alguns dos caminhos originais quando por aqui as pessoas...

16
Maranduba, Junho 2019 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 10 - Edição 121 Alguns dos caminhos originais quando por aqui as pessoas viviam em paz com a natureza

Upload: others

Post on 26-Oct-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Maranduba, Junho 2019 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 10 - Edição 121

Alguns dos caminhos originais quando por aquias pessoas viviam em paz com a natureza

Página 2 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

Editado por:Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.

Fones: (12) 3849.5784 (12) 99714.5678 e-mail: [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: mensal

Editor: Emilio CampiJornalista Responsável: Ezequiel dos Santos - MTB 76477/SP

Editora de Variedades: Adelina Fernandes RodriguesConsultor Ambiental - Fernando Novais - Engº Florestal CREA/SP 5062880961

Gestora Ambiental - Isaura Monteira dos Santos CFQ 175439 Consultor de Marketing - Luiz Henrique dos Santos - Publicitario

Consultor Jurídico - Dr. Michel Amauri OAB/SP 324961 Consultor de Turismo - Fabrizio Fambrini- Turismólogo

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

No último dia 10, o projeto pedagógico Pedala Leitura da escola municipal Nativa Fer-nandes de Faria esteve no Si-tio do Gengibre, Araribá, para mais uma etapa de estudos e conhecimentos na prática. O Projeto envolve sessenta

alunos dos quartos anos anu-almente, e têm como objetivo integrar estudos e atividades nas áreas de Ciências, Ge-ografia, Língua Portuguesa, Educação Física Escolar, Arte e Educação Ambiental e tem dado excelentes resultados. Pais de alunos e voluntários também participaram. A es-cola conta com a parceria da PROMATA. Floresta e águaDesta vez os alunos, além

da pratica esportiva como pe-dalar, conhecer seu espaço geográfico sob uma bicicleta, entenderam um pouco mais sobre a importância da flores-ta e da água para as aves e o ser humano. Separados por grupos, os

alunos puderam ouvir dona Annie explanar sobre a histó-ria do sitio, a importância do gengibre orgânico a saúde hu-mana. Entenderam ainda so-bre a quantidade de água po-tável existente no planeta, da quantidade de água que te-mos no organismo, visitaram a estação da LAGESOLOS/UFRJ onde puderam entender a dinâmica e a quantidade de chuvas no solo, como se com-porta cada solo conforme ao

Projeto pedagógico Pedala Leitura no Sítio do Gengibre

volume de água que recebe, a importância de se manter um solo coberto com vegetação, ver de perto como é um ex-perimento cientifico de ponta tão importante a qualidade de vida das pessoas. Avistamento de avesNa trilha puderam entender

um pouco mais sobre a dinâ-mica da mata atlântica, sobre as pessoas e as aves que de-pendem dela, ouviram voca-lizações de aves e até pude-ram avistar alguns espécimes pelo caminho. Ao visitara uma nascente puderam ouvir suas particularidades e peculiarida-des, como elas surgem e de-

saparecem, pra onde elas vão e o que elas carregam, da im-portância de sua manutenção para todos os seres viventes e de como colaborar para uma boa relação com a água. Por fim, puderam experi-

mentar alguns produtos do sitio como um delicioso suco de gengibre gelado e outros quitutes, em seguida uma foto com todos os participantes. Foi uma manhã de muita pro-dutividade e uma experiência de aprendizado ímpar para to-dos, já que se sentiram satis-feitos e com o dever cumprido e a sensação que a manhã passou muito rápido.

- No próximo dia 7 de junho, entre as 14 e 15 horas estará aberta a agenda da assistên-cia social par atendimento ao público. O atendimento será com a profissional do CRAS Thaís Augusto na sede da PROMATA/Sertão da Quina. No mesmo dia às 16 horas do mesmo dia reunião com pais.- No dia 27 de julho aten-

dimento com o psicólogo Guilherme Nasf as 11 horas, atendimento para crianças de 05 a 9 anos e adolescentes. Para jovens com depressão, a ficha de atendimento poderá ser realizada no dia na sede.- Matriculas aberta para os

cursos de inglês, italiano, re-forço escolar e capoeira.

Ong Educação Para Crescer Informa:

- Horta comunitária onde a ONG em parceria escola Áurea estará montando uma horta dentro do pátio externo do colé-gio. As verduras, legumes e hor-taliças serão destinados para alimentação dos alunos que fre-qüentam os cursos da ONG. Seja voluntario da horta, basta fazer inscrição, levar cópia do RF e CPF comprovante de residência.- A ONG esta arrecadando

doações de mudar e sementes,- Inicia-se a campanha do

agasalho e cobertores para doação, que poderão ser en-tregues na sede a Rua Manoel Gaspar dos Santos, 140, Ser-tão da Quina.“Com um pouco de cada um

poderemos fazer muito”

Jornal Maranduba NewsANUNCIE:

(12) 99714.5678 - 3849.5784

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 3

A réplica em tamanho real da imagem de Nossa Senhora das Graças no Sertão da Qui-na, recebe finalização de aca-bamento de pintura e detalhes da parte cromática como par-te dos trabalhos do escultor Gilmar Ribeiro Munhoz, 58, no ateliê no Morro do São Cruzei-ro - Emaús. A possível entrega é prevista para este final do mês. Em visita ao local já é possível observar a qualidade do trabalho do escultor. Todos os detalhes foram analisados

Imagem de Nossa Senhora das Graças recebe acabamento

para aplicação na íntegra na réplica produzida. Gilmar se ausentou poucos dias desta tarefa porque foi convidado para ir ao Rio de Janeiro pro-duzir uma escultura de areia a um evento esportivo. Lá pode, junto com uma equipe, mos-trar seu talento mais antigo. As imagens deixam clara a

satisfação dos atletas, comis-sões técnicas e público ao ver o trabalho finalizado na arena onde forma apresentados os atletas.

A APASU (Associação Protetora dos Animais da Região Sul) está arrecadando os seguintes itens para a realização da festa da tainha.

• 60 kg de arroz. ( Qualquer marca)• 100 dúzias de ovos• 30 kg de açúcar• 100 unidades de leite condensado

Colabore!!!

Colabore com a APASUANUNCIE:

(12) 99714-5678(12) 3849-5784

JornalMaranduba News

Página 4 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

Nos últimos dias 04 e 05 de maio, a re-gião sul de Ubatuba foi palco de uma das mais conhecidas e antigas formas de entrete-nimento do mundo - o circo. Na realidade o evento foi

apresentado como primeira oficina para que seus partici-pantes - a comunidade - pu-dessem interagir com seus integrantes. O evento foi organizado pela

competente equipe da Cia do Corpo que, para este evento, contou com a experiência e dedicação do professor Fa-brício Guimarães da Escola de Circo Studio F há dez anos nesta caminhada circense. Ao todo foram cinco turmas, en-tre crianças e adultos, que se deliciaram com as brincadei-ras e atividades. Foram aulas de tecido, trapézio, lira, ma-labares e acrobacias de solo.

1ª Oficina de circo na Maranduba

Tamanho sucesso da oficina a academia Cia do Corpo segue com as aulas de acrobacias aéreas com a professora Ca-roline Danisca. A equipe estende o convite a

toda comunidade para conhe-cer a atividade e até uma aula experimental é possível ser re-alizado.

O evento que celebra o dia Nacional da Mata Atlântica (27/05) e os dias Mundiais do Meio Ambiente (5/6) e dos Oceanos (8/6) em Ubatuba intitulada IX Festival da Mata Atlântica onde inclui também a VI Semana do Mar está re-cheada de atividades. O even-to começou em 27 de maio e vai até 8 de junho com uma extensa programação e inclui atividades como rodas de con-versa, caminhada, distribuição de mudas, atrações musicais, cinema, mutirão de limpeza de praia e soltura de tartaruga. A entrada é livre e gratuita

e vale a pena participar. Os organizadores foram a Pre-feitura de Ubatuba, o Projeto Tamar, o Instituto Argonau-ta e o Aquário de Ubatuba e contam com vários órgãos públicos, entidades, escolas, associações e profissionais liberais. Na abertura aconte-ceu o lançamento da Cartilha de Conscientização ambiental de Ubatuba produzida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA).Turismo de “selo único”No último dia 28, com o titulo

Turismo de Base Comunitária e Turismo Rural: uma possibi-lidade sustentável para o de-senvolvimento socioeconômi-co onde compuseram a mesa

Sertão do Ubatumirim e Sertão da Quina em roda de conversa sobre Turismo na semana do IX Festival da

Mata Atlântica em Ubatuba

Tamie Nezu e Jorge Inocêncio Alves Júnior, da ABU – Asso-ciação dos Bananicultores do Ubatumirim e Ezequiel dos Santos e Roberto de Oliveira da PROMATA. Também do grupo de observadores de aves estavam Isaura Monteiro e Carolina Lemos. Com auditório completamen-

te lotado, onde grande maio-ria eram alunos do curso de turismo do colégio Tancredo Neves, os dois sertões ali re-presentados expuseram suas experiências, suas caminha-das e apresentaram o anda-mento de suas atividades para o turismo. Os grupos conta-ram um pouco da história de como chegaram até ali e como enxerga o turismo dentro da comunidade e qual o papel do turista e do guia de turismo

nestas visitas. A PROMATA explicou que o

turismo e o meio ambiente para o grupo é um subprodu-to da cultura. A ABU falou da trajetória de lutas e conquis-tas por ser ainda uma comu-nidade com características ru-ral onde a PESM se sobrepôs as áreas da comunidade, da experiência de sair no Globo Repórter e de possuir a maior quantidade de pés de Jussara por metro quadrado dentro da Mata Atlântica. Ficou claro que o tempo des-

tas comunidades é diferente do tempo urbano e que as ati-vidades de turismo tem maior foco na qualidade de vida dos moradores do que com a cau-sa meramente econômica. Fo-ram várias perguntas aos dois grupos e mesmo após o en-cerramento dos debates ainda havia perguntas sobre o tema. Ficou combinado de os ser-

tões trocarem experiências com visitas nas comunidades. Ao final os ouvintes agradece-ram a participação dos grupos dos extremos do município, houve trocas de contatos e possibilidades de alunos de turismo realizar uma experiên-cia de vivencia nestas comuni-dades para entender melhor o processo vindo do olhar rural e não da cidade.

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 5

Nos últimos dias 18 e 19, o quilombo da Caçandoca re-viveu uma antiga tradição secular - a festa do Divino. Tudo que a tradição manda os caiçaras quilombolas se-guiram a risca. O Divino se fez presente em varias casas, houve almoço, cantoria, dedi-cação a fé e muita emoção. Quase todos os caminhos an-tigos daquele território foram ocupados com o som do tam-bor que anunciava a chegada do grupo do Divino, e, como se fazia antigamente as pes-soas corriam para seguir os foliões. O grupo do Divino em

Festa do Divino no Quilombo

Ubatuba está, entre as tradi-ções culturais, no rol das ma-nifestações mais fotografadas e filmadas do momento. Enquanto em alguns lugares

as tradições culturais tomam o caminho do esquecimento, o quilombo Caçandoca resiste e mostra que a vivencia em comunidade baseada na pra-tica diária das tradições cen-tenárias ainda os fazem mere-cedores do seu território, pois são seus patrimônios exerci-dos que fazem todo sentido de estarem naquele solo hon-rando assim a luta de seus antepassados e mantendo caminho a geração vindoura.

No último dia 11 de maio, Seu Dito, ou melhor, Sr. Be-nedito Justino dos Santos, passou dos noventa. Não! Ele não estava dirigindo em alta velocidade, é que foi seu ani-versário mesmo. Na ocasião das festividades quatro gera-ções estavam presentes para completar a ocasião. Mas do que um privilégio é uma honra conversar com esse “minino arteiro” de 94 anos. Considerado um dos poucos

moradores vivos a ultrapassar a barreira dos noventa, seu Dito “se alembra” muito bem, com requintes de detalhes, de tudo que viveu por aqui. Con-ta-nos que quando aqui che-gou em 1957 já era amigo de João Pimenta “Véio”, João do Prado, João Rosa, Dito “Ma-nué”, Messias “Manué”, Fiden-cio “Véio”, André Pereira, “Ti-bitilói” (tio Benedito Antonio Elói), Hidomeu..., Hilário do Prado, Leoncio.., Brack Fran-cisco, entre outros. Seu Dito nasceu em Nativi-

dade da Serra em 1925 que com sua esposa dona Izabel teve 11 filhos. Disse que o Hipólito Alexandre da Cruz era seu freguês. Que descia a “Serra Acima” com o que tinha e aqui vendia tudo. Hipólito, farmacêutico popular e enfer-meiro da época, dizia que não se devia comprar nada fiado, principalmente de pessoas que tinham tanto trabalho pra descer a serra. Imaginar que seu Dito com os filhos mais velhos e a esposa cuidavam só de vinte mil pés de bana-na. Por “somana” era tirado um caminhão de banana ouro para exportação, cada cami-nhão lhe rendia 20 mil Réis cada dúzia. “A ‘portuguezada’ quando via

Feliz da vida aos 94 anos de idademas com disposição de “minino”

banana ouro ficava doido”, diz Benedito. Sempre sorridente, com um ar de que vai apron-tar alguma coisa, conta-nos que numa ocasião comprou um cação no Massaguaçu, como ninguém sabia limpar o peixe cozinhou com couro e tudo - “cozinhemo”, mas de-pois pra comer a ‘Zabé’ (espo-sa Izabel) falou que como nóis vai comê isso, comê uma lixa”, explica a situação e ria. Entrou pra prefeitura, lá fez muitos amigos e sentiram saudade quando aposentou porque era perito em afiar ferramentas. Fala com orgulho da amiza-de de 50 anos que tem com Sr. “Toshinório” Obara, ainda vivo, forte e lúcido que, vezes ou outra, se põem a conver-sar. Canoa, conta que havia bebido um “gólinho” pra criar coragem, mas não deu certo, caiu da canoa nos meio das pedras, depois disso prova-

velmente não viu rio nem mar por um bom tempo. Por falar em “arteiro” seu Dito foi pego ano passado, após um ven-daval, em cima do telhado de sua casa para arrumar as que saíram do lugar, a prova do crime - escada - esta encosta-da em sua varanda. Pena que 94 anos de história bem vivi-da não cabem nestas folhas, mas quem quiser saber mais é só levar um bom baralho, uma boa conversa pra uma boa prosa, disposição e uma costela pra fazer na panela de pressão, mas do jeito que seu dito sempre faz, com bastante gordura. Era o que tava chei-rando quando da sua entrevis-ta ao JMN, detalhe: numa pa-nela de pressão de sete litros. Dizer parabéns a uma bibliote-ca ambulante ainda é pouco. Certamente faltarão adjetivos, mas mesmo assim Parabéns seu Dito!

Página 6 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

A importância da Arte

Meu nome é Enzo Luiz Girane Lopes tenho 9 anos sou mora-dor do bairro da Maranduba.Alguns meses atrás eu desco-

bri que tenho crises de ansie-dade. Mas antes de tudo isso acontecer eu pratiquei aula de artes durante um ano, com uma pessoa muito especial chamada Ana Luiza Nogueira.

Ela me ensinou algumas técni-cas e com isso hoje em dia du-rante minhas crises eu as uso para desenhar. Quando eu de-senho eu sinto como eu não ti-vesse nada e logo tudo passa, o que eu estou sentindo passa e me sinto livre, e eu me sinto bem. Esta é a importância da arte na minha vida.

ANUNCIE:

(12) 99714-5678(12) 3849-5784

JornalMaranduba News

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 7

No último dia 24, alunos do colégio Áurea Moreira Rachou, integrantes de um projeto pe-dagógico mais em sintonia com as realidades locais da região, participaram de uma aula de campo no quilombo Caçandoca. Os alunos tiveram a oportunidade de entender os temas explicados em sala de aula agora de forma vivenciada dentro da realidade histórica local e presenciaram o modo de vida e a as atividades que os caracterizam como atores diretos do processo civilizatório nacional. Receberam informações so-

bre o histórico de luta e con-quistas do lugar, das suas rela-ções sociais e ambientais, dos bens tangíveis e intangíveis, seus patrimônios, suas dificul-dades, conheceram os espaços comuns e familiares. Mario Ga-briel do Prado, presidente da associação destaca a importân-cia desta iniciativa explicando que “as escolas e os colégios são sempre bem-vindos, no caso do Áurea há muitos alu-nos do quilombo, essa visita pedagógica reforça a importân-cia do território aos moradores e principalmente aos alunos do quilombo que serão o futuro do lugar, importante também para que os alunos de fora do território conheçam a realidade deste espaço quilombola”. Mario agradece a todos que

colaboraram com a atividade, principalmente ao coordenador João Borzi, ao diretor Renato Felismino e aos quilombolas Wagner Alexandre, Isabel dos Santos Prado, Mauro Mendes e Izaltina Maria. Fato é que os alunos que lá estiveram que-rem saber quando voltarão para vivenciar outras experiên-cias na Caçandoca.

Alunos do Colégio Áurea fazem Turismo Rural Pedagógico na Caçandoca

Nas últimas luas cheias e novas de abril a maio, quilombola e voluntários do projeto Terra de Guaiamum se desdobraram para observar e proteger o período mais sensí-vel da espécie - a andada ao mar para lavagens das ovas. Foram tardes chuvosas e tem-po ruim, mas o pessoal não desanimou. Foram colocadas faixas indicativas e placas pro-duzidas pelo pessoal da MAR-SUL. Mais aliviados os quilom-bolas e voluntários do projeto comentam o que viram após o término desta empreitada. Desta vez, conta um dos ob-

servadores, os caranguejos saíram todas as luas com mais tranquilidade e freqüência, na última lua cheia de maio foi possível observar o aumen-to exponencial do número de guaiamuns indo ao mar para fazer o que foi programado pela natureza. Também foi realizado um

vídeo com a andada da es-pécie indo ao mar. A idéia é manter e recuperar o único mangue - mais intacto da re-gião - próximo de pessoas,

Terra de Guaiamum protegendo a espécie na Caçandoca

que ainda não sofreu com a destruição ou desmantela-mento causado pela especu-lação imobiliária. È a geração do presente cuidando para a qualidade de vida das futuras gerações. Participe! É um belo espetáculo e por

enquanto só em uns poucos lugares ainda é possível assis-tir esta maravilha da natureza e graças aos quilombolas e voluntários do Terra de Guaia-mum o quilombo Caçandoca é um destes lugares.

Página 8 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

Alguns dos caminhos originais quando por aquias pessoas viviam em paz com a natureza

Ezequiel dos SantosJosé Manoel dos San-

tos (Zeca Pedro), 79 anos, caiçara, músico, dendrolo-gista, biblioteca ambulante, observador de aves, tem, em seu enredo de vida, relações direta com o processo de for-mação do país, mas poucos se interessam. Num dedo de prosa e em menos de minutos ele aponta alguns dos “car-reiros” que formam a nossa região. Poucos se lembram, mas muito de nossas ruas, rodovias e estrada já foram “carreiros”, que depois vira-ram trilhas, depois caminhos e depois acessos, ruas, estradas e assim vai. O maior exemplo é a rodovia dos Tamoios e a Oswaldo Cruz.

Através dos “carreiros” dá pra entender a forma-ção e o sentido do povo

brasileiroDas bravas, para fabrico de

polvilho, beijus, farinha esta-vam a “Mucaém”, “Ruivinha”, “Saracura”, “Vassourinha”, “Cutiparéce”, destas, seu cal-do poderia abater um porco do mato. Das mansas a “Doce vermelha” e por último a “Ca-tarinense”, estas, para comer cozida com “misturas” da épo-ca. Eram as ramas de man-dioca vistas pelos caminhos antigos por aqui, longe das casas e das pessoas porque a roça sempre foi itinerante, variada em produtos, onde a terra possuía outros valores e sentidos. Perfazendo a partir da divisa da “préia” do Sapé com a Lagoinha havia o car-reiro do morro do Pontal que alcançava o do Ingá, que era por cima do morro até o Ser-tão da Quina (ainda existem vestígios), no sentido oposto,

partindo do Ingá, na direção norte, há o carreiro da Joatin-ga que leva ao Corcovado. Neste espaço havia o carreiro

do baixão da serra (caminho antigo serra - litoral), de onde no meio do caminho - parte alta - chagava ao cacaueiro. Já para quem vinha pela praia para ir ao Rio Grande (barra do rio) ou a Lagoinha tinha no meio o carreiro do Morro do José Joaquim, onde era pos-sível alcançar as terra dos Pe-reiras e dos Rosas.

“Bassoura Rainha”

Residencia simples de morador tradicional na Pedra Preta decada de 60

No meio do caminho era comum encontrar os pés de “bassora Rainha” (mato ralo, baixo, porém de aroma agra-dável) muito utilizado para “barre” (varrer) dentro de casa e a vassoura do mato, sem perfume, usada para o lado externo da casa e quin-tais. Há ainda o carreiro do campo que vai pra Serra Aci-ma, que era o mais usado pra negócios, da pra ir ao Tom-bo (Nossa Senhora da Água Branca) ao acesso a Vargem Grande.

Estrada das Bananas no Araribá decada de 1950

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 9

Uma sociedade solidáriaVindo pro sul tem o carreiro

do Anjo Mal, que leva ao car-reiro do Tabique ao carreiro Peixe Galo. Por estas bandas chega-se ao Espigão do Ma-moeiro, Espigão da Batalha, pro baixio do Sertãozinho, Garganta do Taquaruçu. Sem esquecer o carreiro da La-ranjeira, onde ninguém “se alembra” de quem plantou aquelas frutas lá. Imaginem caminhar no escuro já não ha-via o tal “farolete” ou “fachi-láit” (flashlight) como diziam, era tudo “alumiado na quero-zena” (querosene). No Araribá o famoso carrei-

ro do Pau Lavrado, do Pau da Mulher, do mamão do Mato, do Figueirão, do Cavado, Ran-cho do Tudinho, Pedra do Ja-taí (Pedra do Limão), Laran-jeira, alguns levavam ao da Pedra do Rancho do Lampião, onde havia na esquina do car-reiro uma gigantesca figueira de quase 60 metros. Não po-demos esquecer-nos do car-reiro da Fazenda Velha que já sai no carreiro que leva a Fa-zenda Mococa e ao carreiro do Poço Verde. Os lugares e seus nomes no dão uma exata ima-gem de como eram os olhares dos nativos, da sua forma de pensar e de agir.

Uma sociedade solidáriaEra uma sociedade solidária

até a abertura da rodovia e do-nos de terras fantasmas apa-recerem, diz o entrevistado, porque “o mundo era um luxo de se viver, tão rico de aves, peixes, de raízes, de frutos, de flores, de sementes, de músi-ca, de fé. Vivíamos o hoje, o amanhã a Deus pertencia, o relógio era o sol ou a barriga, tudo era dividido, ninguém pegava nada de ninguém sem ordem, nosso despertador era o galo”, comenta. “As rique-zas que acumulávamos eram

a sabedoria e a amizade, não juntávamos outras riquezas para trocar pela saúde no fi-nal da vida. Nossas variadas atividades nos permitiam uma natureza sadia, limpa, livre, intacta, assim podíamos ser nós mesmos até para darmos nomes a nossos carreiros. Hoje vejo muita gente que

não nos enxerga andando so-bre ruas e estradas que um dia foi nosso carreiro, nosso cami-nho pra casa”. Zeca Pedro la-menta ainda do mau trato que dão as coisas da natureza por conta da ganância, estupidez, ignorância e falta de fé. Mas acredita que a educação pode fazer toda a diferença.

Subida do Sertão da Quina II - Pedra Preta - decada de 30

Página 10 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

Praia da Lagoinha - Foto: Emilio Campi

Elilde BrowningAutora dos livros “E assim foi a vida” e “Crônicas de um tempo infinito”.

O fascínio do marElilde Browning

Há muitas pessoas que nunca viram o mar. Apenas nos ma-pas e em fotografias. Elas não têm idéia do fascínio que ele exercer sobre nós quando o vemos pela primeira vez. Con-viver com o mar é um privilé-gio para muitos. Sentir o mar é um prazer incomensurável. Imaginar o que se esconde debaixo daquele imenso volu-me de águas em tonalidades diferentes do verde escuro ao clarinho, em muitas nuances de azul ou até cinzenta nos dias nublados ou chuvosos é um desafio para os nossos olhos. Presenciar o quebrar das ondas na praia num tom suave e por vezes nem tanto é como se estivéssemos ou-vindo uma música em diversos compassos e com instrumen-tos musicais diferentes, porém todos em sintonia.É uma das mais belas cria-

ções de Deus. A cada seis horas uma mudança do vo-lume de águas invade a praia ou recua. É o que chamamos de maré alta e maré baixa. A praia e o mar se entrelaçam numa perfeita simbiose da natureza. Vi o mar pela primeira as

onze anos de idade. Apaixonei--me e nunca mais me separei dele. A nossa casa situava-se na praia do Malhado em Ilhéus na Bahia. Ao sair de dentro de casa estávamos literalmente sentindo aquela areia branqui-nha que se moldava no con-torno de nossos pés.Em noites de lua cheia é um

espetáculo que enche os olhos de prazer e a nossa alma de felicidade. Vê-la surgindo, de-vagarzinho, de dentro do oce-ano é uma grandiosidade que sentimos que Deus existe.Em minhas viagens pelo

mundo vi mares diferentes. Quando se viaja de Miami para Key West pela rodovia US1 temos o golfo do México de um lado e o oceano Atlânti-co do outro. E a estrada segue no meio desafiando este gran-de poder da natureza que é o mar. Há pontes imensas que se ligam àquelas pequenas ilhas num espetáculo de rara beleza. Ao entardecer quando o sol situa-se na direção da ro-dovia, transitar por ela é um deslumbramento incompará-vel.No meu livro “E assim foi a

vida” o mar foi alvo de mui-tos momentos de felicidade, quando navegamos em nos-so barco pelo mar do Caribe. Acredito que este é um dos mais lindos de muitos que co-nheci. Os peixes nadam em sua presença ignorando que estão sendo vistos por nós.O nosso cantor e composi-

tor Dorival Caymmi exaltou a beleza do mar em muitas canções. Quem não se lembra desse verso: “O mar quando quebra na praia é bonito é bonito!!!!” . Também quando a jangada volta sozinha do mar. Aquele pescador morreu nas ondas verdes do mar. “É doce morrer no mar, nas on-das verdes do mar!. Ninguém no mundo foi tão sensível as belezas do mar como ele. As lembranças de suas composi-ções serão eternas.Jacques Cousteau o mais fa-

moso oceonógrafo fez um documentário denominado “O mundo silencioso” sobre o mar trazendo-nos conhecimentos preciosos e a beleza impar de suas profundidades. A bordo do seu navio Calypso fez mui-tas pesquisas e filmes extra-ordinários, cujas imagens são deveras impactantes.

Há um personagem da li-teratura americana o velho Santiago do livro “O Velho e o Mar”de Ernest Hemingway que depois de 84 dias que não conseguia pescar um só peixe , fisgou o maior de toda a sua história de pescador. O desfe-cho desse episódio é emocio-nante e nos dá uma dimensão ampla do envolvimento do homem com o mar. Os diálo-gos que ele trava com o mar naquela solidão infinita é algo que a nossa imaginação tenta captar de maneira real e qua-se não consegue.Foi, também, numa praia de

Miami que depois de 33 anos de espera encontrei o grande amor da minha vida. E neste lugar as suas cinzas foram jo-gadas no oceano. O meu cora-ção, a minha mente e a minha alma têm lembranças memo-ráveis do mar.Quando vim morar em São

Paulo apesar de estar numa corrida louca para realizar os meus grandes sonhos de trabalhar e estudar sentia de vez em quando um estado de melancolia que eu não sabia explicar. Um dia detive-me a vasculhar a minha mente e a resposta foi visível:- “A sua alma está triste porque você não vê o mar há algum tem-po.” Foi verdade.Onde eu morava tinha algu-

mas amigas que conheciam o litoral sul e norte de São Pau-lo e um dia conversando com elas externei o desejo de re-ver o mar. Havia um feriado prolongado a seguir e combi-namos que naqueles dias virí-amos a Ubatuba. Todos conhecem a poluição

que envolve a cidade de São Paulo. Na proporção que nos afastávamos o ar ia se reno-vando e quando chegamos

no topo da montanha onde se avista todo o litoral Norte paramos o carro e respiramos o aquele ar perfumado numa mistura perfeita de pureza, nutrientes do mar e o oxigênio da vegetação. Aquele momen-to, foi como um renascer nas lembranças das minhas afeti-vidades com o mar.Deus escolheu as pessoas

que deveriam morar no lito-ral norte de São Paulo. Somos todos privilegiados por des-frutar desse paraíso: um mar esplendoroso, vegetação va-riada e por vezes florida, ilhas que brotam em diversos luga-res, praias de mar calmo ou agitado, areia branquinha e uma quietude ensejando uma meditação contínua. Há ainda o descer da serra

que enche os nossos olhos de encantamento e os desafios dos abismos à nossa volta, fa-zendo-nos refletir como Deus foi grandioso quando decidiu construir esse lugar. Ele es-tava em um dos grandes mo-mentos de inspiração. As pessoas que vêm de di-

versos lugares e pela primei-ra vez ficam extasiadas com tudo que vêm aqui e sempre retornam porque o bem-estar

que elas sentem enseja uma volta para sentir a felicidade que esse pedaço do mundo proporciona.Não podemos escolher o

lugar de nosso nascimen-to, mais podemos escolher o lugar para morar e foi aqui nesta região que desde 1975 tenho uma vivenda para des-frutar de tudo que Deus houve por bem me proporcionar.SEDE BEMVINDOS AO LITO-

