aldeamento turístico da quinta do tarejo

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CÂMARA MUNICIPAL DE MAFRA E STUDO DE I MPACTE A MBIENTAL DO P ROJECTO DE E XECUÇÃO DO A LDEAMENTO T URÍSTICO DA Q UINTA D O T AREJO R ESUMO NÃO T ÉCNICO R EFORMULAÇÃO Junho de 2012

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Montarejo - Empreendimentos Imobiliários, S.A.. Resumo não técnico

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Page 1: Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo

C Â M A R A M U N I C I P A L D E

M A F R A

E S T U D O D E I M P A C T E A M B I E N T A L D O

P R O J E C T O D E E X E C U Ç Ã O D O

A L D E A M E N T O T U R Í S T I C O D A Q U I N T A D O

T A R E J O

R E S U M O N Ã O T É C N I C O

R E F O R M U L A Ç Ã O

Junho de 2012

Page 2: Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo
Page 3: Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo

E S T U D O D E I M P A C T E AM B I E N T A L D A Q U I N T A D O T A R E J O – R E S U M O N Ã O T É C N I C O

B I O D E S I G N , L D A . - 0 9 0 3 2 1 F AB 0 0 R N 1 . D O C i

C Â M A R A M U N I C I P A L D E M A F R A

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R E S U M O N Ã O T É C N I C O

R E F O R M U L A Ç Ã O

Í N D I C E

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJECTIVO E LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO 2

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO 3

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO 6

5. PRINCIPAIS EFEITOS DO PROJECTO SOBRE O AMBIENTE 10

6. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DE IMPACTES NEGATIVOS 13

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 15

Í N D I C E D E F I G U R A S

Figura 2.1 - Localização do projecto - Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo 2

Figura 3.1 - Vista geral da implantação do projecto 4

Figura 4.1 - Aspecto dos três principais usos do solo na área de implantação do projecto:

agrícola (A), florestal (B) e misto de matos com floresta (C) 7

Figura 4.2 - Imagem da zona do projecto, com identificação das áreas de uso agrícola

(A), florestal (B) e misto de matos com floresta (C) 7

Figura 4.3 - Rede rodoviária de acesso ao local do projecto (assinalado a vermelho) 10

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1. INTRODUÇÃO

O presente documento constitui o Resumo Não Técnico (RNT) do Estudo de Impacte

Ambiental (EIA) do Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo, no concelho de Mafra,

elaborado em Fase de Projecto de Execução, cujo proponente é a sociedade

MONTAREJO – Empreendimentos Imobiliários, SA.

Esta versão do RNT constitui uma reformulação de uma versão anterior (de Dezembro de

2010), tendo sido efectuada na sequência do Parecer da Comissão de Avaliação do EIA,

do qual decorreram alterações/correcções ao estudo (apresentadas sob a forma de

Aditamento ao EIA, conforme legalmente previsto).

Este EIA foi elaborado pela empresa BIODESIGN – Arquitectura Paisagista, Planeamento e

Consultadoria Ambiental, Lda. A elaboração do EIA decorreu no período compreendido

entre Outubro de 2009 e Setembro de 2010.

A entidade responsável pelo licenciamento do Projecto é a Câmara Municipal de Mafra.

A autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental é a Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT).

A obrigatoriedade da submissão do projecto em causa a procedimento de Avaliação de

Impacte Ambiental (AIA) resulta do disposto na alínea c) do n.º 12 do Anexo II do

Decreto-Lei n.º197/2005, de 8 de Novembro, que determina que deverão ser objecto de

estudos de avaliação do impacte ambiental todos os projectos de aldeamentos turísticos

com área igual ou superior a 5 hectares, situação em que se enquadra o presente

projecto.

O Resumo Não Técnico (RNT) tem como finalidade apresentar, de forma sintética e em

linguagem tão clara quanto possível, a informação fundamental relativa ao EIA, de modo

a permitir uma apreciação global do projecto proposto, dos seus impactes positivos e

negativos, e das medidas propostas para minimizar os principais efeitos negativos.

