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Edição 11 do "Notícias da Amnistia Internacional Portugal"

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PORTUGAL

NOTCIAS11Abril / Maio / Junho 2011Publicao Trimestral Srie V P.V.P 1.75

DOSSIER

Amnistia Internacional: Uma vela que arde h 50 anos

EM ACO

Conhea as actividades do movimento neste ano de aniversrio

CRNICA

Excertos do texto que Peter Benenson, fundador da Amnistia, escreveu em 1961

NDICE03. EDITORIAL 04. ENTREVISTAEdmundo Pedro, ex-prisioneiro de conscincia, conta a sua histria de luta em nome da liberdade Para isso, precisamos de si! Saiba o que pode fazer e recorde a histria do movimento

29. APELOS MUNDIAISQuando passam 50 anos desde o apelo lanado por Peter Benenson no jornal The Observer, pedimos-lhe o mesmo: envie postais em nome de quatro prisioneiros de conscincia

18. EM ACO INTERNACIONALUm pouco por todo o mundo h activistas a assinalarem o aniversrio da Amnistia Internacional. Descubra que no est sozinho nesta luta

07. RETRATOO percurso de Emily Nevins at chegar a Vice-Directora de Campanhas da Amnistia Internacional e o seu trabalho na campanha do 50. aniversrio

32. PRESTAO DE CONTAS 33. AGENDA/CARTOON 34. CRNICAOs Prisioneiros Esquecidos: Excertos da Crnica que Peter Benenson, fundador da Amnistia Internacional, publicou em 1961, que continua bem actual

21. EM ACO NACIONALEm Portugal, o aniversrio da Amnistia Internacional tem chegado a todo o pas com as aces dos grupos e ncleos

09. EM FOCO 10. DOSSIERAmnistia Internacional: Uma vela que arde h 50 anos Quando se assinala o 50. aniversrio da Amnistia Internacional, foram traados cinco objectivos a serem alcanados durante o prximo ano.

25. EM ACO JOVEMOs mais jovens no quiseram ficar margem do movimento e deram tambm os parabns Amnistia Internacional

28. BOAS NOTCIASSaiba as mais recentes novidades das vtimas de violaes aos Direitos Humanos que foram ajudadas pelos postais desta revista

FICHA TCNICA Propriedade: Amnistia Internacional Portugal Director: Presidente da Direco, Luclia-Jos Justino Equipa Editorial e Redaco: Ctia Silva, Diana Silva Anto, Irene Rodrigues, Pedro Krupenski Colaboram neste nmero: Ana Monteiro, Antnio Manuel Ferreira dos Santos

(Santiagu), Departamento de Angariao de Fundos e Financeiro, Filipa Coutinho, Luclia-Jos Justino Reviso: Diana Silva Anto, Irene Rodrigues, Pedro Krupenski, Lusa Marques Concepo Grfica e Paginao: Complementar, Lda. Impresso: Relgrfica-Artes GrficasFotografia de capa: Amnistia Internacional (Fotgrafo: Robert Godden)

Avenida Infante Santo, 42 2. 1350-179 Lisboa Tel.: 213 861 652 Fax: 213 861 782 Email: [email protected] Os artigos assinados so da exclusiva responsabilidade dos seus signatrios. Excluda de Registo pela ERC

Notcias

Amnistia Internacional

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EDITORIALAmnistia: 50 anos a no deixar esquecerPor Luclia-Jos Justino, Presidente da Direco

A Amnistia Internacional foi criada h 50 anos. hoje uma instituio amadurecida, mundialmente respeitada, j com uma idade respeitvel mas os seus cerca de trs milhes de membros so, provavelmente, mais jovens que aqueles que a instituiram, num caf do Luxemburgo, indo para alm do Apelo para uma Amnistia, lanado por Peter Benenson, com a durao prevista para apenas um ano. O mundo poltico, em 1961, era ento muito diferente, marcado pela Guerra Fria e por uma irredutvel luta ideolgica e geoestratgica entre blocos, em que os direitos humanos no constituam qualquer efectiva referncia moral, mas mero pretexto nessa disputa. Mesmo entre os no alinhados do Terceiro Mundo (conceito recente, com pouco mais de uma dezena de anos), nos pases em luta pela Independncia, ou nos combatentes contra ditaduras, seria difcil, quase impossvel, encontrar referncias, ou manifestos que inclussem os direitos humanos nos seus discursos. O direito internacional dos direitos humanos era quase inexistente, universalmente limitado Declarao Universal (no vinculativa para os Estados), ao direito humanitrio e a algumas convenes contra a escravatura e o trabalho forado, mesmo assim no respeitadas por muitos pases Portugal, por exemplo, nessa altura, ainda no aderira a algumas convenes sobre trabalho forado. A prpria Amnistia Internacional escolheu para si um nome tecnicamente errado: amnistia um termo etimologicamente relacionado com amnsia, esquecimento e perdo concedido pelos estados. Na realidade, nos casos da Amnistia, os criminosos so os prprios governos e os inocentes exigem justia e verdade e no esquecimento. A AI ainda no introduzira no seu ento muito estrito e limitado mandato preocupaes com os direitos econmicos, sociais e culturais. Demoraria a fazer campanhas sistemticas contra a tortura e a oposio total pena de morte demoraria 18 anos (!) a ser aprovada, com a oposio e o abandono de muitos, que acharam que a AI se estava a descaracterizar ao admitir agir a favor de criminosos, em vez de

se limitar a defender nobres opositores polticos pacficos. Outras questes mais difceis do que hoje nos pode parecer, como a dos direitos sexuais e reprodutivos (incluindo o aborto), ou de orientao sexual (incluindo campanhas mundiais sobre pessoas LGBT), provocaram grandes debates e clarificaes internos, em que a AI, que nunca teve preocupaes vanguardistas, esteve quase sempre frente do seu tempo. Lutar pela Dignidade, contra a Pobreza, pelo controlo das armas, ou contra a violncia contra as mulheres, parece a muitos uma interveno deslocada da matriz original, em que a Amnistia s agia por certas vtimas, que tinham visto alguns direitos violados pelos Estados. Hoje, essas vtimas no ficaram para segundo plano. Mas h muito mais pessoas em risco, vtimas de outros perseguidores, cuja situao podemos denunciar e tentar proteger. Apesar de j termos a idade e a respeitabilidade institucional e meditica que o Nobel normalmente assegura, procuramos no nos acomodar e manter jovem a capacidade de aprendermos sempre, de nos revoltarmos e agirmos contra as injustias recorrendo aos recursos mais actuais. Os fundadores da AI romperam com o libi da tecnicidade em matria de direitos e patrocinaram, sem sectarismos, outras associaes. O Prmio Internacional para os Defensores de Direitos Humanos, anualmente atribudo pelas mais importantes ONG de direitos humanos, tem o nome de Martin Ennals, antigo Secretrio-Geral da AI. Na sua especificidade, a Amnistia Internacional inventou um tipo novo de organizao: colocou os (quase desconhecidos) direitos humanos no centro da sua interveno, desenvolveu investigao rigorosa, exigente e independente, associado a formas novas de activismo inovador e radical, rejeitando qualquer envolvimento com foras e calendrios polticos. Ops-se aos governos, mas colaborou com eles e com as organizaes intergovernamentais na definio e implementao de novos paradigmas e normativos internacionais de direitos humanos. Muito antes da

Privado

Internet, a investigao e os relatrios da AI, manifestaes pblicas, cartas e telegramas suscitadas pelas suas campanhas fizeram tremer muitos governos violadores. O Portugal da ditadura foi um dos pases visados pela Amnistia: para l do sempre referido brinde liberdade dos jovens estudantes (o nosso mito fundador), o artigo do Observer que suscitou o impulso inicial inclua a imagem de um preso poltico vtima do regime de ento, Agostinho Neto. Um dos primeiros relatrios da AI foi sobre o nosso pas, a que se seguiram muitos outros. Dois prisioneiros polticos portugueses foram Prisioneiro do Ano da AI. Mas tambm houve portugueses que desde sempre colaboraram com a AI os que denunciaram as violaes e apoiaram o movimento. Os que se fizeram membros internacionais quando a organizao ainda no existia em Portugal. Ou que contriburam de outras formas: a maioria de vs certamente ignora que as Aces Urgentes, tcnica de interveno em emergncias, para pessoas sujeitas a tortura ou em risco de execuo, foi inventada por uma portuguesa que trabalhava no Secretariado Internacional, sede da AI, em Londres. A nossa seco mais jovem que o movimento internacional. Mas com os 30 anos que este ano comemora, j um filho adulto, que respeita e desenvolve a solidariedade que inspira o movimento desde sempre.

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Notcias

Amnistia Internacional

ENTREVISTAEdmundo Pedro, ex-Prisioneiro de ConscinciaQuando se assinalam 50 anos passados sobre o incio da Amnistia Internacional, recordamos que no foi h tanto tempo assim que em Portugal houve prisioneiros de conscincia. Edmundo Pedro foi um deles, tendo lutado sempre em nome da liberdade. Uma histria que, aos 92 anos, recordou ao Notcias da Amnistia Internacional Portugal.Por Ctia Silva e Diana Silva Anto

Amnistia Internacional (AI): Estivemos a ler a sua histria e ficmos muito surpreendidos porque hoje em dia um rapaz de 14 anos nunca votou, talvez nem saiba quem so os governantes e muito provavelmente no quer saber. O seu foi um tempo muito diferente... Edmundo Pedro (EP): Eu aderi Juventude Comunista aos 13, nem foi aos 14 anos. Foi em 1931 quando entrei no Arsenal da Marinha e fui logo para a Juventude Comunista. AI: E j trabalha antes, desde os 12 anos, numa oficina de serralharia... EP: Sim e aos 13 entrei no Arsenal da Marinha. Fui para a oficina de mquinas e tive a sorte de ter contactado com pessoas de alto nvel do Partido Comunista, nomeadamente com duas pessoas que marcaram completamente a minha vida. Foi o Bento Gonalves que foi meu companheiro no Tarrafal e morreu l e foi o Francisco Paula de Oliveira [conhecido por Pavel], que era Secretrio da Juventude Comunista na altura. AI: Foram eles que o influenciaram ou o seu pai, Gabriel Pedro, que era tambm muito activo? EP: Sim, tambm, mas o meu pai estava deportado na Guin. Estava longe de mim. Mas claro que influenciou nessa tomada de conscincia. AI: Lemos uma entrevista sua onde dizia que desde os seus seis anos que estava habituado a ver o seu pai ser preso. Porque que isso acontecia? EP: Porque ele era anarco-sindicalista. AI: O activismo vinha ento de famlia... At porque a sua me tambm esteve

presa, a sua irm Gabriela teve de fugir de Portugal, o seu irmo Germano esteve tambm preso e o seu irmo Joo Ervedoso foi mesmo assassinado no mbito de uma manifestao estudantil... EP: Sim. verdade. AI: Esse activismo vinha de quem? EP: Antes de mais nada do meu pai. Ele que era o centro de tudo. O exemplo vem dele. AI: Passou-vos o valor de lutarem pelo que defendiam? EP: Sim, fundamentalmente, mas como disse deu-se o caso de eu entrar num meio altamente politizado, que contribuiu enormemente para a minha tomada de conscincia poltica, porque a influncia Privado poltica no veio do meu pai. A influncia directa foi dessas duas pessoas. AI: E no caso da sua me e dos seus irmos. Foram presos pelos ideais comunistas ou por outras razes? EP: Nessa altura o ideal era o comunismo. Era a convico que aquela era a soluo para a humanidade. Era o que todos defendamos. AI: Era talvez a forma de fazer oposio ao que havia? EP: No era s oposio ao que havia, tinha outra componente: a componente construtiva. No era s deitar abaixo o governo. Tambm o era, mas era simultaneamente a ideia de que estvamos ao servio de um grande projecto libertador. Isso motivava-nos. AI: E aos 15 anos preso, pela primeira vez, por organizar greves. No foi assim? Amnistia Internacional Portugal

