados, sendo a

Argentina o principal parceiro do bloco. De 11º destino das exportações

sul-rio-grandenses, em 1989, passou a ser o segundo em 1993,

mantendo-se nessa colocação até 2001.

Nos dois períodos seguintes, 1999-2003 e 2004-08, a participação

do Mercosul10 nas exportações reduziu-se de forma mais acentuada em

nível nacional do que no RS. A crise externa brasileira, que começou em

fins de 1998 e culminou na desvalorização cambial do início de 1999, a

crise econômico-financeira da Argentina11, que se agravou a partir de

2000 e eliminou a paridade peso-dólar no começo de 2002, e a recessão

no Uruguai foram alguns dos fatores que contribuíram para essa redução,

sendo que o período 1999-2003 foi crítico para o bloco.

Mas a adoção de câmbio flutuante por Brasil e Argentina e a

ver Mendes (2000). 10 Para uma análise mais detalhada do comércio do RS para o Mercosul, ver Teruchkin (1998; 2005).

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recuperação de parte da paridade cambial peso-real, aliado ao expressivo

crescimento da economia argentina, após a crise de 2001-02,

possibilitaram, nos anos seguintes, a revitalização das exportações

gaúchas para o Mercosul, apesar das inúmeras salvaguardas adotadas

pela Argentina 12 . Não obstante esse acréscimo das exportações, no

quinquênio 2004-08, a participação do bloco nas exportações gaúchas foi,

em média, de 14%, depois de já ter representado 16% no período

1994-98.

Essa perda de market-share do Mercosul nas exportações estaduais

foi acompanhada de uma alteração na sua composição. As vendas de

óleos de petróleo não brutos,13 de uma ínfima participação nas vendas

para o bloco, atingiram 11% no período 2004-08, transformando-se no

segundo produto mais exportado, logo após os polímeros de etileno, os

quais, nos 20 anos analisados, permaneceram como o principal produto

vendido para o Mercosul. Já os calçados (de borracha ou plástico e de

couro natural) perderam parcela significativa de sua representatividade no

último quinquênio, devido à queda nas vendas para a Argentina e ao

estabelecimento de fábricas de empresas calçadistas gaúchas naquele

país, visando contornar as barreiras comerciais e atender a seu mercado

interno.14 Por outro lado, máquinas e aparelhos para colheita, tratores e

carnes de frango apresentaram um grande acréscimo das exportações,

quando se comparam os dois últimos períodos.

É interessante observar-se que uma análise das empresas

exportadoras gaúchas por tamanho15 revelou que, em 2006, o Mercosul

11 Para maiores informações, ver análise da crise argentina em Bello (2002). 12 As salvaguardas impostas pela Argentina aos produtos brasileiros, como eletrodomésticos da linha branca, calçados, eletroeletrônicos e automóveis e autopeças, dentre outros, ocorreram ao longo do período em análise, com bastante frequência, tendo-se em vista a forte penetração de bens industriais do Brasil. 13 O crescimento do valor das vendas de óleos de petróleo, em especial de óleo diesel,

deve-se, em parte, à ampliação da capacidade produtiva no Estado e do maior preço médio. 14 Uma análise das relações comerciais com a Argentina é apresentada em Macadar (2009). 15Para maiores informações, ver estudo das exportações gaúchas por porte das empresas

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foi o principal mercado para as micro e pequenas empresas, que

exportaram, principalmente, calçados e móveis, denotando que, para

essas, a proximidade geográfica e cultural, bem como a isenção tarifária

intrabloco, deve ter influenciado.

ALADI (exclusive Mercosul)

As exportações do Brasil e do RS para a ALADI (exclusive Mercosul)

denotaram valores crescentes ao longo dos anos analisados. Por

decorrência, a representatividade das exportações gaúchas para o bloco

quase dobrou, atingindo, em média, quase 11% no período 2004-08,

percentual um pouco inferior ao do Brasil no mesmo período, que foi, em

média, de 12%.