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2 B I O D E S I G N , L D A . - 0 9 0 3 2 1 F A B 0 0 R N 1 . D O C

O presente documento está organizado em 7 Capítulos, sendo o primeiro a presente

introdução e o segundo um capítulo onde se indica a localização de projecto e se

explicam os objectivos deste. No terceiro capítulo apresenta-se a caracterização geral da

área em estudo, o quarto capítulo é dedicado à análise dos principais impactes do

projecto, tendo em conta a situação actual e no quinto apresentam-se os principais

efeitos do projecto sobre o ambiente. No sexto capítulo referem-se as principais medidas

propostas para eliminar ou reduzir, tanto quanto possível, as consequências negativas que

poderão resultar do projecto. Por último, no sétimo apresentam-se as considerações finais.

2. OBJECTIVO E LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO

O projecto em causa tem como objectivo a construção de um Aldeamento Turístico, a

instalar em parte da “Quinta do Tarejo”, localizada nos limites da localidade de Monte

Gordo, freguesia do Sobral de Monte da Abelheira, concelho de Mafra (figura 2.1), que é

propriedade da sociedade MONTAREJO – Empreendimentos Imobiliários, S.A., promotora

do presente projecto.

Concelho de

Mafra

Freguesia de Sobral da Abelheira Área afecta ao projecto

Figura 2.1 - Localização do projecto - Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo

Com acesso a partir da Estrada Municipal nº 551, que envolve toda a parte sul do terreno,

pretende-se que este empreendimento venha a obter a classificação de Aldeamento

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Turístico com a categoria de 4 estrelas, aumentando e diversificando assim a

capacidade de oferta turística do concelho.

A Câmara Municipal de Mafra já manifestou interesse na implementação deste

Aldeamento Turístico, reconhecendo que na sua génese estão factores de relevância no

que diz respeito ao aproveitamento das sinergias naturais das áreas rurais e florestais,

permitindo o desenvolvimento do turismo no interior do seu Concelho. Este interesse

resulta da intenção no aproveitamento das condições naturais das zonas interiores em

contraponto ao excessivo aproveitamento turístico dos recursos localizados nas zonas

litorais, que restringem, na sua maioria, a sua oferta turística ao usufruto das praias.

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO

A proposta de intervenção para o projecto do Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo

procurou ter em consideração as características do local de implantação e envolvente,

de forma a que o tratamento daquele espaço permitisse tornar uma área que se

encontra abandonada, face à sua baixa aptidão agrícola, num espaço de produção útil

à sociedade e consequentemente ao desenvolvimento do concelho.

Como objectivos orientadores da proposta de intervenção para o projecto do

Aldeamento Turístico considerou-se que este deveria permitir: i) a recriação de um

ambiente de aldeia, com unidades de alojamento organizadas em núcleos respeitando

a arquitectura tradicional, mas com o conforto moderno; ii) a preservação das

actividades rurais típicas de quinta e que, quando exista a introdução de novos

equipamentos, estes sejam integrados no ambiente de quinta; iii) dar prioridade ao

respeito pela Natureza e valorizar os aspectos ligados ao tratamento de paisagem e

arranjos exteriores e à preservação das espécies locais da fauna e flora.

Foi ainda intenção que a área de terreno envolvente às unidades de alojamento fosse

tratada de uma forma o mais natural possível, procedendo-se à implantação de hortas e

pomares localizados em zonas de aptidão reconhecida e à cobertura arbórea das

encostas de maior declive.

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Na Figura 3.1 apresenta-se uma imagem geral do projecto, onde podem ver-se as

principais componentes da proposta de intervenção. Assim, são propostos 5 núcleos de

moradias para alojamento turístico, 1 na encosta voltada a norte (designada por Zona A)

e 4 na encosta voltada a sul (designada por Zona B), que contabilizam as seguintes

unidades de alojamento que terão sempre apenas 1 ou 2 pisos:

Núcleo 1: 15 unidades de alojamento (8 T2, 5 T3, e 2 T4);

Núcleo 2: 9 unidades de alojamento (1 T2, 3 T3 e 5 T4);

Núcleo 3: 7 unidades de alojamento (2 T2, 1 T3 e 4 T4);

Núcleo 4: 19 unidades de alojamento (2 T2, 8 T3 e 9 T4);

Núcleo 5: 14 unidades de alojamento (1 T2, 6 T3 e 7 T4).

Figura 3.1 - Vista geral da implantação do projecto

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O conjunto das unidades de alojamento é apoiado por um edifício principal, o qual

integra um restaurante, um bar, um estabelecimento para abastecimento dos utentes em

viveres, bebidas e tabacaria, instalações sanitárias comuns e de apoio à piscina com

separação por sexos, e ainda serviços de lavandaria e engomadoria. Está também

prevista uma área destinada à dependência para o pessoal, com instalações sanitárias e

vestiário igualmente com separação por sexos.

O equipamento de lazer será mais centrado no uso da quinta como exploração agrícola.

Assim, previram-se espaços para um picadeiro, hortas de recreio, 2 unidades de apoio

distribuídas pelo empreendimento para divulgação dos produtos da quinta ou para

outras actividades lúdicas, para além dos restantes equipamentos mais usuais, como

piscina para adultos e crianças, campo de jogos, parque infantil, restaurante, bar, etc.

Estão ainda previstos locais de encontro, praças ou "eirados" comuns, caminhos para

passeio a pé e de bicicleta, integrados num largo arranjo de caminhos pedonais,

cruzando e ligando a estrutura viária, e ainda miradouros que estão estrategicamente

localizados em zonas de grande amplitude paisagística.

A estrutura viária foi definida seguindo os caminhos existentes, ocasionalmente adoçada

à morfologia do terreno, adaptando-se o mais possível às curvas de nível e evitando

traçados rectilíneos. Os arruamentos não serão convidativos ao trânsito automóvel, muito

embora os seus traçados tenham dimensões regulamentares. Ainda relativamente aos

arruamentos, pretende-se que estes sejam hierarquizados através de diferentes

pavimentações, estabelecidas em função da sua importância.

As unidades de alojamento são de um e dois pisos e os equipamentos são de um piso, a

não ser o edifício principal que terá três pisos e as instalações de apoio que terão dois

pisos. No que respeita às alturas máximas utilizadas é de referir que no Espaço Agrícola

esta será de 9,5m e no Espaço Florestal de 6,5m, respeitando os limites impostos pelo

Regulamento do Plano Director Municipal. O número total de camas previsto é de 602 e o

número total de estacionamentos previstos é de 252.

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Em termos de infra-estruturas existem ainda, duas ETAR’s, uma a Norte e outra a Sul, dois

depósitos de água, um para abastecimento do Aldeamento Turístico e outro destinado à

parte agrícola, um depósito de gás, um posto de transformação e uma área para

recolha e sistema de armazenagem de lixos.

O prazo previsto para a execução das obras é de 36 meses.

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

A área destinada à construção do Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo fica

localizada numa zona marcadamente agrícola, afastada de localidades importantes ou

de grandes centros urbanos (as localidades mais próximas são Sobral da Abelheira, a

cerca de 2300 m na direcção poente e Monte Gordo, a cerca de 1000m na direcção

sudeste).

Próximo da área em estudo, a cerca de 500m na direcção noroeste, existe uma

exploração suinícola. Esta situação foi objecto de uma análise especial no decurso do

desenvolvimento do projecto, tendo-se concluído que tal facto não põe em causa a sua

viabilidade, nomeadamente no que concerne a razões de insalubridade e/ou odores que

prejudiquem a qualidade do ar na área do Aldeamento.

Deste processo resultou também uma recomendação por parte da Administração

Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo – ARS-LVT no sentido de que a existência da

suinicultura fosse devidamente informada aos potenciais compradores dos lotes, embora

reconhecendo que tal situação não constitui impedimento à aprovação do projecto.

Na estação meteorológica mais próxima da região - Dois Portos - o valor médio anual de

precipitação é de 623,7 mm, sendo a temperatura média anual de 15,0 ºC. O valor

máximo de temperatura registou-se em Agosto (20,4 ºC) e o mínimo em Janeiro (10,0 ºC).

