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UFMS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

MARCIO ALEXANDRE REZENDE

CONHECIMENTO DE MULHERES PUÉRPERAS QUANTO À INDICAÇÃO DO PARTO CESÁREA

Campo Grande- MS2012

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MARCIO ALEXANDRE REZENDE

CONHECIMENTO DE MULHERES PUÉRPERAS QUANTO À INDICAÇÃO DO PARTO CESÁREA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como parte das exigências para a obtenção do Título de Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família.

Prof.ª Orientadora: Professora Doutora Adriane Pires Batiston.

Campo Grande - MS2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................7

METODOLOGIA.................................................................................................9

REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................10

RESULTADOS E IMPACTOS...............................................................................12

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................16

REFERÊNCIAS...................................................................................................18

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CONHECIMENTO DE MULHERES PUÉRPERAS QUANTO À INDICAÇÃO DO PARTO CESÁREA

REZENDE, Marcio Alexandre 1

BATISTON, Adriane Pires2

RESUMO

A elevação nas taxas de utilização da cesariana para a resolução do parto é um fenômeno que vem ocorrendo em todo o mundo, chegando a ser considerada epidêmica. O objetivo desse trabalho foi conhecer a percepção de mulheres puérperas sobre a indicação do parto Cesárea, na Unidade de Saúde Jardim das Palmeiras da cidade de Água Clara. Trata-se de um projeto de intervenção, tendo como questão norteadora identificar o conhecimento das puérperas quanto ao parto cesárea. Nesse projeto de intervenção foram realizadas rodas de conversa entre mulheres que deram à luz por meio de parto cesárea. E para elas foram perguntadas os motivos da realização do parto cesárea. A partir dessas respostas foram elaboradas tabelas com os resultados encontrados. Assim foram realizadas ações educativas sobre parto normal em gestantes da mesma unidade . Portanto, o que se percebe é que apesar da cesárea ser um método importante para salvar a vida de muitas mulheres e crianças, esta opção, quando utilizada de forma inadequada ou desnecessariamente, aumentará os riscos tanto para a mulher como para a criança. Sendo assim, este trabalho mostrou que a maioria das mulheres prefere o parto normal e sabiam dos riscos de uma possível complicação durante e após o parto operatório.

Palavra-chave: Conhecimento, Cesárea, Parto Operatório, Puérperas.

1 Médico, Ginecologista/Obstetra, discente do curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família Fiocruz/UFMS.

2 Orientadora, Doutora em Ciências da Saúde. Tutora do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família Fiocruz/UFMS.

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ABSTRACT

The increase of rates of cesarean utilization for the resolution of childbirth is a phenomenon that has been happening around the world, coming to be considered epidemic. The objective of this work was to know the perception of puerperal women on the indication of cesarean section, in Jardim das Palmeiras Health Unit in the city of Água Clara/MS. It is an intervention project, having as a guiding question identify the knowledge of puerperal women about the caesarean section. In this intervention project, wheels of conversation were realized among the women who gave birth by cesarean section. And they were asked about the reason for the realization of the cesarean section. From these answers, tables were elaborated with the found results. Thus, educative actions on normal childbirth in pregnant women from the same unit were realized. Therefore what can be noticed is that despite cesarean section be an important method to save the lives of many women and children, this option, when used improperly or unnecessarily, will increase the risks for both the woman and the child. Therefore, this work showed that the majority of women wanted to conceive of normal delivery and knew the risks of a possible complication during and after operative delivery.

Word-key: Knowledge, Cesarean section, Operative delivery, Puerperal women.

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INTRODUÇÃO

Cesárea, cesariana ou tomotocia é o ato cirúrgico que consiste em incisar o

abdômen e a parede do útero gestante para libertar o concepto aí desenvolvido

(REZENDE & MONTENEGRO, 1999).

É indiscutível o grande valor do parto cesárea como meio alternativo de salvar

vidas e prevenir sequelas neonatais comuns, principalmente provenientes dos partos

vaginais distócicos. Porém, é importante saber que o aumento da incidência de

cesarianas, além do limite de seus objetivos, incrementa a morbidade e o custo,

podendo transformar a solução em problema.(FAÚNDES; CECATTI,1991).

Vários fatores influenciam a alta incidência de cesarianas havendo diferenças

significativas entre países, regiões e níveis socioeconômicos; onde se constata que

em nosso país à medida que se aumenta à renda familiar, aumenta-se também a

incidência do parto cesárea; ou ainda; que mesmo com toda tecnologia disponível,

opção de parto natural, progressos que ocorreram nas técnicas cirúrgicas, na

anestesia, hemoterapia, antibioticoterapia e outras áreas afins, a cesárea tornou-se

um procedimento técnico bastante seguro. Essa segurança associada ao

alargamento de sua indicação em situação do compromisso das condições de

vitalidade, tanto fetais quanto maternas, foi responsável por uma significativa

melhora dos resultados obstétricos maternos e perinatais. A partir do início da

segunda metade deste século, com o relativo aumento da segurança do

procedimento, a classe médica começa a encontrar indiretamente cada vez mais

razões para justificar a realização de uma operação cesariana. (FAÚNDES;

CECATTI,1991).

A análise dos nascimentos por tipo de parto permite avaliar, em parte, as

práticas obstétricas no Brasil, especificamente no que concerne à evolução dos

partos cesáreos. Recentemente, o Ministério da Saúde, atento ao crescimento de

cesarianas no País, lançou a “Campanha Incentivo ao Parto Normal”. Segundo

dados do Ministério, a cesariana já representa 43% dos partos realizados no Brasil

nos setores público e privado. Quando se leva em conta os planos de saúde

privados, constata-se que esse contingente é ainda maior, chegando a 80% do total

de partos, enquanto no Sistema Único de Saúde as cesáreas somam 26%. Os

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especialistas ponderam para a segurança do parto normal tanto para a mãe quanto

para o bebê (CAMPANHA, 2008).

A recomendação da Organização Mundial da Saúde é para que as cirurgias

cesáreas sejam, no máximo, 15% do total dos partos, limitando-se a situações de

risco tanto da mãe quanto da criança (WHO,1985).

Para alcançar um nível adequado de saúde, as pessoas precisam saber

identificar e satisfazer suas necessidades básicas. Devem ser capazes de adotar

mudanças de comportamentos, prática e atitudes, além de dispor dos meios

necessários à operacionalização dessas mudanças. Neste sentido a educação em

saúde significa contribuir para que as pessoas adquiram autonomia para identificar e

utilizar as formas e os meios para preservar e melhorar a sua vida (BRASIL,1998).

O desafio da educação em Saúde é trazer abertura para debates no âmbito

governamental, com os profissionais e a população. Com isso terá um avanço

apontando para a construção e difusão do saber e do conhecimento visando à

melhoria na qualidade de vida (BRASIL, 1998).

A motivação para a implementação deste projeto de intervenção se deu

devido ao fato de que na cidade de Água Clara há um alto índice de cesáreas

comparado com o número de partos normais realizados na cidade, isto é,

comparado ao índice esperado pela organização mundial de saúde.

O objetivo deste trabalho foi conhecer a percepção de mulheres puérperas

atendidas na Unidade de Saúde Jardim das Palmeiras no município de Água Clara,

sobre o parto cesárea e a realização de ações educativas sobre o parto normal em

mulheres gestantes atendidas na mesma unidade.

Possibilitando às mesmas a possibilidade de conhecer previamente os

possíveis riscos de um procedimento operatório, além de oferecer à mulher,

conhecimentos que aumentem sua autonomia e poder de opinar sobre a melhor

forma de dar a luz.

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METODOLOGIA

Trata – se de um projeto de intervenção no qual se buscou conhecer a

percepção das mulheres puérperas sobre o parto cesárea.

Participaram da ação um médico, uma enfermeira, três agentes comunitários

de saúde e 50 mulheres puérperas que deram à luz por meio do parto cesárea.

Durante as visitas domiciliares realizadas pelo médico da equipe, as mulheres

puérperas foram convidadas a participarem do presente projeto de intervenção.

A experiência foi composta das seguintes etapas:

1.Encontro com mulheres puérperas que tiveram parto cesárea, na qual

realizou-se uma roda de conversa onde abordou-se temas como o pré natal, parto

normal, parto cesárea, direito de escolha, complicações no parto e pós parto.

Essa abordagem ocorreu em três fases sendo que foi realizado um bate papo,

depois um questionário e após uma palestra. E essa reunião foi realizada na

Unidade de Saúde Jardim das Palmeiras no Município de Água Clara entre os

meses de março, abril e maio do ano de dois mil e onze.

2.Primeira roda de conversa: foi realizado um bate papo onde as mulheres

trocaram experiências entre si e com a equipe, e logo após foi aplicado um

questionário que continha questões como: qual o tipo de parto que a mulher

desejava e por quê? , qual o melhor na sua opinião? , quais foram as orientações

que tiveram sobre parto no pré- natal? , de que forma foi avisada sobre a indicação

da cesárea e por quê?

3.Segunda roda de conversa foi realizada palestra para as mulheres

gestantes, abordando a importância do pré- natal, as vantagens e desvantagens do

parto normal e cesárea, a importância de se conhecer a evolução do parto normal,

complicações no parto e pós- parto, o direito de escolha, os direitos da mulher sobre

acompanhante antes , durante e após o parto.

Já na primeira roda com a equipe por meio de uma ação dialógica, as

mulheres puérperas foram questionadas e a partir das respostas a equipe favorecia

a troca de informações e ressignificação dos conceitos e percepções quando

inadequados ou distorcidos.

Constituindo-se assim, numa atividade educativa com participação de todos.

Os resultados obtidos foram compilados e serão demonstrados em tabelas a seguir.

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Para MILET & MARCONI (1992), a metodologia participativa facilita a integração

entre educador e educando, permitindo a participação de todos.

REVISÃO DA LITERATURA

Essa relato de experiência se fundamenta no fato que o parto cesárea é tido

por muitas mães como parto ideal, pois a princípio o mesmo não lhes causa a

angústia do trabalho de parto , ou seja, a dor de parto, definido por muitas mulheres

como algo traumatizante. Porém, observa-se que muitas gestantes não possuem

conhecimentos sobre os riscos de um parto cesárea, bem como quais são suas

possíveis indicações (FAÚNDES: CECATTI,1991).

As repercussões disso são bastante sérias: as cesáreas acarretam quatro

vezes mais riscos de infecção puerperal, três vezes mais riscos de mortalidade e

morbidade materna, aumento dos riscos de prematuridade e mortalidade neonatal,

recuperação mais difícil da mãe, maior período de separação entre mãe/bebê com

retardo do início da amamentação e elevação de gastos para o Sistema Único de

Saúde (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA-CFM, 1997).

Algumas explicações para taxas tão altas de cesariana são: má formação de

profissionais de saúde, a solicitação da cesárea em decorrência da desinformação

da mulher em relação ao parto normal, a falta de enfermeiras obstetras para assistir

o parto, o pouco tempo dedicado pelo médico em acompanhar o trabalho de parto, a

realização da laqueadura tubária durante a cesárea, entre outras

(BUSSAMARA,2000).

Além disso, os profissionais de saúde apontam como motivo para a “cesárea

a pedido” o medo da dor no momento do trabalho de parto e a possibilidade de

evitar dores após a cirurgia, através da utilização de fortes analgésicos, assim como

a ideia de que a cesárea permite à mulher manter intacta a anatomia e fisiologia da

vagina e do períneo, o que seria importante para o coito vaginal (FAÚNDES;

CECATTI, 1991).

No modelo intervencionista da assistência ao parto, a mulher torna-se o

objeto da ação, perdendo o controle de decisão sobre seu próprio parto (TANAKA,

ACA, 1995). A autonomia da mulher no momento do parto está vinculada ‘a sua

inclusão na decisão sobre a via de parto; isso ocorre na medida em que ela é

informada a respeito das evidências científicas disponíveis para indicação da melhor

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conduta a ser tomada. Nesse sentido, o diálogo entre o profissional de saúde e

parturiente é a base do que se denomina “aliança terapêutica”, que depende da

relação equipe de saúde e paciente (DINIZ, CSG. 2001).

A expectativa da gestante quanto ao tipo de parto, está relacionada com as

informações que serão obtidas e explicadas para ela durante o pré-natal, que deve

fazer parte da assistência ao parto. Assim a gestante poderá conhecer as

alternativas possíveis na assistência, em situação normal e no caso de surgirem

complicações.

Atualmente, até o discurso feminista do direito da mulher à escolha está

sendo apropriado pela obstetrícia para justificar a “cesárea a pedido”. Porém, a

aparente “liberdade de escolha” outorgada à mulher é muitas vezes, acompanhada

da falta de informações sobre os riscos envolvidos nos procedimentos relacionados

ao parto e nascimento (MELLO e SOUZA, 1994).

Em seu artigo, Hotimsky et al. (2002) refletem sobre outros estudos e afirmam

que trabalhos frequentemente colocam em dúvida a argumentação de que a

preferência das mulheres é o fator responsável pelo aumento no número de partos

cirúrgicos. Entretanto, fica claro ao visitar-se a literatura, a tendência de autores de

valorizar e dar voz aos usuários dos serviços de saúde, estimulando-se a

participação social, o protagonismo do usuário, a melhora da qualidade da

assistência e a construção da cidadania.

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RESULTADOS E IMPACTOS

Os dados foram obtidos através de duas rodas de conversa realizadas na

unidade de saúde da família Jardim das Palmeiras no município de Água Clara com

cinquenta (50) puérperas convidadas a uma conversa informal - para tentarmos

entender os altos índices de cesárea no município.

As idades das pacientes variam de 12 e 48 anos, predominando as faixas

etárias de 19 a 22 anos com 13 puérperas (26%) e 23 a 26 anos com 12 puérperas

(24%). Entre as mulheres puérperas 40% foram classificadas como primíparas e

60% como multíparas. Os dados revelaram baixa escolaridade, com 72% de

mulheres que não terminaram o ensino fundamental, e apenas 4% cursaram o

ensino superior. Do total de mulheres puérperas 98% receberam assistência pré-

natal, 82% realizaram 6 ou mais consultas, e 48% das mulheres receberam

orientação sobre as vantagens e desvantagens do parto normal e do parto cesárea.

Importante também relatar é que 56% das mulheres tem renda familiar entre 300,00

e 900,00 reais.

Das 50 mulheres que realizaram cesarianas, 32% foram realizadas em abril

de 2011, 40% foram realizadas em maio de 2011 e 28% foram realizadas em junho

de 2011. E dessas 78% foram feitas entre as 7 horas e as 19 horas.

Os resultados da Tabela 1 evidenciam o predomínio de justificativas com

bases nas vantagens do parto normal em relação ao parto cesárea. Sendo que as

citadas estão ilustradas pelas seguintes falas: “a recuperação é mais rápida” , “é

mais saudável / natural”. Merece comentar que algumas mulheres estão bem

informadas e têm o conceito de que o parto normal é fisiológico e apresenta-se sem

risco para a mãe e bebê, conforme alguns relatos: “mais fácil”, “sofre menos” e

“medo do corte, pois demora para cicatrizar”. Essas respostas revelam que as

mulheres avaliam os riscos e benefícios do parto e estabelecem suas escolhas. O

desejo pelo parto normal 36 (72%) foi motivado pela expectativa de recuperação

rápida e por ser mais saudável.

Quanto às justificativas para a escolha da cesárea que foram 14 (28%) casos;

constam motivos relacionados à mãe e ao bebê, tais como: “o outro parto também

foi cesárea”, “cesárea dói menos”, “para fazer laqueadura”, “melhor para o bebê”.

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As justificativa alegadas revelam que o desejo pela cesárea é determinado pelo

receio de sofrer dores e pela possibilidade de ter complicações com o recém nascido

e consigo mesma, entre outros fatores. Chama a atenção que as justificativas “parto

mais rápido / melhor”, “experiência do parto anterior” e “dói menos” são

compartilhadas por mulheres que desejam o parto e por aquelas que desejam a

cesárea. Essa aparente contradição pode ser interpretada a partir da subjetividade e

experiência de cada mulher.