México, Chile e Venezuela são os principais destinos dentro do bloco,

tanto para o Brasil como para o Estado. Esses três países tiveram uma

participação conjunta crescente ao longo das últimas décadas, passando

de 3% das exportações gaúchas no quinquênio 1993-98 a 7% em

2004-08. Pelo seu crescimento, salientaram-se as vendas para a

Venezuela, país que passou a ter maior importância comercial como futuro

membro do Mercosul16, em especial com a assinatura do protocolo de

adesão ao bloco, apesar de este ainda não ter entrado em vigor.

As vendas brasileiras para a ALADI (exclusive Mercosul) são

favorecidas pela proximidade geográfica e pelos acordos preferenciais,

sendo a pauta de exportação para a região composta preponderantemente

de produtos manufaturados. Dentre os principais produtos embarcados

pelo Estado, nesses 20 anos, salientam-se as carroçarias para os veículos

automóveis, os tratores e os polímeros de etileno em formas primárias,

de Bello e Teruchkin (2008). 16 O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul precisa ser aprovado pelos quatro integrantes do bloco. Uruguai e Argentina já ratificaram seu ingresso. No Brasil, apesar de a Comissão de Relações Exteriores do Senado ter aprovado o ingresso da Venezuela no Mercosul, a decisão ainda deve passar pelo plenário do Senado. O Paraguai, por sua vez, deve votar o protocolo em 2010. Para uma análise das repercussões da Venezuela no bloco, ver Teruchkin (2006).

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O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

que, juntos, representavam quase um quarto das exportações para o

bloco. Portanto, o crescimento das relações com os países

latino-americanos reveste-se de grande relevância pelo tipo de produto

que é mais exportado para lá pelo Estado e pelo Brasil — produtos

manufaturados de maior valor agregado. Daí, a importância do

aprofundamento dos acordos comerciais, bem como a retomada do

Mercosul, já que, para o Brasil conseguir consolidar sua liderança no

espaço sul-americano 17 , é indispensável o fortalecimento dos laços

comerciais e políticos regionais.

ÁSIA

As exportações gaúchas para a Ásia elevaram-se substancialmente,

passando de US$ 396,7 milhões em 1989 para US$ 3.830,2 milhões

em 2008. Com isso, a representatividade do bloco, que era de 9% no

período 1989-93, passou para 18% em 2004-08. Tal comportamento foi

superior ao apresentado pelo País, onde a participação da Ásia atingiu

16% no último período. A performance das vendas gaúchas deveu-se,

principalmente, à evolução da economia chinesa ao longo desses anos,

cujo resultado foi um forte crescimento de suas importações, em especial

de commodities. Assim, o mercado asiático absorveu parcela importante

de bens agrícolas e agroindustriais, vendidos pelo Estado, com destaque

para o complexo da soja — grão, torta e óleo —, o tabaco não

manufaturado e as carnes de frango.

Além da China, Japão, Hong Kong, Coreia do Sul e Indonésia

também são importantes destinos das exportações gaúchas para a Ásia.

Esses cinco destinos mais do que dobraram sua participação nas vendas

externas do RS, tendo em vista as elevadas taxas de crescimento das

aquisições de produtos gaúchos, quando se comparam os dados de fins da

17 Para compreenderem-se os interesses e as perspectivas de relacionamento do Brasil no mercado sul-americano, bem como os obstáculos ao desenvolvimento dos negócios, ver CNI (2007).

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O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

década de 80 com os de 2008.

A soja e seus derivados ocupam posição de destaque no intercâmbio

comercial agrícola do RS com a China. Verifica-se, porém, ao longo do

período em análise, que as vendas do complexo soja foram bastante

oscilantes e distintas. Nos primeiros anos, em particular até 1995, o mais

representativo era a venda de óleo de soja e, depois, passou a ser a torta

de soja. Mas, de 1999 até 2008, foi a soja em grão o produto fundamental

de exportação para a China. Já a comercialização de fumo não

manufaturado cresceu consideravelmente a partir de 1999. Segundo Bello

(1996), a Lei Kandir, de setembro de 1996, também contribuiu para o

aumento das exportações de produtos in natura, ao desonerar as vendas

externas de produtos semielaborados e básicos do Imposto Sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Tal medida teve como

objetivo estimular as exportações desses produtos e, com isto, promover

um aumento das receitas externas, contribuindo, assim, para diminuir o

déficit comercial do País à época. Além disso, conforme Barbosa e Perez

(2006), nas importações chinesas de soja em grão, era aplicada a tarifa

de 3%, nas de farelo, de 5%, enquanto, nas de óleo de soja, a incidência

era de 63,3%, privilegiando, assim, as aquisições de produtos in natura.

