agenda da indústria da bahia · clusivas do setor público (educação, portos, saneamento,...

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1 AGENDA DA INDÚSTRIA DA BAHIA 2019-2022 AGENDA DA INDÚSTRIA DA BAHIA

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1 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

AgendA dA IndústrIA dA BAhIA

2 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 3 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

AgendA dA IndústrIA dA BAhIA2019-2022

Salvador • 2018

5 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA2018 - 2022

PRESIDENTEAntonio Ricardo Alvarez

Alban

VICE-PRESIDENTESAlexi Pelagio Gonçalves

Portela Júnior

Angelo Calmon de Sá Júnior

Carlos Henrique de Oliveira

Passos

Eduardo Catharino Gordilho

João Baptista Ferreira

Josair Santos Bastos

Juan Jose Rosario Lorenzo

Sérgio Pedreira de Oliveira

Souza

DIRETORESEFETIVOS

Ana Claudia Basilio Lima

das Mercês

Cláudio Murilo Micheli

Xavier

Edison Virginio Nogueira

Correia

Jaime Lorenzo Pineiro

Jamilton Nunes da Silva

João Augusto Tararan

João Schaun Schnitman

José Carlos Telles Soares

Julio César Melo de Farias

Luiz Antonio de Oliveira

Luiz Fernando Kunrath

Luiz Garcia Hermida

Paula Cristina Canovas

Amorin

Renata Lomanto Carneiro

Müller

Rogério Lopes de Faria

Vicente Mário Visco Mattos

Waldomiro Vidal de Araújo

Filho

Wilson Galvão Andrade

SUPLENTES

Antonio Roberto Rodrigues

Almeida

Arlene Aparecida Vilpert

Carlos Alberto Barduke

Christian Villela Dunce

Dirceu Alves da Cruz

Marcos Regis Andrade

Mauricio Toledo de Freitas

Paulo Guimarães Misk

Ricardo de Agostini Lagoeiro

Roberto Fiamenghi

Sergio Aloys Heeger

Tiago Motta da Costa

CONSELHO FISCALEFETIVOS

Benedito Almeida Carneiro

Filho

Jefferson Noya Costa Lima

Manuel Ventin Ventin

SUPLENTES

Antonio Geraldo Moraes

Pires

Carlos Antonio Borges

Cohim Silva

Maria Eunice de Souza

Habibe

DELEGADOS PERANTE A CNIEFETIVOS

Antonio Ricardo Alvarez

Alban

Marcelo de Oliveira

Cerqueira

SUPLENTES

José Henrique Nunes

Barreto

Carlos Roberto França

Resende

PRESIDENTEAntonio Ricardo Alvarez

Alban

1º VICE-PRESIDENTEHilton Morais Lima

2º VICE-PRESIDENTEMarcondes Antônio Tavares

de Farias

3º VICE-PRESIDENTEBenedito Almeida Carneiro

Filho

DIRETORESEFETIVOS

Antonio Silva Novaes

Arlene Aparecida Vilpert

Benedito Rosa Ribeiro

Eduardo de Sá Martins da

Costa

Fagner Ramos Ferreira

Givaldo Alves Sobrinho

Jorge Robledo de Oliveira

Chiacchio

Luis Fernando Galvão de

Almeida

Mauricio Lassmann

Rafael Cardoso Valente

Ronaldo Livingstone

Bulhões Ferreira

SUPLENTES

Carlos Antonio Unterberger

Cerentini

Cleber Guimarães Bastos

Gustavo Brandino Secco

Heitor Morais Lima

José Carlos de Almeida

Paula Cristina Canovas

Amorin

Paulo Cesar Correia de

Andrade

Renata Lomanto Carneiro

Muller

Sudário Martins da Costa

Wesley Kelly Felix Carvalho

CONSELHO FISCALEFETIVOS

Felipe Porto dos Anjos

Nilton Teixeira Sampaio

Filho

Roberto Ibrahim Uehbe

SUPLENTES

Lucas Lamego Flores de

Oliveira

Luiz da Costa Neto

Marcia Cristina Ferreira

Gomes

CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA2018 - 2022

7 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

© 2018 Sistema FIEB. Federação das Indústrias do

Estado da Bahia.

É autorizada a reprodução total ou parcial desta

publicação, desde que citada a fonte.

Direitos reservados ao Sistema FIEB.

AgENDA DA INDÚSTRIA DA BAHIA 2019-2022Salvador - 2018

PRESIDENTE

Antonio Ricardo Alvarez Alban

DIRETOR EXECUTIVO

Vladson Bahia Menezes

SUPERINTENDENTE DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

Marcus Emerson Verhine

GERENTE DE ESTUDOS TÉCNICOS

Ricardo Menezes Kawabe

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA • Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 Fone: 71 3343-1265 Homepage: www.fieb.org.br

338.98142

F293a Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Superinten-

dência de Desenvolvimento Industrial.

Agenda da Indústria da Bahia: 2019 - 2022.

Salvador, 2018.

72 p.

ISBN: 85-86125-06-7

1. Bahia - desenvolvimento industrial. 2. Política Industrial. I. Título.

FICHA CATALOGRáFICA

Mensagem do presidente 9

1. Introdução 10

2. Megatendências para a indústria: algumas considerações 16

3. Diagnóstico da economia e da indústria na Bahia 24

4. Propostas de políticas transversais 42

4.1 - Infraestrutura 43

4.2 - Educação 54

4.3 - Ciência, tecnologia e inovação 64

4.4 - Meio ambiente e recursos hídricos 66

4.5 - Ambiente de negócios e desburocratização 70

5. Algumas propostas setoriais 78

5.1 - Complexo da construção 79

5.2 – Complexo de petróleo e gás 81

5.3 – Alimentos e bebidas/agronegócio 85

5.4 – Complexo Madeireiro (celulose e papel,

produtos de madeira) 90

5.5 – Extração mineral e metalurgia 93

5.6 – Novos setores dinâmicos 94

Anexo – Metodologia do ranking de

competitividade dos estados 98

Referências 101

Índice remissivo – tabelas e gráficos 102

EqUIPE

Vladson Bahia Menezes (DE/FIEB)

Marcus Emerson Verhine (SDI/

FIEB)

Ricardo Menezes Kawabe

(Coordenador - GET/SDI/FIEB)

Carlos Danilo Peres Almeida

(GET/SDI/FIEB)

Ana Paula Silveira Almeida (GET/

SDI/FIEB)

Maurício West Pedrão (GRG/FIEB)

Arlinda Coelho (GMARS/SDI/FIEB)

Diego Ravi (GMARS/SDI/FIEB)

Frederico Almeida (GMARS/SDI/

FIEB)

Geane Almeida (GMARS/SDI/FIEB)

Márcia Mariz (GMARS/SDI/FIEB)

Patrícia Orrico (CIN/SDI/FIEB)

Alice Joannon (CIN/SDI/FIEB)

Solange Maria Novis Ribeiro

(SESI)

SUPERVISãO GERAL

Superintendência de

Desenvolvimento

Industrial – SDI

[email protected]

EDIçãO

Carla Bittencourt

CRIAçãO E EDIçãO GRáFICA

Ana Clélia Rebouças

INFOGRAFIA

Bamboo Editora

TRATAMENTO DE IMAGEM

Marcelo Campos

FOTOS

Shutterstock

8 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Federação das Indústrias do Estado da Bahia e seus 43 sindicatos associados apre-

sentam sua Agenda para os próximos quatro anos, buscando assim contribuir com

o governo do Estado para a construção sustentável de uma Bahia competitiva e

socialmente mais justa. Embora o Brasil e a Bahia passem por um dos momentos

mais desafiadores de sua história recente, com dificuldades para encontrar saída de

uma prolongada crise econômica, o momento é oportuno para dialogar com toda

a sociedade e construir uma política estratégica, estabelecendo-se prioridades nas

principais áreas: infraestrutura, educação, ciência, tecnologia e inovação, meio am-

biente e recursos hídricos e ambiente de negócios e desburocratização. Com isso,

acreditamos que a Bahia pode se tornar um exemplo para todo o país.

O alicerce da referida política estratégica do estado da Bahia deve ser o da am-

pla parceria entre o setor público e o privado. Nossa visão é de que não há outra

saída, num contexto de crise econômica e de enorme restrição fiscal. Há a possibi-

lidade de se promover uma série de parcerias em áreas de atuação antes quase ex-

clusivas do setor público (educação, portos, saneamento, energia, etc.), por meio

dos instrumentos legais disponíveis (concessões, PPPs, privatizações, etc.). Essa é

a melhor alternativa para a ampliação e modernização da economia da Bahia nos

próximos anos, o que, não somente dará maior autonomia ao governo estadual

para atuar em outras áreas, como também trará agilidade para investimentos em

um mundo dinâmico, que precisa de respostas rápidas.

Ressaltamos aqui que o presente documento resultou de intensa partici-

pação de lideranças empresariais que integram o sistema de representação da

FIEB, a exemplo de sindicatos da indústria, diretoria e conselhos temáticos. As

contribuições destas lideranças foram fundamentais para a construção desta

Agenda da Indústria, que se propõe a ser um referencial na elaboração das polí-

ticas públicas dirigidas ao setor produtivo.

O objetivo do setor produtivo neste documento é o de trazer uma agenda po-

sitiva, capaz de sinalizar caminhos para o desenvolvimento socioeconômico do

estado da Bahia. Para tanto, ela evidencia a necessidade premente de combater

deficiências sistêmicas, melhorando a produtividade e as condições de competiti-

vidade do setor produtivo baiano.

Ao oferecer ao público a Agenda da Indústria da Bahia, a FIEB cumpre com a

sua missão de apoiar o desenvolvimento e a competitividade das empresas indus-

triais do estado da Bahia. Essa é uma atividade de grande alcance, na medida em

que o seu sucesso estimula a criação de novas oportunidades de mercado e de

geração de emprego, beneficiando a sociedade em toda sua extensão.

MensAgeM do PresIdente

ANTONIO RICARDO

ALVAREz ALbAN,

PRESIDENTE DA FIEb

9 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

10 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

setor industrial brasileiro vem enfrentando um processo de reestrutura-

ção e redução relativa no PIB nos últimos anos, sendo que na Bahia esse

processo tem sido mais intenso. A concentração em poucos segmentos,

a maioria ainda produtora de bens intermediários, convive com uma frag-

mentação produtiva em setores tradicionais, em um quadro generalizado

de perda de competitividade.

O grande desafio dos próximos anos será reverter os efeitos da desindus-

trialização e, ao mesmo tempo, construir um ambiente convergente com um

modelo de desenvolvimento disruptivo, alicerçado na plataforma tecnológica

da Indústria 4.0, que deverá provocar profundas mudanças no setor industrial.

As bases para esse desenvolvimento ultrapassam o plano estadual. A li-

ção do passado recente mostra que é preciso que a sociedade, notadamente

os agentes produtivos, tenha uma perspectiva de estabilidade econômico-

jurídica-social de longo prazo. O papel do governo federal é crucial na criação

de um ambiente favorável aos investimentos, atuando no controle das contas

públicas e na aplicação de recursos em questões prioritárias, a exemplo da

construção de um projeto nacional que eleve substancialmente o nível edu-

cacional do país. Ademais, o Brasil precisa promover reformas estruturais que

modernizem a economia nacional, desonerando a produção e melhorando o

ambiente de negócios, quais sejam:

I. Reforma Administrativa – Aumento da eficiência e da produtividade

da máquina pública e interrupção do crescimento dos gastos de custeio.

II. Reforma da Previdência – Adequação do sistema à nova realidade

demográfica e fim dos desequilíbrios entre os regimes público e privado.

III. Reforma Tributária – Simplificação da legislação e redução da car-

ga tributária.

IV. Reforma Política – aperfeiçoamento do sistema eleitoral brasileiro.

quanto à política industrial, a estratégia de desenvolvimento que a FIEB

referenda está no Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, da CNI, cujo obje-

tivo é “competitividade com sustentabilidade”. De modo sintético, o Mapa da

Indústria identifica onze fatores-chave para a competitividade brasileira, quais

sejam: segurança jurídica; ambiente macroeconômico; eficiência do Estado,

governança e desburocratização; educação; financiamento; recursos naturais

e meio ambiente; tributação; relações de trabalho; infraestrutura; política in-

dustrial, de inovação e de comércio exterior; e produtividade e inovação na

empresa. Um ambiente favorável aos negócios, com segurança jurídica, baixa

burocracia, previsibilidade e atuação eficaz e eficiente do Estado, é condição

necessária para o crescimento sustentado do país. A disponibilidade, o custo

e a qualidade dos fatores de produção de bens e serviços (educação, capital/

financiamento e recursos naturais) afetam diretamente a competitividade das

empresas. A simplificação tributária, a eliminação de distorções, a garantia

do alinhamento com os padrões internacionais de tributação e a moderni-1. Introdução11 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

12 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 13 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

zação das relações de trabalho impactariam os

custos de produção, favorecendo os investimentos

e contribuindo para o aumento de produtividade.

A infraestrutura (tradicionalmente ofertada e/ou

regulada pelo governo) é um importante fator de

competitividade, pois afeta os custos de produção

(energia), além de transação e logística (transporte

e telecomunicações). Uma nova e mais efetiva po-

lítica industrial, alinhada com políticas de inovação

e comércio exterior (integração internacional), é

condição necessária para o desenvolvimento da in-

dústria e do país. Por fim, tem-se o fator-chave pro-

dutividade e inovação, ligado às competências da

empresa industrial e ao apoio do Sistema Indústria

às empresas na busca do aumento de produtivida-

de. Tal aumento está relacionado à oferta de mão

de obra qualificada, bem como à intensificação de

atividades de inovação e à maior integração com o

mercado externo.

Desenvolvimento regional

Outro ponto estratégico é recuperar a agenda da

política de desenvolvimento regional. O Brasil

possui uma elevada concentração de renda, si-

tuando-se entre os países mais desiguais do mundo. Essa concentração

é exacerbada pela centralização da atividade econômica no eixo Sul-Su-

deste. O uso de políticas isoladas, que buscam minimizar os efeitos das

diferenças regionais sobre a competitividade local, não deve ser a tônica

de desenvolvimento. É preciso que sejam adotadas ações objetivas, de ca-

ráter permanente, que passam por maciços investimentos em infraestrutura

física e social e apoio à industrialização das regiões menos desenvolvidas.

Portanto, é preciso que o país considere o desenvolvimento regional como

uma prioridade de integração da nação.

A Agenda proposta pela FIEB, além de referendar os grandes temas da eco-

nomia brasileira, busca colocar na pauta de discussão os desafios das condi-

ções locais, notadamente na redução das deficiências sistêmicas estaduais. O

documento também considera a competividade da economia baiana, priori-

zando o estímulo ao investimento e a melhoria do ambiente de negócios.

A estratégia de atração de investimentos e de desenvolvimento industrial

do Estado deve passar pelo diferencial de infraestrutura, que compense os

maiores custos de um estado periférico, sobretudo quanto à distância dos

mercados consumidores. No contexto de restrição fiscal e de busca pela

maior eficiência na gestão de recursos, é preciso construir parcerias do setor

público com a iniciativa privada para a modernização das áreas de energia

(disponibilidade e qualidade), telecomunicações (com ênfase na banda lar-

ga), infraestrutura logística (aeroportos, portos, rodovias e ferrovias moder-

nas com ênfase na integração) e saneamento (universalização como base

para a saúde pública). É necessária também uma mudança profunda no

modelo de educação, com incentivos à complementariedade de ações en-

tre as diversas esferas do governo e a iniciativa privada, de forma a promo-

ver aumento consistente de produtividade da mão de obra local. Ademais,

é necessário utilizar políticas públicas para propiciar ambiente favorável à

inovação, em parceria com instituições especializadas no tema, de modo

a construir uma estrutura capaz de fortalecer o parque produtivo aqui ins-

talado. Finalmente, a definição de regras claras referentes à utilização de

recursos hídricos, a simplificação dos procedimentos relacionados ao licen-

ciamento ambiental e a desburocratização dos diversos processos que en-

volvem o setor público estadual são cruciais para a melhoria do ambiente

de negócios com impactos significativos na competitividade industrial e no

estímulo ao empreendedorismo.

Concomitante ao desafio de atrair novos investimentos, o governo esta-

dual, com apoio de empresários, deverá buscar o adensamento e a articula-

ção externa do tecido industrial, com foco na atração de empresas capazes

de integrar o Estado às cadeias globais de valor e, onde for possível, nas

ações de encadeamento vertical, induzidas por projetos de desenvolvimento

de fornecedores locais. Além desses movimentos, é importante estimular a

diversificação da indústria, incentivando a cadeia produtora de bens finais.

UmA PROFUNDA

mUDANçA NA EDUCAçãO,

COm AçõES DO GOVERNO

E DA INICIATIVA PRIVADA,

PODE INCREmENTAR A

mãO DE ObRA LOCAL

14 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 15 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Nesse contexto, a FIEB, após consulta aos seus

conselhos temáticos e setoriais e aos sindicatos

patronais afiliados, elaborou a agenda positiva

do setor industrial baiano no sentido de contribuir

para a dinamização da economia local, com ênfase

na maior competitividade da indústria. A despeito

das particularidades dos segmentos industriais e

de suas demandas específicas (que serão apre-

sentadas no final do documento), a FIEB entende

que é preciso priorizar a adoção de políticas trans-

versais que contemplem, horizontalmente, o setor

industrial como um todo, de forma a propiciar um

ambiente de negócios favorável ao investimento e

ao empreendedorismo.

O escOpO dA AgendA

Este documento está divido em quatro capítulos:

Megatendências para a indústria, Diagnóstico da

economia e indústria na Bahia, Propostas de po-

líticas transversais e algumas propostas setoriais.

O capítulo que trata das megatendências para

a indústria sinaliza algumas transformações que

já estão em curso e que deverão se intensificar

nos próximos anos. A expansão dos serviços em

atividades que antes eram classificadas como in-

dustriais, a comoditização da produção industrial

tradicional (sobretudo na China), a necessidade

de agregação de valor obtida pela maior simbiose

entre produto, software embarcado e prestação

de serviços (customização), os desafios relacio-

nados à Indústria 4.0 (conectividade, automação,

inteligência artificial, big data etc.) e as potencia-

lidades da indústria de saúde (medicamentos,

aparelhos e equipamentos, serviços e cuidados

demandados pelo rápido envelhecimento das po-

pulações) são tratados neste capítulo. O objetivo

é apontar o cenário e os principais desafios para a

indústria brasileira e baiana.

O capítulo seguinte apresenta um diagnósti-

co da economia e da indústria local, com foco no

desempenho econômico e industrial do Estado,

que vem perdendo participação relativa no PIB.

É preciso focar também no perfil singular da in-

dústria da Bahia, em que predominam segmen-

tos intensivos em capital e produtores de bens

intermediários, assim como forte concentração

regional, setorial e empresarial. Por fim, faz-se ne-

cessário avaliar o posicionamento desfavorável (e

preocupante) do Estado nos diversos rankings de

competitividade.

Em seguida, são apresentadas propostas de

políticas transversais para melhoria do ambiente

de negócios do Estado. Este é o capítulo central da

agenda, cujo foco está na superação de gargalos

dos principais condicionantes de competitividade,

seja para enfrentar os novos desafios da indústria,

seja para alavancar o desempenho da indústria

tradicional aqui já instalada. As propostas estão

agrupadas em cinco blocos: Infraestrutura (mo-

dal rodoviário, modal marítimo/portuário, modal

ferroviário, modal aeroportuário, energia elétrica,

água e saneamento, infraestrutura urbana, tele-

fonia/telecomunicações e distritos industriais),

Educação (educação básica e educação superior),

Pesquisa, Desenvolvimento e inovação, Meio Am-

biente e recursos hídricos, Melhoria do ambiente

de negócios e Desburocratização.

O último capítulo apresenta propostas de polí-

ticas setoriais que refletem as agendas específicas

dos sindicatos patronais e possuem potencial de

encadeamento e/ou multiplicador da economia

baiana. Setores elencados: complexo da constru-

ção, complexo de petróleo e gás (extração, refino

e transformação petroquímica), alimentos e bebi-

das/agronegócio, complexo madeireiro (produção

de celulose e papel, móveis e outros produtos de

madeira), metalurgia e extração mineral.

A expectativa é a de que as políticas sugeri-

das neste documento sejam apreciadas pelos

candidatos ao governo do Estado para o período

2019-2022 e que sejam desdobradas em ações

efetivas que promovam a melhoria do ambiente

de negócios da Bahia. A FIEB pretende desempe-

nhar papel ativo na cobrança e no monitoramento

de implementação das propostas da Agenda da

Indústria da Bahia.

COm A AGENDA

DA INDúSTRIA

DA bAHIA, A

FIEb PROPõE

mONITORAR A

ImPLEmENTAçãO

DE mUDANçAS E

CObRá-LAS AO

PODER PúbLICO

LúCI

O T

áVO

RA/C

OPE

RPH

OTO

/SIS

TEM

A FI

EB

16 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

as últimas décadas, principalmente a partir da virada do século, um conjunto

de modificações em curso na sociedade e na economia do planeta vem apon-

tando para uma significativa transformação nas formas de produzir e concorrer

assumidas pelas empresas. Algumas dessas mudanças já estão consolidadas,

enquanto outras ainda apresentam características embrionárias e, às vezes, de

difícil identificação. O desafio deste capítulo é mapear de forma simplificada

esse conjunto de tendências, que certamente condicionará não apenas a con-

corrência, mas também as políticas públicas, que devem procurar estimular o

desenvolvimento econômico e a inclusão social em um cenário de transforma-

ções contínuas. O desenho de políticas para a Bahia certamente será condi-

cionado por esse panorama, ainda que o estado esteja muito longe da ponta

tecnológica no conjunto das atividades.

Um movimento que se identifica claramente, e já há várias décadas, é a

redução da participação do setor secundário, e da indústria de transformação

em particular, na economia mundial. Como pode ser percebido no Gráfico 1,

segundo dados do Banco Mundial, a indústria em geral (setor secundário), que

chegava a quase 34% do PIB mundial em 1995, representou menos de 28% em

2015, pior momento dessa série recente.

Na raiz dessa alteração está o fato de que o desenvolvimento econô-

mico implica o crescimento de atividades modernas no setor de serviços,

acompanhadas também pela migração de atividades industriais, sobretudo

2. Megatendências para a indústria: algumas considerações

17 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Fonte: World Bank national accounts data, and OECD National Accounts data files. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 1 - World: Industry, value added (% of GDP)

20,01995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

22,0

24,0

26,0

28,0

30,0

32,0

34,0

36,0

33,9 33,8 31,2 30,4 30,3 30,9 30,0 29,5 29,6 30,0 30,3 30,5 30,2 30,0 28,2 29,0 29,1 28,7 28,3 28,2 27,3 29,3

33,9 33,8

31,230,4

30,3

30,9

30,029,5 29,6 30,0

30,3 30,5

30,2

30,0

28,2

29,0 29,1 28,7

28,3 28,227,3

29,3

18 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 19 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

as menos intensivas em tecnologia, para países

em desenvolvimento. Assim, principalmente nas

economias avançadas, a indústria perde partici-

pação no PIB1, enquanto o setor terciário ganha

proeminência.

Esse movimento, inicialmente, é acompanhado

pelo crescimento da indústria nas chamadas eco-

nomias emergentes, o que aconteceu, entre outros

países, no Brasil e na Coréia do Sul, a partir da se-

gunda metade do século passado, e, de maneira in-

tensa, na China a partir da última década do século

XX. Mais recentemente, verifica-se uma espécie de

comoditização da produção industrial tradicional,

dominada sobretudo pela China, além de outros

países de baixo custo. Acontece que, à medida que

as economias menos desenvolvidas avançam, o

mesmo movimento de intensificação do setor ter-

ciário acontece, com redução relativa da atividade

industrial. Em alguns casos, como o do Brasil, mes-

mo sem crescimento significativo das atividades

de ponta no setor de serviços, verifica-se uma difi-

culdade de inserção industrial em um ambiente de

acirramento da concorrência internacional e o setor

acaba perdendo participação no PIB.

O fato é que tal movimento, com diferentes

níveis de intensidade, apresenta-se como uma

característica do desenvolvimento econômico e

atinge a economia mundial em sua totalidade. Por

outro lado, a expansão do setor de serviços altera

a configuração econômica e resulta diretamente da

expansão do nível de renda média da população.

Ao lado disso, a urbanização que se intensifi-

cou nas últimas décadas, acompanhada pelas ne-

cessidades da própria atividade produtiva, ampliou

a demanda por serviços como educação, lazer,

saúde e mobilidade urbana, entre outros. As dificul-

dades de caráter financeiro enfrentadas pelo Esta-

do, por outro lado, resultaram num fortalecimento

da participação privada em serviços nas áreas de

saúde e previdência, que por sua vez ganharam re-

levância com a elevação da expectativa de vida da

população.

Esse conjunto de movimentos não significa,

1É importante observar que o Gráfico 1 trata do setor secundário em sua totalidade, abrangendo não somente a indústria de transformação, mas também a extrativa mineral, a construção civil e os chamados serviços industriais de utilidade pública. No caso particular da indústria de transformação, esse movimento é ainda mais intenso, pelas razões elencadas no texto.

porém, que o desenvolvimento pode prescindir da

indústria. Ao contrário, esta continua fundamen-

tal, não apenas como catalisadora da geração de

riquezas, mas também como grande demandante

das atividades de P&D. Outro ponto de destaque é

a recente tendência de fortalecimento da articula-

ção entre as atividades da indústria e dos serviços,

tornando-as quase indistintas em diversos seg-

mentos econômicos.

De fato, o desenvolvimento de novas tecnolo-

gias propiciou não apenas a fragmentação da pro-

dução industrial entre países e a emergência de

novas atividades no setor de serviços, mas tam-

bém uma intensificação das relações entre os dois

setores. De um lado, verifica-se uma participação

crescente da indústria nas inovações do setor de

serviços, com o fortalecimento da conectividade

e a participação da indústria no fornecimento de

equipamentos de ponta.

De outro lado, e talvez ainda mais importante,

o setor de serviços não apenas apoia a produção

de bens de maior conteúdo tecnológico, como

também complementa o produto industrial, agre-

gando-lhe valor por meio de novas funcionalida-

des e de novas formas de utilização do produto.

Serviços avançados na área de comunicações, por

exemplo, modificam as formas de produzir, per-

mitindo um avanço dos controles de processo e

alterações em tempo real. A emergência da indús-

tria 4.0, sobre a qual comentaremos adiante, é um

exemplo desse processo.

Adicionalmente, o desenvolvimento de novas

tecnologias tem intensificado a aplicação de ser-

viços embutidos em produtos como smartphones

e mesmo a utilização de bens duráveis fabricados

pela indústria na prestação de serviços, tendo

como exemplo o Uber, entre vários outros. O fato é

que Internet, Internet of Things, Big Data, desenhos

de sistemas de computadores, cloud computing,

entre outras tecnologias, não apenas fortalecem as

oportunidades no setor terciário da economia, mas

também intensificam as interações entre os setores

de serviços e industrial.

Antes de avançar no entendimento dessas in-

terações, cabe aqui destacar outra tendência das

décadas recentes, que é o fortalecimento das ca-

deias globais de valor. A cadeia de valor represen-

ta o conjunto de atividades, empresas e pessoas

envolvidas na produção de um bem ou serviço,

desde a sua concepção até o consumo final. O

fato é que o desenvolvimento de tecnologias de

informação e transporte propiciou a fragmenta-

ção dessas atividades em diferentes países, num

movimento que começou com o global outsour-

cing das empresas multinacionais, inicialmente na

montagem de peças e partes e no fornecimento

de insumos, e que se intensificou com a incorpo-

ração de serviços diversos.

Embora muitas delas apresentem uma maior

intensidade em determinadas regiões – sobretudo

as mais desenvolvidas, que concentram boa parte

das atividades –, à medida que incorporam novos

países, aumentam cada vez mais sua importância

no comércio internacional. Desde 2009, as expor-

tações de bens intermediários ultrapassaram as

exportações mundiais de bens finais e, nesse mes-

mo ano, mais de 70% das exportações mundiais de

serviços eram compostas por serviços intermediá-

rios (OCDE/OMC - 2013). Dessa maneira, tem-se um

crescimento das interações entre países ao longo

de cadeias globais de valor.

A Tabela 1 mostra a importância das cadeias

globais de valor nos países do G-20.

Cattaneo et al. (2013) descrevem importantes

características inerentes à expansão das cadeias

globais de valor. A inovação cresce em um ritmo in-

tenso, fazendo com que as vantagens comparativas

se alterem constantemente entre os diversos países.

Importante destacar que isso se refere muito mais a

tarefas e atividades do que a produtos. Assim, quali-

ficações e vantagens específicas ganham relevância,

desde que num ambiente geral propício à competi-

ção. Nesse quadro, a produção de um país não pode

ser isolada ou buscar atingir todos os elos da cadeia

produtiva, mas deve concentrar-se em competên-

cias-chave e, ainda que com um determinado nível

de integração interna, buscar insumos mais eficien-

tes de fora, quando for o caso.

Num cenário marcado pela fragmentação da

produção, o elemento motriz da competividade

não está simplesmente no insumo ou no custo da

mão de obra. Ao longo do tempo, o setor industrial

precisa de serviços competitivos (P&D, logística,

finanças, marketing) e mão de obra qualificada

para se manter eficiente. Aqui, cabe salientar que,

mesmo no âmbito das cadeias globais de valor,

empresas que desenvolvem tarefas rotineiras de

montagem e fornecem serviços simples ganham

menos, pagam menos aos seus trabalhadores e

são mais vulneráveis aos ciclos de negócios. De

todo modo, o fato principal a destacar é que a

busca da competitividade não prescinde de elos

com o mercado global e com o setor de serviços,

tABelA 1 - Participação dos países do G-20 financeiro nas CGVs em 2010

Fonte: Elaborada com base de dados da UNCTAD (2013) apud MANZI (2014)

pAÍs pOsIÇÃO % dAs eXpOrtAÇÕes nAcIOnAIs InserIdAs nAs cgVs

Reino Unido 1º 76

Alemanha 2º 64

Coreia do Sul 3º 63

França 4º 63

China 5º 59

áfrica do Sul 6º 59

Rússia 7º 56

Arábia Saudita 8º 56

Itália 9º 53

Japão 10º 51

Canadá 11º 48

Estados Unidos 12º 45

México 13º 44

Turquia 16º 41

Argentina 17º 39

Brasil 18º 37

Índia 19º 36

20 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 21 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

em particular a partir de um posicionamento mais

intensivo em conhecimento.

Nesse ambiente, o entendimento das intera-

ções entre a indústria e o setor de serviços ganha

relevância. Embora os serviços finais de maior so-

fisticação também tenham crescido e certamente

continuarão com essa tendência – a exemplo dos

serviços de saúde2, que experimentam uma traje-

tória ascendente com o envelhecimento da popu-

lação e com a evolução tecnológica, oferecendo

oportunidades para o desenvolvimento industrial

–, são os serviços empresariais, classificados como

intermediários, que ocupam espaço determinante

na competitividade industrial.

Cabe aqui uma classificação esquemática (Ar-

bache – 2016 e CNI/CINDES – 2016) dos serviços

empresariais. Os serviços de custos são impor-

tantes para a competitividade na medida em que

contribuem para a constituição de uma base sem a

qual não se pode produzir em condições razoáveis.

Como o nome diz, eles são essenciais para que se

tenha uma estrutura de custos adequada e com-

preendem atividades como logística, fretes, servi-

ços portuários, serviços financeiros convencionais

e serviços de manutenção e apoio em geral. Assim,

associam-se de modo geral à disponibilidade de

infraestrutura básica e até a infraestrutura relativa-

mente avançada. Por terem características menos

tradable, são providos prioritariamente em nível lo-

cal – embora possam se articular em redes globais.

Sem esses serviços, a produção industrial en-

contra dificuldades para evoluir, de modo que é

vital que as políticas públicas privilegiem o seu

desenvolvimento. Serviços eficientes e modernos

de logística, por exemplo, são fundamentais na

redução de custos, mas em si não criam valor ou

conseguem inserir o produto em estágios mais

avançados das cadeias globais de valor (Arbache –

2016). Pode-se afirmar que a disponibilidade des-

ses serviços é condição necessária, embora não

suficiente, para o sucesso competitivo.

Os serviços de agregação de valor e diferencia-

ção de produtos, por sua vez, são mais passíveis

de serem comercializados internacionalmente e in-

cluem licenças e royalties, softwares customizados,

design, marcas, marketing, consultorias de gestão,

projetos de engenharia e arquitetura, distribuição

e pós-vendas, entre outros. Por motivos óbvios, os

bens mais sofisticados dependem muito mais des-

se tipo de serviço, embora não possam prescindir

dos serviços de custo.

Os serviços de agregação de valor e diferencia-

ção de produtos, por suas características, aumen-

tam a produtividade e a competitividade das em-

presas, devido sobretudo às relações de sinergia

que estabelecem com a produção de bens, colabo-

rando para a inovação e o atingimento de padrões

de qualidade mais elevados. Esses serviços con-

centram-se nos países desenvolvidos, por serem

intensivos em tecnologia e, consequentemente, em

capital humano.

Isto não quer dizer que, ao menos em determi-

nados nichos, não possam ser prestados a partir

de países em regiões menos desenvolvidas, desde

que haja uma combinação de mão de obra qualifi-

cada com investimentos em ativos especializados.

Um exemplo encontrado em Arbache (2016) mos-

tra que, embora os serviços de custos sejam mais

importantes para os produtos mais produzidos no

país, mesmo assim pode ser identificada a influ-

ência dos serviços de agregação de valor. No caso

da soja em grão, P&D e royalties incorporados “às

sementes e aos agrotóxicos, serviços técnicos es-

pecializados, serviços de satélite, comercialização

em mercados futuros, comercialização internacio-

nal por trading companies, dentre outros serviços

sofisticados — e que são em boa parte importados

– já respondem por elevada e crescente parcela do

valor final da commodity”.

Esse conjunto de movimentos, percebido pelos

estados nacionais, vem alterando também a confi-

guração dos acordos comerciais. A produção em ca-

deias globais de valor aumenta a interdependência

econômica entre os países, e isso acontece não ape-

nas no comércio de bens, mas também nos investi-

mentos e serviços. Novos temas, por consequência,

2A importância da área de saúde como um todo cresce ao longo do tempo como resultado de dois movimentos simultâneos. De um lado, tem-se a elevação da expectativa de vida, que exige um esforço de manutenção da qualidade de vida dos estratos mais envelhecidos da população e, de outro, o desenvolvimento de tecnologias para atender a essa demanda crescente. Nesse quadro, crescem não apenas os serviços de saúde, mas também a indústria vinculada ao setor, tanto a farmacêutica quanto a de equipamentos.

passam a surgir nas negociações comerciais e a dificuldade da OMC em avançar

nessas discussões, que se manifestou no impasse da rodada Doha, fez surgirem

alternativas para o avanço na integração entre os países.

Nos últimos anos, as negociações multilaterais que ocorrem no âmbito

da OMC foram substituídas, de um lado, pela proliferação de acordos prefe-

renciais de comércio e, de outro, por negociações plurilaterais, os chamados

mega-acordos comerciais. Os acordos preferenciais de comércio normalmente

envolvem dois ou mais países e se multiplicaram no século XXI enquanto os

mega-acordos, como a TPP3 e o TISA, são realizados com a concordância da

OMC, que permite que os países envolvidos avancem em temas nos quais não

se consegue o consenso em negociações multilaterais4.

Os temas que passam a ser incorporados nesses acordos envolvem,

além do comércio de serviços, características da chamada integração profun-

da, como a busca de convergência regulatória em vários aspectos, entre os

quais questões ambientais, legislação trabalhista e tratamento a expatriados,

comércio eletrônico e outros. Pode-se afirmar que dois pilares alicerçam os

3Passou a ser denominado CPTPP - Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership - após a saída dos Estados Unidos.

4Entende-se aqui como acordos multilaterais aqueles que envolvem o conjunto dos países da OMC, enquanto os plurilaterais, embora muitas vezes acompanhados pela Organização Mundial do Comércio, podem envolver diversos países, muitas vezes em temas ainda não consensuais no âmbito da organização.

Em Um CENáRIO

DE bUSCA POR

COmPETITIVIDADE,

INTERAçõES ENTRE A

INDúSTRIA E O SETOR

DE SERVIçOS GANHA

RELEVâNCIA

23 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

novos acordos: a progressiva liberalização dos flu-

xos de bens, serviços, capitais e informação; e a

proteção dos direitos de propriedade, tangíveis ou

intangíveis, das multinacionais que coordenam as

cadeias globais de valor.

Embora haja indícios de um movimento recen-

te de recrudescimento do protecionismo e do na-

cionalismo, com a saída do Reino Unido da União

Europeia e a não adesão dos Estados Unidos à TPP,

além das recentes medidas do governo Trump no

setor de aço, ainda parece precipitado prever uma

reversão do movimento de integração comercial

entre os países, no longo prazo. É fato que houve

uma mudança de ritmo no comércio internacional

após a crise de 2008. Entre 1990 e 2007, verificou-

se um crescimento do comércio da ordem de 6,2%

ao ano, enquanto a produção mundial cresceu

cerca de 3% a.a. Entre 2010 e 2016, o comércio

cresceu ligeiramente acima da produção mundial

(em média, 2,7% e 2,5%, respectivamente). Neste

último ano, pela primeira vez após 2001, o cresci-

mento do comércio internacional ficou abaixo do

experimentado pelo PIB mundial5 (CNI - 2018). As

evidências, entretanto, não parecem sugerir o re-

torno a um mundo de economia fechadas e a uma

reversão das cadeias globais de valor, até porque

lideranças internacionais vêm reagindo ao prote-

cionismo e afirmando a importância do livre comér-

cio (Folha de São Paulo – 2018).

Ademais, o surgimento da indústria 4.0, e suas

características associadas à conectividade e à inte-

ração entre a demanda e a estrutura produtiva tor-

nam cada vez mais difícil um retorno a um mundo

de economias predominantemente fechadas. O uso

cada vez mais intensivo da tecnologia da informa-

ção e da inteligência artificial propicia que o bem

e o serviço, desde sua origem, busquem atender a

uma demanda particular. Novas tecnologias permi-

tem que, desde setores como o de confecções até

sofisticados bens de capital possam responder, já

nas etapas iniciais de produção, à necessidade de

cada consumidor, independentemente de sua loca-

lização geográfica6.

Estamos falando de um movimento que de-

semboca em “fábricas inteligentes”, com estrutu-

ras modulares, em que os sistemas ciber-físicos

monitoram os processos físicos com a utilização de

sensores, criam uma cópia virtual do mundo físico

e dessa maneira podem tomar decisões descen-

tralizadas. Com a internet das coisas, os sistemas

ciber-físicos comunicam e cooperam entre si e com

as pessoas em tempo real, e, pela da computação

em nuvem, ambos os serviços internos e intraorga-

nizacionais são oferecidos e utilizados pelos parti-

cipantes da cadeia de valor.

Embora o termo indústria 4.0 tenha sido cunha-

do em 2012 a partir de um projeto de estratégias do

governo alemão (Silveira e Lopes - 2017), diversas

de suas características têm potencial de dissemi-

nação em setores que estão longe da produção de

produtos de ponta, sobretudo com o processo de

barateamento de robôs e sensores inteligentes. Ao

conectar máquinas, sistemas e ativos em geral, em-

presas estarão aptas a operar em redes inteligentes

ao longo de toda a cadeia de valor, em que cada

etapa poderá ser controlada de forma autônoma.

Assim, “as fábricas inteligentes terão a capacidade

e autonomia para agendar manutenções, prever

falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e

mudanças não planejadas na produção” (Silveira e

Lopes - 2017).

Silveira e Lopes (2017) identificam cinco carac-

terísticas da indústria 4.0:

Capacidade de operação em tempo real:

Consiste na aquisição e tratamento de dados de

forma praticamente instantânea, o que viabiliza de-

cisões em tempo real.

Virtualização: Embora simulações já sejam

utilizadas atualmente, assim como sistemas de

supervisão, a indústria permite que se tenha uma

cópia virtual das fabricas inteligentes, possibilitan-

do o rastreamento e o monitoramento remoto de

todos os processos por meio de sensores espalha-

dos ao longo da planta.

Descentralização: A tomada de decisões po-

derá ser feita pelo sistema ciber-físico de acordo

5Segundo cálculos do FMI – World Economic Outlook, de abril de 2018, o padrão natural foi retomado em 2017 com crescimento do comércio mundial em 4,9%, contra crescimento do PIB de 3,8%. Para 2018, o FMI projeta crescimento do comércio mundial de 5,1% e no PIB de 3,9%.

6É evidente que, para tanto, é necessário haver uma estrutura de banda larga adequada.

com as necessidades da produção em tempo real.

As máquinas não apenas receberão comandos,

mas também fornecerão informações sobre seu

ciclo de trabalho e, dessa maneira, trabalharão de

forma descentralizada a fim de aprimorar os pro-

cessos de produção.

Orientação a serviços: Utilização de arqui-

teturas de software orientadas a serviços.

Modularidade: Produção de acordo com a

demanda, acoplamento e desacoplamento de mó-

dulos na produção, gerando flexibilidade para alte-

rar as tarefas das máquinas facilmente.

O fato é que, à medida que esses movimentos

avancem, novos modelos de negócios serão de-

senvolvidos. Em um mercado cada vez mais exi-

gente, muitas empresas já procuram integrar ao

produto necessidades e preferências específicas

de cada cliente. A customização prévia do produto

por parte dos consumidores tende a ser uma va-

riável importante no processo manufatureiro, mas

as fábricas inteligentes serão capazes de levar a

personalização de cada cliente em consideração,

se adaptando às preferências individuais (Silveira

e Lopes - 2017).

Nesse contexto, o mercado de trabalho tam-

bém sofrerá alterações significativas, pois novas

demandas surgirão enquanto outras deixarão de

existir. Em muitas atividades, já é possível identi-

ficar a substituição de trabalhos manuais e repe-

titivos por mão de obra automatizada. Por outro

lado, demandas diferenciadas serão aproveitadas

por profissionais de elevada capacitação, com for-

mação multidisciplinar para compreender e traba-

lhar com a variedade de tecnologias que compõem

uma fábrica inteligente.

Enfim, nas palavras de Wood Jr. (2017), posi-

ções antes dominantes, que no passado permitiam

gerar lucros invejáveis e prosperar, podem desa-

parecer. A construção de políticas públicas passa,

necessariamente, pela consideração do conjunto

de movimentos sintetizado acima. Mesmo em um

estado menos desenvolvido de um país como o

Brasil, é possível identificar e aproveitar oportu-

nidades vinculadas às tendências aqui descritas.

Embora limitado e com foco em uma quantidade

relativamente pequena de segmentos, há espaço

para a capacitação em serviços de ponta.

A presente Agenda da Indústria defende que

a Bahia precisa investir fortemente na educação e

em serviços relacionados a custo (basicamente na

infraestrutura e na desburocratização), mas servi-

ços de agregação de valor e diferenciação também

devem ser desenvolvidos, com destaque para a

utilização cada vez mais intensa das capacitações

existentes no SENAI Cimatec. Esses temas serão

desdobrados nas propostas desenvolvidas na se-

quência deste trabalho.

NOVOS mODELOS DE

NEGóCIOS SERãO

DESENVOLVIDOS COm O

AVANçO DAS TECNOLOGIAS

22 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

24 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

estrutura da economia baiana, notadamente da indústria, como a conhecemos

hoje, foi construída entre as décadas de 1950 e 1970, quando políticas de cunho

estatal foram conduzidas para a substituição de importações e para a integra-

ção regional no contexto da complementariedade dos estados da federação. As

transformações seguintes, principalmente nos anos 1980 e 1990, com a falência

do modelo estatal de desenvolvimento e a maior abertura da economia ao mer-

cado externo, modularam e deram novos direcionamentos a essa estrutura.

Embora o início da industrialização da Bahia remonte há muito tempo,

principalmente em segmentos tradicionais como os de cana-de-açúcar, têxtil,

fumo, produtos alimentícios, dentre outros, o fato é que até a década de 1950, a

3. diagnóstico da economia e da indústria na Bahia

25 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

26 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 27 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

economia era predominantemente agrícola, desta-

cando-se a produção e exportação de cacau. A des-

coberta do petróleo na Bahia, no final da década de

1930, e a exploração do primeiro poço comercial do

Brasil, em 1941, em Candeias, foram fatos decisivos

para a mudança desse perfil econômico, ao promo-

ver uma maior participação da indústria.

A criação da Refinaria Landulpho Alves - Ma-

taripe (RLAM), em 1950, veio como um encadea-

mento natural do segmento do petróleo. A RLAM

foi inaugurada com uma pequena capacidade de

produção, de 2,5 mil b/dia, mas, no final dos anos

1950, sua capacidade foi ampliada para 42 mil b/

dia, passando a ser uma refinaria de grande porte

para a economia daquela época.

pOlO petrOquÍMIcO

Simultaneamente ao surgimento da RLAM, come-

çou a ser instalada na Bahia, nas décadas de 1950 e

1960, uma indústria de base, notabilizada pelo seg-

mento metalomecânico, construída para dar supor-

te à recente exploração de petróleo na Bahia e no

Brasil. Posteriormente, na década de 1970, também

como sequência de encadeamento do segmento

de petróleo, foi implantado em Camaçari o Polo Pe-

troquímico. Nesse caso, no entanto, embora o fator

petróleo tenha sido um diferencial para atração do

Polo, os investimentos somente foram realizados

sob forte intervenção estatal, que liderou o movi-

mento de junção do capital público com o capital

privado (nacional e externo). Esse direcionamento

veio dos planos de desenvolvimento PND I (1972-

1974) e o PND II (1975-1979), cujos objetivos esta-

vam baseados na integração regional e na substi-

tuição das importações.

Essa indústria atingiu seu auge em meados da

década de 1980 e vivenciou ainda um novo impul-

so com a inauguração da Caraíba Metais e a dupli-

cação do Polo de Camaçari.

No entanto, esse modelo foi colocado em xeque

com a abertura da economia ao exterior na década

de 1990 pelo governo Collor, que coincidiu com um

relativo envelhecimento do parque industrial baia-

no. Ademais, essas plantas industriais passaram a

competir em um mercado globalizado, onde havia

novos players e novas escalas de produção. Em-

bora tenham sido tentadas reações relativamente

bem conduzidas em diversificar a matriz industrial

baiana, resultando na atração de grandes empre-

sas, a exemplo da Ford, Continental, Bridgestone,

Monsanto, Columbian Chemicals, Veracel, Basf,

dentre outras, o fato é que a era de crescimento,

baseada na intervenção estatal e na integração re-

gional, não faz mais sentido na atualidade.

A Tabela 2 (página 27) procura demostrar que

o atual perfil da indústria de transformação ainda

reflete a política de industrialização passada, ba-

seada no refino, na petroquímica e no segmento

metalomecânico. Esses segmentos juntos respon-

dem atualmente por 53,6% do Valor da Transfor-

mação Industrial (VTI). Além da forte concentração

setorial, a matriz industrial da Bahia é caraterizada

pela produção de bens intermediários, com baixa

integração ao mercado local e geração de poucos

empregos, embora razoavelmente qualificados.

Ademais, o processo de industrialização passa-

do resultou em uma alta concentração da ativida-

de produtiva na Região Metropolitana de Salvador

(RMS), conforme pode ser observado no Gráfico

2 (página 28), onde se vê que a RMS concentra

43,9% do PIB da Bahia. Em termos de indústria,

medido pelo VAB, a concentração é ainda maior,

chegando a 56,7%. Nesse caso, é importante ob-

servar que a concentração da produção na RMS

deve ser entendida na lógica das condições de

competitividade em relação às outras regiões da

Bahia. Desse modo, além do petróleo ter sido des-

coberto no Recôncavo e a refinaria ter sido constru-

ída em São Francisco do Conde (RMS), os fatores

de infraestrutura foram determinantes, a exemplo

de dois grandes portos públicos (Salvador e Aratu)

e outros terminais privados (o próprio terminal da

Petrobrás), malha ferroviária, rede rodoviária, etc. e

disponibilidade de mão de obra especializada.

Portanto, a concentração resultou de um pro-

cesso natural de atração de indústrias, dadas as

economias de aglomeração, que se traduzem em

melhores condições de competitividade. Políticas

de desconcentração são complexas e devem ser

focadas, não na taxação da região que apresenta

condições mais favoráveis, tampouco no desin-

centivo ao crescimento dessa região, mas em ins-

trumentos que possibilitem que as regiões menos

desenvolvidas incrementem suas condições de

competitividade face às regiões mais industrializa-

das. Importante também considerar vocações na-

turais de desenvolvimento, obedecendo as vanta-

gens comparativas de cada região. Como exemplo,

verificamos que a indústria da celulose e a agroin-

dústria baiana têm se desenvolvido nos locais mais

propícios, vocacionados às suas atividades, no Ex-

tremo Sul e no Oeste do Estado, respectivamente.

Ora, seria absurdo induzir ou desejar alterar a im-

plantação “natural” dessas indústrias.

Mudando o enfoque estático para uma análi-

se dinâmica, a economia baiana apresentou, no

período 2002 a 20157, uma relativa estagnação ou

mesmo, em alguns casos, perda de dinâmica, so-

bretudo quando comparado aos outros estados

nordestinos. A Tabela 3 (página 29) mostra a evolu-

ção da participação da Bahia entre os principais es-

tados brasileiros. Nesse período, a Bahia caiu uma

posição no ranking do PIB, passando da 6ª posição

(que ocupou de 2002 até 2010) para a 7ª posição,

a partir de 2011.

Ademais, na comparação intertemporal com

as outras duas maiores economias do Nordeste,

Pernambuco e Ceará, a economia baiana era 63%

7Esse período foi considerado por dois aspectos: (i) por conta das mudanças metodológicas no PIB feitas pelo IBGE em 2015, onde houve uma ampla revisão metodológica, com retropolação até 2002 e (ii) o último dado disponível para as contas públicas regionais é de 2015 (divulgado em novembro de 2017).

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB. (1) Coque, Derivados de Petróleo e Biocombustíveis VTI = Valor da Transformação Industrial POT = Pessoal Ocupado Total

tABelA 2 – Bahia: Estrutura da Indústria de Transformação (2015)

ATIvIDADE vTI (%) POT (%)

Refino1 12.546.362 29,0 4.791 2,2

Produtos químicos 7.910.600 18,3 12.452 5,7

Produtos alimentícios 4.461.043 10,3 42.763 19,7

Celulose e papel 3.872.948 8,9 8.867 4,1

Borracha e plásticos 2.501.329 5,8 16.271 7,5

Metalurgia 1.869.951 4,3 5.614 2,6

Veículos automotores 1.363.175 3,1 9.499 4,4

Máquinas e materiais elétricos 1.281.134 3,0 5.250 2,4

Bebidas 1.235.372 2,9 6.868 3,2

Couros e calçados 1.233.267 2,8 26.874 12,4

Minerais não-metálicos 1.206.491 2,8 20.323 9,3

Produtos de Metal 880.986 2,0 9.626 4,4

Têxteis 558.064 1,3 6.283 2,9

Man., rep. e inst. de máq./equip. 530.310 1,2 8.031 3,7

Vestuário 444.989 1,0 12.340 5,7

Demais 1.421.694 3,3 21.610 9,9

Total 43.317.715 100,0 217.462 100,0

28 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 29 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

maior que a de Pernambuco, em 2002, e essa di-

ferença caiu para 56,1% em 2015. Já em relação à

economia do Ceará, a Bahia correspondia a mais

do que o dobro da economia cearense em 2002

(204,9%), caindo para 187,6% em 2015.

No Gráfico 4 (página 30), vê-se que a partici-

pação da Bahia não conseguiu sair do patamar de

4% da economia brasileira no período analisado. A

título ilustrativo, a Bahia participa com 6,7% do ter-

ritório nacional e com 7,4% da população brasileira

(dados de 2015).

A economia baiana não teve uma dinâmica

superior em relação à média brasileira no período

analisado, conforme pode se observar na Tabela 4.

Embora em três anos consecutivos (2003, 2004 e

2005) tenha apresentado crescimento superior ao

10,0

0,0

20,0

30,0

40,0

60,0

(em %)

50,0

56,7

7,03,7 3,6 3,4 2,7 2,5 2,2 2,1 2,1 2,0 1,9 1,5 1,2

7,1

Demais

RMS

Portal do Sertão

Extremo Sul

Litoral Sul

Bacia do Rio Grande

Litoral Norte

Costa do Descobrimento

Itaparica

Baixo Sul

Sertão Produtivo

Sudoeste Baiano

Recôncavo

Sertão do São Francisco

Médio Rio de Contas

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 2 – Bahia: PIB das Principais Regiões (2015)

gráfIcO 3 – Bahia: VAB da Indústria das Principais Regiões (2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

do Brasil, o fato é que, na perspectiva de longo pra-

zo, a taxa de crescimento é praticamente a mesma

do país. No período, a Bahia cresceu 47,7% contra

uma taxa de 45,4% do Brasil, resultando numa taxa

de crescimento anual de 3% contra 2,9%, respec-

tivamente. Esse fato reforça a análise de que a

economia da local ainda reflete as condições de

complementariedade das cadeias produtivas e a

integração regional.

Na comparação regional, os dados indicam

que a economia baiana deixou de ser o centro di-

nâmico do Nordeste nos últimos anos. O Gráfico

5 (página 30) mostra que em 2002 a Bahia repre-

sentava mais de 30% da economia da região. A

partir de 2005, no entanto, quando chegou a re-

presentar mais de 31% do PIB do Nordeste, a eco-

tABelA 3 – Brasil: Ranking do PIB de Estados Selecionados (2002 – 2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

(posições por ano)

ESTADOS 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

São Paulo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Rio de Janeiro 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Minas Gerais 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Rio Grande do Sul 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 4 4

Paraná 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 5 5

Santa Catarina 7 7 7 7 7 7 7 7 7 6 6 6 6 6

Bahia 6 6 6 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7

Distrito Federal 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

Goiás 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9

Pernambuco 10 10 10 10 10 10 11 10 10 10 10 10 10 10

Pará 13 13 12 12 12 12 12 12 12 12 12 11 12 11

Espírito Santo 12 12 11 11 11 11 10 11 11 11 11 12 11 12

Ceará 11 11 13 12 12 12 13 12 13 13 13 13 12 12

Mato Grosso 15 14 13 13 14 14 13 13 14 14 13 13 13 13

Amazonas 14 15 14 14 13 13 14 14 13 13 14 14 14 14

(em %)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

43,9

6,8 5,8 4,5 3,5 3,1 3,0 2,7 2,5 2,3 2,1 2,0 1,9 1,7

14,0

Demais

RMS

Portal do Sertão

Bacia do Rio Grande

Litoral Sul

Sudoeste Baiano

Litoral Norte

Extremo Sul

Recôncavo

Costa do Descobrimento

Sertão do São Francisco

Sertão Produtivo

Baixo Sul

Sisal

Médio Rio de Contas

30 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 31 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

tABelA 4 – Brasil e Bahia: Taxa de Crescimento do PIB (2003 – 2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

2003 1,1 2,3

2004 5,8 9,4

2005 3,2 4,1

2006 4,0 3,0

2007 6,1 4,9

2008 5,1 5,1

2009 -0,1 -0,3

2010 7,5 6,1

2011 4,0 2,1

2012 1,9 3,0

2013 3,0 1,3

2014 0,5 2,3

2015 -3,5 -3,4

Taxa acumulada 45,4 47,4

Taxa média anual 2,9 3,0

ANO PIB BRASIl PIB DA BAHIA (em %) (em %)

Albânia, Namíbia, Suazilândia, Jamaica, Cuba, Para-

guai, dentre outros, e seria um pouco maior do que

o de Angola, Congo, El Salvador, Belize, Marrocos e

Guatemala, por exemplo.

A Bahia tem perdido participação na econo-

mia nordestina. Dado que alguns estados da re-

gião Nordeste têm mostrado uma dinâmica su-

perior, a participação no PIB per capita da Bahia

na região tem apresentado queda, conforme se

observa no Gráfico 7 (página 32), semelhante a

dinâmica do PIB.

Um desafio que permeia a economia baiana

é que o mercado precisa crescer de forma susten-

tável, ou seja, com crescimento da massa salarial

acompanhando o crescimento do emprego e da

produção, ajudando, em alguns casos, a ampliar a

escala de produção e melhorando as condições de

competitividade. Com isso, expande-se o mercado

local consumidor de bens finais, tornando seu mer-

cado potencial (medido pelo tamanho da popula-

ção) um mercado real. Para superar esse desafio,

no entanto, é preciso que haja mudanças estrutu-

rais na economia baiana.

Outro aspecto econômico importante pode ser

visto com a análise da evolução do emprego na

Bahia. A Tabela 6 e o Gráfico 8 (página 33) apresen-

tam esse movimento, tomando como referência o

período de 2002 a 2015.

Aqui também vemos o mesmo efeito apresen-

tado nos indicadores anteriores, uma trajetória de

estagnação, com tendência de queda. Vê-se que,

nesse período, a participação da Bahia situou-se

no patamar de 4,8%, apresentando pequena retra-

ção nos últimos anos. A Bahia, que possui a quar-

ta maior população do país, com 15,2 milhões de

habitantes ou 7,4% do total, registra menos de 5%

do emprego formal do Brasil – um claro sinal de

economia subdesenvolvida, com elevado grau de

desemprego e/ou subemprego e informalidade.

Outra análise importante a se fazer a partir des-

ses indicadores é que um estado que possui 7,4%

da população nacional, 4,8% do emprego formal e

responde por apenas 4% do PIB do Brasil, registra

uma produtividade média inferior à nacional. O

caminho conhecido para o desenvolvimento sus-

tentado é o da elevação da produtividade da eco-

nomia. Para tanto, não há alternativa que não seja

o investimento na educação da população, na qua-

nomia baiana vem perdendo participação, tendo

alcançado 28,9% em 2015.

O PIB per capita é outro indicador que apresenta

com clareza a estagnação da economia baiana no

período. A Bahia, como pode ser observado na Tabe-

la 5 e no Gráfico 6 (páginas 31 e 32, respectivamen-

te), ocupa sempre as últimas posições no ranking

brasileiro, estando, em 2015, na 21ª posição entre as

27 unidades da federação. Na comparação tempo-

ral, vê-se que esta posição é praticamente a mesma

de 2002, quando a Bahia figurava na 20ª posição.

No Gráfico 6 (página 32), vê-se que o percentu-

al do PIB per capita da Bahia em relação à média

do Brasil oscila na faixa um pouco acima de 50%. A

título ilustrativo, se a Bahia fosse um país8, seu PIB

per capita seria menor do que o de países como

8 Cálculo com base na metodologia de Paridade de Poder de Compra, do Cia The World Factbook, tomando como referência que a Bahia representou 55% do PIB per capita do Brasil em 2015.

tABelA 5 – Brasil: Ranking do PIB per Capita em Estados Selecionados (2002 – 2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

(posições por ano)

ESTADOS 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Distrito Federal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

São Paulo 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Rio de Janeiro 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Santa Catarina 4 4 4 4 5 5 5 4 4 5 5 4 4 4

Rio Grande do Sul 5 5 5 6 6 7 7 6 6 6 7 7 6 5

Paraná 6 6 6 7 7 6 6 7 7 7 6 6 7 6

Mato Grosso 11 8 7 8 11 9 8 8 9 8 8 8 8 7

Mato Grosso do Sul 8 7 9 10 9 10 9 9 8 9 9 9 9 8

Espírito Santo 7 9 8 5 4 4 4 5 5 4 4 5 5 9

Goiás 10 10 11 12 12 11 11 10 11 12 10 11 10 10

Pernambuco 19 21 22 20 20 21 22 21 20 20 19 18 19 19

Bahia 20 20 20 19 18 20 20 20 21 22 22 22 22 21

Ceará 24 25 24 24 25 25 24 24 23 23 23 23 23 23

(em %)

0,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

1,0

2,0

3,0

4,0

5,04,0 3,9 4,0 4,1 4,0 4,0 3,9 4,1 4,0 3,8 3,8 3,8 3,9 4,1

gráfIcO 4 – Participação da Bahia no PIB do Brasil (2002 – 2015)

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 5 – Participação da Bahia no PIB do Nordeste (2002 – 2015)

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB.

(em %)

26,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

27,0

28,0

29,0

30,0

31,0

32,0

30,230,5

31,0

31,2

30,0

30,8

30,0

30,5

29,5 28,6

28,0

28,3

27,8

28,9

32 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 33 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

lificação da mão de obra, que acaba por proporcio-

nar empregos de maior qualidade/rendimento.

Assim como foi observado que a renda per ca-

pita é um indicador fundamental para se acompa-

nhar a formação de um mercado consumidor sus-

tentável, a quantidade de empregos na economia

indica a mesma direção, em decorrência da massa

salarial resultante. Portanto, para que ocorra uma

mudança significativa no padrão socioeconômi-

co da Bahia, é necessário intervir nas condições

estruturais da economia baiana, reforçando-se os

pilares da competitividade.

Voltando-se especificamente para o setor in-

dustrial, é sabido que com o avanço das econo-

mias para estágios superiores de desenvolvimen-

to, ocorre um processo natural de migração para

o segmento de serviços mais especializados, de

maior valor agregado. Observando-se os proces-

sos históricos de desenvolvimento econômico,

num primeiro momento, durante a industrializa-

ção, há uma transferência de trabalhadores da

agricultura para a indústria. Já em um momento

seguinte, durante a desindustrialização, essa

transferência dos trabalhadores sucede da indús-

tria para os serviços.

Apesar de previsível, esse é um movimen-

to doloroso e arriscado se não ocorrer de forma

tempestiva. O modo como o processo ocorre im-

pacta fortemente no desenvolvimento de um país.

Em geral, as nações mais avançadas investem em

capacidade intelectual da população por meio de

educação e pesquisa, estimulando e tornando vi-

ável a criação de empregos bem remunerados em

serviços relativamente sofisticados.

Assim, dado o atual estágio de desenvolvimen-

to da economia brasileira, entendemos que o setor

industrial permanece como o mais dinâmico, indu-

tor de pesquisas em inovação e desenvolvimento,

que demanda serviços avançados e mão de obra

mais qualificada e bem remunerada. Não é sem ra-

zão que mesmo países como os Estados Unidos,

que avançaram fortemente em direção aos servi-

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 8 – Participação da Bahia nos Empregos do Brasil (2002 – 2015)

2002 48.060.807 2.312.404 4,8

2003 49.571.510 2.372.583 4,8

2004 48.948.433 2.314.907 4,7

2005 47.458.712 2.256.621 4,8

2006 46.310.631 2.265.618 4,9

2007 44.068.355 2.139.232 4,9

2008 41.207.546 1.999.632 4,9

2009 39.441.566 1.861.452 4,7

2010 37.607.430 1.784.626 4,7

2011 35.155.249 1.681.473 4,8

2012 33.238.617 1.596.990 4,8

2013 31.407.576 1.458.315 4,6

2014 29.544.927 1.379.609 4,7

2015 28.683.913 1.309.717 4,6

tABelA 6 – Brasil e Bahia: Emprego (2002 – 2015)

Fonte: MT - RAIS. Elaboração GET/SDI/FIEB.

ANO EmPREgOS BRASIl EmPREgOS BAHIA PART. BA/BR (em unid.) (em unid.) (em %)

gráfIcO 7 – PIB per capita da Bahia em relação ao PIB per capita do Nordeste (2002 – 2015)

(em %)

96,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

98,0100,0102,0104,0106,0108,0110,0112,0114,0116,0118,0

110,9112,1

114,1115,3

110,9

112,9

109,7

111,8 111,8

108,4

106,3104,9

103,3

107,4

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 6 – PIB per capita da Bahia em relação ao PIB per capita do Brasil (2002 – 2015)

(em %)

40,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

42,0

44,0

46,0

48,0

50,0

52,0

54,0

56,0

52,0

51,752,8

54,2

53,052,5

51,2

54,1 54,1

51,9 51,951,3

51,9

55,0

Fonte: IBGE. Elaboração GET/SDI/FIEB.

(em %)

4,42002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

4,5

4,6

4,7

4,8

5,0

4,9

NAO TEM OS VALORES NO DOCUMENTO

34 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 35 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

ços, colocando suas indústrias em segundo plano,

hoje, repensam essa estratégia. Nos últimos anos,

tem-se verificado uma série de políticas e ações do

governo norte-americano no sentido de estimular

o setor industrial.

Fazendo uma breve análise histórica, verifica-

mos que, no Brasil, a expressiva produção agrícola

(setor primário), a partir dos anos 1930, foi cana-

lizada para incentivar o desenvolvimento de uma

indústria nacional (setor secundário) por meio de

planos estatais. Conforme trabalho realizado pela

ONU/Unctad em 20169, no começo da década de

1970, a participação das manufaturas (indústria de

transformação) no valor agregado no Brasil corres-

pondia a 27,4%, enquanto em 2014, essa participa-

ção caiu para 10,9%. Neste período, houve perda

de atuação da indústria na produção total do país,

especialmente da indústria pesada.

desIndustrIAlIzAÇÃO

Diferentemente das experiências de alguns países

desenvolvidos, o processo de desindustrialização

que ocorre no Brasil é considerado prematuro. Na

economia brasileira, a indústria perde participação

frente a serviços de baixa produtividade, tanto no

valor adicionado como no emprego total da eco-

nomia. As atividades do comércio de atacado e de

varejo, restaurantes, etc., associadas ao ciclo de

crescimento do consumo interno nos anos 2000

são exemplos desses serviços. O enfraquecimento

do setor industrial brasileiro também é transpareci-

do numa especialização crescente em segmentos

intensivos em recursos naturais.

Com a referida desindustrialização, percebe-se

um impacto negativo importante no crescimento

da produtividade, talvez a principal causa da es-

tagnação econômica brasileira nas últimas déca-

das. No referido estudo da ONU/Unctad, de 2016,

o termo “precoce” é utilizado para retratar as eco-

nomias que não atingiram toda sua potencialidade

produtiva manufatureira e, ao invés de evoluir em

direção ao setor de serviços com alto valor agrega-

do (setor terciário), regridem para a agricultura ou

atividades/serviços que possuem um elevado nível

de informalidade.

No que se refere à Bahia, a velocidade da desin-

dustrialização tem sido acelerada, com a perda de

importância do setor industrial na economia do es-

tado nos últimos anos. Evidentemente, a crise eco-

nômica recente afetou as indústrias de todos os es-

tados brasileiros, todavia o movimento local foi mais

acentuado nesse período. É preciso considerar que a

já referida concentração industrial, baseada nos se-

tores de refino, petroquímica e metalomecânica, tor-

na a economia baiana mais suscetível a movimentos

bruscos, de acordo com a tendência desses setores.

uM prOBleMA estruturAl

A desindustrialização que vem ocorrendo na Bahia

não é, contudo, um problema meramente conjun-

tural, mas sim estrutural. Analisando a participação

da indústria baiana no Valor Adicionado Bruto, en-

tre os anos de 2002 a 2015, conforme ilustrado na

Tabela 7 (ao lado) e Gráfico 11 (página 33), verifica-

se perda de participação de 23,5% em 2002 para

22,1% em 2015. Importante notar que a análise

engloba a indústria total (extrativa, transformação,

construção e SIUP).

O estado baiano detém uma matriz industrial

complexa, importante, sobretudo no contexto da

região Nordeste, mas que enfrenta reconhecido

processo de obsolescência em algumas frentes

industriais. A estagnação de setores tradicionais,

como metalurgia, petroquímica e refino é eviden-

te. Ao longo dos últimos anos, a Bahia tem perdido

atratividade para os investimentos. Gargalos na in-

fraestrutura logística e os preços de insumos (como

a nafta petroquímica, por exemplo) e da energia

decerto influenciam negativamente.

Considerando os segmentos da indústria baia-

na no VAB, entre os anos de 2002 e 2015, houve

queda na representatividade, com exceção da

indústria de transformação, justificada por uma

questão bastante pontual. A indústria total, bem

como extrativa, SIUP e construção civil, apresenta-

ram queda da participação. Já a Indústria de Trans-

formação, na análise ponto a ponto, ganhou repre-

sentatividade na Bahia, passando de um patamar

de 9,6%, em 2002, para 11,3%, em 2015, do VAB

do estado, mas, em 2012, por exemplo, chegou a

contribuir com apenas 6,6% da economia baiana.

É preciso explicar que, em 2015, houve aumento

de 3,2 pontos percentuais devido à forte queda do

preço internacional do petróleo, o que reduziu cus-

tos e incrementou o valor adicionado do segmento

de Refino, que representa 29% do VTI da Indústria

de Transformação10.

Persistidas as condições atuais de infraestru-

tura, educação, segurança, restrição aos incenti-

vos fiscais, ambiente de negócios desfavorável,

burocracia e insegurança jurídica, as perspectivas

para o setor industrial baiano nos próximos anos

não são muito favoráveis. Além da indústria ser

mais concentrada que o conjunto da economia, a

Bahia tem perdido cada vez mais atratividade de-

vido às condições citadas e à forte concorrência

por investimentos com outros estados, sobretudo

da região Nordeste.

9UNCTAD - Trade and Development Report, 2016.

10A Petrobras (refino) praticou, entre 2012 e 2014, uma política de contenção de preços dos combustíveis que gerou prejuízos à própria empresa e reduziu substancialmente sua contribuição no PIB da Bahia. Em 2015, o retorno a uma política de preços de mercado trouxe sua participação no PIB a níveis “normais”.

2002 50.475 11.848 23,5

2003 57.858 14.018 24,2

2004 66.380 17.167 25,9

2005 74.922 20.014 26,7

2006 80.678 20.683 25,6

2007 94.090 22.418 23,8

2008 104.633 25.845 24,7

2009 121.137 30.277 25,0

2010 135.415 36.740 27,1

2011 145.727 34.634 23,8

2012 159.296 35.142 22,1

2013 178.262 36.471 20,5

2014 196.203 41.143 21,0

2015 215.967 47.768 22,1

tABelA 7 – Bahia: Participação do Setor Industrial no VAB (2002 – 2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB. Nota: VAB = Valor Adicionado Bruto

ANO vAB INDÚSTRIA B/A A B (%)

gráfIcO 10 – Brasil: Participação da Indústria de Transformação no Valor Adicionado

Fonte: UNCTAD. Elaboração GET/SDI/FIEB.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

27,4%

31,0%

25,5%

16,2%

16,6%

13,9%

10,9%

1970

1980

1990

2000

2007

2011

2014

gráfIcO 9 – Participação do Setor Industrial (secundário) na economia de países selecionados

Fonte: IBGE (Brasil) e CIA - The World Factbook. Elaboração GET/SDI/FIEB.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0

39,5%

38,8%

32,4%

31,6%

31,4%

30,1%

29,7%

28,9%

28,2%

22,5%

19,0%

18,9%

China

Coréia do Sul

Rússia

México

Chile

Alemanha

Japão

Índia

Argentina

Brasil

Reino Unido

Estados Unidos

36 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 37 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Introdução ao diagnóstico da competitividade

É notória a perda de competitividade que a econo-

mia brasileira vem sofrendo ao longo do período

recente. Os motivos são bastante conhecidos: car-

ga tributária excessiva; infraestrutura precária e in-

suficiente; baixa qualificação da mão de obra (prin-

cipalmente nos postos de maior complexidade);

excesso de burocracia estatal; ambiente regula-

tório desfavorável para investimentos; defasagem

em C&T, etc. Some-se a esse quadro um ambiente

político e institucional de grande instabilidade, o

que dificulta a reversão do processo de contração

da economia interna.

A sustentação do processo de retomada da

dinâmica da economia brasileira está diretamente

ligada a um conjunto de reformas. Para poder ga-

rantir a sustentabilidade desse processo são im-

portantes o ajuste fiscal e as reformas, entre elas

a da previdência. Todas elas compõem o processo

necessário para colocar as contas públicas em or-

dem. Com as contas públicas em ordem, no longo

prazo, é possível manter uma taxa de juros estru-

turalmente menor e assim retomar o caminho da

competitividade.

Ocorre que, entre os estados da federação, exis-

tem assimetrias importantes, que aprofundam dife-

renças regionais e intra-regionais de desenvolvimen-

to, o que é especialmente preocupante num país de

proporções continentais como é o Brasil. As estatísti-

cas dos últimos anos têm mostrado uma severa per-

da de competitividade dos estados nordestinos (de

maneira geral), mas da Bahia especialmente.

A seguir são apresentados os rankings de com-

petitividade dos estados brasileiros de acordo com

trabalho do CLP - Centro de Liderança Pública, em

parceria com a revista The Economist e a consulto-

ria Tendências, destacando-se: (i) competitividade

geral; (ii) infraestrutura; (iii) educação; (iv) inova-

ção; (v) sustentabilidade ambiental; e (vi) eficiência

da máquina pública11.

11 Para conhecer a metodologia do ranking de competitividades dos estados, inclusive as variáveis utilizadas em cada pilar/ranking abordado pelo trabalho, favor observar o Anexo do presente documento.

PARA RECUPERAR A

COmPETITIVIDADE, PAíS

PRECISA DE REFORmAS

Fonte: SEI. Elaboração

GET/SDI/FIEB.

ANO ExTRATIvA TRANSFORmAÇÃO SIUP CONSTRUÇÃO INDÚSTRIA gERAl

(Em %)

2002 2,2 9,6 4,3 7,4 23,5

2003 2,4 12,0 4,6 5,2 24,2

2004 2,9 11,9 4,6 6,4 25,9

2005 2,9 13,7 4,6 5,5 26,7

2006 3,4 11,7 4,3 6,2 25,6

2007 3,1 10,9 4,2 5,6 23,8

2008 3,7 10,5 4,3 6,2 24,7

2009 1,8 13,3 3,2 6,8 25,0

2010 2,8 12,6 3,7 8,1 27,1

2011 3,0 8,9 3,5 8,3 23,8

2012 3,9 6,6 3,4 8,1 22,1

2013 3,1 7,3 1,7 8,4 20,5

2014 1,9 8,1 2,5 8,4 21,0

2015 1,2 11,3 2,3 7,3 22,1

tABelA 8 – Bahia: Participação dos Segmentos da Indústria no VAB (2002 – 2015)

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 12 – Participação dos Segmentos da Indústria no VAB da Bahia (2002 – 2015)

(em %)

0,02002 2003 2004

Extrativa Transformação SIUP Construção Civil

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

14,0

12,0

Fonte: SEI. Elaboração GET/SDI/FIEB.

gráfIcO 11 – Participação do Setor Industrial no VAB da Bahia – (2002 – 2015)

(em %)

0,02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

23,524,2

25,9 26,7 25,6

23,8

24,7

25,0

27,1

23,822,1

20,5 21,0

22,1

38 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 39 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Como se vê no ranking de competitividade dos

estados, há uma predominância das regiões Su-

deste e Sul nas primeiras posições e das regiões

Norte e Nordeste nas últimas posições. Tal dispo-

sição, além de mostrar o claro atraso relativo nas

dinâmicas econômicas entre as diferentes regi-

ões do Brasil, mostra que não há elementos para

acreditar que tal tendência possa ser modificada

no curto prazo, pois, como veremos, a competiti-

vidade de cada estado resulta, em última análise,

na sua capacidade de atrair novos investimentos e

sem esses investimentos não é possível modificar

o cenário de desequilíbrio.

Vale destacar que, entre os estados da região

Nordeste, a Bahia vem dando sinais de perda de di-

nâmica econômica em relação aos estados de Per-

nambuco e do Ceará. No ranking de 2017, a Paraíba

e o Ceará apresentam posicionamento descolado

do bloco nordestino. No caso do Ceará, como se

vê em Tabela 11 (página 39), registra-se importante

influência dos resultados de suas ações e políticas

na área de educação.

A Tabela 10 (página 38) apresenta o ranking de

competitividade dos estados brasileiros de acor-

do com o critério da infraestrutura. Mais uma vez,

nota-se a predominância de São Paulo e as boas

colocações dos estados das regiões Sul e Sudes-

te, de maneira geral. Destaque positivo ainda para

os estados do Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul), onde o agronegócio cumpre papel

fundamental na economia local e vem ganhando

cada vez mais importância relativa entre os seto-

res da economia nacional, sendo o setor responsá-

vel pela elevação do PIB em 2017. Vê-se que esse

desempenho favorável guarda relação direta com

a infraestrutura. A Paraíba e o Ceará, novamente,

destacam-se pelas boas avaliações no contexto na-

cional. Já a Bahia registra posição pouco atraente

ao potencial investidor, dado o estado precário da

sua infraestrutura, que tanto pesa para determinar

a competitividade das empresas baianas.

O ranking de educação como fator de compe-

titividade mostra dramaticamente a realidade da

diferença entre os estados da federação, concen-

tABelA 9 – Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Geral (2017)

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

ESTADOS POSIÇÃO

São Paulo 1º

Santa Catarina 2º

Paraná 3º

Distrito Federal 4º

Mato Grosso do Sul 5º

Minas Gerais 6º

Rio Grande do Sul 7º

Espírito Santo 8º

Rio de Janeiro 9º

Paraíba 10º

Ceará 11º

Mato Grosso 12º

Goiás 13º

Roraima 14º

Rio Grande do Norte 15º

Tocantins 16º

Rondônia 17º

Pernambuco 18º

Acre 19º

Bahia 20º

Pará 21º

Amazonas 22º

Piauí 23º

Alagoas 24º

Maranhão 25º

Amapá 26º

Sergipe 27º

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

tABelA 10 - Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Infraestrutura (2017)

ESTADOS POSIÇÃO

São Paulo 1º

Paraná 2º

Santa Catarina 3º

Paraíba 4º

Mato Grosso do Sul 5º

Minas Gerais 6º

Ceará 7º

Mato Grosso 8º

Espírito Santo 9º

Rio Grande do Norte 10º

Distrito Federal 11º

Pernambuco 12º

Rondônia 13º

Sergipe 14º

Alagoas 15º

Piauí 16º

Maranhão 17º

Rio Grande do Sul 18º

Bahia 19º

Amapá 20º

Tocantins 21º

Rio de Janeiro 22º

Goiás 23º

Pará 24º

Roraima 25º

Amazonas 26º

Acre 27º

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

tABelA 11 - Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Educação (2017)

ESTADOS POSIÇÃO

São Paulo 1º

Minas Gerais 2º

Santa Catarina 3º

Distrito Federal 4º

Paraná 5º

Espírito Santo 6º

Ceará 7º

Rio de Janeiro 8º

Rio Grande do Sul 9º

Mato Grosso do Sul 10º

Goiás 11º

Mato Grosso 12º

Tocantins 13º

Paraíba 14º

Pernambuco 15º

Roraima 16º

Rondônia 17º

Piauí 18º

Rio Grande do Norte 19º

Maranhão 20º

Amazonas 21º

Bahia 22º

Sergipe 23º

Pará 24º

Acre 25º

Alagoas 26º

Amapá 27º

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

tABelA 12 - Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Inovação (2017)

ESTADOS POSIÇÃO

São Paulo 1º

Rio Grande do Sul 2º

Santa Catarina 3º

Rio de Janeiro 4º

Paraná 5º

Distrito Federal 6º

Minas Gerais 7º

Paraíba 8º

Mato Grosso do Sul 9º

Rio Grande do Norte 10º

Pernambuco 11º

Ceará 12º

Bahia 13º

Espírito Santo 14º

Amazonas 15º

Sergipe 16º

Goiás 17º

Pará 18º

Alagoas 19º

Maranhão 20º

Mato Grosso 21º

Roraima 22º

Piauí 23º

Rondônia 24º

Tocantins 25º

Acre 26º

Amapá 27º

40 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 41 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

tABelA 13 - Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Sustentabilidade Ambiental (2017)

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

ESTADOS POSIÇÃO

Distrito Federal 1º

Paraná 2º

Roraima 3º

São Paulo 4º

Rio de Janeiro 5º

Amazonas 6º

Goiás 7º

Pernambuco 8º

Espírito Santo 9º

Amapá 10º

Santa Catarina 11º

Minas Gerais 12º

Ceará 13º

Paraíba 14º

Rio Grande do Sul 15º

Mato Grosso do Sul 16º

Bahia 17º

Rio Grande do Norte 18º

Alagoas 19º

Acre 20º

Tocantins 21º

Sergipe 22º

Pará 23º

Maranhão 24º

Mato Grosso 25º

Piauí 26º

Rondônia 27º

tABelA 14 - Brasil: Ranking de Competitividade por Estados – Eficiência da Máquina Pública (2017)

Fonte: CLP - Centro de Liderança Pública. Elaboração GET/SDI/FIEB.

ESTADOS POSIÇÃO

Rio Grande do Sul 1º

São Paulo 2º

Minas Gerais 3º

Espírito Santo 4º

Distrito Federal 5º

Paraná 6º

Santa Catarina 7º

Rio de Janeiro 8º

Ceará 9º

Pernambuco 10º

Mato Grosso 11º

Mato Grosso do Sul 12º

Pará 13º

Goiás 14º

Amazonas 15º

Bahia 16º

Paraíba 17º

Rio Grande do Norte 18º

Sergipe 19º

Maranhão 20º

Alagoas 21º

Acre 22º

Piauí 23º

Rondônia 24º

Roraima 25º

Amapá 26º

Tocantins 27º

trando na parte de cima da tabela os estados das

regiões Sul e Sudeste e na parte de baixo, os esta-

dos das regiões Norte e Nordeste. Vale destacar as

posições opostas da Bahia e do Ceará. Enquanto o

primeiro se encontra na 22ª posição nesse ranking,

o segundo está na 7ª posição, apresentando-se

no pelotão de elite da educação brasileira, mesmo

após período em que, como se sabe, os estados

nordestinos sofreram fortemente os efeitos da crise

econômica e da seca que afligiu a região. É preciso

observar o que vem sendo feito no Ceará no que se

refere à educação, que práticas podem ser incorpo-

radas na Bahia e nos demais estados nordestinos

para tentar diminuir o gritante gap educacional que

diferencia as regiões brasileiras.

A Tabela 12 (página 39) apresenta o ranking

brasileiro por estados, de acordo com suas res-

pectivas políticas de inovação. Infelizmente, os

estados da região Nordeste não estão bem coloca-

dos. O melhor ranqueado é a Paraíba, em 8º lugar.

Pernambuco, Ceará e Bahia encontram-se em 11º,

Bahia apresenta-se em última colocação, apesar

do histórico positivo, notabilizado com o SAC –

Serviço de Atendimento ao Cidadão, modelo de

assistência realizada em unidades integradas,

criado na Bahia, em 1995. Em duas décadas, essa

tecnologia foi adotada por 24 estados e pelo Dis-

trito Federal, sendo escolhida pelo governo brasi-

leiro como referência para o PAI - Projeto de Aten-

dimento Integrado, visando à sua disseminação

em todo o país. 12Ver metodologia no Anexo.

Por fim, destacamos que a ideia é a de utili-

zar os citados indicadores e posicionamentos nos

rankings como uma referência, motivo de autoava-

liação. O entendimento geral é que os desafios são

grandes e que é preciso apertar o passo para que

a Bahia trilhe o caminho do desenvolvimento sus-

tentável. A presente Agenda da Indústria, elaborada

pela FIEB, tem por objetivo justamente apresentar

propostas que contribuam nesse sentido, conforme

capítulos a seguir.

INOVAçãO NO SETOR

EDUCACIONAL PODE

TORNAR A ECONOmIA

mAIS COmPETITIVA

12º e 13º respectivamente. No momento em que se

discute a Estratégia Bahia de Ciência, Tecnologia e

Inovação, projeto que modifica o marco legal e a

política estadual de CT&I, verifica-se que há muito

a avançar para estimular a inovação e tornar a eco-

nomia do estado mais competitiva.

No que se refere à questão ambiental, a Bahia

apresenta uma defasagem significativa em relação

aos outros dois principais estados da região Nordes-

te. O que se vê é Pernambuco na 8ª, Ceará na 13ª e

a Bahia na 17ª posição no ranking nacional da sus-

tentabilidade ambiental, que leva em consideração

indicadores de: emissões de CO2; serviços urbanos;

destinação do lixo; e tratamento de esgoto12.

No que se refere ao ranking de competitivida-

de por estados pelo pilar da eficiência da máquina

pública, vê-se que os estados do Ceará e Pernam-

buco apresentam uma colocação bem superior à

da Bahia, sendo os primeiros 9º e 10º lugares, e

o terceiro em 16º lugar. Considerando os grandes

estados do Brasil (em termos de população) a

42 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

s chamadas políticas transversais atingem muitos

setores da economia, têm aplicação genérica, me-

lhorando o ambiente de negócios para que a inicia-

tiva privada atue em seus respectivos segmentos. A

seguir, elencamos aquelas que entendemos priori-

tárias para revitalizar o desenvolvimento da Bahia.

4.1 - InfrAestruturA

O tema infraestrutura está presente em todos os

debates quando o assunto é desenvolvimento eco-

nômico e integra de modo permanente a agenda

dos formadores de opinião e dos formuladores de

políticas públicas. Ainda assim, pouco se tem feito

para resolver os principais problemas e os discur-

sos, muitas vezes, soam como frases de efeito, sem

resultados práticos. Dentre as várias razões para

repetir os mesmos temas e apontar, todo ano, os

mesmos problemas, uma, em particular, se sobres-

sai: a falta de uma política permanente de Estado,

na qual estejam definidos pilares estratégicos e

prioridades. Sem essas definições, necessidades

diversas paralisam as decisões governamentais

pela evidente falta de recursos ou por questões

de natureza política, fazendo com que a reação

natural seja atender pontualmente pleitos de seg-

mentos que exerçam maior pressão, mas que não

são necessariamente os investimentos que trarão

maior retorno econômico ou social.

O momento é oportuno para dialogar com a

sociedade e definir a política estratégica que será

adotada para os próximos anos. Assim, será possí-

vel estabelecer prioridades na área de infraestru-

tura e identificar aqueles investimentos cujo po-

tencial pode maximizar os ganhos econômicos e o

bem-estar social para o próximo período.

No entendimento da indústria, o foco da po-

lítica estratégica do Estado da Bahia na área de

infraestrutura deve ser a adoção de uma ampla e

irrestrita parceria com o setor privado.

Como abordado no capítulo do diagnóstico,

desde os anos 1980, o modelo estatal de desen-

volvimento perdeu a capacidade de responder às

43 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

transversais

4. propostas de políticas

44 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 45 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

necessidades da economia, em grande parte pela

diversificação e pela maior complexidade da ma-

triz econômica, ampliada com a abertura comercial

e com a concorrência em escala global. Por outro

lado, a partir da Constituição de 1988, o Estado bra-

sileiro passou a assumir uma extensa agenda no

campo social, notadamente na saúde, educação,

segurança, previdência, etc., que direcionou muitos

recursos para essas áreas,sobrando pouco para in-

vestimentos em infraestrutura. Dados do Ministério

dos Transportes13 indicam que o Brasil investe mui-

to pouco em infraestrutura, cerca de 2% do PIB, en-

quanto países vizinhos da América do Sul investem

5% do PIB e países do BRICs até 8%.

Essa realidade é praticamente a mesma nos go-

vernos estaduais: a Constituição de 1988 também

impôs obrigações sociais que reduzem em muito a

capacidade de investir em infraestrutura. O estado

da Bahia, além de enfrentar desafios em buscar re-

cursos da União para importantes equipamentos,

a exemplo de rodovias, portos, ferrovias e aero-

portos, que dependem de investimentos federais,

concorrendo com outros estados da federação,

também tem dificuldade em atender a demanda da

infraestrutura que está sob sua responsabilidade.

Devido à dimensão territorial e possuindo ainda

uma vasta população pobre, a construção e manu-

tenção dessa infraestrutura é cara e está constan-

temente em conflito com o orçamento estadual, o

que faz com que o estado acabe figurando entre os

piores no ranking de competitividade.

Para reverter esse quadro, é preciso buscar

alternativas. Certamente o governo do Estado não

pode se ausentar da responsabilidade de investir

na infraestrutura, mas é preciso implementar solu-

ções que equilibrem as finanças públicas com as

necessidades da população e do setor produtivo.

Diante dessa inequação, na qual o orçamento es-

tadual será sempre menor que as necessidades, a

estratégia de longo prazo está na aliança com o se-

tor empresarial por meio de PPPs, concessões, ar-

rendamentos e privatizações, buscando um melhor

gerenciamento dos equipamentos e ampliação dos

investimentos no setor de infraestrutura.

Portanto, nossa mensagem é clara: no contex-

to de crise econômica e de dificuldade fiscal por

parte do setor público, reafirma-se a necessidade

de entrada da iniciativa privada em áreas de atu-

ação antes quase que exclusivas do setor público

(portos, saneamento, energia, etc.), por meio dos

instrumentos legais disponíveis (concessões, PPPs,

etc.). Acreditamos que essa é a melhor saída para

a ampliação e modernização da infraestrutura da

Bahia para os próximos anos, a qual, não somente

dará maior autonomia ao governo estadual para

atuar em outras áreas, mas também trará agilidade

para investimentos em um setor dinâmico, que pre-

cisa de respostas rápidas.

AtuAÇÃO

Outro pilar estratégico é atuar politicamente junto

ao governo federal, exercendo pressão (legítima)

que se traduza em atenção para as obras em exe-

cução e em novos investimentos para a Bahia. In-

dependentemente do alinhamento político entre os

governos estadual e federal, é preciso unir esforços

para que a Bahia esteja no planejamento estratégi-

co do país, não se admitindo um fechamento para

o plano federal, observando que parte considerável

de sua infraestrutura, como dito, é atendida por re-

cursos orçamentários e decisões no âmbito de Bra-

sília. Há muitos temas que dependem de um diálo-

go intenso e permanente entre a Bahia e o governo

federal. Por outro lado, alinhamento político não é

condição suficiente para alcançar os objetivos na

área de infraestrutura.

Nesse caso, nossa mensagem é que a estraté-

gia correta, independentemente da configuração

política, está na elaboração de projetos e relatórios

técnicos de qualidade, que apresentem coerência

lógica e apontem benefícios econômicos e sociais,

ultrapassando, quando possível, a esfera local e

alcançando o âmbito da federação, enfatizando

as condições geográficas e a complementaridade

econômica do estado com outras regiões do país.

O que se espera é que a Bahia, na concorrência en-

tre projetos dos diversos estados, diferencie-se nos

aspectos técnico e econômico.

Estabelecidas as diretrizes do plano estratégico

para o setor de infraestrutura, com base nos pilares

da parceria com o setor privado e no máximo de

entendimento com o governo federal, via projetos

técnicos, seguem-se, no entendimento da FIEB, os

pontos prioritários da infraestrutura para levar a

Bahia a um novo patamar de desenvolvimento.

PROPOSTA GERALCriar um conselho estratégico de infraestrutura

- com autonomia e poderes para definir as

prioridades de investimentos do estado, com

vistas a superar os principais entraves, que

inibem ou retardam investimentos privados

e que impactam diretamente na manutenção

das atividades das empresas. Devendo contar

com a participação de representantes do setor

privado e atuar com foco em: abastecimento

de água, esgotamento sanitário, mobilidade

urbana, logística e energia elétrica.

MOdAl rOdOVIárIO

A malha rodoviária baiana, apesar de avanços pon-

tuais, tem situação de deficiência. Com o intuito de

promover investimentos nas vias de maior deman-

da, os governos federal e estadual têm apostado

na concessão de rodovias à iniciativa privada. No

entanto, esse processo deve ser acelerado, notada-

mente nos principais eixos rodoviários do estado.

Propostas

Estudar a viabilidade de concessão à iniciativa

privada dos principais eixos rodoviários, conforme

detalhamento a seguir:

1. bR-242 – Realizar projeto de viabilidade de

concessão para a iniciativa privada (ou PPP), com a

duplicação de todo o trecho na Bahia.

2. bR-101 – Retomada das obras de duplicação

do trecho norte: Feira de Santana-Aracaju e con-

cessão à iniciativa privada do trecho sul (Feira de

Santana-Mucuri) para duplicação.

3. bR-324 – Além da VIABAHIA, buscar enten-

dimentos com a ANTT para a construção da ter-

13Fonte: Portal do Valor Econômico, em 02/03/2018.

RODOVIAS

bAIANAS Têm

INVESTImENTO

PRIVADO

46 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 47 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

ceira faixa Feira de Santana – Salvador. E, emer-

gencialmente, propor essa terceira faixa no trajeto

de 12 km entre águas Claras (Salvador) e Simões

Filho. Viabilizar a duplicação do anel norte de Fei-

ra de Santana.

4. bR-116 – Buscar entendimentos com a

ANTT e a VIABAHIA para a duplicação de todo o

trecho entre Feira de Santana-Divisa BA/MG. Re-

alizar projeto de viabilidade de concessão para a

iniciativa privada do trecho Feira de Santana-Divi-

sa BA/PE.

5. bR-324 / bR-407 (Feira de Santana-Juazei-

ro) – Solicitar a licitação de concessão dos trechos

Feira de Santana-Capim Grosso (BR-324) e Capim

Grosso-Juazeiro (BR-407), com prazo de duplicação

estabelecido.

6. bR-110 – Realizar projeto de viabilidade de

concessão para a iniciativa privada do trecho Catu

-Paulo Afonso.

7. bR-030 – Realizar projeto de viabilidade de

concessão para a iniciativa privada do trecho Ubai-

taba-Divisa BA/MG.

8. bR-235 – Realizar projeto de viabilidade de

concessão para a iniciativa privada do trecho Cam-

po Alegre de Lurdes-Divisa BA/SE.

9. bR-407 – Realizar projeto de viabilidade de

concessão para a iniciativa privada do trecho En-

troncamento com a BR 242-Divisa BA/PE.

(x) Realizar estudo de viabilidade de conces-

são dos principais sistemas rodoviários estaduais,

a exemplo do programa do Sistema BA 093.

MOdAl AquAVIárIO

Companhia das Docas

A nova Lei do Portos (Lei 12.815/2013), no seu Art.

64, prevê que as Companhias Docas firmem acor-

do com a Secretaria de Portos da presidência da

República para compromissos de metas e desem-

penho empresarial que estabelecerão, nos termos

do regulamento: I - objetivos, metas e resultados

a serem atingidos, e prazos para sua consecução;

II - indicadores e critérios de avaliação de desem-

penho; III - retribuição adicional em virtude do seu

cumprimento; e IV - critérios para a profissionaliza-

ção da gestão das Docas.

No entanto, em geral, as Companhias de Docas

não apresentam continuidade de gestão e a alta ro-

tatividade da direção administrativa, além de não

implementarem soluções adequadas, deixam de

perseguir a desejável eficiência e profissionaliza-

ção da empresa.

Ademais, a nova Lei prevê a possibilidade de

que a administração do porto seja exercida por

entidade privada concessionária, com outorga de

cessão onerosa do porto organizado, com vistas à

administração e à exploração de sua infraestrutu-

ra. O prazo será determinado ou por município ou

estado, ou consórcio público, ao qual tenha sido

estabelecido, mediante convênio, delegação envol-

vendo a transferência da administração e da explo-

ração do porto organizado.

Como os portos organizados da Bahia são hoje

equipamentos administrados pelo governo federal,

para se realizar as propostas que serão apresenta-

das a seguir, o governo do Estado precisará fazer

gestão política para que os interesses da Bahia no

setor portuário sejam contemplados pela União.

Proposta

Privatizar a Codeba, adotando-se modelos dis-

tintos para a gestão dos portos de Salvador, Aratu

e Ilhéus.

Porto de Aratu

O Porto de Aratu é um gargalo logístico para a in-

dústria da Bahia e sua ineficiência implica custos e

afugenta investimentos para o estado. Em 201714,

foram registrados 3.269 dias de espera para atra-

cação neste porto, ao custo estimado de US$ 98

milhões. Salvo pequenas intervenções emergen-

ciais, é o mesmo porto construído para suportar as

cargas do Polo Petroquímico há mais 40 anos. Pos-

sui equipamentos envelhecidos e de baixa produ-

tividade, que não atendem de maneira eficiente a

maioria dos navios modernos. Há necessidade pre-

mente de construção de novos terminais, que es-

tão com capacidade saturada desde 1996 e alguns

operam com taxas de ocupação superiores a 70%,

quando o índice máximo aceitável seria de 65% e o

indicador de ampliação15 é de 45%. O efeito visível

está no elevado número de dias de espera, o que

aumenta significativamente os custos logísticos.

Controlado pela União, o Porto de Aratu é não

urbano, industrial, vocacionado às cargas grane-

leiras. Composto por seis berços, sendo três para

atracação de navios de granéis sólidos, dois de

granéis líquidos e um de produtos gasosos, o porto

possui excelente acessibilidade marítima, rodoviá-

ria considerada de média a boa, e ferroviária aban-

donada, mas possível de ser retomada.

Diferentemente da carga conteinerizada que

pode recorrer a portos e terminais de outros es-

tados na busca por soluções logísticas competi-

tivas, os graneis, cargas de baixo valor agregado,

não suportam custos logísticos mais elevados. Por

essa razão, a expansão e modernização da infra-

estrutura do porto organizado de Aratu, com vis-

tas ao atendimento da demanda por serviços de

movimentação de carga graneleira, são condições

fundamentais para o incremento da produção in-

dustrial química, petroquímica, agrícola e mineral

do estado da Bahia.

PROPOSTA GERALConcessão de todo o porto para a iniciativa

privada, viabilizando/exigindo a modernização

dos terminais existentes, bem como a

construção de novos.

Modelo

• Leilão da gestão, no formato de Sociedade

de Propósito Específico (SPE), com a finalidade de

administrar o porto e promover arrendamentos de

todas as suas áreas, para operadores explorarem

com finalidade específica, sem que a empresa ges-

tora opere o porto.

• Com uma duração de 35 anos, podendo ser

renovada por igual período, a concessão deve

contemplar os parâmetros de menores tarifas por-

tuárias, maior oferta de serviços e de operadores,

promoção de competição entre operadores e prevê

a expansão do porto com plano de investimentos

mínimos a serem cumpridos dentro dos primeiros

anos de exploração.

Porto de Salvador

Apresenta características físicas de um porto

urbano de concepção antiga, sofrendo pressão da

expansão da cidade. Na maior parte do porto, as

faixas de cais são estreitas, os armazéns são pe-

quenos, a retroárea é bastante limitada, não há

acesso ferroviário e o tráfego de veículos pesados

se mistura com o tráfego urbano nas imediações

do porto. Ademais, as áreas de armazenagem são

pequenas para a demanda atual e a área de esta-

cionamento para caminhões e outros veículos é

insuficiente. Nos últimos anos, o TECON/Salvador

realizou investimentos de modernização da área

de contêineres, com aquisição de equipamentos

e reconfiguração do cais de ligação para a nave-

gação de cabotagem e ampliação do terminal de

contêineres.

Sua acessibilidade marítima é excelente, talvez

a melhor dentre os portos brasileiros, assim como

a privilegiada acessibilidade rodoviária, pela recen-

te construção de uma via expressa. Não dispõe de

acesso ferroviário, que foi desativado pela FCA.

O porto conta com dois berços para atracação

de navios porta-contêiner no terminal arrendado,

mas a oferta para navios de longo curso é restrita

a um berço. O cais de água de Meninos, com 377m

de comprimento, opera navios de longo curso, en-

quanto o Cais de Ligação, com 240m de extensão,

opera navios de carga geral e os pequenos de ca-

botagem. O crescimento das embarcações veio a

tornar o Cais de Ligação pouco operativo.

Propostas

1. Apoiar a renovação antecipada do contrato

de arrendamento para a ampliação da capacidade

do terminal de contêiner existente para o seguinte

padrão de referência: (i) 920 m de cais contínuo,

14Fonte: Codeba apud Usuport em: http://www.usuport.org.br/Estatisticas/, acesso em 25/05/2018. O custo estimado por um dia de navio parado é de cerca de US$ 30 mil, que pode variar de acordo com a carga e o porte do navio.

15Nível de utilização da capacidade que indica a necessidade de se planejar/preparar uma ampliação do equipamento.

48 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 49 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

com dois berços; (ii) área com cerca de 260 mil m²;

(iii) número de portêineres – um para cada 100 m

de cais; e (iv) dois gates.

2. Fomentar a navegação de cabotagem, com

a discussão sobre incentivos ao óleo combustível

usado pelos navios mercantes;

3. manter o uso produtivo dos armazéns,

enquanto não houver alternativas viáveis para as

empresas usuárias.

Porto de Ilhéus

O porto de Ilhéus foi inaugurado na década de

1970 com a finalidade básica de atender à expor-

tação de cacau e suas atividades complementares,

como importação de fertilizantes e combustíveis.

Com a crise na lavoura cacaueira, o porto perdeu

grande parte de suas operações. No período re-

cente, novas cargas foram atraídas, como as expor-

tações de níquel da Mirabela. Atualmente o porto

sofre com a necessidade de aprofundamento, que

envolve um problema técnico complexo, por conta

da movimentação de areia no leito do mar e a ero-

são das praias do norte do município.

Proposta

Concessão de todo o porto à iniciativa privada.

Modelo

• Tendo em vista que o porto é pequeno e ili-

mitado (profundidade de 9,3m), sendo equivalente

a um terminal, para competir com outros portos, é

necessário elevar a profundidade para 12m.

• Propõe-se o leilão do porto à empresa inte-

ressada na administração e operação portuárias,

levando em consideração menores tarifas e a apre-

sentação de um plano de investimentos.

• A duração da concessão também seria de 35

anos prorrogável por mais 35 anos.

Porto Sul

A solução está ligada à retomada das obras da

FIOL e o equacionamento do porto à realidade eco-

nômica de todo empreendimento.

Proposta

Redefinição do escopo do projeto do porto,

com redução das necessidades de investimento,

ficando o projeto mais atrativo para potenciais in-

vestidores internacionais, viabilizando a obra.

dutOVIAs

A melhor opção de transporte de produtos do

Polo de Camaçari para o Porto de Aratu é por

meio de dutovias, que são estruturas adequadas

para transportar óleos, gases e produtos químicos

através da gravidade ou da pressão. Esses equi-

pamentos trazem ganhos de competitividade,

pois reduzem custos com frete rodoviário e trazem

maior segurança no transporte de substâncias pe-

rigosas. No entanto, a capacidade de transporte

dos dutos do porto de Aratu alcançou seu limite e,

por conta disso, há problema quanto ao limite de

servidão dos mesmos.

Proposta: é necessário redefinir e ampliar o es-

paço nas servidões e a garantia de segurança no

entorno dos dutos, evitando o contato das pessoas

com o sistema e, eventualmente, com os produtos.

A ampliação de dutovias deve ocorrer de forma

mais efetiva com a adoção de parcerias entre pri-

vados e público-privado para a construção dessas

estruturas.

MOdAl ferrOVIárIO

Outro gargalo logístico que tem travado o desen-

volvimento econômico do estado é a situação da

malha ferroviária na Bahia. Isso diz respeito tanto

ao caso da malha existente quanto à construção de

novos equipamentos.

Ferrovia Centro-Atlântica

Vital que se modernize a malha ferroviária

hoje concedida à FCA/VLI, que está sucateada. O

momento é oportuno para discutir, pois o governo

federal prepara a renovação antecipada da conces-

são da ferrovia, a qual permitirá que sejam estabe-

lecidas novas metas sobre investimentos e capaci-

dade de transporte.

Propostas

1. Buscar entendimento com a ANTT para que

novos investimentos sejam feitos na recuperação

da FCA como contrapartida à renovação do contra-

to de concessão com a VLI.

2. Para que as inversões da renovação ante-

cipada signifiquem agregação de valor à logística

ferroviária, elas devem contemplar o aumento da

bitola para 1,26 m (larga, do mesmo padrão da

FIOL) e velocidade média igual ou superior a 60

km/h.

3. É fundamental ainda contemplar a integra-

ção da FCA à FIOL. Esta deve, ainda, estar interliga-

da com os dois grandes eixos rodoviários BR-116 e

BR-324 por meio de estações intermodais.

FIOL – Ferrovia de Integração Oeste-Leste

De acordo com dados da Valec16, o trecho

Ilhéus-Caetité, de 537 km (lotes 1 a 4, licitado em

2010 por R$ 2,4 bilhões) apresenta avanço físico

de 72,8%. Já o trecho Caetité-Barreiras de 485 km

(lotes 5, 6 e 7, licitado em 2010 por R$ 1,9 bilhão)

tem avanço físico de 19,6%. Por fim o trecho entre

Barreiras e Figueirópolis ainda não tem obras ini-

ciadas. O custo total estimado da FIOL é da ordem

de R$ 6,4 bilhões. Estima-se que já se tenha gas-

tado pelo menos metade do valor total da obra17,

montante muito elevado para ser desconsiderado.

Portanto, é dever do Governo de Estado zelar por

esse patrimônio, que certamente trará grandes be-

nefícios para toda a economia baiana.

Proposta

O projeto prioritário é a viabilização da FIOL,

com a retomada das obras e, preferencialmente,

com a mudança do seu traçado, conectando-a

diretamente à Ferrovia Integração Centro-Oeste

(FICO), em Campinorte-GO. Com a mudança sugeri-

mODAl

FERROvIáRIO

PRECISA SER

RECUPERADO

16http://www.valec.gov.br/ferrovias/ferrovia-de-integracao-oeste-leste/trechos/ilheus-ba-caetite-ba, acesso em 08/03/2018.

17Em recente reportagem do G1 Bahia (11/10/2017), citando o governo do Estado, estima-se que já foram gastos R$ 5 bilhões. Fonte https://g1.globo.com/bahia/noticia/construcao-da-fiol-no-sul-da-ba-esta-parada-e-quase-1500-trabalhadores-foram-demitidos.ghtml, acesso em 08/03/2018.

51 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

da, a distância entre Campinorte-GO (conexão com

a FICO) e o Porto Sul passaria dos atuais 1.800 km

para 1.420 km. Novamente, é preciso ressaltar a

necessidade de uma solução casada e simultânea:

FIOL + Porto Sul.

Com a crise fiscal do governo federal, enten-

demos ser necessário atrair para os dois projetos

a participação do setor privado e/ou de investido-

res estrangeiros, via licitação dos projetos/empre-

endimentos.

reVItAlIzAÇÃO dO rIO sÃO frAncIscO

cOM A recuperAÇÃO de suA hIdrOVIA

A revitalização do rio São Francisco precisa fazer

parte da Agenda do Governo do Estado da Bahia e,

a partir de sua gestão junto a outros estados in-

teressados (Minas Gerais e estados nordestinos),

entrar na pauta de investimentos federais. Trata-se

de questão com impacto: (i) na geração de ener-

gia hidroelétrica; (ii) no agronegócio pelos diversos

projetos irrigados com as águas do São Francisco;

(iii) abastecimento humano e animal em diversos

estados, considerando-se inclusive a transposição

de águas; e (iv) o transporte hidroviário, que numa

matriz excessivamente rodoviária como a do Brasil,

deveria ser incentivada e viabilizada pela União e

também pelos estados.

Propostas

1. Realizar em caráter emergencial os inves-

timentos necessários para a revitalização do rio

São Francisco, contemplando ações como: (i) recu-

peração de áreas degradadas; (ii) preservação de

nascentes; (iii) controle de processos erosivos; (iv)

conservação da água e do solo; (v) educação am-

biental; (vi) elaboração do Zoneamento Ecológico

Econômico; (vii) estímulo ao turismo sustentável;

(viii) monitoramento da biodiversidade da flora e

fauna nativas, entre outros;

2. Realizar obras de dragagem, derrocamento e

sinalização da hidrovia; e

3. Realizar programa contínuo de investimen-

tos na operação da hidrovia.

MOdAl AerOpOrtuárIO

Aeroporto de Salvador

A solução defendida pela FIEB, de concessão

do aeroporto de Salvador, acabou tornando-se re-

alidade em março de 2017, quando foi arrematado

pela Vinci Airports (operadora aeroportuária france-

sa), por R$ 1,59 bilhão, com prazo de concessão de

30 anos (prorrogável por mais 5 anos). De acordo

com a ANAC, há investimentos previstos da ordem

de R$ 2,35 bilhões. Esse é um exemplo que deve

ser seguido para outros equipamentos e modais.

Proposta: em se tratando de concessão federal,

cabe ao estado acompanhar e cobrar o cumprimen-

to das exigências contratuais e o aprimoramento

dos serviços prestados por parte da concessionária

para o bom atendimento dos interesses da popula-

ção e da economia da Bahia.

Aeroportos regionais

Outra questão relevante é o movimento de re-

gionalização do tráfego aéreo. Nesse sentido, há

cidades no interior demandando investimentos

em equipamentos aeroportuários, de modo a se

promover o transporte mais ágil de passageiros e

cargas, bem como a interiorização do desenvolvi-

mento e do turismo. Destacam-se os aeroportos

de Paulo Afonso; Irecê; Barreiras; Lençóis; Feira de

Santana; Bom Jesus da Lapa; Valença; Guanambi;

Vitória da Conquista; Jequié; Ilhéus; Porto Seguro;

Teixeira de Freitas; e Caravelas.

Proposta: estudar a viabilidade de concessão

para a iniciativa privada de cada aeroporto ou de

um conjunto deles.

energIA elétrIcA

Há uma tendência à diversificação da matriz

de geração, com crescimento das usinas térmicas,

parques eólicos e a geração solar. No entanto, a ge-

ração hidroelétrica permanecerá como a principal

fonte energética do país, mas com redução relativa

dos estoques de energia, por conta das restrições

ambientais à construção de grandes reservatórios.

Nessa área, as questões mais relevantes dizem

respeito a: (i) oferta; (i) custo; e (iii) qualidade do

fornecimento de energia. De acordo com dados do

Operador Nacional do Sistema (ONS), o subsiste-

ma Nordeste é importador de energia elétrica, al-

cançando um média de 3.300 MWmed no mês de

março de 2018, o que representa quase um terço

do consumido pela região no período. Por sua vez,

a produção hidráulica vem perdendo participação

na matriz de produção, cedendo lugar para as tér-

micas e eólicas.

Essa realidade faz com que o Nordeste, em par-

ticular a Bahia, tenha que buscar incessantemen-

te a construção de linhas que tragam energia de

outras regiões, sobretudo, da região norte do País.

No mesmo sentido, é importante a construção de

linhas de transmissão que viabilizem os empre-

endimentos de energia eólica e solar, que estão

espalhadas no território baiano. Por fim, a baixa

qualidade do fornecimento de energia tem afetado

muito indústrias que trabalham com alta precisão.

A seguir são apresentados os principais pontos que

afetam esses três problemas.

lInhAs de trAnsMIssÃO

Caso Abengoa

A espanhola Abengoa paralisou as obras das

linhas de transmissão em 2015. Em setembro de

2017, o MME cassou autorização da Abengoa para

a construção de nove linhas de transmissão, foram

interrompidas as obras nos 1.854 quilômetros do

linhão que vai de Miracema/TO a Sapeaçu/BA, e

passa pelo Maranhão e Piauí. O contrato de cons-

trução foi assinado com a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) em fevereiro de 2013 e pre-

via o início de operação dessa linha de transmissão

em 36 meses. A licença ambiental para a instalação

foi concedida pelo Ibama em março de 2013.

Proposta

Essa linha traz a energia de Belo Monte para

a Bahia e é essencial para o desenvolvimento do

oeste do Estado. O Governo da Bahia deve buscar

junto ao MME e ANEEL solução para a retomada ur-

gente da construção da linha.

Linhas de transmissão para escoamento

das usinas eólicas e de energia solar

A Bahia possui o maior potencial do Brasil para

a produção de energia limpa e renovável, notada-

mente, de origem eólica e solar. Outro potencial

considerável, relativamente pouco explorado pelo

estado é o da geração via biomassa, que pode

aproveitar o material das florestas plantadas, ba-

gaço de cana e outros resíduos do agronegócio.

No entanto, atualmente só participam dos leilões

parques que tenham parecer de acesso que com-

provem ter linha para escoar a energia.

Proposta

Mapear os projetos de parques eólicos com

maior potencial e que estão incapacitados de par-

ticipar dos leilões por falta de linhas e demandar a

realização de leilões de linhas de transmissão para

os mesmos.

Linhas de Transmissão (LT) e Subestações (SE)

importantes com obras atrasadas:

• LT Funil / Itapebi;

• LT Eunápolis / Teixeira de Freitas II;

• SE Teixeira de Freitas II 230/138 kV;

• SE Teixeira de Freitas II - 2º TR 230/138 kV – 100

MVA;

ENERGIAS

EóLICA E SOLAR

DEVEm SER

PRIORIzADAS

50 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

52 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 53 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

• LT Eunápolis / Teixeira de Freitas II C2;

• LT 500 kV Camaçari IV - Sapeaçu;

• LT 230 kV Sapeaçu - Santo Antônio de Jesus C3;

• SE Pirajá 230/69 kV - 360 MVA;

• LT 230 kV Camaçari IV – Pirajá

• LT 230 kV Pituaçu – Pirajá;

• SE Irecê (TR8 230/138 kV - 55 MVA);

• SE Irecê (TR6 230/69 kV - 39 MVA);

Proposta

Pressionar a Aneel e MME para solução dos

atrasos.

águA e sAneAMentO

água e saneamento são temas cuja importância

cresce a cada ano junto à população, seja por conta

do seu aspecto social e de saúde, seja por conta de

sua importância econômica, para o setor agrícola,

comercial e industrial. Por conta dessa importância,

percebe-se que o setor público não apresenta con-

dições de investir no segmento na velocidade de-

sejada pela população e por agentes econômicos.

Assim, a possibilidade de se privatizar a empresa

estadual de saneamento (Embasa) deve ser coloca-

da em discussão. Outra alternativa é a realização em

larga escala de parcerias com o setor privado (PPPs),

no qual já há uma experiência exitosa na Bahia, o

emissário submarino de Jaguaribe, em Salvador.

Propostas

1. Estudar a privatização total ou parcial dos

serviços de saneamento no Estado da Bahia, na

área de atuação da Embasa.

2. Planejamento integrado dos investimen-

tos previstos que leve em conta o aproveitamen-

to racional dos mananciais, os múltiplos usos da

água, bem como a implementação do marco regu-

latório do setor.

3. Parcerias com o setor privado para constru-

ção de novos equipamentos para abastecimento

de água em todo o território da Bahia.

4. Na área de saneamento, dado o enorme de-

safio do Plano Nacional de Universalização, viabili-

zar parcerias com o setor privado (PPPs), a exemplo

do emissário de Jaguaribe.

5. baseado no Plano de Abastecimento de

água da Região metropolitana de Salvador

– PARmS, elaborado em 2017, propõe-se que o

governo do Estado priorize a redução da cota da

Barragem de Santa Helena, que hoje opera entre

17 e 20 metros, passando para cota de 10 metros.

Tal mudança sozinha equacionará a oferta de água

na RMS até 2020, área que possui maior densidade

industrial do estado.

InfrAestruturA urBAnA

Evidencia-se que os grandes centros urbanos

têm se tornado origem de conflitos, violência e bai-

xa qualidade de vida para suas populações, com

grande influência da falta de infraestrutura adequa-

da para o transporte urbano, saúde, saneamento,

moradia e lazer, entre as principais necessidades.

Do mesmo modo, empresas são obrigadas a pagar

transporte para seus funcionários, com elevado

custo e sem garantia de qualidade.

Propostas

1. Apoiar/estimular os municípios na melho-

ria do transporte público nas cidades médias, com

interligação dos centros industriais e as áreas ur-

banas de moradia, através de linhas de ônibus, por

exemplo.

2. Expansão das linhas do metrô de Salvador

e conexão da rede com o VLT e BRT, contemplando-

se a área da RMS.

3. Apoio à construção do bRT de Salvador e

ampliação do de Feira de Santana.

telefOnIA/telecOMunIcAÇÕes

A oferta de telefonia em padrões internacionais

de qualidade é hoje vital para o desenvolvimento

dos negócios. Mas, também aqui, a Bahia possui

uma grande concentração em sua infraestrutura de

telecomunicações instalada na RMS, onde há uma

maior oferta de serviços e a presença de um mer-

cado concorrencial, facilitando as negociações de

preço/qualidade por parte dos consumidores.

Desse modo, ainda que haja problemas de

qualidade e oferta na região metropolitana, o

quadro é muito mais grave no interior do estado,

com baixo nível de acesso às telecomunicações,

especialmente à banda larga/internet.

Proposta

1. Estímulo à expansão da rede de banda lar-

ga pelo interior do Estado, com prioridade para as

cidades médias, promovendo o quanto possível a

concorrência na oferta do serviço.

2. Apoio e desenvolvimento do programa

BANDA LARGA Convênio MCTIC, RNP, Chesf e Coel-

ba, ampliando sua capilaridade.

É preciso destacar que o equacionamento do

déficit estadual em telecomunicações e em banda

larga é relativamente barato, considerando-se o

seu nível de importância para o desenvolvimento

dos negócios no estado.

dIstrItOs IndustrIAIs

Após a pacificação da disputa quanto à cobran-

ça da taxa dos distritos industriais, o momento é de

Mapa da Rede da Chesf que será utilizada pela distribuição de Banda Larga (conforme apresentado no PDI/Codes-BA)

BANDA LARGAConvênio MCTIC, RNP, Chesf e Coelba

Fonte: RNP; CHESF; SECTI, 2017/Elaboração: CODES

Interligação das instituições de pesquisa/ensino, escolas públicas, bibliotecas, hospitais públicos e órgãos estaduais e municipais até 2020

3.500 km100 gb/sr$ 18 milhões (R$ 900 mil/ano durante 20 anos)

54 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 55 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

acelerar o ritmo das obras com os recursos do FUNE-

DIC e passar para a fase de cobrança da taxa de ma-

nutenção, com redução significativa da atual taxa.

Proposta

Acelerar o cronograma das obras com os recur-

sos do FUNEDIC já existentes e passar para a fase

de cobrança da manutenção nos distritos que não

fizeram convênio com o governo do Estado, bem

como especificar os casos/procedimentos de isen-

ção na cobrança da taxa.

4.2 - educAÇÃO

“Educação é a mais poderosa arma que pode-

mos usar para mudar o mundo. ”

Nelson Mandela

A crise na aprendizagem é uma crise moral.

quando bem provida, a educação cura uma sé-

rie de males da sociedade. Para os indivíduos,

promove empregos, renda, saúde e redução da

pobreza. Para as sociedades, ela estimula a ino-

vação, fortalece as instituições e promove coe-

são social. Mas esses benefícios dependem em

grande parte da aprendizagem. Prover escola

sem haver aprendizagem é um desperdício de

oportunidade. Mais do que isso, é uma grande

injustiça: as crianças a quem a sociedade mais

falha são justamente as que mais precisam de

uma boa educação para ter sucesso na vida.18

Dentre os pilares da competitividade para a

economia e setor industrial, sem dúvida, o da edu-

cação é o maior desafio do estado da Bahia. Como

visto no capítulo de diagnóstico, o estado mantém

o 22º lugar nesse requisito do ranking de competi-

tividade, numa posição de destaque negativo mes-

mo entre estados da região Nordeste.

A redução da importância de políticas fiscais

na atração de investimentos produtivos e o fato

de que uma série de paradigmas produtivos estão

sendo alterados em direção a modelos mais sofis-

ticados e exigentes de uma mão de obra mais qua-

lificada tornam o baixo nível geral da educação no

estado um indicador bastante negativo. Isso ocorre

sob a égide do novo cenário global de desenvolvi-

mento socioeconômico, que é baseado fortemente

no conhecimento.

Observando-se alguns dos indicadores mais

reconhecidos do tema, não há como deixar de afir-

mar que as políticas e ações estaduais no âmbito

da educação não estão dando o resultado neces-

sário. Vejam-se a seguir alguns exemplos:

A EDUCAçãO é O mAIOR

DESAFIO bAIANO PARA

A COmPETITIVIDADE NA

ECONOmIA E INDúSTRIA

18World Bank. 2018. World Development Report 2018: Learning to Realize Education’s Promise. P. 3.

IdeB (ÍndIce de desenVOlVIMentO dA educAÇÃO BásIcA)

Fonte: INEP. Elaboração GET/SDI/FIEB.

tABelA 15 – IDEB - 4ª Série / 5º Ano - Rede Pública (Federal, Estadual e Municipal)

RANkINg Em 2015 ESTADO 2005 2007 2009 2011 2013 2015

1º São Paulo 4.5 4.8 5.3 5.4 5.8 6.2

2º Minas Gerais 4.6 4.6 5.5 5.8 5.9 6.1

3º Paraná 4.4 4.8 5.3 5.4 5.8 6.1

4º Santa Catarina 4.3 4.7 5.1 5.7 5.9 6.1

5º Ceará 2.8 3.5 4.1 4.7 5.0 5.7

6º Distrito Federal 4.4 4.8 5.4 5.4 5.6 5.6

7º Goiás 3.8 4.1 4.7 5.1 5.5 5.6

8º Espírito Santo 3.9 4.3 4.8 5.0 5.2 5.5

9º Mato Grosso 3.5 4.3 4.8 4.9 5.2 5.5

10º Rio Grande do Sul 4.1 4.5 4.7 5.1 5.4 5.5

11º Acre 3.3 3.7 4.2 4.5 5.0 5.3

12º Mato Grosso do Sul 3.4 4.1 4.5 5.0 5.0 5.3

13º Rondônia 3.5 3.9 4.3 4.6 5.1 5.3

14º Rio de Janeiro 4.0 4.1 4.4 4.8 4.9 5.2

15º Roraima 3.6 4.1 4.2 4.5 4.8 5.1

16º Amazonas 2.9 3.4 3.8 4.2 4.5 5.0

17º Tocantins 3.4 4.0 4.4 4.8 5.0 5.0

18º Pernambuco 2.8 3.3 3.7 3.9 4.1 4.6

19º Piauí 2.6 3.3 3.8 4.1 4.1 4.6

20º Paraíba 2.7 3.3 3.6 4.0 4.2 4.5

21º Bahia 2.5 3.2 3.5 3.9 3.9 4.4

22º Maranhão 2.7 3.5 3.7 3.9 3.8 4.4

23º Rio Grande do Norte 2.5 3.2 3.5 3.8 4.0 4.4

24º Alagoas 2.4 3.1 3.4 3.5 3.7 4.3

25º Amapá 3.0 3.3 3.8 4.0 3.9 4.3

26º Pará 2.7 3.0 3.6 4.0 3.8 4.3

27º Sergipe 2.8 3.2 3.4 3.6 3.8 4.1

56 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 57 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

tABelA 16 – IDEB - 8ª Série / 9º Ano - Rede Pública (Federal, Estadual e Municipal) tABelA 17 – IDEB - 3º Ano do Ensino Médio - Rede Pública (Estadual)

Fonte: INEP. Elaboração GET/SDI/FIEB.

