alberto de oliveira poesias quarta serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    1/260

    100

    ALBERTO

    DE

    OLIVEIRA

    POESIAS

    QUARTA

    SERIE

    (1912-1925.

    3.a

    EDIO

    ODE

    CVICA

    ALMA E

    CO

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    RUNAS

    QUE

    FALAM

    CAMAR

    ARDENTE

    RAMO

    DE

    ARVORE

    PQ

    9697

    1912

    .

    4

    LIVRARIA

    FRANCISCO

    ALVES

    )

    DE

    JANEIRO

    S.

    PAULO

    BELLO

    HORIZONTE

    1928

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    POESIAS

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    7/260

    JORGE

    JOBIM

    DEDICO

    ESTE

    IJVRO

    ALBERTO

    DE

    OLIVEIRA

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    9/260

    wwwwwwwwww

    Agora

    tarde para

    novo

    rumo

    Dar

    ao

    sequioso

    espirito;

    outra

    via

    No

    terei

    de

    mostrar-lhe

    e

    phantasia

    Alm

    desta

    em

    que

    peno

    e

    me

    consumo.

    Ahi,

    de

    sol

    nascente

    a

    sol

    a

    prumo,

    Deste

    ao

    declnio

    e

    ao desmaiar

    do

    dia,

    Tenho

    ido

    emps

    do

    ideal

    que

    me

    alumia,

    A lidar

    com

    o

    que

    vo,

    sonho,

    fumo.

    Ahi

    me

    hei-de

    ficar

    at

    cansado

    Cahir, inda abenoando

    o

    doce

    e

    amigo

    Instrumento

    em

    que

    canto

    e

    a

    alma

    me

    encerra

    Abenoando-o por sempre andar commigo

    E

    bem

    ou

    mal.

    aos

    versos

    me

    haver dado

    Um

    raio

    do esplendor

    de

    minha

    terra.

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    ODE

    CVICA

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    ODE

    CVICA

    13

    Corei,

    vindo o

    vero,

    com

    os

    seus

    dias

    enxutos,

    ~)e

    topzio

    e

    rubi

    os

    teus

    melhores

    fructos;

    Onde

    vae

    minha

    luz,

    a

    terra

    estua e

    via,

    Cinge

    cada

    collina

    aurifulgente flammeo,

    E

    ao

    murmur de

    aguas e

    ar,

    um

    verde

    epithalainio

    A

    serra

    movedia.

    Ergue-te

    dia

    ha

    muito

    amanha

    essas

    campinas,

    Sema-as;

    faze

    ouvir

    as

    tuas

    officinas,

    Rouqueje

    a

    forja,

    cante

    a

    serra,

    estronde o

    malho

    E grato

    me

    ha de ser,

    baixando

    no

    horizonte,

    Beijar

    num

    raio

    extremo

    o

    suor

    de

    tua

    fronte

    E

    abenoar-

    te

    o

    trabalho

    Diz-lhe

    o

    Mar:

    Quando

    aqui,

    nesta

    regio,

    ignota

    Ainda,

    certa

    vez

    aportou

    uma

    frota,

    Dei-lhe

    enseada

    segura

    e

    gente

    que

    trazia;

    Um

    altar

    se

    improviza, uma

    cruz

    se

    alevanta,

    Vem o gentio a

    ouvir

    o

    que

    se

    reza

    e

    canta

    luz

    clara

    do

    dia.

    E

    voz

    nova

    a

    invocar

    um

    novo

    deus,

    em

    meio

    De

    silencio

    e

    de

    espanto,

    eu.

    das nos

    em

    meu seio

    As

    velas

    a

    embalar

    concavas e redondas,

    Como

    crente

    tambm,

    prece ento ouvida

    De

    cem boccas alli,

    juntei

    a

    commovida

    Prece

    das

    minhas

    ondas.

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    14

    POESIAS

    Rezei.

    Rezo

    por

    ti. Ao teu

    doce

    contacto,

    Ora

    o

    saibro

    sentindo,

    ora

    a

    pedra,

    ora

    o

    matto,

    Feliz,

    por

    te

    servir

    meu

    dorso

    atlanteo

    inclino;

    No

    espelho,

    de

    que so

    minhas praias

    moldura..

    Reflectindo

    a

    grandeza

    aos cos,

    se

    me afigura

    Reflectir teu

    destino.

    Raro

    me enturba

    a face afflico ou

    desgosto,

    To bem

    ao

    p

    de

    ti

    me

    sinto

    Xo

    meu

    rosto

    Este

    reflexo

    verde

    e o

    azul

    de

    um co

    sem

    brunias

    Tornam-me o

    parecer

    mais remansado e

    lindo;

    Com

    que

    beijos te

    beijo,

    a

    ondular-me, sorrindo

    Meu

    sorriso de

    espumas

    Dormes?

    Mas

    j

    teu

    somno

    ha

    tanto

    tempo

    embalo

    Que

    dormir

    ser

    esse?...

    Accorda

    eis-me

    vassallo

    A

    obedecer-te em

    quanto ordenes

    de

    teu

    throno;

    Das

    riquezas

    que

    tens

    carrega

    as

    minhas

    vagas,

    Anima

    com

    o

    trabalho estes

    portos

    e

    plagas.

    Sae do

    torpor

    do

    somno

    Diz-lhe

    a

    Terra:

    No beija

    o

    Mar, o

    Sol

    no

    banha

    Outra,

    como

    eu.

    em vio

    e

    em riquezas

    tamanha

    E

    desde

    quando, em

    flor

    ainda, semi-na.

    Os

    meus

    seios

    te abri.

    sombreados

    de

    palmeiras,

    Oai mais tarde os

    sertes

    me entraste

    com

    as

    bandeiras,

    Perteno-te, sou tua

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    ODE

    CVICA

    15

    Dei-te

    e mal

    sabes

    quanto

    vasto

    este

    thesouro

    Minha,

    minas

    de

    prata e

    minhas minas de

    ouro,

    Diamantes sem iguaes

    no

    mundo,

    coloradas

    Pedras

    raro

    lavor

    de minhas

    of

    ficinas,

    Verdes,

    rseas,

    azues

    ou

    negras turmalinas,

    Euclasas

    e

    granadas;

    E

    as

    rochas de granito,

    e

    os

    meus

    mrmores claros

    Como

    outros nunca

    viu

    Xaxos branquear-lhe.

    ou

    Paros

    E

    as jazidas de cobre,

    e

    as

    de

    galena, e ferro,

    E

    o

    gesso, e

    o enxofre,

    e

    o

    frivel schisto,

    e

    o

    carvo

    rudo,

    Tudo

    quanto

    servir-te

    acaso

    possa,

    tudo

    Quanto

    em

    meu

    seio

    encerro

    E

    as

    mattas.

    e

    a

    amplido de

    campos

    admirveis.

    Ondulados

    ou

    chos,

    ubertosos

    e

    arveis,

    Rebrilhantes

    da

    chuva

    ou

    do lentor

    da noute,

    E

    onde

    uma

    leira

    abrindo,

    e

    tua

    mo acaso,

    Por

    um gro

    que

    me

    ds.

    eu em pequeno

    prazo

    Cem,

    generosa, dou-te.

    Vem

    cultival-os

    Vem

    Terra,

    a

    ba

    amiga

    Opima

    e

    liberal,

    sem

    desmaio

    ou

    fadiga

    Amar

    Longe

    torpor

    e cio

    que te

    consomem

    Quero

    sentir-te

    em

    mim,

    dentro

    em

    minhas

    montanhas.

    Dentro

    no seio meu,

    dentro em

    minhas

    entranhas,

    Com

    os

    teus

    msculos

    de

    homem

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    16

    Cinge-me,

    contra

    ti num

    abrao

    me

    aperta

    E

    deixa

    diffundir-te

    almo

    calor.

    Desperta

    Corre-me

    em

    longo

    beijo

    os

    longos

    membros,

    talha

    Com

    alvio

    e picareta

    as

    minhas carnes

    vivas,

    Rodem

    por

    sobre

    mim

    tuas

    locomotivas,

    Mas

    vive,

    mas

    trabalha

    li

    em

    vo o

    appllo

    Em

    meio

    s

    pompas

    e

    esplendores

    Desta

    America,

    sobre

    um

    estendal

    de

    flores

    Descahida a cabea,

    o

    thorax arquejante,

    Ou

    doente

    ou

    a

    dormir

    como em

    terras

    do

    Oriente,

    Entre molles

    cochins, rei

    sensual

    e

    indolente,

    Jaz

    prostrado

    o

    Gigante.

    E

    havemos

    de

    o

    deixar

    nessa

    inaco

    nefasta,

    Em

    que

    todo o

    vigor

    se

    lhe

    adormenta

    e

    gasta.

    Como corroe

    ao

    ferro

    e o

    estraga

    o

    oxydo vil?

    No

    quente

    sangue

    ainda

    em suas

    veias

    bate...

    Quebremos

    o

    deliquio

    ou morbidez

    que o

    abate,

    Ergamos

    o

    Brasil

    Basta

    um pouco de sol para que

    nvoa

    espessa

    Se

    dissolva,

    e

    vivaz,

    ao

    seu lume. apparea

    Desassombrado

    e verde

    a

    rir-se

    o

    valle

    em flor

    Para

    a

    Ptria

    arrancar

    a

    esse

    fatal marasmo.

    Basta

    um

    pouco de

    f,

    um pouco de

    enthusiasmo,

    Basta

    um

    pouco

    de amor

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    20/260

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    POESIAS

    Terra

    da Ptria mais,

    com

    o

    amor

    que a todos

    prende

    E

    os

    auna alma

    e

    alma:

    desde

    onde

    se

    estende

    O

    Amazonas l em

    cima s

    plancies

    do

    Sul,

    Todo

    o

    paiz com

    o

    co,

    que da

    remota

    e

    pobre

    Taba

    do

    indio

    cidade, immenso, a todos cobre,

    Como

    um

    velario

    azul.