RAL NORTE DE SÃO PAULO. Nós os esperamos de braços abertos e com a hospitalidade que nos é peculiar.

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 11

Caiçara da divisa recebe honraria da CâmaraNo último dia 24 de abril,

na ocasião da celebração dos 162 anos de emancipação política - administrativa de Caraguatatuba, nas depen-dências do Teatro Mario Covas naquela cidade, o caiçara Luiz de Oliveira foi agraciado com a mais distinta honraria da cidade. Ele recebeu, em ses-são solene, das mãos da ve-readora Salete Maria de Souza Paes-PTB o título de Gratidão Caiçara. A homenagem dos vereadores é para aqueles que, de alguma forma, pres-taram relevantes serviços ao povo caraguatatubense. Luiz de Oliveira e seus irmãos re-vezam as atividades entre a ilha do Tamanduá e outros serviços no sul de Ubatuba e norte de Caraguatatuba. Luiz é natural da Praia do Sul na Ilha do Tamanduá, onde, jun-to com outros irmãos, ainda trabalham cotidianamente na pesca e no atendimento a tu-ristas em épocas de feriados e temporada. O local mantém árvores frutíferas e estruturas antigas de quando moravam lá sem perturbação, da roça os vestígios e os caminhos uti-lizados, excelentes para turis-mo e educação. Ilha com opção e vidaO lugar é herança dos pais

Francisco Jorge de Oliveira e Alzira de Oliveira, que lá em-barcaram ainda na década de 1960. Antes, porém, impor-tante saber que a trajetória de

vida destes caiçaras genitores tem ralação direta com ilhas. O pai, Francisco é natural da Ilha da Vitória, passou pela Ilhabela e se instalou no Tamanduá, a mãe, Alzira, é natural da Ilha Grande/RJ, passou pela Ilha do Mar virado até chegar ao Tamanduá. Os 11 filhos do ca-sal nasceram em ilhas também como Mar Virado, Tamanduá, Ilhabela, Búzios, por exem-plo. A liberdade e a genética caiçara do mar fizeram com que todos optassem por se manter no local até a espe-culação imobiliária e outros interesses entrarem em cena dificultando o modo de vida e continuidade do saber caiçara.ResistênciaA homenagem, segundo Luiz

de Oliveira, estende-se a to-dos da família e as pessoas que resistem as armadilhas modernas para que a cultura

caiçara seja dizimada. Este foi um dos motivos do título, outro é a mostra da vida em ilha a todos os outros muní-cipes que buscam entender suas origens, entender par-te do processo de formação do povo brasileiro a partir de Caraguatatuba. No evento, além de familiares, participou a esposa Lucilene Maria e o fi-lho Luan Henrique. Luiz foi pa-rabenizado pela comunidade, amigos e demais familiares.

Página 12 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

Chacina na Ilha Anchieta - Tiroteio na invasão e retomada da Ilha “Parte 45”Jornais da época enviaram seus melhores repórteres para descrever a maior rebelião do planeta que aconteceu em nossa região, sobreviventes ajudam a contar a história.

Ezequiel dos Santos“Diário da Noite” de

24/06/1952 é agora noticiada pelo renomado jornalista Aus-tregésilo de Athayde onde de-talha os relatos seguintes aos acontecidos na região confla-grada. As matérias detalham fa-lhas na composição das noticias e mostram fotos de recaptura-dos sendo carregados em pa-diolas a qual recebeu o titulo de “Um dos bandidos, fotografado no local em que foi abatido, é transportado pelos compa-nheiros de fuga. O sentencia-do que aparece segurando a padiola é o famoso “Portuga”, que foi dado como morto por um matutino”. Porém a polemi-ca, já que a imagem mostrada não se tratava de Portuga e sim de uma imagem publicada em o “O Cruzeiro”, n.º 39, de 12/7/1952 (“uma fisionomia lombrosiana”). Em seguida é mostrada uma

Porta gradeada de uma cela da cadeia de Paraty com três presos em seu interior; legen-da: “Vitor Zano (?), Onorelino e Adelino, mais três fugitivos presos ontem”; depois um gru-po de grupo de recapturados perfilados na parte de fora da cadeia de Paraty sendo obser-vados por autoridades policiais; legenda: “Depois da resistência, em que se empenharam, tro-cando cerrado tiroteio com as forças policiais, os bandidos, fa-mintos e vencidos pelo cansaço se rendem. Humildes, levantam as mãos e pedem clemência”. Outra imagem trata do recap-

turado em companhia de au-toridades e repórter; legenda: “Flagrante sensacional focali-zando a prisão de um dos cri-minosos, na qual também cola-borou o representante do Diário da Noite que aparece de capa em primeiro plano”. Na pagina

