alterações degenerativas

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ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS I. Áreas da Anatomia Patológica (Instrumentos de trabalho) Autópsia (Necrópsia); Patologia Cirúrgica; Citologia Exfoliativa; Citopunção Aspirativa II. Autópsias: Estudo dos mortos, retrospectivo Fernel, 1542, "Patologia " Morgagni, 1761, Correlação Clínico-patológica - Autópsias. Fins: Aprendizado Pesquisa Auditoria (erros); Solicitação de necrópsias: Científica; Causa desconhecida; Notificação compulsória; Exigência familiar. Anatomia Patológica X Medicina Legal (Patologia Forense). Resumo clínico, Prontuário. III. Patologia Cirúrgica. 1870, Ruge & Veit, Universidade de Berlim, Biópsia cirúrgica. Melhoria dos microscópios: Patologia cirúrgica 1900 - 1950; Estudo dos vivos. Prospectivo. Fins: Assistência às clínicas / Tratamento e Prognóstico / Pesquisa; Necessidade de vínculo entre a Clínica e a Patologia; Exame intra-operatório por congelação X Conduta. IV. Citologia Exfoliativa -- Papanicolaou & Traut, 1943. Fins: Detecção de câncer e precursores (prevenção); Diagnóstico de inflamações e agentes causais; Avaliação hormonal. V. Citopatologia aspirativa. Martin (cirurgião) & Ellis (técnico), 1930 (Memorial-Sloan Kettering, NY). ídem, 1934 -- 1405 diagnósticos; Söderstrom; Franzén & Zajicek (Suécia). Fins: Diagnóstico inicial / Orientação de conduta. VI. Requisição de Exame. Informações adequadas ao Patologista; Dados legíveis, completos e precisos. A. Dados Pessoais. Nome: homônimos (outros dados importantes - registro, data de nascimento); ambiguidades (importante discriminar o sexo). Sexo: tiróide, auto-imunes. Idade: melanoma, Ewing, nefroblastoma, neuroblastoma, queratose

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Page 1: Alterações Degenerativas

ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS

I. Áreas da Anatomia Patológica(Instrumentos de trabalho)Autópsia (Necrópsia); Patologia Cirúrgica; Citologia Exfoliativa; Citopunção Aspirativa

II. Autópsias: Estudo dos mortos, retrospectivoFernel, 1542, "Patologia "Morgagni, 1761, Correlação Clínico-patológica - Autópsias.Fins: Aprendizado Pesquisa Auditoria (erros); Solicitação de necrópsias: Científica; Causa desconhecida; Notificação compulsória; Exigência familiar.Anatomia Patológica X Medicina Legal (Patologia Forense).Resumo clínico, Prontuário.

III. Patologia Cirúrgica.1870, Ruge & Veit, Universidade de Berlim, Biópsia cirúrgica.Melhoria dos microscópios: Patologia cirúrgica 1900 - 1950; Estudo dos vivos. Prospectivo.Fins: Assistência às clínicas / Tratamento e Prognóstico / Pesquisa; Necessidade de vínculo entre a Clínica e a Patologia; Exame intra-operatório por congelação X Conduta.

IV. Citologia Exfoliativa -- Papanicolaou & Traut, 1943.Fins: Detecção de câncer e precursores (prevenção); Diagnóstico de inflamações e agentes causais; Avaliação hormonal.

V. Citopatologia aspirativa.Martin (cirurgião) & Ellis (técnico), 1930 (Memorial-Sloan Kettering, NY).ídem, 1934 -- 1405 diagnósticos; Söderstrom; Franzén & Zajicek (Suécia).Fins: Diagnóstico inicial / Orientação de conduta.

VI. Requisição de Exame.Informações adequadas ao Patologista; Dados legíveis, completos e precisos.

A. Dados Pessoais.Nome: homônimos (outros dados importantes - registro, data de nascimento); ambiguidades (importante discriminar o sexo).Sexo: tiróide, auto-imunes.Idade: melanoma, Ewing, nefroblastoma, neuroblastoma, queratose seborréica x nevo epidérmico verrucoso.Estado civil: HPV.Raça: menor frequência de melanoma em negros.Registro no hospital; Clínica: leito.

