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Interpretação dos Sonhos em Jung

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  • 08/05/2015 Algumas consideraes acerca dos Sonhos na Abordagem Junguiana Parte I Jung no Espirito Santo Site de Fabrcio Moraes

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    A psicologia dos sonhos uma rea fundamental dentro da psicologia do inconsciente. Dessa forma, compreender os

    sonhos e o seu papel na psique fundamental para todo aquele que se interessa pelo inconsciente, seja por motivos

    profissionais ou por motivos pessoais, como autoconhecimento. O que chamamos de psicologia dos sonhos se refere

    ao estudo ou a ocupao cientfica com os sonhos, contudo, no podemos perder de vista que em todos os tempos os

    humanos sempre se ocuparam dos sonhos, compreendendo neles a possibilidade de descobrir a vontade dos deuses

    ou mesmo para compreender e tratar doenas.

    A psicologia dos sonhos se configura efetivamente no contexto cientfico com Freud, atravs de seu impressionante

    trabalho A interpretao dos Sonhos (1900). Com esse trabalho, Freud inaugurou, por assim dizer, a psicanlise. A

    importncia da teoria dos sonhos era tamanha que, em 1932, em suas novas conferncias introdutrias ao falar acerca

    de sua teoria dos sonhos Freud afirmou que Esta ocupa um lugar especial na histria da psicanlise e assinala um ponto

    decisivo; foi com ela que a psicanlise progrediu de mtodo psicoteraputico para psicologia profunda. (FREUD, 1996,

    p.17)

    A concepo de Freud acerca dos sonhos estava intimamente relacionado com sua teoria sexual. De tal forma que, para

    Jung, se tornava impossvel sustentar o mtodo freudiano de interpretao dos sonhos. Assim, concepo acerca dos

    sonhos comeou a se configurar com a aps a ruptura com a psicanlise. Segundo Jung,

    Depois da ruptura com Freud, comeou para mim um perodo de incerteza interior, e mais que isso, de

    desorientao. Eu me sentia flutuando pois ainda no encontrara minha prpria posio. O que mais almejava nesse

    momento era adquirir uma nova atitude em relao aos meus doentes. Em primeiro lugar decidi confiar

    incondicionalmente naquilo que contassem de sobre eles mesmos. Pus-me, ento escuta do que o acaso trazia.

    Constatei logo que relatavam espontaneamente seus sonhos e fantasias; eu apenas formulava algumas perguntas,

    tais como o que pensa disso? ou: Como compreende isso? De onde vem essa imagem? Das respostas e

    associaes apresentadas por eles, as interpretaes decorriam naturalmente. Deixando de lado qualquer ponto de

    vista terico, apenas os ajudava a compreender por si mesmos suas imagens.

    Logo percebi que era correto tomar, como base de interpretao, os sonhos tais como se apresentam. Eles so o

    fato do qual devemos partir. Naturalmente meu mtodo engendrou uma variedade de aspectos quase inabrangvel.

    A necessidade de um critrio tornou-se cada vez mais premente, ou melhor, a urgncia de uma orientao inicial pelo

    menos provisria. (JUNG, 1975, p.152)

    Assim, como veremos, a concepo de Jung acerca dos sonhos no deriva da psicanlise ou da relao com Freud,

    muito pelo contrario, foi justamente o afastamento da psicanlise que permitiu Jung ter uma compreenso dos processos

    onricos a partir dos prprios pacientes. Neste texto, procurarei discutir, em linhas gerais, o desenvolvimento a

    concepo junguiana do sonho assim como alguns aspectos a compreenso dos smbolos e anlise dos sonhos.

    Os sonhos

    No geral, no h uma conceituao ampla e unvoca acerca dos sonhos. Os conceitos ou definies variam de

    abordagem, ou mesmo de autor para autor. Dessa forma, para nortearmos nosso texto, gostaria de usar duas noes

    acerca dos sonhos que considero fundamentais.

    o sonho uma vivncia impressionante que ocorre durante o sono() ele uma vivncia que provoca

    mudanas(KAST, 2010, p.35)

    Algumas consideraes acerca dos Sonhos naAbordagem Junguiana Parte I

    Posted on fevereiro 15, 2013 by Fabrcio Moraes

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  • 08/05/2015 Algumas consideraes acerca dos Sonhos na Abordagem Junguiana Parte I Jung no Espirito Santo Site de Fabrcio Moraes

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    sonho uma auto-representao, em forma espontnea e simblica, da situao atual do inconsciente(JUNG,

    2000, p. 201).

