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Volume VIII MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO PROGRAMÁTICO – UMA OPORTUNIDADE PARA ALIANÇAS PÚBLICO-PRIVADAS Alianças Público-Privadas para o Desenvolvimento Local

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Volume VIII MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO PROGRAMÁTICO – UMA OPORTUNIDADE PARA ALIANÇAS PÚBLICO-PRIVADAS

Alianças Público-Privadas para o Desenvolvimento Local

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Coletânea

Alianças Público-Privadas para o Desenvolvimento Local

Volume VIII

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO PROGRAMÁTICO – UMA OPORTUNIDADE PARA

ALIANÇAS PÚBLICO-PRIVADAS

Janeiro – 2014

Apoio para edição:

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BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO

FUNDO MULTILATERAL DE INVESTIMENTOS

Especialista Setorial

Ismael Gillio

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Superintendente Geral

Paulo Timm

Coordenador Geral do Programa Micro APP

Alexandre C. de Albuquerque Santos

Coordenador Adjunto

Gil Soares Junior

Publicação

Coordenação Geral

Karin Segala

Redação

Silvia Martarello Astolpho

Coordenação Editorial

Sandra Mager

Revisão

Ricardo Ditchun

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Segala, Karin (Coord.) S454 Mecanismo de desenvolvimento limpo programático: uma oportunidade para alianças público privadas. / [coordenação de] Karin Segala; [redação de] Silvia M. Astolpho – Rio de Janeiro: IBAM; Fomin/BID, 2014. (Coletânea Alianças Público-Privadas para o Desenvolvimento Local, v.8) 41p. 1.Resíduos sólidos. I. Astolpho, Silvia M. II. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. III. Banco Interamericano de Desenvolvimento. Fundo Multilateral de Investimentos. IV. Título. CDU 364

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APRESENTAÇÃO

Este conjunto de publicações sintetiza os mais importantes aprendizados e, sobretudo, informações e conhecimentos produzidos, sistematizados e agregados à experiência do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM decorrentes dos quatro anos de parcerias com o Fomin/BID (Fondo Multilateral de Inversiones/Banco Interamericano de Desenvolvimento) no Programa de Promoção de Microalianças Público-Privadas municipais.

Estruturada em fascículos, a série inclui os estudos e experiências mais expressivos, sobretudo, pelas lições aprendidas e níveis de amadurecimento resultantes das iniciativas. Todas as informações produzidas estão disponíveis no portal do Programa na internet: www.aliancaspublicoprivadas.org.br

A árvore de conhecimento que orientou a organização da coletânea segue o esquema:

1 – A cooperação entre os setores público, privado e o terceiro setor nos

municípios – um balanço das ações do Programa Alianças Público-Privadas

2 – Marco Legal das Alianças Público-Privadas

3 – Guia de Procedimentos para a constituição de uma

Aliança Público-Privada

4 – Coleta Seletiva

Inclusiva no Contexto das

Alianças Público-Privadas

6 – Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos em Região de Fronteira

8 – Mecanismos de Desenvolvimento

Limpo Programático – uma oportunidade

para as Alianças Público-Privadas

9 – Desenvolvimento Local Sustentável –

distintas oportunidades de Alianças Público-

Privadas

5 – Estudo de caso de Ilhéus

(BA) – múltiplas

parcerias para a inclusão produtiva

7 – Estudo de caso de Ponta

Porã (BR) e Pedro Juan

Caballero (PY) – um aterro binacional

10 – Estudo de caso de

Japaratinga (AL) – turismo e agricultura

familiar

11 – Estudo de caso de Ponta Porã (MS) –

Convention & Visitors Bureau

Os três primeiros fascículos tratam dos fundamentos do Programa. O primeiro, introdutório, apresenta os conceitos básicos e a evolução dos trabalhos realizados. O segundo discorre sobre o marco legal, ao mesmo tempo em que traça um panorama

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geral dos instrumentos jurídicos de cooperação a partir do próprio setor público e até as relações com a iniciativa privada e o terceiro setor. O terceiro é um guia de procedimentos para a construção e implementação de uma Aliança Público-Privada (APP), um instrumento de balizamento geral que deve ser adaptado a cada situação.

Os cinco fascículos seguintes compõem o quadro da Política Nacional de Resíduos Sólidos e afetam diretamente as responsabilidades dos Municípios nesta matéria.

O quarto trata especificamente da implantação da coleta seletiva e das diretrizes associadas à inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no âmbito do panorama nacional para o setor. Nesse sentido, destaca-se a possibilidade de uma abordagem inovadora para as APPs, detalhada no estudo de caso de Ilhéus, tema do fascículo cinco. Em outro extremo, no fascículo seis, o foco é a questão da destinação final dos resíduos no cenário desafiante das conurbações existentes em faixa de fronteira. O sétimo texto discute as possibilidades de enfrentamento dessas dificuldades segundo as experiências nas cidades fronteiriças de Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Finalmente, ainda no campo dos resíduos sólidos, o fascículo oito examina as oportunidades para ampliar o potencial do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Programático no âmbito da constituição de APPs.

Os fascículos nove, dez e onze analisam a promoção do desenvolvimento econômico local e territorial dentro da perspectiva de adoção de APPs, entendida como estratégia de inserção socioprodutiva de segmentos sociais distintos.

Assim, o fascículo nove trata da questão desde um ponto de vista conceitual e os dois textos finais ilustram situações distintas por meio de estudos de casos realizados no âmbito do Programa. O décimo aborda o segmento social de agricultores familiares e periurbanos em uma região afetada intensamente pela expansão do turismo no litoral norte de Alagoas e apresenta as parcerias constituídas no Município de Japaratinga, fundamentais para a inserção daquelas pessoas na cadeia do turismo. O último fascículo também tem a cadeia produtiva do turismo como pano de fundo, especificamente a estruturação de um Convention&Visitors Bureau em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, ação que mobilizou os empresários do trade dos Municípios conurbados, Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, e abriu caminho para a ação conjunta com o Poder Público Local.

Este é o oitavo fascículo da Coletânea e, para sua edição e publicação, o IBAM contou ainda com o apoio da Fundación Avina, no âmbito do Programa CataAção, igualmente amparado pelo Fomin/BID.

Boa leitura! Alexandre Carlos de Albuquerque Santos Coordenador Geral Programa de Microalianças Público-Privadas

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 5

RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..................................................................... 8

1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 9

2. ANTECEDENTES......................................................................................................... 9

3. MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO........................................................ 12

3.1 Ciclo de projeto no MDL........................................................................................ 15

4. ESCALAS DAS ATIVIDADES DE PROJETO NO MDL............................................... 17

5. MDL PROGRAMÁTICO.............................................................................................. 18

5.1 Vantagens do PoA ................................................................................................ 22

5.2 Atividades de programa no PoA............................................................................ 22

5.3 Entidade coordenadora do PoA ............................................................................ 22

5.4 Adicionalidade de um PoA .................................................................................... 24

6. CUSTOS IMPLICADOS EM PROJETOS DO MDL ..................................................... 24

6.1 Custos de desenvolvimento .................................................................................. 24

6.2 Custos de transação ............................................................................................. 24

6.3 Outros custos........................................................................................................ 26

6.4 Custos implicados em um PoA.............................................................................. 27

7. O PoA E A GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................... 28

7.1 Soluções compartilhadas ...................................................................................... 28

7.2 Catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis ................................................. 28

8. O PoA E AS ORGANIZAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS E RECICLÁVEIS................................................................................................................ 29

8.1 Desafios no trabalho das organizações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no PoA ...................................................................................................... 30

9. O PoA E A GESTÃO COMPARTILHADA ................................................................... 31

10. O PoA E AS ALIANÇAS PÚBLICO-PRIVADAS ........................................................ 32

10.1 Instrumentos de colaboração entre os setores público e privado ........................ 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...................................................................................... 36

ANEXO I Modelo – Documento de Concepção de Projeto para um POA ....................... 37

