alfabetizaÇÃo com prÁticas lÚdicas em salas de … · segundo soares (2009), a criança inicia...

34
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES. CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA RAIMUNDA DE ANDRADE ALFABETIZAÇÃO COM PRÁTICAS LÚDICAS EM SALAS DE 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL SÃO BENTO PB 2013

Upload: ngodieu

Post on 04-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES.

CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA

RAIMUNDA DE ANDRADE

ALFABETIZAÇÃO COM PRÁTICAS LÚDICAS EM SALAS DE 3º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

SÃO BENTO – PB

2013

1

RAIMUNDA DE ANDRADE

ALFABETIZAÇÃO COM PRÁTICAS LÚDICAS EM SALAS DE 3º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

Orientadora: Prof.ª Drª. Maria do Socorro Paz e Albuquerque

SÃO BENTO – PB

2013

2

RAIMUNDA DE ANDRADE

ALFABETIZAÇÃO COM PRÁTICAS LÚDICAS EM SALAS DE 3º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

Artigo apresentado ao Curso de Letras à Distância, da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Letras.

Data de aprovação: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Prof.ª Drª Maria do Socorro Paz e Albuquerque

Orientadora

__________________________________________

Prof. ª

Examinadora

3

A Deus que me deu força e coragem para

vencer os obstáculos e superar as

dificuldades, dando-me a oportunidade

para realizar esse sonho e a minha

família, DEDICO.

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus que me deu força e coragem para enfrentar

todas minhas dificuldades e assim poder enfrentar os obstáculos cotidianos.

À minha família que em nenhum momento me deixou desanimar.

Aos meus colegas que passamos noites e mais noites de estudo, para podermos

obter êxitos.

A todos os professores que, mesmos estando distante, deixaram sua parcela de

contribuição para o meu crescimento.

À minha orientadora Maria do Socorro Paz, que teve bastante paciência, dedicação,

e me ajudou da melhor forma possível nessa etapa muito difícil.

Aos meus tutores presenciais e à distância, que me ajudaram bastante.

À Universidade UFPB, pela oportunidade de fazer parte de seu quadro de alunos e

assim, contribuir para o meu crescimento profissional.

5

RESUMO

Este artigo é o resultado de um trabalho realizado na Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Samuel de Oliveira Ramalho na cidade de São Bento-PB, visando analisar as práticas lúdicas no 3º ano no Ensino Fundamental I, realizadas pela professora desse ano escolar, como também os resultados obtidos com essa prática em sala de aula. Verificaremos se as aulas ministradas com jogos, pela professora, favoreceu-a que as crianças obtivessem um ensino/aprendizagem com qualidade. Sabemos que o lúdico favorece o desenvolvimento no aluno do processo de alfabetização, promovendo-o a ser alfabetizado e letrado, como também despertando-lhe o prazer pela leitura e o interesse pela produção textual. Para esse estudo, discutiremos na fundamentação teórica, o processo de alfabetização e letramento, entre outras competências, segundo Soares, (1998). A definição de letramento na perspectiva de Kleiman (1995, p.19). A importância do lúdico para Moyles (2008, p. 137) e a leitura, como prática social, como afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 200, p. 57). Essas teorias nos levam compreender a necessidade de investirmos em métodos que propiciem o envolvimento da criança com o conhecimento e o lúdico é um processo positivo dentro do ensino aprendizagem das crianças, permitindo-lhe fazer suas próprias descobertas. Dando oportunidade de tirar suas próprias conclusões, reformular e compreender o outro como a si mesmo. A criança que constrói o próprio conhecimento, torna-se um ser confiante, consciente e crítico. Segundo Freire (1983, p. 35), não há “educação fora das sociedades humanas”. Palavras – chave: Alfabetização, Letramento e Práticas Lúdicas.

6

ABSTRACT

This article is the result of work done in School Municipal Childhood Education and Elementary Samuel de Oliveira Ramalho in São Bento-PB, aiming to analyze the ludic practices in 3rd year in elementary school, made the teacher of this school year, as the results obtained with this practice in the classroom. Check whether the classes taught with games, the teacher encouraged her children to obtain the teaching / learning quality. We know that the playful favors the development process in student literacy, promoting him to be literate and literate, as well as giving her the pleasure of reading and interest in textual production. For this study, we discuss the theoretical foundation, the process of literacy and literacy, among other skills, according to Soares (1998). The definition of literacy from the perspective of Kleiman (1995, p.19). The importance of playfulness to Moyles (2008, p. 137) and reading as a social practice, as stated in the National Curriculum (Brazil, 200, p. 57). These theories lead us to understand the need to invest in methods that facilitate the involvement of the child with the knowledge and playfulness is a positive process within the teaching and learning of children, allowing them to make their own discoveries.Giving opportunity to draw their own conclusions, reformulate and understand each other as yourself. The child builds the knowledge itself, becomes a being confident, conscious and critical. According to Freire (1983, p. 35), there is no "education outside of human societies”. Keywords - Keywords: Literacy, Literacy Practices and Playful.

7

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2 - ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.................................................................. 10

2.1 Diferenciando alfabetização e letramento ....................................................... 10

2.2 A importância do lúdico no processo de alfabetização ................................. 12

3 - METODOLOGIA .................................................................................................. 16

4 - ANALISANDO O LÚDICO EM SALA DE AULA ................................................. 18

4.1 Experienciando atividades lúdicas em sala de aula ...................................... 24

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 25

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 26

7- ANEXOS ............................................................................................................... 27

8

1- INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo analisar um trabalho direcionado às

práticas de leituras e produção de textos para o 3º ano do ensino fundamental, da

E.M.E.I.F. Samuel de Oliveira Ramalho, localizada no bairro Loteamento Portal na

cidade de São Bento-PB. Para isso, planejou-se uma sequência de atividades,

através de uma orientação pedagógica, que busca desenvolver projetos que se

utilizam do lúdico com a finalidade de promover aulas mais criativas e do interesse

dos discentes. Para isso, tomaremos por base o conceito de Letramento, que nos

permitirá compreender melhor práticas de alfabetização e letramento.

Diante disso, serão tecidas breves considerações acerca do papel da

sociedade, da escola e do professor na concretização de um projeto social de leitura

à luz do confronto das concepções dos teóricos abordados. E ainda, com base nos

resultados de estudos empíricos, questiona-se o alcance da escola para promover o

letramento entre os sujeitos alunos. Nessa reflexão tivemos como base os estudos

realizados por Freire (1994), Soares (2003), Kleiman (1995), Vygotsky (1998), entre

outros.

Segundo Soares (2009), a criança inicia seu processo de alfabetização e

letramento, antes dos seis anos de idade. A criança está convivendo com leitura,

material escrito, mesmo nas camadas populares, pois vivemos numa sociedade

grafocêntrica, cercada de livros por todos os lados e de leis e regimentos todos

escritos.

Quando a criança chega ao terceiro ano, a professora irá intensificar mais o

processo alfabético e ortográfico. A autora acredita que é através dos livros de

literatura infantil que a criança desenvolverá o prazer pela leitura e escrita. Uma vez

que ela está na fase da descoberta, e é aí que entra o lúdico na vida das crianças.

Foi desenvolvido um trabalho que levará a criança interagir junto ao professor. O

professor trabalhará com histórias, por exemplo, mostrando no livro capa e contra

capa, nome do autor, o ilustrador e editora e logo em seguida o reconte da história.

Os próprios alunos podem criar frases utilizando letras de jornais, vivenciando

brincadeiras como: amarelinha, pula corda devem ser vivenciadas pelas crianças e

em seguida, serem trabalhadas todo contexto das brincadeiras, origem das

brincadeiras, criação das regras pelos os próprios alunos, formação de novas

palavras a partir da palavra amarelinha ou pula corda.

9

Devido à necessidade de aprimorar os meios pelos quais os professores

trabalham com os alunos, precisamos encontrar novas metodologias para alfabetizá-

los, pois muitos alunos vêm repetindo o mesmo ano, vários anos sem obter nenhum

resultado. É de fundamental importância que a escola ensine não somente o

aspecto formal da escrita, mas que os alunos tomem consciência de que a escrita

está presente em nossa vida diariamente, e que não podemos viver sem ela. Os

alunos precisam saber que vivemos num mundo letrado e diante disso há

necessidade de compreender o que lê e interpretá-lo, levantando hipótese sobre o

que leu e confirmá-la. Muitos alunos estão desestimulados e os professores não

sabem o que fazer para ajudá-los. Depois de assistir ao vídeo alfabetização e

letramento - Magda Soares, Fiquei encantada com a infinidade de possibilidades

para se trabalhar com os alunos em processo de alfabetização. A maneira lúdica é

muito importante para que eles superem as dificuldades de aprendizagem. Eu

trabalho com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental I, e fico muito triste quando

ao final do ano letivo alguns alunos não conseguem ler e escrever de forma

alfabética. Esse é um dos motivos que me levaram a fazer esse artigo com o tema

Alfabetização com práticas lúdicas em salas de 3º ano do ensino fundamental.

10

2 - ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

2.1 Diferenciando alfabetização e letramento

O conceito de alfabetização sempre esteve vinculado a uma concepção,

segundo a qual, a aprendizagem inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer

o aluno chegar ao reconhecimento das palavras garantindo-lhe o domínio das

correspondências fonográficas. Nesse contexto, buscou-se assegurar, de acordo

com algumas abordagens, que este saber se desenvolvesse num universo de

palavras que fossem significativas para o aluno no seu meio cultural. Mas de uma

maneira geral, esse processo acontecia baseado na cópia, na repetição e no

reforço.

A defesa de que o trabalho centrado nos gêneros discursivos é um trabalho

profícuo para a ampliação do grau de letramento dos alunos decorre da perspectiva

bakhtiniana que evidencia que “cada esfera de utilização da língua elabora seus

tipos relativamente estáveis de enunciados” (BAKHTIN,2000; p.279). Quanto aos

termos de alfabetização e letramento

Soares (2003) os define como

Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da Escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos. (SOARES,2003,p.91)

Dessa forma, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por

um indivíduo, ou por um grupo de indivíduos, o letramento focaliza o processo de

aquisição da leitura e escrita, destacando-se dentro de um contexto social, político e

cultural construído por uma sociedade.

A autora enfatiza que a alfabetização é um processo dentro do letramento, é a

ação de ensinar/aprender a ler e a escrever. Acrescenta, ainda, que a alfabetização

seria a aquisição da tecnologia da escrita alfabética e de sua utilização para ler e

escrever. Para ter domínio dessa tecnologia é necessário conhecer o alfabeto,

memorizar as convenções letra-som e dominar o traçado das letras, entre outras

competências (SOARES, 1998).

11

Nesse caso, letramento, seria o estado ou a condição de quem não apenas

sabe ler e escrever, mas cultiva as práticas sociais que usam a escrita. Sendo

assim, as práticas de alfabetização devem ir além da simples aquisição do código

escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da

função social dessas duas práticas. Para diferenciar as práticas escolares de ensino

da língua escrita e a dimensão social das várias manifestações escritas em cada

comunidade.

Nessa perspectivas, Kleiman (1995), define o letramento como:

Um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistemas simbólicos e enquanto tecnologia, em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades, mas não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita. (KLEIMAN,1995,p.19)

Portanto, o que se faz necessário é que as escolas desenvolvam uma

proposta pedagógica que dê suporte ao pleno desenvolvimento desses dois

aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o início da

escolaridade, distribuindo o tempo pedagógico de forma equilibrada e individualizada

entre as atividades que estimulem esses dois componentes: a língua através de

seus usos sociais e o sistema de escrita através de atividades que estimulem a

consciência fonológica e evidencie de forma mais direta para a criança as relações

existentes entre as unidades sonoras da palavra e sua forma gráfica.

Segundo Freire (1983, p.35), não há “educação fora das sociedades humanas

e não há homem no vazio”. Esse ponto de vista reforça a superioridade do ser

humano e o torna responsável pela sua tarefa de ser em constante busca de

conhecimento e de transformação. O autor entende que o homem não apenas está

no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à

realidade. O homem é um ser atento ao seu tempo, ele rejeita a idéia de ser passivo,

mero espectador dos acontecimentos à sua volta, por isso, ele se posiciona como

sujeito do processo histórico cultural da humanidade.

12

2.2 A importância do lúdico no processo de alfabetização

O comitê Plowden (DES, 1967, p.193) estabeleceu excelentes razões para

pensarmos sobre o brincar e o seu papel na aprendizagem da criança:

Os adultos que criticam os professores sabem que o brincar é o principal meio de aprendizagem na primeira infância. É a maneira pela qual as crianças harmonizam sua vida interior com a realidade externa. No brincar, as crianças gradualmente desenvolvem conceitos de relações casuais, poder de discriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e formular. As crianças ficam absorvidas em seu brincar, e a satisfação de levá-lo a uma conclusão satisfatória fixa hábitos de concentração que podem ser transformados para outras aprendizagens. (DES,1967,p193)

Acredito que toda brincadeira precisa ter um objetivo. Não deixar a criança

brincar só por brincar. Promover brincadeiras para socializar as crianças, ensinar

que na vida a gente pode ganhar ou perder, saber respeitar o próprio limite e o limite

dos outros, enfim, desenvolver o aspecto cognitivo da criança.

Segundo Hall (2008, p. 135), a maioria dos professores de educação infantil já

está familiarizada com a ligação existente entre a noção do brincar e as práticas

explícitas de letramento em sala de aula. Os programas de ensino de leitura e

escrita sugerem que parte da experiência infantil com o letramento deve estar

inserida em atividades lúdicas. Também existe o reconhecimento da importância do

ambiente com materiais impressos nesse brincar. Um exemplo dos atuais programas

de Ensino de Leitura será suficiente.

As atividades devem garantir que os alunos (...) leiam ao brincar, por exemplo, no “cantinho da casa”, na “lojinha”, ou em outro ambiente de brincar de faz-de-conta como uma “lanchonete”, um “hospital” ou um “posto de correio”. Essa leitura pode incluir um menu, um cartaz em uma porta, um rótulo de uma embalagem ou um aviso em cima de um balcão. (DES, 1990, p. 29 – os itálicos são menus).

O aluno só constrói o próprio conhecimento, quando o professor lhe oferece

meios para alcançar a aprendizagem que tanto necessita. Não só utilizando do faz-

de-conta, mas vivenciando a própria realidade como, por exemplo, a visita com seu

professor a um supermercado, a um hotel de sua cidade, a visita a uma lanchonete

e assim por diante. Nada como vivenciar na prática para deixá-los mais confiantes e

que são capazes de driblar as dificuldades que existem.

13

Para Moyles (2008), a importância do lúdico:

Em ambientes lúdicos realistas, o letramento não é fragmentado por processos didáticos artificiais. O letramento é utilizado para tudo o que for apropriado no brincar: fazer compras, almoçar ou jantar em um restaurante, viajar de trem, visitar um hospital e assim por diante. O letramento ocorre por ser necessário no contexto do brincar, não porque o ensino exige. (Moyles, 2008, p137)

A autora ressalva que quando o letramento é utilizado na vida real, as

pessoas alteram os modos de leitura e de escrita ou os empregam juntos. Nós não

nos programamos antecipadamente para usar a leitura ou a escrita. É a nossa

percepção da situação que estrutura a nossa resposta. Igualmente, no brincar

relacionado ao letramento, é o evento de faz-de-conta que determina a natureza da

resposta letrada, e não uma página de um livro de exercícios que, arbitrariamente,

decide focalizar a leitura ou a escrita (MOYLES & COLS, 2008).

Em consonância com isso, precisam-se estabelecer questões, nas quais o

professor em conjunto com a supervisão escolar faça esse trabalho com os alunos,

trazendo para sala de aula atividades do seu cotidiano como o trabalho com a rede,

a parte artesanal, trabalhando com a compra e venda dos produtos. As cidades

onde são mais comercializadas, os problemas enfrentados por muitos comerciantes

que saem de sua cidade e precisam ficar meses ausente de suas casas. Tudo isto

são questões que irão interessar bastantes nossos alunos.

A cultura, sem dúvida, tem fundamental importância na construção e no

desenvolvimento de um povo, deixou claro o escritor Monteiro Lobato ao dizer que

“uma nação se faz com homens e livros” (LOBATO apud LAJOLO, 2007); e sabe-se

muito bem que a leitura é um dos principais canais do conhecimento. E hoje, nossa

realidade aponta que um dos maiores desafios da escola é fazer com que o aluno

aprenda a ler com competência.

Ao iniciar-se na escola, a criança já tem uma leitura do mundo que ela

conhece, denominado seres e objeto que a rodeiam. Em primeiro lugar, vem a

palavra e depois, a associação desta ao ser. Essa mesma associação vai acontecer

no mundo das letras. Portanto, o professor deverá incorporar ao seu planejamento

de ensino as experiências dos alunos; assim como a leitura que eles fazem de sua

vida e do mundo. Dessa forma, tornar-se-á mais fácil para quem aprende

compreensão dos textos.

14

Os parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) afirmam:

A leitura, como prática social é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só aprende a ler, não se lê de uma forma única, não significa a repetição infindável dessas atividades escolares. (BRASIL, 2001, p. 57).

Por tudo isso, entende-se que aprende a ler constitui uma tarefa de novas

habilidades à medida que a leitura vai se tornando mais complexa. Por isso, a

aprendizagem da leitura não se dá no primeiro ano da escola, mas durante toda a

vida.

O aluno está imerso em um universo sociocultural, por isso ele aprende,

compreende a razão de aprender, deseja aprender, disponibiliza-se para a

aprendizagem, enfrenta o desafio de aprender, impõe-se às questões relativas à

aprendizagem, na ampla relação com as pessoas e com os objetivos que o rodeiam.

Daí porque, não é justo comparar indivíduos que tenham diferentes procedências,

valores e experiências. Como esperar que um aluno proveniente de um círculo de

baixo nível sociocultural, com pouco acesso ao material escrito, às novas

tecnologias, tenha o mesmo interesse e o mesmo desempenho que seu colega que

teve inúmeras oportunidades de ouvir histórias, ler livrinhos, conviver entre adultos

alfabetizados e usuários da escrita? E, se é mesmo verdade que aluno lê os textos

de acordo com a leitura que faz do mundo que conhece, tem bastante sentido a

deficiência que se vê nas escolas públicas, uma vez que a maioria de sua clientela

vem das classes mais pobres e marginalizadas da sociedade que são, filhos de pais

e analfabetos ou semi-analfabetos.

Nesse contexto, a maior parte dos alunos que frequenta a escola pública não

presencia o hábito da leitura em sua casa, não tem acesso a revistas e jornais

culturais, não visita bibliotecas, não tem contato com a internet. Eles sabem aquilo

que veem e escutam pela televisão e acomodam-se com essa realidade, sem refletir

ou questionar as informações que recebem. E, como escreve Martins (2004, p. 83)

“para compreendê-la e para a leitura se efetuar, deve preencher uma lacuna em

nossa vida”.

Além desses problemas, outros pontos fundamentais devem ser

questionados, por exemplo, a forma como se concebe a leitura na escola, os fatores

15

que interferem na condução do trabalho pedagógico e a apreensão de sentidos

através da leitura.

Para Vygotsky (1984), o letramento representa o coroamento de um processo

histórico de transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores.

Representa também a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do

comportamento humano que são os chamados “processos mentais superiores”, tais

como: raciocínio abstrato, memória ativa, resolução de problemas etc.

Essas afirmações envolvem alguns pressupostos. Em primeiro lugar, a

presença de um leitor ativo que processa e examina o texto. Também se implica a

existência de um objetivo para guiar a leitura; em outras palavras, lê-se para algo,

para alcançar alguma finalidade. O leque de objetivos e finalidades que faz com que

o leitor se situe perante um texto é amplo e variado: devanear, preencher um

momento de lazer, desfrutar; procurar uma informação concreta, informar-se sobre

determinado fato; confirmar ou questionar um conhecimento prévio ou aplicar a

informação obtida com a leitura de um texto na realização de um trabalho, etc.

Infelizmente, observando-se a realidade da leitura em sala de aula e

comparando-se com as considerações anteriores, pode-se ver, claramente, que há

uma discrepância muito grande entre o que os teóricos preconizam e o que se vive

na escola.

Na maioria das vezes, a escola, ou professor, ou mesmo os dois, ignoram a

função social do aprender a ler e desenvolvem mecanismos para esconder as

dificuldades de aprendizagem que acontecem no cotidiano escolar. Assim, muitos

alunos acabam desenvolvendo “letra bonita”, capricho com as atividades, participam

de aula e recitam as “lições” do livro didático, quando, na verdade, não sabem o que

estão lendo e nem para que estão lendo. E com isso, a cada dia produzem-se mais

jovens alienados e apáticos à sua realidade.

A finalidade do lúdico na vida da criança é promover a interação com os

colegas e na sala de aula e desenvolver o raciocínio lógico e cognitivo do aluno. O

aluno necessita fazer suas próprias descobertas e tendo na pessoa do professor,

apenas como mediador de suas atividades.

16

3 - METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de campo que foi por nós

realizada na Escola Samuel de Oliveira Ramalho, localizada no bairro Loteamento

Portal na cidade São Bento-PB. A referida escola dispõe de 6 salas de aula atuantes

e 3 salas em construção. A escola conta com uma boa equipe de funcionários, pois

contamos com a ajuda da diretora que está sempre dando uma palavra de apoio

para seus professores, e também a supervisora que toma a leitura dos alunos de 1º,

2º e 3º anos todo mês. Tudo isso contribui para um ensino de qualidade e para

encontrar apoio dentro do ambiente de trabalho. Os professores atuam do ensino

infantil ao fundamental I. É uma escola situada num bairro muito carente, onde

existem muitos alunos com dificuldades de aprendizagens. A referida escola

desenvolve um trabalho voltado para esses alunos.

A escola oferece aos professores materiais para que eles possam

desenvolver um bom trabalho em sala de aula. A supervisora “A” está todos os dias

na escola para dar um apoio maior aos professores, a diretora não mede esforços

para que sua escola seja uma escola de qualidade. Os professores dispõem do

material PNDE, sete caixas de jogos que vieram da universidade de Pernambuco,

para desenvolver a aprendizagem dos alunos, caixas de livros que foram enviados

pelo MEC para os professores estão no programa Pacto pela alfabetização na idade

certa e que estão lecionandos em salas de 3º ano. Todos esses são materiais

excelentes que irão ajudar os professores a desenvolverem um trabalho de

qualidade. E o trabalho que lá desenvolvemos, servirá de subsídios para os

professores do 3º ano do ensino fundamental que atuam na referida escola. A turma

observada e na qual atuei, é da Professora “B” é composta de 24 alunos na faixa

etária entre 8 e 14 anos que já leem com entonação e de alunos que estão apenas

silabando.

Observamos seis aulas na turma do 3º ano do ensino fundamental da Escola

Samuel de Oliveira Ramalho, na cidade de São Bento – PB, cuja professora “B” tem

Licenciatura em Pedagogia e especialização em Psicopedagogia. Todos os alunos

me receberam muito bem e eu pude observar que a maioria das crianças interagem

positivamente com a professora, pois a mesma tem um bom domínio de classe e

procura envolver seus alunos nas atividades desenvolvidas em sala de aula.

Durante as observações na sala da professora escolhi cinco crianças para

17

responder a um questionário contendo cinco perguntas, avaliando o trabalho da

professora. Com relação a questão 1, todos os alunos reclamaram da mesma coisa,

que a professora copiava bastante e que eles tinham que permanecer sentados. A

segunda questão com relação as respostas dos alunos, todos foram bem objetivos

quando disseram que os alunos eram bem agitados, nas aulas da professora. Pois

necessita de está sempre se movimentando. Na terceira e quarta questão as

respostas também são bem parecidas, pois os alunos já estão bem satisfeitos com

relação as aulas da professora. Depois que a professora começou trabalhar com

jogos e brincadeiras, as aulas ficaram mais dinâmicas e criativas e melhorou

bastante o desenvolvimento dos alunos. Mas a quinta questão, dois alunos querem

que a professora pesquise mais jogos, e três alunos disseram que está muito bom. A

professora através dos jogos e brincadeiras conseguiu dinamizar suas aulas e

desenvolver o desempenho de seus alunos.

18

4 - ANALISANDO O LÚDICO EM SALA DE AULA

Observando as aulas desenvolvidas pela professora, já citada, constatei que

a brincadeira bem planejada é muito importante para o desenvolvimento emocional e

intelectual dos alunos. A professora ao trabalhar com o lúdico, fez com que as

crianças tivessem mais curiosidade em descobrir o que iria acontecer com o

desenrolar das brincadeiras.

