alexandre da cunha tremel correlaÇÃo entre a frequÊncia de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE PASSADAS E FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TREINAMENTO INTERVALADO COM E SEM INCLINAÇÃO Florianópolis, 2019

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Page 1: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE DESPORTOS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL

CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE PASSADAS E FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TREINAMENTO INTERVALADO COM E SEM INCLINAÇÃO

Florianópolis,

2019

Page 2: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

Alexandre da Cunha Tremel

CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE PASSADAS E FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TREINAMENTO INTERVALADO COM E SEM INCLINAÇÃO

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Educação Física – Bacharelado do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Dantas de Lucas

Florianópolis

2019

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Este trabalho é dedicado aos meus queridos pais, Edy

Leopoldo Tremel e Celina Rachel da Cunha Tremel e a

minha amada esposa Helen Horta de Oliveira.

Page 6: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

AGRADECIMENTOS

Dentre as pessoas que me auxiliaram durante o processo de execução deste

trabalho gostaria de agradecer ao meu orientador Ricardo Dantas de Lucas, pelo

auxílio em cada passo desde o projeto inicial até a sua conclusão bem como pelas

horas desprendidas no processo de orientação; aos mestrandos Diego Antunes e

Lucas Garcia pelo auxilio durante o processo de coletas e ideias para tornar o

processo mais prático e ágil; e a minha amiga Karoline Vieira que participou do

projeto ajudando nas correções, formatação do trabalho e slides além da parceria

nos trabalhos realizados durante o curso, e em especial a minha esposa Helen

Horta de Oliveira pelo apoio emocional, ajuda na correção dos trabalhos e pelas

conversas que me davam clareza e confiança de que estava no caminho certo.

Page 7: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

RESUMO

O objetivo deste estudo foi verificar se existe correlação entre as respostas fisiológicas (frequência cardíaca-FC) e biomecânicas (frequência de passadas-FP), em dois treinamentos intervalados distintos, um sem inclinação e outro com inclinação, ambos os testes foram realizados na potência aeróbica máxima. Os treinamentos intervalados foram realizados com 72 horas de intervalo entre eles, e consistiram de 10 estímulos de 1 minuto na potência máxima aeróbica, com 1 minuto de intervalo. O treinamento intervalado sem inclinação foi realizado na vVO2max, determinada por teste incremental prévio, e o treinamento intervalado com inclinação foi realizado na inclinação máxima encontrada em teste incremental prévio que foi realizado com 72 horas de intervalo do teste incremental sem inclinação a 50% da vVO2max máxima encontrada no teste incremental sem inclinação. Nos testes incrementais a velocidade final foi de 17 ± 1km/h , com FCmax de 182 ±9bpm enquanto a inclinação máxima foi de 17 ± 1,27 % com FCmax de 176 ± 11bpm. No intervalado sem inclinação a FC média foi 163 bpm e a FP média foi 187 passadas por minuto. No intervalado com inclinação a FC média foi de 157 bpm e a FP média 169 (ppm). A correlação entre a diferença da FC e da FP obtidas em ambos os testes foi de r= 0,56 (p = 0,03). Existem diferenças entre a FC e FP nos treinos intervalados plano e inclinado, foi observada uma diminuição de ambas na situação inclinada, uma possível explicação seria o aumento do retorno venoso pela maior ativação da musculatura de membros inferiores (maior tempo de contato com o solo) e como consequência maior volume sistólico a cada contração da musculatura cardíaca, os parâmetros de FC e FP possuem uma correlação moderada, especificamente na potência aeróbica máxima, dentro dos dados analisados o consumo de oxigênio não apresentou diferença significativa entre as corridas com e sem inclinação, são necessários outros estudos para que essa correlação seja melhor explicada. Palavras-chave: Corrida com inclinação. Frequência cardíaca. Frequência de

passadas.

