Águas subterrâneas_ana

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    Presdee da RepbaLuis Incio Lula da Silva

    Msra de Esad d Me AmbeeMarina Silva

    Serer Exeu d Msr dMe AmbeeJoo Paulo Ribeiro Capobianco

    Serer de Reurss Hdrs eAmbee UrbaEustquio Luciano Zica

    Drer de Reurss HdrsJoo Bosco Senra

    Presdee da Assa Brasera de

    uas SuberreasEverton de Oliveira

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    gUAS SUBtERRnEASUM REcURSo A SER conHEciDo E PRotEgiDo

    BRASliA 2007

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    EqUiPE DE ElABoRAo

    Adriana Niemeyer Pires FerreiraClaudia Ferreira Lima

    Fabrcio B. da Fonseca CardosoJlio Tadeu Kettelhut

    colABoRAo

    Celso MarcattoCristhophe Saldanha BalmantIana Cassaro

    Jaciara A. RezendeLaestanislaula Sousa da SilvaLigia Souto FerreiraPriscila Maria Wanderley PereiraRenato Saraiva Ferreira

    ilUStRAES

    Gustavo om de OliveiraClaudia Ferreira Lima

    PRojEto gRfico E REviSoAgncia Crio Comunicao e Negcios

    MiniStRio Do MEio AMBiEntEASSociAo BRASilEiRA DE gUAS SUBtERRnEASPEtRoBRAS

    Contrato 6000.0027020.06.2

    Contrato de Patrocnio que entre si celebram Petrleo Brasileiro S.A. PEROBRAS e a Associao Brasileira de guas Subterrneas Abas I Congresso Aqero Guarani

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    Quando o Ministrio do Meio Ambiente props umnovo modelo para a poltica ambiental, pensou em algocompatvel com o avanado arcabouo legal brasileiro,mas que osse muito alm da agenda do no podee das medidas de reduo de impactos ambientais.Pensou em compartilhar a gesto ambiental comtodos os setores do Governo Federal, envolvendoestados, municpios e Agenda Ambiental Integrada,capaz de agregar conceitos socioambientais ao novociclo de desenvolvimento econmico do pas.

    Ao nal de quatro anos, o Ministrio do MeioAmbiente constata o avano da implantao dessapoltica. Articulaes e parcerias resultaram na

    denio de planos, programas e aes que aplicaramprincpios e critrios para um conceito moderno eapropriado de desenvolvimento. Essa estratgia deintegrao e compartilhamento se estendeu da A-maznia ao semi-rido nordestino, dos programasdestinados a garantir o acesso e a melhoria daqualidade da gua ao controle da poluio, da criaode unidades de conservao ao ortalecimento dolicenciamento ambiental. Por meio de iniciativas emdierentes polticas pblicas, a Poltica AmbientalIntegrada vem consolidando um direcionamento

    prioritrio: contribuir para a promoo dodesenvolvimento sustentvel em todo o pas.

    O Brasil , neste sentido, um pas de dimensescontinentais que apresenta grande disponibilidadehdrica, mas com diversos desaos a serem superadose problemas a serem enrentados. A distribuio dosrecursos hdricos no uniorme, tanto espacial comotemporalmente, eistindo regies com graves cenriosde escassez, em quantidade, com destaque para osemi-rido nordestino, e em qualidade, no caso dasregies mais industrializadas do sudeste do pas.

    No caso das guas subterrneas, quando comparada gesto das guas superciais, notria a deasagemdo conhecimento bsico, do monitoramento e deestudos hidrogeolgicos que indiquem com certograu de certeza o comportamento destas guas ecaractersticas dos aqeros, alm da necessidade deimplementao de mecanismos legais e capacitaotcnica e social.

    A Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente

    Urbano do Ministrio do Meio Ambiente (SRU/MMA) vem debatendo e promovendo a articulaoda questo das guas subterrneas por meio de algunsprogramas e projetos, como o Programa Nacional de

    guas Subterrneas, o Projeto Aqero Guarani,o Programa ISARM Amricas e o Programa guaDoce, assim como no Plano Nacional de RecursosHdricos (PNRH).O Plano Nacional de Recursos Hdricos oidesenvolvido mediante um processo que propiciouampla participao social resultando em importantescontribuies de diversos segmentos, e vem tratandoo tema das guas subterrneas em seu detalhamento,principalmente por meio do Programa VIII Programa Nacional de guas Subterrneas, bemcomo utilizando abordagens transversais e correlatasnos outros programas.

    Para que possamos atribuir s guas subterrneasseu devido valor como recurso estratgico eimportante onte de abastecimento, so necessriasaes no sentido de ampliar os conhecimentostcnicos, implantar uma rede de monitoramentoeetiva, implementar a gesto integrada das guassubterrneas e superciais, bem como a capacitaode tcnicos, gestores e da sociedade em geral.

    Neste sentido, o presente documento apresentaconceitos relevantes para o entendimento das

    peculiaridades da gesto das guas subterrneas, suascaractersticas bsicas, aes de proteo, alm detraar um panorama das principais aes da SRU/MMA relacionadas questo.

    Esperamos que este documento introduza e ortaleao processo de discusso da insero das guassubterrneas na Gesto Integrada de RecursosHdricos, uma vez que este recurso estratgicoprecisa ser eetivamente conhecido para ser protegidoe utilizado de maneira adequada.

    Demonstra-se, assim, por meio do tema das guassubterrneas, a amplitude que as polticas ambientaisassumiram no Brasil nos ltimos quatro anos.

    O MMA tem procurado apontar claramente paraum novo paradigma de desenvolvimento econmicoe demonstrar, pelos seus resultados, que este vivel.Temos condies de avanar muito mais porque hojesabemos que as polticas pblicas podem dar respostasaos desaos civilizatrios brasileiros. Penso que este o recado que estamos recebendo da sociedade e que

    nos anima a continuar no caminho.MARinA SilvA

    Ministra de Estado do Meio Ambiente

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    Precio

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    1 intRoDUo .................................................................................................72 DiStRiBUio E DiSPoniBiliDADE DE gUA ......................................83AS gUAS SUBtERRnEAS no ciclo HiDRolgico ...................104oS AqUfERoS E SUAS cARActERSticAS ........................................11 4.1 ipos de Aqeros ....................................................................................................... 12

    4.2 A Dinmica de Reabastecimento dos Aqeros As reas de Recarga ............ 15

    5PRoPRiEDADES DAS gUAS SUBtERRnEAS ...................................166 iMPActoS SoBRE AS gUAS SUBtERRnEAS ..................................18

    7PAnoRAMA DAS gUAS SUBtERRnEAS ..........................................217.1 guas Subterrneas no Mundo .................................................................................. 217.2 guas Subterrneas no Brasil ...................................................................................... 22

    8A gESto DAS gUAS SUBtERRnEAS .............................................26

    8.1 Arcabouo Institucional e Legal da Gesto das guas Subterrneas .................. 268.2 Algumas Estratgias de Proteo, Conservao eGesto das guas Subterrneas ......................................................................................... 28

    9PRinciPAiS AES DA SRU/MMA EM gUAS SUBtERRnEAS ....30

    10BiBliogRAfiA .........................................................................................

    3711onDE oBtER MAiS infoRMAES ..................................................38

    Sumrio

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    1 introduoA gua um elemento undamental para a manuteno de todas as ormas de vida em nosso planeta.Apesar de dois teros da supercie da Terra ser coberta por gua, apenas uma pequena poro dessa

    gua doce.De toda a gua doce disponvel para consumo, 96% proveniente de gua subterrnea. So elas asresponsveis pela garantia da sobrevivncia de parte signicativa da populao mundial. Pases comoArbia Saudita, Dinamarca e Malta utilizam eclusivamente dessas guas para todo o abastecimentohumano. Enquanto que na ustria, Alemanha, Blgica, Frana, Hungria, Itlia, Holanda, Marrocos,Rssia e Sua, mais de 70% da demanda por gua atendida por manancial hdrico subterrneo(CPRM, 1997).

    No Brasil, segundo dados do IBGE (2000), cerca de 55 % dos distritos so abastecidos por guasubterrnea. Cidades como Ribeiro Preto (SP), Macei (AL), Mossor (RN) e Manaus (AM), supremtodas as suas necessidades hdricas utilizando esse tipo de abastecimento. Alm de atender diretamente populao, esses recursos so utilizados na indstria, agricultura (irrigao), lazer, etc.