B. Dados Clínicos.Informações cabíveis: Localização: condromas - dedos; meduloblastoma - no verme cerebelar.Tempo de evolução -- fasciíte nodular.Outros dados importantes - U.M. (avaliação de ovulação e datamento); neoplasia prévia; tratamentos prévios (cirurgias, QT, RT).Outros exames relevantes - RX, exames complementares laboratoriais.Hipóteses clínicas - importantes para orientação do patologista.Nome legível do médico requisitante, carimbo, telefone ou meio de contacto.

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VII. Cuidados com os espécimens:Identificação - não usar tinta hidrossolúvel - usar lápis.Formalina - 10% - proporção fixador / peça - 1 : 10.Não dividir a amostra para dois serviços.Material volumoso: envio imediato ao Laboratório.Peças maiores (Ex. útero): Seccionar ao meio / fixação do endométrio.Primeiro fixador, depois amostra; lesões diferentes: frascos separados, identificados (6 "nevos" - um histologicamente sendo melanoma).Enviar todos os espécimens retirados para o Laboratório.

I. Métodos de estudo em Anatomia Patológica.A. Macroscopia.B. Microscopia Óptica.1. Hematoxilina & Eosina.2. Colorações especiais.a. Substâncias - gorduras (Sudan), carbohidratos (PAS, alcian blue).b. Estruturas - fibras elásticas (Verhoeff), reticulínicas (prata).c. Microorganismos - fungos (prata), BAAR (Ziehl-Neelsen).3. Imunomarcação.a. Imunofluorescência - Ig, complemento / rim, pele -doenças imunes.b. Imunohistoquímica - neoplasias (histogênese, fatores de prognóstico).

B. Microscopia Eletrônica.1. Detecção de depósitos imunes - rins.2. Detecção de alterações estruturais - pele, músculo.3. Detecção de partículas virais.4. Diagnóstico diferencial de neoplasias (histogênese) - tonofilamentos: epitélio

PATOLOGIA DOS PIGMENTOSI. Conceito = substâncias coradas presentes nos tecidos.II. Tipos quanto à origem : exógenos x endógenos.III. Exógenos.A. Tatuagens.1. Conceito - introdução de pigmentos exógenos no tegumento.2. Acidental (amálgama na mucosa oral / dentista) x proposital (comum).3. Destino do pigmento: linfa; macrófagos; adsorção às fibras conjuntivas.B. Bactérias cromógenas - dentes.C. Intoxicações por metais - chumbo, prata.D. Inalação de partículas - antracose e pneumoconioses.1. Antracose (anthrax=carvão) - fumaças.a. Macroscopia - manchas negras - pulmões e gânglios do hilo pulmonar.b. Microscopia - macrófagos com grânulos negros nos alvéolos, no estroma pulmonar e nos gânglios.c. Conseqüências - não irritante - sem expressão clínica.2. Pneumoconioses (konios = pó) = doenças pulmonares por inalação de pós.a. Mais comum = silicose (SiO2) - pedras, cimento, vidrarias.b. Mais raras = asbestose, berilose.c. Macroscopia da silicose - nódulos duros acinzentados ou enegrecidos.d. Microscopia da silicose - macrófagos nos alvéolos e no interstício com partículas de sílica + fibrose com substituição do parênquima pulmonar.

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e. Consequências - irritante para o macrófago, morte celular e proliferação dos fibroblastos, fibrose, insuficiência respiratória + hipertensão pulmonar (esta causando o cor pulmonale).IV. Endógenos : não-hemoglobinógenos x hemoglobinógenos.A. Não-hemoglobinógenos - melanina, lipofuscina.1. Melanina (melas = preto).a. Tirosina: oxidação catalisada pela tirosinase; DOPA (dioxifenilalanina): melanina (cora-se em negro pelo nitrato de prata)b. Hiperpigmentações x hipopigmentações.b1. Hiperpigmentações - sol, inflamações da pele, MSH (gravidez - "cloasma gravídico"; doença de Addison), nevos melanocíticos e outras: proliferações melanocíticas) etc.b2. Hipopigmentações - inflamações da pele, vitiligo, albinismo etc.2. Lipofuscina (lipo = origem lipídica; fuscus = marrom).a. Derivado de restos de membranas celulares acumulados em lisossomos.b. Aparentemente inócuo: sem grande importância clínica. Encontrado no fígado, no coração, no SNC. Aumento na atrofia parda do coração (desuso) e em doenças de fundo metabólico.B. Hemoglobinógenos: normais (bilirrubina, hemossiderose) x anormais (malárico, esquistossomótico, porfirias etc.).a. Bilirrubina (sem ferro) - excesso: icterícia (cor amarela).a1. Causas de icterícia - hemólise, lesões hepáticas, obstruções das vias biliares.b. Hemossiderina: excesso -> hemossiderose localizada (hemorragia) x difusa (hemólise).b1. Macro - cor marrom ferruginosa .b2. Micro - pigmento pardo, refringente, granuloso, em macrófagos.c. Malárico, esquistossomótico - digestão do sangue fagocitado pelo parasita.