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ABSTRACT

The aim of this study was to verify if there is a correlation between the physiological (heart rate-HR) and biomechanical responses (SF stride frequency), in two separate training sessions, one without a slope and one with slope, both tests were performed at maximum aerobic power. Interval training was performed with a 72-hour interval between them, and consisted of 10 times 1-minute stimuli at maximum aerobic power, with a 1 minute rest. The non-incline interval training was performed on vVO2max as determined by a previous incremental test, and interval training with slope was performed at the maximum slope found in a previous incremental test, that was performed with a 72-hour incremental test interval with no slope at 50% of vVO2max maximum value found in the incremental test without slope. In the incremental tests, the final velocity was 17 ± 1km / h, with HRmax of 182 ±9bpm, while the maximum slope was 17 ± 1,27% with HRmax of 176 ± 11bpm. In the interval without inclination the mean HR was 163 bpm and the mean FP was 187 times per minute. In the interval with inclination the mean HR was 157 bpm and the mean FP was 169 (ppm). The correlation between the difference in HR and BP obtained in both tests was r = 0.56 (p = 0.03). There were differences between the HR and PF in the flat and inclined interval training, a decrease of both in the inclined position was observed, a possible explanation would be the increase of the venous return by the greater activation of the lower-limb musculature (longer time of contact with the ground) and, as a consequence, higher systolic volume at each contraction of the cardiac musculature, HR and SF parameters have a moderate correlation, specifically at maximum aerobic power, within the data analyzed, oxygen consumption did not present a significant difference between runs with and without inclination, further studies are needed to better explain this correlation. Key words: Race with inclination. Heart rate. Stride frequency.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CP – Comprimento de passada

FC – Frequência cardíaca

FCmax – Frequência cardíaca máxima

Lac – Lactato sanguíneo

FP – Frequência de passadas

FPmax – Frequência de passadas máxima

VE – Ventilação

VO2max – Consumo máximo de oxigênio

vVO2 – Velocidade no consumo máximo de oxigênio

Page 10: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10

1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 12

2.1 FREQUÊNCIA CARDÍACA ........................................................................... 12

2.2 FREQUÊNCIA DE PASSADAS ..................................................................... 12

2.3 CORRIDA COM ACLIVE ............................................................................... 14

2.4 TREINAMENTO INTERVALADO .................................................................. 14

3 OBJETIVOS .................................................................................................. 16

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 16

3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 16

4 MATERIAIS E MÉTODO ............................................................................... 17

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ 17

4.2 PARTICIPANTES .......................................................................................... 17

4.3 DESCRIÇÃO GERAL DA COLETA DE DADOS ........................................... 18

4.4 TESTES INCREMENTAIS ............................................................................ 19

4.4.1 Teste incremental de velocidade ............................................................... 19

4.4.2 Teste incremental com inclinação ............................................................. 20

4.5 SESSÕES DE TREINAMENTO INTERVALADO .......................................... 20

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................... 21

5 RESULTADOS .............................................................................................. 22

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 24

7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 28

Page 11: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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1 INTRODUÇÃO

Corredores utilizam os mais diferentes métodos de treinamento para

melhorarem sua performance, seja esta melhora em índices fisiológicos ou a da

economia de corrida, desenvolvendo força e resistência muscular. Estas

características podem ser desenvolvidas utilizando o treinamento com aclive como

ferramenta de treinamento (BARNES et al., 2013).

A corrida com aclives em alta intensidade no formato de treino intervalado é

utilizada como método de incremento tanto das capacidades aeróbicas quanto da

força e resistência dos corredores de provas longas (FERLEY et al., 2013).

A inclinação do terreno incide em diferentes respostas do sistema

cardiorrespiratório bem como em fatores da biomecânica da corrida, podendo citar

aqui a frequência de passadas. A comparação entre situações de corrida com e sem

inclinação mostram isso (MINETTI et al., 2002; CHEN et al., 2009).

Minetti et al. (2009), por exemplo, destaca em seu trabalho diferenças na

frequência cardíaca, consumo de oxigênio, no tempo de contato com o solo,

frequência e comprimento de passada, ao comparar a corrida com e sem inclinação.

Com intenção de otimizar o sistema de oferta, transporte e utilização de

oxigênio, o método de treinamento intervalado na intensidade da potência aeróbica

tem se mostrado como importante ferramenta de melhora de performance para

atletas bem treinados (BILLAT, 2001).

O principal objetivo deste estudo foi verificar se existe correlação entre a

diferença da frequência cardíaca e a frequência de passadas, no treinamento

intervalado, na potência aeróbica máxima, com e sem inclinações, possibilitando,

caso comprovada essa correlação, que treinadores e atletas tenham um melhor

parâmetro para prescrever e treinar em diferentes tipos de terreno.

1.1 JUSTIFICATIVA

O treinamento em subida ou com inclinação é largamente utilizado no

treinamento de corredores, independentemente do tipo de prova que realizam. Isto

porque, o treinamento em subida ou com inclinação provoca adaptações fisiológicas

e mecânicas benéficas, dentre elas, o aumento da força de resistência muscular e

economia de corrida.