EP: Por participar na organizao da greve de 18 de Janeiro de 1934, que foi uma tentativa de greve geral contra a chamada fascizao dos sindicatos e a implementao do regime cooperativo e de sindicatos cooperativos. AI: Era muito novo. Era comum pessoas to novas serem presas? EP: No era assim to comum. Ser preso aos 15 anos creio que fui o nico caso em Portugal. AI: Na altura calculo que fosse permitido prender menores? EP: A ditadura no olhava a isso. AI: Foi at julgado num tribunal militar, que supostamente s julga crimes militares... EP: Era um tribunal militar especial, criado para julgar os chamados crimes polticos. AI: Eram militares frente desse Tribunal? EP: Claro que sim. Eram coronis. A situao passou a ser diferente quando

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Amnistia Internacional

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eu regressei do Tarrafal, 10 anos depois, em 1945. Ainda fui julgado num tribunal militar especial, mas creio que foi o ltimo julgamento. Depois passou a ser no Plenrio Criminal da Boa Hora. Em 1936 quando voltei a ser preso (...) j no se importaram de me julgar AI: J civil? EP: Sim. AI : Esteve ento preso, aos 15 anos, e quando saiu voltou luta poltica. EP: Fui eleito com o lvaro Cunhal para o Comit Central da Juventude Comunista, aos 16 anos, o que tambm era uma raridade: com essa idade ser dirigente da Juventude Comunista. AI: J seria ento perseguido pela PIDE (Poltica Internacional e de Defesa do Estado)? EP: Sim, eu estava fichado na PIDE por ter cumprido um ano de cadeia. AI: E isso significava o qu? EP: Olhe, em 1936 quando voltei a ser preso (aos 17 anos), por denncia de um jovem, j no se importaram de me julgar. Mandaram-me para o Tarrafal. Com o tempo que estive c antes de partir e depois quando voltei e aguardei julgamento, completei dez anos de cadeia. AI: Foi ento para o Tarrafal, em Cabo Verde, sem julgamento? EP: Eu fui julgado e condenado a 22 meses de priso correcional, mas s depois. Ou seja, estive em priso preventiva no Tarrafal durante quase 10 anos. AI: Qual era a acusao? EP: Ser dirigente da Juventude Comunista... Mas eu tive uma enorme sorte. No Tarrafal morreram jovens s um ou dois anos mais velhos do que eu. Eu tive a sorte de ter estado l aquele tempo todo e voltar. Apesar de tudo fui um homem de sorte. AI: Muitos morreram de doena? EP: Sim, muita gente. Ao todo 32, quase todos jovens. AI: Mas voltando ao incio... Quando foi para o Tarrafal, em 1936, foi com a primeira leva de homens (na qual estava o seu pai). Pelo que ouvimos num documentrio, seguiram a bordo do paquete Luanda todos animados, eufricos. No faziam ideia ao que iam? EP: No era s isso. Ns estvamos ani-

mados com uma fora moral extraordinria. Em relao ao tempo da deportao, estvamos convencidos que seriam, no mximo, trs, quatro anos. Tinha rebentado a Guerra Civil de Espanha e no nos passava pela cabea que os republicanos perdessem a Guerra. Se tivessem ganho ns teramos, quase de certeza, vindo antes. AI Mas mesmo trs ou quatro anos muito tempo, pelo menos para os jovens de agora... EP: (risos) verdade... AI: Na altura em que foi quantos seguiram para o Tarrafal? EP: 152. AI: Depois chegou mais gente nos quase 10 anos em que l esteve? EP: Sim, mas nunca excedeu os 200 presos. AI: Voltando altura inicial, quando seguiram os 152, o campo nem estava terminado, pois no? EP: No, foi tudo feito pressa. Fomos habitar um campo de concentrao construdo com barracas de lona e um cercado de arame farpado. AI: E quem construiu depois o campo. Os prprios prisioneiros? EP: Uma parte sim, fomos ns prprios. Outra parte, como camos todos doentes, foi construda por cabo-verdianos. AI: Logo a devem ter comeado a perder o nimo que traziam na viagem? EP: No. Nunca perdermos verdadeiramente o nimo. Sinceramente no. AI: Nem com os maus-tratos, de que falou j em diversas vezes? EP: No. Estvamos animados de uma grande vontade, de uma grande certeza e de uma grande iluso que nos dava uma fora enorme. Quer dizer, fiquei um bocado desanimado (mas depois recuperei) em 1940, quando houve uma amnistia que libertou de l quase cinquenta presos. E eu, o mais jovem de todos, fiquei l preso mais cinco anos. A tive um perodo em que me fui abaixo. Tinha at uma namorada, que nessa altura me mandou uma carta a dizer que no podia esperar mais... (risos) AI: Havia correspondncia com o exterior? EP: Sim, totalmente censurada, mas havia.

AI: E conseguiam obter informaes polticas, como a da Guerra Civil espanhola? EP: Sim, mais ou menos. Filtravam as notcias, mas havia sempre um guarda que contava. AI: Voltando aos maus-tratos. Nessa altura teve medo? EP: Toda a gente tem medo. A verdade que suportvamos aquilo com enorme moral, dado que estvamos inspirados pela tal grande certeza de estarmos ao servio de um projecto humanista, de liberdade, de justia, etc. Portanto, ter medo toda a gente teve... Tive medo evidentemente. Tentei fugir, bati o recorde da frigideira - 70 dias de frigideira -, espancamentos brutais, sa de l tuberculoso... Ser difcil dizer que no tive medo, mas a questo saber controlar o medo e eu fui capaz e muitos dos que l estavam foram capazes. AI: Lemos que o seu pai se tentou suicidar. Era comum isso acontecer entre os presos? EP: Era comum. Ele foi to massacrado, to massacrado, pelos directores. Especialmente por um. Porque ele era muito rebelde... Por exemplo, foi castigado duas vezes por no tirar o chapu ao guarda, que era obrigatrio. Ele diz que nem reparou, no sei se ser verdade... AI: E o castigo nesses casos era o qu? EP: Era ir para a frigideira, era ser espancado. Era logo assim... Por tudo isso sa de l tuberculoso e devo ter perdido mais de 20 quilos. Estava um esqueleto. AI: J falou vrias vezes sobre a frigideira, mas pode referir novamente o que era? EP: Era a sala punitiva e tinha caractersticas terrveis. Era um cubo de cimento armado, onde a temperatura chegava a atingir talvez perto de 50 graus. Passvamos o dia a suar, completamente nus... Ser difcil dizer que no tive medo, mas a questo saber controlar o medo e eu fui capaz AI: Ficavam isolados? EP: No, ficvamos com quem tambm estava castigado. Estive com o meu pai e com outro. AI: Lemos tambm que eram obrigados a trabalhos forados, verdade?

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Notcias

Amnistia Internacional

EP: Eu no estive nessa brigada, mas aconteceu durante um tempo. AI: O que tinham de fazer? EP: Tudo... cavar... Quando paravam eram chicoteados... Alguns morreram em virtude disso. AI: Por falta de tratamento depois dos maus-tratos? EP: Sim. No havia medicao. Os medicamentos que havia eram enviados de c [de Portugal]. E o mdico por vezes ficava com eles. AI: Havia um mdico no Tarrafal? EP: Sim, havia, mas era um carcereiro, pior que os outros todos. Ficava com os medicamentos, tinha uma clnica perto do campo e usava-os l. O povo hoje tem a liberdade, mas no a utiliza AI: por tudo isso que defende que o Tarrafal era um campo de concentrao, semelhante a alguns na Alemanha, porque na altura Salazar mandou chamar-lhe uma colnia penal? EP: O que aquilo nunca foi foi um campo de extermnio, mas na Alemanha tambm houve campos de concentrao como o Tarrafal, que era igual ao que Hitler montou quando chegou ao poder, para pr l os adversrios do regime. AI: O Tarrafal foi criado para prender opositores polticos... EP: Claro. Quais eram as caractersticas dos campos de concentrao? Isolamento total em relao ao exterior, tnhamos l. Usar farda obrigatria, tnhamos l. Espancamentos brutais por tudo e por nada... Tudo isto se fazia no Tarrafal. AI: Em 1945, aos 27 anos, recebe uma amnistia e regressa a Portugal. Continua, porm, com a sua luta. E em 1962 novamente preso... EP: Sim, assaltei o quartel de Beja... AI: Em 1978 torna a ser preso, durante seis meses. Nessa altura j se tinha dado o 25 de Abril. Porque que o prenderam? EP: Isso a vergonha da democracia... Eu fui preso s por uma razo: porque no quis falar das pessoas que estavam comprometidas... Esta mesa que est aqui [apontando para uma mesa na sala] histrica. Aqui esteve reunido o

ento Tenente Coronel Ramalho Eanes, um major qualquer, o Manuel Alegre e eu. E aqui foi combinado pelo Eanes a entrega de 150 armas ao Partido Socialista, em caso de iminncia de confronto com a extrema-esquerda. Foi numa operao de recolha das armas que eu fui apanhado... E resolvi no falar em ningum. Como no falei em nomes, fiquei preso. Fui absolvido, mas isso no evitou estar preso seis meses e ter sido enxovalhado [era na altura presidente da RTP]. AI: Voltando novamente ao tempo de Salazar... Pela experincia da Amnistia Internacional, sempre que um regime consegue silenciar a oposio sinal que o povo pouco participativo e obediente. Como era na altura o povo portugus? EP: O povo portugus no resistiu, essa que a verdade. Tirando uma pequena elite, a esmagadora maioria conformou-se. AI: Provavelmente porque era o mais fcil? EP: Com medo, com o medo generalizado lanado pela PIDE. A ideia de que a PIDE matava, esfolava... Exagerando-se, por vezes, para criar o medo. AI: Essa , alis, uma das estratgias usadas por muitas ditaduras, at hoje em dia. Controlam o povo, controlando a informao que lhes transmitida... EP: Claro... Era assim. AI: Talvez por isso os portugueses nem tivessem grande culpa, porque no sabiam... EP: Sim. Eu sentia-me mais obrigado a participar do que os outros, porque eu tinha a informao. Sabia o que era o regime. E os outros estavam, grande parte, na ignorncia. Viviam a sua vida. No tinham conscincia poltica, nem se interessavam. Agora eu, que tinha adquirido essa conscincia e tinha sofrido muito, no podia ficar inactivo. AI: Por causa do seu pai e dos seus irmos? EP: Sim... AI: Hoje, olhando para tudo o que passou e para as mudanas que houve depois, acha que valeu a pena? Faria tudo de novo? EP: Eu acho que tudo valeu a pena. Nunca me arrependi de nada. Cada um tem a sua maneira de encarar a vida e a sociedade... Eu acho que se voltasse atrs fazia o mesmo. Mas tenho pena que os Amnistia Internacional Portugal Edmundo Pedro na mesa onde nos anos 70 reuniu com o ento Presidente da Repblica, Ramalho Eanes.

objectivos que eu perseguia no se tenham realizado... Na verdade fui sempre inspirado pela ideia de lutar por uma sociedade mais justa, mais perfeita. O resultado no foi, nem , brilhante em relao s minhas expectativas. AI: Mas conseguiu-se, pelo menos, a liberdade... EP: Sim. Eu considero que o povo portugus conseguiu a liberdade poltica e no faz mais porque no pode, porque no sabe. No so as elites que vo resolver os problemas do povo. o povo. Ou o povo tem conscincia para avanar, exigir os seus direitos, ou no tem e so os outros que avanam por ele e o manipulam. AI: Continuam algumas semelhanas com o tempo da ditadura, ento? EP: No plano da manipulao sim. As pessoas continuam a ser manipuladas por todo um aparelho de informao e formao, que encobre a realidade. Ns temos a liberdade hoje, de manifestao, de organizao... O povo tem essa liberdade, mas no a utiliza. Ao contrrio do que acontece com os povos nrdicos, que tm experincia de se juntarem, de se organizarem. Ns no temos essa tradio. S quando o povo atingir um certo nvel de preparao social e cultural, que as coisas se podem modificar. E penso que isso um dia chegar... Mais sobre a histria de Edmundo Pedro nos seus livros Memrias Um Combate pela Liberdade, Volumes I e II, Lisboa, ncora Editora.