    Ensinae

    esse

    amor

    da

    ptria,

    com

    a

    grandeza

    Do

    que

    nosso.

    lio

    vasta

    da Natureza

    A

    dos

    homens juntae. e

    a historia

    da

    Nao.

    No

    vos ho

    de

    faltar nomes,

    que

    amando

    a terra,

    A

    gloriaram

    na paz

    ou

    nos

    campos

    de

    guerra,

    Penna ou

    espada

    na

    mo

    Revocae

    de onde esto

    em

    sombra

    e

    esquecimento,

    Esses

    nomes

    Reluza,

    em

    nobre ensinamento,

    Resurrecto

    de

    outrora

    o

    espirito

    viril,

    E

    lembrando-os

    no bem

    diffundido

    ou sonhado,

    Imitando-os

    no

    amor,

    amando-os

    e

    ao

    passado,

    Amemos

    o

    Brasil

    Lembrae-os Nem vos passe

    o

    louvor merecido

    lingua cujos sons

    a

    lhe cantar no

    ouvido

    Leva

    o

    extrangeiro, como echos

    de

    edenea voz,

    Lingua

    de povo

    irmo,

    noutra

    parte

    falada,

    Mas

    que

    aqui se

    enriquece,

    avulta

    e mais agrada

    Por mais

    doce

    entre

    ns.

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    ODE

    CVICA

    '

    E

    com

    a lngua,

    lembrae

    os que

    numero e

    graa

    Mais lhe deram,

    cantando,

    'e em

    cujos

    versos

    passa

    Ora

    amorosa

    e

    ardente,

    ora

    triste

    e

    infeliz,

    Ensombrada

    de

    magua,

    ebriada

    de

    perfumes,

    Ensoada de

    paixo, em

    gritos

    e

    queixumes,

    A

    alma

    deste

    paiz.

    Gorgeie a

    escola.

    E

    voz da

    escola se misture

    A

    de

    todo

    labor,

    se

    enxada,

    e

    segure,

    Mina,

    engenho,

    tear...

    Ao

    coqueiral

    de

    p,

    Passando,

    a

    ventania

    une

    todas

    as

    palmas:

    Corra

    um

    sopro

    de vida

    e

    una

    todas

    as

    almas

    No

    trabalho

    e

    na

    f.

    Longe este desamor

    e feia

    indif

    ferena

    Hausto mais forte

    de

    ar,

    hausto

    e

    mais luz

    de

    crena

    Dae-o

    vs

    a beber

    e

    animo

    varonil

    Recua

    toda

    sombra

    ao

    sol

    triumphal

    que

    avana:

    Fazei

    surgir

    o

    sol,

    entre

    hymnos

    de

    esperana,

    Levantae

    o

    Brasil

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    24/260

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    25/260

    ww^wwwww^ww

    O

    SUPREMO

    REMDIO

    Na

    terra, aos homens

    tua dr no

    contes.

    Fala ao

    co.

    O

    co

    ama

    ao que

    o

    procura.

    Ergue os olhos

    alm

    dos

    horizontes:

    E' l que vida est

    o

    remdio

    ou cura.

    A

    toda

    alma que

    soffre

    em

    grutas,

    fontes,

    Nos insectos

    e

    hrutos da espessura.

    Grimpas

    de arvores, pincaros

    de

    montes

    Esto,

    ohserva-os.

    apontando

    a

    altura.

    Aponta-a em

    cada igreja

    a flecha esguia

    Do

    campanrio,

    e

    quando,

    j

    sem

    velas,

    A no no

    mar.

    desconjuntada

    j.

    Vae a afundir,

    por

    entre

    a ventania,

    O grande mastro,

    amigo

    das

    estrellas,

    Aos

    marinheiros

    apontando-a est.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    26/260

    24

    POESIAS

    RIO

    VERDE

    Vae

    o

    trem

    da

    Sul-mineira

    Que

    formoso

    o

    sul de

    Minas

    Deixando

    atrs,

    na

    carreira,

    Montes,

    banhados,

    campina-.

    Mas

    campinas

    e

    banhados

    E

    novos

    montes

    ahi vm

    E

    passam,

    como

    apressados

    Da mesma

    pressa

    do trem.

    O

    rio, que

    Ora

    barrento,

    Sendo verde,

    descortinas,

    Segue-te a

    cada

    momento

    Xaquellas

    terras de

    Minas.

    Rio Verde

    sem

    verdura.

    Com

    que

    nelle

    a

    se rever

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    26

    POESIAS

    Retine

    ao

    longo

    das

    aguas

    O

    rio

    do

    sul de

    Minas.

    E

    com

    o

    trem

    como

    parado

    Ahi

    fica

    um

    momento

    ento,

    A

    villa

    mineira

    ao

    lado

    Vendo

    a

    sorrir.

    Conceio

    Conceio

    do

    Rio

    Verde,

    De

    verdes

    fartas

    campinas.

    E

    co

    azul

    que

    se

    perde.

    Sem

    fim,

    nos

    confins

    de

    Minas

    Tambm

    fiquei

    um

    momento,

    Em

    meu

    comprido

    viajar,

    A

    ver

    enlevado e

    attento

    Teu

    panorama

    sem

    par.

    Lembram-me em

    saudoso

    anseio

    As

    horas quasi

    divinas

    De

    hospedagem

    em

    teu

    seio.

    Saudvel

    torro

    de

    Minas

    Lembram-me

    uns

    sons que

    se

    ouviam,

    Longos,

    chorosos

    e

    vos

    .

    .

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA 3

    CO

    27

    Eram

    harpas

    que

    gemiam

    Tangidas

    de

    areas

    mos;

    Harpas

    verdes

    balouantes,

    Balouantes

    casuarinas.

    Em

    que

    perpassam

    descantes

    Do

    vento e

    do

    co de

    Minas.

    E

    quellas

    notas

    eoleas

    Juntavam-se,

    como

    affins,

    Os

    perfumes

    das

    magnlias,

    Das

    murtas e

    dos

    jasmins.

    Rio

    Verde sem

    verdores,

    Tuas

    aguas

    peregrinas

    Tambm

    o cheiro

    das

    flores

    Bebem

    nos

    ares

    de

    Minas,

    Bebem-no

    e

    vo-se ...

    No

    mundo

    Tudo

    chegar

    e

    partir,

    Vo-se

    ellas

    ao

    mar

    profundo,

    Eu a

    que

    mar

    terei de

    ir?

    Rio,

    vs

    no

    longe a

    imagem

    Da

    foz, a que

    te

    destinas,

    Eu...

    Fosse o meu

    fim de

    viagem

    Este

    pedao de

    Minas

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    30/260

    28

    POESIAS

    A

    CANCELLA

    DA

    ESTRADA

    Bate

    a cancella

    da

    estrada

    Constantemente.

    Cavalleiro,

    disparada,

    L

    vae

    no cavallo

    ardente.

    Cavalleiro em

    descuidada

    Marcha,

    l

    vem

    indolente.

    Passa, onda levantada

    A

    poeira, toldando

    o

    ambiente.

    Bate

    a cancella

    da

    estrada

    Constantemente.

    Bate,

    e

    exaspera-se

    e

    brada

    Ou chora

    contra

    o

    batente:

    (Ningum lhe

    ouve

    na arrastada,

    Roufenha

    voz

    o que sente)

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    31/260

    ALMA E

    CO

    29

    Minha

    vida

    desgraada

    Repouso

    no

    me

    consente

    Vivo

    a

    bater

    nesta estrada

    Constantemente.

    Moos,

    moas,

    de

    tornada

    De

    alguma festa, em

    ridente

    Chusma

    inquieta e

    alvoroada,

    Passaram

    ruidosamente.

    Desta inda

    se

    ouve a

    risada,

    Daquelle o

    beijo...

    Plangente

    Bate a cancella da

    estrada

    Constantemente.

    Agora,

    noiva

    coroada

    De capella

    alvinitente;

    Segue

    o

    noivo

    a

    sua amada,

    Um

    carro

    atrs,

    outro

    frente.

    Agora,

    uma cruz alada...

    Um

    enterro.

    Quanta

    gente

    Bate

    a

    cancella

    da

    estrada

    Constantemente.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    32/260

    30

    Bate

    ao vir a

    madrugada,

    Bate,

    ao

    ir-se

    o

    sol

    no

    poente;

    (Das

    sombras

    pela

    calada

    Seu

    bater

    mais

    dolente)

    Bate,

    se

    noite

    enluarada,

    Se

    escura

    a

    noite

    e

    silente;

    Bate

    a cancella da

    estrada

    Constantemente.

    Nossa Aida aquella

    estrada,

    Com os

    que passam diariamente

    E

    aps

    si

    da

    caminhada

    A

    poeira deixam somente.

    Corao,

    como a

    cansada

    Cancella

    de

    som

    gemente,

    Bates a

    tua

    pancada

    Constantemente.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA

    E CO

    33

    Riu

    do

    amor.

    que

    elle,

    arguto

    e

    sbio,

    Chanceou com amarga

    zombaria,

    Tdio

    e

    irriso.

    Moo

    ainda,

    sem

    uma queixa,

    Apressando

    o

    mortal

    excidio,

    Com

    impavidez,

    Como

    um in-folio,

    a

    vida

    fecha,

    Vasando

    a taa do suicdio

    De uma

    s vez.

    E

    talvez

    dorme...

    Xo

    se

    dando

    Do

    que

    elle

    foi,

    fartos

    de

    vida,

    Baixando

    do

    ar,

    Grrulos

    pssaros

    em

    bando

    Na

    cruz

    de

    mrmore

    esquecida

    Lhe

    vm

    pousar.

    E

    como

    ha

    sol

    no

    cemitrio

    E

    do

    alto

    co

    a tudo

    inunda

    Almo

    calor,

    Canta

    o

    emplumado

    bando

    areo,

    Espanejando-se

    luz

    fecunda:

    Amor

    Amor

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    36/260

    34

    POESIAS

    RAUSO

    Para

    o

    Sol receber

    na

    luz primeira,

    Noiva

    do

    Sol,

    como

    em festiva

    sala,

    Noiva

    de Rei

    toda

    era

    vio e gala

    No

    pomar verde

    a

    verde

    laranjeira.