Page 12: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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O presente Projeto visa fornecer informações para os treinadores e atletas

acerca de possíveis diferenças com relação à frequência cardíaca e frequência de

passadas que podem ocorrer nos diferentes planos que aqui serão estudados. Se

houver diferença na frequência cardíaca esta mudança acarreta uma mudança da

prescrição, quanto à frequência de passadas também pode auxiliar na prescrição

levando em conta uma cadência que produza uma maior economia de corrida.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FREQUÊNCIA CARDÍACA

A frequência cardíaca é um índice de demanda energética, controlada pelo

sistema autônomo, o balanço entre sistemas parassimpático e sistema simpático

determinam o aumento e diminuição da mesma. Então estando o sujeito em

repouso, com uma baixa demanda energética o sistema parassimpático é

predominante, a medida que este inicia um exercício e consequentemente aumenta

sua demanda energética, o sistema simpático começa a ativar-se elevando a

frequência cardíaca, ao mesmo tempo em que o sistema parassimpático diminui

sua atividade, os dois sistema agem em conjunto, alterando somente a

predominância de um ou de outro de acordo com a intensidade exigida pelo

exercício, quanto mais intenso maior a participação do sistema simpático e maior a

frequência cardíaca (WHITE; RAVEN, 2014).

Partindo de um estado de repouso, ao iniciar um exercício, os músculos

necessitarão de oxigênio para suprir a nova demanda, de modo que haverá um

déficit até que se atinja o fornecimento necessário para a manutenção do exercício

proposto. (POWERS; HOWLEY, 2012). Assim, com a nova demanda energética,

gera-se um débito cardíaco aumentado, e, por conseguinte, a frequência cardíaca se

eleva para suprir a exigência muscular do novo momento (POWERS; HOWLEY,

2012).

“O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca (FC) pelo volume

sistólico (VS) (quantidade de sangue bombeada por batimento cardíaco)”

(POWERS; HOWLEY, 2012, pg 199). O débito cardíaco pode sofrer aumento de

duas maneiras: pelo aumento da frequência cardíaca ou pelo aumento da pressão

sistólica, sendo esta última, o aumento do volume de ejeção a cada batida do

coração. Esses dois tipos de aumento do débito cardíaco ficam bem caracterizados

em esportes realizados na posição em vertical, dos quais se pode citar, a corrida e o

ciclismo (POWERS; HOWLEY, 2012)

2.2 FREQUÊNCIA DE PASSADAS

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A velocidade em corredores de endurance é dada pela relação entre

comprimento de passada e frequência de passada, para aumentar sua velocidade o

sujeito deve necessariamente aumentar uma destas duas variáveis. O comprimento

da passada é o principal responsável pelo aumento inicial da velocidade de corrida,

mas, a um certo ponto torna-se impossível aumentar essa variável e a frequência de

passadas passa a ter um papel fundamental no aumento da velocidade, a situação

descrita refere-se a uma corrida iniciada em uma intensidade leve que vai sendo

incrementada até a velocidade máxima (CAVANAGH; KRAM, 1989).

Hogberg em seu estudo verificou que a frequência de passada é uma das

maneiras do sujeito aumentar sua velocidade, aliado ao comprimento da passada.

Em seu protocolo a diferença na frequência de passadas entre uma corrida a

10km/h e a 20km/h foi de 9%, assim, em uma certa intensidade o comprimento de

passada estabiliza e a frequência de passadas, passa a ser a responsável pelo

aumento da velocidade (HOGBERG, 1951).

Durante uma corrida com duração de uma hora, na qual se alterna a

frequência de passadas em uma velocidade constante (77,9% do Vo2 máximo),

foram encontradas diferenças significativas no custo metabólico para manter esta

intensidade. A frequência de passadas foi alternada entre a frequência de passadas

preferida do sujeito, e, após, em 4% e 8% acima, de modo que as mudanças

ocorreram em diferentes momentos daquela 1 (uma) hora de corrida. O aumento do

custo energético ficou mais claro nos primeiros momentos do teste, antes do sujeito

demonstrar fadiga, visto que o teste era em uma intensidade próxima a que o sujeito

consegue manter-se por uma hora (HUNTER; SMITH, 2007).

A frequência de passadas também esta associada ao tempo de contato e

impacto com o solo, sendo responsável por algumas lesões comuns a corredores

(SCHUBERT; KEMPF; HEIDERSCHEIT, 2013)

Morin et al, fez em seu trabalho variações da frequência de passadas, e,

dentre seus achados, estão a diminuição do tempo de contato com o solo, a

diminuição da fase aérea (tempo sem contato com o solo), dentre outros, não foi,

entretanto, correlacionado o gasto energético neste estudo (MORIN et al., 2007).