ANEXO II Modelo – Requerimento para o registro de um Programa de Atividades ........ 40

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RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AND - Autoridade Nacional Designada

APP - Aliança Público-Privada

CD - Custo de Desenvolvimento

CE - Comércio de Emissões

CT - Custo de Transação

CPMDL - Custo de Projeto no MDL

CPA - Atividade de Programa

COP - Conferência das Partes

COP/MOP - Reunião da Conferência das Partes

CQNUMC - Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima

DCP - Documento de Concepção de Projeto

EC - Entidade Coordenadora

EOD - Entidade Operacional Designada

GEE - Gases de Efeito Estufa

GWP - Global Warming Potential (Potencial de Aquecimento Global)

IC - Implementação Conjunta

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

PoA - Programa de Atividades

PP - Participante do Projeto

PQ - Protocolo de Quioto

RCE - Redução Certificada de Emissão

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1. APRESENTAÇÃO

Em 2012, na fase final do primeiro período de compromissos do PQ (Protocolo de Quioto), a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em sua 18ª reunião (COP-18), discutiu estratégias a serem adotadas para o segundo período de compromissos do Protocolo, em vigor até 2020.

Pouco se falou sobre estratégias voltadas a países em desenvolvimento como o Brasil. A ampliação do período de validade do Protocolo, no entanto, é uma oportunidade para aumentar as potencialidades no âmbito do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo).

Esta publicação reconhece tal potencialidade, ao mesmo tempo em que oferece caminhos para que os interessados possam adotar estratégias adequadas para reduzir as emissões de GEE (gases de efeito estufa) por meio de programas e projetos no MDL que sejam executáveis e compatíveis com a realidade brasileira.

Na evolução do MDL, os PoAs (Programas de Atividades) ou MDL Programático, adotam o conceito de escala a fim de diminuir custos, situação capaz de incrementar o mercado de reduções certificadas de emissões (créditos de carbono). Concomitantemente, o conceito de escala fortalece a constituição de APPs (Alianças Público-Privadas) e potencializa as ações para a mitigação da mudança global do clima e para o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento.

2. ANTECEDENTES

A decisão de apresentar um protocolo para limitar e/ou reduzir a geração de gases que provocam o efeito estufa surgiu na Alemanha (Berlim/1995), na 1ª COP (Conferência das Partes)1 da CQNUMC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), evento que aprovou ainda o desenvolvimento de ações conjuntas entre os países listados no Anexo I2 da Convenção-Quadro. Para os países não listados, a CQNUMC permitiu a implementação de projetos de suporte e transferência de tecnologia, sempre com o objetivo de mitigar os GEE.

A 2ª COP, realizada em Genebra, em 1996, permitiu que os países não listados no Anexo Ipoderiam solicitar à COP apoio financeiro (recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente) para desenvolver programas de redução das emissões.

1O órgão supremo da CQNUMC é a Conferência das Partes (COP, sigla em inglês para Conference of the Parties), responsável por monitorar e promover a implementação da convenção e de quaisquer instrumentos legais a ela relacionados. 2O Anexo I da CQNUMC é integrado pelas Partes (países isolados ou blocos econômicos) signatárias da convenção e pertencentes à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 1990, e pelos países industrializados da ex-União Soviética e do Leste Europeu. A divisão entre Partes do Anexo I e as não listadas classifica os países conforme a responsabilidade de cada um no que diz respeito ao aumento da concentração de GEE. As Partes do Anexo I possuem metas de limitação ou redução de emissões.

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Em 1997, no Japão, durante a 3ª COP, surgiu o Protocolo de Quioto e uma de suas importantes ferramentas de flexibilização, o MDL. Além dele, o PQ dispõe de meios como a IC (Implementação Conjunta) e o CE (Comércio de Emissões). O primeiro determina que qualquer país listado no Anexo I da CQNUMC pode transferir ou adquirir de outro país do grupo unidades de redução de emissões resultantes de projetos destinados a diminuir as emissões ou aumentar as remoções de GEE. Para o CE está previsto um sistema global de compra e venda de emissões de carbono entre os países listados no Anexo I.

Para as nações não listadas foi viabilizado o MDL, que busca a contribuição destes países para atingir os objetivos da CQNUMC, além de prestar assistência aos listados no Anexo I para que cumpram suas metas de redução dos GEE. Assim, por mais de uma década, em países como o Brasil, o MDL tem desempenhado um papel importante para o financiamento de projetos que estimulem a sustentabilidade das nações em desenvolvimento.

A utilização deste mecanismo, entretanto, é limitada por custos relacionados ao ciclo de projeto3, situação que resulta em um mercado de reduções certificadas de emissão (créditos de carbono) geradas por projetos de MDL abaixo das expectativas. Na COP de 2005, em Montreal, no Canadá, o conceito do MDL evoluiu para o PoA. Isso permitiu potencializar a contribuição para a mitigação da mudança global do clima e para o desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento4.

Além de ganhos de escala, quando comparado aos tradicionais projetos do MDL, o PoA minimiza os custos de projeto e os riscos de investimentos. Também acelera a etapa de aprovação, pois a gestão é feita no âmbito regional por uma entidade coordenadora ou gerenciadora que, geralmente, é um PP (Participante do Projeto). Por fim, amplia as chances de obter financiamento e deestimular políticas favoráveis à redução da emissão de GEE, o que aumenta o engajamento dos países em desenvolvimento no esforço de mitigação (Figura 1).

3Ciclo de projeto: etapas pelas quais o projeto deve passar até a obtenção das RCE (Reduções Certificadas de Emissões). 4Parágrafo 20 da Decisão 7/CMP.1: Atividades de projeto referentes a uma política ou padrão local/regional/nacional, no âmbito de um PoA, podem ser registradas como uma única atividade de projeto no âmbito do MDL, contanto que sejam utilizadas metodologias aprovadas de linha de base e de monitoramento que, entre outros aspectos, definam o limite apropriado, evitem a dupla contagem e considerem as fugas, assegurando que as reduções de emissão sejam reais, mensuráveis e verificáveis, e que sejam adicionais ao que teria ocorrido na ausência da atividade de projeto.

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Figura 1 – Inovações do PoA

Entretanto, para desenvolver projetos no MDL, o PQ, em seu Anexo A, estabelece setores ou categorias de atividades (fontes de emissão), específicos que estão implicados diretamente na emissão dos gases contidos na “cesta”.

Gases de Efeito Estufa – GEE Cesta de gases do Protocolo de Quioto

Dióxido de carbono (CO2)

Metano (CH4)

Óxido nitroso (N2O)

Hidrofluorcarbonos (HFCs)

Perfluorcarbonos (PFCs)

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

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Anexo A Setores/categorias de fontes do PQ

Resíduos Disposiçãode resíduos sólidos no solo; Tratamento de esgoto; Incineração de resíduos; Outros.

Setores/categorias de fontes Energia; Queima de combustível; Setor energético; Indústrias de transformação e de construção; Transporte; Outros.

Outros setores Emissões fugitivas de combustíveis; Combustíveis sólidos; Petróleo e gás natural; Processos industriais; Produtos minerais; Indústria química; Produção de metais; Outras produções; Produção de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre; Consumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre; Uso de solventes e outros produtos.

Agricultura Fermentação entérica; Tratamento de dejetos; Cultivo de arroz; Solos agrícolas; Queimadas prescritas de savana; Queima de resíduos agrícolas; Outros.

Para ser elegível no âmbito do MDL, o projeto deve:

Ser voluntário;

Contribuir para o desenvolvimento sustentável (sustentabilidade ambiental local, desenvolvimento das condições de trabalho e geração líquida de empregos, distribuição de renda, capacitação e desenvolvimento tecnológico, integração regional e articulação com outros setores etc.).

3. MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

O MDL teve origem na proposta brasileira de criação de um Fundo de Desenvolvimento Limpo que abrigaria recursos financeiros dos países desenvolvidos que não cumprissem suas obrigações quantificadas de redução ou limitação de emissões de GEE. O fundo deveria ser utilizado para elaborar projetos em países em desenvolvimento.

A moção não foi aceita por alguns países desenvolvidos, sendo modificada e transformada no MDL. Da proposta inicial, foi preservada a relação entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento (países listados e não listados no Anexo I da CQNUMC).

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O MDL permitiu, assim, que países compromissados com a redução de emissões pudessem adquirir RCEs (Reduções Certificadas de Emissões) gerados por projetos implementados em países em desenvolvimento, para que os mesmos pudessem cumprir parte de suas obrigações pactuadas no âmbito do PQ. Ou seja, quando um projeto de MDL é colocado em prática, deve gerar um benefício ambiental (redução de emissões de GEE ou remoção de CO2) na forma de ativo financeiro negociável (Figura 2).

Figura 2 - Conceito do MDL

O ativo financeiro negociável ocorre por meio das RCEs, cuja unidade corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono, calculada de acordo com GWP (Global Warming Potential, ou Potencial de Aquecimento Global). Esta medida serve para comparar e somar as quantidades dos diversos GEEs em termos de dióxido de carbono equivalente.

Os projetos em MDL devem resultar em redução nas emissões adicionais em relação às que ocorreriam na sua ausência, uma forma de garantir benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação da mudança global do clima, nos termos do artigo 12 do PQ. Destas implicações derivam a linha de base e a adicionalidade dos projetos.

Linha de base – Cenário que representa de forma plausível as emissões antrópicas por fontes de GEE que ocorreriam na ausência da atividade de projeto proposta.

Adicionalidade – Conceito relacionado com o da linha de base. Uma atividade de projeto do MDL será adicional caso reduza as emissões antrópicas de GEE para níveis inferiores aos que ocorreriam na ausência do projeto registrado no âmbito do MDL.

RCE

$$$

ATIVIDADE INDIVIDUAL E

AGRUPAMENTO DE ATIVIDADES

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Artigo 12 Fica definido um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

O objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo é prestar assistência às Partes não incluídas no Anexo I para que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuam para o objetivo final da Convenção, e também às Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões, assumidos no artigo 3º.

Sob o mecanismo de desenvolvimento limpo:

(a) As Partes não incluídas no Anexo I se beneficiarão de atividades de projetos que resultem em reduções certificadas de emissões;

(b) As Partes incluídas no Anexo I podem utilizar as reduções certificadas de emissões, resultantes de tais atividades de projetos, para contribuir com o cumprimento de uma parcela de seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões, assumidos no artigo 3º, como determinado pela COP/MOP (Reunião da Conferência das Partes).

O mecanismo de desenvolvimento limpo deve sujeitar-se à autoridade e orientação da Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo e à supervisão de um conselho executivo do mecanismo de desenvolvimento limpo.

As reduções de emissões resultantes de cada atividade de projeto devem ser certificadas por entidades operacionais a serem designadas pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo, com base em:

a) Participação voluntária aprovada por cada Parte envolvida;

b) Benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo relacionados com a mitigação da mudança do clima;

c) Reduções de emissões que sejam adicionais às que ocorreriam na ausência da atividade certificada de projeto.

O mecanismo de desenvolvimento limpo deve prestar assistência quanto à obtenção de fundos para atividades certificadas de projetos quando necessário.

A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve, em sua primeira sessão, elaborar modalidades e procedimentos com o objetivo de assegurar transparência, eficiência e prestação de contas das atividades de projetos, por meio de auditorias e verificações independentes.

A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve assegurar que uma fração dos fundos advindos de atividades de projetos certificados seja utilizada para cobrir despesas administrativas, assim como assistir às Partes países em desenvolvimento que sejam particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima para fazer face aos custos de adaptação.

A participação no mecanismo de desenvolvimento limpo pode envolver entidades privadas e/ou públicas e deve sujeitar-se à qualquer orientação que possa ser dada pelo conselho executivo do mecanismo de desenvolvimento limpo.

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Para aprofundar os conhecimentos sobre os fundamentos e a operacionalização do MDL tradicional é recomendada a leitura da série Mecanismo de desenvolvimento limpo aplicado a resíduos sólidos, disponível em www.ibam.org.br.

3.1 Ciclo de projeto no MDL

Para atuar em projeto de MDL e receber RCEs, diversos procedimentos e etapas devem ser cumpridos até a confirmação do Conselho Executivo, instância máxima de avaliação do MDL e responsável pela emissão dos certificados. As seguintes etapas devem ser atendidas:

a) Desenvolvimento de atividade de projeto, incluindo elaboração do documento de concepção com o uso de metodologia de linha de base e plano de monitoramento válidos;

b) Aprovação por ambas as partes (anfitriã e investidora);

c) Validação e registro da atividade;

d) Monitoramento do projeto;

e) Verificação, certificação e emissão de RCEs;

f) Distribuição das RCEs, conforme a Figura 3.

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Figura 3 – Etapas do ciclo de projeto no MDL

Fonte: MCTI, 2013

Desenvolvimento de uma atividade de

projeto no âmbito do MDL

Aprovação pelas Partes anfitriã e investidora

Validação e registo da atividade de projeto do

MDL

Monitoramento do projeto do MDL

Verificação, certificação e emissão de RCE

Distribuição das RCEs

Os participantes desenvolvem uma atividade de projeto do MDL. Analisam várias condições relacionadas com o seu desenvolvimento a partir da fase de planejamento e elaboram um DCP (Documento de Concepção do Projeto) com todos os elementos exigidos.

Os participantes do projeto obtêm da EOD (Entidade Operacional Designada) a aprovação por escrito da participação voluntária de cada Parte envolvida na execução de uma atividade de projeto no âmbito do MDL. Devem obter ainda a confirmação das Partes anfitriã e investidora no processo de aprovação.

Para a validação, os participantes do projeto devem usar as metodologias aprovadas pelo Conselho Executivo. Caso nenhuma possa ser aplicada à atividade de projeto proposta, uma nova metodologia deve ser apresentada para aprovação no Conselho Executivo. A validação é um processo de avaliação independente de uma atividade de projeto, feita com base no DCP por uma EOD selecionada pelos participantes. O registro é a aceitação formal de um projeto validado como uma atividade do MDL.

Os participantes do projeto executam a atividade de projeto do MDL e realizam o monitoramento necessário para calcular as reduções de emissões de GEEs, de acordo com o plano de monitoramento descrito no DCP.

Os participantes do projeto relatam à EOD os resultados do monitoramento da atividade de projeto do MDL e calculam a redução de emissões de GEE. A EOD verifica os resultados do monitoramento e as reduções de emissões resultantes e só depois emite a certificação. O Conselho Executivo do MDL emite as RCEs equivalentes à quantidade comprovada de redução de emissões de GEE. É possível para uma atividade de projeto, que tenha cumprido certas condições, sejam emitidas RCEs referentes à redução de emissões com início a partir do ano 2000.

Dois por cento das RCEs serão destinados a auxiliar os países em desenvolvimento mais vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima. Também será descontada uma parcela para cobrir as despesas administrativas do MDL. O restante das RCEs será distribuído entre os participantes do projeto.

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De forma prática, o processo de aprovação de projeto em MDL é supervisionado pelo Conselho Executivo, que delega às EODs sua validação e o monitoramento. A formulação do projeto, entretanto, é o primeiro passo e deve ocorrer na forma de uma PIN (Project Idea Note/Nota de Ideia de Projeto). Em seguida, é necessário redigir um DCP, que será a base de avaliação de sua elegibilidade. Projetos de pequena escala (item 3.2) podem apresentar um DCP simplificado (formulário no anexo).