Para o óleo, igualmente, vigorava o regime de quotas tarifárias,

dificultando ainda mais o acesso dos produtos industrializados ao

gigantesco mercado chinês. Com isso, a China buscava estimular a

produção local de óleo de soja, cujas fábricas operavam com grande

capacidade ociosa.

ORIENTE MÉDIO

Vale destacar-se, o comportamento crescente das vendas gaúchas

para o Oriente Médio, as quais dobraram sua representatividade na pauta,

atingindo 5,7% em 2004-08. Enquanto, de 1989 a 2000, o crescimento

das vendas para essa região foi relativamente pequeno e assistemático,

com taxas positivas e negativas, de 2000 a 2008 verificou-se um

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O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010

incremento contínuo, com taxas superiores a 500% em nível tanto

nacional como estadual. Isso pode ser explicado, em parte, pelo aumento

da disponibilidade de recursos naquela zona geográfica com os acréscimos

do preço do petróleo, o que provocou uma melhora no padrão de consumo

da região.

Embora as participações médias do Oriente Médio nas exportações

totais do RS, nos quatro períodos analisados, tenham sido crescentes,

ainda são pouco representativas, sendo o Irã e a Arábia Saudita os

principais destinos para esse bloco. Mesmo assim, dois produtos

destacaram-se pelo valor das vendas: carne de frango e óleo de soja. O

Oriente Médio é um mercado tradicional e consolidado para o frango tanto

brasileiro como gaúcho, devido ao aumento da demanda, à elevada

competitividade e ao respeito dos exportadores às regras islâmicas de

abate. No que se refere ao óleo de soja, as exportações do Estado para o

Irã foram sempre muito relevantes.

QUADRO 1

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exame das exportações do RS demonstrou que, ao longo de todo o

período analisado, as mesmas sempre apresentaram uma relação

exportações/PIB maior do que a registrada pelo Brasil, permitindo

concluir-se pela maior dependência do Estado em relação ao seu mercado

externo do que a observada no País. Também foi possível notar-se que

essa relação tem sido maior no século XXI do que o foi nas duas

derradeiras décadas do século passado, embora, nos três últimos anos,

tenha decrescido um pouco, mantendo-se em torno dos 17%.

Assim como a relação entre as exportações e o PIB gaúcho tem

diminuído nos últimos anos, a representatividade das vendas externas do

RS no total exportado pelo Brasil também tem sido menor. Entre 1980 e

2004, a porcentagem das exportações gaúchas no total das exportações

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brasileiras sempre esteve acima dos 10%, chegando a alcançar 13,4% em

1993. Mas, desde 2005 até o último ano analisado (2008), a

representatividade do Estado caiu para um dígito, tendo alcançado apenas

8,6% em 2006. Por outro lado, vale ressaltar-se que, entre 2004 e 2008,

os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa

Catarina perderam participação para outras unidades da Federação, como

Rio de Janeiro e Espírito Santo. No caso do Rio de Janeiro, o incremento

de suas vendas externas ocorreu devido à elevação do preço do petróleo e

seus derivados, enquanto as exportações do Espírito Santo registraram

aumento de receita em decorrência da elevação do preço do minério de

ferro e seus derivados.

Cotejando-se as exportações gaúchas, por fator agregado, com as do

Brasil e com as de alguns dos principais estados exportadores, observa-se

que, entre 1980 e 2004, apenas o Paraná registrou participação crescente

dos produtos industrializados em suas vendas para o exterior e que Santa

Catarina só teve esse percentual de participação diminuído no último

quinquênio (2004-08). Já no Brasil, bem como no Rio Grande do Sul e em

São Paulo, os produtos industrializados tiveram uma participação

crescente até praticamente o final dos anos 90 e, nos últimos 10 anos,

registraram perdas a favor dos produtos básicos. No período 1999-2003, o

aumento na representatividade dos produtos básicos nas exportações

gaúchas decorreu principalmente da queda nas vendas externas de

industrializados. Já em 2004-08, a sua menor participação deveu-se ao

acréscimo nos preços das commodities, o que acabou por aumentar o

valor exportado, em dólares, destas últimas.

