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Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br Página1 Curso/Disciplina: Direito Administrativo Aula: Diretrizes da PPP e Fundo Garantidor. Professor (a): Luiz Jungstedt Monitor (a): Lívia Cardoso Leite Aula 23 Atualização da aula sobre PPP com relação as suas diretrizes. - Diretrizes da PPP Lei nº 11079/2004, art. 2º - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão , na modalidade patrocinada ou administrativa . §1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado . §2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens . §3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado . §4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada : I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) ; (Redação dada pela Lei nº 13.529, de 2017) II cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos ; ou III que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública . Art. 4º - Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes : I eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da sociedade; II respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução; III indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado; IV responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias; V transparência dos procedimentos e das decisões; VI repartição objetiva de riscos entre as partes; VII sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria. Quando a lei não faz distinção entre PPP concessão patrocinada e PPP concessão administrativa, o art. vale para ambas.

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Page 1: Curso/Disciplina: Direito Administrativo · Obs: presídios. Em vários Estados da Federação a gestão deles está entregue a empresas privadas através de PPPs concessões administrativas

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Curso/Disciplina: Direito Administrativo

Aula: Diretrizes da PPP e Fundo Garantidor.

Professor (a): Luiz Jungstedt

Monitor (a): Lívia Cardoso Leite

Aula 23

Atualização da aula sobre PPP com relação as suas diretrizes.

- Diretrizes da PPP

Lei nº 11079/2004, art. 2º - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na

modalidade patrocinada ou administrativa.

§1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei

nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários

contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

§2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública

seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

§3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de

serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver

contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

§4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); (Redação dada pela Lei

nº 13.529, de 2017)

II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou

III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de

equipamentos ou a execução de obra pública.

Art. 4º - Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes:

I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da sociedade;

II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da

sua execução;

III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de

outras atividades exclusivas do Estado;

IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;

V – transparência dos procedimentos e das decisões;

VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;

VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

Quando a lei não faz distinção entre PPP concessão patrocinada e PPP concessão

administrativa, o art. vale para ambas.

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A modificação do inciso I do §4º do art. 2º da Lei nº 11079/2004 ocorreu porque muitos

Municípios estavam com dificuldade em celebrar PPPs por força da restrição de valor.

Obs: o parceiro privado pode ir ao BNDES pegar dinheiro público para fazer investimentos.

Nesse caso, quem se compromete a pagar o BNDES não é o Governo, mas o empresário.

O professor Flávio Amaral, Procurador do Estado do Rio de Janeiro, pergunta em relação ao quê

é esse valor de 20 milhões de reais, agora 10 milhões. É em relação ao investimento do parceiro privado, ao

aporte de dinheiro público, ao pagamento do Governo ao investimento do particular ou ao valor arrecadado

por tarifas (quando for PPP concessão patrocinada)? O que forma esse limite de agora 10 milhões de reais?

A lei não se preocupou em trazer esse indicativo. O autor diz que pode, então, ser adotada qualquer tese.

Obs: inciso III do §4º do art. 2º da Lei nº 11079/2004. Se o objeto do contrato for unicamente

um dos citados, deve-se usar a Lei nº 8666/93. Não há motivo para se usar de concessão, apesar de a PPP

concessão administrativa ser muito estranha. Pode servir como terceirização disfarçada. Porém, não se deve

colocar isso em prova, por força do indicado inciso III, que expressa que a PPP não substitui terceirização.

Obs: com a redução do limite mínimo de 20 para 10 milhões fica mais fácil de camuflar

terceirização dentro do contrato de PPP.

Para a terceirização deve-se usar a Lei nº 8666/93 ou a Lei nº 10520/02, que chegarão a

contratos administrativos tradicionais de prestação de serviços para o Governo.

A terceirização, na Lei nº 8666/93, tem no máximo 5 anos.

Lei nº 8666/93, art. 57 - A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos

respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:

II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração

prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a

administração, limitada a sessenta meses;

§4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior, o

prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses.

Lei nº 11079/2004, art. 5º - As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao

disposto no art. 23 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também prever:

I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos realizados, não

inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação;

IX – o compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos efetivos do parceiro

privado decorrentes da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;

Na terceirização normal o prazo máximo do contrato é de 5 anos. Na disfarçada por PPP, a

largada é de 5 anos.

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Obs: presídios. Em vários Estados da Federação a gestão deles está entregue a empresas

privadas através de PPPs concessões administrativas. Isso é terceirização. É um serviço continuado, que não

pode parar e ocorre todos os dias.

Para concurso: PPP concessão administrativa não disfarça terceirização.

Lei nº 11079/2004, art. 4º, I – Busca da eficiência na gestão dos recursos públicos. Referência

totalmente desnecessária, pois a eficiência já ganhou status constitucional.

CF, art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Lei nº 11079/2004, art. 4º, VI e VII – A parceria é para todos ganharem, para maior eficiência.

Quaisquer problemas quanto aos riscos devem ser negociados, pois há a repartição objetiva deles.

Lei nº 11079/2004, art. 6º - A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria

público-privada poderá ser feita por:

I – ordem bancária;

II – cessão de créditos não tributários;

III – outorga de direitos em face da Administração Pública;

IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;

V – outros meios admitidos em lei.

§1º O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao

seu desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato. (Preocupação

da lei com a eficiência que o contrato de PPP deve trazer.)

§2º O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado para a realização de

obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 da Lei nº 8.987, de 13 de

fevereiro de 1995, desde que autorizado no edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se contratos

celebrados até 8 de agosto de 2012.

Art. 7º A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da

disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.

§1º É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o pagamento da

contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.

§2º O aporte de recursos de que trata o §2º do art. 6º, quando realizado durante a fase dos

investimentos a cargo do parceiro privado, deverá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente

executadas.

Obs: a lei da PPP acabou originando a preocupação ínsita ao contrato de performance, de

desempenho, que ainda está engatinhando no Direito brasileiro. As empreiteiras rejeitam esse novo tipo de

contrato porque ele facilita maiores controle e responsabilidade do executor.

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Não há divisão só dos riscos, mas também dos lucros.

PPP patrocinada: visa a atender interesse público. O objeto é serviço público.

Lei nº 11079/2004, art. 4º, IV – Os contratos são de longa duração, gerando gasto orçamentário

anual para o Governo. Eles têm de passar pelo controle trienal que o anexo de metas fiscais da LDO

determina. Essa preocupação, esse elo com a LRF, é encontrada com muita clareza no art. 10 da Lei nº

11079/2004.

Lei nº 11079/2004, art. 10 – A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na

modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada a:

I – autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre:

a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identificação das razões que justifiquem

a opção pela forma de parceria público-privada;

b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas de resultados fiscais previstas no

Anexo referido no §1º do art. 4º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, devendo seus efeitos

financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução

permanente de despesa; e

c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do art. 25 desta Lei, a observância dos

limites e condições decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,

pelas obrigações contraídas pela Administração Pública relativas ao objeto do contrato;

II – elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o

contrato de parceria público-privada;

III – declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas pela Administração Pública

no decorrer do contrato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei orçamentária

anual;

IV – estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, durante a vigência do

contrato e por exercício financeiro, das obrigações contraídas pela Administração Pública;

V – seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no âmbito onde o contrato será celebrado;

VI – submissão da minuta de edital e de contrato à consulta pública, mediante publicação na imprensa

oficial, em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá informar a justificativa para a contratação,

a identificação do objeto, o prazo de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30 (trinta)

dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a

publicação do edital; e

VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental do

empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir.

§1º A comprovação referida nas alíneas b e c do inciso I do caput deste artigo conterá as premissas e

metodologia de cálculo utilizadas, observadas as normas gerais para consolidação das contas públicas, sem prejuízo

do exame de compatibilidade das despesas com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes

orçamentárias.

§2º Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exercício diverso daquele em que for publicado o

edital, deverá ser precedida da atualização dos estudos e demonstrações a que se referem os incisos I a IV do caput

deste artigo.

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§3º As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do parceiro

privado for paga pela Administração Pública dependerão de autorização legislativa específica.

§4º Os estudos de engenharia para a definição do valor do investimento da PPP deverão ter nível de

detalhamento de anteprojeto, e o valor dos investimentos para definição do preço de referência para a licitação será

calculado com base em valores de mercado considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no

exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como insumo valores de mercado do setor específico do

projeto, aferidos, em qualquer caso, mediante orçamento sintético, elaborado por meio de metodologia expedita ou

paramétrica.

Indelegabilidade de certas atividades: Lei nº 11079/2004, art. 4º, III.

A CF traz a jurisdição una ou única. Não pode haver uma PPP concessão administrativa do

Judiciário para a administração dos Tribunais, para o exercício da função jurisdicional ou para a gestão de

prédio de um Tribunal, por exemplo. A função jurisdicional é indelegável, sendo papel do Estado.

CF, art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Regulação. É tarefa que cabe ao Poder Público regular o exercício de certas atividades

econômicas. Não tem lógica o ente regulado, a empresa regulada, fazer a regulação. Pode até haver a

participação de empresas do setor regulado em um Conselho para a tomada de decisões, por exemplo, mas

jamais pode ser desestatizada a tarefa e entregue à gestão das empresas que vão administrar o setor.

Poder de polícia. A indelegabilidade dele já foi mais radical do que é hoje. Hoje doutrinadores

como Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho trazem possibilidades, admitem a

delegação de parcelas do poder de polícia, principalmente dos atos de execução, anteriores ou posteriores à

conduta do agente público no exercício do poder de polícia. Anteriormente há o consentimento e

posteriormente há a fiscalização.