CALCIFICAÇÕESI. Conceito - Depósitos anormais de sais de cálcio nos órgãos.II. Mecanismos - iniciação x propagaçãoA. Iniciação - intra-celular x extra-celular.1. Intra-celular.a. nível de cálcio extra-celular = 1.3 mM x intra-celular citossólico livre = <0,1 mM. b. maioria do cálcio intra-celular está nas mitocôndrias e SER.c. gradientes de cálcio são controlados por ATP-ases de membrana, dependentes de energia.d. sofrimento celular: aumento do cálcio intra-celular.2. Extra-celular.a. vesículas 200 nm: concentram cálcio por afinidade a fosfolípides ácidos.b. fosfatases da membrana das vesículas: acúmulos de fosfato de cálcio.B. Propagação - depende das concentrações locais de cálcio e fosfato, inibidores e estimuladores.III. Regulação dos níveis séricos de cálcio.A. Cálcio alimentar: absorção intestinal favorecida pela vitamina D.B. Vitamina D.1. síntese endógena na pele/precursores (7 - dehidrocolesterol) convertidos em vitamina D/luz UV.2. vitamina D exógena / alimentos - peixes, grãos etc..3. transporte sanguíneo da vitamina D/alfa-globulina - fígado - rim - composto ativo.4. alvos da vitamina D - intestinos, ossos, rins.5. intestinos: aumenta a absorção de cálcio.6. ossos: aumenta mineralização/mecanismos desconhecidos.

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7. rins: aumenta reabsorção de cálcio.C. Paratohormônio: aumenta cálcio sérico.1. aumenta reabsorção óssea / osteoclastos e osteócitos (acidificação; liberação do cálcio mitocondrial).2. aumenta reabsorção renal.D. calcitonina: antagonista do pth (diminui reabsorção óssea; diminui cálcio plasmático).IV. Cálculos (luz dos órgãos): calculose (litíase) x calcinose (nos tecidos).V. Calcificação distrófica x metastática.A. Distrófica - níveis de cálcio sérico normais; lesão prévia do tecido calcificado.1. locais comuns - necroses (tuberculose), substâncias hialinas (arteriosclerose, cicatriz), gordura neutra saponificação seguida por troca dos ácidos graxos / fosfato; tecido adiposo traumatizado, peri-pancreático na pancreatite).2. patogenia - fosfatases dos tecidos: liberam fosfatos que se unem ao cálcio.B. Metastática - níveis de cálcio sérico aumentados.1. locais comuns - rins, pulmões, estômago (produtores de ácido: alcalinidade vicariante?).2. patogenia - aumento do cálcio sérico/ geralmente aumento da reabsorção óssea.VI. Morfologia das calcificações.A. Macroscopia - depósitos arenosos ou em massas, pétreos, brancos ou amarelados. B. Microscopia - à hematoxilina - eosina: basófilos (azulados) - grânulos, massas amorfas, lamelares (psamomas; psamo: areia).VII. Importância e conseqüências das calcificações.A. pode ser sem importância clínica, sem distúrbios funcionais (calcificação de polpa dentária).B. distúrbios funcionais - valvas cardíacas, aterosclerose.C. facilitando o diagnóstico de tuberculose, toxoplasmose, tumores/ exame radiológico.

ACÚMULOS DE CARBOHIDRATOSI. Intracelular - glicogênio - aspecto claro e vazio à HE; PAS +.A. Diabete melito: núcleo dos hepatócitos, túbulos renais.B. Glicogenoses: acúmulos por deficiência enzimática (glicose-6-fosfatase) - hereditária; acúmulo: hepatomegalia (hepatócitos repletos de glicogênio, claros), hipoglicemia. Formas miopáticas :fraqueza muscular, cãimbras.II. Extra-celular - glicosaminoglicans: mucina extra-celular , degeneração mixóide de tumores, inflamações, cistos etc.