Os trabalhos de reconhecimento de campo da área destinada à implantação do

projecto permitiram constatar que se trata de um espaço com áreas de uso agrícola

extensivo, destinadas à produção de pastagens ou culturas arvenses de sequeiro,

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intercaladas com zonas de matos e/ou floresta, maioritariamente de pinheiro bravo e

eucalipto. Na Figura 4.1 mostram-se imagens ilustrativas de cada um destes 3 tipos de uso

do solo.

Figura 4.1 - Aspecto dos três principais usos do solo na área de implantação do projecto: agrícola (A), florestal

(B) e misto de matos com floresta (C)

Na Figura 4.2 apresenta-se a delimitação das áreas de uso actual agrícola (A), florestal (B)

e misto de matos com floresta (C).

Figura 4.2 - Imagem da zona do projecto, com identificação das áreas de uso agrícola (A), florestal (B) e misto

de matos com floresta (C)

A

B

Ár

ea

af

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ao

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ct

o

C

C

C

B

A

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A mancha florestal identificada com a letra B corresponde a um povoamento de

eucalipto (floresta de produção). Nas áreas identificadas com a letra C predominam os

matos, com algumas árvores dispersas (pinheiros, eucaliptos e carvalhos). A área de uso

agrícola (A) é utilizada sobretudo para produção de forragens destinadas à alimentação

animal. A exploração agrícola destas áreas não é feita pelo proponente, mas sim por

agricultores locais, a quem estas áreas são cedidas a título gratuito, com a contrapartida

única de assim evitar que sejam invadidas por matos.

Na área a ocupar pelo Aldeamento Turístico, a rede de drenagem apresenta uma fraca

densidade, de regime praticamente torrencial, só apresentando caudal após ter

acontecido uma chuvada. Os cursos de água existentes drenam para o ribeiro do Mota e

para o rio do Sobral, os quais não serão directamente afectadas pelo Projecto.

Na zona em estudo os níveis de ruído ambiente são muito baixos, situando-se dentro dos

limites impostos legalmente.

Embora a zona em estudo não seja abrangida por nenhuma figura de ordenamento do

território específica para os aspectos de conservação da natureza, a pouco mais de 2km

para sul desta área localiza-se a Tapada Nacional de Mafra. Trata-se de uma área não

classificada, propriedade do Estado Português cuja gestão foi direccionada para a

conservação da fauna, sobressaindo, entre os valores biológicos presentes, várias aves de

presa raras e/ou com estatuto de ameaça em Portugal, designadamente um casal de

Águia-de-bonelli, um casal de Açor e a presença regular de Bufo-real e de Bufo-pequeno.

Face à proximidade da área de estudo relativamente à Tapada, e considerando as

amplas áreas vitais das espécies referidas, julga-se que a sua presença na área de estudo

é possível, em actividades de alimentação.

O projecto não implica a afectação de solos da Reserva Agrícola Nacional (RAN) nem da

Reserva Ecológica Nacional (REN).

De acordo com o último Recenseamento da População realizado pelo Instituto Nacional

de Estatística (INE) a freguesia de Sobral da Abelheira apresentava uma população

residente de 1.052 habitantes, ou seja, cerca de 2% da população residente do concelho

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de Mafra. A população residente nos dois últimos recenseamentos (1991 e 2001) no

concelho de Mafra registou um aumento de 24,3%, enquanto que a freguesia de Sobral

da Abelheira registou no mesmo período uma descida de 2,3% da sua população

residente. O índice de envelhecimento nesta freguesia é significativamente mais elevado

(135) do que o verificado no concelho de Mafra (97).

Em relação às características de índole sócio-económica referentes à população da

região em estudo, pode dizer-se, com base em dados estatísticos do INE relativos à

distribuição da população empregada por sectores de actividade económica, que o

concelho de Mafra se caracteriza por uma elevada percentagem de activos no sector

terciário (61,6%), uma muito reduzida percentagem de activos no sector primário (cerca

de 5,4%) e um peso relativamente importante de activos no sector secundário (33,0%).

Na freguesia de Sobral da Abelheira verifica-se um peso menor de activos no sector

terciário (45,8%) e um peso mais elevado dos activos no sector secundário (34,6%) e,

principalmente, no sector primário (19,7%). No entanto, quando comparamos a

distribuição da população activa por sectores de actividade económica na freguesia de

Sobral da Abelheira em 1991 e 2001, verifica-se que neste período ocorreu uma

importante transformação da estrutura sectorial do emprego, denunciando um

acentuado processo de evolutivo ao nível social e económico, marcado pela

terciarização do emprego e perda de importância das actividades ligadas ao sector

primário (sobretudo agricultura e floresta).

A rede de acessibilidades do concelho de Mafra é marcada pela proximidade à capital

(Lisboa) e pela posição de “charneira” entre a Área Metropolitana de Lisboa e a Região

Oeste. Os principais eixos rodoviários que servem o concelho de Mafra correspondem à

Auto-estrada do Oeste (A8) e à recente Auto-estrada Malveira-Mafra-Ericeira (A21), que

asseguram a integração com o sistema metropolitano. À escala do concelho, os acessos

ao local do projecto fazem-se através da EM551, que liga Sobral da Abelheira à

localidade de Azueira, fazendo a estrema sul com o terreno destinado à implantação do

projecto (Figura 4.3).

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Figura 4.3 - Rede rodoviária de acesso ao local do projecto (assinalado a vermelho)

No terreno destinado à implantação da obra não existe nenhuma construção ou

edificação, nem outro tipo de benfeitorias dignas de nota, com excepção dos

povoamentos florestais já referidos ou de alguns poços. Também não existe nenhum

poste de linhas de transporte de electricidade. Apenas ao longo do caminho rural que

limita o terreno do lado nascente se encontram postes de suporte a uma linha de

telefone que, no entanto, se deverá encontrar desactivada, pois o respectivo fio

encontrava-se destruído, com alguns vestígios no solo.

5. PRINCIPAIS EFEITOS DO PROJECTO SOBRE O AMBIENTE

A preparação do terreno e as movimentações de terras necessárias à execução da

empreitada do Aldeamento é a actividade que poderá originar maiores interferências a

nível geomorfológico, mais concretamente no que respeita à modificação da superfície

topográfica e ao aumento da erosão hídrica.

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Com a conclusão das obras e entrada em exploração do empreendimento, uma parte

da alteração ao uso do solo verificada na fase de obra deixará de se fazer sentir, sendo

reposta a situação inicial. Nas áreas directamente afectadas pela implantação das

infra-estruturas e edificações do projecto, a alteração de uso será permanente.

No entanto, deverá ter-se em conta que dados os índices de construção previstos pelo

projecto (decorrentes também das limitações impostas pela regulamentação do PDM do

concelho de Mafra), apenas em cerca de 27% da área do terreno afecto ao Aldeamento

verificar-se-á uma efectiva alteração do uso do solo, sendo que nas áreas restantes será

mantido um uso semelhante ao actual, com áreas de uso agrícola (por exemplo nas

hortas de recreio), florestal (na preservação de manchas de bosquetes existentes) ou de

“zonas verdes” (na recuperação paisagística das áreas afectadas pelo projecto).

As intervenções previstas para implantação do Aldeamento Turístico da Quinta do Tarejo

não interceptam linhas de água, pelo que ao nível dos recursos hídricos os impactes não

são significativos.

Durante a fase de construção poderão ocorrer alterações ao nível da qualidade do ar,

resultantes da movimentação de máquinas e equipamentos, circulação de veículos

pesados e movimentação de terras. O impacte causado por estas alterações embora

negativo é temporário e limitado a uma área restrita. A reduzida dimensão das áreas de

intervenção à escala local e a inexistência de receptores sensíveis na envolvente próxima

da área de construção do projecto leva a que se considerem estes impactes pouco

significativos.

Durante a fase de construção poderão ocorrer alterações ao nível do ruído, resultantes

da movimentação de máquinas e equipamentos e circulação de veículos associados à

obra. No entanto, a inexistência de receptores sensíveis na área de implantação da obra

e o facto de apenas existirem duas edificações na envolvente próxima ao terreno, sendo

que uma delas é um armazém e outra uma habitação (“Quinta das Estrelas”) que fica a

uma distância de cerca de 100m e atrás de uma elevação de terreno relativamente à

zona de implantação do projecto leva a que se considerem estes impactes pouco

significativos.