Em um teste de corrida, realizado em esteira, utilizando diferentes frequências

-20%, -10%, +10% e +20%, tendo como ponto zero a frequência de passadas

preferida do sujeito, foi possível encontrar diferenças significativas tanto na

frequência cardíaca quanto no consumo de oxigênio. Tanto a variação para uma

Page 15: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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frequência de passada maior, quanto a variação para uma frequência menor,

resultaram em aumento significativo na frequência cardíaca e no consumo de

oxigênio, porém esse aumento foi maior quando a frequência de passadas foi menor

do que a frequência de passadas preferida (HAMILL; DERRIK; HOLT, 1995)

2.3 CORRIDA COM ACLIVE

O desenvolvimento da força e resistência muscular específica pode ser

alcançado durante o treinamento de corrida realizado em aclives, além de gerar a

melhora da aptidão aeróbica (BARNES et al., 2013)

Ferley et al.(2013), em seu trabalho, compararam grupos que treinaram em

condições de alta intensidade - 100% do VO2max-, em duas situações, com e sem

inclinação, durante um período de seis semanas, onde foram encontradas

diferenças significativas com relação ao tempo de exaustão dos dois grupos

(FERLEY et al., 2013)

A corrida com diferentes inclinações, em uma mesma intensidade, gera um

aumento do gasto metabólico que pode ser observado pelo aumento significativo,

tanto da frequência cardíaca, quanto do consumo de oxigênio. Inclinações de 2% e 7

% geraram um aumento na frequência cardíaca, que foi de 15% quando a inclinação

foi ajustada a 7%, e no consumo de oxigênio o aumento foi de 19%, com a

inclinação de 7% (PADULO et al., 2013). O tempo de contato com o solo, na

inclinação de 7%, é maior do que quando comparado com a corrida a 1% de

inclinação, além de se observar um aumento na frequência de passadas na

inclinação de 7% (PADULO et al., 2013).

A fim de gerar uma economia de corrida específica para provas de 5 km,

treinos intervalados de alta intensidade, a aproximadamente 95% da velocidade do

VO2 máximo, com inclinação, mostram-se muito eficientes, gerando melhoras nos

índices fisiológicos e consequente melhora da economia de corrida e performance

(BARNES et al., 2012)

2.4 TREINAMENTO INTERVALADO

No ano de 1910 se tem registro de que o campeão olímpico dos 10 km

Hannes Kolehamainen, usou treinamento intervalado em seus treinos específicos

Page 16: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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para a prova, seu método intervalado foi composto da seguinte forma: 5 a 10

repetições de 3minutos e 05 segundos, com intervalo não definido, um século depois

esse modelo ainda é usado por atletas e treinadores (BILLAT, 2001).

Emil Zatopek, um múltiplo campeão de provas de fundo, que foi medalhista de

ouro nos 5000m, 10.000m e 42.195m, é um dos principais expoentes do treinamento

intervalado, chegando a fazer 100x 400m em sua velocidade crítica, que foi

calculada a época como sendo 85% da sua melhor velocidade obtida em uma prova

de 10 km (BILLAT, 2001).

Durante a década de 60 o fisiologista sueco Per Olof Astrand, passa a utilizar

um modelo um pouco diferente, numa intensidade mais alta em torno de 90 a 95 %

da vVO2 máxima, com estímulos de 3 minutos, com total recuperação entre eles,

este tipo de treinamento tem por principal objetivo o incremento do VO2 máximo

(BILLAT, 2001).

Com o decorrer do tempo outros modelos foram experimentados, estímulos

mais curtos e mais intensos como por exemplo 15 segundos na vVO2 máxima, com

15 segundos de intervalo, que também causou aumento do VO2 máximo (BILLAT,

2001).

Bilat et al. (2001) em seu estudo testou três diferentes modelos de

treinamento intervalado de 15 segundos de estimulo com 15 segundos de descanso,

sendo o primeiro entre 90% e 80% da vVO2 máxima, o segundo entre 100% e 70%

da vVO2 máxima e o terceiro entre 110% e 60%, o principal detalhe é que os três

modelos devem ter a velocidade média de 85% da vVO2 máxima. Em todos os

modelos o VO2 máximo e a frequência cardíaca máxima durante o tempo esperado,

e os corredores conseguiram manter-se correndo por um tempo de 15 min na

intensidade da velocidade crítica.

Tendo por objeto de estudos sujeitos ativos, mas não treinados, e utilizando

métodos de treinamento distintos, o de treinamento continuo e o de treinamento

intervalado, buscando com esse treinamento verificar a melhora do VO2 máximo. Os

dois tipos de treinamento se mostraram aptos a atingir o fim a que se propuseram,

porém, o treinamento intervalado se mostrou mais eficiente, principalmente tratando-

se de sujeitos não treinados (MILANOVIć; SPORIŁ; WESTON, 2015).

Page 17: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Verificar a correlação entre a média da frequência de passadas e a frequência

cardíaca em treino intervalado com inclinação e sem inclinação.