ACÚMULOS DE PROTEÍNASI. Hialinos - macro - homogêneo, brilhante: hyalo = vidro; micro - homogêneo, eosinófilo.A. Intra-celulares.1. corpúsculos de Russell - plasmócitos: acúmulos de cadeias de imunoglobulinas.2. degeneração hialina goticular - túbulos renais: reabsorção de proteínas em excesso na urina.3. corpúsculos de Mallory - alcoolismo - hepatócitos: aglomerados de fibrilas de pré-queratinas.B. Extra-celulares.1. hialino conjuntivo.a. cicatrizes - fibras colágenas mais densamente agrupadas por perda de água e de proteoglicans.b. glomérulos - deposição de material similar à membrana basal e à matriz mesangial.c. arteriolas - colágeno + proteínas plasmáticas.2. fibrinóide - imunocomplexos, fibrina, necrose.3. amilóide - fibrilas que se coram pelo vermelho congo, cristal violeta e características à

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microscopia eletrônica.a. primária - discrasias linfo-plasmocitárias (mieloma múltiplo, gamopatias monoclonais).b. secundária - lepra, artrite reumatóide etc.c. hereditárias - neuropatias, etc.d. localizadas - tumores (carcinoma medular da tiróide), pele, coração, cérebro etc.

ACÚMULOS ANORMAIS DE LÍPIDESI. Esteatose de gorduras neutras (triglicérides).A. Metabolismo dos triglicérides.1. Alimentos: decomposição intestinal / emulsificação por sais biliares + lipase pancreática e do epitélio intestinal; ácidos graxos + glicerol: absorção epitelial + conjugação com apoproteínas - quilomicra - espaços sub-epiteliais - linfáticos e sangue.2. Tecido adiposo e fígado: decomposição dos quilomicra / lipases lipoprotéicas - proteínas, ácidos graxos e glicerol: absorção celular.3. Célula adiposa: síntese triglicérides - armazenamento ou lipólise.a. armazenamento = engorda.b. lipólise = decomposição em ácidos graxos e glicerol - músculos / energia / oxidação nas mitocôndrias e fígado / energia / oxidação nas mitocôndrias ou síntese de triglicérides.4. Célula hepática: síntese triglicérides + conjugação com proteínas: sangue.a. ácidos graxos oriundos também a partir de acetatos, glicose e amino-ácidos.B. Morfologia da esteatose.1. Macroscopia - órgãos aumentados de volume, amarelados e amolecidos.2. Microscopia - gotículas de gordura: solubilizadas pelo xilol - aspecto vacuolizado nos cortes de blocos de parafina ; cortes por congelação preservam a gordura: coloração por sudan etc.3. Locais mais comuns : fígado, coração, rins.4. Causas da esteatose hepática.a. Superalimentação: excessiva oferta .b. Carência protéica: redução das lipoproteínas - lipofanerose.c. Carência de oxigenação: redução da oxidação dos ácidos graxos, diminuição de síntese lipoprotéica.d. Tóxicos - etanol (álcool comum), tetracloreto de carbono, morfina, tetraciclina etc.: vários mecanismos mas geralmente por redução da síntese lipoprotéica.5. Esteatose não-hepática.a. abscessos, necroses: liberação de lípides de membranas celulares: macrófagos ("esteatose por absorção")b. rins - lipidúria (nas síndromes nefróticas): esteatose por absorção ; esteatose por tóxicos e falta de oxigenação.c. miocárdio - tóxicos e falta de oxigenação.6. Consequências:a. reversível quando causa retirada.b.irreversível quando por persistência ou por maior intensidade: morte celular - substituição das células parenquimatosas por tecido conjuntivo fibroso (cirrose hepática / alcoolismo crônico).II. Esteatoses de lipóides : colesterol e ésteres, glicolípides (cerebrosídeos), fosfolípides etc.A. Participação nas membranas celulares, hormônios (esteróides adrenais, andrógenos, estrógenos e progesterona), sais biliares etc.B. Aterosclerose (ateros - papa): depósitos de colesterol intra-celulares (macrófagos e fibras musculares lisas) ou extra-celulares (cristais) na parede arterial.1. Causas - hipercolesterolemia / aumento ingestão ou predisposição metabólica genética

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+ lesão da parede arterial.C. Lesões tegumentares - xantomas, xantelasma, colesterolose de vesícula biliar etc. = acúmulos de lipóides em macrófagos/ hipercolesterolemia ou /fatores locais muitas vezes desconhecidos.D. Doenças de armazenamento - deficiências enzimáticas, genéticas: acúmulos lipoídicos.1. Niemann-Pick (esfingomielinase), Gaucher (glicocerebrosidase) acúmulo nas células do sistema mononuclear-fagocitário (baço, fígado, gânglios linfáticos, medula óssea: hepato-espleno-adenomegalia) e nos neurônios: retardamento mental.2. Idiotia amaurótica (Tay-Sachs-hexosaminidase A) - neurônios.