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Durante a fase de exploração os impactes na qualidade do ar serão sobretudo os que

resultam da circulação de tráfego automóvel nas vias de circulação interior ao

Aldeamento e também das actividades hoteleiras e de restauração que vierem a operar

no empreendimento. Tendo em conta que i) as vias de circulação rodoviária no interior

do Aldeamento servem apenas o próprio Aldeamento, não constituindo passagem ou

ligação entre lugares fora do perímetro do empreendimento; ii) o traçado sinuoso dos

arruamentos não permite velocidades elevadas, iii) o tráfego médio diário previsível nas

vias interiores ao Aldeamento é muito reduzido (mesmo em época alta, o tráfego máximo

diário previsto será de cerca de 120 viaturas ligeiras e 3 pesados), considera-se que o

impacte provocado por esta via no ambiente sonoro do Aldeamento deverá ser pouco

significativo.

Durante a fase de construção é de esperar a ocorrência de alguma dinamização

sócio-económica ao nível local (freguesia e concelho), motivada pelo afluxo de

trabalhadores e técnicos envolvidos nas obras. Esperam-se, nomeadamente, efeitos

positivos tão diversos como sejam o aumento da procura de serviços de restauração, de

dormidas por parte de pessoal técnico em trânsito de visita à obra, ou mesmo de serviços

de animação e lazer.

Estima-se que a execução do projecto venha a criar cerca de 75 postos de trabalho

directos durante os 3 anos da fase de obra, sendo que este número deverá evoluir de 60

trabalhadores no primeiro ano, 70 no segundo ano e 100 no terceiro ano. O impacte

indirecto no emprego é difícil de estimar, mas é de esperar que possa ser significativo.

Tendo em conta a finalidade do projecto em causa – construção de um

empreendimento turístico – espera-se, naturalmente, que o mesmo tenha um impacte

positivo para a economia e para as populações locais. Na fase de exploração prevê-se

que o empreendimento crie um total de 14 a 18 postos de trabalho directos, com base

numa taxa de ocupação objectivo de 70%. Este número pode, no entanto, aumentar se

os níveis de procura e de ocupação forme mais elevados.

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Da análise efectuada concluiu-se também que não foi identificada nenhuma situação de

conflito ou, inconformidade, com nenhuma condicionante de ordenamento do território

em vigor.

O projecto propõe que a área envolvente às unidades de alojamento seja tratada de

uma forma o mais natural possível, apresenta a implantação de hortas e pomares em

zonas de aptidão reconhecida e propõe a cobertura arbórea das encostas de maior

declive. As construções a prever apresentam uma linguagem que se considera integrada

na paisagem local. A estrutura viária foi desenhada seguindo os caminhos existentes e

adaptada o mais possível à morfologia do terreno. Estão ainda previstos praças ou

"eirados" comuns, caminhos para passeio a pé e de bicicleta e ainda miradouros que

estão estrategicamente localizados em zonas de grande amplitude paisagística. Estas

acções podem ser entendidas, por um lado, como forma de minimizar e compensar os

impactes visuais negativos esperados na paisagem actual e por outro, como forma de

criar espaços de descompressão e introdução de elementos visuais qualificadores do

espaço que contribuem para a diversificação e valorização da própria paisagem.

6. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DE IMPACTES NEGATIVOS

Para que se verifique o mínimo de efeitos sobre o ambiente, o Dono de Obra

providenciará que seja efectuado o acompanhamento necessário, o qual deve garantir

a implementação das medidas de minimização e valorização propostas no estudo, as

quais também contemplam a listagem das medidas constantes no site da Agência

Portuguesa de Ambiente (APA).

As medidas propostas visam reduzir a magnitude e importância dos impactes negativos e

potenciar os impactes positivos, sempre que tal for possível. Salienta-se que algumas das

medidas de minimização propostas neste estudo terão consequências positivas em mais

do que um descritor.

Entre as medidas de minimização propostas salientam-se, como mais importantes, as

seguintes:

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Na fase de preparação prévia à execução das obras deve ser elaborado um

Plano de Gestão Ambiental (PGA), constituído pelo planeamento da execução

de todos os elementos das obras e identificação e pormenorização das medidas

de minimização a implementar na fase da execução das obras, e respectiva

calendarização. Este PGA deverá incluir um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

das obras;

O Dono de Obra deve indicar aos trabalhadores quais os procedimentos

ambientalmente adequados a ter na obra e sobre as sanções a aplicar no caso

do não cumprimento da legislação sobre Segurança e Higiene no Trabalho;

Os locais que venham a ser destinados a zonas de estaleiro, parqueamento de

máquinas e viaturas pesadas, ou de depósito de materiais, deverão ser localizados

o mais distante possível de zonas sensíveis, designadamente de linhas de água;

Armazenamento temporário de todo o tipo de resíduos resultantes da actividade

da obra em locais e condições adequadas, para posterior transporte para local e

depósito autorizado;

Tendo em conta a época do ano em que se realizem as obras, deverá ser definido

um esquema de realização regular de aspersão com água das zonas de solo

descoberto, de terra batida, de modo a reduzir significativamente o levantamento

de poeiras originado quer pela acção do vento quer das máquinas em

movimento;

Definir percursos para a circulação de maquinaria aproveitando, sempre que

possível, caminhos existentes sobretudo nas zonas de maior sensibilidade

paisagística;

Assegurar o correcto cumprimento das normas de segurança e sinalização de

obras na via pública, tendo em consideração a segurança e a minimização das

perturbações na actividade das populações;

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Na fase de construção deve informar-se os habitantes das áreas envolventes do

Plano de Trabalhos, incluindo estimativas da duração das obras;

No âmbito do descritor sócio-economia, os impactes gerados pelo projecto são

essencialmente positivos. Como medida de maximização destes impactes

positivos recomenda-se apenas que, sempre que possível, seja dada preferência

ao recurso a mão-de-obra local, na fase de construção, e ao recrutamento de

funcionários e profissionais provenientes da área do projecto, na fase de

exploração, no intuito de contribuir para a taxa de emprego local e facilitar a

captação de benefícios sócio-económicos indirectos na área do projecto.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a avaliação técnica efectuada no Estudo de Impacte Ambiental,

considera-se que o Projecto em causa é ambientalmente viável, não tendo sido

identificado nenhum impacte que, pela sua gravidade, pudesse pôr em causa a sua

concretização. Na sua generalidade, os impactes negativos identificados são de efeitos

localizados e sua envolvente próxima e minimizáveis por via das medidas propostas.

Os impactes sócio-económicos previsíveis são claramente positivos, prevendo-se o

aumento dos postos de trabalho, aumentando a oferta de trabalho da região e

contribuindo para a dinamização sócio-económica de uma das freguesias menos

desenvolvidas do concelho de Mafra. O investimento previsto para a implementação do

projecto traduzir-se-á num estímulo económico importante para o concelho,

designadamente se for privilegiado o recurso a materiais e mão de obra local, tal como

proposto nas medidas de potenciação dos impactes positivos.

A não execução do presente projecto significaria a não concretização de uma iniciativa

empresarial importante para a dinamização e o desenvolvimento sócio económico de

uma região deprimida do interior do concelho de Mafra, defraudando as expectativas

que ao longo dos anos em que o projecto se vem desenvolvendo se foram criando ao

nível local e regional.

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Por conseguinte, é previsível que numa situação de não concretização do projecto a

zona em estudo mantenha as suas características de uso agro-florestal, baseada numa

exploração das terras de baixa intensidade, de carácter extensivo, com baixos

rendimentos da terra, baixo nível de utilização de mão-de-obra, sem grandes alternativas

de melhoria da competitividade do sector agrícola. Nesta situação, tornam-se mais

prementes os riscos de continuidade e agravamento dos processos de desertificação

populacional e de perda de importância económica no contexto nacional, ao nível da

região.