    Lidaram

    sem

    descanso a

    noite

    inteira

    Mos de

    invisveis

    aias

    a

    alfaial-a;

    Brando

    queixume

    a

    alma

    impaciente

    exhala,

    O

    vo

    de

    npcias rumoreja

    e

    cheira.

    Espera. Eis

    que,

    porm,

    de

    encontro

    ao

    seio

    O

    vento

    a

    enlaa, a

    beija,

    a

    envolve

    toda,

    Redomoinhando em sbita

    rajada.

    B

    quando o Sol para esposal-a veio,

    Quasi

    despida a

    viu. Voavam-lhe

    em roda

    As flores

    da

    coroa desfolhada...

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    37/260

    ALMA

    E

    CO

    35

    EM

    PLENO

    SONHO

    (

    Maria

    Eugenia

    Celso)

    A

    almas,

    como a que

    tens.

    hora e

    mais

    hora

    Absortas

    no

    ideal da

    perfeio,

    A

    Poesia,

    nos

    tempos

    mos de

    agora

    Sem

    religio,

    uma

    religio.

    Seu

    culto,

    como

    o

    desta,

    as embevece,

    E

    a ss,

    contrictas,

    em

    fervor

    infindo,

    Dizem

    o

    verso,

    qual

    se

    diz a

    prece,

    Entre as

    luzes

    do altar e

    o

    rgo

    ouvindo.

    Monjas

    reclusas

    em

    si

    mesmas,

    oram,

    As

    contas a

    passar,

    em

    devoo,

    Do rosrio das

    lagrimas

    que

    choram,

    Buscando

    seu ideal de

    perfeio

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    38/260

    36

    POESIAS

    EM

    PLEXO SOXHO.

    E'

    o

    cxtasi.

    Bemdicta

    A

    Arte

    que

    assim

    te

    eleva grande Luz,

    (Embora

    na ascenso

    clara

    e

    infinita

    Vergues

    ao peso

    de

    invisvel

    Cruz.)

    Bemdicta,

    que

    aos

    que

    a

    servem galardoa,

    Aureolando-os

    de

    um

    fulgor

    do

    Empyrio,

    (Embora

    sob

    os

    raios

    da

    coroa

    Se

    escondam os

    espinhos do

    martyrio.)

    E

    em

    teus

    lbios

    bemdicto eternamente

    O

    hymno

    de

    f,

    que

    lhes revoa

    flux.

    Em toda

    alma

    de poeta

    ha um templo

    e

    ha

    um

    crente.

    Toda

    orao

    um

    vo

    para

    a

    luz.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    39/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    40/260

    38

    Em

    seu

    chegar e

    se

    ir

    Dando

    um

    sorrir;

    Petrpolis,

    no

    ha-de

    Quem

    te

    habitou,

    cidade,

    Nvoas

    que

    a

    um

    sopro

    esfumas,

    Ar

    que

    perfumas;

    Tuas

    compridas

    lleas

    De

    hortencias e

    de

    azleas,

    Manhs

    e

    entardecer

    Nunca

    esquecer

    Petrpolis,

    a

    ver-te

    Torno,

    e

    qual

    torno, adverte,

    Torno,

    a

    alma

    combalida

    De

    tanta

    lida.

    Torno,

    mudado

    o

    aspeito,

    Cansado e

    oppresso o

    peito,

    Exangue e sem aco

    O

    corao.

    Vim-te pedir

    alento.

    D-m'o,

    que a

    lento

    e

    lento

    Venturas de

    outros

    dias

    Todas

    perdi-as.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    41/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    42/260

    40

    POESIAS

    Errados

    traz

    por

    esta

    Via

    funesta

    Suba

    daqui,

    deste

    ermo

    O

    corao

    enfermo,

    E

    possa,

    nuvens,

    voar

    Comvosco no

    ar

    Levae-m'o,

    nuvens,

    aonde

    O

    eterno

    bem se

    esconde...

    Que

    nsia

    de alturas

    fora

    Rolar

    nesta

    hora

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    43/260

    ALMA

    E

    CO

    41

    O

    CEO DE

    CURITYBA

    Que

    co

    Prata

    e

    carmim. Que

    estrella

    dalva, e

    aurora

    E agora

    o sol

    E

    agora

    o

    dia

    Ampla

    e

    sonora

    Diz

    uma

    voz

    : Cantae

    Cantam

    a

    par

    e

    par

    As

    aves,

    canta

    o

    bosque,

    onde

    almo

    nctar

    liba

    O

    insecto,

    o

    rio canta.

    . . O

    co

    de

    Curityba

    Me faz

    cantar.

    Que co

    Carmim

    e

    bronze. Entrou,

    radiante

    e

    immenso,

    O sol. Hora

    de paz, hora

    de

    myrrha

    e

    incenso.

    lOrae

    diz uma voz. Um

    sino

    plange.

    No

    ar

    Anjos

    rezam, talvez.

    Em solitria riba

    Scisma

    absorto

    um

    pinheiro.

    O'

    co

    de

    Curityba

    Me

    faz

    orar.

    Que

    co

    bano

    e

    fogo.

    A

    Natureza

    dorme.

    Dorme

    a

    cidade.

    Eu s,

    deante da noite

    enorme,

    Penso

    e

    soffro

    e

    levanto

    s

    estrellas

    o

    olhar.

    :

    Sonha

    diz

    uma

    voz,

    ao

    que

    mais

    alto arriba

    Que co

    Socgo

    e

    luz... O

    co

    de

    Curityba

    Me

    faz

    sonhar.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    44/260

    42

    CEO

    FLUMINENSE

    Chamas-me

    a vr

    os

    cos de

    outros

    paizes,

    Tambm

    claros,

    azues

    ou

    de gneas

    cores,

    Mas no

    violentos,

    no abrasadores

    Como

    este, brbaro

    e

    implacvel,

    dizes.

    O co

    que

    offendes

    e de que

    maldizes,

    Basta-me

    emtanto

    :

    amo-o

    com

    os

    seus fulgores,

    Aman>no

    poetas,

    amam-no pintores,

    Os que

    vivem

    do

    sonho,

    e

    os

    infelizes.

    Desde

    a

    infncia,

    as

    mos postas,

    ajoelhado,

    Rezando

    ao

    p

    de

    minha

    me,

    que

    o

    vejo.

    Segue-me

    sempre.

    .

    .

    E

    ora

    da

    vida

    ao

    fim,

    Em

    vindo

    o

    ultimo

    somno,

    meu

    desejo

    Tl-o

    sereno

    assim, todo

    estrellado,

    Ou

    todo sol,

    aberto

    sobre

    mim.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    45/260

    ALMA

    E CEO

    43

    AGUAS

    PASSADAS

    No

    me

    com

    agua

    passada

    O

    moinho

    diz

    o

    rifo.

    Como

    dos

    mais diferente

    O

    moinho do

    corao

    Passada embora,

    presente

    E'

    sempre

    a

    agua,

    em

    que

    lhe

    vo

    Levados

    confusamente

    O

    amor,

    o

    sonho,

    a

    illuso.

    Quanta

    esperana afogada

    E

    quanta

    recordao

    Biam

    nessa

    agua

    corrente

    E

    a

    tornar-lhe

    sempre esto

    E

    vendo-as

    no

    ansiar

    frequente,

    Pulsao

    a

    pulsao,

    Me

    e

    me eternamente

    O

    moinho

    do

    corao

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    46/260

    44

    POESIAS

    SERRA

    DO PALMITAL

    Foi l

    onde ha

    uma serra,

    e

    os

    esplendores

    Do

    sol

    num

    valle

    ;

    onde

    um

    rebanho

    pasce

    De ariscas

    borboletas

    multicores,

    E

    onde de

    tanta

    flor,

    que

    ao

    p

    lhes

    nasce,

    Cheiram

    os

    rios,

    cheiram

    como

    as

    flores;

    Foi l,

    onde

    eu

    talvez

    melhor

    ficasse

    S

    com um

    nico

    amor,

    sem

    que provasse

    Tanto

    o

    mel

    como

    o

    fel

    de

    outros amores;

    Foi

    l

    que

    a

    vez

    primeira

    amei.

    Por

    terra

    Tudo cahiu,

    talvez,

    tudo com

    os

    annos

    Ou

    jaz

    mudado

    ou

    jaz

    disperso ao

    vento

    ;

    De

    p

    deve somente

    estar

    a

    serra,

    Como

    eu,

    sobrevivendo

    a

    tantos

    damnos,

    Para

    que

    maior

    seja o

    sentimento.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    47/260

    ALMA

    E

    CO

    45

    TROPEL

    DE

    VAGAS

    Vr

    em

    seu

    movimento

    as

    vagas,

    homem,

    E'

    vermo-nos:

    succedem-se

    no

    infindo

    Horisonte

    em

    tropel,

    aiando ou

    rindo,

    E

    em

    lucta

    umas

    com

    outras

    se

    consomem.

    Nem

    aoites

    de ventos

    ha

    que

    as

    domem.

    Mas

    a

    hora

    de

    quebrar

    chega.

    . .

    Vm

    vindo,

    E

    rolam,

    tombam, e

    em

    clamor

    refluindo,

    No

    mesmo

    pego.

    de

    onde

    vm, se

    somem.

    vagalhes

    deixae

    vosso

    atrevido

    Entono

    Bero

    agora, o

    grande

    oceano,

    Sepulcro

    em

    pouco,

    vos

    ter

    sumido,

    E

    quaes

    somos

    em

    nosso

    orgulho

    insano,

    P

    levantado

    e

    em

    breve

    p

    cahido

    Aguas

    planas

    sereis

    no

    equoreo

    plano.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    48/260

    46

    POESIAS

    PASSANDO

    Vi

    de

    passagem,

    viajando

    (Melhor,

    voando)

    no

    trem um rio

    E uma

    arvore

    e

    um

    banco.