Após a validação pela EOD, o documento segue para aprovação da AND (Autoridade Nacional Designada). No Brasil, esta função está a cargo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, que analisa o relatório de validação e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do país. Após passar por estas etapas, o DCP poderá ser apresentado ao CE para registro.

De acordo com registros do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (www.uneprisoe.org), o tempo médio para a aprovação de projetos no MDL é de 18

meses. Porém, há casos em que esse prazo caiu para oito meses.

Após a certificação de que a redução de emissões de GEE decorrentes das atividades de projeto é real, mensurável e de longo prazo, o CE emite as RCEs correspondentes à redução obtida.

4. ESCALAS DAS ATIVIDADES DE PROJETO NO MDL

As atividades dos projetos em MDL são divididas em pequena e grande escalas (Figura 4). Os critérios para esta classificação foram definidos no Acordo de Marrakech5.

As atividades identificadas como de pequena escala decorrem de projetos:

• De energia renovável, com capacidade máxima de produção equivalente a 15 megawatts;

• De melhoria da eficácia energética, que reduzam o consumo de energia em até o equivalente a 15 gigawatts por ano;

• Que reduzam as emissões antrópicas por fontes que lancem menos que 15 quilotoneladas equivalentes de CO2 por ano.

No âmbito dos projetos de pequena escala, aqueles pouco significativos ficaram conhecidos como de microescala. Em projetos de energia renovável, considera-se como microescala aqueles que apresentam capacidade máxima de produção equivalente a 5 megawatts. As demais atividades são classificadas como de grande escala.

5 Com 39 decisões, o Acordo de Marrakech reúne princípios, natureza, escopo, modalidades e procedimentos dos mecanismos de flexibilização (MDL, IC e CE).

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Figura 4 – Escalas das atividades de projeto

As atividades de projetos de pequena escala podem ser beneficiadas nos seguintes casos: opção por procedimentos simplificados (formulário simplificado do DCP), redução do período de revisão e quando a mesma entidade operacional se responsabiliza pela validação, verificação e certificação.

5. MDL PROGRAMÁTICO

O PoA ou MDL Programático, como ficou conhecido, é o primeiro de uma nova geração de alternativas que permitem a redução de emissões e beneficiam diretamente esse comércio nos países em desenvolvimento. Isso porque, nestas nações, estão concentradas atividades de projeto de pequena escala.

O desenvolvimento de PoAs surge como resposta reguladora frente à carência de projetos de pequena escala para acesso ao MDL, em particular de atividades dispersas que, apesar do baixo volume de redução de emissões, podem concorrer para diminuir os GEE.

O PoA é um novo instrumento que pode envolver várias atividades de projeto ou CPAs (Atividades Programáticas), de micro ou pequena escalas, dando oportunidade para a participação conjunta de diferentes atores (entes públicos e privados) na redução de GEE (Figura 5).

Pequena escala

(padrão 15)

Grande escala

(acima do padrão 15)

PROJETOS NO MDL

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Figura 5 – Conceito do MDL Programático

Para o MDL tradicional, são elegíveis projetos individuais (pequena e grande escalas) e o agrupamento de projetos (bundles) de pequena escala. Com a admissão do PoA ou MDL Programático, tornam-se elegíveis principalmente aqueles que apresentam escalas poucos significativas no Padrão 15 (micro) e critérios diferenciados dos exigidos no agrupamento de projetos.

A diferença entre um PoA e o agrupamento de projetos pode parecer sutil, mas apresenta significativas diferenças, principalmente na redução dos custos e na utilização de metodologias já aprovadas. Um PoA, diferentemente do agrupamento de projetos, pode incluir CPAs em qualquer momento do ciclo e ainda ultrapassar o porte ou os limites estabelecidos para projetos de pequena escala, medida que resulta em vantagens na contabilizaçao da redução de emissões (Quadro 1).

Agrupamento de projetos (bundles): reunião de várias atividades de projeto do MDL de pequena escala para formar uma única ação, sem perda das características

(tecnologia/medidas, localização e aplicação de metodologia simplificada de linha de base) de cada uma.

PROGRAMA DE ATIVIDADES

RCE

$$$

ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE

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20

Quadro 1 – Diferenças entre PoA e agrupamento de projetos (bundles)

Inclusão CPAs Combinação de metodologias

Período de créditos Escalas

PoA A qualquer

tempo. Permitido desde

que estejam aprovadas.

Cada CPA tem seu próprio.

O PoA pode exceder os limites de pequena escala

e as CPAs não.

Agrupamento de projetos

Definido no Documento de Concepção do

Projeto.

Permitido desde que sejam aprovadas.

Período de crédito comum para todos os

projetos.

Em caso de pequena escala,

nem o agrupamento nem os projetos podem exceder os limites.

Da mesma forma que outros projetos elegíveis, o PoA deve ser constituído em ação voluntária coordenada por entidades públicas ou privadas. Estas instituições têm de implementar políticas ou medidas que reduzam as emissões de GEE ou aumentem redes de remoção dos gases que sejam adicionais a um cenário (linha de base) sem as atividades dos projetos, podendo ser implementado em diferentes locais, com um conjunto ou combinações de tecnologias e metodologias.

Qualquer metodologia válida e aprovada para um projeto em MDL tradicional também será aceita para uma CPA no âmbito do PoA.

Outra particularidade do PoA é que ele permite ultrapassar as fronteiras de mais de um país, desde que cada participante confirme que as ações contribuem para seu desenvolvimento sustentável. Quando isso ocorre, é necessário acompanhamento jurídico internacional (Figura 6).

Figura 6 – Fronteiras do PoA

CPA

CPA

CPA

CPA

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21

Pela obrigação de seguir o formato e os critérios de elegibilidade, todas as CPAs devem utilizar uma mesma metodologia ou a combinação delas. Entretanto, as CPAs não necessitam ser desenvolvidas na mesma localidade, como ocorre no agrupamento de projetos.

Em função das CPAs tratarem de projetos de microescala, é possível realizar grandes atividades nesta modalidade, uma vez que o PoA pode ultrapassar limites. O exemplo apresentado na Figura 7 ilustra esta relação.

Figura 7 – Escalas das CPAs e do PoA

PoA

22 MW

CPA

2 MW

CPA

7 MW

CPA

3 MW

CPA

10 MW

PoA

30 MW

CPA

4 MW

CPA

3 MW

CPA

2 MW

CPA

4 MW

CPA

1 MW

CPA

4 MW

CPA

2 MW

CPA

2 MW

CPA

4 MW

CPA

4 MW

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5.1 Vantagens do PoA

O desenvolvimento do PoA ou MDL Programático, no Brasil, mostra-se ainda incipiente apesar de suas potencialidades. A grande vantagem é que ao longo do tempo novas atividades de projetos poderão integrá-lo, ou seja, tem a funcionalidade de ser constamentemente aberto para inclusão de novas CPAs.

Outro benefício é que cada CPA tem seu próprio período de crédito. Já nos agrupamentos de projetos, esse prazo é o mesmo para todas as atividades. No PoA, a primeira CPA submetida para validação pode ter seu período de crédito iniciado logo após a inscrição.

5.2 Atividades de programa no PoA

Conforme estabelecido pela CQNUMC, um PoA é uma ação coordenada voluntária, empreendida pelos setores público ou privado, que administram e implementam qualquer política, medida ou meta definida para a redução de emissões de GEEs ou para o aumento das remoções por sumidouros6 adicionalmente por meio de número ilimitado de atividades de programa ou CPAs.

Uma CPA é uma atividade de projeto no âmbito do PoA. Pode ser uma medida única ou várias interrelacionadas que têm como objetivo reduzir as emissões de GEE ou gerar remoções líquidas por sumidouros, aplicadas dentro de uma área designada e definida na metodologia de linha de base.

O desenvolvimento de um PoA e das atividades no MDL tradicional seguem os mesmos passos. A diferença é que as várias CPAs que compõem o PoA serão unificadas, mas mantidas as características individuais. O Anexo II apresenta o modelo de requerimento para registro do PoA.