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Amnistia Internacional

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RETRATOEMILy NEVINS, Vice-Directora de CampanhasTendo idealizado uma carreira como flautista, a actual Vice-Directora de Campanhas da Amnistia Internacional mudou radicalmente de vida aos 23 anos. Entrou para o Terceiro Sector, para no mais daqui sair. Hoje responsvel por duas equipas. Uma a que est a apoiar a campanha dos 50 anos da organizao.Por Ctia Silva

por questes internacionais e pela poltica e as relaes internacionais, conta, acrescentando: fui sempre fazendo cursos para alm da Universidade e tive professores muito interessantes, que me motivaram. Tudo isto contribuiu para a deciso final: quando terminei o bacharelato tinha decidido que a msica iria ser um hobby. Ento, aos 23 anos, a vida de Emily deu uma reviravolta: mudou-se para o Reino Unido, onde a me tinha nascido e onde tinha famlia, para fazer o Mestrado em Estudos Diplomticos. A DESCObERTA DO TERCEIRO SECTOR J Mestre, aos 24 anos, Emily Nevins tinha vrias opes, mas senti que estava mais bem preparada para ingressar no terceiro sector2, refere. Conseguiu emprego numa pequena organizao no governamental local, chamada Hillingdon Race Equality Council, que entretanto fechou. O seu trabalho era quase jornalstico, uma vez que se baseava em recolher testemunhos de idosos pertencentes a minorias tnicas Africanas que vivessem no Reino Unido. Um projecto de Histria Oral, que muito comum fazer-se no Reino Unido: o objectivo era criar um arquivo com as suas histrias de vida. Um trabalho que no tinha fins humanitrios, mas deu a Emily uma oportunidade nica: muitos tinham chegado ao Reino Unido como refugiados. () Ouvi histrias muito difceis de pessoas que tinham largado tudo, mas que eram, ao mesmo tempo, histrias maravilhosas de como tinham sobrevivido.

Emily Nevins

No se admire se por acaso for um dia destes a Londres e encontrar numa orquestra, a tocar flauta, a pessoa que v na fotografia. Emily Nevins, actualmente Vice-Directora de Campanhas na sede da Amnistia Internacional1 e uma das responsveis pelas aces em torno do 50. aniversrio da organizao, flautista desde tenra idade. Um amor pela msica que comeou cedo, talvez por influncia familiar. A minha me trabalhava numa rdio de msica clssica e costumvamos ir a concertos e ouvir muita msica, conta ao Notcias da Amnistia Internacional Portugal. Aos 10 anos, Emily comea a estudar flauta e acredi-

tou que podia fazer da msica carreira. Nascida e criada em Wisconsin, nos Estados Unidos da Amrica, comeou neste Estado os estudos universitrios, mas o curso de Msica foi terminado em Chicago, na DePaul University, para onde foi aos 20 anos. Estvamos ento no ano de 2001 e o 11 de Setembro, em Nova Iorque, tinha ocorrido h pouco tempo, dando origem chamada Guerra ao Terrorismo. Acontecimentos que vieram pr em causa a ordem mundial existente, ao mesmo tempo que Emily Nevins comeava a questionar a opo pela msica. Enquanto estudava flauta comecei a interessar-me

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Amnistia Internacional

Inspirada, depois de 11 meses a fazer a recolha de testemunhos conseguiu trabalho numa rea um pouco diferente: a Friends of the Earth, uma organizao no governamental ligada ao meio ambiente. Sempre me interessei por questes ambientais, diz, acrescentando: queria comear a trabalhar a um nvel internacional e interessava-me o trabalho de Campanhas3. Tal como a Amnistia Internacional, tambm a Friends of the Earth tem seces espalhadas pelo mundo e foi na do Reino Unido que Emily comeou a trabalhar como Assistente Administrativa. O modo de trabalho muito semelhante ao da Amnistia, com Campanhas por diferentes causas, que incluem Activismo e Lbi junto de governos e empresas. Neste caso, as causas estavam ligadas ao meio ambiente: os transportes, as mudanas climticas, a poluio, entre outras. Um trabalho que fez durante quase dois anos. A CHEGADA AMNISTIA INTERNACIONAL Da proteco do meio ambiente, Emily Nevins passou, em 2005, promoo e defesa de todos os Direitos Humanos, ao entrar na Amnistia Internacional, da qual j tinha ouvido falar no liceu, onde havia um grupo de estudantes4. Ento com 26 anos, Emily aproveitava a experincia dos dois empregos anteriores, entrando na Amnistia para trabalhar em campanhas relacionadas com casos individuais. Comeou como Coordenadora da Equipa de Aces Urgentes, que ainda hoje existe, numa equipa de trs pessoas. O trabalho actualmente feito como na altura: em parceria com as Equipas Regionais5, que tm o contacto com as vtimas de violaes aos Direitos Humanos. Os seus casos so colocados sob a forma de Aco Urgente, enviados para as seces de todo o mundo e estas, por sua vez, transmitem-nas aos seus membros e apoiantes, que as enviam s autoridades competentes. Um trabalho em rede que tem dado muito bons resultados. uma equipa muito inspiradora, diz, enquanto apresenta um exemplo para explicar melhor o sentimento: no final de Maio foi libertado Eynulla Fatullayev6, cujo caso a Amnistia trabalhava h vrios anos. Quando chegou a notcia, ouvi um grito de alegria vindo da

Equipa de Aces Urgentes. Mais tarde recebemos tambm uma carta de agradecimento do prprio. Como esta, Emily recorda muitas outras histrias, tratando sempre as vtimas de direitos humanos pelo nome prprio. Sucessos que fazem a Amnistia Internacional acreditar que pode (e deve) fazer ainda mais. por isso que a Equipa de Aces Urgentes se transformou na Equipa dos Indivduos em Risco, que incorpora a anterior, e que de trs profissionais se passou a contar com 10. Uma equipa maior que Emily comeou, em 2008, a dirigir. A CAMPANHA DOS 50 ANOS Para alm de gerir a Equipa dos Indivduos em Risco, em Maro de 2009 Emily Nevins passou tambm a ter a seu cargo a recm-criada Equipa Tctica de Campanhas, que surgiu para ajudar os vrios departamentos da Amnistia Internacional a potenciarem o seu trabalho quando surgem oportunidades especficas para fazer mais. o que acontece este ano, com os 50 anos da Amnistia Internacional, cujas comemoraes comearam a 28 de Maio e se estendem at ao mesmo dia do prximo ano. O nosso papel foi pensarmos como poderamos, atravs do aniversrio, chegar mais perto dos nossos membros e apoiantes e como poderamos chegar a novos activistas, para fazer a Amnistia Internacional crescer, ou melhor, para fazer crescer o nosso impacto na promoo e defesa dos Direitos Humanos. Com este intuito, foram criados para este ano de aniversrio cinco objectivos, explicados no Dossier desta revista: continuar a defender a liberdade de expresso; continuar a proteger os direitos das mulheres; continuar a exigir a abolio da pena de morte; continuar a pedir justia e continuar a apelar responsabilizao empresarial. reas em que a Amnistia j trabalhava, mas nas quais possvel ter maior impacto este ano. Para alm dos objectivos, foram ainda criados dois momentos globais, dos quais falamos na rubrica Em Aco Internacional, que visam potenciar o activismo e mostrar aos nossos membros e apoiantes que no esto sozinhos nesta luta. Emily lana o desafio: O nosso movimento o nosso principal recurso e os nossos

activistas so um dos maiores recursos da Amnistia, por isso encorajo-vos a este ano actuarem e partilharem as aces com os amigos, colegas e familiares. Ajudem-nos a conseguir que mais pessoas se envolvam e que ajudem a mudar o mundo.

Emily Nevins Emily Nevins durante a reunio denominada Skillshare, onde so partilhadas ideias de Angariao de Fundos.

1. em Londres que fica a sede da Amnistia Internacional, mas o movimento desdobra-se depois em seces criadas em mais de 50 pases no mundo entre eles Portugal e outras estruturas em mais de 150 territrios. 2. comum chamar-se Terceiro Sector ao que contempla as Organizaes No Governamentais, uma vez que no pertencem nem ao sector privado, nem ao pblico. 3. As Campanhas so aces desenvolvidas para tentar alterar uma determinada situao. 4. Cada seco da Amnistia Internacional divide-se em diversas Estruturas, sejam grupos de mbito local ou regional, grupos de cariz temtico ou grupos de estudantes de escolas ou universidades. Saiba mais na rubrica Em Aco Nacional desta revista. 5. Na sede da Amnistia Internacional, em Londres, encontram-se as Equipas Regionais da organizao, que contemplam sempre um investigador, ou mais, e um campaigner, ou mais, para cada regio do globo. 6. Eynulla Fatullayev obteve um perdo presidencial em Maio de 2011. Estava preso desde 2007, acusado de terrorismo e difamao. O seu crime foi publicar dois artigos: um onde questionava os nmeros oficiais, apresentados pelas autoridades, referentes aos assassinatos em massa que ocorreram no Azerbaijo em 1992, aquando do conflito com a Armnia; e o segundo onde criticava a poltica externa do pas.

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EM FOCOO Mdio Oriente e o Continente Africano continuam a enfrentar graves crises humanitrias e violaes dos Direitos Humanos, em parte devido violncia armada. Conhea os abusos de que so vtimas as crianas da Somlia, a populao do recm-criado Sudo do Sul e os manifestantes da Sria.

SRIAMuLTIPLICAM-SE AS VIOLAES DE DIREITOS HuMANOS Desde Maro que os protestos anti-governo e a sua violenta represso na Sria so em tudo semelhantes aos de outros pases que participaram na Primavera rabe. O ltimo exemplo destes abusos teve lugar a 14 de Maio, com uma operao de segurana na cidade de Tell Kalakh, durante a qual dezenas de homens foram arbitrariamente detidos e torturados e pelo menos nove morreram sob custdia. As foras de segurana podero ser responsabilizadas por crimes contra a humanidade. Nesse sentido, a Amnistia Internacional apelou ao Conselho de Segurana das Naes Unidas para que referisse a situao na Sria ao Tribunal Penal Internacional, impondo um embargo de armas e congelando os bens do Presidente Bashar al-Assad.

UNHCR/H. Caux Os primeiros repatriados para o Sudo do Sul.

SuDO DO SuLO MAIS NOVO PAS DO MuNDO Aps um longo conflito armado e o referendo sobre a independncia no incio de 2011, o Sudo do Sul tornou-se o 193 pas do mundo, segundo as Naes Unidas. Milhares de pessoas celebraram nas ruas, mas a nova Repblica do Sudo do Sul enfrenta grandes desafios. difcil estabelecer prioridades num pas com tantas carncias, contudo a Amnistia Internacional relembra que este o momento para o novo Estado demonstrar o seu compromisso com os Direitos Humanos. O primeiro passo ser responsabilizar as foras de segurana pelos crimes e abusos cometidos durante o conflito armado que ops o Exrcito de Libertao a grupos armados, garantindo ainda que conhecem as suas obrigaes e respeitam os direitos humanos. Membros de partidos da oposio e jornalistas tambm tm sido alvo das foras de segurana, levantando questes sobre a liberdade de expresso e de associao no pas. Na justia, o Governo enfrenta abusos que tm alimentado a impunidade, como detenes arbitrrias, falta de assistncia jurdica e ms condies nas prises. Ainda a este nvel, a Constituio de Transio da Repblica do Sudo do Sul prev a pena de morte para casos extremamente graves. No entanto, a Amnistia defende que o pas deve declarar uma moratria sobre as execues com vista abolio definitiva da pena de capital e comutar todas as sentenas de morte. Embora muitas das leis do Sudo do Sul protejam as mulheres, o Governo no conseguiu erradicar prticas como o casamento precoce ou a impossibilidade do sexo feminino herdar bens. Devem ser desenvolvidas estratgias para empoderar as mulheres e raparigas. O pas tem um longo caminho a percorrer e a Amnistia Internacional continuar a marcar presena, defendendo os Direitos Humanos.

SOMLIACRIANAS EM RISCO Recentemente, a Amnistia Internacional divulgou o relatrio Crianas da Somlia Debaixo de Fogo, que denuncia o impacto do conflito no pas nas suas vidas. Na Somlia, os edifcios escolares foram destrudos ou danificados durante ataques, dificultando a educao das crianas. Al-Shabab, uma guerrilha de oposio ao governo que controla parte do pas, imps severas restries ao direito educao e usa as escolas para recrutar crianas-soldado. A comunidade internacional deve aumentar as medidas de proteco para evitar que as crianas da Somlia sejam separadas das suas famlias, dando tambm apoio psicossocial. A seca agravou a crise humanitria neste Estado, causando subnutrio, mas pela primeira vez em dois anos, as Naes Unidas conseguiram autorizao da Al-Shabab para transportar ajuda para o pas.

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DOSSIERAmnistia Internacional

uMA VELA QuE ARDE H 50 ANOSH cinquenta anos um cidado annimo que viajava de metro leu uma notcia que o fez querer mudar o mundo. O mesmo deve ter j acontecido a muitos dos leitores, mas poucos tero tido a iniciativa de Peter Benenson. Em poucos meses lanou um apelo que deu origem Amnistia Internacional. Este ano tempo de celebrar, recordando os feitos gloriosos, mas sabendo que muito est ainda por fazer. No fique indiferente. Dizemos-lhe o que pode fazer neste Dossier!

Amnesty International (Photographer: Robert Godden) O logtipo da campanha dos 50 anos da Amnistia Internacional pela seco do Nepal.

Mais vale acender uma vela do que maldizer a escurido, defendia o filsofo chins Confcio. Uma frase que serviu de inspirao criao do logtipo da Amnistia Internacional: uma vela envolta em arame farpado. A primeira vela foi acesa a 10 de Dezembro de 1961, no ano de criao do movimento que deu origem Amnistia Internacional. A sua chama continua hoje acesa graas a milhares de activistas que lem as nossas notcias e relatrios e no ficam indiferentes: enviam as peties e apelos e exigem respeito pelos Direitos Humanos de todas as pessoas do mundo. Neste ano em que celebramos 50 anos no haveria melhor forma de comemorar do que apelando ao respeito pelos Direitos Humanos. Por isso, foram traados cinco objectivos a concretizar at 28 de Maio de 2012: 1) Continuar a Defender a Liberdade de Expresso, dando particular ateno situao no Mdio Oriente e Norte de frica; 2) Continuar a Proteger os Direitos das Mulheres, centrando-nos no caso da Nicargua; 3) Continuar a Exigir a Abolio da Pena de Morte, especialmente no nico pas europeu que mantm esta forma cruel de punio; 4) Continuar a Pedir Justia, em pases onde esta fictcia, como acontece na Repblica Democrtica do Congo; e 5) Continuar a Apelar Responsabilizao Empresarial, pondo fim a verdadeiras tragdias ambientais e sociais como a que ocorre na Nigria. Saiba mais sobre estes cinco objectivos nas prximas pginas e celebre os 50 anos da Amnistia Internacional promovendo e defendendo os Direitos Humanos. Em cada objectivo dizemos-lhe o que pode fazer para ajudar a mudar o mundo e apresentamos-lhe casos concretos que mostram bem que assinar uma petio pode fazer toda a diferena. Se tiver apenas 1 segundo, assine a petio da Nigria; se tiver 1 minuto, desenhe uma borboleta pelas mulheres da Nicargua; se tiver mais algum tempo, divulgue as vrias iniciativas da campanha dos 50 anos da Amnistia Internacional pelos seus amigos e familiares Porque para fazer a diferena, precisamos de ser cada vez mais activistas, unidos na certeza de que mais vale acender uma vela do que maldizer a escurido.

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ObJECTIVO 1. CONTINuAR A DEFENDER A LIbERDADE DE ExPRESSOLicenciado em Direito, Mrio Soares (Presidente da Repblica entre 1986 e 1996) era, no regime de Salazar, um activo defensor dos presos polticos. Por isso, e por resistir ditadura, foi 12 vezes preso pela PIDE (Polcia Internacional e de Defesa do Estado) at 1968, quando foi deportado, por tempo indeterminado, para So Tom. A Amnistia Internacional adoptou-o como prisioneiro de conscincia e, aps centenas de cartas e telegramas, Mrio Soares pde regressar, livre, a Lisboa. A sua deteno no foi, infelizmente, caso nico. Do tempo da ditadura portuguesa reza a Histria detenes arbitrrias, maus tratos policiais, julgamentos injustos, entre outras violaes aos Direitos Humanos. Uma delas chegou ao conhecimento do jornal britnico Daily Telegraph, que a 19 de Novembro de 1960 divulgava que dois estudantes portugueses tinham sido presos por brindarem liberdade. Peter Benenson, advogado, lia a notcia no metro. Chocado, decidiu que era preciso fazer algo e a 28 de Maio de 1961 publicou no jornal The Observer um Apelo para uma Amnistia [ver Crnica desta revista], desafiando os leitores a, durante um ano, apelarem pela libertao daqueles a quem chamou prisioneiros de conscincia: qualquer pessoa que est fisicamente restringida (atravs da deteno ou outro meio) de expressar (atravs de palavras ou smbolos) qualquer opinio pessoal e que no advoga ou tolera qualquer tipo de violncia. Foi assim que a origem da Amnistia Internacional ficou para sempre ligada aos que lutam pacificamente pelo seu direito liberdade de expresso. E se com o passar do tempo o nosso mbito de aco se foi alargando hoje promovemos e defendemos todos os Direitos Humanos inscritos na Declarao Universal de 1948 , nunca foram

Lamri com Ha

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rnacional

fez Ibrahim.

HAFEz IbRAHIM foi condenado morte, no Imen, por alegadamente ter cometido um homicdio quando tinha 16 anos. O jovem estava num casamento, onde na sequncia de uma luta uma pessoa perdeu a vida. Foi detido em 2000 e cinco anos mais tarde condenado. Em 2007, Hafez conseguiu enviar uma mensagem de um telemvel a Lamri Chirouf, investigador da Amnistia Internacional, onde dizia: Vo executar-nos. Por favor entra em contacto. Ficmos devastados com a notcia e envimos apelos s autoridades iemenitas, conta Lamri. Em resposta, o Presidente adiou vrias vezes a execuo, tentando obter o perdo por parte da famlia da vtima, pois s assim possvel, no pas, salvar um condenado morte. Finalmente, a 30 de Outubro de 2007, a sentena foi comutada e Hafez pde sair em liberdade, pagando uma indemnizao aos familiares da vtima. Hoje est no terceiro ano do curso de Direito e afirma: Devo a minha vida Amnistia Internacional e vou dedic-la a lutar contra a pena de morte.

D VOz A O CONSCI S PRISIONEIROS NCIA! DE Posso n mas luto o concordar com para que o um dia V o possas que dizes, o inspira ltaire. Uma frase dizer, disse o nistia In (e referncia) que serviu de ternacion c al. Este riao da Amsrio ped a im movimen os-lhe que entr no de anivere to dup Wan e que d voz ao no esprito do g c Vergara. chen ou colom hins Dhonbia C do seu te omo? Doando o na Ingrid voicema lemvel. il www.am nistia-in Saiba como em ternacion al.pt. Amnistia Internacional Durante uma manifestao da Amnistia Internacional, em Londres, 1978.

CRONOLOGIA A 28 de Maio, publicao do artigo The Forgotten Prisoners, no jornal The Observer, pelo advogado britnico Peter Benenson, onde lanada a campanha mundial Apelo para uma Amnistia, 1961 (ver Crnica desta revista). Em Julho decorre a primeira reunio internacional do movimento, aps a qual criado um pequeno escritrio em casa de Peter Benenson. O objectivo era estabelecer um movimento internacional permanente em defesa da liberdade de opinio e religio. Numa conferncia, na Blgica, decidido criar uma organizao permanente chamada Amnesty International. feita a 1 misso de investigao, ao Gana, seguida de misses a Portugal, Checoslovquia e Alemanha do Leste. Publicao do 1 Relatrio Anual, com detalhes de 210 prisioneiros adoptados por 70 grupos de vrios pases. Lanamento dos primeiros relatrios temticos sobre as condies nas prises em Portugal, frica do Sul e Romnia. O Conselho da Europa concede estatuto consultivo Amnistia Internacional.

estabelecida, em Londres, a sede da Amnistia Internacional.

O Conselho Econmico e Social das Naes Unidas concede estatuto consultivo Amnistia Internacional.

Libertao de 1.000 prisioneiros desde a fundao da organizao, continuando a ser seguidos pela Amnistia outros 1.500.

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esquecidos os presos que estiveram na origem do movimento. Que o diga Wolfgang Welsch, que na antiga Repblica Democrtica da Alemanha cumpria 10 anos de priso quando o seu destino se cruzou com a Amnistia Internacional. E que o digam a advogada tunisina Radhia Nasraoui, que precisou de ajuda quando o marido foi preso, e Hafez Ibrahim, do Imen, que deve a sua vida aos activistas da Amnistia [ver caixas]. Exemplos que nos enchem de orgulho Contudo, no esquecemos que 89 pases continuaram, em 2010, a restringir a liberdade de expresso, indica o Relatrio Anual publicado pela Amnistia. E que este ano de 2011 comeou com inmeras detenes arbitrrias e julgamentos injustos em muitos pases do Mdio Oriente e Norte de frica [ver caixa]. Estes acontecimentos so at um bom exemplo da importncia da liberdade de expresso, pois mostram que as ditaduras s florescem com um povo desinformado e pouco participativo. Restringir este direito fundamental impedir os cidados de se desenvolverem e de assumirem um papel nos assuntos pblicos. Portugal est hoje, felizmente, longe desta realidade, por isso temos o dever de dar voz a quem no a tem!AS REVOLTAS NO MDIO ORIENTE E NORTE DE FRICA Quando a Amnistia Internacional tinha j planeado os cinco objectivos para este ano de aniversrio, estava longe de imaginar que a 17 de Dezembro de 2010 um outro cidado annimo como Peter Benenson era em 1961 ia (literalmente) incendiar a regio do Mdio Oriente e do Norte de frica. Mohamed Bouazizi era um jovem tunisino descontente com o seu pas, como tantos outros, que ficou desempregado. Para sobreviver, comeou a vender fruta e vegetais na rua, quando a venda ambulante proibida no pas. Um dia as autoridades confiscaram todos os seus produtos e, desesperado, Bouazizi regou-se de gasolina e imolou-se pelo fogo. A sua morte fez emergir uma onda de revolta que comeou com o seu povo, na Tunsia, e estendeu-se a outros pases rabes, como o Egipto, o Lbano, a Jordnia, o Imen, o Bahrein, a Arglia, a Sria e a Lbia. Os manifestantes so sobretudo jovens, que lutam contra a corrupo que caracteriza estes Estados, contra os ditadores que os regulam e contra a deteriorao das condies de vida. Os Chefes de Estado tentam resistir, proibindo a liberdade de expresso e promovendo detenes arbitrrias e execues extrajudiciais. Por tudo isto, a Amnistia Internacional no podia esquecer estes activistas. Acompanhe os apelos urgentes que vo sendo lanados em www.amnistia-internacional.pt

RADHIA NASRAOuI advogada, defensora dos Direitos Humanos e co-fundadora e presidente da Associao de Luta contra a Tortura na Tunsia. Desde os anos 70 que conhece a Amnistia Internacional, procurando apoio para a sua luta. Quando entrei em contacto com a Amnistia pela primeira vez era uma jovem advogada. Mais tarde, quando o meu marido foi preso, torturado e condenado priso, em 1994, experienciei a eficcia das aces da organizao. A Amnistia Internacional e outras organizaes desempenharam um papel muito im Amnistia Internacional portante na melhoria das suas condies de deteno (meses de isolamento, violncia psicolgica e fsica) e na sua libertao. A Amnistia no esquece as pessoas e os casos com que trabalha. De cada vez que ocorria uma violao apoiavam-me de diversas formas: escrevendo s autoridades ou atravs de cartas enviadas para mim pelos seus membros. Tudo isto ajudou-me a continuar a lutar pelos direitos humanos.

Em 1970, WOLFGANG WELSCH, de 26 anos, estava a cumprir uma pena de dez anos de priso, na Repblica Democrtica da Alemanha. Actor e poeta, expressou as suas opinies polticas atravs da poesia e de um documentrio, o que levou sua deteno, em 1964. Foi mantido em solitria quase na escurido, sem sol e com pouco ar e a sua sade deteriorou-se: Cuspo sangue, desmaio e estou no limite das minhas foras.... Foi este o pedido de ajuda que chegou Amnistia Internacional, escrito num papel de cigarro enrolado que conseguiu ser levado para fora da pri Privado so. Comearam ento a ser enviados apelos s autoridades da Alemanha de Leste, sem sucesso, at que se descobriu um advogado da Alemanha Ocidental que concordou em ajudar. Pouco tempo depois, o preso pde receber a visita da me e em 1971 foi libertado. Wolfgang Welsch ajudou dezenas de pessoas a fugir da Alemanha de Leste e sobreviveu a vrias tentativas de assassinato.

Amnistia Internacional Irene Khan, ex-Secretria-Geral da Amnistia Internacional, imprimindo as mos

CRONOLOGIA Lanamento da 1 Campanha mundial para a Abolio da Tortura. A Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura (UNESCO) concede estatuto consultivo Amnistia Internacional. Libertao de 2.000 prisioneiros desde a fundao da organizao. A Amnistia Internacional recebe o Prmio Nobel da Paz.

Emisso da 1 Aco Urgente, em nome do Professor Luiz Basilio Rossi, do Brasil, preso por questes polticas. As Naes Unidas aprovam a resoluo 3059 sobre Tortura, fortemente influenciada pelo parecer da Amnistia Internacional.

As Naes Unidas adoptam a Declarao sobre a Proteco de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes, no seguimento da campanha da Amnistia Internacional.

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ObJECtIvO 2. CONTINuAR A PROTEGER OS DIREITOS DAS MuLHERESRbOLETA PARA VAMOS ENVIAR uMA bO A NICARGuA! boleta simboliza a Na Nicargua a bor res pelos seus Direitos luta das mulhe na. Pedimos-lhe, e um sinal de espera ra o pas, como ie uma pa por isso, que env solidariedade. At forma de mostrar a sua e sonalize a borboleta qu 19 de Agosto per is da revista e tra encontra nos postais cen regues a orgaent envie-nos. Estas sero eitos das Mulheres, nizaes locais de Dir par numa concentrao que as vo usa iminalizao do scr cfica no Dia pela De que visa pedir bro, Aborto, a 28 de Setem Penal e o fim da a revogao do Cdigo lizada contra mulheviolncia genera pas. res e adolescentes no

Hoje, em Portugal e em quase todos os pases, mulheres e homens dirigem-se s mesas de voto para exercerem este seu Direito. No entanto, tempos houve em que o sexo feminino estava afastado desta forma de participao e foi pelo sufrgio universal que comeou a luta pelos Direitos das Mulheres. Desde ento, outros foram sendo exigidos... e alcanados. Mesmo assim, a cada dia que passa continuam a morrer no mundo cerca de 40 mulheres por complicaes relacionadas com a gravidez, o parto ou o ps-parto. Destas, 99% so de pases em desenvolvimento e apenas 1% dos desenvolvidos1, o que prova que as suas mortes seriam evitadas se os seus Estados considerassem a sade uma prioridade e providenciassem a preveno e o tratamento adequados. Uma realidade que a Amnistia Internacional tem tentado mudar, primeiro com a campanha Acabar com a Violncia sobre as Mulheres (de 2004 a 2010), agora com a Exija Dignidade (criada em 2009). As boas notcias no tardaram a chegar... Na Serra Leoa, um dos Estados com maior incidncia de mortalidade materna, o Presidente, Ernest Bai Koroma, anunciou (ainda em 2009) que a partir de 27 de Abril de 2010 os cuidados de sade para grvidas, lactantes e crianas at aos cinco anos passaram a ser gratuitos. Com isto, salvaram-se com certeza muitas mes e respectivos filhos. No entanto, enquanto uns pases progridem, outros regrediram em termos de Direitos das Mulheres. o caso da Nicargua, que em 2008 alterou o Cdigo Penal para definir a interrupo voluntria da gravidez como crime em qualquer circunstncia. Assim, mulheres e adolescentes que optem por abortar, e os profissionais de sade que as ajudem, sujeitam-se a duras penas de priso. O mesmo pode acontecer a uma mulher que sofra um aborto espontneo. Uma lei que no prev excepes, nem em casos de violao quando mais de dois teros das violaes denunciadas entre 1998 e 2008 foram cometidas contra menores de 17 anos e mais de metade contra menores de 14 anos , nem de incesto, nem para permitir o aborto teraputico que realizado quando essencial para salvar a vida da me (como acontece se tiver cancro) e legal em 97% dos pases do mundo. Nos casos em que a interrupo da gravidez seja estritamente necessria, as mulheres e adolescentes tm apenas uma opo: as clnicas clandestinas, onde frequente faltar higiene e pessoal mdico qualificado. Talvez isso ajude a explicar que os abortos ilegais matem, em todo o mundo, por ano, cerca de 47.000 mulheres, sendo responsveis por 13% da taxa de mortalidade materna2. Nmeros para os quais contribui fortemente o novo Cdigo Penal da Nicargua. No podemos permitir que esta realidade se perpetue. Aproveitando as prximas eleies no pas, em Novembro, ajude-nos a exigir que o Cdigo Penal seja novamente revisto!

num cartaz sobre o lanamento da campanha Acabar com a Violncia sobre as Mulheres, em Londres, em 2004.

A Amnistia Internacional recebe o Prmio das Naes Unidas no campo dos direitos humanos. Lanamento da Campanha contra os Homicdios Polticos cometidos pelos Governos.

Alargamento do mbito de trabalho da Amnistia Internacional, que passa a incluir os refugiados. Publicao do 1 guia educativo Ensinar e Aprender sobre os Direitos Humanos. Um trabalho de educao para os direitos humanos que continua at hoje.

Alargamento do mbito de aco da Amnistia, para incluir os homicdios polticos.

Lanamento da Campanha sobre os Desaparecimentos. Lanamento da primeira Campanha contra a Pena de Morte. Lanamento da 2. Campanha contra a Tortura, que inclui um plano de 12 passos para a abolio desta prtica.

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1. Dados de 2008 retirados do relatrio Trends in Maternal Mortality: 1990 to 2008, desenvolvidos pela Organizao Mundial de Sade, pela UNICEF, pela UNFPA-Fundo das Naes Unidas para a Populao e pelo Banco Mundial, publicados em 2010. 2. Dados retirados do relatrio Abortion: Facts & Figures, de 2011, compilado pela Population Reference Bureau.

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ObJECTIVO 3. CONTINuAR A ExIGIR A AbOLIO DA PENA DE MORTEIbrahim Hafez, do Imen, hoje um jovem estudante de Direito, que promete lutar o resto da vida contra a pena de morte. Sentiu na pele o que estar condenado quando aos 16 anos foi acusado de um crime. Diz hoje: devo a minha vida Amnistia Internacional, pois s conseguiu ser libertado aps inmeros apelos terem sido enviados [ver caixa na pgina 11]. Neste caso conseguiu salvar-se um inocente, mas nos 58 pases que continuam a manter a pena de morte no ordenamento jurdico muitos tero j perdido a vida. Se este no fosse s por si um forte argumento para nos opormos pena de morte, nunca demais referir que esta no dissuasora da criminalidade, e que pode gerar mais violncia; que no mais econmica que manter as pessoas na priso; e que no traz justia para as vtimas, promovendo antes um novo crime. Acresce a tudo isto o facto de a pena capital ser aplicada de forma discriminatria e de haver pases que a usam para silenciar opositores. Por esta e outras razes, a Amnistia Internacional lanou, em 1980, a primeira campanha pela abolio da pena de morte, embora j desde 1961 fossem enviados apelos por condenados morte. Nos 50 anos que entretanto passaram, os avanos nesta rea foram dignos de registo... Primeiro, na altura da criao da Amnistia a pena de morte no era sequer considerada uma questo de direitos humanos e apenas nove pases tinham abolido esta forma de punio para todos os crimes3. Hoje o nmero cresceu para os 96 Estados e h outros nove que aboliram a pena de morte para os crimes

Amnistia Internacional Simulao do mtodo de execuo utilizado na Bielorrssia, nico pas da Europa que mantm a pena de morte no seu ordenamento jurdico.

comuns e 34 que no executam h pelo menos uma dcada (embora mantenham a pena capital na lei). Alm disso, dos 58 pases que ainda tm pena de morte, apenas 23 realizaram execues no ano passado. Destes poderamos reduzir a cinco a lista dos que mais executam: a Arbia Saudita, a China, os Estados Unidos da Amrica, o Imen e o Iro. Apesar destes avanos, a Amnistia Internacional no vai parar enquanto o mundo no estiver livre da pena capital. Neste ano de aniversrio, pedimos a sua ajuda para pressionar sobretudo seis pases: quatro dos principais executantes a Arbia Saudita, a China, os Estados Unidos da Amrica e o Iro ; a Monglia, cujo Presidente tem mostrado vontade de

abolir a pena de morte, e a Bielorrssia, que o nico pas na Europa que mantm a pena capital e a aplica. Por ser uma mancha no continente europeu, este pas vai ser o nosso principal alvo mais perto do Dia Mundial contra a Pena de Morte (10 de Outubro). Importa desde j referir que neste Estado da antiga Unio Sovitica comum as condenaes morte terem por base confisses obtidas sob tortura, os recursos s sentenas no so permitidos e os condenados so executados sem aviso prvio, com uma bala na cabea. Os corpos no chegam, por vezes, a ser entregues famlia. Uma verdadeira vergonha para a Europa, a que preciso pr fim. Pediremos a sua ajuda no prximo nmero da revista.