3.2 Objetivos Específicos

Mensurar a frequência cardíaca máxima no treino intervalado sem inclinação

Mensurar a frequência cardíaca máxima no treino intervalado com inclinação

Mensurar a frequência de passadas no treino intervalado sem inclinação

Mensurar a frequência de passadas no treino intervalado com inclinação

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4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa transversal, caracterizada pela metodologia

quantitativa, com objetivo descritivo. Com relação a finalidade prática aplicada e

pelo tipo de pergunta, correlacional e foi feita com participantes (THOMAS;

NELSON, 2002)

4.2 PARTICIPANTES

Os participantes foram selecionados por método não intencional, não

probabilístico, serão do sexo masculino, em número de 12 atletas, treinados por no

mínimo 2 anos com experiência em corrida de montanhas.

Previamente aos encontros para a coleta de dados, foi explicado aos

participantes os objetivos da pesquisa e também ocorreu a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina.

Os critérios de inclusão à participação do estudo foram o volume do

treinamento de corrida semanal que deve ser igual ou superior a 50km e deve

conter no mínimo uma sessão de treino com subidas, o tempo que o atleta leva para

percorrer 10km não deve ser superior a 40 minutos, estes critérios foram cumpridos

pelo prazo não superior a seis meses anteriores a data da coleta de dados, foram

critérios de exclusão deste estudo qualquer lesão músculo esquelética no sujeito

pelo prazo de trinta dias que antecederem a coleta de dados.

O Laboratório de Esforço Físico (LAEF) do Centro de Desportos (CDS) da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi o local de realização das

coletas, os testes e o treinamento intervalado foram realizados na esteira motorizada

de marca Imbramed Millenium Super ATL (Imbrasport, Porto Alegre, Brasil). A

divulgação do estudo em redes sociais foi o canal para recrutamento dos atletas,

que após o contato foram ou não selecionados pelos critérios estabelecidos no item

anterior.

Page 19: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

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4.3 DESCRIÇÃO GERAL DA COLETA DE DADOS

Os atletas que atenderem aos critérios de seleção chegaram ao laboratório

em perfeitas condições de hidratação, alimentação e recuperação.

O protocolo foi realizado dentro de um período máximo de 15 dias, e os testes

seguiram um padrão de horário do dia com uma variação de mais ou menos 2 horas,

visando diminuir as possíveis variações biológicas.

Foram realizados quatro testes, separados por no mínimo setenta e duas

horas entre eles, e a instrução aos sujeitos foi que não realizassem exercícios

extenuantes (quarenta e cinco minutos, intensidade superior a setenta e cinco por

cento da frequência cardíaca máxima) nas quarenta e oito horas que precederam a

realização dos testes, manterem uma dieta padronizada antes da realização dos

testes, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas e que contenham café nas vinte e

quatro horas que antecederam cada teste.

Na primeira visita foi realizado o teste incremental sem inclinação, pois o

segundo incremental depende de indicies fornecidos por este teste.

Na segunda visita foi realizado o teste incremental com inclinação, a

velocidade utilizada neste teste foi fixa e correspondente a 50% da vVO2 encontrada

no incremental sem inclinação.

Ambos os testes foram conduzidos até a exaustão voluntária a fim de

determinar a intensidade aeróbia máxima, seja ela velocidade ou inclinação.

Com os dados de intensidade obtidos nos testes incrementais, foram

realizados de forma randômica as duas sessões de treinamento intervalado. Estas

sessões de treinamento intervalado consistiram em dez repetições de um minuto de

estímulo com um minuto de intervalo (razão 1/1) na intensidade correspondente a

velocidade máxima ou inclinação máxima obtida nos testes incrementais.

Quando da realização do treinamento intervalado serão coletados dados de

frequência cardíaca através do uso de frequêncímetro GARMIN, e a frequência de

passadas foi obtida através de filmagem com duração de 23 segundos, feita por um

telefone Iphone X e posterior contagem de passos através de utilização do software

KNOVEA 0.7.10, onde foram desprezados os primeiros três segundos e feita a

contagem de passadas nos 20 segundos restantes, sendo este numero multiplicado

por três, obtendo assim a frequência de passadas por minuto para cada estágio.

Page 20: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

19

Para este trabalho, a análise dos dados fisiológicos foi feita utilizando a média

dos últimos 15 segundos de cada estágio.

4.4 TESTES INCREMENTAIS

Dois testes incrementais foram utilizados para determinar os parâmetros

fisiológicos que definem os índices de potência e capacidade aeróbia.