Em uma das aulas analisadas, a professora jogou o jogo das cinco Marias,

que é uma brincadeira que se joga com cinco pedrinhas, com quatro crianças, cada

criança espera sua vez de jogar. A criança que está jogando, começa jogando as

pedrinhas e pegando de uma em uma e depois de duas em duas até pegar as

quatro pedrinhas, pois a mesma está com uma pedrinha na mão jogando para pegar

as outras. E quando a criança erra, passa a vez para outra criança e assim

sucessivamente. Inicialmente, ela contou a história de João e Maria para poder

introduzir a brincadeira. Em seguida, explicou o que significa substantivo próprio e

exemplificou com alguns nomes como: João, Maria, que são alguns nomes de

alunos. Essa brincadeira achei interessante porque a professora iniciou contando

uma história que toda criança gosta, cujo objetivo da brincadeira é trabalhar a

concentração da criança e o interesse pela leitura, pois a partir do momento que a

professora introduziu a história de João e Maria, as crianças irão ter interesse por

outras histórias. Ela também utilizou os jogos como: o pega varetas que trabalha a

concentração e habilidades dos alunos, a amarelinha, bolinhas de gude, abordando

ainda a origem de cada brincadeira, proporcionando-lhes momentos de

descontração. Outro jogo muito interessante que a professora fez foi o jogo de

encaixe, no qual o objetivo do jogo de encaixe é a criança ter que associar a gravura

com a palavra. Em seguida, fez a leitura das palavras na lousa com todas as

crianças. Exemplo de algumas palavras que a professora realizou com a turma:

óculos, avião, zebra, escada, hambúrguer, navio, patins, queijo, rato, vela, maca e

folha. Depois, pediu aos alunos que escolhessem cinco dessas palavras e

formassem frases, os quais escreveram as seguintes frases:

Papai comprou um par de patins;

O rato gosta de queijo;

19

Eu vi uma zebra;

Mamãe subiu na escada;

A vela está acesa.

Após os alunos criarem as frases, a professora fez a leitura das mesmas com

os alunos.

Em segundo momento da sala de aula a professora trouxe-nos três jogos:

1- Bingo dos Sons Iniciais.

O objetivo desse jogo é:

Compreender que as palavras são compostas por unidades sonoras que

podemos pronunciar separadamente;

Perceber que palavras diferentes possuem partes sonoras iguais;

Identificar a sílaba como unidade fonológica.

Meta do jogo:

Vence o jogo quem primeiro completar a sua cartela, marcando todas as

figuras.

Jogadores:

2 a 15 jogadores ou em duplas.

Componentes:

- 15 cartelas com seis figuras (cada cartela) e as palavras escritas

correspondentes às figuras.

- 30 fichas com palavras escritas.

- Um saco para guardar as fichas de palavras.

Regras:

- Cada jogador ou dupla de jogadores recebe uma cartela.

- O professor sorteia uma ficha do saco e lê a palavra em voz alta.

- Os jogadores que tiverem em sua cartela uma figura cujo nome comece com

a sílaba da palavra chamada deverão marcá-la.

- O jogo termina quando um jogador ou uma dupla marca todas as palavras

de sua cartela.

Exemplo de algumas palavras usadas no jogo:

Arara - asa- abelha- avião;

20

banco - bandeja- bandeira;

bode - bola- bota;

capacete - cadeira- cavalo- casa

dentista - dente- dentadura.

2- Bingo da Letra Inicial.

Objetivos do jogo:

_ Conhecer o nome das letras do alfabeto;

Identificar o fonema inicial das palavras.

Meta do jogo:

Ganha o jogador que completar primeiro a cartela com as letras que formam

as palavras representadas pelas figuras.

Jogadores:

4 a 7 jogadores ou em duplas.

Componentes:

-9 cartelas com figuras e palavras faltando às letras iniciais.

- Fichas com as letras que completam todas as palavras de todas as cartelas.

- Saco escuro para colocar as fichas das letras.

Regras:

- Cada jogador (ou dupla) recebe uma cartela.

- Um dos jogadores (ou outra pessoa) retira uma letra do saco e diz o nome

da letra.

- Os jogadores verificam se estão precisando da letra para completar alguma

das palavras, e caso algum deles precise, grita o nome da letra.

- O jogador recebe o nome da ficha com a letra sorteada e a coloca na cédula

correspondente à palavra.

- Nova letra é sorteada e o jogo prossegue até que um dos jogadores

complete sua cartela.

Exemplo de algumas palavras trabalha no jogo:

gato- pato- rato;

cola- bola- mola;

21

tela- vela- sela;

cão- mão- pão;

meia- veia- teia.

3- Palavra Dentro de Palavra.

Objetivo do jogo:

- Perceber que palavras diferentes possuem partes sonoras iguais;

- Segmentar palavras identificando partes que constituem outras palavras.

Meta do jogo:

Ganha o jogo quem formar mais pares de palavras usando as fichas que

recebeu.

Jogadores:

2, 3 ou 4 jogadores ou grupos.

Componentes:

- 12 fichas de cor azul, contendo as figuras e as palavras correspondentes.

- 12 fichas de cor vermelha, contendo figuras cujos nomes se encontram

dentro das palavras das fichas azuis.

Regras:

- As 12 fichas de cor vermelha são distribuídas igualmente entre os jogadores.

- As fichas de cor azul devem ficar em um monte, viradas para baixo, no meio

da mesa.