NECROSEI. Conceito - morte de parte do organismo (órgão, tecidos, células).II. Macroscopia - alterações de consistência (aumento ou dimimuição) e de cor (vermelho, branco-amarelada).III. Microscopia - alterações nucleares e citoplasmáticas.A. Nucleares.1. Picnose - redução de volume e aumento da coloração - inespecífico.2. Cariorrexe - fragmentação do núcleo.3. Cariólise - diminuição ou perda da cor / dissolução da cromatina.B. Citoplasmáticas - acidofilia / perda de RNA e glicogênio e desnaturação protéica com aumento de eosinofilia.IV. Alterações ultraestruturais e bioquímicas.A. Alterações de transportes transmembranosos - bombas de sódio e cálcio: influxo iônico.B. Cálcio: ativação de enzimas, digestão da célula x coagulação de proteínas.C. Sódio: influxo de água - tumefação de organelas e da célula.D. Tumefação e ruptura de organelas (SRE, mitocôndrias) - liberação de enzimas: extra celular - sangue (transaminases hepáticas, creatina-fosfoquinase, dehidrogenase lática miocárdicas).E. Destruição de membranas e de ribossomas.F. Agregação peri-nucleolar da cromatina.V. Necrofanerose = manifestação morfológica da necrose - tempo para ação de enzimas lisossômicas (12 horas para miocárdio).VI. Autólise: ação lítica das enzimas lisossômicas de células mortas e de tecidos não fixados retirados do vivo ou do morto x heterólise: lise por ação dos lisossomos dos leucócitos que migram para a área de morte celular.VII. Tipos - por coagulação, liquefativa, esteatonecrose enzimática.A. Coagulativa - solidificação / coagulação protéica induzida por ativação enzimática / ação do cálcio.1. Macroscopia : aumento de consistência, cor branco-amarelada com áreas avermelhadas variáveis.2. Microscopia : sombras das células necróticas possivelmente por desnaturação de proteínas estruturais e de enzimas, com bloqueio da proteólise da célula.3. Necrose caseosa : é um sub-tipo da coagulativa, vinculada a determinadas inflamações, particularmente à tuberculose (caseum=queijo).B. Liquefativa: liquefação / enzimas proteolíticas (autólise ou heterólise) ; ocorre em tecidos ricos em lipóides (cérebro), ricos em água (mucosas) ou submetidos à ação de enzimas liberadas por neutrófilos (abscessos).C. Esteatonecrose enzimática - liberação de enzimas pancreáticas no tecido adiposo adjacente - liberação de ácidos graxos pelas lipases - saponificação com cálcio: áreas brancas, cor de vela

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VIII. Causas das necroses : distúrbios circulatórios (oclusões vasculares, choque); hipoxemia; bloqueios da respiração celular (substâncias tóxicas); agentes físicos (calor ou frio intensos, radiações); agentes químicos (ácidos, bases fortes); microorganismos, etc.IX. Evolução das necroses - eliminação, fibrose, calcificação, pseudo-cistos e cavernas, fístulas.A. Eliminação - absorção linfática, fagocitose, /trajetos normais - luz tratos digestivo e respiratório, /trajetos anormais - fístulas.B. Susbstituição por tecido conjuntivo fibroso (cicatriz), calcificação distrófica.C. Gangrena - modificação da área necrótica por contacto com agentes externos - ar, bactérias: seca (desidratação + cor escura / hemoglobina - cordão umbilical, extremidades) x úmida (decomposição por ação de bactérias e leucócitos - pulmões, intestinos, útero, pele).