    E

    tantas

    cousas

    mais

    (Tantas

    j

    tinha visto)

    fui

    olhando

    Por

    desfastio

    Pontes,

    barrancos,

    outros

    rios,

    animaes.

    Ovelhas,

    bois, carros

    de

    bois.

    campinas,

    Capes,

    ilhas

    perdidas

    na

    planura.

    Lavouras,

    catingaes,

    descampados,

    usinas;

    Agora

    escura

    De um

    lado

    a

    matta,

    Um

    cruzeiro defronte.

    Agora uma

    cascata,

    Agora

    um

    rancho,

    agora

    um'

    moinho,

    agora

    um

    monte:

    E

    ia-se

    tudo,

    ia-se-me

    passagem.

    Sem

    me

    emtanto ficar

    de

    tanta

    cousa

    imagem

    Imagem,

    s,

    alli,

    do

    trem

    ao

    solavanco,

    Uma

    me

    acompanhava :

    era

    a

    daquelle

    banco

    E

    aquella

    arvore

    e

    rio;

    eu

    a

    guardava,

    e s.

    No

    que

    redomoinhava,

    entre

    a

    luz e

    entre

    o

    p,

    Na paizagem, no co,

    deante de

    mim, somente

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    POESIAS

    CORBELHA DE ROSAS

    Neste

    comeo de

    anno rduos

    labores,

    Por

    bas-festas, me

    quiz dar a

    vida

    Do-me as

    cousas

    que

    trato, a

    mesma

    lida,

    Mesma

    incommodidade

    e

    dissabores;

    D-me

    o

    sol

    estival

    seus

    crus

    ardores,

    Sem

    sombra

    alguma

    fresca

    e

    appetecida

    D-me

    um doer de

    saudade...

    Em despedida

    Do-me

    os

    sonhos

    adeus.

    Tu

    me ds

    flores.

    Bem hajas, pois,

    bonssima

    Angelita

    Tua

    alma

    aqui

    domestica

    volta,

    Xas flores

    que me

    ds,

    brinca

    e

    palpita:

    Sinto-lhe

    as

    asas

    de

    invisvel

    nume

    E

    respiro-a neste

    ar,

    na

    casa cheia

    Como

    o

    meu

    corao,

    de

    seu

    perfume.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA

    E

    CJi

    49

    VIDROS

    OPACOS

    Fita nos

    olhos

    teus,

    sorrindo,

    Alice

    Os

    grandes

    olhos

    negros

    requebrados,

    Mas os

    teus

    v

    do

    albugo da

    velhice

    Semi-apagados.

    Em

    seus espelhos

    turvos

    se

    demora

    A

    examinar

    se

    ainda

    oh

    vo

    desejo

    Do moo, do

    varo,

    do homem

    de

    outr'ora

    Resta

    ura

    lampejo.

    Nada

    mais

    resta. A

    alma

    entanguida

    e

    escura

    Apenas

    treme

    superficie baa.

    Olha

    a

    moa, olha, insiste...

    Assim procura

    Numa

    vidraa,

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    52/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    53/260

    ALMA

    E

    CEO

    51

    O MAIOR

    PESAR

    (De

    Bedros

    Tourjan,

    poeta

    armnio)

    No

    vr

    fonte,

    onde

    de

    um

    hausto

    Sede

    de

    amor

    estancar;

    Moo,

    j

    senti

    r-me exhausto,

    No

    c

    meu

    maior

    pesar.

    Sem

    tr

    de um

    beijo

    a

    doura,

    Ir

    a

    fronte repousar

    Na

    lagea da

    sepultura,

    No meu

    maior pesar.

    Antes

    da

    noiva

    querida

    Em

    meus

    braos

    apertar,

    Cerrar num

    tumulo

    a

    vida.

    No

    meu

    maior pesar.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    54/260

    52

    POESIAS

    Viver

    em

    misera

    choa,

    Ar

    impuro

    a

    respirar,

    Soffrer

    o

    mais

    que

    se

    possa,

    No

    meu maior pesar.

    Meu

    maior

    pesar

    vr-te,

    Ptria

    infeliz,

    a

    penar;

    Morrer,

    sem

    poder

    valer-te.

    Este

    o

    meu

    maior

    pesar.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    55/260

    ALMA E CO

    53

    SENSITIVA

    Algum

    talvez

    inveja

    a

    sensitiva

    Que

    ahi

    por

    nossos

    campos

    apparece,

    E

    em

    cada

    flor

    traz

    uma

    chaga

    viva,

    E em cada

    espinho

    mostra o

    que

    padece.

    No cho

    ou

    pedras

    que

    a

    retm

    captiva,

    Roja a

    planta

    infeliz,

    mas

    se

    acontece

    Tocal-a

    alguma

    vez mo

    compassiva,

    Fecha

    uma a

    uma

    as

    folhas

    e

    adormece.

    Algum talvez

    a

    inveje,

    afagiie-o

    embora

    Piedosa

    mo

    na

    angustia

    que o

    devora,

    Procurando

    abafar-lhe

    queixas

    e

    ais,

    Pois

    to

    rebelde

    a

    tudo

    e to

    violento

    s

    vezes

    dentro

    na

    alma

    o

    soffrimento

    Que

    dar-lhe

    estremos

    irrital-o

    mais.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    56/260

    04

    POESIAS

    O NICO

    THESOURO

    (Francisco

    Villaespesa)

    Sonhando

    achar

    mirfico thesouro,

    Como

    um

    gnomo

    ao

    claro

    de

    uma

    lanterna,

    Desci

    de

    minha vida atra

    caverna.

    Desci, mas

    em

    vez

    do

    ouro

    Que

    imaginava

    e

    gemmas

    fabulosas,

    Dei

    apenas

    com

    os

    olhos

    Em serpes

    venenosas,

    Enroscadas

    e

    presas entre

    abrolhos...

    Eram. como num

    cho

    de

    pez

    ou

    lava,

    Carves,

    ascuas que

    foram

    1

    ,

    incendidas

    Paixes de

    todo desapparecidas

    Cinzas

    de

    escorpios,

    ossos

    De

    guias

    apodrecidas...

    Desci ainda...

    E

    vi

    branquearem

    rotas

    Esculpturas,

    pedaos

    De

    mrmores

    e

    jaspes de remotas

    Architecturas,

    mutilados braos

    De alguma

    Vnus...

    Eis

    do

    sorvedouro

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    57/260

    ALMA

    E

    CO

    55

    Alcano

    o

    fundo,

    e ao

    fundo,

    rutilante,

    Entre

    um

    monto

    de

    escorias

    e destroos,

    Deparou-se-me

    aos olhos

    um

    diamante...

    A

    lagrima

    primeira

    que

    chorada

    Foi

    por

    mim

    em

    saudosa

    despedida.

    Ah

    e

    era

    essa

    lagrima

    irisada

    O

    nico thesouro

    De

    minha

    vida.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    58/260

    56

    POESIAS

    QUEM

    CANTA,

    SEU

    MAL

    ESPANTA

    Voltas

    Nem sempre, se

    o

    corao

    Excrucia

    dr

    pungente.

    Pde.

    como

    allivio,

    a

    gente

    Fazer

    delia

    uma cano.

    Dr ha

    ahi

    que

    to

    vehemente

    Se

    aferra

    s

    fibras,

    e tanta

    Que

    nada

    a

    distrae

    e

    espanta.

    Pde-se

    ir.

    se

    acaso

    dr

    Que

    a

    alma no

    subjuga

    e

    invade.

    Dr

    de

    um

    dia

    de

    saudade,

    Dr

    de

    um

    s

    dia

    de amor.

    Dr, que

    ao nosso

    rosto

    a

    cr

    No

    muda

    e

    mal nos

    quebranta

    . .

    Essa

    qualquer

    cousa

    a

    espanta.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    59/260

    ALMA

    E

    CO

    57

    Essa

    em cantigas se

    vae,

    Como

    no

    ar a

    paina

    leve

    Peitos,

    a que ella

    se

    atreve,

    Se

    a

    quereis

    fora,

    cantae

    Derrete-se

    como

    a

    neve

    Que

    o

    vento sacode

    planta,

    Qualquer

    sopro

    a

    leva

    e

    espanta.

    Mas

    a

    dr

    surda e

    feroz,

    Que

    tocada

    se

    exaspera,

    E

    passeia

    dentro

    em

    ns,

    Como

    em

    sua jaula

    a

    fera,

    Amansal-a

    com

    que

    voz,

    Se ella

    nos tolhe

    a

    garganta?

    Nada

    a

    distrae,

    nada

    a

    espanta.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    60/260

    58

    POESIAS

    FREMOR

    Supponho

    achar-me

    s

    vezes quando penso,

    Voltado

    sobre

    mim,

    no que

    hei

    vivido,

    Ao

    p

    de

    um

    mar, de

    onde

    um

    clamor

    immenso

    De

    humanas vozes vem

    ferir-me

    o

    ouvido.

    E

    afflico

    e

    terror

    na

    alma no

    veno.

    Conhecendo gemido

    por

    gemido

    Tudo

    o

    que

    amei,

    agora sob

    extenso

    Lenol

    de

    negras

    aguas

    submergido.

    E

    inda

    parece um

    brao

    no

    ar

    se

    agita,

    E

    chamando-me, como

    em

    scena

    inferna,

    Espectral

    multido

    lugente

    e

    afflicta

    Grita,

    e esses

    brados

    que

    ululando soam,

    Dentro

    em meu

    corao,

    como

    em

    caverna,

    Abalando-o,

    rememoros reboam.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    61/260

    ALMA E

    CO

    59

    o

    lrio

    intangvel

    Vi-me

    em sonho

    a

    nadar

    por

    um

    pntano

    escuro,

    Inteiramente

    escuro.