RANkINg Em 2015 ESTADO 2005 2007 2009 2011 2013 2015

1º Santa Catarina 4.1 4.1 4.3 4.7 4.3 4.9

2º São Paulo 3.8 4.0 4.3 4.4 4.4 4.7

3º Goiás 3.3 3.5 3.7 3.9 4.5 4.6

4º Minas Gerais 3.6 3.8 4.1 4.4 4.6 4.6

5º Ceará 2.8 3.3 3.6 3.9 4.1 4.5

6º Mato Grosso 3.0 3.7 4.2 4.3 4.2 4.5

7º Acre 3.4 3.7 4.1 4.1 4.3 4.4

8º Mato Grosso do Sul 3.1 3.7 3.9 3.8 3.9 4.3

9º Paraná 3.3 4.0 4.1 4.1 4.1 4.3

10º Amazonas 2.6 3.2 3.4 3.7 3.8 4.2

11º Rio Grande do Sul 3.6 3.7 3.9 3.9 4.0 4.2

12º Espírito Santo 3.5 3.7 3.8 3.9 3.9 4.1

13º Rondônia 3.1 3.3 3.5 3.6 3.8 4.1

14º Distrito Federal 3.3 3.5 3.9 3.9 3.9 4.0

15º Rio de Janeiro 3.2 3.5 3.4 3.7 3.9 4.0

16º Tocantins 3.3 3.6 3.9 4.0 3.8 4.0

17º Piauí 2.8 3.2 3.5 3.6 3.6 3.9

18º Pernambuco 2.4 2.6 3.0 3.2 3.4 3.8

19º Maranhão 2.8 3.2 3.4 3.4 3.4 3.7

20º Roraima 3.2 3.5 3.7 3.6 3.5 3.7

21º Pará 3.2 3.1 3.4 3.5 3.4 3.6

22º Amapá 3.4 3.4 3.6 3.5 3.4 3.5

23º Paraíba 2.5 2.8 2.9 3.1 3.2 3.5

24º Bahia 2.6 2.8 2.9 3.1 3.2 3.4

25º Rio Grande do Norte 2.5 2.8 2.9 3.0 3.2 3.4

26º Alagoas 2.3 2.6 2.7 2.6 2.8 3.2

27º Sergipe 2.7 2.8 2.8 2.9 2.8 3.1

Fonte: INEP. Elaboração GET/SDI/FIEB.

RANkINg Em 2015 ESTADO 2005 2007 2009 2011 2013 2015

1º Pernambuco 2.7 2.7 3.0 3.1 3.6 3.9

2º São Paulo 3.3 3.4 3.6 3.9 3.7 3.9

3º Goiás 2.9 2.8 3.1 3.6 3.8 3.8

4º Espírito Santo 3.1 3.2 3.4 3.3 3.4 3.7

5º Paraná 3.3 3.7 3.9 3.7 3.4 3.6

6º Rio de Janeiro 2.8 2.8 2.8 3.2 3.6 3.6

7º Acre 3.0 3.3 3.5 3.3 3.3 3.5

8º Amazonas 2.3 2.8 3.2 3.4 3.0 3.5

9º Distrito Federal 3.0 3.2 3.2 3.1 3.3 3.5

10º Mato Grosso do Sul 2.8 3.4 3.5 3.5 3.4 3.5

11º Minas Gerais 3.4 3.5 3.6 3.7 3.6 3.5

12º Ceará 3.0 3.1 3.4 3.4 3.3 3.4

13º Roraima 3.2 3.1 3.5 3.5 3.2 3.4

14º Santa Catarina 3.5 3.8 3.7 4.0 3.6 3.4

15º Rio Grande do Sul 3.4 3.4 3.6 3.4 3.7 3.3

16º Rondônia 3.0 3.1 3.7 3.3 3.4 3.3

17º Tocantins 2.9 3.1 3.3 3.5 3.2 3.3

18º Piauí 2.3 2.5 2.7 2.9 3.0 3.2

19º Amapá 2.7 2.7 2.8 3.0 2.9 3.1

20º Maranhão 2.4 2.8 3.0 3.0 2.8 3.1

21º Paraíba 2.6 2.9 3.0 2.9 3.0 3.1

22º Mato Grosso 2.6 3.0 2.9 3.1 2.7 3.0

23º Pará 2.6 2.3 3.0 2.8 2.7 3.0

24º Bahia 2.7 2.8 3.1 3.0 2.8 2.9

25º Alagoas 2.8 2.6 2.8 2.6 2.6 2.8

26º Rio Grande do Norte 2.6 2.6 2.8 2.8 2.7 2.8

27º Sergipe 2.8 2.6 2.9 2.9 2.8 2.6

58 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 59 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

pIsA (prOgrAMMe fOr

InternAtIOnAl

student AssessMent)

“O Pisa – Programa Internacional de Avaliação

de Estudantes – é uma iniciativa de avaliação com-

parada, aplicada de forma amostral a estudantes

matriculados a partir do sétimo ano do ensino

fundamental na faixa etária dos 15 anos, idade em

que se pressupõe o término da escolaridade básica

obrigatória na maioria dos países.

O Pisa é coordenado pela Organização para Co-

operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),

havendo uma coordenação nacional em cada país

participante. No Brasil, a coordenação do Pisa é de

responsabilidade do Inep.

O objetivo deste programa é produzir indicado-

res que contribuam para a qualidade da educação

nos países participantes, de modo a subsidiar po-

líticas de melhoria do ensino básico. A verificação

procura investigar até que ponto as escolas de cada

país participante estão preparando seus jovens para

o papel de cidadãos na sociedade contemporânea.

As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas

do conhecimento – leitura, matemática e ciências – havendo, a cada edição

do programa, maior ênfase em cada uma dessas áreas.”19

Nesse cenário, por melhor que seja o nível das escolas privadas do estado,

assim como a modesta contribuição em termos de matrículas das escolas do

Sistema FIEB, o quadro da educação na Bahia não será alterado sem que o

ensino público, em nível municipal e estadual, seja expressivamente aperfei-

çoado no sentido de melhorar o desempenho dos seus alunos.

Nos dados abaixo, do Censo da Educação Básica 2017, chama a atenção

o grande número de matrículas realizadas em área rural na Bahia, mais de

22% do total, bem como a baixa presença do Estado, principal responsável

pelo ensino médio. Sem dúvida, trata-se de um

fator complicador para o bom provimento desse

serviço essencial, trazendo desafios logísticos e

de recursos humanos.

No presente trabalho, a FIEB pretende trazer

19INEP – http://inep.gov.br/web/guest/pisa

tABelA 18 – Brasil: Ranking dos Estados no PISA (Ciências, Leitura e Matemática) - 2015

Fonte: INEP. Elaboração GET/SDI/FIEB.

propostas e contribuições para o tema, no intuito

de que a educação, enquanto fator primordial de

cidadania e de desenvolvimento, alcance resulta-

dos mais expressivos em quantidade, mas, sobre-

tudo, em qualidade no estado da Bahia.

localização/Dependência Administrativa

URBANA RURAl

TOTAl1+3 TOTAl1 FEDERAl ESTADUAl mUNICIPAl PRIvADA TOTAl3 FEDERAl ESTADUAl mUNICIPAl PRIvADA

3.599.322 2.798.168 17.397 813.367 1.424.231 543.173 801.154 2.421 40.903 748.826 9.004

tABelA 19 – Bahia: Número de Matrículas da Educação Básica

Fonte: INEP – Censo da Educação Básica 2017

pIsA - cIêncIAs - 2015

RANkINg ESTADOS méDIAS

1º Espírito Santo 435

2º Distrito Federal 426

3º Paraná 425

4º Minas Gerais 422

5º Santa Catarina 418

6º Rio Grande do Sul 411

7º São Paulo 409

8º Goiás 409

9º Mato Grosso do Sul 403

10º Ceará 401

11º Amazonas 399

12º Acre 399

13º Roraima 398

14º Mato Grosso 396

15º Rio de Janeiro 392

16º Rondônia 387

17º Pará 386

18º Pernambuco 383

19º Amapá 381

20º Piauí 380

21º Paraíba 380

22º Rio Grande do Norte 377

23º Sergipe 375

24º Tocantins 372

25º Maranhão 369

26º Bahia 368

27º Alagoas 360

Brasil 401

pIsA - leIturA - 2015

RANkINg ESTADOS méDIAS

1º Espírito Santo 441

2º Paraná 433

3º Minas Gerais 431

4º Distrito Federal 430

5º Santa Catarina 418

6º São Paulo 417

7º Goiás 416

8º Mato Grosso do Sul 411

9º Rio Grande do Sul 410

10º Ceará 409

11º Acre 407

12º Amazonas 407

13º Roraima 403

14º Mato Grosso 402

15º Rio de Janeiro 400

16º Pará 395

17º Pernambuco 394

18º Rondônia 393

19º Amapá 385

20º Paraíba 385

21º Rio Grande do Norte 384

22º Piauí 381

23º Sergipe 379

24º Maranhão 377

25º Tocantins 376

26º Bahia 372

27º Alagoas 362

Brasil 407

pIsA - MAteMátIcA - 2015

RANkINg ESTADOS méDIAS

1º Paraná 406

2º Espírito Santo 405

3º Minas Gerais 398

4º Santa Catarina 398

5º Distrito Federal 396

6º São Paulo 386

7º Rio Grande do Sul 385

8º Ceará 382

9º Goiás 380

10º Amazonas 378

11º Mato Grosso do Sul 377

12º Acre 377

13º Roraima 373

14º Mato Grosso 373

15º Rio de Janeiro 366

16º Rondônia 364

17º Pará 363

18º Pernambuco 360

19º Paraíba 357

20º Piauí 355

21º Sergipe 354

22º Amapá 354

23º Rio Grande do Norte 353

24º Tocantins 350

25º Bahia 343

26º Maranhão 343

27º Alagoas 339

Brasil 377

gráfIcO 14 – Bahia: Matrículas na Educação Básica em Área Rural - 2017

gráfIcO 13 – Bahia: Matrículas na Educação Básica em Área Urbana - 2017

Fonte: INEP – Censo da Educação Básica 2017.

51%

19%

1%

29% Federal Estadual Municipal Privada

51%

19%

1%

29% Federal Estadual Municipal Privada

Federal Estadual Municipal Privada

94%

1% 5%0%

Federal Estadual Municipal Privada

94%

1% 5%0%

60 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 61 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Para tanto, entendemos como bom ponto de

partida a análise e adoção das bem-sucedidas po-

líticas adotadas pelo estado do Ceará, apontadas

pelo estudo do IPEA: “Lições de experiências exi-

tosas para melhorar a educação em regiões com

baixos índices de desenvolvimento”.20

O Ceará é hoje referência pelo rápido avanço na

educação. A título ilustrativo, 37,2% dos seus mu-

nicípios já atingiram a meta do Plano Nacional de

Educação para 2021. Em segundo lugar, na região

Nordeste, Pernambuco registra apenas 4,4% dos

seus municípios na meta. “Os bons desempenhos

desses municípios cearenses chamam a atenção,

subvertendo a estabelecida lógica de que a apren-

dizagem está diretamente associada às condições

socioeconômicas do local”, aponta a pesquisa.

O relatório do IPEA indica que “o sucesso da ex-

periência cearense está ancorado em um sistema de

colaboração federativa em que as políticas estadu-

ais convergem e apoiam os municípios. Esse sistema

é composto por políticas de avaliação, bonificação

e capacitação, que funcionam de maneira articula-

da e se reforçam sinergicamente” 21 (grifo nosso).

Tendo por base o benchmark cearense, apre-

sentamos a seguir algumas propostas para a edu-

cação no Estado da Bahia.

No âmbito da Educação Básica

1. Aumentar o esforço e orçamento público

priorizando a educação básica (buscar o atendi-

mento do Plano Estadual de Educação, em espe-

cial a meta 20 – do financiamento da educação

e suas estratégias) – O nível de comprometimento do orçamento estadual com

a educação básica deve ser reforçado. Por outro lado, é possível reduzir a parti-

cipação do tesouro estadual nos orçamentos das universidades estaduais (ver

gráfico abaixo), conforme propostas apresentadas a seguir.

2. Ampliar rapidamente a implantação da

educação em tempo integral nas escolas públicas

– Com a maior destinação de recursos à educação

básica, além da mudança demográfica percebida

também no âmbito da educação, com a redução

constante no número de matrículas infantis, torna-

se factível e necessária a aceleração da implanta-

ção da educação em tempo integral no Estado da

Bahia. Este é um ponto fundamental para a melho-

ria da aprendizagem no ensino, que também gera

MODELO CONCEITUAL DOS DETERMINANTES PARA UMA EDUCAçãO DE QUALIDADE

Fonte: IPEA (2018). Figura adaptada de Soares, J. F. Melhoria do Desempenho Cognitivo dos Alunos do Ensino Fundamental (2007).

20Relatório integral disponível aqui: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view= article&id= 33154&Itemid=432

21http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_ content&view= article&id= 33121&catid= 10&Itemid=9

externalidades sociais importantes, à medida que

os alunos da rede pública tenham atividades aca-

dêmicas em dois turnos, com provisão de alimen-

tos, atividades esportivas, culturais, etc.

3. Implantar sistema de avaliação – A quali-

dade da educação está diretamente relacionada à

qualidade e competência do corpo docente, além

do corpo gestor das instituições de ensino. Para sa-

ber o que e onde melhorar a qualidade, é preciso

implantar um sistema de avaliação em que aqueles

Bahia: Orçamento 2018 - Educação

Fonte: Seplan - PLOA 2018.

Educação básica R$ 3.440.788.000 63,48%

Ensino superior R$ 990.315.000 18,27%

Administração geral R$ 603.567.275 11,14%

Assistência hospitalar e ambulatorial R$ 130.221.000 2,40%

Alimentação e nutrição R$ 72.750.000 1,34%

Proteção e benefícios ao trabalhador R$ 69.256.000 1,28%

Ensino médio R$ 34.350.000 0,63%

Tecnologia da informação R$ 27.900.000 0,51%

Ensino profissional R$ 19.400.000 0,36%

Educação de jovens e adultos R$ 15.365.000 0,28%

Difusão cultural R$ 3.876.000 0,07%

Comunicação social R$ 3.868.000 0,07%

Desenvolvimento científico R$ 2.087.000 0,04%

Ensino fundamental R$ 1.950.000 0,04%

Formação de recursos humanos R$ 1.755.000 0,03%

Difusão do conhecimento científico e tecnológico R$ 1.424.000 0,03%

Telecomunicações R$ 915.000 0,02%

Patrimônio histórico, artístico e arqueológico R$ 150.000 0,00%

Assistência ao idoso R$ 140.000 0,00%

Educação infantil R$ 80.000 0,00%

Educação especial R$ 50.000 0,00%

Total R$ 5.420.207.275 100,00%

ESCOLA

Fatores extrínsecos à escola

Recursos econômicos e culturais

Envolvimento dos pais

FAMÍLIA

Legislação e políticas

educacionaisDemanda social por

competência

SOCIEDADE

Educação de qualidade para todosAprendizagem e proficiência

RESULTADO

Direção, gestão e professoresInfraestrutura

e projeto pedagógico

ESCOLA

Trajetória escolar

Atitudes em relação

à escola

ALUNO

Fatores intrínsecos à escola

62 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 63 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

que atendem as expectativas são reconhecidos e

os demais são apoiados por meio de planos de su-

peração das suas dificuldades. Entendemos que a

Bahia deve estudar a adoção das experiências do

Ceará nesse âmbito, a exemplo da SPAECE22 (Siste-

ma Permanente de Avaliação da Educação do Ensi-

no Básico do Ceará) e a “Mais PAIC - Programa de

Alfabetização na Idade Certa”23.

4. bonificação – Mais uma vez, ter como refe-

rência a política cearense, com os devidos ajustes

à realidade do Estado da Bahia. A ideia básica é

condicionar legalmente os repasses obrigatórios

dos recursos do ICMS aos municípios, a partir

dos critérios desejados. No caso do Ceará, “a co-

ta-parte do ICMS cabível ao município e passível

de condicionamento foi totalmente preenchida por

fatores ligados à educação (72%), saúde (20%) e

meio ambiente (8%). Em 2017, esses recursos fo-

ram da ordem de R$ 620 milhões. Como 72% desse

montante é canalizado via Índice de qualidade da

Educação (IqE), pode-se imaginar o incentivo dos

municípios para melhorarem constantemente seus

desempenhos educacionais. Como não está vincu-

lado ao número de matrículas – o que ocorre com

o Fundeb –, o IqE prioriza municípios de pequeno

porte e de bom desempenho educacional. Cálculos

feitos para alguns casos com esse perfil mostram

que a cota-parte do ICMS-socioambiental chega a

suplantar os repasses do Fundeb” (IPEA).

“Outro mecanismo de bonificação também utili-

zado no Ceará – desta vez como parte do orçamen-

to estadual, reforçando o caráter colaborativo – é

o programa Escola Nota 10. Este programa premia

as 150 escolas com desempenhos mais altos, mas

também apoia as 150 com os mais baixos desem-

penhos, mediante os valores de, respectivamente,

R$ 2.000 e R$ 1.000 por aluno, por etapa corres-

pondente: anos iniciais do fundamental, anos finais

e ensino médio.

Uma característica importante desta política

é que os bônus são divididos em duas partes. A

primeira é concedida no momento da premiação

– 75%, nos casos das 150 escolas com os maiores

desempenhos, e 50%, nos dos menores. O recebi-

mento da outra parte é condicionado à melhoria

dos resultados das 150 que tinham as menores

notas – pois que o desenho do programa estabe-

lece que estas devem ser ajudadas pelas escolas

mais bem-sucedidas, no seu planejamento e ges-

tão administrativa e pedagógica. Com isso, o esta-

do consegue neutralizar o possível efeito deletério

associado a políticas de bonificação: o de manter

ou acirrar as desigualdades existentes, quando se

premiam apenas os melhores resultados” (IPEA).

5. Investimento e bônus salarial para profes-

sores e profissionais da educação – Entende-se

que, atrelado ao sistema de avaliação, é preciso

haver também a formatação de um programa me-

ritocrático de incentivo e valorização dos professo-

res e profissionais da educação a partir do qual os

melhores desempenhos receberiam bonificação

salarial e movimentação no plano de carreira.

6. Instituir política de formação continuada

de professores e de profissionais ligados à edu-

cação – A qualidade da formação dos professores

influi diretamente nos resultados de aprendizagem

dos alunos. Considerando que a formação inicial

de professores atualmente no Brasil apresenta

enormes lacunas, sobressai a necessidade de insti-

tuir e manter programas de formação continuada a

serem oferecidos pelas redes públicas (municipal e

estadual) e privada.

“No Brasil, estruturas e organizações voltadas

para a formação e capacitação dos profissionais

da educação já são largamente estabelecidas. São

vários os sistemas que se baseiam em distintos

arranjos, tais como convênios com universidades

credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC),

o uso da educação à distância (EAD), centros de

formação continuada, ONGs, etc.

O estado do Ceará, em termos de instituições,

se aproxima do padrão nacional. A diferença está

no uso que se faz da capacitação, que é ofereci-

da não apenas ao corpo docente, mas a todos os

profissionais ligados à educação – tanto no nível

escolar, quanto nas secretarias de educação muni-

cipais. As capacitações possuem, assim, o escopo

ampliado; elas são utilizadas como instrumentos

que alinham as questões didático-pedagógicas

com a estratégia mais abrangente da gestão por

resultados, também consolidada sobre os pilares

da avaliação e bonificação” (IPEA).

7. Arranjos Colaborativos (ou territoriais) da

educação e maior articulação do estado com os

municípios – O papel da educação é compartilha-

do entre a União, os governos estaduais e os mu-

nicipais. Tendo-se em conta as fragilidades admi-

nistrativas e financeiras de muitos dos municípios

baianos, entende-se importante formatar arranjos

colaborativos para a educação entre municípios vi-

zinhos, compartilhando-se gestão e infraestruturas,

por exemplo, com o apoio do governo do Estado.

8. Desenvolvimento de competências socioe-

mocionais – Para além das competências cogniti-

vas que devem ser garantidas pela escola, o desen-

volvimento emocional e as relações de convivência

assumem na atualidade um papel fundamental

para inserção do jovem no mundo do trabalho e

para o exercício da cidadania ativa.

9. banda larga em todas as escolas públicas,

com adoção de sistemas de educação à distân-

cia, novos modelos/soluções de TI – Infraestrutu-

ra fundamental, condição necessária para o desen-

volvimento contemporâneo do desenvolvimento

das atividades educacionais e sociais dos alunos

e também dos professores da rede. Com a infra-

estrutura disponível, não se pode perder de vista

as capacitações de pessoal e sistemas necessários

(softwares e soluções diversas de EAD, por exem-

plo) para o seu uso mais produtivo.

No âmbito da Educação Superior

10. Dar autonomia financeira efetiva às uni-

versidades estaduais – permitir e estimular que

as administrações das universidades estaduais

aumentem os níveis de sustentabilidade financei-

ra das mesmas, reduzindo a participação do orça-

mento público.

11. Instituir cobrança, não integral, nas uni-

versidades estaduais – é sabido que muitos alu-

nos nas universidades públicas são os de maior

renda familiar, oriundos de escolas privadas, en-

22Atua de forma censitária, monitorando escolas municipais e estaduais em três pontos: (i) Alfabetização – SPAECE Alfa: derivada do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC, essa avaliação investiga, ano a ano, o nível de proficiência em leitura dos alunos do 2º ano do ensino fundamental; (ii) Ensino Fundamental – 5º e 9º anos: com periodicidade bienal, essas avaliações são intercaladas ao ciclo do SAEB, aferem o desempenho em língua portuguesa e matemática; e (iii) Ensino Médio – 1º, 2º e 3º anos: realizada anualmente, analisa o desempenho naquelas mesmas disciplinas. No âmbito do SPAECE, aplicam-se também questionários contextuais, que investigam tanto as condições socioeconômicas e os hábitos de leitura do alunado, como o perfil e a didática dos docentes, além da qualidade da gestão – tendo os diretores como alvo.

23Consiste em avaliações realizadas no início do ano letivo, com função diagnóstica – diferenciando-se do SPAECE, externa ao Município, que ocorre ao final de um período ou ciclo de estudo. Essa característica permite que os gestores escolares – professores, coordenadores pedagógicos e diretores – possam planejar suas ações para sanar as lacunas no aprendizado de cada estudante.

EDUCAçãO NO

CEARá ADOTA

POLíTICAS

ARTICULADAS

64 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 65 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

quanto, muitas vezes, os alunos de escolas públi-

cas e renda inferior estudam em universidades pri-

vadas, conciliando estudo com o trabalho. Desse

modo, propõe-se que, a partir de determinado ní-

vel de renda familiar, os alunos dessas instituições

paguem pelo ensino superior;

12. Instituir programa de bolsas públicas para

o ensino superior na rede privada – Em contrapar-

tida à cobrança parcial nas universidades públicas,

o Estado deveria criar programa de bolsas que cus-

teasse a educação nas universidades privadas de

alunos com baixa renda familiar. As duas propostas

são complementares.

13. Sistema de avaliação dos professores e

gestores – Proposta correlata à da educação bá-

sica, com instituição de bonificação com base nos

resultados e também produção acadêmica, não no

tempo de serviço.

14. Diferenciações salariais por áreas de co-

nhecimento – Não é razoável tratar de maneira

igual áreas do conhecimento/formação com níveis

de oferta e demanda bastante diferentes. Em deter-

minadas áreas do ensino superior, há forte deman-

da por cursos, mas escassez de profissionais. Des-

se modo, seria necessário prover melhores salários

e outros incentivos para atraí-los à rede de ensino.

15. Estágio probatório mais exigente, sem

efetivação automática – Paralelamente às políti-

cas salariais, há necessidade de um filtro de quali-

dade mais efetivo para a entrada ao corpo docente

das universidades públicas.

16. Incentivo à aposentadoria tardia, com

estímulo à produtividade – As mudanças demo-

gráficas e na longevidade da população tornam

a aposentadoria compulsória, nos moldes atuais,

contraproducente, levando-se em consideração o

que o Estado investiu na formação dos professores

(mestrados, doutorados, pós-doutorados, etc.).

4.3 – cIêncIA, tecnOlOgIA e InOVAÇÃO

A análise histórica da evolução econômica pós

revolução industrial, deixa claro que o desenvol-

vimento econômico e social ocorre depois de um

movimento nacional em direção à educação uni-

versalizada e ao desenvolvimento das ciências e

da inovação, em geral com base em universidades

e centros de pesquisa de excelência.

Nos países de industrialização tardia, Alema-

nha e Japão, assim como Coreia do Sul e China,

mais recentemente, foi necessária uma verdadeira

revolução nesses dois pilares: educação e política

de CT&I. Infelizmente, o Brasil ainda não conseguiu

avançar suficientemente nesse sentido (ainda es-

tamos presos numa agenda que os países avança-

dos alcançaram no século XVIII, universalização da

educação e fim do analfabetismo, por exemplo). É

neste cenário de atraso que o Estado da Bahia se

encontra, em uma posição ainda mais desfavorá-

vel, em virtude de sua enfraquecida infraestrutura

econômica e social.

A título ilustrativo, segundo dados do Índice

Global de Inovação de 2017, elaborado pela Univer-

sidade de Cornell (entre outras instituições), o Bra-

sil ocupa apenas a 69ª posição do ranking mundial.

Esse ranking examina dezenas de critérios para

avaliar a performance de 127 países. Mesmo sendo

a maior economia da América Latina e do Caribe, o

Brasil ocupa apenas a 7º posição no ranking regio-

nal (dentre 18 países), sendo o Chile a nação mais

inovadora da região. O Brasil ficou atrás de diver-

sos países latinos no ranking regional de inovação.

Na América Latina e Caribe, novamente, o país mais

bem colocado é o Chile (46º), seguido por Costa

Rica (53º), México (58º), Panamá (63º), Colômbia

(65º) e Uruguai (67º).

Em relação à realidade local, a Bahia se en-

contra também numa má posição se comparada

a outros estados do país. Segundo o estudo “Ra-

diografia do ecossistema de startups brasileiras”24,

realizado pela ABStartups em parceria com a Ac-

centure (2017), a Bahia sequer figura entre os 10

estados com maior número de startups, o que

mostra o atraso do estado em relação ao estímu-

lo à criação de novas empresas/negócios, ficando

atrás do Ceará, Pernambuco e Espírito Santos, nes-

se ranking. Em relação a cidades, Salvador fica em

18º lugar no ranking de Top 20, atrás, por exemplo,

de Recife (11º) e Fortaleza (9º). A falta de políticas

públicas para a área de CT&I (Ciência, Tecnologia e

Inovação) e a falta de critérios técnicos e meritocrá-

ticos para a escolha dos gestores da área podem

explicar o mal posicionamento da Bahia nessa área

e os números apresentados pelo referido trabalho.

Uma política industrial e de inovação consis-

tente é fundamental para que a indústria alcance

um novo patamar de competitividade. Pode-se

dizer que a inovação é o motor do crescimento

econômico em um mundo cada vez mais baseado

em conhecimento. É necessário direcionar volumes

significativos recursos para os investimentos ne-

cessários para estimular a criatividade humana e

assim o desempenho econômico.

Como já foi visto neste trabalho, a indústria

vem passando transformações importantes, no

que se convencionou chamar de quarta revolução

24link.estadao.com.br/blogs/felipe-matos/qual-a-regiao-campea-em-densidade-de-startups-no-brasil-voce-vai-se-surpreender/

industrial, Indústria 4.0 ou revolução ou transfor-

mação digital. Nesse contexto, abrem-se desafios,

mas também oportunidades para empresas indus-

triais brasileiras.

De acordo com o Mapa Estratégico da Indústria

2018-2022 (CNI, 2018), os desafios são: transição

para a Indústria 4.0; desenvolvimento da Internet

das Coisas; modernização do parque industrial;

maior produção de bens de alta intensidade tecno-

lógica; e aumento da inovação.

A inovação é o motor dos ganhos de produtivi-

dade no longo prazo. Depois de corrigidas as inefi-

ciências sistêmicas, apenas com base na inovação,

tanto de produto como de processo, a produtivida-

de pode crescer indefinidamente. O investimento

em inovação gera benefícios para toda a economia,

mas os custos e riscos inerentes à atividade inova-

dora recaem apenas sobre a empresa que investe.

Por isso, é necessário criar um ambiente regulató-

INDúSTRIA 4.0

TRAz DESAFIOS

PARA A bAHIA

66 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 67 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

rio que estimule a inovação, um sistema de apoio

tecnológico e linhas de financiamento adequadas.

Países como Índia, Israel, Indonésia, Coréia do

Sul e Irlanda mudaram suas economias por terem

estratégias claras de pesquisa, desenvolvimento

e inovação. Na crise de 2008, por exemplo, a In-

glaterra contingenciou recursos de todos os minis-

térios, à exceção do de CT&I, e colheu frutos com

a recuperação mais rápida de sua economia. Um

exemplo mais próximo: o Estado de Pernambuco

tem mantido uma estratégia clara de CT&I desde a

venda da CELPE – mesmo com erros, algumas das

ações foram acertadas, gerando milhares de em-

pregos. Em 10 anos, a cidade de Florianópolis em

transformou a indústria de tecnologia da informa-

ção na maior arrecadadora de ISS.

Nesse contexto, colocam-se aqui algumas pro-

postas com o objetivo de transformar o ambiente

local de inovação e propiciar ganhos de competiti-

vidade e produtividade para a indústria baiana.

Propostas

1. Desenvolvimento e implantação de uma

política baiana de CT&I – Com um horizonte de 10

anos, que inclua temas como:

• Posicionamento do estado em CT&I;

• Política de incentivo à digitalização das in-

dústrias;

• Simplificação e agilização dos processos den-

tro dos órgãos governamentais, principalmente

aqueles que são relativos à abertura e encerramen-

to de empresa;

• Redução de impostos em projetos de PD&I

(Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação);

• Apoio ao adensamento de cadeias produti-

vas, em prol da cooperação entre médias e grandes

empresas x pequenas e microempresas, a exemplo

do trabalho feito pelo IEL com o Programa de quali-

ficação de Fornecedores – PqF. Criação de um pro-

grama estruturado para a incorporação de startups

nas cadeias produtivas baianas;

• Incorporar modificações no currículo escolar

da rede de ensino estadual/municipal e nas facul-

dades estaduais para que o conteúdo acadêmico se

adapte às mudanças no mercado de trabalho do fu-

turo, em linha com as transformações da era digital;

• Profissionalização das nossas estruturas

como SECTI e FAPESB;

• Preferência à escolha de fornecedores locais

na contratação de serviços visando valorizar o con-

teúdo baiano.

2. Acelerar a implantação e modernização

da Infraestrutura de banda larga no Estado da

bahia – Atendendo principalmente aos ICTs, par-

ques tecnológicos, escolas e polos industriais. Tra-

ta-se de uma condição essencial para que o estado

avance na chamada transformação digital.

3. Adotar critérios técnicos e objetivos para a

indicação dos gestores dos órgãos de promoção

da CT&I no Estado – Os principais cargos ligados

à gestão de CT&I devem ser ocupados por profis-

sionais com reconhecida qualificação e compro-

vada experiência, além de terem características de

gestão e liderança, nas secretarias e empresas que

cuidam desta pasta (SECTI, Prodeb, FAPESB, etc.).

4. Acelerar a tramitação e aprovação do

marco Legal de CT&I do Estado – Com especial

atenção ao incentivo e à desburocratização da co-

operação ICTs-Empresas. Envolve essencialmen-

te a adequação na legislação baiana das altera-

ções efetuadas na legislação federal por meio da

Emenda Constitucional 85, da Lei 13.243/2016 e

do decreto de regulamentação (9.283/2018), sem

as quais uma política baiana de CT&I terá severas

dificuldades de implementação, tanto na participa-

ção de instituições estaduais, federais ou privadas

quanto no apoio e na subvenção à inovação em

empresas com recursos estaduais.

4.4 – MeIO AMBIente e recursOs hÍdrIcOs

O impacto das exigências socioambientais nas

atividades produtivas tem aumentado nas últimas

décadas em função de acordos internacionais, da

legislação cada vez mais restritiva e da crescente

preocupação da sociedade em assegurar a quali-

dade de vida das futuras gerações.

A indústria baiana, atenta a esse cenário, tem

realizado iniciativas voltadas para a ecoeficiência

de processos e produtos, adoção de tecnologias

limpas e práticas de responsabilidade socioam-

bientais. No entanto, considera também importan-

te dar continuidade ao programa de modernização

da gestão ambiental do estado, iniciado em 2012,

o qual priorizou o aprimoramento da infraestrutura

dos órgãos ambientais visando apoiar e dar celeri-

dade aos processos de regularização das empre-

sas. Da mesma forma, buscou-se a adequação con-

tínua das leis, regulamentos, padrões ambientais e

a construção de políticas e instrumentos de incen-

tivos econômicos que estimulem os investimentos

do setor empresarial na proteção ambiental.

O processo de reestruturação administrativa do

Sistema Estadual de Meio Ambiente culminou com

a edição de Lei 12.377/2012, que reuniu no âmbito

de um único órgão, toda a execução das políticas

ambientais do estado. Houve ainda a revisão e pro-

posição de novos atos normativos, a exemplo das

alterações promovidas na legislação ambiental do

estado: estabelecimento de processos unificados

de licenciamento, procedimento de licenças es-

peciais para empreendimentos de cunho social e

para empreendimentos de baixo impacto (LAC-Li-

cença por Adesão e Compromisso); fortalecimen-

to do diálogo entre setor empresarial e os órgãos

ambientais no diligenciamento de processos; ado-

ção de ferramentas de tecnologia da informação;

elaboração de Manual de licenciamento ambiental,

numa linguagem mais acessível e atrativa para o

setor empresarial.

Os referidos avanços foram importantes, mas

ainda há muito a se aprimorar, sobretudo no sentido

da simplificação e desburocratização dos processos,

como se verá em capítulo específico, a seguir.

Por outro lado, podemos afirmar que, para-

lelamente às mudanças que vêm ocorrendo na

legislação ambiental, a sociedade civil desafia as

empresas a atestarem a responsabilidade social

empresarial no exercício de suas atividades produ-

tivas, no componente social, garantindo geração

de postos de trabalho, potencializando os impac-

tos positivos e mitigando os impactos negativos

ao meio ambiente, demonstrando transparência,

confiança e ética na implementação de ações as-

sociadas às condições de saúde e segurança no

trabalho e suas interfaces com o meio ambiente.

Verifica-se, portanto, uma demanda para iden-

tificar diferenciais que contribuam para melhoria

de imagem do setor empresarial, diante dos seus

públicos alvos, a exemplo de adoção de progra-

mas voluntários de certificações socioambientais.

Dessa forma, necessita-se de políticas públicas

que viabilizem mecanismos de financiamentos

para práticas de gestão e tecnologias limpas ali-

nhadas com os ODs - Objetivos do Desenvolvi-

mento Sustentável 2030.

A indústria baiana entende que é possível con-

tinuar investindo em melhorias dos processos pro-

dutivos e produtos, priorizando no planejamento

estratégico organizacional as questões econômi-

cas, ambientais e sociais, em alinhamento com os

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS

para 2030. Assim sendo, todos os esforços são

envidados no estabelecimento de uma agenda

positiva como instrumento para o diálogo perma-

nente e articulação integrada e transparente entre

os diferentes setores produtivos, governos, comu-

nidade e centros de pesquisas, na expectativa de

estabelecer um ambiente de confiança e competi-

tividade, assegurando, por sua vez, maior acesso

a investimentos, melhoria de reputação diante dos

públicos de interesse e, portanto, a continuidade/

sobrevivência dos negócios.

Nesse sentido, propõe-se:

Quanto à governança

1. Dar continuidade ao processo de moderni-

zação da gestão ambiental, no âmbito estadual

e municipal – por meio do aperfeiçoamento de leis

e regulamentos, integrando padrões e obrigações

ambientais, de maneira a nortear as ações admi-

nistrativas, reduzindo conflitos de competência en-

tre os diversos órgãos ambientais e a insegurança

68 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 69 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

jurídica para os empreendedores,

2. Priorizar a melhoria da infraestrutura dos

órgãos ambientais e a adoção de procedimen-

tos/tecnologias que reduzam o tempo de trami-

tação de processos de licenciamento – dando

celeridade à liberação das licenças ambientais,

a exemplo de: atendimentos online, aumento do

quadro de pessoal e capacitação técnica dos ser-

vidores públicos dos órgãos ambientais, bases car-

tográficas atualizadas.

3. Promover mecanismos de incentivos para

projetos de reciclagem, reaproveitamento e

reinserção na cadeia produtiva dos resíduos só-

lidos – visando contribuir para a implementação

da política estadual. Entre os principais entraves

em relação à gestão de resíduos, observa-se o alto

custo de transporte e tratamento, a distância e a

escassez de unidades de tratamento.

Quanto à competividade da indústria

4. Ampliar os prazos de renovação de licença

ambiental – para empresas que adotam iniciativas

alinhadas com os princípios da economia circular e

com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

(ODS) para 2030. Igualmente importante que ado-

tem certificações voluntárias socioambientais, tais

como: a ISO 14001, ISO 9001, OHSAS 18001 e os

selos florestais FSC/PEFC.

5. Utilizar instrumentos econômicos que es-

timulem a adoção de práticas socioambientais

– muitos países têm dado tratamento diferenciado

aos financiamentos, à tributação e a outros ins-

trumentos de estímulo econômico, com foco, por

exemplo, em: reposição florestal de longo ciclo de

maturação; reciclagem, recuperação e reutilização

de materiais; remediação de áreas intensamente

afetadas e ainda ao desenvolvimento e utilização

de tecnologias sociais.

6. Estabelecer políticas de incentivo – para

iniciativas que promovam o alinhamento das ca-

deias de valor, envolvendo as MPMEs, em relação

ao atendimento dos requisitos legais ambientais e

mercadológicos.

Quanto aos recursos hídricos

7. Fomentar planos de investimentos em infra-

estrutura hídrica nas regiões de maior presença

do segmento industrial – para garantir a implan-

tação dos instrumentos de gestão de recursos hídri-

cos, tais como: planos de bacia; cobrança pelo uso

da água; enquadramento dos cursos rios; e outorga.

8. Consolidar uma base de dados, por meio

da ampliação da campanha de cadastramento

dos usuários de água e fortalecimento das re-

des de monitoramento – de modo a potencializar

a implantação do enquadramento dos rios estadu-

ais e da outorga.

9. Adotar mecanismos que contribuam para

acelerar os processos de licenciamento/outorga

de águas e fiscalização – a exemplo da prioriza-

ção da concessão de outorgas às empresas que

apresentarem eficiência hídrica, por meio de boas

práticas operacionais, a exemplo do reuso, e uso

racional da água.

10. Aprofundar a discussão sobre preços,

fórmulas de cobrança pelo uso da água, regras

para suas alterações e compensações – pro-

põe-se política que reduza os custos em função

de adoção de boas práticas no uso da água, além

de garantir que os recursos oriundos da cobrança

sejam aplicados na própria bacia hidrográfica do

empreendimento.

Quanto à inovação e tecnologia

11. Formular políticas públicas que incenti-

vem a adoção de tecnologias – assim como prá-

ticas para mitigação e adaptação às mudanças

climáticas, a exemplo de manejo correto do solo,

manejo florestal sustentável, a integração lavoura

-pecuária-floresta e a produção e uso de biocom-

bustíveis. A prioridade é a eficiência energética e

o fortalecimento da cadeia produtiva da indústria

de base florestal.

EFICIêNCIA

HíDRICA DEVE

FACILITAR

OUTORGAS

70 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 71 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

4.5 –AMBIente de negócIOs

e desBurOcrAtIzAÇÃO

O ambiente de negócios pode ser caracterizado

como o conjunto de aspectos externos que influen-

ciam as decisões da atividade empresarial. ques-

tões que podem parecer triviais, na verdade são

determinantes para o sucesso ou não da atração

de investimentos para o estado. Entrevistas com

empreendedores em cases de sucesso apontam fa-

tores fundamentais para a viabilização dos investi-

mentos, tais como: serviços públicos de qualidade

na saúde, segurança e educação, disponibilidade

de transporte aéreo também é muito valorizado se-

gurança jurídica (regulamentações simplificadas e

respeito aos acordos e contratos, por exemplo) e

processos ágeis. Tudo isso associado às questões

previsíveis de mercado, como: sistema tributário

simplificado, boas condições creditícias, de logís-

tica de transporte, de oferta de energia e matéria

prima, etc. Esse conjunto de fatores é o que com-

põe o chamado ambiente favorável aos negócios,

que é o que esta Agenda defende que a Bahia pre-

cisa aprimorar, criando-se campo, inclusive, para

o crescimento do número de empreendedores e

MPE’s locais (nível de empreendedorismo).

Dentre os fatores negativos, a burocracia é

um dos entraves para o ambiente de negócios no

Brasil e na Bahia mais citados pelos empresários.

As administrações públicas, em todos os níveis,

são caracterizadas por estruturas excessivamente

burocráticas provenientes de uma herança cultu-

ral oriunda do período colonial. O entendimento

do fator histórico como influência dessa estrutura

morosa é imprescindível para reduzir os resquícios

desse extremo formalismo.

Desde 1808, com a chegada da família real por-

tuguesa e instalação no Brasil da burocracia esta-

belecida em sua corte, até os períodos de grandes

mudanças ocorridas no país, como a proclamação

da República, abertura democrática e o processo

de descentralização administrativa, não se desfi-

zeram as marcas enraizadas de uma tradição cen-

tralista, formalista, autoritária e de desconfiança. A

crise fiscal dos anos 80, proveniente do avanço das

despesas do setor público, intensificou a morosida-

de do sistema e a preocupação com a arrecadação

de impostos.

Nesse processo histórico, instituiu-se o estigma

de um Estado que objetiva em demasia o recolhi-

mento de tributos, em detrimento da principal pre-

missa do serviço público que é “servir ao público”.

As empresas e cidadãos, de modo geral, não rece-

bem o adequado tratamento de destinatário dos

serviços. O referido processo desaguou em parti-

cularidades intrínsecas aos serviços prestados no

Brasil: papelório, perda de tempo, filas, protocolos,

exigências documentais excessivas, processos vo-

lumosos e despesas inúteis.

Ademais, são criadas leis e normas de difícil

cumprimento e passíveis de interpretações dú-

bias. Associado a isto, o excesso de regulações e

intervenções de órgãos e autarquias estatais na

atividade econômica privada, desde o registro das

empresas até normas trabalhistas, contábeis e am-

bientais dificultam a geração de negócios. Como

resultado, tem-se um Estado ineficiente e prestador

de serviços de baixa qualidade, além da necessi-

dade de o setor privado assumir responsabilidades

distintas do seu core business, impondo custos às

atividades econômicas e desestimulando novos

investimentos. A título ilustrativo, veja-se o Gráfico

15, segundo avaliação do Fórum Econômico Mun-

dial de 2017 (World Economic Forum), a burocracia

governamental configura um dos principais entra-

ves para a realização de negócios no Brasil.

Já no ranking geral do Banco Mundial, que

mede a facilidade em fazer negócios dos países em

2018, o Brasil ocupa a 125ª posição, atrás de países

como o México e o Chile.

Todo esse panorama nacional vale sem grandes

distinções para a realidade local. A produtividade

da economia e da indústria baiana é afetada por

dificuldades de abertura e instalação de empresas,

obtenção de exigências legais, licenças e autoriza-

ções relativas a assuntos tributários, pagamentos

de tributos, meio ambiente, relações de trabalho

25 A partir da lista de fatores, os entrevistados da pesquisa de opinião executiva do Fórum Econômico Mundial foram convidados a selecionar os cinco fatores mais problemáticos para fazer negócios em seu país e classificá-los entre 1 (mais problemáticos) e 5. A pontuação corresponde às respostas ponderadas de acordo com seus rankings.

26Total de 190 países.

tABelA 20 - Posição do Brasil em diversos critérios para Fazer Negócios, 2018

Fonte: Banco Mundial

CRITéRIOS POSIÇÃO

Classificação relativa à facilidade

para fazer negócios 125º

Abertura de empresas 176º

Obtenção de alvarás de construção 170°

Obtenção de eletricidade 45º

Registro de propriedades 131°

Obtenção de crédito 105°

Proteção dos investidores minoritários 43°

Pagamento de impostos 184°

Comércio internacional 139°

Execução de contratos 47°

Resolução de insolvência 80°

gráfIcO 16 - Ranking de Facilidade em Fazer Negócios, 2018

Fonte: Banco Mundial26. Elaboração GET/SDI/FIEB.

1% 6% 18% 28% 35% 49% 55% 67% 78% 82% 92% 125% 138% 152% 190%

Som

ália

Nova

Zelâ

ndia

Esta

dos U

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Cana

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ia

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Bras

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oçam

biqu

e

Bolív

ia

gráfIcO 15 - Principais Entraves para Fazer Negócios no Brasil, 2017

Fonte: Fórum Econômico Mundial25. Elaboração GET/SDI/FIEB.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

0,1%

1,1%

1,1%

1,8%

1,9%

2,1%

4,0%

4,2%

5,2%

5,4%

7,4%

10,4%

12,0%

12,3%

12,5%

18,6%Carga tributária

Legislação trabalhista restritiva

Corrupção

Burocracia governamental ineficiente

Fornecimento inadequado de infraestrutura

Instabilidade Política

Regulamentos tributários

Acesso a financiamento

Instabilidade do Governo

Baixo nível de aducação da força de trabalho

Inflação

Crime e Roubo

Insuficiente capacidade de inovar

Saúde Pública deficiente

Ética de trabalho fraca na força de trabalho

Regulamentações sobre o câmbio (moeda estrangeira)

72 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 73 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

e comércio exterior. As empresas têm concentrado

seus esforços no cumprimento das obrigações le-

gais para o seu funcionamento em vez de focar em

seus negócios, em gerar riqueza.

Os processos de licenciamento ambiental es-

tão entre as principais queixas dos empresários e

industriais baianos por serem demorados e reple-

tos de percalços. As normas que norteiam o licen-

ciamento ambiental nas esferas federal, estadual e

municipal são pouco claras e objetivas, proporcio-

nando certo nível de discricionariedade dos órgãos

licenciadores e, desse modo, insegurança jurídica

junto às empresas. Apesar do órgão ambiental

estadual INEMA, nos últimos anos, ter contratado

técnicos e os processos já poderem ser feitos pela

internet, a demanda ainda é maior que a capaci-

dade operacional do órgão. É necessário fortalecer

a gestão ambiental nos municípios para que estes

estejam habilitados a licenciar e o estado possa

priorizar avaliações e licenciamentos de maior im-

pacto, estabelecendo então o prazo para análise e

emissão das licenças.

De acordo com o Mapa estratégico da indús-

tria 2018-2022, da Confederação Nacional da

Indústria (CNI), o tempo médio para obtenção

de licenças ambientais no Ibama cresceu entre

2013-2017. Em nível do órgão ambiental estadual,

obviamente o grau de complexidade e também

de duração dos processos de licenciamento am-

biental são menores. Segundo pesquisa de gestão

ambiental realizada pela FIEB entre 2012 e 2013, o

prazo médio de emissão das licenças para as em-

presas industriais estava entre seis meses e um

ano, podendo chegar a três anos. Muito embora

não se tenha realizado recentemente outra pes-

quisa sobre o assunto, em consultas e entrevistas

junto ao nosso público de sindicatos patronais e

indústrias, podemos afirmar que as reclamações

sobre a lentidão do processo de análise e emis-

são das licenças persistem.

É determinante que o Estado compreenda os

empresários não somente como fonte de arrecada-

ção, mas como investidores e atores importantes

para a geração de emprego, renda e, a partir de

seu êxito nos negócios, uma maior arrecadação.

Na era da digitalização, é fundamental que haja

uma melhoria da relação entre Estado e sociedade,

passando pela descentralização e simplificação de

processos, com o objetivo de atender as expectati-

vas dos usuários dos serviços públicos, ou seja, os

cidadãos e as empresas.

Tendo-se em conta que a matéria não diz res-

peito apenas ao governo do Estado, entende-se

necessário o desenvolvimento de estratégias de

propostas, por meio de um programa estadual de

melhoria do ambiente de negócios e desburocra-

tização, em sinergia com as prefeituras municipais

e com os órgãos federais, quando forem necessá-

rios. O objetivo do programa seria estabelecer um

relacionamento melhor, mais eficaz e transparen-

te entre o Estado e os cidadãos e empresas. Nes-

se sentido, trazemos algumas propostas a serem

contempladas:

1. Redução do prazo de abertura e encer-

ramento de empresas – a redução do tempo de

abertura e encerramento de empresas a partir do

aprimoramento dos processos, com diminuição

do número de etapas/procedimentos e exigências

por parte de toda a cadeia de secretarias e órgãos

públicos, a exemplo da JUCEB e SEFAZ. É preciso

fazer uso dos instrumentos disponíveis de TI, sis-

temas informatizados. Nesse sentido, um dos bons

exemplos nacionais é o sistema de declaração de

imposto de renda da receita federal, que substituiu

com enorme vantagem para ambos os lados as an-

tigas declarações via formulário impresso.

2. Instituir sistema geral unificado contendo

um banco de dados padronizado de cidadãos

e empresas – a ideia é que o governo do Estado

consulte de forma rápida e eficaz as informações

disponíveis, reduzindo a necessidade de envio/trá-

fego de documentações e informações similares e

evitando divergências entre as diversas secretarias

e órgãos do estado.

3. Estabelecimento de Prazos para análise

de processos e emissão de Licenças Ambien-

tais – apesar dos avanços ocorridos no trato da

questão ambiental pelo governo do Estado, a insa-

tisfação do industrial baiano persiste. Desse modo,

propõe-se o estabelecimento de prazos regula-

mentares para que os órgãos ambientais emitam

seus pareceres/decisões, dando-se maior agilida-

de aos atendimentos e a devida priorização aos

investimentos e empreendimentos estratégicos. O

custo do atraso nos licenciamentos e, por vezes, o

consequente não-investimento é incalculável para

a economia do Estado da Bahia.

4. Ampliação do quadro de funcionários

para o INEmA e SEmA – a contratação de uma

equipe qualificada e suficiente para atender a ele-

vada quantidade de procedimentos relativos aos

licenciamentos ambientais é crucial para propiciar

maior celeridade aos processos, em alinhamento

com a proposta anterior. O quadro de especialistas

precisa ser melhor capacitado e estável, para tanto,

recomenda-se uma maior oferta de concursos para

técnicos e especialistas, em detrimento dos recor-

rentes processos seletivos em caráter temporário

do tipo REDA ou cargos de confiança.

5. Padronização de condicionantes ambien-

tais por atividade produtiva, potencial poluidor

e porte do empreendimento – elaboração de ter-

mos de referência ou normas técnicas específicas,

para nortear os técnicos dos órgãos ambientais em

relação aos condicionantes de licenciamento am-

biental, evitando-se a discricionariedade com a de-

finição de condicionantes excessivos ou não aplicá-

veis. As micro e pequenas indústrias, especialmente,

padecem com o excesso de condicionantes ambien-

tais não aplicáveis aos seus negócios.

6. Aperfeiçoamento do Sistema Estadual

de Informações Ambientais e de Recursos Hí-

dricos e Integração – a plataforma SEIA precisa

ser aperfeiçoada para que assim seja possível

contemplar outros atos administrativos, integran-

do e compatibilizando a base de dados em nível

estadual com a a base de dados em nível fede-

ral. Nesse contexto, é evidente a necessidade de

integração do CEAPD (Cadastro Estadual de Ativi-

dades Potencialmente Degradadoras) do INEMA

com o Cadastro Técnico Federal (CTF) do IBAMA e

interface com a SEIA.

gráfIcO 17 – Tempo Médio para obtenção de Licenças Ambientais no Ibama, em dias

Fonte: CNI, com base nos dados do Ibama27

27Média móvel em cinco anos

1.600

1.500

1.700

1.800

1.900

2.200

2.100

2.000

1.826

1.7461.770

1.905

1.962

2.131

2012 2013 2014 2015 2016 2017

74 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 75 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

7. Adequação do prazo máximo de estocagem de resíduos perigosos

por porte do empreendimento – considerando-se os riscos enfrentados no

manejo de resíduos perigosos na Bahia, sugere-se que os prazos máximos de

estocagem destes sem licença específica sejam adequados, conforme porte

do empreendimento, pois a Resolução CEPRAM nº 13/1987 generaliza o prazo

em 180 dias. Tal limitação impacta as micro e pequenas empresas que geram

resíduos perigosos e precisam dar destino adequado dentro do prazo referido,

acarretando elevado custo de transporte para empresas de tratamento, que

são escassas e muitas vezes distantes.

8. Constituição de uma comissão técnica ambiental – objetiva a promo-

ção e aprofundamento dos diálogos entre as partes interessadas quanto às

questões dos processos ambientais, melhoria e aperfeiçoamentos. A criação

de uma comissão propiciará maior celeridade à regularização das atividades,

bem como segurança jurídica aos empreendedores e INEMA.

9. Sinergia entre Secretarias de Planejamen-

to, Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico,

Recursos Hídricos e meio Ambiente – necessário

que as referidas secretarias atuem de forma sistê-

mica e articulada, com foco em uma gestão esta-

dual mais estratégica, dinâmica e eficaz em relação

aos investimentos produtivos necessários para o

desenvolvimento socioeconômico do estado.

10. Alteração da periodicidade no auto de

vistoria do Corpo de bombeiros – o período

para vistoria das instalações é de 12 meses, in-

dependentemente do tipo de empreendimento e

dos riscos inerentes aos processos. É importante

estabelecer diferentes periodicidades para distin-

tos níveis de riscos, prolongando, dessa forma, os

intervalos de vistorias para as indústrias com coefi-

cientes mais baixos.

11. modificação dos parâmetros de cobran-

ça da taxa de incêndio – a cobrança da taxa de

incêndio para empreendimentos de baixo risco é

similar ao de atividades de risco elevado. Os parâ-

metros utilizados necessitam ser revistos para um

formato no qual sejam reduzidos os valores pagos

por empresas industriais de baixo risco de incên-

dio, a exemplo dos galpões.

12. mudança da base de cálculo da taxa de

análise de projeto em prevenção contra incên-

dio, pânico e explosão – a cobrança da referida

taxa é baseada na análise da área (m²) construída

ou projetada. Pleiteamos que sejam consideradas

as similaridades de edificações, de modo a dife-

renciar os valores da taxa nos casos de análises

simples (a exemplo da construção de 10 prédios

iguais) dos de análise complexa (como é o caso

de centros comerciais/industriais). Isso deve ser

feito de acordo com as plantas apresentadas, uma

vez que requerem a participação do poder público

para análise em intensidades diferentes.

13. maior transparência na agenda do go-

verno estadual – a dificuldade no acesso às in-

formações dos compromissos das autoridades

está relacionada à falta de transparência quanto

à agenda dos gestores públicos (secretários e su-

perintendentes). Não são evidenciados com clare-

za os registros públicos das audiências e eventos

em que participam, bem como reuniões, institui-

ções e empresas atendidas e possíveis resulta-

dos. É imprescindível a fácil e rápida localização

das agendas, propiciando maior transparência,

confiabilidade e, inclusive, protegendo o agente

público estadual.

14. Compensação ao Convênio ICmS nº

42/2016 e Lei nº 13.654/2016 – o convênio auto-

rizou os Estados e Distrito Federal a condicionarem

a fruição de benefícios do ICMS ao depósito de, no

mínimo, 10% do valor do benefício pelas empresas

beneficiárias nos Fundos de Desenvolvimento e

Equilíbrio Fiscal Estaduais e Distrital. A implemen-

tação da norma na Bahia iniciou com a publicação

da Lei nº 13.654/2016 e do Decreto nº 16.970/2016,

que alocou esses recursos no Fundo Estadual de

Combate à Pobreza. Posteriormente, no Decreto

16.983/2016, o governo definiu que o recolhimento

será extinto no dia 31/12/2018. No período recente,

o governo da Bahia tomou medidas duras contra

o contribuinte, com vistas ao aumento da arreca-

dação por parte dos cofres públicos: elevação da

alíquota de ICMS, redução de benefícios pelos De-

cretos 16.738 e 16.739, de 25 de maio de 2016 e

a cobrança da taxa dos distritos industriais. É fun-

damental garantir, por meio da lei, como o que é

feito em outros estados, a compensação dos 10%

destinados ao fundo e viabilizada pela extensão do

prazo de fruição dos benefícios.

15. Prazo para convalidação dos créditos

tributários – o processo de convalidação dos

créditos tributários realizado pela Secretaria da

Fazenda (Sefaz) tem tramitado de forma lenta e

seu uso permaneceu restrito, tendo em vista as

limitações para outras formas de utilização pre-

vistas na legislação atual. Este cenário tem gerado

impactos negativos para as empresas instaladas

no estado. Para tanto, alterar a legislação atual,

determinando um prazo para a convalidação dos

créditos e a permissão aos seus diferentes usos

previstos, sem a necessidade de autorização adi-

76 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 77 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

cional do secretário da fazenda, garantirá maior

previsibilidade e planejamento na gestão dos cré-

ditos tributários.

16. Simplificação das obrigações acessórias –

o número significativo de horas despendido no aten-

dimento a fiscalizações próprias pode ser atribuído

ao fato de que, apesar de as obrigações acessórias

apresentarem alto nível de informações fornecidas

substancialmente de forma eletrônica, ainda assim

é necessário um esforço adicional para o cumpri-

mento de solicitações suplementares (informações,

memórias de cálculo, conciliações, demonstrativos

específicos etc.) requeridas in loco pelos agentes

fiscais. A promoção de iniciativas visando a redução

do ônus operacional dos empresários e desburocra-

tização das medidas adotadas pelo fisco estadual

contribuirá com a melhoria do ambiente de negócios

local. Nesse sentido, sugere-se:

•Estado da Bahia firmar um convênio com a

Secretaria da Receita Federal do Brasil / MF para

simplificação das obrigações tributárias acessórias

já firmado por diversos Estados: MG, AL, Amapá, SP,

PR, DF, GO, PE etc.

•A partir das informações captadas nos mó-

dulos do SPED, estabelece-se o compromisso das

Administrações Tributárias de nacionalizar a presta-

ção dos serviços e desenvolver funcionalidades de

integração, aumentando a eficiência das empresas.

•Quanto à DMA e à DMD, o alto nível de aderên-

cia à EFD-ICMS/IPI (99% e 81%, respectivamente)

sugere que tais obrigações acessórias podem ser

descontinuadas.

•Quanto ao processo de monetização dos cré-

ditos acumulados, considerando-se que, desde a

preparação das informações até sua efetiva con-

clusão, o processo se mostra restritivo, constata-

se que há uma janela de oportunidade para que

o processo seja simplificado e passe a utilizar as

informações já existentes na EFD-ICMS/IPI.

A simplificação do cumprimento das obriga-

ções tributárias em nível federal e estadual visa

a desburocratização e redução da quantidade de

informações exigidas, das horas gastas e o custo

Brasil, nivelando os padrões nacionais aos países

com ambiente de negócios equivalente.

17. Implantação do Código de Defesa do Con-

tribuinte – este código tem como objetivo garantir

segurança jurídica nas relações entre o fisco esta-

dual e os contribuintes, fortalecendo a associação

entre esses atores e facilitando o cumprimento das

obrigações tributárias por ambas as partes. A re-

gulamentação do marco normativo trará diversos

ganhos, não apenas para os contribuintes do es-

tado, mas também para o fisco estadual, que con-

tará com um importante instrumento para guiar

suas condutas, diminuindo, inclusive, o número de

ações nos âmbitos administrativo e judicial.

18. Reduzir o acúmulo de crédito de ICmS

– das empresas que vendem seus produtos com

alíquota inferior a dos insumos, com destaque para

as exportadoras, permitindo-se a utilização dos

créditos já acumulados.

19. Segurança nos distritos industriais

– fortalecer os trabalhos de rondas com maior

quantidade de viaturas e fiscalização diária nas

áreas dos distritos industriais propiciará maior

segurança local, reduzindo as ocorrências de

assaltos, furtos e violências. A segurança é con-

dição necessária para o bom funcionamento das

indústrias e o zelo de seus funcionários, além de

ser fator determinante quanto à vinda de novos

empresários interessados em investir nos distritos

industriais do estado da Bahia.

20. Disseminação de informativos empresa-

riais – o acesso à informação por parte dos em-

presários e empreendedores é um ponto chave e

entrave de muitos dos processos. O entendimento

quanto ao passo a passo necessário para se investir

e empreender no estado deve estar disponível, de

maneira rápida e fácil, em cartilhas informativas,

portais e aplicativos. As informações precisam che-

gar ao empresários e potenciais investidores da ma-

neira mais ampla, clara e objetiva possível.

21. Nova Poligonal do Polo Industrial de Ca-

maçari (PIC) – formalizar, por força de lei, o Plano

Diretor lançado na FIEB, por ocasião dos 35 anos

do Polo, pelo governo do Estado, visando a delimitação da área de ampliação e o

estabelecimento de parâmetros para a ocupação do solo.

22. Anel florestal do Polo Industrial de Camaçari (PIC) – dar proteção a este

importante equipamento de convivência entre a área industrial e urbana, no setor de

competência e responsabilidade da SUDIC (Superintendência de Desenvolvimento

Industrial e Comercial), tendo em conta as invasões ocorridas, que trazem riscos à se-

gurança, à saúde e à educação da população, entre outros fatores. Ademais, o anel flo-

restal cumpre papel de grande relevância para as atividades industriais e suas futuras

ampliações, que são o grande fator de competitividade do Polo Industrial de Camaçari

e, consequentemente, do próprio desenvolvimento dos municípios abrangidos.

A história tem mostrado que a ausência de um equipamento de convivência

de tal magnitude acaba por colocar em risco a sustentabilidade de complexos in-

dustriais no país e no mundo, pelo custo e pela pressão socioambiental que a sua

ausência traz.

23. Política de comércio exterior e internacionalização – a internacionaliza-

ção é um dos caminhos para a expansão e aumento da competitividade das em-

presas baianas. Considerando-se que

este processo dentro das empresas

de menor porte exige o atendimento

a questões como planejamento, me-

lhoria da gestão, qualidade, proces-

sos produtivos, além de outros que

resultem em produtos e/ou serviços

mais eficientes e competitivos, faz-se

de fundamental importância pres-

tar-lhes um atendimento articulado,

especializado e, sobretudo, contínuo

por parte do governo do Estado e en-

tidades representativas. Desse modo,

propõe-se que sejam maximizados e

mais eficazes os esforços que vêm

sendo prestados às empresas, tanto

pelo Sistema FIEB quanto por outras

entidades representativas. É necessária a adoção de uma política estadual sistêmica

e integrada, que preveja aporte e governança de recursos, bem como o papel do

governo e das entidades, no sentido de fortalecer o processo de internacionalização

das empresas baianas.

Vale destacar que grande parte das propostas relacionadas demandam uma in-

teração maior entre os entes públicos: União, Estado e prefeituras. Atrelado a isto,

ressalte-se a importância do maior uso das ferramentas tecnológicas disponíveis,

sobretudo no âmbito digital. O objetivo é facilitar e dinamizar o relacionamento entre

cidadãos, empresas e órgãos públicos, com vista à redução do tempo destinado ao

cumprimento das obrigações legais e a dinamizar o ambiente de negócios da Bahia.

78 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

s políticas públicas setoriais focam partes ou seto-

res específicos da economia, tendo como objetivo

desenvolvê-los. Elas se justificam porque induzem

e potencializam os efeitos de setores nos quais há

nítidas vantagens e grandes possibilidades de en-

cadeamento, capazes de disseminar seus resulta-

dos por outras áreas da economia.

5.1 – cOMpleXO dA cOnstruÇÃO

Nos últimos anos, a cadeia produtiva da construção

tem vivido um período de extrema dificuldade. Com

a grave crise econômica e institucional, o segmen-

5. Algumas propostas setoriais

79 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

80 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 81 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

to sofreu severa retração da demanda e uma piora

nas condições de financiamento da sua atividade.

Em algumas regiões brasileiras já se nota sinais de

recuperação com a retomada de investimentos em

obras, do Produto Interno Bruto (PIB) e também do

emprego na construção.

Segundo dados divulgados pela FIESP, em 2017,

os investimentos em obras e serviços corresponde-

ram a 8,5% do PIB brasileiro, chegando a R$ 557,1

bilhões, o que significa uma queda de 0,6% em

comparação ao ano anterior. Em relação às neces-

sidades de investimento em infraestrutura e de-

senvolvimento urbano no Brasil, que foram apre-

sentadas no Congresso Brasileiro da Construção,

este valor correspondeu a 77,1% do total estimado

de R$ 682,3 bilhões.

No primeiro bimestre de 2018, as vendas de

materiais de construção, por exemplo, cresceram

6,7% no período, enquanto a produção de mate-

riais cresceu 3,3%. O número de financiamentos

imobiliários pelo Sistema Brasileiro de Poupança

e Empréstimo (SBPE) aumentou 13,7% no primeiro

bimestre, representando um crescimento de 18,9%

no valor financiado.

Na Bahia, os dados oficiais do IBGE mostram

que a indústria da construção perdeu relevância

no período recente. Em 2013, o setor chegou a re-

presentar 8,4% do VAB (Valor Adicionado Bruto) e

7,4% do emprego total da Bahia. Já em 2015, a par-

ticipação no VAB caiu para 7,3%, e, em 2016, o nível

de emprego no segmento foi reduzido para 5,3%,

como um registro da forte redução das atividades

do setor da construção na Bahia.

É preocupante verificar que a indústria da cons-

trução na Bahia tem enfrentado um processo de

recuperação mais lento e difícil. Pode-se relacionar

essa constatação aos impactos da Operação Lava-

Jato, que investiga a corrupção em contratos da Pe-

trobras e que acabou afetando significativamente

as atividades das principais empreiteiras e cons-

trutoras do país, das quais pelo menos duas são

de origem baiana. Com isso, o setor da construção

pesada (principalmente) e de concessões públicas

associadas à infraestrutura vem passando por um

processo de reestruturação que, de certa forma,

acaba retardando a retomada do nível de atividade

do setor no estado.

Propostas

1. Fomentar o adensamento da cadeia da in-

dústria da construção – a Bahia representa uma

demanda significativa de materiais de constru-

ção, porém importa muitos insumos, abrindo mão

de uma arrecadação potencial importante para o

estado e de empregos, o que onera o setor com

elevados custos logísticos de transporte. É impor-

tante implementar uma política proativa para atrair

investimentos nos segmentos em que a Bahia

não tem produção local (ou pouco expressivas), a

exemplo de louças e cerâmicas, tintas e cimento.

2. Promover um programa de estímulo à mi-

cro geração de energia solar – em articulação

com um processo de atração e estímulo à implan-

tação de empreendimentos para a industrialização,

fabricação de peças e componentes, e a capacita-

ção de profissionais de todos os níveis para a ope-

ração e manutenção desses equipamentos.

3. Estimular a implantação da tecnologia

bIm (building Information modeling - mode-

lagem de Informações da Construção) nos

projetos e obras públicas – favorecendo a utili-

zação de processos construtivos mais eficientes

e uma melhor gestão dos recursos públicos, prin-

cipalmente com a transparência nos processos li-

citatórios. Atualmente, muitos projetos do estado

apresentam especificações de obra deficientes,

elevando demasiadamente os riscos para aquelas

empresas que têm conhecimento técnico e favore-

cendo aquelas que “apostam” exatamente nessas

falhas para a posterior reversão de projetos.

4. Estabelecer padrões operacionais obje-

tivos de eficiência e sustentabilidade para as

empresas estatais – habilitando-as para formas

alternativas de operação e financiamento de inves-

timentos, tais como PPP, locação de ativos, subcon-

cessão, entre outros.

5. Constituir um fundo habitacional – permi-

tindo ao Estado associar-se a programas federais

de habitação de interesse social, como já fazem

diversos estados, tais como: São Paulo, Paraná,

Goiás e Ceará.

5.2 – cOMpleXO de petróleO e gás

O auge da produção de petróleo nos campos baia-

nos aconteceu em janeiro de 1969, quando a mé-

dia mensal diária alcançou o patamar de 165 mil

barris/dia. Na década de 1980, voltou ao nível de

produção entre 80-60 mil b/d. A partir de 2015, a

produção baiana caiu para menos de 40 mil b/d,

chegando atualmente aos níveis mais baixos de

toda série, de 32 mil b/d em abril de 2017.

A tendência é de que, se nada for feito, a produ-

ção caia ainda mais, perdendo qualquer relevância

no cenário nacional. Com o intuito de reverter essa

situação, seguem propostas para revitalização do

setor na Bahia:

Propostas

1. A agenda da área de petróleo e gás natural é

extensa e complexa, portanto, a proposta da FIEB

para o governo do Estado está em promover uma

maior interação entre as equipes das secretarias

estaduais e as do setor privado, no sentido de ha-

ver um maior entendimento das especificidades do

setor de petróleo e gás natural. Os players do setor

acreditam que parte considerável de suas dificulda-

des em relação ao setor público decorre do simples

desconhecimento da natureza de suas atividades,

com destaque para as dúvidas e questionamentos

na área ambiental.

2. Poços maduros – A Petrobras está no pro-

cesso de venda campos maduros, inicialmente

dos campos de Miranga e Buracica, na Bahia. Em

novembro de 2017, iniciou a fase não vinculante,

quando potenciais compradores tiveram a opção

de apresentar a primeira oferta do projeto, sem

compromisso formal de compra referente aos pro-

cessos de cessão da totalidade dos direitos de

exploração, desenvolvimento e produção nesses

campos terrestres.

A FIEB entende que essa é uma alternativa viá-

vel para estimular a exploração e produção de gás e

petróleo na Bahia. Portanto, cabe ao governo esta-

dual dar atenção ao desenvolvimento desse poten-

cial econômico na região.

questões ambientais específicas da área de pe-

tróleo e más:

•Maior celeridade no licenciamento ambiental;

•Equacionamento das questões, sobretudo am-

bientais, relacionadas à viabilização da produção

não-convencional na Bahia e no Brasil.

•Unificar o marco regulatório para o licencia-

mento ambiental de petróleo e gás natural, intro-

duzindo dispositivos capazes de aumentar a agili-

SETOR DE PETRóLEO E GáS

PEDE mAIOR INTERAçãO

ENTRE PúbLICO E PRIVADO

82 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 83 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

dade, a eficiência e a transparência do processo de

licenciamento ambiental dessas atividades.

Desenvolvimento de fornecedores

As pequenas empresas têm dificuldades em

atender aos requisitos exigidos pelas grandes

empresas do setor. Torna-se necessário, pois, pro-

mover a inserção competitiva e sustentável des-

sas empresas na cadeia produtiva. Há uma ampla

agenda para ser seguida pelo governo do Estado,

na qual destacamos que se houver algum protoco-

lo de intenções firmado entre empresas do setor e

o governo estadual, que este seja amplamente di-

vulgado, para que as empresas locais possam se

preparar para fornecer seus produtos e serviços de

modo competitivo.

Ademais, oferecemos o know-how do SENAI

Cimatec, onde já existe um núcleo do setor de pe-

tróleo e gás, para o desenvolvimento do segmento

na Bahia.

Gás natural

É importante analisar a possibilidade de preços

diferenciados para o uso de gás como matéria-pri-

ma e também como combustível, a exemplo do que

está sendo feito para o polo vidreiro e de cerâmica

no Estado.

Recentemente, a questão da hibernação da FA-

FEN-BA reacendeu o debate sobre o alto custo do

gás natural. Estudos estão sendo feitos para equa-

cionar esse problema, mas, de antemão, é urgente

que o estado estimule a produção de gás na Bahia

e se consiga vender esse gás a um preço competiti-

vo para toda a indústria do estado.

Nesse sentido, é salutar que a Bahiagás in-

tensifique a política de compra de gás natural de

fontes alternativas, a exemplo do que está fazen-

do com o programa de compra de 1 milhão m3/dia.

Ademais, o campo de Miranga, no Recôncavo, que

atualmente é voltado para a produção de petróleo,

apresenta uma oportunidade para ampliar a oferta

de gás no estado, caso a Petrobras venha de fato a

se desfazer desse ativo. Portanto, é preciso que o

governo do Estado elabore uma política específica

de incentivos também para a produção de gás na-

tural para produtores independentes, notadamente

para os campos maduros que vierem a ser vendi-

dos pela Petrobras.

Questão do refino

Após a venda dos ativos nos campos maduros,

surge a questão da venda do petróleo bruto. A Pe-

trobras atua praticamente como a única refinadora

do país e tem interesses próprios na compra do

óleo não tratado.

Sem poder de negociação, as empresas pro-

dutoras de petróleo de menor porte enfrentam

dificuldades para escoar sua produção e não têm

acesso a instalações de tratamento do óleo bruto, a

maioria de propriedade da Petrobras. Nesse senti-

do, o governo do Estado pode atrair a instalação de

empresa comercializadora, que concentre os pe-

quenos lotes produzidos de petróleo e faça a ven-

da à refinaria em lotes maiores, ou, na falta desse

agente, que se promova um melhor entendimento

entre os pequenos produtores e a Petrobras, tendo

em conta o elevado grau de importância do setor

na Bahia e a necessidade de se viabilizar a produ-

ção onshore, que tem por característica uma escala

bastante inferior à produção offshore, sobretudo as

verificadas no pré-sal.

Complexo Químico/Petroquímico

A atividade química/petroquímica ocupa po-

sição de destaque na economia baiana, sendo a

marca da industrialização do estado. O Polo Pe-

troquímico de Camaçari é o maior complexo in-

dustrial integrado do hemisfério Sul, onde estão

congregadas mais de 40 empresas químicas, pe-

troquímicas, convivendo lado a lado com outros

ramos de atividade, como indústria automotiva,

de pneus, celulose solúvel, metalurgia do cobre,

têxtil, fertilizantes, energia eólica, fármacos, bebi-

das e serviços.

De acordo com o Comitê de Fomento de Ca-

maçari (Cofic), a importância econômica do Polo

de Camaçari pode ser medida pela grandeza de seus números: investimento

global superior a US$ 16 bilhões e capacidade instalada acima de 12 milhões

de t/ano de produtos químicos e petroquímicos básicos, intermediários e

finais. O Polo Industrial de Camaçari tem faturamento de aproximadamente

US$ 15 bilhões/ano, com contribuição anual acima de R$ 1 bilhão em ICMS

para o estado da Bahia.

No entanto, todo esse enorme complexo industrial tem importantes de-

safios a enfrentar. O Polo Petroquímico de Camaçari, quando foi inaugurado

em 1978, iniciou um processo revolucionário de integração entre produtores e

fornecedores, otimizando o fornecimento de nafta da refinaria RLAM (criada na

década de 1950), com agregação de valor em produtos da primeira, segunda e

terceira gerações petroquímicas.

O que para a época era a solução ideal de integração entre refino e pe-

troquímica, hoje é uma ameaça importante a sua competitividade, pois uma

corrente muito forte de obtenção de eteno (principal produto do Polo) está

sendo obtida a partir do shale gas. Essa revolução tecnológica de explora-

PETROqUímICA é mARCA

DA INDUSTRIALIzAçãO

NO ESTADO DA bAHIA

84 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 85 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

ção econômica do shale gas derrubou espetacu-

larmente o preço do gás natural em US$/MMBTU.

Antes, nossos competidores eram os chamados

“tigres asiáticos”, como Taiwan e Coreia. Posterior-

mente, a Arábia Saudita e principalmente a China,

face a seus baixos custos e escalas gigantescas,

passaram a ser competidores importantes para

a indústria petroquímica brasileira, forçando-a

a solicitar proteção governamental de várias na-

turezas. Agora, a tecnologia “shale” nos Estados

Unidos permitiu a redução drástica dos custos

de produção e preços de vendas de hidrocarbo-

netos, notadamente os derivados de gás natural,

tornando os Estados Unidos e México altamente

competitivos.

Desse modo, decorridas quase quatro déca-

das do início de operação, o Complexo de Cama-

çari vem apresentando redução continuada de

sua complexidade química, com a desativação de

mais de uma dezena de unidades industriais, pas-

sando manter praticamente só a oferta de resinas

termoplásticas, com o encerramento da produção

de diversas plantas/atividades, como as de pro-

dução de: (i) fibras acrílicas; (ii) DMT; (iii) fibras

poliéster; (iv) PET; (v) caprolactama; (vi) fibras

poliamídicas; (vii) poliamidas técnicas; (viii) poli-

carbonatos; (ix) metionina; (x) TDI; (xi) MDI; (xii)

ácido sulfúrico; (xiii) óleos brancos; (xix) deriva-

dos de silício; e (xx) metanol. Além do risco imi-

nente de parada na produção de amônia, ureia e

gás carbônico (questão da Fafen-BA).

Ao lado do aparecimento de competidores mais

ágeis e produtivos, a petroquímica baiana sofre

ainda com outros problemas:

•Insumos caros, tanto matéria-prima como

energia;

•Custo Brasil relacionado à infraestrutura e à

tributação;

•Distorção cambial, tendência de valorização

do câmbio real;

•Infraestrutura. Desafios à competitividade,es-

pecialmente pela necessidade de uma boa in-

fraestrutura logística que permita uma operação

multimodal, englobando transportes marítimos,

rodoviários e ferroviários;

•Demurrage: estima-se que o custo de paga-

mento de demurrage pelos produtos petroquími-

cos no porto de Aratu, tenha alcançado em 2016

cerca de US$ 25 milhões;

•Dutovias: já saturadas, demandando novos

investimentos;

•Baixa escala de produção: algumas plantas

não acompanharam a escala mundial de produção

e operam com custos fixos elevados;

•Defasagem tecnológica: produção de commo-

dities de baixo grau tecnológico;

•Falta de integração com a indústria de trans-

formação local: têxtil, vestuário, plástica, constru-

ção civil, etc.

Adicione-se a esses fatos críticos as novas al-

terações tributárias do estado da Bahia, que one-

raram sobremaneira as operações das indústrias

petroquímicas baianas.

Certamente, a garantia de perpetuação do Polo

depende da modernização das plantas e da busca

por produtos e preços diferenciados (por meio da

inovação), mas há um forte componente de com-

petitividade locacional que requer investimento

contínuo na melhoria da infraestrutura. Portanto,

é preciso que o governo estadual se esforce para

garantir a competitividade nessa questão da infra-

estrutura, o que está sobremaneira afetado com

o aumento dos custos e das ameaças aos inves-

timentos. Nesse sentido, é necessário viabilizar a

solução para algumas questões em médio prazo,

conforme proposta a seguir.

Propostas do setor

1. Devolução dos créditos acumulados (con-

forme detalhado em capítulo anterior).

2. mudança da taxa de distritos de recupera-

ção para a fase de manutenção (conforme detalha-

do em capítulo anterior).

3. Equacionamento do fornecimento de gás

natural como matéria-prima, diferenciando o preço

(conforme detalhado em capítulo anterior).

4. modernização da ferrovia FCA, que liga o

Polo de Camaçari a Paulínia/SP, e conclusão da

Variante Ferroviária Camaçari-Aratu, integrando a

malha da FCA.

5. Incentivo à navegação de cabotagem,

que, além da segurança, reduz sobremaneira os

custos de envio de produtos petroquímicos para

o Sudeste do país. A título ilustrativo, em simu-

lações de empresas do Polo, um frete rodoviário

custa cerca de R$ 317/tonelada (com frete de re-

torno) ou R$ 430 (sem frete de retorno). No caso

dessa carga ser transportada por cabotagem, inclu-

so a parte de tancagem e das taxas portuárias, o

custo é de cerca de R$ 215/tonelada. O estado da

Bahia pode incentivar a atração de navios de cabo-

tagem por meio de redução de ICMS do óleo com-

bustível destinado a essas embarcações.

6. Ampliação da segurança pública nas ime-

diações do Polo e do Porto de Aratu.

7. Aumento da confiabilidade no fornecimento

de energia elétrica (conforme detalhado em capítu-

lo anterior).

8. Recuperação, conservação e ampliação

do anel florestal (conforme detalhado em capítulo

anterior).

5.3 – AlIMentOs e BeBIdAs/AgrOnegócIO

A indústria de bens de consumo final, principal-

mente os segmentos de alimentos, bebidas e

grande parte do setor de agronegócio, depende

essencialmente do tamanho do mercado interno

e da dinâmica da renda disponível da população

local e regional. A política de estímulo à demanda,

adotada mais assertivamente no período de 2007

a 2014, resultou em expansão considerável na

produção e consumo, sobretudo das vendas para

a população de mais baixa renda. Na Bahia, por

exemplo, o emprego na indústria de alimentos e

ExPANSãO DO AGRONEGóCIO

DEVE SEGUIR mELHORES

CONDIçõES SISTêmICAS

86 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 87 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

bebidas cresceu a um ritmo de 6,7% ao ano, com

a geração de mais de 18 mil postos de trabalho

nesse período.

Contudo, o esgotamento desse modelo e a pos-

terior crise causaram retração considerável aos re-

feridos segmentos industriais. Na Bahia, a perda de

empregos no setor de alimentos e bebidas chegou

a 2,5% no acumulado de 2015 e 2016, com redução

de cerca de 1,14 mil postos de trabalho.

Esse movimento evidencia que a expansão da

demanda deve ser acompanhada por melhores

condições sistêmicas (ambiente de negócios, in-

fraestrutura, carga tributária, etc.), resultando em

aumento permanente da renda per capita. A Bahia

também precisa seguir esse roteiro e promover mu-

danças estruturais para elevar o patamar da renda

da população. Os capítulos iniciais desta Agenda

apresentam o caminho para essas mudanças es-

truturais: focar na educação básica e de qualidade

e na solução dos problemas de infraestrutura. Cer-

tamente, quando essas questões estiverem equa-

cionadas, o mercado interno terá uma expansão

considerável e sustentada ao longo do tempo.

Ressaltamos aqui outros pontos transversais

à economia baiana que atingem em particular o

segmento de alimentos, bebidas e agronegócio,

a saber:

Infraestrutura

Esses segmentos são altamente dependentes

de uma infraestrutura competitiva, tendo em conta

o reduzido valor agregado dos bens comercializa-

dos. A eficiência da logística de distribuição é um

fator essencial de competitividade num setor ca-

racterizado por uma extensa rede de distribuição e

pela produção de bens de baixo valor agregado. A

título de exemplo, segundo estudo do BNDES28, os

custos de distribuição para o setor de bebidas, por

exemplo, representam de 10% a 13% do preço ao

consumidor.

Propostas

Conforme analisado no tópico relativo à infra-

estrutura, para o segmento de alimentos/bebidas

e agronegócio é de fundamental importância que

sejam priorizados os seguintes temas:

1. Recuperar e ampliar os grandes eixos rodo-

viários de escoamento da produção, com investi-

mentos maciços para que haja redução dos custos

da distribuição.

2. Construir centros de distribuição em locais

estratégicos, a exemplo dos entroncamentos de

Feira de Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro.

3. A hidrovia do São Francisco é um impor-

tante vetor de escoamento da produção de grãos

e frutas do centro oeste e norte da Bahia, portanto

precisa ser revitalizada.

Tributos

Há uma alta carga tributária para o setor, no-

tadamente do segmento de bebidas. Este é um

ponto que está sempre em evidência. No caso de

bebidas, a esfera federal vem tentando elevar ain-

da mais os tributos das bebidas frias, como cerve-

jas, refrigerantes, refrescos e isotônicos, em meio a

uma crise político-econômica instalada. No contex-

to estadual, houve recentes aumentos dos tributos,

como aumento do ICMS para o fundo de pobreza e

a criação de uma taxa para manutenção dos distri-

tos industriais.

Proposta

Reavaliar os aumentos dos ICMS e de outras ta-

xas, considerando a melhora na arrecadação.

prOpOstAs especÍfIcAs pArA O setOr

de AlIMentOs e BeBIdAs/AgrOnegócIO

Bebidas

1. maior aproveitamento e divulgação do

aquífero de São Sebastião para atração de no-

vas empresas do setor. A qualidade da água deste

aquífero, em Alagoinhas e região, apresenta uma

adequada proporção de sais e alta pureza, que pra-

ticamente eliminam a necessidade de tratamentos

adicionais. Pelas características excepcionais do

aquífero, o município de Alagoinhas se destacou na

Bahia, tendo atraído nos últimos anos três grandes

empresas do setor, empregando grande contingen-

te de funcionários (1.436 trabalhadores diretos, o

maior da Bahia). Além da qualidade, o aquífero de

São Debastião tem grande volume de água, o que

indica um potencial ainda inexplorado para entra-

da de indústrias nesta região.

2. Regularização das empresas informais. O

crescimento e expansão do segmento no Estado da

Bahia, e fora dele, está associado a uma regulari-

SETOR DE ALImENTOS

E bEbIDAS DEmANDA

CONSTRUçãO DE

NOVOS CENTROS Em

LOCAIS ESTRATéGICOS

28BNDES Setorial 40, p. 93-130. O setor de bebidas no Brasil (set/2014).

88 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 89 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

zação de grande contingente de micro e pequenas

empresas que, enquanto mantidas na informali-

dade, encontram-se sem acesso ao crédito e aos

canais formais de distribuição. Aliado a essas ques-

tões, a melhoria da qualidade dos produtores e a

sua organização contribuiria grandemente para a

expansão local, nacional e internacional do setor

no Estado da Bahia.

3. Sem a regularização, é preciso combater à

concorrência desleal dos informais, que não são

fiscalizados e que não pagam a alta carga de tribu-

tos do setor.

4. Redução da burocracia para um funciona-

mento legalizado, bem como da tributação excessi-

va (conforme relatado anteriormente);

5. Certificação de qualidade, com a marca

Bahia: o selo torna mais fácil o acesso de novas

marcas ao mercado internacional, além de agregar

valor ao produto, que passa a ter um “atestado de

qualidade”.

6. Vinho: incentivo ao enoturismo na região

do Vale do São Francisco.

7. Incentivo à produção de cervejas e outras

bebidas artesanais, cujo mercado de empresas de

menor porte pode gerar elevação do emprego e da

renda, sobretudo nas cidades do interior da Bahia.

Alimentos

1. Rever o aumento exagerado das exigências

ambientais, as quais inviabilizam a produção das

indústrias.

2. Expansão da oferta de água. A água para o

setor de alimentos, bebidas e agronegócio é o item

mais importante para a produção. Algumas empre-

sas na Bahia deixam de fabricar produtos com con-

teúdo líquido por falta de água. Assim, é preciso

investimentos na regularização do abastecimento

de água para essas indústrias, com foco nas cida-

des onde há um déficit hídrico, notadamente Feira

de Santana e Vitória da Conquista.

3. Minimizar a cobrança pelo uso da água. A

cobrança pelo uso da água deve ser uma realidade

nos próximos anos, no entanto, é salutar que essa

cobrança leve em conta a capacidade que a indús-

tria tem em absorver mais esse custo, com o risco

de perder a viabilidade econômica na Bahia.

4. qualificação da mão de obra para atender

ao setor de alimentos. A maior dificuldade em mão

de obra é quanto à adaptação à cultura industrial. A

contratação é feita com pessoas que nunca foram a

uma indústria e não estão acostumadas com os pa-

drões de exigências: rotina, higiene, limpeza, segu-

rança, etc. As ações de qualificação, cursos técnicos,

podem ser promovidos em parceria com o Sistema

FIEB (Senai) e suas unidades no interior do estado.

5. Incentivo aos fornecedores locais: neces-

sidade de incentivos para atração de empresas

produtoras de material de embalagem, filmes lami-

nados, dentre outros.

6. Energia Elétrica: aumento da oferta dispo-

nível, sobretudo para a região oeste da Bahia, bem

como melhoria da qualidade do fornecimento (con-

forme já relatado no capítulo de infraestrutura).

Algodão

Trata-se de importante vetor no sentido do

adensamento do agronegócio baiano para uma

fortalecida cadeia têxtil. De acordo com estudo do

IEMI29 (Instituto de Estudos e Marketing Industrial),

a Bahia tem grande potencial para se tornar um im-

portante centro produtor de artigos têxteis e con-

feccionista, ao levarmos em conta o fato de ela ser

o segundo maior estado produtor de algodão do

país (principal matéria-prima na produção desse

artigos). Em adição, no Polo de Camaçari há produ-

ção de fibras artificiais e sintéticas de grande uso

no segmento têxtil e de confecções. Juntas, algo-

dão e fibras artificiais correspondem a quase 85%

de toda a matéria-prima consumida na indústria

têxtil brasileira e, por serem oferecidas em abun-

dância no estado, já justificariam os esforços para a

formação de um grande centro produtor na Bahia.

Propostas

A quase totalidade da produção de algodão

produzida no estado é exportada para outras re-

giões ou para o exterior in natura. Conforme foi

apresentado anteriormente, há possibilidade de

adensamento com a indústria têxtil e de vestuário

utilizando o algodão como vetor de atração das in-

dústrias, para isso é preciso:

1. Atuar na atração de empresas do segmento

têxtil para a Bahia. Elaborar um plano de estudo

periódico, elencando diferentes ações que outros

Estados da Federação oferecem para as empresas

do setor têxtil e adotar medidas semelhantes.

2. Contatar grandes empresas do segmento

têxtil que desejam ampliar suas instalações, ofere-

cendo a Bahia como local propício, considerando a

abundância da oferta de matéria-prima.

3. Oferecer incentivos econômicos e fiscais

para instalação de empresas do ramo têxtil aqui

na Bahia. Nesse aspecto, buscar aproximação com

prefeituras do oeste baiano (e outras afins) para

atuar em conjunto no oferecimento de vantagens

para as empresas da cadeia têxtil.

4. A qualificação da mão de obra ainda é um

entrave ao desenvolvimento da indústria têxtil na

Bahia. Nesse sentido, atuar em parceria o Sistema

FIEB e outras entidades de ensino para formação

específica de técnicos para a cadeia têxtil.

Grãos

A Bahia é a principal produtora de grãos do

Nordeste, com potencial de expansão. Beneficia-

da por condições climáticas favoráveis, alta tec-

nologia (sistemas de irrigação, mecanização das

lavouras, utilização de sementes desenvolvidas

para o cerrado) e uma eficiente organização em-

presarial, a produção de grãos do oeste do Estado

tem apresentado os mais altos índices de produ-

tividade do País.

Propostas

Uma política de adensamento da cadeia, na

direção das proteínas, com o incentivo à implanta-

ção/atração de indústrias de ração, carnes, óleos

vegetais, laticínios e outros alimentos, agregando

valor à produção local de grãos.

Frutas

O Vale do São Francisco é um importante polo

produtor de frutas e derivados com a dissemina-

ção da agricultura irrigada. Nas últimas décadas,

a região atraiu uma série de investimentos nesse

segmento e tornou-se referência nacional.

Propostas

1. Incentivo a instalação de empresas de suco e

também de vinícolas, doces e outros alimentos de

maior valor agregado.

2. Fomentar a implantação de polos de fruticul-

tura irrigada para atender mercado e indústrias.

3. Desenvolver programas de aumento da pro-

dutividade e renovação dos pomares de laranja.

4. Desenvolver ações que tenham o propósito

de aumentar a produtividade dos pomares de fru-

tas tropicais na Bahia.

29 Estudo de Competitividade dos Setores Têxtil e Confeccionista no Estado da Bahia – IEMI/FIEB (2012).

bAHIA TEm POTENCIAL

PARA SE TORNAR

REFERêNCIA TêxTIL

90 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 91 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

5.4 – cOMpleXO MAdeIreIrO (celulOse

e pApel, prOdutOs de MAdeIrA)

A Bahia possui reconhecida vantagem comparativa

para a silvicultura e produção de madeira a partir de

florestas plantadas, decorrente de suas condições

edafoclimáticas (relação planta-solo-clima para

plantio) favoráveis, com destaque para a região Sul/

Extremo Sul do estado, mas também desenvolvida

nas regiões sudoeste, oeste e litoral norte do estado.

Aqui, consegue-se níveis de produtividade mui-

to acima dos padrões internacionais, com destaque

para o plantio do eucalipto com fins de produção

de celulose (fibra curta). A título ilustrativo, a maio-

ria das empresas locais trabalha com um ciclo de

seis a sete anos para o corte da madeira, enquanto

em outros países de clima frio, o tempo médio de

maturação das árvores plantadas é de 15 a 20 anos.

Segundo dados do IBá - Indústria Brasileira

de árvores30, a Bahia registra a quarta maior área

plantada de eucalipto do país, com mais de 600 mil

hectares de florestas, representando cerca de 11%

do total nacional, sendo superado apenas pelos es-

tados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do

Sul (veja Gráfico 18 na página 91).

As atividades do complexo hoje desenvolvidas

no estado da Bahia possuem características funda-

mentalmente capital-intensivas, com foco na celu-

lose destinada à produção de papel para impres-

são e celulose solúvel (produto nobre utilizado na

produção têxtil, filamentos, filtros de cigarro, entre

outros), ambas voltadas à exportação. O setor foi o

terceiro maior exportador do estado em 2017, com

vendas externas na ordem de US$ 1,27 bilhões e

com um índice de 15,7% do total exportado pela

Bahia, contribuindo com expressivo saldo positivo

na balança comercial nacional e do estado.

Segundo informações do IBGE (PIA 2015), o

complexo registra um VTI – Valor da Transformação

Industrial de mais de R$ 4 bilhões, equivalentes a

9,2% do total da Indústria de Transformação baia-

na, além de contribuir com mais de 23,2 mil empre-

gos diretos e 86,9 mil indiretos31.

Apesar das condições favoráveis para o de-

senvolvimento das atividades de base florestal,

por conta de uma série de empecilhos, a cadeia

tem deixado de investir no estado, pelo menos na

medida que poderia. Trata-se de fato lamentável,

sobretudo se consideramos que são investimen-

tos vultosos no interior, onde não tem havido tan-

tas alternativas de atividades geradoras de renda,

emprego e impostos. Em decorrência, nos últimos

anos, investimentos que ocorreriam na Bahia foram

redirecionados para os estados de Mato Grosso do

Sul e Maranhão, por exemplo.

Assim, apresentamos a seguir questões e pro-

postas setoriais para mudar este panorama:

Políticas de estímulo à agregação de valor –

Atividade florestal na Bahia é concentrada na pro-

dução de celulose e pouco integrada. A presente

Agenda defende que o Estado da Bahia adote as

seguintes vertentes de ação/estímulo setorial:

Celulose e Papel – Há condição de abrigar

novas plantas de celulose, podendo estimular os

players do setor a trazer a produção de papel.

Uso múltiplo – Bahia importa madeira de ou-

tros estados para uso na construção, movelaria,

etc., tendo plenas condições de utilizar as áreas

com potencial de florestas plantadas para suprir

parte dessa demanda.

Energia de biomassa – Deve-se estimular a ge-

ração de energia a partir de biomassa, de caracte-

rística renovável, logo, desejável, em contrapartida

à geração térmica via combustíveis fósseis. Se não

fosse a geração a partir de biomassa feita pelas

plantas de celulose no sul do estado, haveria proble-

mas graves no fornecimento de energia da região.

Segurança – Empresas sofrem com as frequen-

tes invasões de terras produtivas, injustificadas,

por parte de movimentos sociais. As empresas e os

investidores necessitam que acordos e decisões ju-

diciais sejam respeitadas e garantidas pelo aparato

de segurança do estado. Sem segurança, não há

investimento.

Licenciamento ambiental – É uma questão

muito sensível para a atividade florestal e que,

infelizmente, sofre influência negativa do desco-

nhecimento sobre a natureza da atividade e dos

benefícios das florestas plantadas, controladas e

30Associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus principais públicos de interesse - http://iba.org/pt/.

31Segundo dados presentes na publicação Bahia Florestal 2017, da ABAF – Associação Baiana das Empresas de Base Florestal.

PRODUçãO DE mADEIRA

NA bAHIA SUPERA

PADRãO INTERNACIONAL

24%

17%

15%

11%

5%

4%

5%

4%

3%

2%2%

2% 2% 1%

0%0%

Minas GeraisSão PauloMato Grosso do SulBahiaRio Grande do SulEspírito SantoParanáMaranhãoMato GrossoParáGoiásTocantinsSanta CatarinaAmapáPiauíOutros

gráfIcO 18 – Brasil: Área de Florestas Plantadas de Eucalipto, por Estados (2016)

Fonte: IBá. Elaboração GET/SDI/FIEB.

92 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 93 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

reguladas pelo poder público, que inclusive aju-

dam a preservar florestas nativas. As propostas do

setor industrial já foram apresentadas em capítulos

anteriores. Faremos apenas uma breve ilustração.

A Veracel Celulose deveria ter sido duplicada des-

de 2012, não fosse a morosidade do licenciamento

ambiental, além da insegurança fundiária. Um in-

vestimento de R$ 8 bilhões deixou de acontecer.

qual o custo desse atraso/postergação para o es-

tado e para os municípios abrangidos pelo projeto?

Defender/apoiar em nível federal:

• A permissão para investimentos em plantios

de florestas por empresas de capital estrangeiro.

• Corrigir a classificação ambiental do setor que

ainda consta como de elevado impacto ambiental.

• Agilidade no registro de novos defensivos e

fertilizantes.

Defender/apoiar em nível municipal:

• Limitação de plantio em alguns municípios.

• Cobrança de taxas abusivas pelos municípios

(TFF – Taxa de Fiscalização do Funcionamento).

• Desapropriações indevidas ou desarrazoadas.

5.5 – eXtrAÇÃO MInerAl e MetAlurgIA

A Bahia é sabidamente rica em minérios, tanto

em volume quanto em diversificação. De acordo

com dados da Secretaria de Desenvolvimento

Econômico, o estado ocupa atualmente a quinta

posição no ranking nacional do setor, participan-

do com 4% da produção do país. Ademais, possui

vasto potencial mineral, com mais de 40 bens mi-

nerais em exploração. Em 2016, o valor da Produ-

ção Mineral Baiana Comercializada (PMBC) alcan-

çou montante de R$ 2,2 bilhões. Outro aspecto

importante é que a maior parte da produção está

localizada no semiárido, que responde por 85%

ou 16,5 mil empregos diretos gerados pelo setor

na Bahia. Dos dez principais municípios produto-

res, responsáveis por 68% da PMBC, seis são do

semiárido: Jacobina (ouro); Brumado (magnesita,

talco, vermiculita, rocha ornamental); Andorinha

(cromo); Barrocas (ouro, apesar de estar na região

compreendida pelo semiárido, não foi incluídos

na normativa legal que instituiu esse recorte); Ma-

racás (vanádio) e Campo Formoso (cromo, esme-

ralda e rochas ornamental).

Por essas características peculiares, notada-

mente porque as reservas estão locais afastados

dos centros consumidores, o principal ponto é a

modernização da infraestrutura. A falta de estru-

tura adequada impede que essas reservas sejam

“monetizadas”, pois não dispomos de bons servi-

mAIOR DEmANDA

DO SETOR DE

mINéRIOS é

mODERNIzAR A

INFRAESTRUTURA

94 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 95 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

ços nos modais ferroviário e portuário, que podem

transportar grandes volumes de minérios a baixo

custo. Portanto, como foi abordado no capítulo es-

pecífico, o ponto principal é a viabilização dessas

modais para o escoamento da produção.

Propostas específicas

para o setor de mineração

1. Elaborar e implantar uma Política Mineral do

Estado, dada a enorme vocação mineira da Bahia,

que permitiria um desenvolvimento ainda maior da

indústria de extração mineral.

2. A Política mineral deve fomentar as MPMEs

de mineração de rocha para a produção de brita,

especialmente no interior do estado, além de con-

templar a realização de pesquisa mineral, acesso à

tecnologia e inovação, aquisição de equipamentos

de ponta, bem como mecanismos de qualificação

da mão de obra.

3. Infraestrutura, notadamente Portos, Rodo-

vias e Ferrovias (item que já se encontra detalhado

em capítulo específico);

4. Política ambiental (item já se encontra de-

talhado em capítulo específico);

5. melhoria do ambiente de negócios e des-

burocratização (item que já se encontra detalhado

em capítulo específico).

Outros pontos específicos:

• Educação profissionalizante, com destaque

para a formação de técnicos de mineração, etc.

Ação pode ser realizada em parceria com o Siste-

ma FIEB (Senai);

• Destaque ao curso de Engenharia de Minas

da UNEB e atenção aos cursos do IFBA;

• Promover a participação de pequenas e mé-

dias empresas de mineração por meio de Coopera-

tivas e Arranjos Produtivos Locais;

• Fomentar cooperativas de garimpeiros e de

trabalhadores da área de cerâmica. Criar associa-

ções em conjunto com o Sistema S;

• Reestruturar e revitalizar a CBPM;

• Verticalização da cadeia de mineração no es-

tado, a exemplo do que se faz no caso da Ferbasa.

No que se refere à metalurgia, um encadea-

mento natural da extração mineral, de acordo com

o IBGE (PIA 2015), o setor registra um VTI de R$ 1,9

bilhão, com emprego de mais de 5,6 mil trabalha-

dores diretos. Este é ainda um setor que paga mais

de R$ 560 milhões, entre salários e benefícios,que

tem um faturamento líquido de R$ 7,8 bilhões e va-

lor bruto de R$ 8,152 bilhões.

Estes números dimensionam a importância

do segmento na Bahia. No entanto, ametalurgia

vem sofrendo com diversos problemas ao longo

dos últimos anos. Assim como todo segmento, o

problema de uma infraestrutura deficiente (portos,

ferrovia e rodovias) retira do setor a principal carac-

terística, que é a competitividade.

De modo específico, o segmento se ressente de:

• Alto custo da energia elétrica;

• Problemas de segurança – seja nas plantas

industriais, seja nas rodovias e nos portos (sobre-

tudo no de Aratu);

• qualificação deficiente da mão de obra - fal-

tam cursos profissionalizantes;

• Logística deficiente, que é responsável por

encarecer a matéria-prima.

5.6 – nOVOs setOres dInâMIcOs

Os segmentos tradicionais da indústria baiana

devem permanecer no âmbito das prioridades do

governo estadual no horizonte de médio prazo.

No entanto, olhando para o futuro da indústria da

Bahia, é preciso apostar em setores dinâmicos,

cuja essência está no uso intensivo de PD&I – Pes-

quisa, Desenvolvimento e Inovação.

O momento atual é oportuno para atrair players

de indústrias de setores não tradicionais (farma-

cêuticas, química fina, energias renováveis, biotec-

nologia, etc.), pois está em curso o desenvolvimen-

to e a construção aqui na Bahia de infraestruturas

capazes de apoiar em múltiplos aspectos a instala-

ção e manutenção dessas plantas, a saber: o SENAI

Cimatec; o Instituto de Tecnologia da Saúde ITS/Se-

nai; e o CIMATEC Industrial, com suporte à indústria

de média e alta complexidade.

Setor de Saúde – Instituto

de Tecnologia da Saúde (ITS)

O mercado de saúde no Brasil é um dos mais

expressivos do mundo, ocupando, em 2016, a

sexta posição entre os maiores consumidores de

medicamentos. De acordo com o documento do

IBGE “Conta-satélite de saúde: Brasil: 2010-2015”,

em 2015, o consumo final de bens e serviços de

saúde no país foi de R$ 546 bilhões (9,1% do PIB).

Desse total, R$ 231 bilhões (3,9% do PIB) corres-

ponderam a despesas de consumo do governo e

R$ 315 bilhões (5,2% do PIB), a despesas de famí-

lias (e outras instituições sem fins de lucro a servi-

ço das famílias). Naquele ano, do total do consu-

mo final de bens e serviços de saúde, 79,2% foram

de serviços e 19,0%, de medicamentos, enquanto

o restante foi principalmente consumo de outros

materiais médicos, ópticos e odontológicos.

Apenas com medicamentos para uso humano

(considerados como bens finais e comprados pelo

governo e pelas famílias), o custo foi de R$ 103,4

bilhões em 2015. De acordo com dados da ANVI-

SA, com resultados mais atualizados advindos dos

relatórios de comercialização das empresas farma-

cêuticas, em 2016 foram vendidos mais de 4,5 bi-

lhões de medicamentos no país.

Ainda de acordo com o IBGE, entre 2010 e 2015,

o consumo de bens e serviços de saúde apresentou

crescimento em todos os anos, mesmo com a crise.

Em 2015, o crescimento em volume (descontando as

variações de preços) foi de 0,5% para o consumo do

governo e de 1,6% para o das famílias. Em adição, a

participação das atividades de saúde na renda ge-

rada no país (valor adicionado) aumentou em todos

os anos da série, passando de 6,1%, em 2010, para

7,3%, em 2015. A participação no total de ocupações

também cresceu, passando de 5,3% para 6,4%.

Portanto, os números revelam um grande mer-

cado e com clara tendência de crescimento, para o

qual a FIEB está desenvolvendo o Instituto de Tec-

nologia da Saúde (ITS), cujo objetivo é o de apoiar

o complexo industrial e econômico da saúde no

desenvolvimento de drogas, medicamentos, equi-

pamentos e materiais estratégicos para o Sistema

único de Saúde (SUS).

Incorporada à infraestrutura do Campus do

Senai/Cimatec, o ITS desenvolverá tecnologia de

ponta e atenderá às demandas de projetos de PD&I

nos setores de saúde, química e biotecnologia, atu-

ando nas áreas de indústria de base química e bio-

tecnológica, equipamentos e materiais de uso em

saúde e qualidade, regulação e gestão.

Proposta

Aproximar o Governo do Estado da Bahia, esta-

belecendo-se parceria entre a Secretaria de Estado

da Saúde da Bahia (SESAB) e o Instituto de Tecno-

logia da Saúde (ITS), no sentido de se viabilizar a

realização de pesquisas e de compras governa-

mentais em nível local, na área de saúde.

cIMAtec IndustrIAl

O CIMATEC Industrial será um grande comple-

xo de apoio tecnológico e industrial em uma área

de quatro milhões de metros quadrados no centro

industrial de Camaçari, com laboratórios avança-

dos, grandes usinas-piloto, áreas de segurança

para testes e operações de risco e até uma pista

de teste do setor automotivo. O CIMATEC Indus-

trial terá uma infraestrutura diferenciada no país,

desenvolvida para atender às necessidades de

energia eólica, mecânica, naval e offshore, auto-

motiva, elétrica, construção civil, química, petro-

química e biotecnologia, farmacêutica, celulose e

papel e petróleo e gás.

O conceito desse complexo de suporte ao se-

tor industrial está baseado em três pilares:

• Apoio para fabricação de grandes protótipos

e plantas piloto;

• Infraestrutura industrial para testes e valida-

ções de processos em escala natural; e

• Infraestrutura de PD&I em operação de alto

risco.

As atividades da CIMATEC Industrial contempla-

rão os seguintes aspectos operacionais:

• Apoio à fabricação de protótipos, instalações-

96 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 97 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

piloto e equipamentos para ensaios;

• Infraestrutura industrial para ensaios e valida-

ção de processos em escala industrial;

• Pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I)

em projetos com riscos operacionais;

• Infraestrutura desenvolvida para incubação

de empresas industriais;

• área para centros e laboratórios parceiros e

• Parque para empresas de base tecnológica e

de fabricação avançada.

Algumas atividades já poderão utilizar imedia-

tamente a infraestrutura do CIMATEC Industrial,

como as fábricas de plantas-piloto. Seguem ou-

tros exemplos de utilização que estão sendo de-

senvolvidas:

• No prazo de cinco anos, será possível montar

pistas de testes para indústria automobilística;

• Em 10 anos, será possível a construção de la-

boratórios de pás de aerogeradores; laboratórios de

drilling and well test e big site de resíduos e

• Em um horizonte de 15 anos, será possível ins-

talar plantas-piloto de estruturas submarinas.

Ao longo desse período, o CIMATEC Industrial

poderá dar suporte a todo um conjunto de equipa-

mentos industriais assim como a grandes laborató-

rios. De forma semelhante, poderá ainda apoiar os

novos projetos de plantas industriais.

Propostas

1. Atuação do governo estadual para atrair cen-

tros de desenvolvimento tecnológico para o estado

da Bahia, a exemplo do Instituto de Tecnologia em

Energia Renováveis.

2. Estabelecer parcerias para transformar a

Bahia no centro de referência do setor de petróleo

e gás do Brasil.

3. Buscar recursos da Embrapii - Empresa Brasi-

leira de Pesquisa e Inovação Industria.

4. Promover, por meio da SECTI, uma maior

aproximação (com a realização de parcerias, con-

vênios e/ou contratação) entre a Fapesb, o Parque

Tecnológico e o SENAI Cimatec, o CIMATEC Indus-

trial e o ITS.

CImATEC

INDUSTRIAL TERá

DESTAqUE Em

CAmAçARI

MAR

CELO

GAN

DRA

/CO

PERP

HO

TO/S

ITEM

A FI

EB

98 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 99 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

AneXO Metodologia do ranking de competitividade dos estados

metodologia do ranking foi

elaborada a partir de amplo

estudo de benchmark inter-

nacional e de literatura aca-

dêmica especializada sobre o

assunto.

A construção do ranking contou com duas etapas:

• Tratamento dos dados

• Ponderação dos indicadores e pilares

Tratamento dos dados

O tratamento dos dados é importante para pos-

sibilitar a agregação dos indicadores, haja vista as

diversas unidades de medida encontradas nos 66

indicadores em questão. O critério adotado foi a

normalização dos indicadores entre 0 e 100, man-

tendo a dispersão original dos dados. Este critério

é amplamente utilizado em diversos em outros ín-

dices e rankings, como o IDH.

A partir destes indicadores selecionados,

{Bi:i=1,…,m}, normalizamos os dados, o que foi pos-

sível de ser feito aplicando a seguinte fórmula:

Ponderação dos indicadores e pilares

Após extenso estudo de benchmark interna-

cional e de literatura acadêmica sobre critérios de

ponderação de indicadores, foram adotados quatro

critérios de ponderação dos indicadores do ranking:

• Penalizar redundância: por meio de testes de

correlação entre indicadores. Indicadores que pos-

suem alta correlação com algum outro indicador

dentro do pilar são penalizados;

• Penalizar indicadores com grande dispersão:

a fim de evitar influência desproporcional no indi-

cador final. Como um dos objetivos é estimular a

competição entre as UFs, os que possuem baixo

coeficiente de variância foram bonificados;

• Bonificar indicadores com maior carência: os

que se encontram muito longe da fronteira, rece-

bem mais peso, tendo como base o benchmark in-

ternacional, mais especificamente da média OCDE

para grande parte dos indicadores; e

• Avaliação de especialistas: critério normati-

vo, bastante utilizado em outros rankings. Foram

consultados especialistas das diversas áreas para

avaliarem se os pesos atribuídos são consistentes,

tendo em vista a vasta experiência deles no estudo

destas áreas.

A classificação dos estados foi feita pela compi-

lação de 65 indicadores, distribuídos em 10 pilares

temáticos, conforme tabulação a seguir:

Continua...

PIlAR INDICADOR FONTE BENCHmARkINg

Sustentabilidade Ambiental Emissões de CO2 SEEG/OC Têm benchmark internacional

Serviços urbanos SNIS Não têm benchmark internacional

Destinação do lixo SNIS Não têm benchmark internacional

Tratamento de esgoto SNIS Não têm benchmark internacional

Capital Humano Custo de mão de obra PNADc / IBGE Têm benchmark internacional

PEA com ensino superior PNAD / IBGE Têm benchmark internacional

Produtividade do trabalho PNADc / IBGE Têm benchmark internacional

qualificação dos trabalhadores PNAD / IBGE Têm benchmark internacional

Educação Avaliação da educação Secretarias estaduais de educação Têm benchmark internacional

IDEB INEP Não têm benchmark internacional

ENEM INEP Não têm benchmark internacional

PISA PISA Têm benchmark internacional

Índice de oportunidade da educação CLP/Metas Não têm benchmark internacional

Taxa de frequência líquida ao ensino fundamental PNUD e PNAD/IBGE Têm benchmark internacional

Taxa de frequência líquida ao ensino médio PNUD e PNAD/IBGE Têm benchmark internacional

Taxa de atendimento do ensino infantil PNAD/IBGE Não têm benchmark internacional

Eficiência da máquina pública Eficiência do Judiciário Justiça em números/CNJ Não têm benchmark internacional

Custo do Executivo/PIB FINBRA/Siconfi Não têm benchmark internacional

Custo do Judiciário/PIB FINBRA/Siconfi Não têm benchmark internacional

Custo do Legislativo/PIB FINBRA/Siconfi Não têm benchmark internacional

Índice de transparência Associação contas abertas Têm benchmark internacional

% servidores comissionados IBGE/Estadic Não têm benchmark internacional

I_i=((Bi - mini) / (maxi - mini)) * 100, onde maxi

e mini são, respectivamente, o limite superior e in-

ferior para o indicador i.

Os dados foram normalizados entre 0 e 100,

sempre obedecendo o critério de quanto mais per-

to de 100, melhor. Assim, para indicadores que são

inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais,

pior, a normalização foi invertida. Como exemplo,

no indicador de segurança pessoal, a UF com me-

nor taxa de homicídio recebeu a nota 100 e o es-

tado com a maior taxa de mortalidade recebeu 0.

Fizemos ainda ajustes em indicadores nos

quais há omissão de conteúdo por parte de alguns

dos estados. Na intenção de promover maior trans-

parência na divulgação dos dados, penalizamos

as unidades da federação que não disponibilizam

informações com o último lugar no ranking deste

indicador e também atribuindo a elas uma pontua-

ção muito baixa.

Dessa forma, as UFs que omitem informações

terão sua nota prejudicada no ranking dos pilares,

bem como no ranking geral.

100 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022 101 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

PIlAR INDICADOR FONTE BENCHmARkINg

Infraestrutura Acessibilidade do serviço de telecomunicações ANATEL Têm benchmark internacional

Custo de combustíveis ANP Têm benchmark internacional

Custo de saneamento básico SNIS Não têm benchmark internacional

Disponibilidade de voos diretos ANAC Não têm benchmark internacional

Acesso à energia elétrica PNAD/IBGE Têm benchmark internacional

Custo da energia elétrica ANEEL Não têm benchmark internacional

qualidade da energia elétrica ANEEL Não têm benchmark internacional

Mobilidade urbana PNAD/IBGE Não têm benchmark internacional

qualidade das rodovias CNT Têm benchmark internacional

qualidade do serviço de telecomunicações ANATEL Não têm benchmark internacional

Inovação Produção acadêmica SCImago IR Têm benchmark internacional

Investimentos públicos em P&D Min.CT&I Têm benchmark internacional

Patentes INPI Têm benchmark internacional

Potencial de mercado Tamanho de mercado IBGE/CAGED Têm benchmark internacional

Taxa de crescimento IBGE/CAGED Têm benchmark internacional

Crescimento potencial da força de trabalho IBGE Não têm benchmark internacional

Solidez fiscal Capacidade de investimento Siconfi Não têm benchmark internacional

Resultado nominal Siconfi Têm benchmark internacional

Solvência fiscal Siconfi Têm benchmark internacional

Sucesso da Execução orçamentária Siconfi Não têm benchmark internacional

Autonomia fiscal Siconfi Não têm benchmark internacional

Resultado primário Siconfi Não têm benchmark internacional

Segurança pública Atuação do sistema de justiça criminal Fórum de segurança pública Não têm benchmark internacional

Déficit carcerário Fórum de segurança pública Têm benchmark internacional

Mortes a esclarecer Datasus Não têm benchmark internacional

Segurança no trânsito Datasus Têm benchmark internacional

Segurança pessoal Fórum de segurança pública Têm benchmark internacional

Segurança patrimonial Fórum de segurança pública Têm benchmark internacional

Sustentabilidade social Segurança alimentar Ipea Têm benchmark internacional

Inadequação de moradia PNAD/IBGE Não têm benchmark internacional

Famílias abaixo da linha da pobreza PNAD/IBGE Não têm benchmark internacional

Desigualdade de renda Ipea Têm benchmark internacional

Acesso ao saneamento básico - água PNAD/IBGE Têm benchmark internacional

Acesso ao saneamento Básico - esgoto PNAD/IBGE Têm benchmark internacional

Mortes evitáveis Datasus Têm benchmark internacional

Anos potenciais de vida perdidos Datasus Têm benchmark internacional

Formalidade do mercado de trabalho PNAD / IBGE Não têm benchmark internacional

Inserção econômica IBGE Têm benchmark internacional

IDH PNUD Têm benchmark internacional

Inserção econômica dos jovens IBGE Não têm benchmark internacional

Mortalidade materna Datasus Têm benchmark internacional

Mortalidade precoce Datasus Têm benchmark internacional

Previdência social IBGE Não têm benchmark internacional

Mortalidade na infância Datasus Têm benchmark internacional

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Referências

103 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

Índice remissivo de tabelas e gráficos

Tabela 1 - Participação dos países do G-20 financeiro nas CGVs em 2010 19

Tabela 2 – Bahia: estrutura da indústria de transformação (2015) 27

Tabela 3 – Brasil: ranking do PIB de estados selecionados (2002 – 2015) 29

Tabela 4 – Brasil e Bahia: taxa de crescimento do PIB (2003 – 2015) 30

Tabela 5 – Brasil: ranking do PIB per capita em estados selecionados (2002 – 2015) 31

Tabela 6 – Brasil e Bahia: emprego (2002 – 2015) 33

Tabela 7 – Bahia: participação do setor industrial no VAB (2002 – 2015) 35

Tabela 8 – Bahia: participação dos segmentos da indústria no VAB (2002 – 2015) 36

Tabela 9 – Brasil: ranking de competitividade por estados – Geral (2017) 38

Tabela 10 - Brasil: ranking de competitividade por estados – Infraestrutura (2017) 38

Tabela 11 - Brasil: ranking de competitividade por estados – Educação (2017) 39

Tabela 12 - Brasil: ranking de competitividade por estados – Inovação (2017) 39

Tabela 13 - Brasil: ranking de competitividade por estados – Sustentabilidade Ambiental (2017) 41

Tabela 14 - Brasil: ranking de competitividade por estados – Eficiência da Máquina Pública (2017) 41

Tabela 15 – IDEB - 4ª série / 5º ano - Rede pública (federal, estadual e municipal) 55

Tabela 16 - IDEB - 8ª série / 9º ano - Rede pública (federal, estadual e municipal) 56

Tabela 17 - IDEB - 3º ano do ensino médio - Rede pública (estadual) 57

Tabela 18 – Brasil: ranking dos estados no PISA (ciências, leitura e matemática) - 2015 58

Tabela 19 – Bahia: número de matrículas da educação básica 59

Tabela 20 - Posição do Brasil em diversos critérios para fazer negócios, 2018. 71

Gráfico 1 - World: Industry, value added (% of GDP) 17

Gráfico 2 – Bahia: PIB das principais regiões (2015) 28

Gráfico 3 – Bahia: VAB da indústria das principais regiões (2015) 28

Gráfico 4 – Participação da Bahia no PIB do Brasil (2002 – 2015) 30

Gráfico 5 – Participação da Bahia no PIB do Nordeste (2002 – 2015) 30

Gráfico 6 – PIB per capita da Bahia em relação ao PIB per capita do Brasil (2002 – 2015) 32

Gráfico 7 - PIB per capita da Bahia em relação ao PIB per capita do Nordeste (2002 – 2015) 33

Gráfico 8 – Participação da Bahia nos empregos do Brasil (2002 – 2015) 33

Gráfico 9 – Participação do setor industrial (secundário) na economia de países selecionados 34

Gráfico 10 – Brasil: participação da indústria de transformação no valor adicionado 34

Gráfico 11 – Participação do setor industrial no VAB da Bahia – (2002 – 2015) 36

Gráfico 12 – Participação dos segmentos da indústria no VAB da Bahia (2002 – 2015) 36

Gráfico 13 – Bahia: matrículas na educação básica em área urbana - 2017 59

Gráfico 14 - Bahia: matrículas na educação básica em área rural - 2017 59

Gráfico 15 - Principais entraves para fazer negócios no Brasil, 2017 71

Gráfico 16 - Ranking de facilidade em fazer negócios, 2018 71

Gráfico 17 – Tempo médio para obtenção de licenças ambientais no Ibama, em dias. 72

Gráfico 18 – Brasil: área de florestas plantadas de eucalipto, por estados (2016) 91

102 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022

104 AgendA dA IndústrIA dA BAhIA 2019-2022