- Decide-se quem iniciará o jogo e a ordem das jogadas.

- Dado o sinal de início do jogo, o primeiro jogador deve desvirar uma ficha do

monte e verificar quais, entre as suas fichas vermelhas, apresentam “ a palavra

dentro da palavra” da ficha azul desvirada. Caso encontre um par o jogador deve

baixá-lo sobre a mesa; se nenhuma de suas fichas vermelha tiver uma “palavra

dentro da palavra” que foi desvirada, ou o jogador não perceber o par, ela é

colocada no final do monte e o jogo continua.

- Ganha o jogo quem se livrar das suas cartelas primeiro.

22

Exemplo de algumas palavras trabalhadas:

mamão- mão;

casa- asa;

lampião- pião;

luva- uva;

sacola- cola.

A professora relata que muitos alunos chegavam já cansados às suas aulas

e que dar aulas apenas com quadro e giz os deixavam muito enfadados. Mas,

depois que decidiu realizar sempre, no início das aulas, um momento de

descontração com jogos, percebeu que eles desenvolviam sua aprendizagem mais

rápida.

A professora trabalhou também com os livros do Acervo das obras

complementares, enviados pelo MEC. É uma caixa contendo trinta livros que fica

guardada na escola e todos os dias são expostos pela professora na sala de aula no

cantinho da leitura, pois a escola não dispõe de biblioteca. A professora organizou

uma rotina diária para trabalhar em sala como: a roda de leitura, na qual todos os

alunos ficam à vontade para escolher os livros querem ler. Eles levam os livros para

casa e, no outro dia, fazem a leitura para a turma, comentando a parte que mais

gostaram do livro, apresentando a capa com informações sobre o autor, a ilustração

e a editora. A professora os aconselhou a fazer a troca de livros entre eles, para

depois cada um, falar sobre a história que leu. Isso fez com que muitos alunos

desenvolvessem o hábito e o gosto pela leitura. Essa atividade era feita diariamente

e ela começava lendo um livro para os alunos, depois pedia a alguém que o lesse

para a turma. O que considerei mais interessante foi constatar que essa prática de

leitura ajudou os alunos. Prova disto foi o depoimento da aluna “C”, que no início do

3º ano, apenas conhecia as letras do alfabeto, e no decorrer do ano letivo falou para

a professora que aprendeu a ler depois que recebeu livros para ler em casa.

Considero bastante significativa a maneira como a professora desenvolve

suas atividades em sala de aula, desafiando seus alunos a participarem das

atividades, através de questionamentos e incentivos mostrando para eles que são

capazes de realizar atividades. Alguns alunos que chegaram tímidos na escola,

conforme nos relatou a professora, muitos já conseguiam se expressar oralmente

antes do final do ano.

23

Outra atividade realizada pela professora, que envolveu o processo de

Letramento foi a maleta viajante, através da qual ela procurou envolver toda a turma

nas leituras e trabalhou diversos gêneros como: poemas, trava-línguas, contos,

adivinhas, fábulas etc. Essas foram e são atividades muito criativas que buscam

desenvolver as práticas de leitura, focando nas dificuldades de leitura dos alunos,

bem como a descoberta do interesse dos mesmos utilizando-se de diversas

metodologias. No final, todos estavam empolgados querendo levar a maleta para

casa.

Um dos alunos relatou que gostava de ler os livros, porque aprendia muitas

coisas interessantes.

Outro aluno relatou que gostava de ler livros bem ilustrados para comparar a

história do texto com as ilustrações.

Atualmente, os professores dessa escola, dispõem de muitos jogos para

trabalhar com seus alunos. No entanto, há necessidade de que o professor tome a

iniciativa para desenvolver um bom trabalho em sala de aula.

Essa análise nos levou a concluir que trabalhar com o lúdico serve para tornar

as aulas mais dinâmicas, possibilitando o mais importante objetivo de qualquer

atividade na escola: proporcionar o ensino-aprendizagem. A proposta é que os

professores de 3º ano do ensino fundamental trabalhem o ano inteiro utilizando-se

de jogos, muita leitura criativa, interpretação e produção de textos diversos como

poemas, parlendas, bilhetes, narrativas etc. Isto pode ser feito através da elaboração

de sequência didáticas e projetos didáticos. Os alunos terão alguns recursos para

auxiliar sua aprendizagem, como os livros didáticos das Obras Complementares

PNLD 2013-2014-2015, Alfabetização na Idade Certa- Acervo I, II, III, as quais eles

poderão levar para as lerem em casa, e no dia seguinte, fazer a leitura para turma.

Enfim, são inúmeras as possibilidades de atividades que o professor desempenhará

em sala de aula para o desenvolvimento da competência leitora da turma. O

professor promoverá um ambiente acolhedor em sua sala de aula confeccionando

cartazes, o cantinho da leitura para expor o que sua turma for produzindo ao longo

processo de ensino-aprendizagem. Foi o que a professora do 3º ano fez o tempo

todo com as diversas atividades aqui apresentadas.