5.3 Entidade coordenadora do PoA

No desenvolvimento de um PoA é necessário contar com uma entidade para coordenar o programa. A EC (Entidade Coordenadora) de um PoA poderá ou não ser um participante do projeto, o que possibilita que tanto o setor público quanto o privado possam assumir a coordenação com a promoção e o fortalecimento de uma Aliança Público-Privada.

6 Segundo a Convenção do Clima, sumidouros são quaisquer processos, atividades ou mecanismos que têm a propriedade de remover da atmosfera um GEE, aerossóis ou seus precursores.

Entidade coordenadora ou gerenciadora: participante autorizado por todas as Autoridaes Nacionais Designadas (AND) envolvidas dos países anfitriões para

coordenar ou gerenciar o PoA.

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A EC tem por função propor o PoA autorizado por todas as ANDs dos países anfitriões participantes (no caso da presença de mais de uma nação). Também deve identificar as modalidades de comunicação, ou seja, como a entidade se relacionará com os participantes de projeto, inclusive sobre questões relativas à distribuição de RCEs (Figura 8).

Figura 8 – Entidade coordenadora do PoA e as CPAs

A EC deverá também identificar medidas para assegurar que nenhuma CPA no âmbito do PoA seja registrada como atividade de projeto individual no MDL tradicional, ou ainda que conste em outro programa de atividades. Estas medidas deverão ser validadas e verificadas pela EOD (Entidade Operacional Designada).

As funções da EC podem ser descritas em cinco conjutos de serviços:

a) Inclusão de novos projetos: apoio ao registro de CPAs desenvolvidas pelos setores públicos e privados ou pela própria EC;

b) Monitoramento e apoio à verificação: organizar e preparar a verificação de todas as CPAs;

c) Administração e comercialização de RCEs: em um PoA, as RCEs são emitidas para a EC, que deve administrá-las e ainda possibilitar que sejam comercializadas (venda direta, promoção de leilões etc.) de forma a oferecer importantes oportunidades para aumentar o retorno financeiro para os PP;

d) Securitização e pré-pagamentos: a EC pode, em cooperação com compradores de RCEs e/ou bancos, oferecer pré-pagamentos e outras formas de securitização auxiliar nos custos das CPAs;

e) Soluções de financiamento: a EC poderá colaborar com investidores ou interessados com a oferta de soluções de financiamento de CPAs.

Entidade Coordenadora do Programa de

Atividades

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

Atividade de Projeto (CPA)

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Desta forma, os serviços executados por uma EC devem refletir um profundo conhecimento do setor (MDL e tecnologias), bem como apresentar capacidade para o gerenciamento de fluxos financeiros e, principalmente, contar com uma forte relação com os governos, uma vez que os PoAs apresentam-se como um meio para a implementação das políticas governamentais.

5.4 Adicionalidade de um PoA

A adicionalidade de um PoA afere os critérios fundamentais para que o projeto proposto seja aceito no âmbito do MDL e que as emissões sejam descontadas da quantidade calculada para o cenário da linha de base. Para um PoA, a adicionalidade deve ser demonstrada pela constatação de que, na sua ausência, nenhuma das CPAs implementadas iria ocorrer.

Os programas de atividades que consistem em um ou mais CPAs de micro ou pequena escalas devem incluir critérios relevantes de elegibilidade para demonstrar a adicionalidade das ações.

Atenção

A falta de adicionalidade é um dos principais motivos de rejeição de projetos no MDL na fase de registro. Assim, para não criar falsas expectativas, a

adicionalidade deve ser bem avaliada.

6. CUSTOS IMPLICADOS EM PROJETOS DO MDL

Existem dois tipos de custos relacionados a projetos no âmbito do MDL: de desenvolvimento e de transação. Projetos de pequena escala, quando comparados aos de grande escala, permitem maior agilidade nos procedimentos do MDL e, consequentemente, reduzem os custos de transação.

6.1 Custos de desenvolvimento

O custo de desenvolvimento do projeto, que representa a etapa de elaboração, pode ser comparado ao de qualquer proposta comercial. Deve abranger estudos para avaliar sua viabilidade, além de informações sobre os custos iniciais de construção, de compra de equipamentos, de funcionamento e manutenção, de capital etc.

6.2 Custos de transação

Os custos de transação são decorrentes de requisitos específicos do processo do MDL, que ocorrem em suas diferentes fases. Nesta etapa, estão incluídas as taxas que devem

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ser pagas ao secretariado do CQNUMC de acordo com o determinado pela CQNUMC, pela COP ou pela COP/MOP, detalhadas a seguir:

Envio de nova metodologia (US$ 1 mil);

Taxa de registro;

Parcela das receitas para cobrir despesas administrativas e ;

Parcela das receitas para auxiliar a cobrir custos de adaptação.

As despesas seguintes normalmente são pagas a terceiros, como, por exemplo, EODs, consultores e advogados:

Seleção e avaliação de projeto;

Desenvolvimento e envio de nova metodologia;

Desenvolvimento do DCP;

Validação;

Aprovação pelo país anfitrião;

Negociação de contrato e custos jurídicos;

Monitoramento;

Verificação/certificação.

Custos de projetos no MDL

Onde: CPMDL = Custos de projeto no MDL CD = Custos de desenvolvimento CT = Custos de transação

No entanto, os custos são variáveis e dependem de circunstâncias específicas do projeto e dos fornecedores de serviços. É possível reduzir os valores com a realização de tarefas pelos próprios participantes do projeto, como, por exemplo, o desenvolvimento do DCP.

O Quadro 2 apresenta um referencial de possíveis gastos com projetos no MDL, estimados para pequena e grande escalas.

CPMDL = CD+CT

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Quadro 2 – Referencial de custos de projetos no MDL

ETAPA GRANDE ESCALA (US$) PEQUENA ESCALA (US$)

Seleção e avaliação da viabilidade do projeto Entre 3 mil e 29 mil Entre 3 mil e 21 mil

Desenvolvimento do DCP Entre 6,5 mil e 120 mil Entre 3,8 mil e 25 mil

Aprovação pelas partes anfitriã e investidora

As Partes anfitriã e investidora, na maioria dos casos, não cobram taxas para conceder a aprovação. O que

pode haver são despesas relacionadas com esta etapa, como viagens quando as EODs exigirem que os

participantes do projeto façam uma apresentação. Negociação de contrato

(custos jurídicos) Entre 5 mil e 64 mil Entre 1,5 mil e 26 mil

Validação Entre 6 mil e 80 mil Entre 4 mil e 20 mil

Registro Equivale à parcela das receitas relativa à média anual

esperada de redução de emissões ao longo do período de obtenção de créditos.

Verificação e certificação Entre 10 mil e 50 mil Entre 4 mil e 23 mil

Emissão das RCEs

Parcela das receitas para cobrir os custos de adaptação: 2% das RCEs emitidas; Parcela das receitas para cobrir as despesas administrativas: a) US$ 0,10 por redução certificada de emissão

referente as primeiras 15 mil toneladas de equivalentes de CO2, cuja emissão seja solicitada em um determinado ano civil;

b) US$ 0,20 por redução certificada de emissão referente a qualquer quantidade acima de 15 mil toneladas de equivalentes de CO2, cuja emissão seja solicitada em um determinado ano civil.

Fonte: MCTI, 2013

Custos significativos de desenvolvimento e transação estão associados aos projetos no MDL. De acordo com a GTZ7, as despesas que incluem todas as etapas podem variar entre US$ 25 mil e US$ 250 mil, dependendo do tipo e porte do projeto.

6.3 Outros custos

Para investimentos em obras e projetos de recuperação de gases em aterros sanitários, os valores a serem investidos só serão conhecidos com precisão após a elaboração do

7 GTZ (Deutsche GesellschaftfürTechnische ZusammenarbeitGmbH) – Seminário Crédito de Carbono e Eficiência Energética CNI-GTZ em abril de 2009. Victor Valente.