CRONOLOGIA Entrada em vigor da Conveno contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes, no seguimento da campanha da Amnistia Internacional. A Amnistia alarga o seu mbito de aco, para cobrir as violaes de direitos humanos por grupos de oposio armada, a tomada de refns e as pessoas detidas devido sua orientao sexual (consideradas prisioneiros de conscincia). Entrada em vigor da Declarao sobre a Proteco de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forados, no seguimento de campanhas da Amnistia Internacional. A Amnistia Internacional alcana um milho de membros. Lanamento da Campanha Acabar com o Comrcio da Tortura. Criao do Alto Comissariado das Naes Unidas para os Direitos Humanos, no seguimento do trabalho da Amnistia Internacional. Incio da 1 Campanha internacional sobre os direitos humanos das Mulheres. Campanha mundial contra os Desaparecimentos e Homicdios Polticos.

Concerto Human Rights Now!, com Sting e Bruce Springsteen, viaja por 19 cidades em 15 pases.

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3. A Colmbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Islndia, Panam, San Marino, Uruguai e Venezuela.

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ObJECTIVO 4. CONTINuAR A PEDIR JuSTIAAt h bem pouco tempo, o que um chefe de Estado fazia no seu pas era assunto da soberania nacional e os restantes pases no interferiam de forma nenhuma. Uma realidade que facilitou a vida a muitos criminosos, mas que mudou radicalmente em 1998, quando adoptado o Estatuto de Roma, que veio instituir, em 2002, o Tribunal Penal Internacional, uma instituio independente com competncia para julgar os mais graves crimes cometidos no mundo: genocdios, crimes de guerra e crimes contra a humanidade [ver caixa]. Desde ento, vrios lderes tm sido acusados e julgados. Graas a esta instituio, hoje podemos sonhar com justia... A Amnistia Internacional orgulha-se de ter contribudo para isto, com uma campanha que comeou em 1996. Seguiram-se outras aces que resultaram em tratados de mbito global e que, como tal, afectam um nmero incalculvel de pessoas. So disso exemplo a Conveno contra a Tortura, que exige aos Estados impedirem que actos de tortura sejam cometidos, e o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais, que d acesso justia internacional s pessoas que tenham visto estes seus direitos serem violados e que no tenham conseguido justia no seu pas [ver caixas nas pginas seguintes].

O ESTATuTO DE ROMA foi adoptado a 17 de Julho de 1998, com vista criao do Tribunal Penal Internacional, para julgar crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocdios. Desde a sua criao, j 116 pases ratificaram o documento. A Amnistia Internacional marcou presena desde a sua criao, contribuindo com pareceres para tornar o Tribunal Penal Internacional um rgo justo, imparcial e independente. Foi membro fundador da Coligao para um Tribunal Penal Internacional e fez parte do seu Comit de Direco. Uma delegao da Amnistia participou na conferncia que, em 1998, viria a instituir este tribunal e as nossas seces de vrios pases fizeram aces de lbi junto dos seus governos para que estes ratificassem o Estatuto de Roma. Actualmente os esforos da Amnistia vo no sentido de garantir maior apoio da comunidade internacional ao Tribunal.Uma reunio da Amnistia sobre Tribunal Penal Internaciona o l. Amnistia Internacional

O MAIS JuSTO! Durante o ms de Agosto vai ser la primeira aco nada a relativa a esta cam da Amnistia Inte rnacional, que pe panha a para a Rep blica Democrtic de justia go. Nesta fase inicial vamos co do Conmear por exigir s autorid ad seja detido e en es que Bosco Ntaganda tre Internacional. O gue ao Tribunal Penal apelo vai esta disponvel em www.am nist (Notcias / Amni ia-internacional.pt stia 50 Anos). As sine e passe palavra pelos seus amig e familiares! osCrianas-soldado no centro Don Bosco, Goma, Repblica Democrtica do Congo, em 2009.

TORNAR O CONG

Cdric Gerbehaye / Agence VU

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Porm, nos ltimos 50 anos a Amnistia no lutou apenas por instrumentos internacionais de justia e muita da nossa actuao ocorreu (e ocorre) escala nacional. Foi o que aconteceu em 2009, quando Alberto Fujimori, Presidente do Peru entre 1990 e 2000, foi condenado por um Tribunal do seu pas a 25 anos de priso por diversos massacres. Os nossos activistas pediam justia h alguns meses e os relatrios de investigao da Amnistia realizados no Peru foram citados 36 vezes pela acusao. Um exemplo, de muitos que poderamos citar, que mostra bem o nosso poder. Se tudo isto motivo para celebrarmos, os 50 anos que temos de existncia d-nos experincia suficiente para no nos deixarmos iludir. Os factos apresentados no Relatrio Anual no nos deixam baixar os braos, enquanto dois teros das pessoas do mundo continuarem sem acesso justia. O problema no faltarem tribunais, mas estarem minados pela corrupo. o que acontece na Repblica Democrtica do Congo, onde so comuns as ameaas e ataques a magistrados e advogados que ousam querer fazer justia. Por isso, vrios crimes continuam impunes. Amnistia Internacional O Palcio de Justia em Bukavu, na Repblica Democrtica do Congo.

Para alm disso, segundo as Naes Unidas foram cometidos no pas, entre 1993 e 2003, diversos crimes de Guerra. O Tribunal Penal Internacional emitiu j quatro mandados de captura, dirigidos a lderes de milcias, e um que pretende a priso de Bosco Ntaganda, antigo Vice-Chefe do Estado-Maior General das Foras Armadas. Acusado do recrutamento de crianas com menos de cinco anos para integrarem o Exrcito, est a ser protegido pelas autoridades do pas que h cinco anos se recusam a entreg-lo justia internacional. Em Novembro, a Repblica Democrtica do Congo ter eleies e a justia tem de ser posta na agenda poltica. Para isso, precisamos de si!

Paul Peter Pr fim Piech and Gus tavo Esp Post tortura um Tortuer da Campanha pe inosa la Abolio da ra. objectivo da Amnistia Internacional desde 1972, ano em que foi lanada a primeira campanha sobre este tema. Inspiradas pelo trabalho do movimento, as Naes Unidas adoptaram, em 1975, a CONVENO CONTRA A TORTuRA E OuTRAS PENAS E TRATAMENTOS CRuIS, DESuMANOS Ou DEGRADANTES, que entraria em vigor em 1985. At hoje, 146 pases ratificaram ou assinaram a Conveno. Desde 1995 que o movimento tenta tambm Acabar com o Comrcio da Tortura, nome de mais uma campanha. Em 2003, atravs de uma investigao da Amnistia Internacional e da Fundao Omega, foi revelada a produo e troca de equipamento usado para prticas de tortura, com origem na Unio Europeia. A organizao apelou Comisso Europeia que banisse o uso e troca de equipamento que no teria outro fim que no o da tortura. Finalmente, em 2006, obtivemos resultados com o Regulamento do Conselho da Europa n 1236/2005, que veio proibir a transferncia de alguns dos equipamentos e controlar a exportao de outros.

Um pescador com a sua canoa em Ogoniland, Nigria, em Janeiro de 2008, onde a poluio causada pela extraco do petrleo danificou os recursos naturais,

CRONOLOGIA Lanamento de uma Campanha por um Tribunal Penal Internacional permanente. Lanamento da campanha sobre o papel dos profissionais de sade na denncia de violaes de direitos humanos. Alargamento do mbito de aco da Amnistia, para trabalhar as relaes econmicas e os direitos humanos, a capacitao dos defensores de direitos humanos, a impunidade e a proteco aos refugiados. Lanamento da Coligao Contra o Uso de Crianas Soldado, com outras cinco organizaes no governamentais. Incio do trabalho da Amnistia Internacional contra a proliferao de armas ligeiras. Adopo do Protocolo Opcional Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Mulheres, no seguimento de campanhas da Amnistia Internacional e dos seus parceiros. Primeira Campanha digital no mbito da 3 campanha contra a Tortura, lanada em www.stoptorture.org A Amnistia Internacional alarga o mbito de aco para incluir os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais, promovendo a indivisibilidade dos Direitos Humanos. Entrada em vigor do Protocolo Facultativo Conveno sobre os Direitos da Criana relativo Participao de Crianas em Conflitos Armados, no seguimento da campanha da Amnistia Internacional e dos seus parceiros. Lanamento da Campanha internacional pela Eliminao da Violncia sobre as Mulheres.

A Amnistia Internacional comea a fazer campanha contra as minas terrestres. Adopo do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, no seguimento da campanha da Amnistia Internacional.

Lanamento da Campanha global Controlar as Armas numa aco conjunta da Amnistia Internacional, Oxfam e IANSA. entregue a Vaclav Havel, ex-Presidente da Repblica Checa, o primeiro prmio Embaixador de Conscincia, desde ento atribudo todos os anos pela Amnistia Internacional.

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Lanamento de uma Campanha em nome dos Refugiados.

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O PROTOCOLO FACuLTATIVO AO PACTO INTERNACIONAL SObRE OS DIREITOS ECONMICOS, SOCIAIS E CuLTuRAIS foi adoptado pela Assembleia Geral das Naes Unidas a 10 de Dezembro de 2008. A adopo deste protocolo uma das vitrias alcanadas pela Amnistia Internacional atravs da campanha Exija Dignidade. O documento pretende ser uma forma de indemnizar as vtimas de violaes destes direitos, que no conseguem obter justia no seu pas. O movimento tem chamado a ateno para o Protocolo atravs de apelos globais, captando a ateno dos mdia e pressionando governos para que ratifiquem o documento. At data apenas 36 Estados assinaram o protocolo e trs deles (Equador, Espanha e Monglia) ratificaram-no. So necessrias mais sete ratificaes para que o Comit das Naes Unidas para os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais comece a poder lidar, internacionalmente, com as violaes a estes direitos fundamentais.

ObJECTIVO 5. CONTINuAR A APELAR RESPONSAbILIzAO EMPRESARIALAps anos de luta, a nossa voz chegou finalmente a Deli, disse um dos lderes da comunidade indgena dongria kondh, um povo composto por cerca de 8.000 pessoas que habita Orissa, na ndia oriental. O grito de vitria foi dado a 24 de Agosto de 2010, quando o presidente do pas anunciou que no iria permitir a expanso, para seis vezes mais, de uma refinaria de alumnio que existe na regio. O anncio surgiu poucos meses aps o lanamento de um relatrio da Amnistia Internacional, onde se documenta a contaminao do ar e da gua provocada pela refinaria, apontando o dedo ao Governo Indiano por no proteger os direitos dos seus cidados (nomeadamente o direito gua e sade). Seguiu-se uma petio, assinada por mais de 30.000 activistas, e manifestaes. Os investidores comearam a desistir da refinaria e as boas notcias no tardaram em chegar. Uma deciso sem precedentes num pas onde comum as empresas (endinheiradas) operarem com impunidade, enquanto o povo (que vive, grande parte, na pobreza) no tem qualquer voz. A ausncia de regulao e de controlo frequente nos pases em desenvolvimento. Foi sobre isso que a Amnistia Internacional comeou a trabalhar em 2009, com a campanha Exija Dignidade, que pretende pr fim s decises governamentais e s prticas empresariais que ajudam a perpetuar a pobreza. isso que acontece com as exploraes de recursos naturais por multinacionais em pases em desenvolvimento, geralmente acompanhadas de ms prticas, que destroem o ambiente. Tudo isto afecta fortemente as comunidades indgenas, que vivem da pesca e da agricultura. Um dos casos mais dramticos o do Delta do Nger, no sul da Nigria, onde se encontra um dos principais ecossistemas marinhos e pantanosos do mundo, a par com um dos maiores depsitos mundiais de petrleo. Quem mais sofre com esta bno o povo Ogoni, uma comunidade composta por 550 mil agricultores e pescadores que vivem na regio h vrios sculos. Por irresponsabilidade das petrolferas e pela impunidade que caracteriza o pas, os solos, a gua e o ar foram-se deteriorando. As culturas acabaram, os peixes morreram e os alimentos e a gua ficaram contaminados. Tudo isto apesar de na Nigria existirem leis que probem prticas poluidoras do ambiente. O que falta ento? Vontade poltica. Para que se perceba a dimenso do problema, recordemos Ken Saro Wiwa, um conhecido defensor do povo Ogoni que organizou uma manifestao, em 1993, e no ano seguinte foi acusado e condenado pelo assassinato de quatro homens da sua comunidade. Por estar inocente, a Amnistia considerou-o prisioneiro de conscincia, mas as autoridades enforcaram-no, em 1995, junto com outros oito activistas. Para que no se percam mais vidas, urgente responsabilizar as multinacionais pelos seus actos. A esperana reside agora no novo presidente do pas, Goodluck Ebele Jonathan, eleito em Abril. por isso que neste ano de aniversrio lhe pedimos: agora que sabe de tudo isto, faa como Peter Benenson quando leu o jornal em 1961: Aja. No fique indiferente!

TAMbM! INDIGNE-SE sas petrole as empre te exigir qu Delta do Nger rea urgen eram no uram feras que op s e a gua que destr , os solo m disso bilitem ara al actuao. P o que com a sua ao governo nigerian plopedir va ex efecti preciso e das a regulao aplique um rsos naturais por part ar de recu sta envi rao so, ba ta ais. Para is multinacion contra no interior des voz ao tal que en dar o pos tos podemos revista. Jun les precisam de si! E povo Ogoni.

Kadir van Lohuizen/NOOR agravando a pobreza das populaes.

Lanamento da Campanha Make Some Noise, com o envolvimento de diversos msicos. Lanamento da Campanha Combater o Terrorismo com Justia, no seguimento das aces tomadas aps o 11 de Setembro de 2001.

Lanamento da Campanha Legado dos Jogos Olmpicos de Pequim, aproveitando o evento internacional para chamar a ateno para os direitos humanos na China. Adopo da Conveno Internacional para a Proteco de todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forados, no seguimento das campanhas da Amnistia Internacional. Adopo do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais, aps campanhas de vrias organizaes, entre elas a Amnistia Internacional. A Amnistia Internacional conta com mais de 3 milhes de membros e apoiantes em mais de 150 pases. Celebrao do 50 aniversrio da Amnistia Internacional e dos 30 anos da seco portuguesa.

Adopo da Resoluo L29 da Assembleia Geral das Naes Unidas que apela a uma moratria global pena de morte, no seguimento da campanha da Amnistia Internacional e dos seus parceiros.

Lanamento da campanha Exija Dignidade, cujo objectivo quebrar o ciclo de pobreza.

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Os 50 Anos da Amnistia Internacional pelo MundoEm 1961, quando Peter Benenson criou um movimento para dar voz s vtimas de violaes dos Direitos Humanos estava longe de imaginar que a organizao cresceria at estar presente em mais de 150 pases, contando com mais de trs milhes de apoiantes e activistas. No ano em que se comemora o 50 aniversrio da organizao o objectivo unir e aumentar a nossa comunidade de activistas. Saiba como...Por Diana Silva Anto

Foi no dia 28 de Maio que a Amnistia Internacional comemorou o seu 50 aniversrio. No entanto, a celebrao vai prolongar-se at Maio de 2012, com dois momentos globais a marcarem as comemoraes. Estas iniciativas uniro pessoas de todos os pontos do globo na luta pelos direitos humanos, dando a conhecer as caras que fazem parte do movimento, a sua diversidade e partilhando experincias. Estes momentos pretendem ainda ser uma porta de entrada para novos activistas, um convite para participarem e integrarem o movimento. A mensagem clara: unidos temos mais fora, conseguimos chegar mais longe e inspiramos mais pessoas a juntarem-se luta pelos Direitos Humanos.Os momentos globais so oportunidades para sentirmos realmente como fazer parte de um movimento e para nos unirmos por uma s Amnistia.Emily Nevins, Subdirectora de Campanhas

PRIMEIRO MOMENTO bRINDE LIbERDADE No dia de aniversrio da Amnistia Internacional foi lanado o primeiro momento global, o Brinde Liberdade. A ideia do Brinde surgiu na seco belga da Amnistia Internacional, um gesto simblico que nos remete para o mito fundador da organizao, a histria dos dois estudantes portugueses detidos por brindarem liberdade num local pblico, durante a ditadura salazarista. para recordar a origem do movimento que a Amnistia Internacional convida pessoas de todo o mundo a realizarem um brinde e a registarem o momento atravs de fotografia ou vdeo. Depois basta enviarem os ficheiros para o email [email protected] e procurarem o vosso momento, e os testemunhos do brinde em muitos outros locais do mundo, em http://www. flickr.com/groups/amnesty50. Paralelamente ao brinde foram promovidas outras iniciativas pelas seces

da Amnistia Internacional no mundo. No Reino Unido os activistas foram convidados a realizar festas de ch para celebrarem o aniversrio da Amnistia, em Itlia um autocarro percorreu universidades e escolas para dar a conhecer aos mais novos a organizao e no Gana realizaram-se marchas e manifestaes pelos Direitos Humanos. Alguns exemplos dos muitos que poderamos aqui apresentar. O Brinde Liberdade pretende celebrar as conquistas do movimento, criando um sentimento de esperana em relao aos progresso que juntos podemos alcanar, fazendo cada membro, apoiante e activista sentir-se parte de um movimento global e inspirando novos activistas atravs da nossa paixo pela defesa dos Direitos Humanos. nesse sentido que surge o lema desta iniciativa, que pautar tambm o prximo ano de comemoraes: Seja mais um, traga mais um, para fazermos mais. Um apelo global para que os actuais membros tragam novos activistas para o movimento, para

SECES DA AMNISTIA INTERNACIONAL *Finlndia e Nova Zelndia Irlanda Estados Unidos da Amrica Ilhas Faro ndia Dinamarca, Israel, Noruega e Sucia Holanda Luxemburgo, Japo, ustria, Nigria e Sua Bangladesh, Mxico e Coreia do Sul Grcia

Frana e Nepal Blgica, Canad e Gana Austrlia, Itlia e Islndia

Reino Unido e Alemanha

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* As seces esto referidas por data de criao, tendo depois algumas sido dissolvidas, suspensas ou reabertas.

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juntos alcanarmos novas vitrias pelos Direitos Humanos. Os interessados em participarem no Brinde Liberdade ainda podem faz-lo, basta registarem o momento e enviarem-nos o ficheiro! SEGuNDO MOMENTO DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HuMANOS Dezembro um ms importante para a Amnistia Internacional. Alm do Dia Internacional dos Direitos Humanos, assinalado a 10 de Dezembro, realiza-se a Maratona de Cartas, um evento que este ano celebra o seu 10 aniversrio. Como numa autntica Maratona, de Cartas, pessoas em todo o mundo unem-se, normalmente durante 10 dias, para escreverem apelos por 10 casos seleccionados pela Amnistia Internacional para integrarem a iniciativa. Em 2010 foram enviadas 636.000 cartas e participaram nesta aco 51 pases. um momento em que os activistas da Amnistia se renem, mas tambm a altura indicada para apresentar novas pessoas ao movimento. A Maratona de Cartas consegue alcanar grandes vitrias, inmeros so os testemunhos de prisioneiros de conscincia ou vtimas de abusos que receberam milhares de postais e viram o seu destino ser alterado.A Maratona de Cartas foi escolhida, porque um evento da Amnistia Internacional que realizado h muitos anos e que tem tido muito sucesso. Relembra-nos a razo porque estamos aqui.Emily Nevins, Subdirectora de Campanhas

Kay Herschelmann/Amnesty International O Brinde Liberdade na seco alem da Amnistia Internacional.

Acender uma Luz pelos Direitos Humanos ser uma iniciativa tambm lanada em Dezembro de 2011, com o objectivo de divulgar casos de indiv-

Espanha e Venezuela Costa Rica e Turquia Peru e Portugal Barbados e Senegal Costa do Marfim e Equador Chile, Hong Kong e Porto Rico Guiana e Tanznia Brasil, Trindade e Tobago Bermudas e Uruguai Arglia Serra Leoa Tunsia Argentina, Maurcias e Filipinas Colmbia

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No esto aqui referidos os pases onde a Amnistia Internacional est presente somente atravs de Estruturas, sem ter ainda sido criada uma seco.

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duos em risco cujo nico crime tenha sido usarem o seu direito Liberdade de Expresso, uma das cinco reas em que a Amnistia Internacional trabalhar durante este ano de aniversrio [ver Dossier desta revista]. As seces vo mobilizar os seus membros e apoiantes para acenderem uma luz pelos Direitos Humanos, atravs de iniciativas como a projeco de fotografias de indivduos em risco em edifcios, ou a formao do smbolo da Amnistia atravs de vrias velas mais pequenas.Penso que qualquer pessoa que faa parte da Amnistia Internacional sente que o poder da Amnistia reside no facto de sermos uma organizao global. Para as pessoas que esto a agir bom saberem que no esto sozinhas, h centenas de milhar de activistas connosco. um sentimento poderoso.Emily Nevins, Subdirectora de CampanhasO logtipo da Amnistia Internacional, feito com as luzes que o caracterizam. Esc. Sec. Dr. Manuel Laranjeiro

EARTH CANDLE O Earth Candle um dispositivo digital que permitir visualizar, de uma forma inspiradora, as aces realizadas pelos activistas durante o ano do 50 aniversrio. Sempre que algum assinar uma das peties associadas a uma das cinco campanhas nas quais est focado o trabalho da Amnistia Internacional neste ano de comemoraes [ver Dossier desta revista], uma luz acender em http:// earthcandle.amnesty.org. Aps participar, cada activista poder procurar a sua vela nesse mesmo endereo e visualizar a quantidade de apoiantes da Amnistia Esc. Sec. Dr. Manuel Laranjeiro

Internacional que, ao assinarem, esto unidos na sua vontade de lutar pelos Direitos Humanos. A Earth Candle permitir aos apoiantes sentirem-se ligados a um movimento global. uma representao em tempo real da participao online na luta pelos Direitos Humanos. O grande objectivo desta iniciativa inspirar milhes de indivduos a agirem como um movimento global, unidos pelos Direitos Humanos. No entanto, apenas as peties das cinco campanhas associadas ao 50 aniversrio estaro ligadas ao Earth Candle. No deixe de visitar o site!

SECES DA AMNISTIA INTERNACIONAL *Burkina Faso, Hungria, Monglia e Ucrnia Repblica Checa, Mali, Paraguai e Eslovquia

Benim Eslovnia Taiwan Togo Polnia Marrocos

Malsia e Moldvia

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* As seces esto referidas por data de criao, tendo depois algumas sido dissolvidas, suspensas ou reabertas. No esto aqui referidos os pases onde a Amnistia Internacional est presente somente atravs de Estruturas, sem ter ainda sido criada uma seco.