Tabela 1 – Justificativas apresentadas pelas mulheres, quanto ao tipo de parto esperado.

Justificativa Parto Esperado

Normal (%) Cesárea (%) Total (%)

Recuperação é melhor 56 - 56

Sofre menos 02 10 12

Saudável/ natural 08 - 08

Medo do corte 06 - 06

Cesárea anterior - 10 10

HIV + - 02 02

Fazer laqueadura - 02 02

Sem dilatação - 04 04

Total 72 28 100

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Observa-se na tabela 2, que a maioria das mulheres 88% recebeu

informações quanto à indicação da cesárea antes da realização do procedimento;

sendo que essa comunicação na maioria das vezes foi feita de forma verbal (76%).

O comunicado foi feito em 82% dos casos pelo médico, 6%) dos casos pela

enfermeira e em 2% dos casos pelos técnicos de enfermagem.

Conhecer as indicações do parto operatório antecipadamente à sua

realização, e não durante ou após o procedimento, permite à mulher expressar seus

sentimentos e dúvidas. Mesmo levando em conta que, e algumas situações com

indicação de cesárea, existe urgência obstétrica, deixar de informar

antecipadamente a mulher que será submetida à cesárea é, no mínimo,

desconsiderar seu direito como pessoa e violar princípios éticos, refletindo atitude

profissional autoritária. Assim o profissional de saúde deve orientar antecipadamente

a mulher sobre o diagnóstico e o procedimento que será realizado.

Tabela 2 – De que forma foi dada a informação da indicação de cesárea, segundo as puérperas:Forma Total (Número = %)Verbal 76Após toque vaginalEscritaNão recebeu informação

140010

Total 100

As respostas relatadas pelas mulheres puérperas foram empolgantes e

inesperadas, pois a maioria tem uma visão positiva em relação ao parto normal ,

mas não tem conhecimento e informação necessários para questionar e dar

opiniões sobre seu parto em conjunto com a equipe de saúde que a assistiu. Além

disso, essas conversas abriram espaços para realizarr palestras e ações para as

gestantes que estão fazendo pré- natal atualmente.

Foi observado também que em 92% das cesáreas as mulheres chegaram a

gestação a termo. E que apenas 8% dos recém nascidos tinham peso inferior

2500gramas.

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Um dado interessante é que nenhum desses 50 recém nascidos precisaram

de acompanhamento especializado em UTI neonatal, todos ficaram no alojamento

conjunto com suas mães, após o procedimento realizado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desse trabalho pode-se constatar que é fundamental

primeiramente socializar com a equipe multiprofissional os dados obtidos nessa

experiência, pois levantou alguns dados interessantes como a incidência da prole

em idade considerada ideal para a gestação.

Um fator importante é que a maioria das parturientes fez pré-natal , e a

maioria delas realizaram 6 ou mais consultas de pré- natal, atendendo às

recomendações do Ministério da Saúde, que propõe 6 consultas durante esse

período.

Apesar de todas as gestantes terem feito pré-natal, mais da metade delas

não recebeu orientações, explicações e esclarecimentos necessários sobre a via de

parto, durante o mesmo.

Deve-se respeitar também a preferência de parto das gestantes, pois a

maioria delas tinham como opção o parto normal, sendo que a principal justificativa

pela escolha desta via de parto foi a melhor recuperação pós parto, e as gestantes

que tiveram como opção a cesariana, optaram por essa via de parto pelo medo , dor

e por causa das cesáreas anteriores, que com uma orientação prévia e adequada

durante o pré- natal poderia ser sanado esses problemas aumentando a frequência

do parto normal.

Ao analisar-se esses dados mais profundamente pode-se concluir que

melhorando a qualidade de assistência durante o pré-natal, acrescentando-se ações

educativas sobre a parto normal , orientando-se as mulheres sobre seus medos e

dúvidas, pode-se diminuir a incidência de parto cesariana. Somando-se a isto, outras

maneiras de tranquilizar a parturiente, como o acompanhamento de seu marido no

pré-natal, durante o trabalho de parto e durante o parto, aumentaria o índice de parto

normal.