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projeto executivo de engenharia. Esta definição é de 2007 e foi estabelecida pelo Ministério do Meio Ambiente/Ibam8.

Os investimentos e custos correspondentes dependem também do tipo e do porte do projeto. A estimativa de gastos com a montagem de um sistema de extração de gás e para o seu tratamento e/ou geração de energia varia de US$ 900 mil a US$ 1,3 milhão, para projetos pequenos (até 500m³/hora de gás). Já para os de grande porte (a partir de 10.000m³/hora de gás), os custos vão de US$ 27 milhões a US$ 36 milhões.

6.4 Custos implicados em um PoA

Os custos estimados em um PoA são aqueles apresentados para qualquer projeto no MDL, ou seja, custos de desenvolvimento e transação.

6.4.1 Custos de desenvolvimento

Os custos de desenvolvimento em um PoA são minimizados em função da magnitude das atividades. Enquanto no MDL tradicional as ações são de grande potencial de mitigação de GEE, no PoA essa capacidade é reduzida e, portanto, menos complexa.

6.4.2 Custos de transação

Nos custos de transação de um PoA, sua taxa de registro tem como base o total de redução de emissões anuais esperadas de uma ou mais CPAs, que serão submetidas juntamente com a solicitação de registro do PoA. Porém, nenhuma taxa deverá ser paga pelas CPAs inseridas de modo subsequente, o que minimiza os custos da transação.

O cálculo do valor a ser pago e os procedimentos de pagamento seguem as mesmas regras existentes para os projetos no MDL tradicional.

Custos de um PoA

Onde: CPoA = Custos do PoA CD/CPAs = Custos de desenvolvimento de cada CPA CT = Custos de transação

8 Publicação Conceito, planejamento e oportunidades, da série Mecanismo de desenvolvimento limpo aplicado a resíduos sólidos (2007).

CPoA = CD/CPAs+CT

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7. O POA E A GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

As atividades antrópicas geram diariamente resíduos sólidos que apresentam expressivo potencial de emitir GEE, conforme a destinação escolhida. O tratamento adequado dos resíduos reduz o lançamento desses gases (definidos pela Cesta de Gases no item 2).

No Brasil, os desafios da gestão de resíduos sólidos urbanos aumentam à medida que cresce o volume gerado. Para 2008, estimou-se em 183.488 toneladas de resíduos coletados diariamente no país, número que representou acréscimo de aproximadamente 58 mil toneladas/dia quando comparado com os dados de 2000 da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (Atlas do Saneamento, 2011).

Apesar do vasto território, esses resíduos não estão distribuídos de modo igualitário no país, concentrando-se em sua grande maioria nas cidades, onde residem mais de 85% das pessoas.

Nas regiões metropolitanas encontram-se 45% da população e, consequentemente, grande parcela dos resíduos gerados. Entretanto, a maior parte das cidades brasileiras apresentam população inferior a 30 mil habitantes. Estes Municípios, em geral com limitações de recursos, enfrentam desafios ainda maiores quando comparados aos de grande porte na questão eficiência e sustentabilidade na prestação de serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos.

7.1 Soluções compartilhadas

Em geral, Municípios menores apresentam recursos técnicos, financeiros e humanos insuficientes para responder às demandas de uma gestão eficiente e sustentável dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Apesar desta atividade ser de competência municipal, muitas ações vão além dos limites locais e demandam soluções compartilhadas para problemas comuns.

7.2 Catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis

Um importante ator nos processos de gestão integrada de resíduos sólidos e que vem ganhando destaque é o catador de materiais reutilizáveis e recicláveis. Apesar do relevante papel que sempre exerceu na cadeia produtiva da reciclagem, foi a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos que a categoria ganhou o reconhecimento legal para sua participação efetiva na prestação do serviço de coleta seletiva, beneficiamento e disponibilização de matéria-prima secundária, e também para sua participação em sistemas de logística reversa.

O catador ainda enfrenta vulnerabilidade estrutural em sua atividade, como baixa capacidade institucional, frágil grau de associativismo, competição das empresas terceirizadas e oscilação nas condições de mercado. Mesmo assim, seu papel social e ambiental passou a ser reconhecido como fundamental para a adequada implementação de programas de coleta seletiva e do sistema de logística reversa.

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Para conhecer ou saber mais sobre os aspectos da gestão dos resíduos sólidos no Brasil, o IBAM disponibiliza, por meio de seu Programa de Educação a Distância, o curso “Planos de Resíduos Sólidos: Desafios e oportunidades no contexto da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS”. Acesse: www.ibam.org.br.

8. O POA E AS ORGANIZAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS E RECICLÁVEIS

O marco regulatório para o setor dos resíduos sólidos (Lei 12.305/2010) estimula a inclusão socioprodutiva de organizações de catadores por meio de sua participação em programas de coleta seletiva e em sistemas de logística reversa. Reforça, no âmbito nacional, a justificativa para uma análise mais cuidadosa quanto ao potencial de congregação do trabalho realizado pelas organizações de catadores em PoAs. Isso ocorre pelo fato de o Anexo A do Protocolo de Quioto incluir também a categoria “outros”, ampliando as possibilidades de agregação de setores para a redução de GEE.

Figura 9 – Análise preliminar da inclusão no MDL/PoA do trabalho exercido pelas organizações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis

Trabalho exercido pelas organizações de catadores de

materiais reutilizáveis e recicláveis

Atividade enquadrada no

Anexo A SIM NÃO

Atividade reduz comprovadamente os gases indicados

pela Cesta de Gases

SIM

NÃO

Não participação no MDL

Possibilidade de

participação no MDL/PoA

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Além dos requisitos legais e da possibilidade de participação no MDL/PoA, as organizações de catadores podem estar presentes em diversos Municípios e com atividades capazes de evitar emissões de GEE em micro ou pequena escalas. Entretanto, a comprovação destas emissões evitadas por meio de projetos específicos devem cumprir as premissas de um PoA.

Premissas de um PoA

O PoA deve ser constituído em ação voluntária coordenada por entidades públicas ou privadas. Estas instituições têm de implementar políticas ou medidas para reduzir a emissão de GEE ou para aumentar as redes de remoção dos gases que são adicionais a um cenário sem as atividades dos projetos. Estas ações podem ser executadas em diferentes locais, com um conjunto ou combinações de tecnologias e metodologias.

Fatores limitadores podem contribuir para tornar essa tarefa complexa. Porém, quando as dificuldades são superadas, a tendência é que ela se mostre como uma iniciativa inovadora, promotora da inclusão social e produtiva desta categoria e agregadora de valor.

8.1 Desafios no trabalho das organizações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no PoA

Alguns desafios devem ser superados ao se prever a possibilidade da estruturação de um PoA voltado ao trabalho das cooperativas de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. São eles:

Adicionalidade – Os projetos no MDL devem demonstrar que as emissões de GEE são reduzidas para níveis inferiores aos que ocorreriam na ausência das CPAs. Ou seja, a redução que já ocorre com o trabalho realizado por uma cooperativa não é contabilizada, mas é usada como base inicial a ser considerada. Para ser adicional, as organizações de catadores precisam atuar em algo complementar, a fim de reduzir ainda mais as emissões. Um exemplo seria reciclar ou elaborar um produto novo a partir de materiais coletados. Entretanto, essa possibilidade deve ser criteriosamente estudada, analisada e comprovada.

Adoção de metodologia consolidada – Para iniciar o ciclo de projeto é necessário que um PoA utilize uma metodologia consolidada no MDL. A destinada à reciclagem de plásticos (AMS-III.AJ. Recuperação e reciclagem de materiais a partir de resíduos sólidos) foi criada e refinada pelo MDL. Porém, até o presente momento, ainda não foi utilizada com sucesso. Qualquer organização de catadores que tentar criar uma CPA utilizando essa metodologia entrará em campo desconhecido e terá de investir muito no aprendizado, com consideráveis recursos empreendidos.