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Os 50 Anos da Amnistia Internacional em PortugalTambm em Portugal comemos a celebrar o 50 aniversrio da Amnistia Internacional. Estruturas e Seco apresentam um programa variado que preencher todo este ano e que se seguir at 28 de Maio de 2012. Conhea as actividades que j tiveram lugar e as que iro decorrer e participe.Por Diana Silva Anto

A SECO PORTuGuESA APRESENTA...Para comemorar o 50 aniversrio da Amnistia Internacional, e os 30 anos da seco portuguesa, foi apresentado o documentrio Amnistia Internacional: 30 anos em Portugal, 50 contra a opresso, produzido pela Companhia de Ideias e patrocinado pela RTP2 e pelo Instituto de Cinema e Audiovisual. A festa de antestreia realizou-se a 28 de Maio, na sede da Operao Nariz Vermelho, em Lisboa. Foi tambm apresentado o livro sobre os 30 anos da Amnistia Internacional Portugal, completados a 18 de Maio. Na festa do 50 aniversrio do movimento mais de 40 pessoas marcaram presena e a celebrao no estaria completa se os presentes no fizessem um Brinde liberdade, relembrando o mito fundador e participando num dos momentos globais que marcam este ano de comemoraes. O brinde esteve tambm presente na festa dos 30 anos da seco portuguesa, que decorreu a 18 de Maio na Fbrica

Amnistia Internacional Portugal O Brinde Liberdade da seco portuguesa da Amnistia Internacional, feito a 28 de Maio.

do Brao de Prata, em Lisboa. O evento contou com msica, exposies, tertlias e foi, acima de tudo, um momento de reencontros para os activistas da seco. Os festejos seguem agora rumo aos Festivais de Vero: primeiro ao Msicas do Mundo, em Sines, entre os dias 27 e 30 de Julho, depois para o Andanas, de 4

a 7 de Agosto, em So Pedro do Sul, e por fim Paredes de Coura, de 17 a 20 de Agosto. Mas mais actividades esto a ser preparadas J em Outubro, a propsito do Dia Mundial contra a Pena de Morte, ser realizada uma actividade no Padro dos Descobrimentos, em Lisboa. Com o

ESTRuTuRAS DA AMNISTIA INTERNACIONAL PORTuGAL *Grupo Local 16 / Ribatejo Norte Grupo Local 18 / Braga Grupo Local 1 / Lisboa Grupo Local 6 / Porto Co-Grupo da China Grupo Local 3 / Oeiras Grupo Local 14/ Lourosa Grupo Local 19 / Sintra

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* Os Grupos Locais e Ncleos aqui referidos eram os existentes data de fecho desta edio.

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objectivo de sensibilizar a populao, sero colocadas velas, no planisfrio do monumento, em cada um dos pases retencionistas. No mesmo ms ser ainda possvel visitar uma exposio de Cartoons alusiva aos aniversrios da Amnistia Internacional e da seco portuguesa, resultado da parceria que h vrios anos nos une FECO Portugal Associao de Cartoonistas. Em Dezembro, semelhana do que acontecer em outras seces da Amnistia Internacional, a Maratona de Cartas ser um marco no ano de comemoraes. Para promover este evento, que h dez anos une activistas da organizao em todo o mundo, chegar a Portugal a iniciativa Acenda uma Luz pelos Direitos Humanos, que vai dar a conhecer casos de indivduos em risco. Contamos mais uma vez com a participao dos grupos e ncleos da Amnistia Internacional Portugal. O ano passado recolhemos 5.611 cartas, mas queremos ultrapassar este nmero na edio 2011 da Maratona de Cartas. Ainda este ano haver mais uma oportunidade nica para os activistas da seco portuguesa se reunirem e reflectirem sobre o passado e o futuro do movimento: o Encontro da Amnistia Internacional (ENAI), que ir decorrer em Lisboa. E muito mais surpresas esto agendadas Informaes adicionais nos prximos nmeros da revista e em permanncia em www.amnistia-internacional.pt

A

50 ANIVE RAS COMEMORAM O S ESTRuTu

RSRIO

Grupo

O Grup

stival o no Fe

Local 3/

Oeiras

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a. a e Volt

GRuPO LOCAL 3/OEIRAS o Grupo Local 3 partiGrupo Local 1/Lisboa, Com a colaborao do Ida e Volta, que teve luacional Histrias de onde divulcipou no Festival Intern na de 25 e 26 de Junho, ainda Oeiras, no fim-de-sema gar em onal. O Grupo Local vai de tia Internaci gou o trabalho da Amnis ade do Dia Mundial contra a Pena ivid assinalar os marcar presena na act entos. Tudo isto para para Padro dos Descobrim Morte no ades esto planeadas Outras activid 50 anos da organizao. o Grupo divulgar mais informao. ente o final do ano. Brevem GRuPO LOCAL 19/SINTRA foi o 50 anos, 50 quadros colecnome da exposio al 19, tiva que o Grupo Loc para de Sintra, promoveu io ebrar o 50 aniversr cel tia Internacio Grupo Local 19/Sintra da Amnis o O Brinde Amnis nal, os 30 anos da sec tia e Liberdade da . portuguesa e os 22 trense. Os Estrutura sin exposio quadros estiveram em , desde dia 14 de Maio Alda Casa do Elctrico 24 obras oferecidas na Vila de Junho, 21, e foram vendidas, a 25 . Ainda em Maio, no dia Dios pintores participantes pel conferncia sobre Os u uma o mesmo grupo realizo Felicidade, que Pressuposto da Helereitos Humanos como da Professora Doutora tou com a participao con Humanos em Portugal Direitos na gueda Marujo. Os de Evoluo e Percalos ida do 25 de Abril Actual uiu, desta vez com o Bastoseg foi a conferncia que se dos, Antnio Marinho Pinto, oga nrio da Ordem dos Adv Maio na r presena no dia 28 de a como orador, a marca Liberdade. Tambm Brinde Vila Alda. Seguiu-se o feito sesses para io, o grupo tem ias propsito do aniversr Direitos Humanos em vr ar da organizao e dos fal o intuito Associao o mesm escolas, tendo ido com ormaes na Amadora. Mais inf Moinho da Juventude, no seu s planeados do Grupo nto sobre este e outros eve po.pt/ isp.no.sa blog, em http://grupo19a GruPO LOCAL 32/LEIrIA ersrios da Amnistia Int A propsito dos aniver de tou-se ao Agrupamento nacional, o Grupo jun evento comemoraa um Escolas da Batalha par e presena da comunidad tivo que contou com a s da autarquia. No fal educativa e de elemento ade. Liberd tou o to famoso Brinde

GRuPO LOCAL 6/PORTO Porto, promoveu O Grupo Local 6, do vez um Concurso de Pin pela primeira ordinado ao tema tura e Fotografia sub teve lugar at da Discriminao, que balhos esuns dos tra 18 de Junho. Alg o ms de Julho tiveram expostos todo ra de ao cultural A Cadei s, na associ to. No mesmo m Van Gogh, no Por Grupo promoveu e no mesmo local, o o Documentrios, intitulad um Ciclo de . Aces de coRetratos Rasgados s da Amnistia memorao dos 50 ano mpanhe as Portugal. Aco Internacional http://aiporto. actividades do grupo em om/ blogspot.c

DO CAStELO GruPO LOCAL 24/vIANA tia po Local 24 da Amnis Pela segunda vez, o Gru as dos Direitos Huos Di Internacional promoveu a e lugar de 21 de Maio manos. A iniciativa tev ma de comemorar o 30 for 4 de Junho e foi uma s do portuguesa e os 50 ano aniversrio da seco o livro mbito, foi apresentado movimento. Neste a presena de Nicolas Inocente, Not Guilty, com rcia Lucas, autora. , e Pat Bento, o protagonista s concerto pelos Direito Foi ainda realizado um participao do Coro a Humanos na SIRD, com e a Escola de Msica e Infanto-Juvenil de Darqu odeputado, e Pedro , eur Amadeu. Carlos Coelho rsidade do Mios, professor da Unive ate sobre os Vasconcel vidados de um deb nho, foram os con o moderado por Armand 50 anos da organizao, 50 Anos da Amnistia po. Borlido, membro do Gru o que os vianenses osi Internacional foi a exp uns dias em Maio. m visitar durante alg pudera

ESTRuTuRAS DA AMNISTIA INTERNACIONAL PORTuGAL *Grupo Local 32 / Leiria Ncleo LGBT Co-Grupo da Pena de Morte Ncleo de Crianas (Vila Nova de Famalico)

Grupo Local 24 / Viana do Castelo

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* Os Grupos Locais e Ncleos aqui referidos eram os existentes data de fecho desta edio.

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GRuPOS E NCLEOS DA AMNISTIA INTERNACIONAL (grupo, localidade, coordenador, email, blogue) GRuPO LOCAL 01 (Lisboa) Coordenador a designar: grupo1.aiportugal@gmail. com; http://grupo1aiportugal.blogspot.com/ GRuPO LOCAL 03 (Oeiras) Luclia-Jos Justino: [email protected] GRuPO LOCAL 06 (Porto) Virgnia Silva: [email protected]; http://aiporto. blogspot.com GRuPO LOCAL 14 (Lourosa) Valdemar Mota: [email protected] GRuPO LOCAL 16 (Ribatejo Norte) Yvonne Wolf: [email protected] GruPO LOCAL 18 (braga) Jos Lus Gomes: [email protected] GRuPO LOCAL 19 (Sintra) Fernando Sousa: [email protected]; http://blog19.blogspot.com ; http://grupo19aisp.no.sapo.pt GruPO LOCAL 24 (viana do Castelo) Lus Braga: [email protected] GruPO LOCAL 32 (Leiria) Maria Fernanda Ruivo: [email protected] GRuPO LOCAL 33 (Aveiro) Alexandra Monteiro: [email protected]; http://amnistiaveiro.blogspot.com/ GRuPO LOCAL 34 (Matosinhos) Maria Otlia Reisinho: amnistia.matosinhos@gmail. com; http://nucleodematosinhos.blogspot.com/ NCLEO DE ALMADA Marlene Oliveira da Conceio: ai.nucleoalmada@ gmail.com; http://ai-nucleoalmada.blogspot.com/ NCLEO DE ARCOS DE VALDEVEz Coordenador a designar NCLEO DE COIMbRA Brbara Barata: [email protected]; nucleoaicoimbra.blogspot.com NCLEO DE CRIANAS (Vila Nova de Famalico) Vitria Tries: [email protected] NCLEO DE ESTREMOz Maria Cu Pires: [email protected]; amnistiaestremoz.blogspot.com NCLEO DE GuIMARES Cristina Lima: [email protected] NCLEO DO OESTE / CALDAS DA RAINHA Teresa Mendes: [email protected]; http:// aioeste.blogspot.com NCLEO DO PORTO Andr Rubim Rangel: [email protected] NCLEO DE TORRES VEDRAS Ana Lopes: [email protected]; http://blog. comunidades.net/aitorresvedras CO-GRuPO DA CHINA Maria Teresa Nogueira: nogueiramariateresa@gmail. com CO-GRuPO SObRE OS DIREITOS DAS CRIANAS Manuel Almeida dos Santos: [email protected]; cogrupodireitosdascriancas. blogspot.com CO-GRuPO DA PENA DE MORTE Coordenador a designar: ai.contrapenademorte@ gmail.com; http://contrapenademorte.wordpress.com GRuPO DE JuRISTAS Melanie Morais: [email protected] NCLEO LGbT Manuel Magalhes: [email protected]; http://lgbtamnistia.blogspot.com

NCLEO DE ESTREMOz Em parceria com a Cmara Municipa l de Estremoz, o Ncleo da Amnistia Inter nacional daquela cidade promoveu, de 4 a 25 de Maio, a sua 1 Mostra de Documentrios sobre Direitos Humanos , que teve lugar na Casa de Estremoz. O objectivo era fornecer uma pers N pectiva alargada sobre alguns dos cleo d e Estr emoz O Brin desafios que se colocam hoje aos de L iberd ade p Direitos Humanos. Ao ltimo docuelo N cleo. mentri