    A

    agua

    era

    grossa

    e

    infecta,

    o

    ar

    adensado e

    impuro;

    E

    eu, agitado e

    afflicto,

    a

    submergir-me todo,

    A

    conspurcar-

    me

    todo

    No

    ptrido

    marnel

    de esverdinhado iodo.

    No

    alto,

    ennoitado

    azul

    as

    estrellas

    brilhavam,

    Phantasticas

    brilhavam

    Estriges

    e

    vises, roando-me, passavam.

    E

    eu

    seguia

    a

    bracear

    pelo

    pntano

    escuro.

    Inteiramente

    escuro.

    A

    agua era

    grossa e infecta,

    o

    ar

    adensado

    e

    impuro.

    Fluctuava

    minha

    frente

    um grande

    lirio

    branco,

    Um

    lirio muito branco.

    Eu

    tentava colhl-o,

    em

    convulsivo arranco,

    Estendia-lhe

    a mo,

    o

    lirio

    me

    fugia,

    Fugia, refugia,

    A boiar,

    a

    boiar

    na agua

    estanque

    e

    sombria.

    E

    uma

    voz

    escutei que

    me

    dizia:

    A

    vida

    E'

    este

    pntano,

    a

    vida

    Alma,

    feliz sers

    se

    em

    lodo

    vil

    mettida,

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    62/260

    60

    POESIAS

    Alcanares

    a

    flor

    de

    ideal

    que

    tens

    em

    frente .

    E

    o

    lirio

    minha

    frente,

    Muito

    branco,

    a

    sorrir,

    quasi resplandecente,

    Ia

    sempre

    a

    fugir,

    o

    grande

    lirio branco;

    E

    eu

    buscava

    alcanal-o

    em

    convulsivo

    arranco.

    E

    da

    noite

    no

    escuro

    Debatia-me

    em

    vo

    pelo

    pntano escuro.

    E a agua

    era grossa

    e

    infecta,

    e o

    ar adensado

    e

    impuro.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    63/260

    lLma

    e

    co 61

    DEPOIS DA CHUVA

    Vestem-se

    agora

    os

    muros

    De

    lichenes

    e

    musgos;

    Choveu.

    Folhas

    cr de

    esmeralda

    Abenoam

    molhadas

    O

    co.

    O

    sol

    das

    cinco e

    meia

    Obliquo,

    na alameda

    Fulgir

    Gottas

    ahi

    cahidas

    Faz,

    como

    pedraria

    De

    Ophir.

    Contando

    em

    breve

    lua

    Abrir-se.

    todo

    espuma

    Na

    cr,

    Da magnoleira vae-se

    Desabrochando

    o

    clice

    Da

    flor.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    64/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    65/260

    ALMA

    E

    OO

    63

    A'

    LEILAH

    GUIMARES

    De

    chuvas

    hoje

    o

    teu

    dia

    Nesta

    cidade;

    por

    l,

    Em

    Campos,

    talvez

    sorria

    Ura

    sol

    festivo,

    Leilah.

    Que

    s

    vezes,

    neste

    inconstante

    Clima

    mosso

    isto

    se

    d:

    Chove

    aqui,

    mais

    adeante

    E'

    o co

    sem

    nuvens,

    Leilah.

    Co

    sem

    nuvens,

    disse,

    olhando

    As

    nuvens

    do

    co

    de

    c,

    Seja

    sempre,

    e

    ledo

    e

    brando

    Tua

    existncia,

    Leilah.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA E

    CEO

    65

    ARCO-IRIS

    E'

    finda a

    guerra.

    Ainda

    ha

    uni

    ruidar de

    tambores,

    Exploses,

    surda

    artilheria ao

    longe,

    a

    uivar...

    Sete

    cores

    vestindo,

    entre

    o

    co

    e

    entre

    o

    mar,

    Um grande

    arco

    triumphal

    refulge.

    Vencedores

    E

    vencidos

    quaes

    so

    nesta

    dentre as

    maiores

    Maior

    batalha? qual, de todos

    singular,

    O

    here ou

    semi-deus

    na

    peleja

    sem

    par?

    O

    grande

    arco

    triumphal

    brilha

    comi as sete

    cores.

    E'

    a

    apotheose.

    Esperae.

    Mais uns

    momentos,

    e

    esse

    A

    quem

    cinge a

    cabea

    a

    estemma

    da

    victoria,

    Rei dos

    reis,

    sol

    dos soes,

    alli

    vereis passar.

    Mas no

    o attinge

    o

    nosso olhar em

    sua

    gloria.

    Vae-se.

    Ainda um

    canho

    troa.

    Desapparece

    Do

    grande arco triumphal

    a

    architectura no

    ar.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    68/260

    66

    POESIAS

    FEIRA

    DE IRRACIONAES

    (De

    um

    poeta

    akabe)

    V

    por qual

    mais te inclinas

    Destes

    dois

    animaes,

    Ambos

    irracionaes,

    Ambos

    de

    longas

    clinas

    Preferes

    a

    mulher?

    o

    cavallo

    preferes?

    O

    cavallo

    o

    melhor

    de

    todos os cavallos,

    E

    mais

    bella

    a

    mulher

    de

    todas

    as mulheres.

    Hesitas

    ?

    Leva

    ento

    os dois

    : pe

    garupa

    Do cavallo a mulher,

    e por

    brenhas

    e

    vallos

    Vae, amigo, upa

    upa

    A

    correr,

    a correr

    Com o

    cavallo

    e

    a

    mulher.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    69/260

    ALMA E

    CO

    67

    EM SANTA

    THEREZA

    No

    dia

    de

    annos

    de

    Irene,

    Depois

    de

    tarde

    sombria,

    Chuva

    grossa

    e

    vento

    infrene,

    Luar

    magico

    apparecia.

    Deixmos

    luzes

    da

    mesa,

    Para

    ir

    vel-o

    do

    jardim.

    L

    em

    cima em

    Santa

    Thereza,

    Que

    bella

    uma

    noite

    assim

    Com

    os seus mil fogos,

    embaixo

    A

    cidade

    se estendia.

    Fogos

    inteis

    que

    um

    facho

    Maior

    a

    tudo alumia;

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    70/260

    68

    POESIAS

    Casas

    alumia

    e

    montes,

    Montes

    alumia

    e

    mar.

    Mar

    alumia,

    horizontes

    E

    cos,

    sereno

    a

    brilhar.

    Olhava-o

    d'ao

    p

    da

    escada,

    Quando

    chegaste,

    Maria,

    Nervosa

    mo

    delicada

    Oue

    me

    estendeste,

    tremia.

    Vinhas

    sem

    esse

    que

    presa

    Te

    quiz

    de seu

    nscio

    amor,

    E

    te

    ensombrou

    de

    tristeza

    Os

    teus

    vinte

    annos

    em

    flor.

    Fomo-nos

    para

    o

    terrao,

    Onde

    por

    columna

    esguia,

    Todo

    jasmins,

    num

    abrao

    Um

    jasmineiro

    subia.

    Virao,

    que

    de

    costume

    Ahi

    corre,

    vinda do

    co,

    Perfumes

    num

    s

    perfume

    Juntou

    de

    jasmins

    e

    teu.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    71/260

    ALMA B CO

    69

    Era

    a

    minh'alma, e

    era

    a

    tua,

    Que

    o

    mesmo

    desejo

    unia...

    Mas passou

    no

    co

    a

    lua,

    Passou

    da

    noite

    a

    magia,

    Passou

    o sopro

    fagueiro,

    Assomo

    de

    amor passou,

    Passou

    dos

    jasmins

    o

    cheiro,

    O teu

    algum

    o

    aspirou...

    Brilhe

    o

    co como

    brilhava,

    J

    lhe

    ho

    acho

    poesia.

    Ah

    se eu

    tornasse

    onde

    estava

    Com o

    luar que

    ento fazia

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    73/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    72

    POESIAS

    Priso

    o

    espao,

    priso o

    mundo

    Gaiola

    grande

    que

    prende

    e

    encerra

    Tudo,

    homens,

    bichos,

    o

    mar

    c

    a

    terra.

    E

    dos

    dois mundos,

    o

    enorme,

    o

    vario

    Mundo

    de

    todos, trreo

    e

    celeste,

    E

    o

    seu,

    s

    delle,

    melhor

    este.

    IV

    Canta.

    Cantando,

    feliz canrio.

    Dizer

    parece:

    Vs,

    a

    quem

    vejo

    Voando

    mais

    largo, no vos

    invejo

    Certo

    agradvel com as leves pennas

    E'

    ir

    singrando,

    singrando,

    aos

    pares,

    Acima

    e

    abaixo

    por estes

    ares.

    Mas,

    amiguinhos,

    a

    quantas penas

    Andaes

    expostos e

    a

    que

    ciladas

    Alapes tredos,

    tiros, pedradas...

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    75/260

    ALMA

    B OO

    73

    E

    quantas

    vezes

    no vos

    assalta

    O

    inverno,

    e

    s

    chuvas, papo vasio,

    Rolaes

    transidos

    de

    fome

    e

    frio

    Captivo

    embora,

    nada

    me

    falta,

    Suppre-me

    em

    tudo

    quem

    me

    consola

    Com

    o

    seu

    carinho.

    Viva

    a

    eaiola

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    77/260

    ALMA

    E

    CO

    ?

    5

    II

    MARIA

    DA

    GLORIA

    Maria

    da

    Gloria,

    a

    gloria

    Que

    buscamos,

    illuso.

    Nesta

    vida

    transitria

    Somente

    ha

    uma

    gloria:

    a

    gloria

    Do

    corao;

    Gloria,

    Maria

    da

    Gloria,

    Que

    vae

    aonde

    as

    mais

    no

    vo;

    As

    mais

    dos

    homens

    na

    historia

    Ficam;

    esta

    excelsa

    gloria

    Sobe

    onde

    os

    Anjos

    esto.

    De

    outra

    Maria

    da

    Gloria

    Apprendi

    esta

    lio:

    Gloria

    eterna

    e

    meritria

    Somente

    uma

    existe:

    a

    gloria

    Do

    corao.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    78/260

    76

    POESIAS

    III

    VELAS

    NO

    MAR

    Sonhos...

    Por que

    chorar

    os

    que

    se

    vo

    embora?

    Outros logo

    viro,

    para se

    irem

    tambm

    Sonhos que vo...

    sonhos

    que

    vm.

    E'

    isto o nosso mar,

    em

    que

    vs

    barra

    a

    fora

    Sahindo,

    e

    entrando

    a

    um

    tempo,

    s

    mil,

    em confuso,

    Velas que

    vm

    . .

    .

    velas que

    vo.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    79/260

    ALMA

    E

    OO

    77

    IV

    TRADUZINDO

    UMA

    QUEIXA

    O

    melhor

    dos

    amores

    dura

    um

    dia

    Ou

    pouco

    mais;

    neste

    pequeno

    espao

    Todo

    elle

    cabe,

    todo

    se

    irradia,

    Sem

    tristezas,

    sem

    pausas,

    sem

    cansao.

    Sc

    vae

    alm,

    das

    asas

    com

    que

    outrora

    O

    fabularam,

    como

    fresca

    espuma

    Bolha a

    bolha

    se

    apaga,

    de

    hora

    em

    hora

    Vo-lhe

    as

    plumas

    cahindo

    pluma

    a

    pluma.

    Se

    indaalm

    vae,

    perde

    de

    todo

    as

    pennas,

    No

    va

    mais

    ;

    adeus,

    alturas e

    astros

    Pisam-no

    aos

    ps

    em

    casa,

    vive

    apenas

    Como

    animal

    domestico,

    de

    rastros...

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    83/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    86/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    87/260

    ALMA E

    CO

    85

    Tambm

    de

    alguns

    a

    quem

    hospedes

    receber

    Em teu seio

    quizeste

    e

    pesar

    em

    prazer

    Lhes

    mudaste

    e

    em

    sorriso

    a

    lagrima

    ou

    gemido,

    Nestas

    aves

    talvez

    torna

    reconhecido

    O

    espirito,

    a

    lembrar a

    ventura fugaz

    De

    horas,

    que

    todas

    viu

    se

    lhe

    escoarem em

    paz,

    Repouso,

    lhano

    achego

    e

    serena

    alegria.

    Possa

    eu

    como

    esses

    ser

    possa

    mimYalma

    em

    dia

    Que o corao

    me diz

    no

    vir

    longe,

    talvez,

    Tambm

    aqui

    tornar,

    e

    vr-vos outra

    vez,

    Andorinhas

    do

    co

    de

    Campinas

    Vestida

    De pennas

    como

    vs,

    os

    momentos

    de

    vida

    Aqui vividos, possa

    acaso

    recordar

    Doudeje

    como

    vs

    na

    pureza

    deste ar;

    Sobre

    a

    cidade

    e

    sobre

    as

    arvores vizinhas

    Paire

    tarde comvosco, leves andorinhas

    E

    comvosco no

    pouso

    hora

    em

    que

    a

    noite vem,

    Durma

    e sonhe

    feliz

    andorinha

    tambm.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    88/260

    86

    POESIAS

    SUAVIDADE

    (Amado

    Nervo)

    Affiz-me

    ha

    tanto

    a assim

    viver

    penando

    Que

    hei-de

    acabar

    tranquillo

    e

    sem

    queixume.

    A

    minha dr

    continua

    como um gume

    Que

    fora de

    cortar

    se

    vae

    gastando.

    Torva ao

    principio,

    agora

    quasi

    leda,

    Ella me

    segue

    pelo

    meu deserto;

    Dos males o cilicio

    em

    que me

    aperto,

    Foi

    de

    crina

    algum tempo,

    hoje

    de

    seda.

    Tristeza

    de

    hontem ora

    me

    fluctua

    Vaga

    e

    do mundo

    vo

    foge os

    alardes;

    Alguma

    cousa

    tem

    do

    fim

    das

    tardes,

    Alguma

    do

    ether ou pallor

    da

    lua.

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    92

    POESIAS

    FORMIGUINHA

    Desta

    velha janella

    exigua

    fresta

    Elegeu

    por

    morada

    uma formiga.

    Ao peitoril,

    como

    por

    praa

    antiga,

    Se

    de

    passeio,

    a

    vr

    o

    sol.

    em

    festa.

    Foge

    ao

    menor

    rumor, lpida e lesta,

    (Lembrando-me,

    permitte

    que

    t'o

    diga,

    A

    almazinha que

    tens,

    querida

    amiga,

    E

    que

    a

    todos

    se

    esquiva

    por

    modesta).

    Se

    surprehendida

    acaso

    e o

    tempo

    estreito

    Para

    tornar,

    fugindo, frincha

    escura,

    Sbito estaca...

    nem

    um

    passo

    alm

    E ruiva

    como

    a

    luz,

    e de

    mistura

    Com a

    luz,

    na

    luz se

    some

    de tal

    geito,

    Que

    estando

    vista,

    no

    a

    v

    ningum.

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    ALMA

    E

    CO

    99

    Se

    o

    no cedes

    ao

    Bem.

    ,Elle

    ouve e

    de

    improviso

    Illumina-lhe

    o

    rosto

    espiritual

    sorriso...

    Desde

    hoje o

    que

    possuo,

    santa

    Caridade,

    E'

    teu

    diz

    leva-o, d-o

    misera

    orfandade,

    Veste-a,

    agasalha-a

    bem,

    e

    satisfeito

    expiro.

    Seu

    espirito

    aqui

    paira

    neste

    retiro,

    Nesta

    casa

    que

    sua. A

    recordar-lhe o

    exemplo,

    Entre

    as

    bnos

    que

    inspira,

    amemol-o em seu

    templo

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA R CO

    101

    Salve, Poetisa

    montevideana,

    cheia

    de

    graa

    Teu

    livro

    as

    horas

    Ao

    que

    o

    l

    doura-as,

    resplandecendo

    como

    uma

    aurora;

    Aurora

    irm

    Da

    que

    enche

    os

    cos

    e

    nciles

    irradia.

    s

    tu, em

    quem

    presinto

    o

    grande

    dia

    Que

    has

    de

    ser

    amanh.

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    102

    POESIAS

    LTBELLULA

    flor

    da agua

    do tanque ou

    da

    corrente

    Va

    a

    fugaz

    libellula

    erradia

    De

    asas de

    vidro

    e

    prata,

    flor somente,

    Que, como

    vivo

    espelho, arde

    e

    irradia;

    Somente

    flor...

    Que

    importa, refulgente,

    Ao fundo algum thesouro

    lhe sorria,

    Ouro haja,

    ou

    lama?

    Passa

    indifferente,

    Folga,

    doudeja, toda

    se

    extasia

    flor.

    .

    .

    que

    isso

    lhe

    basta ao

    leve

    e

    brando

    Voo:

    tremula

    e

    clara

    reflectida

    Na

    agua acenando-lhe

    a

    illuso

    celeste.

    Como

    que sabe,

    flor

    somente voando

    Que

    aprofundar

    as cousas,

    como

    a

    vida,

    E'

    tirar-lhes

    o

    encanto

    que

    as reveste.

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    106

    POESIAS

    AVES

    NO

    POUSO

    So

    aves que

    se recolhem

    Para dormir

    seu

    leve

    somno.

    Umas escolhem

    grimpas de

    arvoredo

    E

    ahi ficam, como num throno;

    Outras

    pousam mais

    baixo;

    outras

    escolhem

    Baixando

    do

    ar,

    Os

    penhascos do mar.

    Inda

    conversam em segredo,

    Asas

    agitam,

    Piam,

    atitam.

    .

    Mas adormecem.

    Horas suaves

    As

    do

    repouso,

    aves

    Pudesse eu,

    como

    vs,

    tendo cansado

    De tanto a um

    lado e

    outro

    lado

    Andar,

    a

    ir

    e

    vir,

    Tambm

    dormir

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

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    ALMA E

    CO

    107

    VELHICE

    Velhice

    Amigo,

    diz-me

    um

    amigo,

    Diz, e

    verdade:

    Sabe

    que a

    boa

    idade

    a

    ultima

    idade,

    E

    s

    bem

    feliz

    de

    envelhecer

    commigo.

    Poucos

    vingam

    o

    cimo

    em

    que

    ora

    estamos;

    Arvores

    altas,

    no

    nos

    toca

    os

    ramos

    O

    sopro

    mo

    que

    ahi

    em

    baixo

    as

    mais

    agita.

    Bemdita

    e

    rebemdita

    A

    idade

    austera

    e

    nobre a

    que

    chegamos.

    Diz, e

    verdade.

    .

    Mas

    que

    saudade

    Das

    horas

    loucas

    da

    mocidade

    Velhice

    Amigo,

    diz

    inda

    o

    amigo,

    Diz, e

    verdade:

    Ha

    nada

    igual

    a

    esta

    serenidade?

    Fora

    de

    ns

    o

    amor

    tredo

    e

    inimigo,

    Vemos

    que

    longe

    indmita

    rebenta

    E

    rola

    em

    mar

    de

    nuvens

    a

    tormenta.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    110/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    111/260

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    110

    POESIAS

    Morra...

    A tarde

    ao

    cahir

    me

    tome

    ao

    seio,

    Seja-me o seu

    claro

    camar

    ardente;

    Yistam-me

    os

    esplendores

    do

    Occidente,

    Setins do azul,, purpuras do

    arrebol.

    Morra... E

    antes

    de

    em sitio

    escuro

    e

    feio

    Jazer,

    deixem-me

    um

    pouco

    socegado,

    A

    dormir

    em meu

    fretro

    dourado,

    Que

    o

    meu dia

    de

    sol.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    113/260

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    (NOTAS

    DE

    UM

    VERANISTA)

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    wwwwwwwwww

    22

    de

    Janeiro.

    No alto, cintado

    de

    nuvens

    Relampejantes,

    ao

    morrer

    do

    dia,

    Emerge,

    sobranceiro

    a

    tudo,

    o

    pncaro

    Da

    serrania.

    Vejo-o

    daqui

    do

    hotel

    desta

    cidade

    Onde

    cheguei

    ha

    pouco.

    Olho-o

    e

    medito.

    L

    se

    ficou, toda

    incommodidade,

    Com seu

    p,

    seu

    calor

    e

    seus rumores,

    A

    grande Capital

    ;

    aqui, silencio, flores,

    O

    ar puro

    e

    este contacto com

    o

    infinito.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    116/260

    114

    POESIAS

    23

    de

    Janeiro

    Trovejou toda

    noite.

    Em

    rebramir

    que

    ateira,

    Horrveis

    os

    troves

    desde

    este

    alto

    de

    serra

    Ao

    seu

    mais

    fundo

    abysmo abaixo

    retumbando.

    Algum tempo fiquei

    o

    espao

    em

    frente olhando,

    Golpeado

    do

    claro

    dos

    relmpagos.

    Ora

    Chove. Que

    manh

    feia

    Lispaireamos fora.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    117/260

    CHEIRO

    DE FLOR

    115

    Chove, no

    cessa,

    no cessa

    o

    vento;

    de

    quando em

    quando

    Trova

    ;

    pelos

    vrios declives,

    s

    enxurradas,

    As

    aguas

    descem

    de

    salto

    cm

    salto,

    cantarolando.

    Passam levados

    ramos

    e pedras, passam levadas

    Folhas

    e

    flores;

    chuva

    os

    fios

    se

    entrecruzando,

    So

    como

    teias

    de

    aranhas, fluidas

    e

    emmaranhadas.

    Com mais

    violncia

    rasgam-se

    as

    nuvens em

    negro bando

    E

    tudo

    molham, portas,

    janellas,

    varanda,

    escadas.

    As

    aguas

    descem de salto em

    salto,

    cantarolando.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    118/260

    116

    POESIAS

    Entrei

    na

    sala

    de

    jantar.

    Jantava-se.

    Homens,

    mulheres,

    Crianas,

    garons,

    tinir

    de

    pratos

    e

    talheres.

    Olhei.

    Olharam-me.

    Indagam quem

    eu

    sou

    provavelmente.

    Eu

    ningum

    vejo

    ou s, entre

    as

    mais, vejo

    uma

    hospeda

    Que

    tinha

    em

    frente:

    Cabellos

    cr

    de

    sol,

    alvo

    elio entre prolas,

    Olhos,

    lbios,

    nariz,

    Tudo

    perfeito;

    mos

    lirios

    de

    cinco

    ptalas,

    Como

    em

    verso

    no

    sei

    quem diz;

    Para que

    descrevel-a?

    bella

    bella

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    119/260

    CHEIRO

    DE FLOR

    117

    24

    de Janeiro.

    Chama-se

    ouvi-lhe

    ha pouco

    lena

    e

    no

    Helena,

    lena,

    italiana,

    lena

    sem

    H.

    Pobre letra mo fado

    hoje

    a

    expelle

    e condemna,

    Em tanto

    nome

    vae cahindo

    e

    intil

    j,

    Que

    at

    o

    da

    mulher

    entre

    ns

    soberana,

    Por

    ser to

    bella,

    Ficou

    sem ella.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    120/260

    118

    POESIAS

    25

    de Janeiro.

    Pia,

    grunhe,

    regouga,

    ulula

    o

    piano.

    Ferve

    a dansa no hotel.

    Ao ruido insano

    Do

    horrendo monstro

    juntam-se

    os

    rumores

    Que

    vm

    das salas

    e

    dos

    corredores.

    Se no fora

    o

    mlo

    tempo, era remdio

    Passear

    fora, fugindo,

    a tanto tdio,

    Mas

    chove,

    chove

    impertinentemente,

    Continuamente,

    ininterruptamente.

    Que noite

    vou

    passar,

    sem um

    amigo,

    Sem distraco,

    ssinho

    aqui commigo,

    Sem outrem

    com quem

    fale,

    eu que no danso,

    Eu

    que no

    jogo,

    ouvindo sem descanso

    Cahir l

    fora

    a

    chuva

    inexhaurivel

    E aqui

    no

    hotel

    este barulho horrivel

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    121/260

    CHEIEO

    DE

    FLOR

    H9

    27

    de

    Janeiro.

    Fugindo

    aos

    estos do

    vero

    doentio,

    Veio,

    mudando

    de ar,

    melhor

    sade

    Beber nestes

    mil

    metros

    de

    altitude,

    Onde ha

    um

    frio

    europeu

    em

    pleno

    estio.

    Acha

    tudo

    isto

    inspido,

    sadio,

    Talvez

    que

    mesmo

    potico,

    mas

    rude;

    s

    distraces

    que

    ha na

    cidade

    allude,

    Lembra

    as

    amigas

    que

    deixou

    no

    Rio.

    Mas o

    calor

    ?

    Ora,

    o

    calor

    nem

    tanto

    Viera

    porque

    seu medico

    o

    mandara.

    E

    os

    olhos

    de

    saphira

    transparente,

    Assim falando,

    tm

    o

    brilho

    e

    encanto

    Que

    ha

    nas

    aguas

    azues

    de

    Guanabara,

    Quando o

    dia

    mais claro

    *e

    o

    sol

    mais

    quente.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    122/260

    120

    POESIAS

    30

    de

    Janeiro.

    Em

    frente

    delia,

    a

    hospeda

    saudosa,

    No

    salo

    de jantar

    me fica

    a

    mesa;

    Somente entre

    ns

    ambos

    ha

    uma ingleza

    Sardenta

    e ruiva

    e uma senhora

    idosa.

    E'

    de

    todas

    do

    hotel

    a

    mais formosa;

    No

    lhe

    diz

    de seu rosto

    o ar

    de

    tristeza

    Com

    a

    cr

    do

    trajo,

    um

    dia

    azul

    turqueza,

    Outro

    vivo

    salmo

    ou

    cr

    de

    rosa.

    Dos

    braceletes

    o

    ouro

    em

    brilho

    quente

    Morde-lhc

    com volpia

    os lisos

    braos,

    Cndido

    o

    elio,

    onde ha

    uma

    cruz

    pendente.

    Nem

    um

    seno

    no todo

    delia

    existe.

    E'

    bella.

    Em

    toda

    a

    sala

    olham-na

    a

    espaos

    Moos,

    damas,

    ancios...

    Mas

    porque

    triste?

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    123/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    124/260

    122

    POESIAS

    M.

    F.

    2

    de

    Fevereiro.

    Veio

    para

    morrer

    neste alto;

    me lhe

    ouvi

    Que

    o

    caminho

    do

    co fica

    mais curto

    aqui,

    E'

    s

    um vo,

    ou s

    questo

    de

    um

    mez,

    se tanto.

    Tuberculosa,

    e

    s

    tem

    quinze

    annos

    Magdala

    E*

    seu

    nome.

    Falei-lhe.

    As

    sombras

    vespertinas

    Lentas

    entravam

    j

    pela

    deserta

    sala

    E desfiavam

    os

    sons

    de

    soluado pranto

    Fora, tangidos

    do ar, uns

    ps

    de

    casuarinas.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    125/260

    123

    CHE1K0

    DE

    FLOR

    3

    de

    Fevereiro.

    Ver

    Imbuhy

    Fomos

    vl-a

    hoje,

    a

    cascata

    Lente

    joulada

    de

    estrellas,

    Vestida

    de

    alvor

    de

    luar.

    Sobre

    ella

    arbustos

    e

    arvores

    a

    matta

    Inclina

    e

    a

    agreste

    accia

    as

    amarellas

    Flores

    desfolha

    no

    ar.

    O

    grosso

    rio

    alli,

    de

    trs

    formado,

    Precipita-se

    em

    tremenda

    Queda

    no

    abysmo

    sem

    fim.

    Tece-lhe

    a

    espuma

    fofo

    cortinado,

    Como

    outro

    nunca

    viu

    de

    nivea

    renda

    Leito

    nupcial

    assim.

    De

    volta,

    esse

    docel

    alvinitente

    Lembro,

    e

    quella

    cujo

    rosto

    Nessa

    excurso

    me

    sorri,

    Ouo

    que

    o

    tinha

    ella

    tambm

    presente

    E

    lh'o

    invejava

    na

    belleza

    e

    gosto

    cascata

    de

    Imbuhy

    .

    .

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    126/260

    124

    POESIAS

    5

    de

    Fevereiro.

    hora

    do correio.

    De

    quemi

    ser,

    pergunto

    a

    cada

    instante,

    A

    carta

    que lhe

    veio?

    Ser

    do

    noivo?

    Ter

    noivo?

    amante?

    Leu-a,

    depois

    no

    seio

    Guardou-a,

    ao

    p

    da cruz

    de ouro

    e

    hrilhante;

    Agora

    ledo

    e cheio

    De

    gracioso

    sorriso

    o

    seu

    semblante.

    Ri-se,

    ri-se-me,

    como que

    a

    ventura

    Querendo

    ou alegria,

    que ora sente,

    Commigo

    se

    reparta.

    Generosa amiguinha

    ingnua

    e

    pura

    Folgo

    tambm

    com vel-a

    assim

    contente.

    Mas

    de quem

    a

    carta?

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    127/260

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    125

    7

    de

    Fevereiro.

    O

    meu

    ultimo

    pensamento

    Hontem,

    antes

    de

    adormecer,

    Xo

    foram

    nem

    podiam

    ser

    Os

    morangos

    que

    nos

    serviu o

    hotel

    sempre

    avarento.

    Xo

    foram

    dessa

    guerra

    assombros

    Que

    se

    contam

    descommunaes

    Eu

    hoje

    dou a

    tudo

    de

    hombros,

    Pouco

    me

    importam

    paz

    ou

    guerra,

    e

    no

    leio

    jornaes.

