alquimia - glossario a 08.1

Upload: helena-wergles

Post on 03-Jun-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    1/9

    GLOSSRIOALQUMICO E IATROQUMICO

    PORTUGUS

    Manuel J. Gandra

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    2/9

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    3/9

    cido marinhoBluteau di-lo detentor de um cheiro particular e a cor da cidra, a qual no perde aindaque se enfraquea com gua. E quando concentrado se dissipa em forma de vaporesbrancos e penetrantes, os quais so invisveis, quando no tem contacto com o ar (v. 1,p. 4).

    cido nitrosoAfirma Bluteau que ora vermelho, ora amarelo, e espalha vapores da mesma cor queenchem o vazio do vaso em que se mete e to voltil que basta o calor da atmosferapara o reduzir em vapores. E enfraquecido por um igual volume de gua destilada, amistura toma uma bela cor verde, que passa a azul ajuntando-se mais gua. Estadesaparece inteiramente se ainda se lhe acrescente gua. O seu peso maior que o do cido marinho, mas menor que o dovitrilico(v. 1, p. 4).

    cido pingue custico de MeyerTambm designado cido gneo de Sage. Cf. Bluteau, v. 1, p. 138-139 e 163.

    cido vitrilicoSegundo Bluteau no tem cor, nem cheiro quando perfeitamente puro e excede aosdemais no peso, excepto ao cido fosfrico. Corri e destri as matrias combustveis,como o fogo e as reduz a um verdadeiro carvo. menos fludo que a gua e pareceoleoso quando se apalpa entre os dedos. Exposto ao ar atrai a humidade e toma cor,misturado enfim com igual volume de gua destilada excita um calor considervel eestrpito (v. 1, p. 3-4).

    AdurenteSegundo Bluteau diz-se das guas e medicamentos que calcinados e sublimados

    adquirem tanto calor que queimam como fogo, no actual, mas potencial. O termo utilizado por Madeira Arrais (cf. Methodo de conhecer e curar o Morbo Gallico, parte 2).

    Adustao*Adusto.

    AdustoO mesmo que *adustao. Termo utilizado por Madeira Arrais (cf. Methodo de conhecer ecurar o Morbo Gallico, parte 2). Segundo Bluteau, diz-se quando com a preparao derepetidas calcinaes e sublimaes se separam e se consomem do azougue, antimnio,etc., as partes slidas de maneira que fica brando, frio o medicamento.

    Agricultura celesteDesignao tradicional da alquimia, fundada na analogia dos seus processos com ostrabalhos agrcolas.

    gua de borragemSegredo das boticas jesuticas, peitoral e diafortico e, outrora, considerado laxativo. Na suapreparao so utilizadas as flores e as folhas deBorago officinalis L.: as flores em infuses demeia ona, em duas e meia libras de gua, e as folhas em decoces de uma e meia ona, paraduas libras de gua.

    gua de funchoSegredo das boticas jesuticas destinado a expulsar os flatos e a abrandar as clicasintestinais. gua espirituosa obtida a partir de sementes do funcho (Foeniculum vulgare

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    4/9

    Miller), crasso modo contusas, trtaro cru e gua da chuva. Depois de macerar tudodurante dois dias, destilava-se em alambique e filtrava-se o lquido resultante.

    gua de InglaterraRemdio febrfugo preparado pelos indgenas peruanos, a partir da macerao de

    cascas de Quina-Quina, cujas propriedades teraputicas foram descritas pelo cardeal deLugo, em 1650. Foi a droga mais receitada no seu tempo contra as sezes. O primeiroportugus a manipular a gua de Inglaterra foi Fernando Mendes (14 de Abril de1681), cuja frmula no obteve grande fortuna. Posteriormente, surgiu uma outrafabricada pelo Dr. Jacob de Castro Sarmento que mereceu uma geral aceitao. Osucesso desta suscitou o aparecimento imediato de diversas contrafaces, a primeiradas quais foi lanada no mercado por Andr Lopes de Castro, sobrinho do Dr. Jacob deCastro Sarmento. Foram falsificadores de nomeada: Jos Joaquim de Castro (filho deAndr Lopes de Castro e cujas pretenses foram discutidas na sesso de 14 de Maio de1821, das Cortes Gerais e Extraordinrias da Nao Portuguesa), Antnio Jos de SousaPinto (boticrio lisboeta), Jos Francisco Borralho (boticrio da Real Botica de Sua

    Majestade), Jos Cardoso Rodrigues Crespo (boticrio, morador no Rossio), JooAntnio Pereira e Sousa (boticrio da Rua da Boavista), etc.Bibliografia: ANNIMO, Documentos que autoriso a verdadeira Agua de Inglaterra da composio, e manipulaode Antnio Jos de Sousa Pinto, Lisboa, Imprsso Rgia, 1810; CASTRO, Andr Lopes de, Aviso ao Pblico aRespeito da goa de Inglaterra da composio do Doutor Jacob de Castro Sarmento, Lisboa, Simo Tadeu Ferreira,1799 ; DIAS, Jos Pedro Sousa, Agua de Inglaterra no Portugal das Luzes: contributo para o estudo do papel doSegredo na teraputica do sculo XVIII , Lisboa: Faculdade de Farmcia, 1986 [Monografia dactilografada];ESAGUY, Augusto M. de,Notcia sobre a gua de Inglaterra, Lisboa, 1936; idem, gua de Inglaterra,Baltimore, 1936; idem, gua de Inglaterra, in Imprensa Mdica (1951?); idem, gua de Inglaterra: ntulas,Lisboa, 1936; idem,Ntulas relativas s Aguas de Inglaterra, Lisboa, 1931; idem,Uma gua curativa fabricada emInglaterra e Portugal, in Imprensa Mdica, a. 23 (Nov. 1959), p.. 407-413; idem,Uma notvel descoberta portuguesa, a gua de Inglaterra, in Monit. Farm., n. 7, 163 (1937), p. 10-11; FONSECA, L. Falco,Trs sculosde medicao antipaldica: p de quina, gua de Inglaterra e quinino, inRevista portuguesa de Farmcia, v. 28, n. 4

    (1978), p. 348-372; FRIEDENWALD, Harry,Ferdinando Mendes. A comedy of errors, Londres, 1938 [Biografiado primeiro fabricante de gua de Inglaterra]; GANDRA, Manuel J.,Subsdios para a bibliografia crtica das fontes e estudos respeitando ao Hermetismo em Portugal. I. Alquimia (tratamento biblioteconmico de AmliaCaetano), Mafra, 1994; LEMOS, Maximiano de, Jacob de Castro Sarmento, in Ilustrao transmontana, n. 3(1910), p. 114-125; PINA, Lus de,Notas para a histria mdica nacional ultramarina. A gua de Inglaterra em Angola, in Jornal do mdico, n. 1 (1940); SALDANHA, Aleu,Dr. Fernando Mendes, hispano-trancosense, in Memrias da Academia das Cincias de Lisboa, Classe de Cincias, t. 14 (1970); VILHENA, Jardim, gua deInglaterra, inO Instituto, n. 12 (1932), p. 318.

    gua de pastinaca aqutica*gua de rabaas.

    gua de rabaasTambm *gua de pastinaca aqutica ( Apium nudiflorum L.), planta aqutica de floresbrancas. Segredo das boticas jesuticas, com propriedades antiescorbticas, peitorais,boa para quebrar a pedra nos rins e na bexiga e usada contra o mau hlito.

    gua RgiaMistura dos cidos ntrico e clordrico. Cf. Bluteau.

    gua SecaDesignao qumica para o salitre (Bluteau, v. 1, p. 175).

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    5/9

    AguardenteEm termos alqumicos, a chispa comunicada matria inerte pelo Criador,provocando a revitalizao dela. Sobre o uso e abuso da aguardente, pronuncia-se opovo do seguinte modo: No me chameis aguardente, / Chamai-me gua feita, /Curo-vos as feridas, / Sirvo-vos de receita. / Mas quem comigo se meter, / Meto-o trs

    dias na cama / Que no se h-de poder erguer. AlambiqueDo rabe,al-anbiq, termo utilizado pela primeira vez nos Maqasid (157, 23) de Al-Gazali.Aparelho de origem clssica (ambix), destinado destilao, que assumiu a sua formadefinitiva no Islo. O sevilhano Ibn alAwwam descreve-o detalhadamente ao tratar dadestilao dagua de rosas (Cf.Libro de Agricultura, Madrid, 1802, p. 397). composto portrs peas: a cucurbita ou caldeira, o capitel ou chapu e a serpentina. Na primeiracoloca-se o lquido cuja destilao se visa, enquanto o capitel recebe os vapores,dirigindo-os para a serpentina, mergulhada num refrigerante. Em sentido figuradosignifica aquilo que apura, purifica ou filtra. No panteo dos Cabrais, em Belmonte,

    figura um alambique posto em campo herldico. Para S. Bernardo o alambiquesimboliza o corao que, conforme as ervas que tem dentro, assim respira o bom ou omau cheiro que exala. Um alambique ocupa o campo herldico das armas dos Cabraisno seu panteo, em Belmonte.

    AlcaliDo rabe,al-cali, planta marinha da qual se extrai a soda. Em qumica o nome dado adeterminados compostos (soda, potassa, litina, etc.), os quais, quando em presena decidos, do sais e transformam as gorduras em sabes. Informa Bluteau (v. 1, p. 218) quetodo o sal alclico, assim desta, como das mais ervas, oposto ao sal cido e na uniode um e outro sal consistem todas as especulaes da Fsica moderna. Por isso dizemque comunica o cido as duas qualidades masculinas, a saber o clido e o seco e que doalcali procedem as duas qualidades femininas, a saber o frio e o hmido. E assim dagrande alterao causada da unio do sal cido e alclico querem os Filsofos modernosque resulte a composio de todos os corpos. Na qual Filosofia para notar que estandoum e outro sal, cido e alclico, bem unidos, penetrados e com igual proporo e bemsaturados, cessa a sua ebulio ou efervescncia e no se renova com qualquer outraadio que possa sobrevir.

    lcoolEsprito do vinho. Ensina a *alquimia que, quando privado de toda a humidade, odissolvente prprio de todas as gomas e resinas. Segundo *Matias Aires, o lcool temusos excelentes nos experimentos fsicos e da mesma sorte na Farmcia, Medicina, naCirurgia e na Anatomia; manufactura dos vernizes; a extraco de tinturas minerais,vegetais e medicinais; e fbrica dos termmetros, ou conhecimento exacto dos graus dofrio e do calor em todas as estaes do ano; a conservao de algumas figurasmonstruosas animais; a cura de muitos males; a representao visvel dos lquidos quecirculam nas artrias e nas veias; tudo depende do lcool e se este depurado menosbem, sucedem mal os experimentos que com ele se praticam (Problema da ArquitecturaCivil, p. 265). Bluteau: [...] palavra arbica, derivada dealchol, que p de Antimniocr com que os Turcos, Persas, etc., tingem de negro as sobrancelhas e tambm serve decolrio para o mal dos olhos. Entre ns do os Qumicos e Boticrios este nome a umesprito de licor, ou a um p subtilssimo: e assim dizem, lcool de vinho, ou de espritode vinho bem rectificado; coral feito em lcool, ou alcoolizado, o que pisado numapedra de porfido, ficou reduzido a um p impalpvel. Laguna sobre Dioscorides (lib. 5.

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    6/9

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    7/9

    segura no tratamento das feridas, porque cura sem mortificar, ou sopitar os espritosanimais. Os remdios fortes so infiis as mais das vezes: com os brandos se conforma anatureza, com os outros se exaspera e perde o alento curativo que em si temnaturalmente. O lcool no s provm do esprito vinoso, mas tambm de todos oslicores fermentados, como so os que produz o trigo, a cevada, o milho e outros muitos

    vegetais que fermentam da mesma sorte: de todos eles se tira um esprito em tudosemelhante e sem diferena alguma, porque todos so inflamveis igualmente; eseguindo o mesmo mtodo, de todos se consegue um purssimo e prprio para osmesmos usos e experimentos (v. 2, p. 262-268).

    AlcaliDo rabe, al-qaliy (cinzas de plantas marinhas). Originalmente, designava umasubstncia salina. Do rabe,al-cali, planta marinha da qual se extrai a soda. Em qumica o nome dado a determinados compostos (soda, potassa, litina, etc.), os quais, quandoem presena de cidos, produzem sais e transformam as gorduras em sabes. InformaBluteau (v. 1, p. 218) que todo o sal alclico, assim desta, como das mais ervas,

    oposto ao sal cido e na unio de um e outro sal consistem todas as especulaes daFsica moderna. Por isso dizem que comunica o cido as duas qualidades masculinas, asaber o clido e o seco e que do alcali procedem as duas qualidades femininas, a saber ofrio e o hmido. E assim da grande alterao causada da unio do sal cido e alclicoquerem os Filsofos modernos que resulte a composio de todos os corpos. Na qualFilosofia para notar que estando um e outro sal, cido e alclico, bem unidos,penetrados e com igual proporo e bem saturados, cessa a sua ebulio ouefervescncia e no se renova com qualquer outra adio que possa sobrevir. Aanttese qumica entre cido e alcali surge apenas no sc. XVII com Van Helmont eBoyle.

    AlkahestDo alemo, Allgeist (esprito universal). Termo utilizado por Paracelso e seus discpulospara nomear o solvente universal. Ao invs dos cidos, o alkahest no consideradocorrosivo. A Filaleto atribudo oThe Secret of the Immortal Liquor called Alkahest.

    AludelTermo rabe correspondente ao latimsublimatorium, cuja semntica foi descrita porGeber e outros autores medievais. Vaso com formato de pera. Destina-se sublimaoqumica (sublimatio =elevatio, conversio, notabilitatio, perfectio).

    AlvaiadeCarbonato bsico de chumbo. Tambm *cerusa e *cerusite. Pigmento usado nailuminura. Segundo Francisco de Holanda foi uma das cores primordiais (juntamentecom o ouro e a prata) com que Deus comeou a pintar o grande retbulo do mundo:Assim que disse Deus: faa-se a lux e o alvaiade para esta obra [...] (Da Pintura Antiga,cap. I). Jos Pedro Martins Barata estava convicto que tanto os dois afluentes do rioSever (a ribeira de Avid, situada em Espanha, e a ribeira Davide, que corre em territrioportugus), bem assim como o topnimo Castelo de Vide, derivam da palavra Abit, pelaqual era conhecido pelos alquimistas o minrio de chumbo sob a forma de carbonato(minas romanas de carbonato de chumbo ficam situadas entre as nascentes em apreo),acrescentando que se trata de nome de importao oriental, trazido pelos rabes oupelos Templrios (Castelo de Vide - Castell da Vide - Castelo d Avid? topnimo alqumicotrazido pelos rabes ou pelos Templrios?, in Revista de Portugal, s. A, Lngua Portuguesa, v.32, 1968, p. 258-270). Santo Antnio afirma a respeito da alvaiade que se faz de estanho

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    8/9

  • 8/13/2019 Alquimia - Glossario a 08.1

    9/9

    (cap. VII, p. 309)]; idem,Tratado unico e administrao do Azougue, nos casos em que prohibido, Lisboa: porValentim da Costa Deslandes, 1708 [Saiu includo nas edies de 1710 e 1731 da Medicina Lusitana]