24

4.1 Experienciando atividades lúdicas em sala de aula

A professora permitiu que eu entrasse em sua aula para vivenciar uma

experiência com o lúdico. Assim, escolhi uma obra do acervo das obras

complementares, que tinha como título Jabuti sabido e o macaco metido, de Ana

Maria Machado, e fiz a leitura para os alunos, depois fiz uma atividade com jornais,

com quais os alunos teriam que recortar as letras dos jornais e formar o título do

livro, a autora, o nome de quem ilustrou a história e a editora do livro. Fiz a

interpretação oralmente, perguntando-lhes, qual o título do texto? Quem escreveu a

história? Quais os personagens da história? Onde se passava história? Quem se

deu bem na história?

Após essa atividade perguntei aos alunos como eles próprios viam o

desenvolvimento deles em sala de aula. E muitos me responderam que hoje eles

tinham mais prazer em vir para a escola. Sentiam importantes, pois havíamos lhes

dado a oportunidade de se expressarem oralmente e através da escrita. A aluna ”C”

e a aluna “D” relataram que tinham muitas dificuldades para produzirem os textos

que a professora lhes pedia para fazer, mas que hoje conseguiam se expressar e

não cometiam mais muitos erros ortográficos. Outros alunos relataram que seus

rendimentos escolares estavam excelentes, pois já conseguiam ler com autonomia.

A professora confirma o relato das alunas, “C” e “D”, e que a atividade realizada por

mim, foi a continuidade de várias atividades que ela já vinha realizando durante o

ano letivo.

Enfim, esse é um trabalho que requer mais compromisso e planejamento do

professor, mas que no final o trabalho é recompensado quando vemos os alunos

lendo palavras e textos com compreensão. E aprendendo que na vida nada é fácil e

que os obstáculos existem para serem vencidos. Precisamos dar oportunidades aos

nossos alunos de se expressarem. Eles também perceberam que a brincadeira, em

sala de aula, não era só brincar por brincar. Havia um objetivo que era desenvolver

de forma dinâmica o aprendizado do aluno. Eles estão mais interessados nas aulas

de leitura. Estão levando livros para lerem em casa, porque sabem que o trabalho

desenvolvido em sala de aula, precisa ter continuidade em casa.

25

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das intenções deste trabalho foi analisar como o docente utilizava as

atividades lúdicas no 3º ano do Ensino Fundamental I e se elas auxiliavam aos

alunos a se desenvolverem melhor no processo de aprendizagem da leitura e na

formação do leitor.

Sabemos que a ludicidade se apresenta como requisito fundamental tanto ao

desenvolvimento cognitivo e motor da criança, quanto à socialização e a

aprendizagem. E que nessa prática a alfabetização torna-se divertida, pois, a criança

brinca e, dessa maneira, vai construindo seu aprendizado. Foi isso que nos levou a

verificar o lúdico em sala de aula.

Após a observação da vivência com atividades lúdicas em sala de aula do 3º

ano do Ensino Fundamental tanto com a leitura de livros como com a execução de

jogos que envolviam a aquisição da linguagem verbal, constamos que a professora

utilizou esse método de forma adequada, pois os alunos apresentaram um maior

envolvimento nas atividades e demonstraram maior aquisição na leitura e da escrita

no final do ano, conforme eles mesmos nos relataram.

A reflexão que nos fica dessa pequena abordagem, é que a motivação e o

conhecimento dos professores sobre jogos e brincadeiras no cotidiano das crianças

são de suma importância no processo de ensino-aprendizagem. Sabemos que o

professor necessita repensar a sua prática e buscar conhecimentos para estar

devidamente preparado para analisar, criticar e adaptar o lúdico à sala de aula.

O professor tem como papel principal, ser o mediador entre a criança e o

objeto do seu conhecimento. A ele cabe a tarefa de lançar a pergunta à qual a

criança ainda não foi exposta; instigar sua curiosidade das mais diferentes maneiras;

definir uma ação pedagógica que vá ao encontro de seu desenvolvimento e o lúdico

deve ser o meio que o fará atingir esses objetivos.

Por fim, podemos afirmar que quanto mais as crianças vejam, ouçam ou

experimentem, quanto mais aprendam e assimilem, quanto mais elementos reais

disponham em suas experiências, tanto mais considerável e produtiva será a

atividade de sua imaginação e, portanto, a aquisição de sua linguagem. Diante do

que já foi comentado, percebemos que o lúdico propicia não só a interação entre os

alunos como o desenvolvimento cognitivo das crianças de modo geral e permite-lhes

aprender brincando, participando, descobrindo.

26

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 3ª ed. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fonte, 2000. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2001. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 21. ed. São Paulo: Cortez, 1994. KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos de leitura. 9. ed. Campinas: Pontes, 1995. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 4. Ed. são Paulo: Ática, 1995. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2004.

MOYLES, Janet R. A excelência do brincar. A importância da brincadeira na transmissão entre educação infantil e anos iniciais. http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/utilizacao-ludico-como-ferramenta-pedagogica-para-alfabetizacao-letramento.htm. Acessado em 18/11/2013. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. VERDIANI Leda. Tfouni. Letramento e Alfabetização. 15 questões da nossa época. 9ª edição. Cortez Editora. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

27

ANEXOS

28

29

30

31

32

33