    No

    foi F.

    com

    o

    seu

    namoro,

    E

    escandalosamente

    X

    Aos

    beijos

    com...

    ao

    que

    se

    diz

    Ou

    dizem-no

    alto

    e

    bom

    som

    os

    hospedes

    em

    coro.

    O

    meu

    ultimo

    pensamento,

    Fique

    bem

    annotado

    aqui,

    Foi

    ella.

    o

    meu

    doce

    tormento:

    Vinte

    vezes

    disse o

    seu

    nome

    lena

    adormeci.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    128/260

    126

    POESIAS

    io

    de Fevereiro.

    lena

    outra,

    lena ri-se agora

    Continuamente,

    e

    assim

    graciosa,

    ao vl-a,

    Rimo-nos,

    ri-se tudo

    em

    torno

    delia,

    Do riso seu

    vibrao

    sonora.

    Ri-se

    na

    sala

    um

    busto,

    uma

    aguarella

    E

    num

    quadro

    suspenso

    uma senhora

    De

    culos.

    Ri-se

    o

    espelho

    que

    a

    namora

    E

    parece dizer-lhe

    :

    s bella

    s

    bella

    Ri-se

    de

    cima

    a

    baixo

    o

    reposteiro

    Que a

    virao

    refranze,

    e

    deixa em

    festa

    Entrar

    das

    malvas

    da

    varanda

    o

    cheiro.

    A luz

    do

    dia

    auri-azulado

    e

    lindo

    Ri-se

    pela vidraa,

    e os

    vidros desta,

    Inda

    foscos

    de

    orvalho,

    esto-se

    rindo.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    129/260

    CHE1B0

    DE

    FLOR

    127

    li

    de

    Fevereiro.

    Passeamos

    juntos

    eu e

    ella

    Toda

    esta

    tarde.

    Como

    bella

    Luzem-lhe

    nos

    olhos,

    riem-lhe

    nos

    lbios,

    Cantam-lhe

    na

    fala.

    fremem-lhe

    no

    peito,

    Saltam-lhe

    no

    sangue,

    lume.

    effluvio,

    encantos,

    Attraco,

    mysterio,

    fora,

    herosmo,

    gloria,

    Os

    seus

    vinte e

    trs

    annos

    . .

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    130/260

    128

    poesias

    CARNAVAL

    li

    horas da

    noite.

    que

    alli

    soffre

    e

    cuja

    tosse

    rouca

    Ouo

    da

    pobre me

    por

    entre

    o

    pranto,

    Emquanto

    o

    hotel

    todo

    festa,

    emquanto

    Ha um

    galanteio

    e

    um

    riso

    em

    cada

    bocca;

    A

    que

    talvez nem

    possa a

    claridade

    Vr do

    sol de

    amanh

    neste co

    frio,

    Um

    triste

    pensamento

    de piedade

    Que

    antes de

    adormecer

    daqui

    lhe

    envio.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    131/260

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    129

    17

    de

    Fevereiro.

    Nunca

    lhe

    disse

    o

    que

    por

    ella

    sinto,

    Nunca

    lh'o

    hei

    de

    dizer,

    E

    digo-o

    a tudo.

    digo-o

    ao

    seu perfume

    Que

    ficou

    por

    onde

    ella

    passa;

    Disse-o

    a uma flor

    que

    lhe

    cahiu

    do cinto

    Na

    varanda,

    ao escurecer,

    A

    um

    rude

    banco

    onde

    ella

    esteve,

    disse-o.

    Digo-o,

    suppondo-os

    ser

    seu

    rir

    que

    esvoaa,

    A

    toda

    borboleta

    ou

    vagalume

    Digo-o

    ella

    meu

    enlevo

    e

    meu

    supplicio

    Em

    calma

    ou

    em

    excitao,

    Digo-o

    falando

    ou

    mudo,

    Digo-o

    em sonho

    e

    accordado,

    A tudo

    o

    tenho

    dito

    e o

    digo

    a tudo...

    A

    ella,

    no.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    132/260

    130

    POESIAS

    18

    de

    Fevereiro.

    No dormi.

    Ao

    relgio

    hora

    e

    mais hora

    Ouo.

    Queima-me

    a

    febre,

    rinjo os

    dentes;

    Saio de

    em

    meio

    dos

    lenes ardentes

    E

    escrevo,

    nsia

    de

    amor

    que

    me

    devora

    A l(

    Porque no tive

    o

    meu ser

    Em

    teu

    ser,

    e

    em ti captivo,

    Vida

    houvesse

    qual no vivo,

    Vivendo

    de

    teu

    viver?

    Porque

    no

    fui

    eu

    ao

    menos

    Parte

    do corpo em que existes,

    Ncar

    de

    teus lbios tristes,

    Alva

    dos

    olhos

    serenos?

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    133/260

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    131

    Jaspe

    nessa

    bcca

    em flor,

    Rubi

    nesse

    sangue

    ardente,

    Ida

    na

    tua

    mente,

    Em teu

    corao

    amor ?

    Tal

    o

    desejo cruciante

    De ser

    teu,

    de

    pertencer-te,

    De

    todos

    os

    dias

    vr-te,

    De

    tocar-te

    a

    todo

    instante

    De

    comtigo aqui,

    alli,

    Onde

    te

    achares, achar-me...

    Ah

    que

    eu

    no

    possa

    annullar-me.

    Sumindo-me

    todo em ti

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    134/260

    132

    i

    de

    Fevereiro.

    Ha uma

    essncia

    que

    ella diz do

    Oriente,

    Mas

    no

    lhe

    diz

    o

    nome ao

    que

    a

    prepara,

    Caron,

    Guerlain,

    talvez...

    essncia rara,

    Leve e

    subtil, embriagadora

    e

    quente.

    Ntanca a

    senti

    seno

    nella somente,

    Como

    se

    aos

    poros da

    epiderme

    clara

    Lhe viera

    ou

    de

    si mesma

    se

    exhalara,

    Qual

    a

    da

    flor

    no

    matutino ambiente.

    E'

    o

    cheiro

    delia,

    delia

    quando

    o

    passo

    Lhe

    ouvimos,

    delia

    quando

    acceita

    o

    brao

    A aleuem

    da

    sala

    e

    a

    rir-se

    os

    dois

    se

    vo;

    Sei por

    seu

    cheiro

    ou

    descobrir

    acerto

    Se

    est

    no

    hotel,

    se

    ausente, longe

    ou

    perto,

    E sei

    at

    quem

    lhe

    apertou

    a

    mo.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    135/260

    CHORO DE FLOR

    133

    20

    de

    Fevereiro.

    Noite de

    chuvas

    e

    ventanias.

    Rajadas

    frias

    Sibilaram,

    sibilam, sibilando

    Passam

    De

    quando

    em

    quando

    Xo

    quarto

    a ss,

    Em

    suas

    pausas ouo uma

    voz,

    Uma

    voz triste,

    lamentoso choro

    Longo

    e

    sonoro,

    Flebeis surdinas

    De

    eoleas

    harpas.

    . .

    So as

    casuarinas,

    So

    as trs

    casuarinas que

    alli

    em

    frente

    Da casa onde

    agoniza

    a

    pobre

    doente,

    Espectraes

    uivam, rumorejando

    plangentemente.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    136/260

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    137/260

    CUEIRO

    DE FLB

    135

    22 de

    Fevereiro.

    Entrou

    na

    sala.

    Olham-no

    em roda

    Os

    que

    alli

    esto, a

    sala

    toda:

    Quem ?

    Fim de

    jantar;

    no

    centro,

    aos

    lados,

    Homens,

    senhoras,

    uns

    sentados,

    Outros de

    p.

    E'

    um rapaz

    lpido,

    franzino,

    Com

    muito

    em si de

    feminino,

    E

    at

    Vistosas

    nalgas.

    Alvoroo

    Entre

    as

    mulheres :

    Lindo

    moo

    Quem ?

    quem ?

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    138/260

    136

    24

    de

    Fevereiro.

    lena

    e

    o

    recemvindo

    hora

    e

    mais

    hora

    Passeam

    fora

    Na

    varanda

    e

    jardim.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    139/260

    CHEIEO

    DK

    FLK

    137

    25

    de

    Fevereiro.

    lena

    arrebatou-o

    Ou

    elle a

    ella.

    Esto

    Sempre

    juntos.

    Num

    vo

    Vo-se,

    como

    nurfi

    vo os

    pssaros

    se

    vo.

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    140/260

    138

    POESIAS

    26 de

    Fevereiro.

    Vi-os

    juntos em passeio

    A

    ponte

    ao

    rio

    transpor;

    Elle

    e

    ella

    ambos ao

    seio

    Traziam

    a

    mesma

    flor.

    Vi-os

    juntos

    junto

    matta,

    Ao

    p

    dos

    bambuaes

    sombrios;

    Tornando

    cascata, vi-os

    Junto

    cascata.

    Oh meu

    sonho

    de

    demente

    Oh

    meu

    docel nupcial,

    Rasgou-te

    ella de

    repente,

    Como

    nvoa o

    temporal

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    141/260

    CHEIRO

    DE

    FLOR

    139

    Vi-os

    juntos

    que

    cuidados

    De

    um

    com

    o

    outro

    que

    carinhos

    Vi-os

    juntos

    abraados

    Os

    dois

    ssinhos

    Vi-os

    vi-os

    mas

    pergunto

    Agora,

    cahindo

    em

    mim:

    E'

    mal

    andar-se

    assim

    junto,

    Juntinho

    assim?.

    .

  • 7/25/2019 Alberto de Oliveira Poesias Quarta Serie

    142/260

    140

    POESIAS

    Noite

    estrellada

    Que daqui

    vejo

    de meu quarto,

    ansioso,

    D-me

    teu calmo,

    teu

    sidreo

    goso,

    Deixa-me

    olhar-te

    na amplido

    sem fim

    Quero

    esquecer.

    .

    Mas

    no,

    no vejo nada,

    Um

    ruido

    infernal

    me

    prende

    terra,

    Discute-se

    no

    hotel

    a

    grande guerra,

    Um

    arenga,

    outro

    grita,

    um