APOPTOSEI. Conceito - morte celular programada; apo = separar; ptose = queda (Kerr, 1972).II. Fisiológica x patológica.A. Fisiológica - regulando o volume dos tecidos, a população celular : embriogênese; metamorfose; involução de causa hormonal de ovários e mamas; renovação epitelial.B. Patológica - redução patológica dos órgãos por ação hormonal (castração por exemplo), obstrução de ductos, morte induzida por linfócitos T citotóxicos, infecções virais (corpúsculos de Councilman no fígado da hepatite viral), doses sub-letais de agentes nocivos físicos (radiações) ou químicos (quimioterápicos).III. Morfologia.A. Redução do volume da célula e separação das células adjacentes (perda de coesão).B. Condensação periférica da cromatina.C. Formação de brotamentos citoplasmáticos e fragmentação em corpos apoptóicos.D. Fagocitose por macrófagos ou células parenquimatosas.IV. Outras propriedades.A. Rapidez - em horas a célula pode estar reabsorvida: freqüentemente não detectável.B. Não desencadeia reação inflamatória: dificulta sua detecção e diferencia da necrose.C. Padrão ritmado de fragmentação do DNA (endonuclease ativada por cálcio).D. Modulação por genes relacionados ao crescimento (proliferação) das células e sua diferenciação:p53 normalmente estimula apoptose; p53 mutante ou ausente: favorece sobrevivência de células e o desenvolvimento de tumores.

DISTÚRBIOS DO METABOLISMO ENERGÉTICOI. Carência de substrato - hipoglicemia: necrose, desnutrição - esteatose.II. Bloqueios da respiração celular = distúrbios na formação e na utilização intra-celular da energia: HCN (ácido cianídrico - cianeto) liga-se ao ferro da citocromoxidase, inativando-a e impedindo-a de transportar oxigênio; inibidores da formação do ATP (dinitrofenol p.ex.); morte por excessiva ingestão de cerveja (cobalto da cerveja remove o cálcio, necessário à ativação da ATPase que hidrolisando o ATP, libera energia).III. Carência de oxigênio (hipóxia ou anóxia).A. Hipoxemias - obstrução de vias aéreas, perturbações da hematose (espessamento dos septos alveolares, depósito de substância hialina na superfície alveolar/defeito de surfactante), distúrbios no transporte de oxigênio - anemia, intoxicação pelo CO.B. Distúrbios da perfusão sanguínea dos tecidos - obstruções vasculares, choque.IV. ConseqüênciasA. Morte rápida (afogamento, suicídio por cianeto): pode não ocorrer necro:fanerose - ausência de expressão morfológica (de alterações celulares).B. Sobrevida com alterações celulares reversíveis (esteatose, inchação turva, alteração

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vacuolar) ou irreversíveis (necrose).C. Fatores determinantes da gravidade da lesão celular pelo distúrbio energético.1. Estado metabólico da célula - maior metabolismo: maior susceptibilidade (maior gravidade).2. Tempo de duração do distúrbio - quanto maior: mais grave.3. Rapidez com que se instala o distúrbio - quanto mais rápido pior.V. Tumefação turva.A. Edema (acúmulo de água) intra-celular (mitocôndrias, SRE).B. Patogênese - pressão colóido-osmótica (oncótica) intra-celular maior do que extra-celular/maior concentração intra-celular de proteína; sódio é bombeado para fora da célula / mecanismo ativo que também gera [potássio] intra-celular maior do que fora. Falha na bomba (distúrbios do metabolismo energético, lesão da membrana) - excesso de sódio no interior celular - aumento da pressão osmótica: influxo de água.C. Macroscopia: aumento de volume dos órgãos, diminuição do brilho, palidez / compressão de capilares sanguíneos.D. Microscopia: aumento de volume de mitocôndrias e SER: aumento de grânulos do citoplasma e do volume da célula.E. Evolução - reversível se retirada a causa antes da instalação de necrose.VI. Alteração vacuolar (degeneração hidrópica).A. Edema intra-celular mais intenso do que na tumefação turva.B. Patogênese similar à da tumefação turva mas mais severa: envenenamentos por exemplo (cianeto de potássio): quadros rápidos e intensos de redução da oxigenação.VII. Fatores relacionados à irreversibilidade das lesões celulares.A. Reversibilidade da disfunção no metabolismo energético (mitocôndria, depleção de ATP).B. Lesão de membranas celulares.1. Perda progressiva de fosfolípides: aumento do cálcio citossólico: ativação de endofosfolipases.2. Destruição do citoesqueleto.3. Radicais livres (superóxido, peróxido de hidrogênio, hidroxila): peroxidação lipídica das membranas, degradação protéica, lesões no DNA.