Em ambos os testes, os participantes respiraram em uma máscara facial

(Hans Rudolf, Kansas, EUA) conectada a um analisador de gases, com medidas

respiração a respiração (Cosmed, Quark CPET, Roma, Itália). A calibração do

equipamento foi realizada de acordo com as recomendações do fabricante antes de

cada teste e consistirá em: 1) calibração do ar ambiente; 2) calibração dos gases

(O2 e CO2) a partir de uma concentração conhecida de gases (alfa); 3) calibração

da turbina por meio de uma seringa com volume de ar de 3L (Cosmed, Roma, Itália).

Após a realização das calibrações e de inserir os dados do sujeito no software

Cosmed, as variáveis cardio respiratórias foram continuamente registradas e

gravadas a cada respiração. Em todos os testes realizados, as seguintes variáveis

fisiológicas foram coletadas: Ventilação Pulmonar (VE), Consumo de Oxigênio

(VO2), Frequência Cardíaca (FC), Frequência de passadas (FP), Pulso de Oxigênio

(VO2/FC), Percepção Subjetiva de Esforço – (PSE) e Concentração de lactato

sanguíneo.

4.4.1 Teste incremental de velocidade

Na primeira visita ao laboratório foi conduzido um teste incremental de

velocidade, que foi realizado com velocidade inicial de 10 km.h-1 e incrementos de

1km.h-1 a cada três minutos até a exaustão voluntária, tendo trinta segundos de

intervalo entre cada incremento de velocidade.

Com a intenção de simular a resistência do ar a inclinação da esteira foi

mantida em um por cento. (JONES; DOUST, 1996).

O teste será considerado máximo quando os critérios a seguir foram

encontrados: quociente respiratório (QR) maior que 1,10; platô de VO2; noventa por

cento da FCmax predita pela idade (BASSET; HOWLEY, 1999).

Page 21: ALEXANDRE DA CUNHA TREMEL CORRELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DE

20

4.4.2 Teste incremental com inclinação

O teste incremental com inclinação foi realizado na segunda visita, a

velocidade neste teste foi fixa e determinada pelo valor de cinquenta por cento da

velocidade aeróbica máxima. A esteira foi inclinada inicialmente a três por cento e

sofreu um aumento de dois por cento a cada 3 minutos até a exaustão voluntária,

entre os estágios existiu um intervalo de trinta segundos.

A velocidade fixada em cinquenta por cento da velocidade aeróbica máxima

foi escolhida, pois o número de estágios obtidos desta forma se equipara ao teste

incremental sem inclinação, caracterizando uma mesma intensidade do exercício

(DE LUCAS et al., 2015).

4.5 SESSÕES DE TREINAMENTO INTERVALADO

Com os parâmetros obtidos nos testes incrementais prévios, mais duas visitas

foram necessárias ao laboratório para os treinos intervalados, ambos na intensidade

máxima obtida nos testes anteriores, seja na velocidade ou na inclinação, a ordem

foi randomizada.

Ambas as sessões de treinamento tiveram um minuto de esforço com um

minuto de recuperação passiva (BILLAT., 2001)

A frequência de passadas foi obtida através de filmagem com duração de 23

segundos, feita por um telefone Iphone X e posterior contagem de passos através de

utilização do software KNOVEA 0.7.10, onde foram desprezados os primeiros 3

segundos e feita a contagem de passadas nos 20 segundos restantes, sendo este

numero multiplicado por 3, obtendo assim a frequência de passadas por minuto de

cada estágio, a frequência cardíaca foi monitorada com a utilização de

frequencímetro GARMIN.

Para analisar as respostas fisiológicas (VO2 e FC) medias durante as

sessões de treinamentos intervalado, foi considerada a média dos valores dos

últimos 15 segundos de cada estágio e feito uma média simples, utilizando essa

média para fazer a média de todos os sujeitos.

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4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro Wilk.

Para comparação de médias dos testes incrementais e dos testes intervalados foi o

Teste Tstudent.

A correlação dos deltas (frequência cardíaca e frequência de passadas)

obtidas nos treinamentos intervalados com e sem inclinação, foi verificada pelo

Teste de Pearson, com significância de 5%.

O critério para interpretar a magnitude do ES foi: 0,2 trivial, >0,2 -0,6 pequeno,

>0,6 -1,2 moderado, >1,2 -2,0 grande e >2,0 – 4,0 muito grande (Hopkins et al.,

2009).

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22

5 RESULTADOS Foram sujeitos deste estudo 12 corredores com as seguintes características:

idade= 38,8±6,91 anos; estatura= 174,8±7,34cm; massa corporal 72±8,44kg.

A comparação entre as variáveis máximas obtidas durante os testes

incrementais estão expostas na Tabela 1.

Tabela 1. Valores médios ± desvio padrão das velocidades e inclinações máximas, consumo máximo de oxigênio (VO2max), frequência cardíaca máxima (FCmax), ventilação pulmonar máxima (VEmax) e lactato sanguíneo pico (Lac) obtidos em cada incremental, assim como suas correlações (r). Variáveis VELO INCL p-valor ES

iVO2max(km/h)(%) 17,5 ± 1 17 ± 1,7 0,48 0,29

VO2max(ml/kg/min) 58,0±5,6 59,4 ±6,1 0,12 0,25

FCmax(bpm) 182±9 176±11 <0,001 0,6

VEmax(l/min) 155,1±24,2 156,2±21,4 0,83 0,05

Lac (mM) 8,9±2,3 9,2±2,9 0,47 0,14

*p<0,01; VELO= corrida sem inclinação; INCL= corrida com inclinação; EF= effect size.

Os valores representativos e a comparação das respostas fisiológicas e

biomecânicas de cada sessão intervalada estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Valores médios ± desvio padrão e delta do consumo médio de oxigênio (VO2médio), frequência cardíaca média (FCmédia), frequência de passadas média (FPmédia) e comprimento de passada média (CPmédia) entre as sessões intervaladas com e sem inclinação. Variáveis VELO INCL Diferença p-valor

VO2medio(ml/kg/min) 53,0 ± 6,5 54,7 ± 6,7 -1,7 0,05

%VO2max 90,5 ± 5,5 91,9 ± 4,5 -1,4 0,47

FCmedia(bpm) 163 ± 10 157 ± 9 5,7 <0,001

%FCmax 89,3 88,8 0,5 0,62

FPmedia(ppm) 187 ± 7 169 ± 6 17,6 <0,001

CPmedia(m) 1,56 ± 0,1 0,86 ± 0,05 0,7 <0,001

VELO= corrida sem inclinação; INCL= corrida com inclinação; FP= frequência de passada; CP= comprimento de passada; ppm= passada por minuto

Figura 1. Correlações para o VO2max (Painel A) e a FCmax (Painel B) entre os dois

testes incrementais.

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Figura 2. Correlação entre a diferença observada na corrida sem e com inclinação

para a FC e FP.

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6 DISCUSSÃO

O presente estudo teve por objetivo determinar e correlacionar a diferença

entre as médias da frequência cardíaca e da frequência de passadas obtidas em

duas sessões de corrida intervalada, uma realizado na velocidade máxima aeróbica

e o outra realizada na inclinação máxima aeróbica, sendo que as intensidades

referentes a estes índices foram encontradas a partir de testes incrementais prévios.

O segundo teste incremental que visava com que o sujeito atingisse a

inclinação máxima aeróbia, foi realizado a 50% da velocidade do VO2max

encontrado no primeiro teste, desta maneira o número de estágios alcançados no

segundo incremental não teve diferença significativa para o numero de estágios

encontrado no primeiro incremental sem inclinação, o objetivo era que eles ao final

dos incrementais estivessem na máxima potencia aeróbia.

Com relação as variáveis encontradas nos incrementais, a frequência

cardíaca máxima apresentou valores significativamente inferiores para o incremental

com inclinação, e o VO2max não apresentou diferença significante para o

incremental de velocidade.

Paavolainen et al. (2000) tendo como objetivo investigar a importância do

VO2max, bem como os fatores de potência muscular relacionando-os á

características neuromusculares e anaeróbias utilizando estes fatores como

determinantes de pico de velocidade em corrida horizontal e vertical em esteira,

neste estudo foram utilizados dois testes incrementais com inclinações de 0% e 7%,

o tempo de exaustão foi menor para o incremental a 7% e o VO2max não teve

diferença significativa. Kolkhost, Mittelstad e Dolgener (1995) em testes de corrida

realizados em uma esteira compraram índices fisiológicos em três situações de

inclinação: -5%, 0% e 5%, a uma intensidade de 69% do VO2max não encontrou

diferenças significativas no consumo de O2, acredito que isso seja devido a baixa

intensidade relativa ao VO2max e a inclinação.

As mudanças fisiológicas e biomecânicas dos trabalhos com corrida em aclive

ou com inclinação, vem sendo estudas a partir de diferentes modelos e diferentes

manipulações, tendo por exemplo, inclinações fixas e aumento de velocidade ou

velocidade constante e aumento da inclinação e também buscando aumentos

relativos de velocidade ao aumento da inclinação, como por exemplo os trabalhos de

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Padulo et al. (2013), Balducci et al. (2016) e Pavolen, Nummela e Rusko (2000)

dentre outros citados no presente trabalho.