4 - continuação de espetacular diligencia - sob o titulo de “Dili-gencia espetacular, apesar de dado como morto, a polícia cap-turou “portuga”. Esta matéria foi o furo que todos esperavam. Os repórteres falam do regresso da “Fazenda da Santa Clara” em companhia do major Desgardes Gaiva, da 2.ª Região Militar, em São Paulo, que comandava o contingente do Exército que para Parati se transportou a fim de reforçar as tropas policiais que dão caça aos fugitivos da Ilha de Anchieta. Os repórteres relatam que participaram de uma penosa diligencia na qual também tomou parte o delega-do Nicolau Mario Centola, titular de Ordem Política de São Paulo e um pelotão da Força Pública do Estado do Rio.Eram 17 horas, aproximada-

mente, quando tal grupamen-to armado localizou, no Morro do Corisco, um grupo de oito revoltosos. Policiais e fugitivos procuraram posição rapida-mente e logo irrompeu forte tiroteio. A fuzilaria só terminou quando o soldado Leonardo Guilherme, do Exercito, acertou um dos fugitivos, que caiu va-rado por uma bala na cabeça. Os outros sete criminosos vi-ram que a resistência de nada valeria e, levantando as mãos, pediram misericórdia. Foram aprisionados, então Consta-taram os mantenedores da lei que entre os detentos que aca-bavam de recapturar estava um dos chefes da rebelião da Ilha de Anchieta, o perigoso “Portu-ga”, que se chama Álvaro Farto de Carvalho. Os seus liderados, agora pre-

sos, eram Alcides Saldanha, Pedro Flores Galante (?), Moa-cir Candido, Milton Batista Ger-mano e José de Souza. Quanto ao morto, soube-se, apenas,

que seu nome é Miguel. Antes, mesmo esse mesmo

(sic) grupo de revoltosos ha-via dado combate, em Pedra Branca, a um destacamento do Exercito, comandado pelo tenente Moacir de Freitas, e a um pelotão da Força Publi-ca, comandado pelo sargento Câmera. Nessa ocasião, disper-sou-se do bando o sentencia-do Antonio do Carmo, que foi preso na estrada, sem opor a menor resistência, por vários repórteres entre os quais se encontravam os enviados espe-ciais do DIARIO DA NOITE. O detento foi entregue às autori-dades e recolhido ao xadrez.

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 13

Aves da nossa Mata Atlântica – Saí-azul

O que dizer desta pequena ave que adulta mede de 11 a 13 centímetros e pesa em tor-no de 15 a 16 gramas e tem cara de invocado? Pelo peso e tamanho parece não fazer di-ferença em nosso habitat. Mas faz toda diferença, cada ser é único nesta trama da mãe ter-ra. Vamos lá! Seu nome cienti-fico é Dacnis cayana: do (gre-go) daknis = tipo de ave do Egito, mencionado por Hesí-quio e pelo gramático Pompeu Festo; do (latim) cayana, caya-nensis, cayanus = referente a Caiena na Guiana Francêsa. Ave de Caiena.

Também conhecida por saí--bico-fino, saíra-de-bico-fino, azulego, saí-bicudo, mas tam-bém foi encontrado na literatu-ra como dacnis azul (na língua espanhola). Embora mais conhecido por

seu azul/negro a fêmeas tem coloração mais pro verde. Ave de fácil visualização por en-quanto, a não ser que destru-am mais do seu habitat como os remanescentes florestais que acompanham os rios de médio e grande porte, matas abertas, plantações no interior de matas e até mesmo jardins. Nestes espaços esta ave busca

por sementes, grilos, lagartas, mariposas, besouros, larvas, borboletas e aranhas. Compar-tilham as mesmas flores que o beija-flor, em busca de néctar e também de insetos. Também são vistos em comedouros de frutas se bem cuidados. Mas em roça não podem ver

goiabas, mamão, caqui e ba-nanas, além disso, são apre-ciadores de cenoura, beterra-ba, escarola, serralha e couve. Seu ninho é interessante pois tem a forma de uma taça bem profunda, é a fêmea que cons-trói o ninho com finas fibras de vegetais e ramos. O macho é o guarda-costas do ninho na

época da reprodução além de prover alimento a parceria du-rante esse período. Minúsculos, os ovos são ge-

ralmente entre dois a três no ninho, duram 13 dias e o filho-te ao sair já se torna indepen-dente dos pais com 35 dias de vida. O casal costuma ter de 2 a 4 ninhadas por temporada. Seu aparecimento indica que o ambiente ainda está agradá-vel, com um certo equilíbrio. Por sorte o Saí-azul não se

encontra na lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), por enquanto!

Fêmea

Macho

Fotos: Antonio de Oliveira ”Tio” /PROMATA

Página 14 Jornal MARANDUBA News Junho 2019

O dia em que Cunhambebe fugiu!Para deixar registrado nos anais da história ubatubense iremos republicar a brilhante trilogia das crônicas de Renato Nunes, que através de seus “poderes”,

consegue contato com o grande cacique destas paragens. Por ser uma obra de ficção, qualquer semelhança com fatos reais poderá ser (ou não) mera coincidência.

5 de maio de 2008 às 14,30 horas, nesse dia e nessa hora Cunhambebe fugiu. Foi embo-ra de Ubatuba. Largou tudo e deu no pé!Nunca poderia imaginar que

isso fosse acontecer. Eu ia an-dando pelo centro em direção ao calçadão quando vi o velho índio. Parecia que mais nin-guém o estava vendo. Vinha todo torto, tropeçando nas pessoas, chutando as bicicle-tas jogadas na calçada, não sabia por onde andar.De repente deu de cara com

um carrinho de lanche que ocupava toda a calçada e pu-lou para a rua. Foi o que bas-tou. Duas bicicletas vindo em sentidos opostos junto ao meio fio, uma com uma mulher e duas crianças e outra com um sujeito forte e mal encarado trombaram com ele sem dó. Pegaram o índio em cheio. As crianças quase caíram e a mu-lher teve um ataque histérico. Gritava muito. O homem mal encarado apenas xingou, mas disse em voz bem alta todos os palavrões que aprendera no inferno. Ninguém ligava, nem para o índio, nem para a cena.Conseguindo se safar, o ca-

cique penetrou no calçadão, logo ali no começo em frente ao antigo Banespa. Deu uns dez passos e parou. Ficou es-tático e aterrorizado. Aqueles dois que haviam trombado com ele na rua parece que ti-nham se multiplicado. Era uma imensa multidão mal vestida, mal encarada e milhares de bicicletas por todo lado. Lar-gadas pelo chão, amontoadas junto aos trambolhos que cha-mam jardineiras, amarradas nos postes, nas portas das

lojas. E no meio disso tudo vendedores de bugigangas, de doces, ervas esparramadas sobre uma lona no meio de um dos poucos caminhos que so-braram.Refeito do choque o índio

se enfiou por aquela bagunça em direção ao mar que avis-tou ao longe através da praça da Igreja. Travou novamente quando chegou ao fim do cal-çadão. As coisas ficaram pio-res. Foi puxado para o meio de uma roda de gente por um sujeito que engolia vidros. O cara queria que ele o ajudasse

a mostrar ao distinto público como engolir cacos de vidro era fácil até para um índio. Deu um safanão no desabusa-do, saiu do meio da roda e deu de cara com duas viaturas da polícia estacionadas bem no meio do calçadão, do lado do grupo que olhava o engolidor de vidros.Alguém gritou: “péraí índio,

fugindo do que?” Um policial sem saber do se tratava, mais que depressa segurou o fujão. Do meio da multidão se ouviu: “é isso aí seu guarda, prende esse índio, eles só aparecem

por aqui pra vender palmito e tomar cachaça.” E um ou-tro gritou: “e ficam vendendo mandioca também, num sabe que é proibido? Pra cortá pal-mito e plantá mandioca tem que cortá o mato e esses índio finge qui num sabe qui é proi-bido cortá o mato, prende ele seu guarda.”Sem entender nada do que

estava acontecendo o cacique falou que não queria vender nada, que só queria ir até o mar e pegar sua canoa. Aí sim é que a coisa pegou. Apare-ceu um sujeito com cara verde

e disse que ele podia esque-cer a canoa, canoa serve pra pescar e isso assusta os pei-xes e eles não voltam mais. E não é só canoa, disse ele, não pode também sair com bar-cão ou lancha, nada pode. E arrematou: “aqui em Ubatuba não pode cortar o mato, fazer casa nova, plantar mandio-ca, pescar. E passear de bar-co também não porque por aqui não pode ter lugar para desembarcar. Aqui só pode fazer cocô. Quanto mais, me-lhor. Quanto mais perto dos rios, dos riachos e das praias melhor, pode fazer o quanto quiser. Você, sua família, seus amigos, o pessoal que vem do Vale, todo mundo pode.” Ouvindo isso o cacique

Cunhambebe se enfureceu. Endureceu a fisionomia, em-pinou o corpo assumindo uma posição arrogante e extrema-mente agressiva e bradou: “vocês são loucos, estou há mais de quatrocentos anos cuidando da minha maldição pra me vingar de vocês e ago-ra vejo que não preciso mais me lixar com isso. Vocês mes-mos sabem se arrebentar sozi-nhos. De tanto fazer asneiras e inventar regra errada no lugar errado vocês não sabem mais viver com a natureza e isso vai acabar com ela. Sem ela não vivo nem morto, vocês que se lixem, tô fora. Fui!” Sumiu, nem se despediu de

mim que o encontrei no meio da História e com quem con-versei tantas vezes. Daqui em diante arrumar esta cidade está por nossa conta, será que vamos conseguir?Crônica de Renato Nunes08/05/08

Junho 2019 Jornal MARANDUBA News Página 15

Coluna da

Adelina Fernandes

Dia dos Namorados

ANUNCIE:

(12) 99714-5678(12) 3849-5784

JornalMaranduba News

Namorar é um estado de es-pírito. É olhar com olhos de “cachorrinho sem dono” pe-dindo colo. É sair por aí pulan-do de alegria. É fazer vozinha de neném para ser carinhoso. É ser ridiculamente meloso e conscientemente sedutor.Namorar é bom, e porque

envolve carinho e cumplicida-de sem a pesada responsabili-dade de casais casados e com a certeza de que amanhã o te-lefone vai tocar, coisa que os “ficantes” nunca sabem...O Dia dos Namorados é cer-

tamente mais uma data co-mercial, mas se pensarmos bem tem uma certa utilidade prática entre os adolescen-tes. Nos dias dos namorados muitas pessoas descobrem que estão namorando e isto se torna o acontecimento do ano. Ou, os menos afortuna-dos, descobrem que não.No dia dos namorados, na-

moradas se produzem. Logo identificamos alguém cuidado-samente maquiada num tubi-nho preto, meias 5/8 (existe alguma coisa mais sexy que meias 5/8). E namorados en-louquecem...Só no Dia dos Namorados

se curte de verdade poesia, chocolate e bichinho de pelú-cia. Nos outros dias nenhuma música romântica é tão bem--vinda. Se a gente olhar di-reitinho, nem os passarinhos cantam com tanta alegria.E ela com tão pouca idade

me mostra seus presente. É que a pequena já tem dois na-morados, ainda não se deci-diu. E o pequeninho briga com a mãe que não comprou o presente da namorada dele... Por que criança gosta tanto de namorar?Namorar tem gosto de brin-

cadeira, é divertido. É como tomar sundae todos os dias e

nunca ficar resfriado. É beijo com sabor de hortelã. É pes-coço perfumado. É passear de mãos dadas. É falar horas e horas ao telefone. É escrever juras eternas, cartas infini-tas...Pensando no sentimento

gostoso que nos invade em dias assim tenho vontade de declarar um dia dos namora-dos a cada mês, talvez toda semana. A mais importante comemoração é deixar o co-ração aberto para voltar a ser criança e agir livremente.E por que não dizer “eu te

amo”? Uma demonstração de amor vale mais do que uma declaração, mas é importante declarar. É importante expres-sar o que se sente, desde que o sentimento venha mesmo do coração.Todos os dias foram feitos

mesmo para namorar.Andréa Bianchi