A análise das exportações gaúchas agrupadas por principal fator de

competitividade mostrou que, entre 1989 e 2008, os produtos intensivos

em trabalho perderam muita participação no conjunto das vendas

externas. Esse espaço foi ganho por todos os demais grupos de produtos,

principalmente pelos intensivos em recursos naturais e pelos intensivos

em escala, sendo que estes últimos tiveram o maior salto em termos de

representatividade. Mas, enquanto o crescimento dos produtos intensivos

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em recursos naturais se deu através de uma relativa diversificação dos

bens exportados, o aumento da participação dos produtos intensivos em

escala ocorreu em sentido inverso, ou seja, através da concentração das

vendas externas em alguns produtos que, literalmente, ganharam escala.

Também os produtos intensivos em tecnologia diferenciada conquistaram

participação relativa no conjunto das vendas externas do Estado, embora

sua importância no todo continue sendo muito pequena.

A diversificação de destinos das exportações foi importante para

diminuir a vulnerabilidade das exportações gaúchas diante dos ciclos

globais de crescimento e retração econômica. No período 1989-2008,

enquanto Estados Unidos e União Europeia perderam participação na

pauta exportadora, Ásia (exceto Oriente Médio), Oriente Médio e ALADI

(exceto Mercosul), bem como dos demais países, onde se incluem

importantes parceiros, ganharam representatividade. Já o Mercosul

oscilou um pouco mais, perdendo significância em relação ao fim dos anos

90, época em que as relações comerciais intrabloco mais cresceram. Daí,

depreende-se que o maior ritmo de crescimento dos países em

desenvolvimento, aliado a um protecionismo mais acirrado por parte dos

desenvolvidos, pode, pelo menos em parte, explicar a diversidade dos

mercados compradores.

Analisando-se as alterações da pauta

exportadora, desde a década de 80, percebe-se que os aspectos

macroeconômicos, como câmbio, nível de atividade econômica interna,

crescimento dos mercados importadores, formação de blocos, com a

consequente extinção de alíquotas intrablocos, e realização de acordos

comerciais não foram suficientes para explicar todas as ocorrências ao

longo dos períodos. Isso denota a relevância de considerarem-se também

os fatores microeconômicos para melhor compreender-se o desempenho

das exportações. As empresas buscam oportunidades no mercado

internacional como forma de expandir seu mercado, obter recursos

tecnológicos e/ou de capital, adquirir insumos de melhor qualidade e/ou

menor preço, e abrir novos canais de distribuição, dentre outras razões.

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Portanto, o incremento das exportações e a diversificação de destinos

devem-se não só a fatores macro — em que, além da política econômica,

se salienta o papel do Governo nas negociações comerciais —, mas

também às decisões empresariais.

Destarte, mostra-se relevante conhecer os obstáculos enfrentados

pelas empresas e os seus movimentos de internacionalização, com

destaque para as alianças estratégicas e para as fusões e aquisições de

empresas, as quais se refletem nas alterações da pauta exportadora.

Ademais, é importante incrementar-se a competitividade do País, via

redução de custos, estímulo à incorporação de novas tecnologias de

produção e processo, realização de acordos preferenciais de comércio,

etc., buscando a maior inserção internacional das empresas brasileiras e

gaúchas em um cenário em que a proteção tarifária vem sendo

substituída por barreiras não tarifárias. Como exemplos de medidas a

serem tomadas com vistas a diminuírem-se os custos de produção dos

exportáveis, podem ser citados: melhoramentos na infraestrutura e na

logística de transportes; abertura de rotas bioceânicas; promoção da

reforma tributária, etc. Outro importante campo a ser estimulado é o da

agregação de valor aos produtos intensivos em recursos naturais, no qual

o Estado se tem mostrado competitivo.

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