    Essas duas noes nos servem de norte para pensarmos os sonhos, pois, o sonhos so vivencias interiores, que

    provocam mudanas, justamente por nos colocar diante de nossa verdade mais profunda. Assim, os sonhos nos

    oferecem uma possibilidade de olharmos para nossa vida por uma outra perspectiva, sem as limitaes da conscincia.

    O enfoque de Jung sempre esteve relacionado com a aplicao prtica da analise dos sonhos, assim, no foi realizada

    uma sistematizao geral dos sonhos. Assim, indicaremos algumas tentativas realizadas por Jung para clarear a teoria

    que fundamenta a analise dos sonhos. De forma geral, apresentarei elementos que nos auxiliam como pano de fundo

    para o processo de analise dos sonhos.

    O que causa os Sonhos?

    Em seus seminrios sobre sonhos de crianas, Jung prope alguns fatores que podem causar sonhos, esses fatores

    no so exclusivos ou definitivos, mas, nos permitem ampliar, avaliar e direcionar nossos questionamentos acerca do

    sonho. Assim, segundo Jung, os sonhos podem ter sua origem relacionados a:

    1- Fontes somticas: percepes corporais, estados patolgicos ou indiposies fsicas. Pode tratar-se de

    manifestaes corporais que, por sua vez, so ocasionadas por processo psquico totalmente inconsciente.(JUNG,

    2011, p.20).

    Eu me recordo de ter lido h alguns anos uma matria num jornal local, um histria de um homem que sonhou que havia

    cado e ferido a cabea, o sonho o deixou to impressionado que ele buscou um mdico, solicitou exames e verificou

    que ele possua um tumor no crebro, que estava em fase inicial, e pode realizar o tratamento. Na antiguidade os sonhos

    eram considerados como fonte de diagnsticos e indicavam o tratamento para problemas somticos. Assim, no

    podemos perder de vista que no h separao entre corpo e a psique, esses sonhos so especialmente importantes

    quando trabalhamos com uma perspectiva psicossomtica.

    2- Outros eventos fsicos que no ocorrem no prprio corpo, e sim, no meio ambiente podem influenciar o sonho:

    rudos, estmulos luminosos, frio e calor. (JUNG, 2011, p.21)

    Passei por uma experincia recente que ajuda a pensar nessa afirmao de Jung, h alguns dias tive um sonho com

    meu filho recm nascido, e, em meio a este sonho, acordo e vejo que ele estava chorando. No estamos querendo que

    os sonhos so condicionados pelos eventos fsicos, mas, que determinados sonhos podem ser infuenciados pelos

    estmulos externos justamente por que o inconsciente no dorme. Assim, esses estmulos podem se associar aos

    contedos inconscientes produzindo um sonho. Alguns sonhos podem parecer longos, mas, de fato pode durar alguns

    segundos.

    3 Acontecimentos psquicos externos ao paciente

    Os sonhos no so causados somente por fatores fsicos, e sim, tambm, por fatores psquicos. Por vezes ocorre de

    determinadosacontecimento psquicos no meio ambiente serem percebidos pelo inconsciente.

    Entre os sonhos que colecionei, h um caso onde uma criana de trs a quatro anos onde sonha com a vinda de dois

    anjos e que levantavam algo do cho e o transportavam para o cu Na mesma noite um irmozinho dessa criana

    morre.

    Outra criana sonha que a me deseja suicidar-se. Entra gritando no quarto da me que j est acorda e prestes a

    cometer suicdio.

    Desse modo acontecimentos psquicos importantes no meio ambiente podem ser percebidos. Certas atmosferas,

    certos segredos tambm podem ser plenamente farejados de maneira inconsciente. Nesses casos no sabemos

    como o inconsciente consegue absorver algo assim.(JUNG, 2011, p.25)

    A capacidade do inconsciente entrar em sintonia com o inconsciente de outra pessoa, j era conhecida e discutida por

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    Jung desde 1909, quando apresentou uma preleo na Universidade Clark, nos EUA, depois publicada sob o titulo de

    Constelao Familiar (OC II) , nesse trabalho ele apresenta o resultado de um estudo com teste de associao de

    palavras com famlias, onde foi observado em alguns casos as associaes de membros da famlia, apresentavam um

    ndice elevado de similaridade, que indicavam uma identidade psquica, p.ex., a filha estava identificada com a me que

    repetiria as escolhas e comportamentos da me, vivendo os complexos da me, numa verdadeira maldio familiar.