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Exigências quanto ao registro de informações – Mesmo que o monitoramento das emissões reduzidas possa ser efetuado pela EC, a emissão de RCEs está baseada em resultados comprovados pelo monitoramento. As organizações de catadores precisam coletare armazenar de forma precisa tais dados para garantir o registro e a comprovação da redução de emissões.

Riscos com relação à oferta – Como qualquer projeto no MDL, um PoA deve ser contínuo para possibilitar o recebimento de RCEs, o que significa que uma fonte constante e previsível de resíduos é necessária. Desta forma, as organizações de catadores devem ter a segurança de que o suprimento para o trabalho executado (resíduo) não sofrerá interrupções ou flutuações significativas, como o aumento do consumo, a disputa por resíduos ou o cancelamento de contratos municipais.

Concorrência pelos mesmos créditos – O MDL permite que as emissões reduzidas sejam contabilizadas apenas uma vez. Contudo, no exemplo citado para gerar um produto novo a partir de materiais reciclados, uma RCE resultante de sua fabricação poderá ser solicitada tanto pela organização de catadores que submeteu o projeto quanto pelo fabricante, uma vez que a Lei 12.305/2010 estabelece a obrigatoriedade da Logística Reversa. Para garantir que os créditos sejam concedidos aos catadores, será necessária a existência de um contrato entre eles e o fabricante, efetivando assim a logística reversa como um instrumento de desenvolvimento econômico e social. A organização de catadores deve estar formalmente constituída e estabelecida, e o fabricante disposto a renunciar às RCEs.

Caso seja possível vencer os desafios apresentados, as redes de cooperativas devem ser fomentadas para proporcionar aumento de escala do PoA, como CPAs em redes. Para coordená-las, é adequado que, no âmbito das Alianças Público-Privadas, seja estruturada a EC com o objetivo de dotar o PoA das capacidades necessarias para receber as RCEs.

9. O POA E A GESTÃO COMPARTILHADA

Os consórcios públicos conciliam as políticas governamentais sem desconsiderar os processos de descentralização administrativa que conferem aos Municípios maior autonomia na prestação de serviços.

Mais de 80% das cidades brasileiras apresentam população inferior a 30 mil habitantes. Nesse contexto, os serviços relacionados aos resíduos sólidos são um grande desafio, e a criação de consórcios se apresenta como uma das mais fortes tendências presentes nos programas federais de incentivo à regionalização da gestão dos resíduos sólidos.

Diante destas premissas, um PoA poderá promover ganho de escala, uma vez que agrega CPAs, permite a redução de custos e amplia a capacidade de gestão com a estruturação da EC, e que pode ocorrer no ambito das Alianças Público-Privadas (Figura 10).

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Figura 10 – Consórcios públicos e o PoA

10. O POA E AS ALIANÇAS PÚBLICO-PRIVADAS

A busca constante pela adequada prestação de serviços, tendo como base a descentralização e o compartilhamento, demandou o trespasse da esfera pública para fora de suas fronteiras, acolhendo a colaboração da iniciativa privada (com ou sem fins lucrativos).

A medida produz trabalhos cooperativos de impacto nos diferentes aspectos relacionados ao desenvolvimento da prestação de serviços públicos. Além disso, a colaboracão entre os setores público e privado para reduzir os GEE impulsiona o desenvolvimento de projetos do MDL, com ênfase no PoA.

Município consorciado

Consórcio A

Município consorciado

Município consorciado

Município consorciado

Consórcio B

Município consorciado

Município consorciado

PoA

Município consorciado

CPA CPA

CPA CPA

CPA

CPA

CPA

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Setores da vida econômica e social

Primeiro setor Estado/poder público – Serviço público. Zona de ação privativa do Estado, submetida necessariamente ao direito público, que confere diversas prerrogativas especiais ou dominantes ao poder público. Nesta esfera, os atores são agentes públicos com fins públicos.

Segundo setor Sociedade privada (mercado) – Atividade de exploração econômica. Esfera de livre ação de particulares ou de iniciativa regulada, voltada para a realização de interesses privados. Apesar de vigiada pelo Estado, não sofre interferência substitutiva do poder público. Os atores são agentes privados com fins privados.

Terceiro setor Serviços de relevância pública – Esfera de livre ação de particulares ou de iniciativa regulada, realizada por instituições privadas em nome e sob responsabilidade próprios, ou por organizações estatais sem prerrogativas especiais ou dominantes do poder público. Os atores são agentes privados com fins públicos.

O conceito-chave que incide nas APPs envolve colaborações em diferentes escalas entre primeiro, segundo e terceiro setores (público e privado), que sinalizam a busca por expertise e eficácia na condução da prestação de serviços (Figura 11).

Figura 11 – Alianças Público-Privadas

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As atividades exclusivas dos setores público ou privado, que sozinhas apresentavam escalas pouco expressivas na redução das emissões, podem, por meio das alianças, contribuir para reduções significativas de lançamentos de GEE.

Assim, de forma conjunta e colaborativa, os setores público e privado podem integrar um único PoA por meio de diversas CPAs e ainda colaborar no estabelecimento de ECs, função que requer eficiência e a experiência da iniciativa privada.

Como cada CPA apresenta seu próprio período de crédito, a relação entre os relativos às atividades do setor público e aqueles inerentes às atividades privadas será facilitada.

10.1 Instrumentos de colaboração entre os setores público e privado

São diversos os instrumentos de colaboração entre os setores público e privado, com suas diferenças e semelhanças. Basicamente, dois grupos podem ser destacados: os que formalizam a cooperação entre o primeiro e o segundo setores, e os que sacramentam a colaboração entre o primeiro e o terceiro setores.

10.1.1 Alianças entre o primeiro e o segundo setores

O ponto em comum entre os instrumentos de alianças entre o primeiro e o segundo setores é a existência de interesses opostos entre as partes e que são objeto de composição por meio de instrumento contratual. Já os aspectos de convergência são o fato da remuneração integrar o patrimônio do contratado a partir do momento em que os pagamentos são efetuados pelo contratante, e também a possibilidade de cobrança de taxa de administração pelo contratado.

Duas outras características típicas da relação contratual privada, mas que podem ou não compor o acordo entre os setores público e privado, são a denúncia mediante pactuação das partes e a vinculação da remuneração apenas ao resultado final. Em função da supremacia do poder público nos contratos administrativos e da consequente possibilidade de inclusão de cláusulas exorbitantes, estes elementos podem não vir a ser considerados em certos contextos contratuais, embora exista uma tendência crescente de fortalecimento da pactuação nas APPs, especialmente nas de grande impacto econômico e social.

Nesta categoria de alianças destacam-se seis instrumentos que possibilitam a colaboração entre o primeiro e o segundo setores: autorização, permissão, contrato administrativo e concessões comum, patrocinada e administrativa.

10.1.2 Alianças entre o primeiro e o terceiro setores

Na esfera de alianças entre os setores público e privado o destaque é a convergência e a sinergia de interesses entre as partes. É um espaço para acordos, que apresenta as seguintes características:

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Manutenção da propriedade dos recursos pelo setor público mesmo após sua transferência para a entidade do terceiro setor;

Vinculação da transferência destes recursos ao cumprimento de etapas e metas;

Não cobrança de taxas de remuneração;

Possibilidade de denúncia unilateral a qualquer momento pelo setor público;

Voluntariedade da adesão ao ajuste e autonomia das partes;

Complementaridade dos encargos;

Atenuação ou eliminação no emprego de prerrogativas exorbitantes por parte da administração;

Flexibilidade dos arranjos institucionais viabilizadores do ajuste de interesse;

Foco em atividades de relevância pública e de interesse social comuns aos participantes.

São três os instrumentos para a celebração de APPs entre estes setores: convênios, contratos de gestão e termos de parceria.