Ressalta-se a importância do parto cesárea quando se fizer necessário, já

que configura-se como é uma via de parto tão importante quanto ao parto normal,

quando bem indicado.

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Lembrando sempre que para se obter o sucesso, devemos dar valor aos

mínimos detalhes, sendo necessário o conhecimento , o respeito, a compreensão e

principalmente a empatia entre a gestante e o profissional que a acompanha.

Vale mencionar que a coleta de dados foi realizado por meio de uma roda de

conversa entre a equipe e usuárias, assim , é uma limitação do presente estudo,

pois não existe a possibilidade de confrontar as diferentes informações, permitindo

uma interpretação que incorpore as várias dimensões envolvidas no contexto.

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REFERÊNCIAS

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Brasília (DF): Coordenação Nacional de DST/AIDS;1998.

2. Conselho Federal de Medicina. Cesariana: uma epidemia invisível. Medicina,

Conselho Federal, v.84, p.18-19, 1987.

3.DINIZ CSG. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidade e limites da humanização da assistência ao parto. (tese) . São Paulo (SP): Faculdade de

Medicina/USP; 2001.

4. FAÚNDES, A; CECATTI; J.G. A operação cesárea no Brasil. Incidência,

tendências, causas, conseqüências e propostas de ação. Cad Saúde Pública,

abril/junho; 7(2):150-73, 1991.

5.HOPKINS, K.L. Sob a faca: Cesariana e a esterilização da mulher no Brasil. Ph. D

Thesis, Austin: University of Texas, 1998.

6.MELLO & SOUZA, C. C-sections as ideal births: The cultural construtions of

beneficence and patients rights in Brazil. Cambridge Quartely of Healthcare Ethics,

v.3, p.358-366, 1994

7.NEME, B. Obstetrícia Básica, 2.ed. São Paulo: Sarvier, 2000.

8.OSAVA, R.H. Parto Humanizado: Importante Mudança para a Saúde. Revista Nursing. São Paulo, v.57, n.06; 2003.

9.______. Parto, Aborto e puerpério. Assistência Humanizada à mulher. Ministério da Saúde. Brasília, Distrito Federal, 2001.

10.PERPÉTUO, I.H.O.P.; BESSA, G.H & FONSECA, M.C. Parto cesário: Uma

análise da perspectiva das mulheres de Belo Horizonte. In: Anais do XI Encontro

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Nacional de Estudos Populacionais da Associação Brasileira, 1998. On-line.

Disponível em http://www.abep.nepo.unicamp.br/. Acessado em 16/02/2004.

11.REZENDE & MONTENEGRO. Obstetrícia Fundamental. 8.ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1999.

12.SILVA, M.J.P. Comunicação Tem Remédio: a comunicação das relações

interpessoais em saúde. São Paulo: Editora Gente, 1996.

13.TANAKA, ACA. Maternidade: dilema entre nascimento e morte. São Paulo

(SP): Hucitec; 1995.

14.ZIEGEl, E.E.; CRANLEY, M.S. Enfermagem Obstetrícia. 8.ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1996.

15.WHO ( World Health Organization), 1985. Appropriate technology for birth. Lancet, 2:436-437.

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Marcio Alexandre Rezende RG : 5338670 -9 SSP -PR

Curso : Atenção Básica em Saúde da Família

Centro:

( X ) Artigo ( ) Monografia

Título: CONHECIMENTO DAS PUÉRPERAS QUANTO Á INDICAÇÃO DO PARTO CESÁREA.

Autorizo a UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,

através da Biblioteca da UFMS, disponibilizar, gratuitamente, em sua base de

dados, sem ressarcimento dos direitos autorais, o texto integral do artigo de nossa

autoria, em Formato PDF, para fins de leitura e/ou impressão pela Internet, a partir

desta data:

Sim ( X ) Não ( )

Assinatura(s): ___________________________________

´

´

Água Clara

01/11/2011

19