    Em uno dessa crescente demanda, as gua subterrneas esto sob orte presso. A supereplotao,ou seja, a etrao de gua em volume maior do que o reposto pela natureza, pode provocar a reduoda quantidade de gua que abastece os rios, a seca de nascentes, o esgotamento dos reservatrios, entretantos outros impactos negativos.

    Somam-se a esses os problemas relacionados com a contaminao das guas pelas atividades humanas(ao antrpica), sendo as principais ontes de poluio: as ossas, os esgotos domsticos e industriais,

    os vazamentos em postos de gasolina, os lies, os agroticos utilizados na agricultura, os poosproundos mal instalados ou abandonados, entre outros.

    A poluio provocada pelas atividades humanas, o aumento da populao mundial, o consumo ecessivoe o alto grau de desperdcio so atores que colocam em risco a disponibilidade de gua doce. Porsua importncia estratgica para as geraes presentes e uturas, nossas reservas de gua subterrneanecessitam de um cuidado especial, para sua preservao e utilizao de orma sustentvel.

    A maior parte da populao brasileira tem pouca inormao sobre as guas subterrneas, sua dinmica,os possveis impactos e suas potencialidades de uso. Considerando que o conhecimento undamental

    no processo de preservao dos recursos naturais, a Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbanodo Ministrio do Meio Ambiente (SRU/MMA) e a Associao Brasileira de guas Subterrneas(Abas) produziram este documento, com o intuito de acilitar o acesso s inormaes necessrias conservao e ao uso sustentvel desse bem natural.

    Ao longo deste documento, sero apresentadas noes bsicas e as particularidades das guas subterrneas,com uma contetualizao sobre sua ocorrncia e a indicao das normas legais ederais relacionadas sua gesto. O objetivo o de disseminar inormaes relativas s guas subterrneas para aos atoresdo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos a m de ampliar o conhecimento paradar base Gesto Integrada de Recursos Hdricos (GIRH). Tambm sero apresentadas de orma

    sinttica as aes da SRU/MMA relacionadas ao tema, como o Plano Nacional de Recursos Hdricos,o Programa de guas Subterrneas, o Programa ISARM Amricas, o Projeto Aqero Guarani eo Programa gua Doce. Por m, so recomendados alguns stios eletrnicos, livros e documentosdestinados a um maior aproundamento sobre os conhecimentos reerentes s guas subterrneas.

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    2 diStriBuio e diSPoniBiLidAde de GuAA maior parte da supercie da Terra est coberta por gua (70%), por isso a chamamos dePlaneta Azul. Do volume total de gua do planeta, 97,5% salgada, compondo os mares e

    oceanos, e apenas 2,5% doce.Porm, da gua doce eistente na Terra, 68,9% ormam as calotas polares, geleiras e neves eternas(que cobrem os cumes das montanhas), 0,9% corresponde umidade do solo e pntanos, 0,3%aos rios e lagos, e os 29,9% restantes so guas subterrneas.

    Desta maneira, do total de gua doce disponvel para consumo, descontando-se aquela presentenas calotas polares, geleiras e neves eternas, as guas subterrneas representam um total de96%, conorme apresentado na Figura 1.

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    Figura 1 Distribuio da gua na erra.

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    ABUnDnciA

    > 20.000

    MUito Rico10.000 A 20.000

    Rico3.000 A 10.000

    RORAIMA

    AMAZONAS

    AMAP

    ACRE

    MAO GROSSO

    PARRONDNIA

    OCANINS

    GOIS

    MAO GROSSO DO SUL

    RIO GRANDE DO SUL

    MARANHO

    PARAN

    SANA CAARINA

    MINAS GERAIS

    PIAU

    ESPRIO SANO

    BAHIA

    SO PAULO

    CEAR

    RIO DE JANEIRO

    ALAGOAS

    RIO GRANDE DO NORE

    SERGIPE

    DISRIO FEDERALPARABA

    PERNAMBUCO

    1.147.668

    657.160

    410.874

    276.220

    208.557

    181.629108.857

    106.128

    56.743

    33.542

    18.650

    14.987

    11.858

    11.575

    10.838

    8.722

    6.070

    2.747

    2.482

    2.086

    2.057

    1.559

    1.549

    1.457

    1.3651.336

    1.187

    372.3

    1.848.30

    196

    154

    522.3

    1.124.70150.2

    122.8

    283.9

    69.7

    190

    84.7

    113.4

    62

    193.9

    24.8

    18

    35.9

    91.9

    15.5

    29.6

    4.4

    4.3

    2.6

    2.84.6

    9.4

    6.49

    32.24

    3.42

    2.69

    9.11

    19.622.62

    2.14

    4.95

    1.22

    3.31

    1.48

    1.98

    1.08

    3.38

    0.43

    0.33

    0.67

    1.6

    0.27

    0.52

    0.08

    0.08

    0.05

    0.050.08

    0.16

    PoBRES< 3.000

    cRticA< 1.500

    DiSPoniBiliDADE

    HDRicA PER cAPitA

    M3/HAB/Ano

    EStADo

    DiSPoniBiliDADE

    HDRicA PER cAPitA

    M3/HAB/Ano

    PotEnciAl

    HDRico

    (kM3/Ano)

    PotEnciAl

    HDRico

    (% Do totAl)

    Fonte: Borghetti et alli, 2004

    A gua doce no est uniormementedistribuda pela supercie do planeta,ocorrendo regies de etrema escassez e outrascom relativa abundncia. No Brasil, um dospases com maior disponibilidade hdrica da

    Terra (13,8%), eistem regies etremamentericas, como a Amaznica, e outras com baiadisponibilidade (Tabela 1).

    Com relao abundncia e distribuiodas guas subterrneas, a situao no dierente. O pas como um todo possui uma

    reserva de guas subterrneas estimada emcerca de 112.000 km3, considerando umaproundidade de at 1000 metros, com umvolume de reabastecimento (recarga) de 3.500km3 anuais (Rebouas, 1997).

    H regies com grande disponibilidadehdrica subterrnea, como aquelas abrangidaspelo Aqero Guarani e regies sedimentaresem geral, e outras pobres, como aquelas deocorrncia das rochas cristalinas no semi-rido brasileiro.

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    Tabela 1 Disponibilidade de gua supercial e subterrnea.Considerou-se apenas a produo hdrica em territrio necional. IBGE (2003)

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    Apesar das denominaes gua supercial,

    subterrnea e atmosrica, importantesalientar que, na realidade, a gua uma s eest sempre mudando de condio. A gua queprecipita na orma de chuva, neve ou granizo,

    j esteve no subsolo, em icebergs e passou

    pelos rios e oceanos. A gua est sempre emmovimento; graas a isto que ocorrem: achuva, a neve, os rios, lagos, oceanos, as nuvense as guas subterrneas.

    Figura 2 Ciclo Hidrolgico

    O ciclo hidrolgico, ou ciclo da gua, omovimento contnuo da gua presente nosoceanos, continentes (supercie, solo e rocha)e na atmosera (Figura 2). Esse movimento alimentado pela ora da gravidade e pelaenergia do Sol, que provocam a evaporaodas guas dos oceanos e dos continentes.Na atmosera, orma as nuvens que, quandocarregadas, provocam precipitaes, na orma

    de chuva, granizo, orvalho e neve.Nos continentes, a gua precipitada podeseguir os dierentes caminhos:

    Inltra e percola (passagem lenta de umlquido atravs de um meio) no solo ou nasrochas, podendo ormar aqeros, ressurgirna supercie na orma de nascentes, ontes,pntanos, ou alimentar rios e lagos.

    Flui lentamente entre as partculas e espaosvazios dos solos e das rochas, podendo cararmazenada por um perodo muito varivel,ormando os aqeros.

    Escoa sobre a supercie, nos casos em que aprecipitao maior do que a capacidade deabsoro do solo.

    Evapora retornando atmosera. Em adio

    a essa evaporao da gua dos solos, rios elagos, uma parte da gua absorvida pelasplantas. Essas, por sua vez, liberam a guapara a atmosera atravs da transpirao. Aesse conjunto, evaporao mais transpirao,d-se o nome de evapotranspirao.

    Congela ormando as camadas de gelo noscumes de montanha e geleiras.

    3 AS GuAS SuBterrneAS e o cicLoHidroLGico

    Evaporao

    PrecipitaoGeleiras

    DegeloInfiltrao

    Infiltrao

    EscoamentoSuperficial

    Evapotranspirao

    Mar

    Fraturasna Rocha

    Fluxo gua Subterrnea

    FluxoBaseRio

    InfiltraoRecarga

    Descarg

    a

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    Figura 3 Caracterizao esquemtica daszonas saturadas e no saturadas no subsolo

    Para entendermos melhor o que so os aqeros e suas caractersticas, sero apresentadas

    algumas denies que ajudaro a compreender o tema.As guas subterrneas so aquelas que se encontram sob a supercie da Terra, preenchendoos espaos vazios eistentes entre os gros do solo, rochas e ssuras (rachaduras, quebras,descontinuidades e espaos vazios).

    A Figura 3 mostra o caminho percorrido pelas guas, desde a supercie, passando pela:

    zona no saturada, onde a gua e o ar preenchem os espaos vazios entre os grnulos;

    zona saturada, onde a maioria dos espaos vazios preenchida por gua.

    No limite entre as duas zonas, ocorre o nvel retico, que demarca o contato entre estas,conhecido popularmente como lenol retico.

    4oS AQuferoS e SuAS cArActerSticAS

    11

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    Hidrogeologia a cincia que estuda as guas subterrneas (aqeros), seu movimento,ocorrncia, propriedades, interaes com o meio sico e biolgico, bem como os impactos dasaes dos seres humanos na qualidade e quantidade nessas guas (poluio, contaminao esupereplotao).

    As rochas saturadas que permitem acirculao, armazenamento e etrao de guaso chamadas de aqeros. Geralmente osaqeros possuem a capacidade de armazenargrande quantidade de gua.

    Neste conteto, importante observarque as rochas podem ser classicadasem sedimentares, gneas ou

    metamrcas: gneas (granitos, basaltos, diabsioe piroclsticas) so aquelas ormadasdiretamente pelo magma, materialsimilar aquele lanado pelos vulces.So tambm chamadas rochascristalinas ou embasamento cristalino,onde a gua subterrnea ocorre nas

    raturas e ssuras. sedimentares (conglomerados,arenitos, siltitos, argilitos, pelitos,olhelhos, sedimentos calcrios,lentes, entre outras) so ormadaspor ragmentos de rochas pr-eistentes, desagregados pela eroso,transportados e acumulados em locais

    propcios deposio. So as rochasque compem as bacias sedimentares,ormando os melhores aqeros.

    metamrcas (metassedimentos,metacalcrios, mrmores, gnaisses,istos, milonitos, etc) so ormadaspela transormao de outras rochas,sob ao da presso ou temperatura.

    (Adaptado de Abas,1999)

    4.1 tipos de aqerosOs aqeros podem ser classicados quantoaos tipos de espaos vazios em (Figura 4):

    p com gua armaze-nada nos espaos entre os groscriados durante a ormaoda rocha; o caso das rochassedimentares, como os arenitosdo Sistema Aqero Guarani.Os aqeros porosos uncionamcom esponjas onde os espaosvazios so ocupados por gua.

    c/ c a guacircula pelas ssuras resultantes

    do raturamento das rochasrelativamente impermeveis(gneas ou metamrcas), comoos basaltos, que esto sobrearenitos do Guarani.

    c Cc So os aqe-ros ormados em rochas car-bonticas (sedimentares, gne-

    as ou metamrcas). Consti-tuem um tipo peculiar deaqero raturado, onde asraturas, devido dissoluodo carbonato pela gua, podematingir aberturas muito grandes,criando, neste caso, verdadeirosrios subterrneos. So eemplos

    destes, as regies da Gruta deMaquin, So Domingos, Vale do Ribeira eBonito.

    Figura 4 Classifcaodos tipos de aqeros,quanto a porosidade

    12

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    Figura 5 Classifcao dos aqeros, com respectivos nveis de presso.

    13

    Pode-se tambm classicar os aqerossegundo a sua posio e estrutura (Figura 5):

    lv aqeros que se localizam maisprimos supercie. Como no caso do aq-ero Pantanal.

    Cf presena de uma camadade menor permeabilidade (connante) quesubmete as guas a uma presso superior

    atmosrica, caso da poro central do SistemaAqero Guarani. Nos aqeros connadosos poos tubulares proundos podem apre-sentar artesianismo, isto , a gua jorra dopoo sem necessidade de equipamento de

    bombeamento.c scf situao intermedi-ria entre os dois.

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    O acesso dos seres humanos s guas subterrneas normalmente se d por meio da peruraode poos. Estes podem ser escavados manualmente, como as cacimbas, poos amazonas ecisternas ou perurados com equipamentos, caso dos poos tubulares proundos. (Figura 6)

    Figura 6 Perfl esquemtico de poos tubulares proundos em rochas sedimentares e cristalinas14

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    4. 2 a dinmiCa de reabas-teCimento dos aqeros as reas de reCarga

    A maioria dos aqeros so constantemente

    reabastecidos. O processo por meio do qualum aqero recebe gua chamado derecarga.

    A recarga natural depende undamentalmentedo regime pluviomtrico (quantidade dechuvas) e do equilbrio que se estabelece entrea inltrao, escoamento e evaporao. Sendoassim, a topograa da rea, a natureza do solo

    e a situao atual da cobertura vegetal, tmpapel undamental na recarga dos aqeros.

    Os aqeros so reabastecidos por meio deinltrao direta das guas na supercie dosolo/rocha (recarga direta). Esta inltraoocorre em toda supercie dos aqeros livres

    ou, no caso dos aqeros connados, nas reasde aforamento (reas onde a rocha aparecena supercie).

    Porm, eistem locais em que os aqerosno esto em contato direto com as guassuperciais, mas continuam a ser recarregados.Nesse caso, os aqeros recebem gua atravsde outras rochas (recarga indireta). Videgura 5.

    As reas de recarga direta geralmente estolocalizadas em altos topogrcos (morros,serras, etc) e aforamentos de rochassedimentares. So reas etremamenteimportantes para a manuteno da qualidadee quantidade das guas subterrneas.Portanto, undamental que estas reas sejamprotegidas, evitando-se o desmatamento,o uso incorreto dos solos e a instalao deatividades potencialmente poluidoras.

    15

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    Alm disso, estas caractersticas e propriedadesconerem s guas subterrneas diversasvantagens entre elas:

    Qualidade As guas subterrneas possuemelevado padro de qualidade sico-qumica

    e bacteriolgica. Por serem naturalmenteprotegidas (mas no imunes) dos agentesde poluio e contaminao, essas guas

    dispensam, na maioria dos casos, tratamentosico-qumico.

    Quantidade Os volumes so superiores aosdas guas superciais. Sua vazo (quantidadede gua/tempo) menos aetada por perodos

    de estiagem prolongada e no apresenta perdaspor evaporao, como nos reservatrios desupercie.

    Figura 7 Principais unes dos aqeros (Adaptado de Rebouas,1997 e Rebouas et al., 2002).

    5ProPriedAdeS dAS GuAS SuBterrneASCom a crescente degradao da qualidade das guas superciais, as guas subterrneas tendema assumir uma posio de maior importncia. Devido s suas caractersticas e propriedades

    podem eercer dierentes unes que so apresentadas na Figura 7.

    PRinciPAiS fUnES DoS AqfERoS

    produoFornecem gua em quantidade e qualidade adequadas

    para os usos mltiplos

    estoCagem e regularizao

    Armazenam gua em perodos de chuva e cedem em pocasde estiagem para rios e lagos

    filtragemAtuam como fltros naturais, minimizando os custos

    de tratamento para consumo

    transporteConduzem gua de uma rea de recarga (onde a gua infltra) para

    as reas de bombeamento, onde esto situados os poos

    estratgiCaProtegem a gua armazenada tanto da evaporao,como das conseqncias das guerras e sabotagens

    energtiCaPermitem a utilizao da gua subterrnea aquecida pelo gradiente geotermal, como

    onte de energia eltrica ou termal

    ambientalFornecem gua para a manuteno dos ecossistemas e da biodiversidade

    16

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    Distribuio As guas subterrneas ocu-pam reas muito maiores do que a calha deum rio ou lagoa, o que permite a perurao depoos nos locais onde as demandas ocorrem.Nesse sentido, as guas subterrneas acilitam

    a distribuio setorizada, visto que a distnciados poos at o reservatrio ou caia de gua, em geral, de pequena etenso.

    Usos Alm dos diversos usos das guassubterrneas (por eemplo, abastecimento, in-dstria, agricultura, entre outros), aquelas queapresentam temperaturas elevadas tambmpodem ser eploradas economicamente em

    atividades relacionadas com o turismo termal(estncias termais) e na indstria.

    Custos O valor de perurao dos poos,assim como os prazos de eecuo, sogeralmente ineriores aos necessrios para asobras de captao e transporte de guas desupercie. Outro ator a ser destacado aacilidade da perurao de poos que permite

    planejar a implantao gradual do sistema deabastecimento medida que cresce a demanda,e os custos de manuteno e operao somais baios. Alm disso, no h custo dearmazenamento primrio, como nas barragense audes, e no requer a desapropriao degrandes reas.

    Meio ambiente Os impactos ambientaisrelacionados com as instalaes para oaproveitamento das guas subterrneasso consideravelmente pequenos, quandoinstalados e operados adequadamente,cando restritos a rea de captao (pootubular). Para eeito de comparao citam-se os impactos causados pelas barragens, queenvolvem grandes reas e alteram o equilbrio

    dos ecossistemas.

    Por outro lado, devido as suas peculiaridades asguas subterrneas eigem certos cuidados:

    A renovao (recarga) das guas retiradasdos aqeros nem sempre ocorre na mesmavelocidade da etrao, o que pode provocara supereplotao ou sua eausto. Nessesentido, a eplorao das guas subterrneaseige um monitoramento constante dos vo-lumes etrados.

    Por estarem escondidas no subsolo, as -guas subterrneas so mais diceis de seremavaliadas, eigindo metodologias compleas.

    A baia circulao da gua nas raturas (a-qeros ssurais), principalmente em reascom ndice elevado de evaporao, podeprovocar a salinizao (aumento do teor desal) do aqero.

    A eplorao dos aqeros de orma ina-dequada, principalmente em reas carbonticas,pode causar subsidncia (aundamentos) de

    terrenos como, por eemplo, o que ocorre naregio de Sete Lagoas (MG).

    No caso de poluio ou contaminao oscustos e a compleidade tcnica de remediao(processo de despoluio e minimizao dosimpactos negativos) e recuperao podem seretremamente elevados, demandado longosperodos.

    Alm disso, a alta de monitoramento, conhe-cimento e pessoal tcnico especializado emguas subterrneas so desaos a seremsuperados na gesto integrada e sistmica derecursos hdricos.

    Fonte: Adaptado de Feitosa CPRM (1997) eAbeas (1999).

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    6 imPActoS SoBre AS GuAS SuBterrneASCom o crescimento das cidades e aumento dademanda por gua, tanto em ambiente urbanoquanto rural, os problemas envolvendo amanuteno da qualidade e da quantidade dasguas superciais e subterrneas tendem a seagravar. Neste conteto, importante lembrarque tudo que aeta as guas subterrneas podetambm aetar as guas superciais, j queestas possuem uma orte relao.

    No Brasil, os problemas mais comuns dasguas subterrneas esto relacionados com asupereplotao, impermeabilizao do solo ecom a poluio.

    a) superexplotao

    A supereplotao, ou seja, quando a etrao

    de gua ultrapassa o volume inltrado, podeaetar o escoamento bsico dos rios, secarnascentes, infuenciar os nveis mnimosdos reservatrios, provocar subsidncia(aundamento) dos terre-nos, induzir odeslocamento de gua conta-minada, salinizar,provocar impactos negativos na biodiversidadee at mesmo a eaurir completamente oaqero.

    Em reas litorneas, a supereplotao deaqeros pode provocar a movimentaoda gua do mar no sentido do continente,ocupando os espaos deiados pela gua doce(processo conhecido como intruso da cunhasalina).

    (Adaptado de Feitosa CPRM, 1997)

    b) poluio das guas

    subterrneasDevido s baias velocidades de inltrao eaos processos biolgicos, sicos e qumicosque ocorrem no solo e na zona no saturada,os aqeros so naturalmente mais protegidosda poluio. Porm, ao contrrio das guassuperciais, uma vez ocorrida a poluio, asbaias velocidades de fuo tendem a promover

    uma recuperao muito lenta da qualidade.Dependendo do tipo de contaminante, essarecuperao pode levar anos, com custosmuito elevados, no raro, proibitivos.

    O risco potencial de um determinado aq-ero ser contaminado est relacionado aotipo de contaminante e suas caractersticas,como: litologia (tipo de rocha), hidrogeologia,gradientes hidrulicos (dierena de pressoentre dois pontos), entre outros. A maiorou menor susceptibilidade de um aqero contaminao e poluio chamada devulnerabilidade.

    A poluio/contaminao da gua subter-rnea pode ser direta ou indireta. Ambas

    podem estar relacionadas com as atividadeshumanas e/ou por processos naturais.

    As ontes mais comuns de poluio e conta-minao direta das guas subterrneas so:

    d :descarte de resduos provenientes das ativi-dades industriais, comerciais ou domsticas

    em depsitos a cu aberto, conhecidos comolies. Nessas reas, a gua de chuva e o lquidoresultante do processo de degradao dos

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    resduos orgnicos (denominado chorume),tendem a se inltrar no solo, carreandosubstncias potencialmente poluidoras,metais pesados e organismos patognicos(que provocam doenas).

    e : o lanamento de esgotosdiretamente sobre o solo ou na gua, osvazamentos em coletores de esgotos e autilizao de ossas construdas de ormainadequada constituem as principais causasde contaminao da gua subterrnea.

    av c: ertilizantes e agro-ticos utilizados na agricultura podemcontaminar as guas subterrneas comsubstncias como compostos orgnicos,nitratos, sais e metais pesados. A contaminaopode ser acilitada pelos processos deirrigao mal manejados que, ao aplicaremgua em ecesso, tendem a acilitar que estes

    contaminantes atinjam os aqeros. m: a eplorao de alguns minrios,com ou sem utilizao de substncias qumicasem sua etrao, produz rejeitos lquidos e/ouslidos que podem contaminar os aqeros.

    V c c:vazamentos de tanques em postos decombustveis, oleodutos e gasodutos, alm deacidentes no transporte de substncias ticas,combustveis e lubricantes.

    C: ontes potenciais de conta-minao da gua, principalmente por micro-organismos.

    As ormas mais comuns de poluio/conta-minao indireta so:

    vc c: poluio

    de um aqero mais proundo pelas guas deum aqero livre superior (que ocorre acimado primeiro).

    C n: provocada pelatransormao qumica e dissoluo deminerais, podendo ser agravada pela aoantrpica (aquela provocada pelos seres

    humanos), por eemplo, a salinizao, presenade erro, mangans, carbonatos e outrosminerais associados a ormao rochosa.

    p c / : poos construdos sem critrios tc-nicos, com revestimento corrodo/rachado,sem manuteno e abandonados sem o echa-mento adequado (tamponamento), podemconstituir vias importantes de contaminaodas guas subterrneas.

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    Figura 8 Principais ontes de contaminao de guas subterrneas

    C) impermeabilizaoO crescimento das cidades causa diversosimpactos ao meio ambiente, com refeosdiretos na qualidade e quantidade da gua.A impermeabilizao do solo a partir da cons-truo de casas, prdios, asaltamento de ruas,ausncia de jardins e parques, entre outros,reduz a capacidade de inltrao da gua nosolo.

    Como a gua no encontra locais parainltrar, acaba escoando pela supercie,adquirindo velocidade nas reas de decliveacentuado, em direo s partes baias dorelevo. Os resultados desse processo sobastante conhecidos: reduo do volume degua na recarga dos aqeros, eroso dossolos, enchentes e assoreamento dos cursos degua.

    Normalmente os rios possuem dois leitos,o menor (onde a gua escoa na maior partedo tempo), e o maior, que naturalmenteinundado em perodos de chuvas intensas.A ocupao do leito maior pelos seres humanospotencializa os impactos das enchentes.

    As enchentes causam grandes prejuzos populao, no s materiais, como de sade

    (doenas de veiculao hdrica). Em locaissem redes pluviais e/ou coleta de lio, oescoamento supercial tende a carregargrande quantidade de sedimentos e de liopara os rios, aumentando o risco de enchentee comprometendo ainda mais a qualidadedestas guas.

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    7.1 guas subter-rneas no mundo

    Nas ltimas dcadas, em diver-sos pases, tem-se tornado evi-dente a importncia das guassubterrneas, tanto para o a-bastecimento das populaes,como para outros usos. O ma-pa a seguir procura ilustrar es-

    quematicamente os recursos h-dricos subterrneos do planetae a tabela apresenta alguns dosprincipais aqeros distribudosnos diversos continentes.

    7 PAnorAmA dAS GuAS SuBterrneAS

    Figura 9 Mapa dos recursos hdricos subterrneos do mundoAdaptado de UNESCO, 2003

    (Adaptado de BGR/UNESCO, 2006 e UNESCO, 2001)

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    Tabela 2 - A tabela ao lado mostra os principaisaqeros apresentados por continente.

    Principais baciashidrogeolgicas comaqieros altamenteprodutivos

    rea com estruturacomplea incluindoalguns aqierosimportantes

    rea com aqerosgeralmente pobres,localmente coberto poraqeros aluvionares

    Gelo permanente

    Lagos grandes

    LEGENDA

    noME

    SISTEMA AQFEROAMAZONAS

    (Solimes, Ia, Alter do Cho)

    NBIA

    NORTE SAHARA

    SISTEMA AQFEROGUARANI

    GRANDE BACIAARTESIANA

    HIGH PLAIN(Aqufero Ogallala)

    NORTH CHINA PLAIN

    VECHT

    KALAHARI/KAROO BASIN

    NDIA RIVER PLAIN

    LESTE PRSSIA

    AQFERO RIO GRANDE

    3.95

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    1.2

    1.7

    0.45

    0.14

    0.38

    0.144

    0.560

    0.108

    BOLVIA, BRASIL,COLMBIA, EQUADOR,

    PERU, VENEZUELA

    LBIA, EGITO, CHAD, SUDO

    ARGENTINA, BRASIL,PARAGUAI, URUGUAI

    AUSTRLIA

    ESTADOS UNIDOS

    CHINA

    ALEMANHA E HOLANDA

    NAMBIA, BOSTWANA,FRICA DO SUL

    NDIA E PAQUISTO

    RSSIA, POLNIA E LITUNIA

    ESTADOS UNIDOS E MxICO

    ALGRIA, LBIA E TUNSIA

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    PASES

    REA

    (MilHESkM2)

    volUME

    EStiMADo(BilHES M3)

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    7.2 guas subterrneas no brasil

    Para acilitar o estudo das guas subterrneas, o Brasil oi dividido em regies homogneas,ormando 10 provncias hidrogeolgicas (Figura 10). Estas provncias so regies ondeos sistemas aqeros apresentam condies semelhantes de armazenamento, circulao equalidade de gua.

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    dvs Hgfa naal

    Aapa: (BrASiL.dnPm/cPrm,1981)

    ga 10 rpsa esqa as Pvas Hglgas Basl X Baas Hgfas

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    Tabela 3 Descrio das provncias hidrogeolgicas e principais aqferos do Brasil

    Provncia Escudo Setentrional caracterizada pela ausncia quase total de inormaeshidrogeolgicas, estima-se que os aqeros Boa Vista, Tacatu, e Grupo Roraima e Benecente soos mais promissores, sendo ormados de areias, arenitos nos, mdios e grosseiros.

    O Aqero Boa Vista constitui-se de arenitos com intercalaes de nveis conglomerticos ecamadas pelticas (argila), com poos apresentando vazo mdia de 30 m3/h.

    Provncia Amazonas os melhores aqeros conhecidos so os depsitos arenosos correspondentess Formaes Solimes, I e Alter do Cho, que apresentam bons ndices de produtividade emdiversas reas, como Belm, Ilha de Maraj, Santarm e Manaus (Alter do Cho), alm de RioBranco e Porto Velho (Solimes).

    Os depsitos que compem o Sistema Aqero Solimes so arenitos, conglomerados, siltitos,argilitos e calcrios sltico-argilosos, localizados no topo da seqncia sedimentar da BaciaSedimentar Amaznica, apresentando espessura mima total de 2.200 m. A vazo mdia dos

    poos de 28 m3/h e proundidade mdia de 60 m.

    O Sistema Aqero Alter do Cho ocorre abaio da Formao Solimes, sendo constitudo porarenitos e argilitos, compondo uma espessura mima de 1.250 m. A vazo mdia dos poos de54 m3/h e proundidade mdia de 130 m.

    Provncia Escudo Central estima-se que os aqeros mais promissores correspondem aosarenitos das Formaes Benecente e Pacas Novos.

    Provncia Parnaba apresenta trs sistemas aqeros principais de etenso regional, Poti-Piau,

    Cabeas e Serra Grande, alm de outros menores tais como: Cod, Sambaba, Corda e Itapecurupertencentes bacia sedimentar Parnaba, que apresentam guas de boa qualidade qumica. Opoo jorrante do Vale do Gurguia o Violeta antes de ser tamponado, captava diretamente dossistemas Cabeas e Serra Grande, com vazo de 1000 m3/h.

    O Aqero Poti-Piau constitudo por arenitos, siltitos e olhelhos, localmente calcrios,apresentando espessura mdia de 400 m. As vazes mdias nas pores livre e semi-connada sorespectivamente 18 e 40 m3/h.

    O Sistema Aqero Cabeas apresenta o melhor potencial hidrogeolgico da bacia sedimentar,

    apesar da espessura menor (300 m). Compe-se de arenitos apresentando vazes mdias naporo livre e connada, respectivamente de 12 e 50 m3/h.

    O Sistema Aqero Serra Grande engloba arenitos nos a grossos, nveis de conglomerados eintercalaes de siltitos, apresentando vazes mdias de 6,0 e 14 m3/h, para as poes livres econnadas.

    Provncia So Francisco predominam aqeros raturados crsticos (Chapada Diamantina eBambu). O Bambu ocorre na regio da bacia do rio Verde Grande, e na regio de Sete Lagoas-Lagoa Santa.

    O Sistema Aqero Bambu compreende os metassedimentos, em sua maioria de naturezacarbontica dos Grupos Bambu e Una, alm dos carbonatos da Formao Caatinga. Os poosapresentam vazo mdia de 10 m3/h para uma proundidade mdia de 90 metros.

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    Outro importante sistema aqero a Formao Urucuia, que abastece diversas cidades da Bahiae Gois. Este aqero tem uma uno reguladora para o escoamento de trecho mdio do rio SoFrancisco.

    O Sistema Aqero Urucuia-Areado engloba sedimentos (arenitos muito nos a mdios, comintercalaes de conglomerados, olhelhos e siltitos) apresentando espessura mima de 1.500 m.

    A vazo dos poos na camada superior de at 60 m 3/h, enquanto na inerior pode atingir maisde 600 m3/h.

    Alm destes, vale citar a eistncia de aqeros de menor epresso tais como: Salitre, Jacar,Uruu, Mata da Corda e Parano.

    Provncia Escudo Oriental (6) ocorrem duas subprovncias, a nordeste com potencialhidrogeolgico muito raco e a sudeste, raco a mdio. Na primeira, normalmente s vazes mdiasdos poos so baias (1 a 3 m3/h) e com ocorrncia de sal, j na segunda as vazes so mdias(10 m3/h), com boa qualidade qumica.

    Na subprovncia nordeste (6a) o reduzido potencial hidrogeolgico (disponibilidade de gua) estrelacionada s condies decientes de circulao das guas subterrneas, aliadas s condies doclima semi-rido e presena de rochas cristalinas, que resultam nas taas ecessivas de salinidade.Porm, h ocorrncia de pequenas bacias sedimentares, que apresentam maior potencial, comdestaque para a do Araripe, que cobre uma rea de 11.000 Km 2, com poos de vazes da aia de5 a 150 m3/h para proundidade de 50 a 300 m.

    Na subprovncia sudeste (6b) as condies climticas propiciam um manto de alterao dasrochas cristalinas que podem atingir vrias centenas de metros de espessura, avorecendo melhores

    condies hdricas subterrneas, tanto no aspecto quantitativo como qualitativo. H a ocorrnciade pequenas bacias como a de So Paulo, Taubat e Resende, que tm sua importncia associada presena na rea metropolitana de So Paulo e adjacncias.

    Provncia Paran possui os aqeros mais promissores do pas, tais como o Sistema AqeroGuarani, Bauru-Caiu e Serra Geral e, com menor epresso, o Furnas, Ponta Grossa eAquidauana.

    O Sistema Aqero Bauru-Caiu ocorre no topo da seqncia sedimentar da bacia do Paran,sendo constitudo por arenitos nos a mdios com intercalaes de argilitos e siltitos. Em algumas

    regies intensamente eplotado, com vazes dos poos variando de 10 a 80 m3

    /h, constituindo-se importante onte de abastecimento pblico.

    O Sistema Aqero Serra Geral ormado pelas rochas baslticas que recobrem o SistemaAqero Guarani, tratando-se de rochas cristalinas onde a gua esta associada presena deraturas, ssuras e zonas vesiculares (espaos vazios). Apresenta vazes variveis, podendo chegara 150 m3/h, sendo muito utilizado para o abastecimento nas regies sul e sudeste.

    O Sistema Aqero Guarani , provavelmente, o maior aqero transronterio das Amricas,possuindo uma rea aproimada de 1,2 milhes de Km2 e estendendo-se desde a Bacia Sedimentar

    do Paran (Brasil, Paraguai e Uruguai) at a Bacia do Chaco (Argentina). No Brasil ocorre nosestados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Gois, Minas Gerais, So Paulo, Paran, SantaCatarina e Rio Grande do Sul.

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    Este manancial dispe de um volume de gua de aproimadamente 37.000 km3, em grande partede boa qualidade, porm, eistem reas com a presena de sais, o que pode inviabilizar alguns usos.Em alguns pontos do sistema (pores connadas) ocorrem guas com temperaturas superioresa 30C, que podem ser utilizadas para o turismo termal e at mesmo pela indstria. Suas vazesvariam de 50 a 100 m3/h, com predominncia entre 100 e 500 m3/h.

    Estudos recentes tm sugerido que o Guarani tem partes compartimentadas (compartimentaoem blocos) e levantado dvidas acerca de seus limites reais, especialmente na poro oriental.

    Neste sistema ocorrem os dois tipos de recarga: a direta nas reas de aforamento, onde os arenitosesto em contato com a supercie; e a indireta por meio de gua proveniente das raturas dasrochas da Formao Serra Geral.

    Provncia Escudo Meridional Localiza-se no etremo sul do pas e apresenta alguns aqeros,de pouca epresso, restritos s zonas raturadas cristalinas.

    Provncia Centro-Oeste subdivida em quatro sub-provncias: Ilha do Bananal (9a), Alto xing(9b), Chapada dos Parecis (9c) e Alto Paraguai (9d), com a presena de diversos tipos de rochas,tais como: metamrcas, calcrios, sedimentos, etc.

    O Sistema Aqero Parecis constitudo por arenitos com intercalaes de nveis de conglomeradoe camadas de argila, tendo espessura mdia de 150 m. Poos tubulares construdos neste Sistemaapresentam vazo mdia de 147 m3/h e atendem a todo o sistema de abastecimento de Vilhena RO (ANA, 2005).

    O Sistema Aqero Pantanal, ormado por sedimentos arenosos recentes, com espessuras quepodem atingir mais de 600 metros. Este sistema responsvel pela manuteno do ecossistemapantaneiro.

    Provncia Costeira Est dividida em nove subprovncias: Amap (a); Barreirinhas (b); Ceare Piau (c); Potiguar (d); Pernambuco, Paraba e Rio Grande do Norte (e); Alagoas e Sergipe( ); Recncavo, Tucano e Jatob (g); Rio de Janeiro, Esprito Santo e Bahia (h), Rio Grande doSul (i). Trata-se de bacias sedimentares de pequenas dimenses, com espessuras muito variveis.Comparativamente, a provncia mais ameaada pela orma de etrao das guas subterrneasno Brasil (Rebouas, 2002).

    Os aqeros mais promissores e bem distribudos so os sedimentos do Grupo Barreiras, presentes

    em diversas subprovncias, que abastecem Belm, Recie, So Luiz, Fortaleza e Natal. Destaca-se,ainda, na subprovncia Barreirinhas o Marituba, que junto ao Barreiras, respondem por 80% doabastecimento pblico de Macei. Na subprovncia Cear e Piau ocorrem os aqeros Beberibee Dunas. Na Potiguar destacam-se o Jandara e Au; na Pernambuco, Paraba e Rio Grande doNorte os aqeros Beberibe, Maria Farinha e Gramame; na Recncavo,Tucano e Jatob, Marizal,So Sebastio (que abastece Salvador e Camaari), Ilhas e Tacarutu.

    Fonte: Adaptado de Feitosa CPRM (1997), ANA (2005), Rebouas et al (2002) e

    SRH Plano Nacional de Recursos Hdricos (2006).

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    importante ressaltar que os limites destas provncias no coincidem, necessariamente, com os dasbacias hidrogrcas. Desta orma, os aqeros ou sistemas aqeros, em geral, no guardam relaocom estas, podendo abranger mais de uma bacia hidrogrca, se comportar como nascente ou divisorde bacias ou ainda constituir o baio curso (mais primo da oz) de uma ou mais bacias.

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    8.1. arCabouo instituCio-

    nal e legal da gesto dasguas subterrneas

    A primeira lei que disps sobre guas no Brasiloi o Decreto Lei n 22.643/34 chamadoCdigo das guas que constitui um marcono gerenciamento de recursos hdricos noBrasil, onde as guas podiam ser pblicas ouprivadas.

    Na Constituio Federal de 1988 as guaspassaram a ser de domnio pblico, isto ,todos tm direito ao seu uso. Nesta novaviso, oram estabelecidos dois domnios: daUnio (corpos de gua que atravessam maisde um estado e/ou pas) e dos Estados. Estanorma legal estabelece, ainda, que as guassubterrneas so de domnio estadual.

    A Lei de guas (Lei n 9433/97) estabeleceua Poltica Nacional de Recursos Hdricos e

    o Sistema Nacional de Gerenciamento de

    Recursos Hdricos SINGREH, tendo osseguintes undamentos: a gua um bemde domnio pblico; um recurso natural elimitado, dotado de valor econmico; emsituaes de escassez, o uso prioritrio oconsumo humano e dessedentao animal;uso mltiplo das guas deve ser proporcionadoe a gesto descentralizada e participativa.Entre os objetivos da poltica destaca-se autilizao racional e integrada das guas,tendo como unidade de gerenciamento a baciahidrogrca.

    Alguns estados possuem, alm das leis estaduaisde recursos hdricos, regulamentaes dosinstrumentos de outorga de direito de uso ecobrana pelo uso da gua, bem como, normas

    que tratam da proteo das guas subterrnease da sua gesto.

    8 A GeSto dAS GuAS SuBterrneAS

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    A m de coordenar a gesto integrada derecursos hdricos entre os estados, DistritoFederal, municpios e a Unio, oi criadoo Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hdricos, cujos objetivos so:coordenar, arbitrar administrativamente osconfitos relacionados com os recursos hdricos;implementar a Poltica Nacional de RecursosHdricos; planejar, regular e controlar o uso,a preservao e a recuperao dos recursoshdricos; e promover a cobrana pelo usode recursos hdricos. Este constitudo peloConselho Nacional de Recursos Hdricos(CNRH); Agncia Nacional de guas;

    conselhos de Recursos Hdricos dos estadose do Distrito Federal; Comits de BaciasHidrogrcas; os rgos pblicos dos poderesederal, estaduais, do Distrito Federal emunicipais cujas competncias se relacionemcom a gesto de recursos hdricos; e as agnciasde gua.

    O CNRH, principal instncia do SINGREH,

    possui carter normativo e deliberativo, tendoimportante papel no estabelecimento de diretri-zes complementares para a implementaoda Poltica Nacional de Recursos Hdricose dos instrumentos de gesto nela previstos.Ressalta-se que sua Secretaria Eecutiva eercida pela SRU/MMA. (www.cnrh-srh.gov.br).

    Nas questes relativas s guas subterrneas,o CNRH assessorado pela CmaraTcnica de guas Subterrneas (CTAS),que possui entre suas atribuies: compa-tibilizar as legislaes relativas eploraoe utilizaodestes recursos, propor mecanis-mos institucionais de integrao das -guas superciais e subterrneas, alm demecanismos de proteo e gerenciamento

    das guas subterrneas (Resoluo CNRHn 09/00).

    Uma vez que os rgos estaduais de recursoshdricos so responsveis pela gesto dasguas subterrneas e, portanto, da outorga,apresentando leis dierenciadas, e que os limitesdos aqeros no coincidem, necessariamente,

    com os das bacias hidrogrcas (vide Figura10), nem com os limites administrativos, torna-se necessria a gesto conjunta e articuladaentre estes, intermediada pela Unio.

    Para promover esta articulao, oram atribudas SRH/MMA (atual SRU/MMA),pelo Decreton 5.776/06, diversas competncias, entre asquais se destacam: a proposio de polticas,

    planos, normas e a denio de estratgias degesto de guas transronteirias; a promoo,em articulao com rgos e entidades esta-duais, ederais e internacionais, de estudostcnicos relacionados aos recursos hdricos; aproposio de encaminhamento de solues;a coordenao, em sua esera de competncia,da elaborao de planos, programas e projetosnacionais reerentes s guas subterrneas e omonitoramento do desenvolvimento de suasaes, dentro do princpio da gesto integradade recursos hdricos.

    Eistem outras regulamentaes relacio-nadas s guas subterrneas, como a relativa scalizao da qualidade para gua potvel,pela Agncia Nacional Vigilncia Sanitria

    (Anvisa) alm do disciplinamento do uso dasguas minerais, potveis de mesa, balnerias egeotermais que, segundo o Cdigo de guasMinerais (Decreto-Lei n 7.841/45), soconsideradas um bem mineral e cuja concesso disciplinada pelo Departa-mento Nacionalde Produo Mineral (DNPM).

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    t t b d d

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    8.2 algumas estratgiasde proteo, ConserVa-o e gesto das guassubterrneas

    Pelo eposto, observa-se que a Lei de guas,bem como outros diplomas legais visamo estabelecimento da gesto de recursoshdricos de orma mais integrada possvel.

    Uma abordagem integrada pressupe autilizao e gesto coordenada da gua, soloe recursos relacionados, a m de maimizaro bem estar econmico e social resultante,de maneira eqitativa sem comprometer

    a sustentabilidade de ecossistemas vitais,incluindo o desenvolvimento coordenadoe o gerenciamento das guas superciais esubterrneas, bacias hidrogrcas, seus am-bientes adjacentes costeiros e martimos e osinteresses a montante e a jusante (GWP, 2006).Neste sentido, uma eetiva gesto integrada eproteo dos aqeros compreende:

    A coneco e atualizao de mapas devulnerabilidade de aqeros, com identicaodas ontes poluidoras potenciais, integrados gesto de uso e ocupao do solo.

    A insero das guas subterrneas nas po-lticas ederal e estaduais de recursos hdricos.

    O estabelecimento de legislao de proteodas guas subterrneas e insero na gestointegrada dos recursos hdricos.

    A educao ambiental voltada para a proteodas guas subterrneas.

    O estabelecimento de permetros de prote-o, normas construtivas para poos tubularesproundos e scalizao da construo eoperao dos mesmos.

    O monitoramento da qualidade e da quan-tidade das guas subterrneas.

    O acompanhamento das reas contamina-das e o cadastramento de ontes poluidoras.

    A remediao (processo de despoluio eminimizao dos impactos negativos) dasreas contaminadas.

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    A li h d l R li i di li d

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    A scalizao e o acompanhamento dos lan-amentos de efuentes e da disposio deresduos.

    O reconhecimento da gua subterrnea co-mo um recurso estratgico, incentivando

    sistemas de abastecimento mistos.Alm disso, este processo deve contar com aparticipao de toda a sociedade, que podeajudar a proteger as guas subterrneas comatitudes simples, como:

    Antes de perurar um poo deve-se procuraro rgo estadual de recursos hdricos, visando

    obter inormaes sobre normas tcnicas paraa perurao e eigncias para a regularizaode poos tubulares (autorizao paraperurao, licena ambiental e outorga dedireito de uso).

    Contratar empresas idneas de perurao,que possuam: Responsvel Tcnico, Registrono CREA e Atestado de Capacidade Tcnica.

    Eigir que a empresa de perurao apresentea Anotao de Responsabilidade Tcnica(ART) e realize: teste de bombeamento de 24horas, anlise sico-qumica-bacteriorolgica,desineco e devidas medidas de proteosanitria do poo, alm de Relatrio TcnicoDetalhado (contendo, no mnimo: descriodas amostras, interpretao do teste de

    vazo e descrio dos materiais aplicadose quantidades). Esses documentos so ne-cessrios para solicitar a licena e outorga dopoo tubular proundo.

    Perurar poos tubulares proundos somenteem casos de etrema necessidade.

    Destinar a gua proveniente dos poos tu-

    bulares proundos para ns mais nobres (poreemplo, consumo humano) utilizando esserecurso com racionalidade.

    Realizar, periodicamente, as anlises da qua-lidade da gua e a manuteno de rotina dospoos.

    Lanar esgoto somente na rede pblica deesgotamento sanitrio, no na rede de guas

    pluviais. Perurar poos somente em locais com boascondies sanitrias, longe de ossas, lies,criadouros de animais e reas de cultivo.

    Respeitar sempre a legislao e as normas mu-nicipais de uso e ocupao do solo, procurandoparticipar da sua elaborao (Plano Diretor,

    Zoneamento Ambiental, Econmico-Ecolgico, Lei de Uso e Ocupao do Solo,Cdigo de Posturas Urbanas e Estatuto daCidade).

    Evitar a impermeabilizao das reas et-ernas, optando-se, sempre que possvel, por

    jardins, gramados ou hortas (como ormade acilitar a inltrao da gua de chuva no

    solo). Coletar e armazenar a gua de chuva dascalhas dos telhados; essa gua pode serutilizada para os mais diversos ns (irrigaode jardins, limpeza de pisos, etc.).

    Aproveitar as guas j utilizadas, destinando-as para ns menos nobres (por eemplo, a

    gua da mquina de lavar para limpeza depisos, descarga sanitria, entre outros).

    Participar ou indicar seus representantesno Sistema Estadual de Recursos Hdricos,por meio dos comits de bacias ou conselhosestaduais de recursos hdricos.

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    9PrinciPAiS AeS dA Sru/mmA em GuAS SuBterrneAS

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    O Plano Nacional de Recursos Hdricos acordado na Ocina de Detalhamento dos

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    O Plano Nacional de Recursos Hdricos(PNRH) um dos instrumentos da Lei n9433/97, sendo sua elaborao coordenadapela SRU/MMA. Este documento umpacto nacional para a denio de diretrizes

    e polticas pblicas voltadas para a melhoriada oerta de gua, em quantidade e qualidade,gerenciando as demandas e considerandoa gua um elemento estruturante para aimplementao de polticas setoriais, sob atica do desenvolvimento sustentvel e daincluso social. Seus objetivos nalsticosso: a melhoria das disponibilidades hdricas,superciais e subterrneas, em quantidade

    e qualidade; a reduo dos confitos reaise potenciais de uso da gua, bem como doseventos hidrolgicos crticos; a percepo daconservao da gua como valor socioambientalrelevante (SRH/MMA, 2006).

    Entre as seis metas de curto prazo do Plano est elaborao do Programa VIII ProgramaNacional de guas Subterrneas (SRH/MMA, 2006), cujo escopo oi discutido e

    acordado na Ocina de Detalhamento dosProgramas do Plano Nacional de RecursosHdricos, de maro de 2007, com participaode todas as Cmaras Tcnicas do ConselhoNacional de Recursos Hdricos, incluindo a

    de guas Subterrneas, alm de tcnicos devrios estados.

    O Programa Nacional de guas Subterrneastem como objetivo a ampliao dosconhecimentos tcnicos relacionados s guassubterrneas em todo o pas, bem como odesenvolvimento da base legal e institucionalpara a sua adequada gesto, considerando

    o princpio da gesto sistmica, integrada eparticipativa das guas, alm do omento saes de capacitao para a gesto racional eeqitativa destes recursos.

    Alm disso, a SRU/MMA tem tratadodo tema em diversos programas e projetosnacionais e internacionais, conorme apre-sentado a seguir.

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    projeto internaCional de gesto de aqeros

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    projeto internaCional de gesto de aqerostransronteirios das amriCas(isarm amriCas)O International Shared (Transboundary) Aquier Resources Management ISARMAmricas uma iniciativa conjunta da UNESCO e da Secretaria Geral dos EstadosAmericanos (Unidade de Meio Ambiente), com o objetivo de elaborar diretrizes para a gestode aqeros transronteirios por meio de levantamentos de eperincias internacionais e dospases das Amricas, bem como identicar e caracterizar os mesmos, e procurar ontes denanciamento para desenvolvimento de projetos conjuntos com outros pases.

    Com base em levantamento bibliogrco, em inormaes recolhidas e consenso entre os tcnicosrepresentantes dos diversos pases, oram, de orma preliminar, identicados, caracterizados eelaborados esboos geolgicos e dos limites dos onze principais aqeros transronteirios doBrasil com os pases vizinhos. Esta identicao e denio oram baseadas, em sua maioria,

    nos limites das ormaes geolgicas e em alguns casos com base em aspectos como estruturageolgica e geomorologia da regio.

    Os aqeros preliminarmente identicados no Brasil, no escopo deste programa, oram oAmazonas, Pantanal, Boa Vista-Serra do Tucano/North Savanna, Grupo Roraima, Costeiro,Aquidauana/Aquidabn, Litorneo/Chuy, Permo-Carbonero, Serra Geral, Guarani eCaiu-Bauru/Acaray.

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    Figura 14 Mapa dos principais aqeros transronteirios identifcados preliminarmente pelo projeto ISARM Amrcias

    33Obs.: O Aqiero Guarani est representado na Figura 15

    projeto de proteo ambiental e desenVolVimento

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    projeto de proteo ambiental e desenVolVimentosustentVel do sistema aqero guarani

    O Brasil paticipa de um projeto de abrangncia transronteiria que contempla o estudo dasguas subterrneas, o Projeto de Proteo Ambiental e Desenvolvimento Sustentvel do

    Sistema Aqero Guarani (PSAG), que objetiva a ampliao do conhecimento hidrogeolgicobsico, visando dar maior ecincia ao gerenciamento e preservao do Sistema AqeroGuarani pelos quatro pases: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Este projeto ainda prev aimplantao de rede de monitoramento, sistema de inormaes, alm de capacitao, divulgaode sua importncia e educao ambiental.

    Este projeto nanciado com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF GlobalEnvironment Facility) sendo o Banco Mundial a agncia implementadora dos recursos e aOrganizao dos Estados Americanos (OEA), a agncia eecutora internacional do Projeto.

    O PSAG eecutado por meio da Secretaria Geral do Projeto, em estreita coordenao comas quatro agncias eecutoras nacionais. No Brasil, o papel de Agncia Eecutora Nacionaldo projeto desempenhado pela Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano doMinistrio do Meio Ambiente (SRU / MMA).

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    Figura 15 Representao Esquemtica do Aqero Guarani

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    programa gua doCe localidades diusas do semi-rido brasileiro.

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    programa gua doCe

    O Programa gua Doce (PAD) uma ao doGoverno Federal coordenada pelo Ministriodo Meio Ambiente, por meio da Secretariade Recursos Hdricos e Ambiente Urbano(SRU/MMA) em parceria com instituiesederais, estaduais, municipais e da sociedadecivil.

    Sua rea de abrangncia o Semi-rido, queabrange pores dos estados de Alagoas,Bahia, Cear, Paraba, Pernambuco, Piau,Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranho,

    Minas Gerais e Esprito Santo, e ondegrande parte das guas subterrneas captadasesto salinizadas, imprprias para consumohumano.

    Assim, o PAD visa ao estabelecimento deuma poltica pblica permanente de acesso gua de boa qualidade para consumo humano,promovendo e disciplinando a implantao,

    a recuperao e a gesto de sistemas dedessalinizao ambiental e socialmentesustentveis, usando essa ou outras tecnologiasalternativas, para atender, prioritariamente,as populaes de baia renda residentes em

    o a dad d u a do m do a o.

    Para o desenvolvimento do Programa, emcada estado h um Ncleo Estadual, instnciamima de deciso, e uma CoordenaoEstadual, com seu respectivo GrupoEecutivo composto por tcnicos capacitadospelo Programa em cada um dos componentes,coordenados pelo rgo de recursos hdricosestadual. Nas localidades atendidas, a gestodos sistemas realizada pelo Ncleo Local,a partir de um acordo celebrado entre todos,com participao do estado e do municpio.

    O programa prev a recuperao e aimplantao de dessalinizadores em poostubulares, com a disposio do efuente(concentrado) em de leitos de evaporao paraa produo de sal ou, nas comunidades queatendam aos requisitos tcnicos estabelecidospelo programa, sua utilizao em umsistema produtivo integrado sustentvel, quecompreende o aproveitamento na aqicultura

    e, sequencialmente, na irrigao de plantasque absorvam grande quantidade de sal esero utilizadas na alimentao de caprinos eovinos.

    gua Bruta

    Casa doDessalinizador

    gua Potvel

    Caprinos

    Chafariz

    Concentrado

    Poo Laje de Proteo

    Tanque de Peixes

    Atriplex

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    10 BiBLioGrAiA

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    ABEAS. Associao Brasileira de EducaoAgrcola Superior. guas Subterrnas:

    Conceitos, reservas, usos e mitos Braslia,1999.

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    BGR/UNESCO. Groundwater Resources othe World: Transboundary Aquier Systems.

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    BORGHETTI, N. B.; BORGGHETTI, J.R.; ROSA FILHO, E. F. Aqero Guarani: AVerdadeira Integrao dos Pases do Mercosul.Curitiba: Ed. Roberto Marinho, 2004.

    BRASIL. Constituio da Repblica Federa-tiva do Brasil, 1988.

    BRASIL. Poltica Nacional de RecursosHdricos. Lei n 9.433 de 08 de janeiro

    de 1997. Institui a Poltica Nacional deRecursos Hdricos, cria o Sistema Nacionalde Gerenciamento de Recursos Hdricos,regulamenta o inciso xIx do art. 21 daConstituio Federal e altera o art. 1 da Lei n8.001, de 13 de maro de 1990 que modicoua Lei n 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

    BRASIL. Decreto 5.776 de 12 de maio de

    2006. Aprova a estrutura regimental e o quadrodemonstrativo dos cargos em comisso e dasunes graticadas do Ministrio do MeioAmbiente e d outras providncias.

    BRASIL. Conjunto de Normas Legais:recursos hdricos. Resolues do CNRH.Ministrio do Meio Ambiente/Secretariade Recursos hdricos, 4 ed. , Braslia: MMA,

    2006.FEITOSA, Fernando A. C. et al. Hidro-geologia: Conceitos e Aplicaes. Fortaleza:Servio Geolgico do Brasil (CPRM,LABHIDUFPE), 1997.

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    10BiBLioGrAiA

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    11 onde oBter mAiS inormAeS

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    11 onde oBter mAiS inormAeS

    stios eletrniCos

    www.mma.gov.br/srhu

    www.ana.gov.br

    www.cprm.gov.br

    www.abas.org.br

    www.sg-guarani.org

    www.oas.org/dsd/isarm/ISARM_inde.htm

    liVros

    BORGHETTI, N. B.; BORGGHETTI, J.R.; ROSA FILHO, E. F. Aqero Guarani:A Verdadeira Integrao dos Pases do Mercosul.Curitiba: Ed. Roberto Marinho, 2004.

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    FEITOSA, F. A. C. et al. Hidrogeologia: Conceitose Aplicaes. Fortaleza: Servio Geolgico doBrasil (CPRM, LABHIDUFPE), 1997.

    REBOUAS, A. C., BENEDITO, B. TUNDISI,J.G. guas Doces do Brasil: Capital Ecolgico, Uso

    e Conservao. So Paulo: Ed. Escrituras, 1999.

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    seCretaria de reCursos HdriCos e ambiente urbano

    do ministrio do meio ambiente

    d rc Hcgc a s s

    sgan q. 601 e. Cv 430b

    a n b d

    Cep: 70830901

    t. 61 34102084/2086

    : 61 34102085

    [email protected] - www.mma.gov.br/srhu

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