EVITANDO ERROS

Analisar exaustivamente metodologias, informações e argumentos de outros projetos registrados no Conselho Executivo do MDL ajuda a evitar erros.

Até o presente momento, um único PoA encontra-se aprovado pela AND.

“Captura e combustão do gás metano (CH4) através do sistema de manejo de produção de suínos das granjas dos integrados participantes do Programa 3S do Instituto Sadia.”

Para conhecer ou saber mais sobre as Alianças Público-Privadas, acesse www.aliancaspublicoprivadas.org.br.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALIANÇAS público-privadas. Disponível em: <www.aliancaspublicoprivadas.org.br>. Acesso em: abr. 2014.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Resolução n. 9, de 20 de março de 2009. Dispõe sobre o Programa de Atividades no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Brasília: O Ministério, 2009.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 11.445/07. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis n.6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei n 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2007.

__________. Lei 12.305/10. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n.9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2010.

CLASSIFICAÇÃO Brasileira de Ocupações. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Previdencia/SEFIP/Tabelas/Tabela_CBO.doc>. Acesso em: abr. 2014.

CONVENÇÃO sobre mudança do clima. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, [s.d.] Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/convencao_clima.pdf>. Acesso em: abr. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas do saneamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento/default_zip.shtm>. Acesso em: abr. 2014.

MARRAKESH accords and the Marrakesh declaration. UNFCCC, 2001. Acordos e decisões oriundos da 7ª edição da Conference of the Parties (COP 7). Disponível em: <http://unfccc.int/cop7/documents/accords_draft.pdf>. Acesso em: abr. 2014.

MESQUITA JUNIOR, José Maria de. Mecanismo de desenvolvimento limpo aplicado a resíduos sólidos. Ministério do Meio Ambiente; IBAM, 2007.

MONTREAL climate change conference. In: ELEVENTH SESSION OF THE CONFERENCE OF THE PARTIES TO THE UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE; FIRST MEETING OF THE PARTIES TO THE KYOTO PROTOCOL. Anais... Montreal, 2005. Disponível em:

https://unfccc.int/meetings/montreal_nov_2005/meeting/6329/php/view/documents.php. Acesso em: abr. 2014.

PROTOCOLO de Quioto. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, [s.d.] Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf>. Acesso em: abr. 2014.

VALENTE, Victor. Facilitando a negociação de créditos de carbono entre empresas Brasileiras e Alemãs. In: SEMINÁRIO CRÉDITO DE CARBONO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA CNI-GTZ, abr. 2009. Disponível em:

<http://www.cni.org.br/portal/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=FF808081224B6FF1012265E92FCD6945>. Acesso em: abr. 2014.

THE MILLENNIUM development goals: eight goals for 2015. United Nations Development Programme, c 2014. Disponível em: <http://www.undp.org/content/undp/en/home/mdgoverview/>. Acesso em: abr. 2014.

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ANEXO I Modelo – Documento de Concepção de Projeto para um POA

Programme design document form for CDM programmes of activities (Version 03.0)

PART I. Programme of activities (PoA) SECTION A. General description of PoA A.1. Title of the PoA >> A.2. Purpose and general description of the PoA >> A.3. CMEs and participants of PoA >> A.4. Party(ies)

Name of Party involved (host) indicates a host Party

Private and/or public entity(ies) project participants (as applicable)

Indicate if the Party involved wishes to be considered as project participant (Yes/No)

Name A (host) Private entity A Public entity A

Name B Private entity B Public entity B

… … A.5. Physical/ Geographical boundary of the PoA >> A.6. Technologies/measures >> A.7 Public funding of PoA >> SECTION B. Demonstration of additionality and development of eligibility criteria B.1. Demonstration of additionality for PoA >> B.2. Eligibility criteria for inclusion of a CPA in the PoA >> B.3. Application of methodologies >> SECTION C. Management system >> SECTION D. Duration of PoA D.1. Start date of PoA >> D.2. Duration of the PoA >> SECTION E. Environmental impacts E.1. Level at which environmental analysis is undertaken >> E.2. Analysis of the environmental impacts >> E.3. Environmental impact assessment

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>> SECTION F. Local stakeholder comments F.1. Solicitation of comments from local stakeholders >> F.2. Summary of comments received >> F.3. Report on consideration of comments received >> SECTION G. Approval and authorization >> PART II. Generic component project activity (CPA) SECTION A. General description of a generic CPA A.1. Purpose and general description of generic CPAs >> SECTION B. Application of a baseline and monitoring methodology B.1. Reference of the approved baseline and monitoring methodology(ies) selected >> B.2. Application of methodology(ies) >> B.3. Sources and GHGs

Source Gas Included Justification/Explanation

CO2

CH4

N2O

Source 1

--- CO2 CH4 N2O

Source 2

--- --- --- ---

Bas

elin

e

---

--- CO2 CH4 N2O

Source 1

--- CO2 CH4 N2O Pr

ojec

t act

ivity

Source 2

---

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--- --- ---

---

--- B.4. Description of baseline scenario >> B.5. Demonstration of eligibility for a generic CPA >> B.6. Estimation of emission reductions of a generic CPA B.6.1, Explanation of methodological choices >> B.6.2. Data and parameters that are to be reported ex-ante >> (Copy this table for each data and parameter.)

Data / Parameter: Data unit: Description: Source of data: Value(s) applied: Choice of data or Measurement methods and procedures:

Purpose of data Additional comment:

B.6.3. Ex-ante calculations of emission reductions >> B.7. Application of the monitoring methodology and description of the monitoring plan B.7.1. Data and parameters to be monitored by each generic CPA (Copy this table for each data and parameter).

Data / Parameter: Data unit: Description: Source of data: Value(s) applied Measurement methods and procedures:

Monitoring frequency:

QA/QC procedures: Purpose of data Additional comment:

B.7.2. Description of the monitoring plan for a generic CPA >>

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ANEXO II Modelo – Requerimento para o registro de um Programa de Atividades

CDM programme of activities registration request form (Version 02.0)

SECTION 1: REQUEST FOR REGISTRATION Name of the designated operational entity (DOE) submitting this form:

Title of the proposed CDM programme of activities (PoA) submitted for registration:

Title(s) and number of the real case(s) CDM programme activity(ies) submitted for registration:

Coordinating/managing entity and participants of POA Name(s):

Sector in which programme of activities falls: Is the proposed programme of activities a small-scale activity?

Yes / No (underline as applicable)

SECTION 2: SUMMARY OF VALIDATION DOCUMENTS List of documents to be attached to this registration request form: (please check mark)

The CDM-PoA-DD of the programme of activities (last revision). The CDM-CPA-DD(s) of the real case CDM programme activity(ies) (last revision). The PoA validation report. All documents listed in the completeness checklist for requests for registration.

PoA and comments received in the validation process by the DOE are attached:

Yes No

SECTION 3:FURTHER DOCUMENTS The written approval of voluntary participation from the designated national authority of each

Party involved, including confirmation by the host Party that the programme of activities assists it in achieving sustainable development.

A statement signed by all coordinating/managing entity based on the authorization of all participating host country DNAs involved stipulating the modalities of communicating with the Executive Board and the secretariat in particular with regard to instructions regarding allocations of CERs at issuance.

SECTION 4:CONFLICT OF INTERESTS The DOE declares herewith that in undertaking the validation of this proposed CDM programme of activities it has no financial interest related to the proposed CDM programme of activities and that undertaking such a validation does not constitute a conflict of interest which is incompatible with the role of a DOE under the CDM programme of activities. By submitting this validation report, the DOE confirms that all validation requirements are met. Name of authorized officer signing for the DOE:

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Date and signature for the DOE:

SECTION BELOW TO BE FILLED BY UNFCCC SECRETARIAT Date when the form is received at UNFCCC secretariat:

Date at which the registration fee has been received:

Date at which registration shall be deemed final:

Date of request for review, if applicable: Date and number of registration: Date: Number: