AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

IDENTIFIÇÃO SOCIOECONOMICA DOS CATADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM NO MUNICÍPIO DE COLÍDER - MT JANICE DE ALMEIDA NOITE Orientadora: Ms. Cynthia Candida Correa

COLIDER/2010

AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE

DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

IDENTIFIÇÃO SOCIOECONOMICA DOS CATADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM NO MUNICÍPIO DE COLÍDER - MT

JANICE DE ALMEIDA NOITE Orientadora: Ms. Cynthia Candida Correa

Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de pós-graduado em Gestão Ambiental.

COLIDER/2010

RESUMO

Esta pesquisa surgiu através da necessidade de conhecer as condições salariais e

do ambiente de trabalho dos catadores de resíduos sólidos no município de Colíder,

cidade localizada no norte do estado de Mato Grosso. Diante disso esse trabalho

tem como objetivo analisar a condição socioeconômica dos trabalhadores da Usina

de Triagem e Compostagem no Município de Colider-MT. Este trabalho trata-se de

uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa, onde os dados foram coletados

através de levantamento de dados realizado através de entrevista com base em um

roteiro semi estruturado. Entre os 141 municípios do estado de Mato Grosso, Colíder

esta ente as primeiras cidades que possui aterro sanitário e usina de Triagem e

Compostagem. Por meio da pesquisa é notada a responsabilidade social,

econômica e ambiental do programa de coleta seletiva para o município e as

famílias que trabalham na Usina de Triagem e Compostagem no município de

Colíder – MT. Com os dados coletados comprova-se a Usina de Triagem no

município de Colíder é um importante instrumento de inclusão social, gerando

emprego e renda para os cooperados.

Palavras-chave: Reciclagem. Coleta Seletiva. Resíduos Sólidos

ABSTRACT

This research came about through the need to know the wage conditions and

working environment of the waste pickers in the city of Colíder, a city located in

northern Mato Grosso state. Given that this study aims to analyze the socioeconomic

status of workers in the sorting and composting plant in the city of Colider-MT. This

work it is a field research, qualitative in nature, where data were collected through

survey data conducted through interviews based on a semi-structured. Among the

141 municipalities of Mato Grosso, Colíder this being the first cities that have landfill

and sorting and composting plant. Through research is noted social responsibility,

economic and environmental selective collection program for the city and families

working in the sorting and composting plant in the city of Colíder - MT. With the data

collected proves to sorting plant in the city of Colíder is an important instrument of

social inclusion, generating jobs and income for members.

Keywords: Recycling. Selective Collection. Solid Waste.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização do município de Colíder -MT ................................................ 18

Figura 02: Usina de Triagem e Compostagem .......................................................... 21

Figura 03: Chegada do caminhão com a coleta ....................................................... 22

Figura 04: Mesa de Separação dos Matérias Reciclados ........................................ 22

Figura 05: Salas de estoque de matérial plástico, metal, vidro e papel a serem

selecionados para a venda. ...................................................................................... 23

Figura 06: Maquina de prensa. ............................................................................. 23

Figura 07: Papelão prensado ................................................................................ 24

Figura 08: Papelão já prensado e estocado. ............................................................ 25

Figura 09: Trabalhadores da Usina de Triagem e Compostagem do município de Colider – MT ......................................................................................................... 26

Figura 10: Cozinha da Usina .................................................................................... 27

Figura 11: Local de refeição dos Trabalhadores da Usina e Vestiários. ............... 27

LISTA DE TABELA

TABELA 1: Valores dos resíduos sólido ................................................................ 28

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7

CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 9

1.1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONSUMISMO ......................................... 9

1.2 GERADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................... 111

1.2.1 Resíduos sólidos industriais ................................................................ 11

1.2.2 Resíduos sólidos domésticos .............................................................. 12

1.2.3 Resíduos sólidos hospitalares ............................................................ 12

1.2.4 Resíduos sólidos comerciais .............................................................. 13

1.3 SISTEMAS DE COLETA SELETIVA ................... Erro! Indicador não definido.

1.4 CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL: UMA PROFISSÃO ................... 13

CAPÍTÚLO II - METODOLOGIA .................................. Erro! Indicador não definido.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ..................................................................... 18

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 19

CAPÍTULO III ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .............. Erro! Indicador não definido.

CONSIDERAÇOES FINAIS ...................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................ Erro! Indicador não definido.

APÊNDICE ................................................................... Erro! Indicador não definido.

.

7

INTRODUÇÃO

Atualmente a poluição gerada pelos resíduos sólidos é um dos fatores

ambientais agravantes que interfere o equilíbrio do ecossistema, esse problema

surge devido à quantidade de resíduos produzidos serem maiores do que a

capacidade de decomposição pela natureza.

Essa grande quantidade é conseqüência da busca constante da população

por uma facilidade de vida que busca ser ágil, são exemplos os produtos

alimentícios enlatados, mas como resultado produz uma grande quantidade de lixo,

outro fator gerador de resíduos é o sistema capitalista, onde os comércios investem

em propagandas e marketing que influenciam o alto consumo e faz com que, por

muitas vezes, os consumidores procurem satisfazer seus desejos nas compras, e

consomem até mesmo o que pode ser considerado desnecessário, gerando uma

grande quantidade de lixo.

Com o crescimento da tecnologia nos tempos de hoje, estratégias para a

minimização destes impactos foram criadas, fazendo com que os resíduos sólidos

tenham outro destino, o da reciclagem.

A reciclagem traz diversos benefícios para a sociedade que vão além da

responsabilidade ambiental, reciclar gera renda, movimenta a economia local,

promove a solidariedade, e aumenta a vida útil do aterro sanitário. Colíder, cidade

situada no norte do estado de Mato Grosso, já adotou o programa de coleta seletiva

juntamente com o sistema de triagem e compostagem dos resíduos sólidos, onde

várias famílias são cooperadas e atuantes neste programa que é a fonte de renda

para o sustento de suas respectivas casas.

No entanto é necessário obter informações sobre a fonte de renda das

famílias cooperadas, torna-se interessante conhecer se o programa de coleta

seletiva do município traz os benefícios economicos e ambientais para a sociedade

8

local, pois o programa não pode ser utilizado apenas para o aumento da vida útil do

aterro sanitário.

Diante destes fatos, este trabalho tem-se como objetivo geral analisar a

condição socioeconômica dos trabalhadores/cooperados da Usina de Triagem e

Compostagem no Município de Colíder-MT. E como objetivos específicos:

diagnosticar as condições salariais dos trabalhadores da usina, observar as

condições do ambiente de trabalho dos cooperados da usina e Consultar referências

bibliográficas para integralização do assunto.

Este trabalho esta estruturado em três (3) capítulos, sendo que no primeiro

se discute o referencial teórico, abordando os assuntos relacionados com o tema em

questão, no segundo capítulo aborda-se a metodologia utilizada na realização da

pesquisa. No terceiro capítulo trabalha-se a análise e discussão dos resultados

alcançados.

9

CAPÍTULO I REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONSUMISMO

Antes da Revolução Industrial, até a era medieval, todos os produtos eram

fabricados de maneira artesanal, onde em casa, sozinho ou com a família, os

artesões realizavam todas as etapas da produção, sendo um processo lento e

moroso.

A revolução industrial começou nos fins do século XVIII e trouxe mudanças

drásticas na sociedade, a forma de fabricação dos produtos consumidos pelo

homem transformou-se profundamente, ela é marcada pelo surgimento das fábricas,

pela produção em série e o trabalho assalariado, e isso trouxe também alterações

na economia, no tempo de fabricação dos produtos, nas relações sociais, na

natureza e na paisagem geográfica.

Segundo Theis (1996, p.54, apud KIRCHNER, SAIDELLES e STUMM, 2009,

p. 223) “o processo de degradação ambiental foi amplamente acelerado com a

Revolução Industrial e com a corrida pelo desenvolvimento econômico”.

A quantidade de lixo produzido pelo homem vem aumentando a cada dia,

este é o resultado da Era Industrial, caracterizada pela busca de maior qualidade de

vida e conforto, o contratempo é que quando se busca o maior conforto, que

também é conseqüência do crescimento econômico, há um maior índice de

consumo que faz com que passamos a produzir cada vez maiores quantidades de

resíduos.

De acordo com Ghoddosi e Pellizzetti (2008, p. 54):

Atualmente, o Brasil produz aproximadamente 130 mil tonelada de resíduos domésticos por dia. Isso corresponde á cerca de um quilo de Resíduos/pessoa/dia. Desse montante, estima-se que aproximadamente 47% vão para os aterros sanitário existentes, 23,3% para os aterros controlados, 30,5% destinaram-se aos lixões, apenas 0,4% são

10

encaminhados para a compostagem e 0,1% passam por processos de triagem.

Dados mais recentes mostram que a produção de resíduos sólidos

aumentou com o passar dos anos. Conforme Andrade (2010, p.1):

Cada brasileiro produz de 600 gramas a 1 quilo de lixo por dia. Se este número for multiplicado pela quantidade de pessoas que moram hoje no Brasil, os números são assustadores, mais de 240 mil toneladas de lixo produzidas diariamente.

Ghoddosi e Pellizzetti (2008, p. 85) ainda relatam a porcentagem e os

materiais presentes em um computador e celular:

No processo de reciclagem dos resíduos eletrônico, todos os componentes são desmontados e separados. Em relação aos computadores obtêm-se, em média 41% de plástico; 40% de metais ferrosos; 10% de componentes eletrônicos; e 2% de metais não ferrosos e 6, 7% de outros materiais, como borracha e vidro. Entretanto, nos celulares, a proporção de componentes eletrônicos é de 44%, sendo polímeros, 27%; metal ferroso 10%; metais não ferroso, 7%; e outros materiais 7%.

Andrade (2010) relata que “apesar de 45% deste lixo brasileiro ser reciclável

(4% é metal, 3% é vidro, 3% é plástico, e papel e papelão somam 25%), o Brasil

recicla apenas 2% do lixo urbano, segundo as fichas técnicas da Associação

Empresarial para Reciclagem (CEMPRE). O restante do lixo vai para lixões (75%),

aterros controlados (13%) e aterros sanitários (10%)”.

Podemos dizer que o problema do lixo surge de um emaranhado de fatores,

onde podemos apontar primeiramente o rápido crescimento populacional no mundo

todo, que faz com que haja uma grande necessidade de bens e consumo,

aumentando a produção de resíduos, sendo assim Senac (2004, p. 33):

A questão do lixo esta a exigir mais criatividade. De um lado, precisamos desenvolver consocio municipais que viabilizem os depósitos sanitários como fontes econômicas, como no caso do aproveitamento do gás gerado nesses aterros. Para a exploração permanente seria necessário ter volume contaste no depósito o que exigiria acordos intermunicipais. Há capitais disponíveis para financiar essa questão através do sistema de credito do carbono criado pelo protocolo de kioto.

Outro problema é a tecnologia que vem crescendo cada dia mais, como por

exemplo, os novos produtos, com modelos novos, que juntamente com a ação das

11

propagandas, influencia no consumismo, que por muitas vezes é desnecessário,

onde o consumo excessivo, por sua vez gera desperdício.

O maior vilão do consumismo é a televisão, as propagandas lançadas a

cada intervalo e até mesmo dentro das programações definem e dizem o tempo todo

o que é moda, isso gera o consumismo, que é diferente do consumo por bens

necessário, a cada dia os telespectadores buscam nas compras a sua alto

satisfação comprando o que por muitas vezes é desnecessário, somente pelo ato de

comprar, como é o caso de novos modelos de aparelho celular, com novas

tecnologias, que para estarem na moda, muitas vezes as pessoas abandonam o

antigo aparelho em bons estados para aderirem ao modelo atual.

1.2 GERADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos são composto por todo material utilizado pelo homem, e

que são descartados após a sua inutilização, sobre este assunto, Zilberman (1997,p.

48) afirma:

O termo resíduos sólidos e lixo são usados mais ou menos como sinônimos, sendo que ultimamente o primeiro tem sido uzado preferencialmente. O conceito atualmente aceito para resíduos sólidos está vinculado a referência a tudo aquilo que resulta das atividades do ser humano na sociedade e que aparentemente, não possui mais ou deixou de ter utilidade. Já o lixo se considera vinculado ao que não presta, que não tem serventia.

Os resíduos sólidos são produzidos por difersas fontes geradoras, sendo que

as industrias, os domésticos, os hospitalares e os comerciais são os mais

preocupantes, isto devido a sua quantidade e composição.

1.2.1 Resíduos sólidos industriais

As indústrias são consideradas os maiores produtores de lixo, pois para a

fabricação de produtos utilizam de recursos, que se não forem bem administrados,

geram grandes desperdícios que são lançados ao meio ambiente. Como exemplo,

Neder (2002, p. 251) cita que no estado de São Paulo a situação é crítica:

Os ramos industriais da química, petroquímica, siderúrgica, agroindustriais (álcool e açúcar, cítricos, papel e celulose), mineração são, principalmente,

12

os complexos produtivos responsável pela geração de parte majoritária dos resíduos industriais no estado de São Paulo. Dados oficiais dos anos de 90 para a região metropolitana de São Paulo calculavam que eram geradas pelas 29 mil indústrias (algumas mais do que outras) 2,5 mil toneladas de resíduos sólidos por ano.

No entanto, no mundo atual, as empresas buscam garantir seu mercado

consumidor implantando sistemas de gestão ambiental, utilizando a produção limpa

e o desenvolvimento sustentável como marketing, uma vez que o consumidor vem

cobrando das empresas utilizarem tecnologias que minimizem o desperdício. As

empresas que já aderiram a essa forma de produção conseguem agregar valor no

seu produto.

1.2.2 Resídus sólidos domésticos

O lixo doméstico diz respeito aos resíduos orgânicos e inorgânicos, como

restos de alimentação, plásticos, potes de enlatados, vidros, entre outros diversos,

assim como destaca Ross (2005, p. 219).

Do volume total de lixo doméstico, mais de 60% é orgânico, constituindo-se em resíduos de alimentos e papéis higiênicos. São produtos biodegradáveis que podem e devem ser aproveitados através de tratamento nas usinas de compostagem [...]. Parte menor do lixo doméstico, menos de 40%, compõem-se de materiais como plásticos, vidros, metais, borrachas, madeiras e papeis (jornais, revistas, papel de embrulho, caixa de papelão). Muitos desses produtos não são biodegradáveis, mas podem e devem ser reaproveitados através da reciclagem

1.2.3 Resíduos sólidos hospitalares

Lixo dos hospitais, também chamado de Resíduos de Serviços de Saúde

(RSS) é o mais perigoso, grande parte dele esta contaminado por microorganismos

presentes em objetos como agulha, estojos, lamina da sala de cirurgia entre outros,

outro problema hospitalar são os produtos tóxicos, como restos de medicamentos, e

os aparelhos radiológicos que degradam drasticamente os recursos naturais.

O objetivo fundamental do gerenciamento dos RSS é reduzir, tanto quanto possível, os riscos para a saúde da população interna e externa ao estabelecimento de saúde. As orientações sobre o manuseio, acondicionamento, coleta interna e armazenamento externo de RSS são encontradas nas normas: NBR 12.809, que trata do manuseio, da

13

segregação e do acondicionamento, do procedimento de coleta intra-estabelecimento gerador, das especificações das características físicas para abrigo de resíduos e das condições específicas referentes a cada tipo de RSS (MOURA; VIRIATO, 2008, p.180)

1.2.4 Resíduos sólidos comerciais

Lixo comercial é formado por vários materiais como papelão, plásticos e

papel, e não é considerado produto tóxico, geralmente são lixos com capacidade de

serem reciclados.

Formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos. A partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas. O homem passou a viver então a era dos descartáveis em que a maior parte dos produtos desde guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores é inutilizados e jogados fora com enorme rapidez. Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas (RODRIGUES; GRAVINATTO, 2000).

No entanto o lixo produzido pelos comerciantes é em grande quantidade,

gerando um grande acumulo que poderá ser reciclado.

A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas regiões menos desenvolvidas. Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias das cidades (RODRIGUES; GRAVINATTO, 2000).

1.3 SISTEMAS DE COLETA SELETIVA

Dá-se esse nome a separação dos materiais que são passiveis de serem

reciclados, dentre esses materiais podemos citar diversos tipos de papéis, plásticos,

metais e vidros que depois de efetuada a coleta seletiva estes materiais são

encaminhados para o processo de triagem e para as empresas recicladas.

A coleta seletiva e a reciclagem de resíduos são uma solução indispensável, por permitir a redução do volume de lixo para a disposição

14

final em aterros e incineradores. Não é a única forma de tratamento e disposição, exige o complemento das demais soluções (VAZ, 2002, p. 11)

Todo material descartado se não for reaproveitado causara poluição

ambiental, como o lixo produzido pelo homem é muito maior do que a capacidade de

decomposição pela natureza torna-se necessário a adaptação do consumo

consciente juntamente com o reaproveitamento do resíduo sólido, e é justamente

aqui onde entra a importância do sistema de coleta seletiva, no entanto são poucos

os municípios que já aderiram esse sistema.

No Brasil, os programas municipais de coleta seletivas desenvolvidos em parceria com cooperativas/associações de catadores, desde a década de noventa, tornaram-se modelos de elaboração de políticas pública participativa. No entanto, apenas 451 (cercam 8%) municípios brasileiros desenvolvem programas de coleta seletiva (GHODDOSI; PELLIZZETTI, 2008, p. 87).

Diante do problema de desperdício de resíduos sólidos surge a alternativa

de reciclagem do lixo, onde o que era considerado inutilizável, através da separação

e das estratégias de reutilização torna-se novamente útil, voltando para a cadeia

produtiva e ao mercado, ao invés de serem lançados no solo para a decomposição.

O encadeamento desta cadeia produtiva pode ser desenhado assim: “consumo - geração de resíduos – coleta seletiva informal realizada pelos catadores ou sistemas organizados pelo município com ou sem a inclusão do catador – pequeno atravessador – médio – grande atravessador – indústria”. Ou mais sinteticamente: “consumidor – catador – atravessadores – indústria”, que retorna o produto para o consumidor, fechando. O ciclo da reciclagem Ainda é preciso, porém, aumentar o consumo dos recicláveis pelas indústrias, em substituição às matérias-primas virgens. E uma forma de fazer isso é procurar difundir o valor e a importância do reciclado junto aos consumidores e formadores de opinião, de maneira a se criarem novos mercados e a aquecer esta cadeia produtiva mais socialmente justa e ambientalmente sustentável (RODRIGUES, 2008, p. 1).

Segundo Ghoddosi, Pellizzetti (2008, p. 84), “o mercado de reciclagem, no

Brasil é crescente, sendo que a maioria das empresas se concentra na região

Sudeste. Estima-se que o mercado da reciclagem gera aproximadamente cinqüenta

mil empregos”.

“No Brasil só na reciclagem de alumínio movimenta cerca R$ 500 mil por

mês, o que garante para um catador uma renda mensal de R$ 600.00” (FIGUEIRA;

COSTA; BRAGA apud GHODDOSI; PELLIZZETTI, 2009, p. 40).

15

Para que o sistema de coleta seletiva seja mais eficaz é necessária à

participação da população na separação doméstica do lixo:

O processo de coleta seletiva pode ocorrer em cada residência. Porém, os resíduos devem estar separados em matéria orgânica e material seco (vidro, plástico, papel, metal entre outros). Esses resíduos são levados para as centrais de triagem, portanto, esse sistema precisa da parceria da população (GHODDOSI; PELLEZZETTI, 2008, p. 62).

Diante dos fatos apresentados dentro desse fator torna-se evidente a

importância da criação de campanhas de educação ambiental, pois acredita-se que

ha falhas na participação da população.

. A coleta seletiva começa na casa de cada um, onde deve ser feito a separação dos materiais do restante do lixo, para que possam ser entregues nos postos de coleta [...], a coleta seletiva de lixo, bem como a redução do lixo gerado por cada residência é uma lição de cidadania (SILVA, p.119, 2008). Destes resíduos é possível um aproveitamento de 70 a 80%.

A coleta seletiva vem sendo considerada uma importante parcela na solução

dos problemas dos resíduos sólidos, pois, através desta ação, empregos e giro

econômico estão sendo gerados, no simples ato de fazer a separação do lixo seco

do molhado .

A diminuição do consumo de matérias primas virgens (muitas delas não são renováveis e podem apresentar ainda exploração dispendiosa); Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar; Melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população; Prolonga a vida útil de aterros sanitários; Melhora a produção de compostos orgânicos; Gera empregos para a população não qualificada e receita para os pequeno e micro empresários; Gera receita com a comercialização dos recicláveis; Estimula a concorrência, uma vez que os produtos gerados a partir dos reciclados são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir de matérias-primas virgens; Contribui para a valorização da limpeza pública e para formar uma consciência (FERREIRA, 2006, p. 4).

No entanto, reciclar não é a única solução para acabar com este passivo

ambiental, o problema dos resíduos sólidos vai além do descarte inadequado,

mesmo utilizando o sistema de reciclagem, há alguns produtos que não podem ser

reciclados, e outros, mesmo sendo reciclados, estão sendo gerados em quantidades

absurdas.

16

A produção de lixo vem aumentando assustadoramente em todo o planeta. O lixo é o maior causador da degradação do meio ambiente e pesquisas indicam que cada ser humano produz, em média, pouco mais que 1 quilo de lixo por dia. Desta forma, será inevitável o desenvolvimento de uma cultura de reciclagem, tendo em vista a escassez dos recursos naturais não renováveis e a falta de espaço para acondicionar tanto lixo. Nosso papel neste processo é muito simples: separar o lixo que produzimos. Não é possível reciclar em quantidades significativas se não houver, dentro de nossas casas, empresas e outros estabelecimentos, a separação do lixo por tipos de materiais (ADAMS, 2007, p. 1).

1.4 CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL: UMA PROFISSÃO

A profissão de Catador surgiu informalmente através da tentativa da inclusão

social da sociedade menos favorecidas, principalmente em grandes centros

urbanos, onde, na busca pelo sustento, passaram a procurar e revender materiais

descartados pela sociedade, mas que tinham valores econômicos pela reciclagem.

Conforme Romansini (2005, p 10):

O catador de resíduos sólidos recicláveis é um ator social novo, que tem despertado o interesse da academia e da mídia. Isso porque este ator está envolvido em dois problemas criados diretamente pela sociedade moderna e que por ela precisam ser enfrentados: a desigualdade social e a produção exacerbada de lixo.

Segundo Medeiros e Macêdo (2006, p 65) “no Brasil, estima-se que o número

de catadores de materiais recicláveis seja de aproximadamente 500.000 (quinhentos

mil), estando 2/3 deles no Estado de São Paulo”.

Romansini (2005, p 17) destaca a importância econômica da profissão no

Brasil:

Apesar de o catador não ter valor em nossa sociedade, segundo Bursztyn (2000) eles representam hoje 15% da população economicamente ativa do Brasil, isto é, há cerca de 1 milhão de pessoas que otimizam esforços a favor da reciclagem e consequentemente do meio ambiente. Para ele: Onde há gente, há lixo; onde há riqueza, há lixo rico; onde há miséria, há gente recolhendo o lixo da opulência e do consumismo.

Romansini (2005, p 19):

17

Quanto aos tipos de catadores, há os que atuam nas ruas em carrocinhas com tração humana ou a cavalo (carroceiros e carrinheiros), de bicicleta ou mesmo coletando recicláveis com as mãos. Estes procuram nos centros das cidades materiais como papelão, papel, plásticos e metais (principalmente o alumínio). Há ainda os catadores que trabalham coletando materiais recicláveis nas residências (papel papelão, latas de alumínio, vidros e plásticos como o PET, por exemplo) e os catadores de resíduos recicláveis dos lixões a céu aberto. [...]É preciso entender que os catadores não se encontram somente pelas ruas dos centros urbanos, mas também nos lixões a céu-aberto, como foi mencionado acima, e também nos aterros controlados e sanitários,

Embora a profissão de catador é autônoma, esses profissionais podem

também organizar-se em cooperativas e associações, desta maneira, eles

conseguem adquirir alguns equipamentos, e com isso, permite-lhes obter um ganho

maior com a venda dos recicláveis através de um pequeno processamento. No

entanto, este tipo de organização nem sempre é possível, fato este, que por muitas

vezes, os cooperados ou associados não tem escolaridade, e estão, por vezes,

despreparados para lidarem com estas situações.

Embora a catação seja tal como a atividade de vendedor ambulante, realizada informalmente, a partir da década de 1980, os catadores começaram a se organizar em cooperativas ou associações, na busca pelo reconhecimento dessa atividade como profissão. Nos anos 1990, com o apoio de instituições não governamentais, foram promovidos encontros e reuniões em vários locais do país com essa finalidade. Novos parceiros foram incorporados, e o ano de 2001 culminou com a realização do “1º Congresso Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis e a 1ª Marcha da População de Rua” (MAGERA, 2003, p.105, apud MEDEIROS; MACÊDO, 2006, p 65).

Dessa forma, os catadores estão construindo sua história e demarcando sua

área de atuação, conquistando seu reconhecimento profissional. O Ministério do

Trabalho e Emprego reconhece a profissão de Catador de material reciclável, assim

como diz Bastos (2008, p 15):

É importante salientar que este trabalhador passou a ser classificado pelo Ministério do Trabalho através do Decreto 397, publicado no Diário Oficial da União em 10 de outubro de 2002, sendo sua atividade identificada como ocupação brasileira, sob o código 5192-05, e recebeu como denominação o seguinte título: “Catadores de Materiais Recicláveis”.

Portanto é dever da sociedade reconhecê-los como profissionais dignos de

respeito e inclusos no mercado de trabalho.

18

CAPÍTULO II METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL .

Esta pesquisa foi realizada na Usina de Triagem e Compostagem do

município de Colíder, cidade localizada no norte do estado de Mato Grosso, a

aproximadamente 650 km distante da capital do estado, Cuiabá.

Figura 1: Localização do município de Colíder -MT Fonte: http://www.mteseusmunicipios.com.br/NG/conteudo.php?sid=139&cid=2478

Colíder apresenta uma População estimada em 30.695 habitantes, onde

15.653 são Homens, e 15.042 são Mulheres, a Área Total é de 3.038,0 km², a

Densidade Demográfica é de 10,20 hab/km², dentro das coordenadas geográficas

10°42’27’’S e 55°27’24’’O, a altitude de 265 m. A economia da cidade é

movimentada na sua maioria pela pecuária.

19

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho trata-se de uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa,

onde os dados foram coletados através de levantamento de dados realizado através

de entrevista com base em um roteiro semi estruturado.

A entrevista foi realizada em março do ano de dois mil e onze (2011),

aplicada na Usina de Triagem e Compostagem do Município de Colíder, sendo uma

cooperativa de catadores de material reciclável, única cooperativa deste setor no

município, sendo entrevistado o presidente da usina, senhor Clodoaldo Gonçalves

Santana, onde buscou as informações necessárias para diagnosticar as condições

salariais e sobre o processo de produção, e com a responsável técnica, Engenheira

Sanitarista Srª Denise Duarte para obter informações referentes as condições de

trabalho dos cooperados e sobre os processos burocráticos da usina.

Também foram realizadas visitas ao local de trabalho para analisar as

condições ambientais, com ênfase na segurança de trabalho, onde foi observado o

uso de equipamentos de segurança individual (EPIs) de cada operário. Utilizou-se

também de registro fotográficos através de máquinas digitais.

20

CAPÍTULO III ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

No Brasil poucas são as cidades que já implantaram usinas de triagem e

compostagem dos resíduos sólidos, na cidade de Colíder-MT este projeto já é

realidade, pois esta sendo feito trabalhos voltado a destinação correta dos resíduos

sólidos, sendo implantado a usina de triagem e um Aterro Sanitário, onde o aterro

esta na responsabilidade da Prefeitura. Estas obras surgiram devido aos grandes

problemas que os resíduos sólidos vinham causando no meio ambiente.

A Usina é uma parceria da prefeitura do município com a Associação dos

Catadores de Resíduos, e resultou em uma cooperativa. A parceria consiste na

coleta seletiva, e o município cede aos cooperados o caminhão, o combustível, e o

espaço físico, onde a estrutura foi toda custeada pelo município.

Tanto o aterro, quanto a usina estão instaladas em conformidade com a

legislação ambiental, uma vez que foram licenciadas junto a Secretaria Estadual do

Meio Ambiente (SEMA), no entanto, para a aprovação, o projeto de implantação

passou por um processo burocrático, a elaboração do projeto aconteceu no ano de

2001. A aprovação das licenças aconteceu somente em 2003, dois anos após a

elaboração do projeto. Em 2005 iniciou-se a implantação com o reordenamento e

montagem da estrutura, nesta etapa foi realizada a compra do caminhão, a

construção do barracão de triagem e toda a infra-estrutura necessária para o

funcionamento adequado, tanto do aterro como da usina para a separação dos

resíduos recicláveis, assim como dito anteriormente, totalmente custeado pelo

município.

Entre os 141 municípios do estado de Mato Grosso, Colíder foi uma das

primeiras cidades a implantar o aterro sanitário e a usina de Triagem e

Compostagem. O presidente da associação de catadores relatou que a usina de

triagem esta em operação desde o ano de 2005, e conta com vinte (20) cooperados,

trabalhando na seleção dos resíduos sólidos, como o papel, papelão, plástico, pet,

21

garrafas e alumínio. Veja-se abaixo o galpão onde acontece todo o processo de

triagem dos resíduos sólidos.

Figura 02: Usina de Triagem e Compostagem Fonte: Autor (Março de 2011)

No que diz respeito aos resíduos domésticos, eles são coletados de casa em

casa, onde cabe a população separá-lo e disponibilizá-lo empacotado na calçada de

suas residências nos dias corretos de recolha do material reciclado, cada dia da

semana o material é recolhido em um respectivo bairro, diferentemente da coleta

convencional, onde a coleta acontece em dias diferenciados da coleta seletiva.

Os cooperados começam sua jornada de trabalho as sete (7) horas da

manhã, o caminhão que recolhe os resíduos sólidos nos bairros chega no galpão por

volta das 10h00min, o motorista do caminhão descarrega o material que foi coletado,

despeja no pátio da usina, onde eles recolhem os matérias a serem separados.

Conforme Magera (2003 apud Medeiros e Macêdo, 2006, p 65)

Muitas vezes, ultrapassa doze horas ininterruptas; um trabalho exaustivo, visto as condições a que estes indivíduos se submetem, com seus carrinhos puxados pela tração humana, carregando por dia mais de 200 quilos de lixo (cerca de 4 toneladas por mês), e percorrendo mais de vinte quilômetros por dia, sendo, no final, muitas vezes explorados pelos donos dos depósitos de lixo (sucateiros) que, num gesto de paternalismo, trocam os resíduos coletados do dia por bebida alcoólica ou pagam-lhe um valor simbólico insuficiente para sua própria reprodução como catador de lixo.

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Diante desta citação, é comprovado que no município de Colíder esta

jornada exaustiva não acontece, uma vez que cumprem criteriosamente às oito

horas de serviço diárias, conforme relatado pelo presidente da usina.

Figura 03: Chegada do caminhão com a coleta

Fonte: Autor (Março de 2011)

Após a chegada dos resíduos no galpão, eles são colocados em uma mesa

de separação (conforme figura baixo), onde os catadores selecionam o que será

aproveitado, o que não há comercialização é encaminhado para o aterro sanitário.

Figura 04: Mesa de Separação dos Matérias Reciclados. Fonte: Autor (Março de 2011)

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Os resíduos que mais chegam separados dos bairros pela população é o

papelão, o restante sempre vem junto com o plástico ex: vidros, alumínio, sucatas e

até mesmo latas de produtos enlatados.

Com o material já separado, ele será armazenado em salas, com

especificações para cada resíduo estocado.

Figura 05: Salas de estoque de material plástico, metal, vidro e papel a serem selecionados para a venda. Fonte: Autor (Março de 2011)

Depois de separado e armazenado em suas respectivas salas, o material

que será comercializado será prensado em uma máquina específica, observa-se

esta máquina na figura abaixo.

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Figura 06: Maquina de prensa. Fonte: Autor (Março 2011)

Os resíduos serão prensados conforme sua composição e armazenados em

blocos.

Figura 07: Papelão prensado Fonte: Autor (Março, 2011)

No caso específico do papelão é utilizadas lonas para estocagem, no objetivo

de não retenham umidade, conforme fotografado e mostrado na figura.

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Figura 08: Papelão já prensado e estocado. Fonte: Autor (Março, 2011)

Foi perguntado ao Sr Clodoaldo qual o grau de dificuldade para a realização

da venda destes materiais, e segundo ele o plástico é revendido dentro do estado de

Mato Grosso, entretanto o vidro e o papelão são comercializados apenas na cidade

São Paulo.

O mesmo relatou que a remuneração deste material é baixa devido aos

impostos, que são pagos dentro e fora do estado de Mato Grosso, e o ICMS é muito

caro para fora do estado, por isso a venda torna-se mais complicada.

Existe também uma diferença na distribuição do lucro entre os cooperados,

onde o presidente recebe um porcentagem maior, pois ele é dono da prensa

utilizada na usina, o restante do lucro é repartido em partes iguais entre as famílias

que trabalham na usina.

O entrevistado relatou que entre os cooperados que trabalham na usina,

somente ele fez um curso de capacitação referente à reciclagem, os outros não

realizaram a capacitação por não terem condições de custearem o curso, uma vez

que são trabalhadores que estavam na linha da pobreza, sem condições financeiras

26

nem para o sustento da família, e a prefeitura não disponibilizou nenhum recurso

financeiro para que os mesmos participassem dos cursos realizados na capital do

estado Cuiabá. Sendo assim, os outros funcionários foram treinados e orientados

pelo. Clodoaldo, o mesmo relatou que já trabalhava no ramos da coleta seletiva

antes mesmo de montar a cooperativa no município.

Os trabalhadores da Usina não utilizam todos os equipamentos de proteção

individual (EPI’s), o que compromete a segurança no trabalho dos mesmos, estes

equipamentos nunca foram comprados, deixando os cooperados à mercê da própria

sorte, uma vez que sem estes equipamentos eles podem ser contaminados por

agentes patogênicos, um risco para a saúde dos mesmos. Na figura 05 observa-se

que os trabalhadores só usam botas como materiais de segurança, não utilizam

luvas e nem mascaras.

Figura 09: Trabalhadores da Usina de Triagem e Compostagem do município de Colider – MT Fonte; Autor (Março de 2011)

Em relação a alimentação, além da contribuição da prefeitura no transporte,

conforme já citada no início desta análise, a prefeitura também disponibiliza os

produtos alimentícios como o café, leite, pão, arroz, feijão, macarrão, molho de

tomate, entre outros produtos para o preparo do almoço e do café da manhã. Toda a

alimentação é preparada na própria usina, onde a mesma tem o espaço físico da

cozinha (conforme figura abaixo).

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Figura 10: Cozinha da Usina Fonte: Autor (Março de 2011)

A preparação da alimentação é realizada por uma das cooperadas, a mesma

faz o café da manhã e volta a trabalhar na usina, e na hora do almoço ela retorna na

cozinha e providência a refeição do almoço, já deixando preparado o café da tarde,

depois do descanso do almoço, ela retorna juntamente os cooperados para o

trabalho da usina.

Na figura 11 fica o local a onde os trabalhadores da usina fazem suas

refeições e descansam num período de 1 hora.

Figura 11: Local de refeição dos Trabalhadores da Usina e Vestiários. Fonte: Autor (Março de 2011)

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Observa-se através da figura e por pesquisa in loco que no local existe toda

a estrutura física correta para fornecer aos trabalhadores a higiene necessária para

a produção de alimentos.

No início do funcionamento da usina de triagem, a renda do trabalhador era

de R$ 280 reais, hoje é uma média de R$ 652 reais por oito horas de trabalho,

variando conforme o mês, não estando abaixo do nível encontrado em outros

estados brasileiros. Quanto à renda dos catadores na cidade de São Paulo,

Romansini (2005, p 19) destaca que “os catadores possuem uma renda média em

torno de R$ 300,00 (trezentos reais)”.

Sendo assim, nota-se que a usina de triagem e compostagem tem um papel

muito importante na economia da cidade, uma vez que gera renda, inserindo uma

parte da população vulnerável do município no sistema social do pais, permitindo

sua participação como cidadão no processo de compra e venda.

Na cidade de Colíder é recolhido diariamente aproximadamente 20.000kg de

lixo, sendo 4.000kg de resíduos recicláveis, valor que permite no mês uma

comercialização de aproximadamente 48 toneladas de material reciclado, e o preço

mínimo varia de acordo com sua classificação. Tais como:

TABELA 1: Valores dos resíduos sólidos MATERIAL VALOR Kg

Papelão R$ 50,00 1.000 kg Pet óleo R$ 150,00 1.000 kg

Pet branco e sufilme R$ 600,00 1.000 kg Alumínio R$ 2.000,00 1.000 kg

Fonte: Dados da pesquisa empírica (2011)

Portanto, se a população participar, fazendo sua parte neste programa, que

corresponde a separação domiciliar e respectiva deposição dos resíduos que podem

ser reciclados nos dias específicos de coleta, torna-se o programa eficiente, com

responsabilidades sociais, ambientais e econômicas. Uma vez que este produto

descartado nos domicílios seria perdido, no entanto, com o programa ele retornará

ao processo de produção, gerando energia, poupando a extração dos recursos

naturais e diminuindo a poluição da água, do ar e do solo, aumentando a vida útil

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dos aterros sanitários, além de gerar renda para uma população fragilizada pela

pobreza, uma vez que esses catadores dependem unicamente desta atividade para

sobreviverem.

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CONSIDERAÇOES FINAIS

Por meio da pesquisa pode-se verificar a responsabilidade social, econômica

e ambiental do programa de coleta seletiva para o município e os cooperados que

trabalham na Usina de Triagem e Compostagem no município de Colíder – MT,

podendo ser classificado como programa integrante do desenvolvimento

sustentável.

A alimentação e a carga horária de trabalho dos cooperados correspondem

às exigências necessárias para garantir a qualidade de vida no trabalho, mostrando

a importância da usina ter parceria com a prefeitura do município.

Pode-se observar com essa pesquisa que os trabalhadores da usina não

receberam a capacitação adequada para realizaram a atividade com mais

segurança, e pode-se constatar que os mesmo não utilizam todos os EPI’s

necessários para desenvolverem sua profissão com segurança, pois a cooperativa

não fornece todos os equipamentos necessários, comprometendo a saúde dos

mesmos, o que pode tornar a atividade insalubre, embora toda a estrutura física

esteja adequada.

É necessário que a sociedade conheça o trabalho dos catadores de

materiais reciclados do município, para que então possam valorizar o trabalho que

os mesmo exercem, isso poderá mudar a visão da sociedade sobre esta categoria

de emprego, onde o mesmo esta incluso na CLT, e também contribui para a

sustentabilidade da região.

Através do trabalho realizado pela usina, muitos materiais que seriam

descartados pela sociedade passam a ser novamente inseridos na cadeia de

consumo da população, economizando energia, diminuindo a poluição ambiental e

evitando a extração de matérias primas no meio ambiente.

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Contudo, comprova-se que a Usina de Triagem no município de Colíder é

um importante instrumento de inclusão social, gerando emprego e renda para os

cooperados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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33

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APÊNDICE

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Apêndice I

ROTEIRO PARA A ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA COOPERATIVA DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DO MUNICIPIO DE COLIDER – MT

1 Qual o nome do(a) responsável técnico pelo Aterro Sanitário, e qual a sua

formação profissional?

2 Quantos cooperados trabalham na Usina?

3 Qual a remuneração destes trabalhadores?

4 Quem é a pessoa responsável pela venda dos matérias?

5 Qual o nome do presidente da cooperativa?

6 Os trabalhadores tiveram cursos especializados para trabalharem na Usina?

7 Qual são os horários de funcionamento da Usina?

8 Qual a carga horária dos trabalhadores?

9 Quantas vezes é feito a coleta seletiva na área urbana durante a semana?

10 Os trabalhadores usam os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s)?

11 Qual a parceria da cooperativa com a prefeitura?

12 Quantas maquinas de prensa tem na Usina?

13 Quantas pessoas trabalham nos caminhões da coleta?

14 É difícil vender os matérias recicláveis para fora do estado?