    Para dar um exemplo, certa vez, atendi um rapaz que me procurou com alguns sintomas de depresso, contudo, a rotina

    e as atividades e sua disposio para enfrentar e realizar mudanas no condiziam a depresso, na verdade, a questo

    estava com a me do paciente que possua uma depresso servera e crnica. O paciente era filho nico, responsvel

    pela me, assim, inconscientemente ele era contaminado pela me. Apos trabalharmos essa relao inconsciente com

    a depresso da me o paciente melhorou. Por isso mesmo, que pessoas que convivem ou mesmo cuidam de pessoas

    com doenas como depresso e Alzheimer (dentre outras), devem ficar atentos com sua prpria sade, pois, correm

    franco risco de adoecerem.

    Assim, a faculdade do inconsciente absorver a realidade circundante nos coloca diante da relao do individuo frente

    ao meio externo. Assim, o sonho ofereceria chaves de compreenso da realidade atual, objetiva e externa a esfera

    psquica do sonhador. Deste modo, alguns sonhos permitem ao sonhador ver contexto psquico no qual ele se encontra

    inconscientemente imerso.

    4 Acontecimentos passados :

    Acontecimentos passados, porm, podem igualmente entrar nos sonhos. Caso os senhores se deparem com algo

    assim , devero leva-lo a srio. Quando um nome histrico que pode ter algum significado maior surge nos sonhos,

    costumo pesquisar o real significado do nome. Pesquiso que tipo de pessoa foi designado por este nome e em que

    contexto vivia, pois desse modo podemos explicar o sonho.

    Os acontecimentos passados, personagens histricos, podem no estar claramente relacionados com o cotidiano,

    quando examinados, verificadas a relaes poderemos ter as associaes necessrias para compreender a mensagem

    sonho. Os arqutipos constituem padres basais de comportamento que podem se representar atravs de imagens

    universais.

    5 Causas futuras

    O ltimo grupo de causas, os senhores encontraram entre os sonhos que antecipam contedos psquicos futuros da

    personalidade que no so reconhecidos tais no momento presente. Trata-se desse modo de acontecimentos

    futuros que ainda no passveis de serem reconhecidos no momento presente.

    Estes contedos apontam para aes ou situaes futuras do sonhador que no se baseiam em absoluto na

    psicologia atual do paciente. (JUNG, 2011, p.29)

    Este ltimo grupo interessante por apontar a tendncia natural do inconsciente em se direcionar para o futuro ou a

    etapa posterior do desenvolvimento. Jung j afirmava que no apenas o passado que nos condiciona, mas tambm o

    futuro, que muito tempo antes j se encontra em ns e lentamente vai surgindo a partir de ns mesmos.(JUNG, 2006,

    p.115) Esses sonhos indicam possibilidades futuras ou mesmo intuies que acerca do futuro. O inconsciente, at onde

    podemos compreender, no condicionado pelo tempo.

    Uma classificao dos Sonhos

    No texto Aspectos Gerais da Psicologia do Sonho Jung faz uma discusso acerca da possibilidade de classificar os

    tipos de sonhos, de fato, no devemos considerar como uma classificao definitiva, mas, um esboo que nos permite

    compreender algumas diferenciaes entre os tipos de sonhos.

    Segundo Jung, teramos,

    sonhos tpicos ou arquetpicos:

    Mas estes sonhos no so muito frequntes e, sob o ponto de vista final, perdem muito de sua importncia que a

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    interpretao causal lhe atribui em razo de sua significao simblica fixa. Parece-me que os motivos tpicos nos

    sonhos so de capital importncia, porque eles permitem comparaes com os motivos mitolgicos. (JUNG, 2000, p.

    185)

    Os sonhos arquetpicos, isto , cujo contedo essencialmente marcado pelos arqutipo, de tal modo, que as

    associaes pessoais no so suficientes para compreende-los, nem mesmo o ponto de vista final ou causal,

    justamente, por possurem um fundo coletivo, isto , impessoal. Os chamados motivos tpicos so referentes s

    temticas oriundas das experincias universais humanas, por isso mesmo, podem ser reconhecidas (e compreendidas)

    nas mitologias, nas narrativas religiosas, nos contos de fadas.

    Geralmente, os sonhos arquetpicos possuem um carga energtica superior, de tal forma, que tendem a promover

    mudanas significativas na atitude da conscincia.

    sonhos compensatrios: Na verdade, esta categoria corresponde a grande maioria dos sonhos. So

    denominados compensatrios por visar a correo ou mudana da atitude da conscincia.

    verdade que, na minha opinio, todos os sonhos tm um carter compensador em relao aos contedos

    conscientes, mas longe de mim pensar que a funo compensadora se apresente com tanta clareza em todos os

    sonhos como neste exemplo. Embora o sonho contribua para a auto-regulao psicolgica do indivduo, reunindo

    mecanicamente tudo aquilo que andava recalcado, desprezado, ou mesmo ignorado, contudo, o seu significado

    compensador muitas vezes no aparece imediatamente, porque apenas dispomos de conhecimentos

    imperfeitssimos a respeito da natureza e das necessidades da psique humana.(JUNG, 2000, p.188)

    A compensao caracteriza-se pelo confronto da atitude da conscincia com os contedos do inconsciente. Desde

    modo, para compreender a funo compensatria do sonho faz-se necessrio compreender a atitude da conscincia e

    qual aspecto pode estar sendo compensado. A compensao pode ser,

    a) Redutora: Esta compensao se caracterstica por ser uma funo negativamente compensadora, isto , sua

    manifestao visa reorientar a conscincia explicitando os aspectos negativos opostos a conscincia. Um exemplo,

    seria um individuo que leva uma vida notadamente religiosa, tem sonhos onde se encontra bbado em prostbulos.

    O sonho redutor tende, antes, a desintegrar, a dissolver, depreciar, e mesmo destruir e demolir. Evidentemente, isto

    no quer dizer que a assimilao de um contedo redutor tenha um efeito inteiramente destrutivo sobre o indivduo

    como um todo. Pelo contrrio este efeito muitas vezes altamente salutar, porque afeta apenas a atitude e no a

    personalidade total. (JUNG, 2000, p.195)

    b) Prospectiva : Esta forma de compensao se caracteriza pela capacidade do inconsciente em retornar

    conscincia todos os elementos que passaram desapercebidos pela conscincia ou mesmo, no conseguiram retornar

    a conscincia. Essa compensao complementa na conscincia.

    em primeiro lugar, que o inconsciente, na medida em que depende da conscincia,acrescenta situao consciente

    do indivduo todos os elementos que, no estado de viglia, no alcanaram o limiar na conscincia, por causa de

    recalque ou simplesmente por serem demasiado dbeis para conseguir chegar por si mesmo at conscincia. A

    compensao da resultante pode ser considerada como apropriada, por representar uma auto-regulao do

    organismo psquico. (JUNG, 2000, p.193)

    Dessa funo compensatria, temos como exemplo o clebre sonho do qumico alemo Kekul (Friedrich August Kekul

    Von Stradonitz) . Kekul estava pesquisando a formula do benzeno, em especial acerca de sua representao grfica, e

    o trabalho no estava progredindo. Ele adormeceu e sonhou com uma cobra que engolia o prprio rabo, a partir desse

    sonho ele considerou a formula hexagonal do benzeno.

    Esses sonhos reintegram a conscincia elementos que complementam e possibilitam uma reorganizao da percepo,

    assim como a resoluo de questes.

    sonhos reativos: Estes sonhos so frutos de situaes traumticas ou de grande violncia. So sonhos que

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    expressam uma tentativa inconsciente de lidar com tal situao. A principal caracterstica que esses sonhos so

    refratrios a anlise e a interpretao.

    os mesmos sonhos reativos, sobretudo, em condies fsicas patolgicas, em que dores violentas influenciam

    decisivamente o desenrolar do sonho. Em minha opinio, os estmulos somticos s excepcionalmente tm uma

    significao determinante. Geralmente esses estmulos se integram completamente na expresso simblica do

    contedo inconsciente do sonho, ou, dito de outro modo: so utilizados como meio de expresso.(JUNG, 2000,

    p.199)

    Sonhos telepticos : so sonhos onde um acontecimento particularmente afetivo antecipado telepaticamente no

    tempo e no espao (JUNG, 2000, p. 200) p.ex. uma me sonha que acontece algo como filho, acorda desesperada.

    Mas, tarde chega a noticia da morte do filho. Jung considerava que os sonhos telepticos apontavam para

    peculiaridades do inconsciente, como o fato do mesmo, aparentemente, no ser determinado pelo tempo ou mesmo

    espao estes so determinantes fundamentais para a conscincia. O inconsciente, por sua vez, no faz distino entre

    passado, presente e futuro, como notamos por nos sintomas, memrias e nos sonhos. Acerca desses sonhos, Jung

    afirma

    Naturalmente, nunca professarei que as leis que os regem sejam alguma coisa de sobrenatural. Apenas afirmo que

    eles escapam ao alcance de nosso saber meramente acadmico. Assim, os contedos telepticos contestveis

    possuem um carter de realidade que zomba de qualquer expectativa de probabilidade. Embora sem me arriscar a

    uma concepo terica a respeito desses fenmenos, creio, todavia, que correto reconhecer e sublinhar sua

    realidade(JUNG, 2000, p.201)

    Sonhos e a Dinmica Psquica

    Os sonhos desempenham um papel importante no processo de autorregulao psquica, Jung especificou quatro

    possibilidades de significao dos sonhos na dinmica psquica, seriam elas,

    1) O sonho representa a reao do inconsciente frente a uma situao da conscincia() (JUNG, 2011, p.

    18) No primeiro caso o sonho expressa o inconsciente, podendo ser favorvel a postura da conscincia, onde, o sonho

    complementaria a realidade vivida, ou poderia ser desvarvel a posio do inconsciente, sendo . Assim, frente a uma

    escolha ou ao da conscincia, o inconsciente pode se expressar por meio do sonho, este podendo ser complementar

    ou compensatrio a atitude da conscincia. Estando intimamente ligado aos acontecimentos recentes.

    2) O sonho representa uma situao que fruto do conflito entre a conscincia e o inconsciente()( Ibid)

    Neste caso, independente o acontecimento recente da conscincia, o sonho expressa a ao espontnea do

    inconsciente, que difere de tal modo da atitude da conscincia.

    3) O sonho representa a tendncia do inconsciente cujo objetivo uma modificao da atitude da

    conscincia()(ibid) Esses sonhos indicam o movimento do inconsciente em direo a conscincia. Esses sonhos

    so significativos, pois, muitas vezes, indicam o curso para onde o desenvolvimento deve seguir.

    4) O sonho representa processos inconsciente que noevidenciam uma relao com a situao inconsciente

    (Ibid) Neste caso, os sonhos emergem do inconsciente apresentando um carter numinoso. So chamados de

    Grandes Sonhos, por serem experimentados como uma iluminao. Indicam um processo de desenvolvimento psquico

    a partir do inconsciente arquetpico, contudo, sem ser condicionado pelos processos da conscincia.

    Neste texto, apresentamos alguns aspectos tericos importantes pensarmos a analise de sonhos, por constiturem um

    pano de fundo importante. Em breve, estaremos publicando a segunda parte deste texto, onde discutiremos alguns

    aspectos da interpretao dos sonhos.

    Referncias Bibliogrficas

    FREUD, S. Conferncia XXIX: Reviso da teoria dos sonhos. In:Obras completas. Rio de Janeiro: Imago. v. XXII, 1996.

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    JUNG, C. G., Memrias Sonhos e Reflexes, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975

    JUNG, C.G., Natureza da Psique, Petrpolis:Vozes, 2000.

    JUNG, C.G. Seminrios sobre sonhos de crianas, Petrpolis: Vozes, 2011.

    Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

    Psiclogo Clnico de Orientao Junguiana, Especialista em Teoria e Prtica Junguiana(UVA/RJ), Especialista em

    Psicologia Clnica e da Famlia (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS).

    Formao em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do Grupo Aion Estudos Junguianos Atua em

    consultrio particular em Vitria desde 2003.

    Contato: 27 9316-6985. /e-mail: [email protected]/ Twitter:@FabricioMoraes

    www.psicologiaanalitica.com