No presente estudo foi constatado uma diminuição da frequência e no

comprimento de passadas quando comparadas as corridas com e sem inclinação,

porém o consumo de oxigênio não apresentou diferença significativa entre as

corridas . Diferente de Padulo et al. (2013) procuravam observar as mudanças

metabólicas e biomecânicas com relação ao comprimento e frequência de passadas,

tendo em seu trabalho encontrado um incremento tanto no comprimento de passada

quanto na frequência de passadas e consumo de oxigênio quando se aumentou a

inclinação. Neste estudo, foi utilizado as seguintes inclinações (0%, 2% e 7%), uma

velocidade fixa, submáxima que foi determinada pelo nível de performance dos

sujeitos que fizeram parte do estudo, estando eles então em intensidades diferentes

a cada alteração de inclinação.

Balducci et al. (2016) procuraram através de ajustes no incremento da

velocidade dos testes incrementais que realizou com inclinações de 0%, 12,5% e

25% que todos os testes incrementais estivessem em uma mesma intensidade e

apesar dos sujeitos atingirem seu consumo máximo de oxigênio nos três

incrementais. O número de estágios em cada situação foi diferente, o que indica que

a intensidade dos estágios não era a mesma. No presente estudo o ajuste da

velocidade a 50% da vVO2max, foi um diferencial para que em cada estágio os

sujeitos estivessem em uma intensidade similar.

A mudança do regime de contração de excêntrica na corrida sem inclinação,

para concêntrica na corrida com inclinação foi estudado por Maciejczyk et al. (2013),

manipulando a inclinação em 4,5%, 0% e -5%, constatando um aumento de acidose

na corrida com inclinação quando comparada a corrida no plano, mas da mesma

forma que os outros estudos aqui citados ele usou uma velocidade constante a 50%

do Vo2max, o que por fim caracterizaria um incremento na intensidade a medida em

que a esteira vai sendo positivamente ou negativamente inclinada, Maciejczyk et al.

(2013) neste mesmo estudo, mantendo a mesma velocidade declinou a esteira, a fim

de verificar mudanças acido básicas, e constatou que a acidez diminuía a medida

que o movimento se tornava mais excêntrico e como a velocidade ainda era a

mesma a intensidade do exercício diminuía.

Pavolen, A Nummela e Rusko (2000) compararam as corridas sem inclinação

e com inclinação de uma maneira um pouco diferente, realizaram dois incrementais

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com inclinações constantes de 0% e 7%, com incremento de 1km/h-1 , obtendo desta

forma menos estágios no incremental com inclinação, pois os sujeitos já iniciavam os

testes em uma intensidade acima do incremental sem inclinação, apesar de o

VO2max encontrado não ter encontrado diferença significativa.

A partir do padrão biomecânico de passadas, alguns estudos vem analisando

as modificações fisiológicas causadas pela corrida em subida quando comparada

com o plano.

A frequência de passadas a partir de uma certa intensidade onde não é mais

possível aumentar a amplitude da passada passa a ser a responsável pelo aumento

de velocidade na corrida. A partir desta ideia (HOGBERG, 1951) verificou o aumento

da frequência de passadas quando comparou uma corrida a 10km/hr-1 e 20km/hr-1

em corredores treinados, observando um aumento de 9% na frequência de

passadas.

Tendo por objetivo verificar o custo metabólico alterando a frequência de

passadas em 4% e 8% numa corrida com duração de uma hora a uma intensidade

de 78% do VO2max, e HUNTER; SMITH (2007) encontraram diferenças

significativas com relação a frequência cardíaca e consumo de O2 , o que demonstra

uma correlação entre estas duas variáveis.

No presente estudo verificou-se que a FP diminuiu na situação com inclinação

comparada a situação sem inclinação e a FC na situação com inclinação ficou

abaixo quando comparada a situação sem inclinação, e que o Vo2max não

apresentou diferenças significativas, o que pode indicar que membros inferiores na

corrida com inclinação, trabalhando de forma mais concêntrica, tenham aumentado

o retorno venoso fazendo com que a musculatura cardíaca ejetasse mais sangue a

cada batimento.

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7 CONCLUSÃO

Com base no presente estudo, pode-se concluir que a frequência cardíaca

apresenta diferença para a corrida realizada no VO2max, quando se manipula a

inclinação da esteira. Neste caso, a FC máxima e submáxima é menor na corrida em

subida quando comparado a corrida no plano para um mesmo VO2. Além disto,

conclui-se que esta redução observada na frequência cardíaca quando se realiza

uma corrida em subida de forma intervalada, pode ser parcialmente explicada pela

modificação no padrão biomecânico de corrida (ou seja, redução na frequência de

passadas).

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