PPP concessão administrativa e gestão de presídios. Nos presídios há exercício de poder de

polícia, através dos agentes penitenciários. Eles são agentes dos DESIPEs, das Secretarias Estaduais

Penitenciárias ou de Justiça. O nome dado à Secretaria depende de cada Estado. Há um Departamento para

as penitenciárias. DESIPE é uma sigla muito utilizada. Os agentes penitenciários continuam sendo

servidores públicos. Eles não estão no universo da PPP concessão administrativa. Não podem ser colocados

agentes privados. As empresas fazem gestão, hotelaria e alimentação.

Na desestatização de um presídio, através da PPP concessão administrativa, é indelegável a

função de polícia. Os agentes penitenciários continuam sendo servidores públicos. A quantidade deles e

seu pagamento adequado é problema do Governo, e não da empresa que administra o presídio.

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Contraprestação da Administração Pública ao parceiro privado: precedida da disponibilização

do serviço.

Pagamento e compartilhamento de ganhos. Há o compartilhamento do excedente ao previsto

no contrato. É parecido com o contrato de partilha do Pré-Sal, em que o excedente da produção é partilhado

com o Governo, que faz reserva em óleo. Isso é previsto em cláusulas contratuais.

Garantias oferecidas ao parceiro privado para que ele participe da PPP.

Lei nº 11079/2004, art. 8º - As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em

contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante:

I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal;

II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;

III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo

Poder Público;

IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam

controladas pelo Poder Público;

V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade;

VI – outros mecanismos admitidos em lei.

A lei dá garantias ao parceiro privado.

Lei nº 11079/2004, art. 8º, I – Celso Antônio Bandeira de Mello critica muito o dispositivo. Para

ele há uma inconstitucionalidade que cita o art. que está sendo desrespeitado. O art. constitucional citado

proíbe a vinculação de receitas.

CF, art. 167 - São vedados:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto

da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços

públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração

tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às

operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no §4º deste

artigo;

Porém, o inciso proíbe a vinculação de uma receita, a de impostos, e o Governo não tem apenas

ela. Há receitas originárias como os royalties do petróleo.

Fundo garantidor: garantia escolhida pela União, Estados e Municípios que fizeram legislação

sobre PPP.

Lei nº 11079/2004, Capítulo VI - DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À UNIÃO.

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Cada ente da Federação formará o Fundo Garantidor na forma e condições que puder. A União

não pode impor. Estados e Municípios podem escolher como vão formar seus Fundos Garantidores.

Lei nº 11079/2004, art. 16 - Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações

públicas e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$ 6.000.000.000,00 (seis

bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia

de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou

municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei.

§1º O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio dos cotistas, e será

sujeito a direitos e obrigações próprios.

§2º O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens e direitos realizado pelos cotistas, por

meio da integralização de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua administração.

§3º Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados por empresa especializada, que deverá

apresentar laudo fundamentado, com indicação dos critérios de avaliação adotados e instruído com os documentos

relativos aos bens avaliados.

§4º A integralização das cotas poderá ser realizada em dinheiro, títulos da dívida pública, bens imóveis

dominicais, bens móveis, inclusive ações de sociedade de economia mista federal excedentes ao necessário para

manutenção de seu controle pela União, ou outros direitos com valor patrimonial.

§5º O FGP responderá por suas obrigações com os bens e direitos integrantes de seu patrimônio, não

respondendo os cotistas por qualquer obrigação do Fundo, salvo pela integralização das cotas que subscreverem.

§6º A integralização com bens a que se refere o §4º deste artigo será feita independentemente de

licitação, mediante prévia avaliação e autorização específica do Presidente da República, por proposta do Ministro

da Fazenda.

§7º O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no FGP será condicionado a sua desafetação de

forma individualizada.

§8º A capitalização do FGP, quando realizada por meio de recursos orçamentários, dar-se-á por ação

orçamentária específica para esta finalidade, no âmbito de Encargos Financeiros da União.

Fundo Garantidor: criado para garantir contraprestação do Poder Público, da Administração, em

relação ao pagamento do parceiro privado. É um fundo especial criado especificamente para a garantia dos

contratos de PPP.

Obs: o art. 16 da Lei nº 11079/2004 não fala em personalidade jurídica própria do FGP. Ele não

é uma pessoa jurídica, mas tem natureza própria de direito privado. Ele só pode ser gasto como garantia

dos contratos de PPP. É formado por recursos públicos. Quem o cria é o Poder Público.

Obs: Lei nº 11079/2004, art. 16, §7º - bens de uso comum e especial são afetados, tendo

destinação pública. Devem ser desafetados. O Governo pode, então, colocar na formação do Fundo

Garantidor uma rua, desde que faça a sua desafetação. A regra, quando o objetivo é a alienação, é a

autorização legislativa. Com autorização parlamentar pode-se colocar uma rua no Fundo Garantidor.

CC, art. 99 - São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

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Como fica a indisponibilidade do bem público?

A constitucionalidade dessa garantia de contraprestação do parceiro público é questionada, em

especial o desrespeito à ordem cronológica de pagamento dos precatórios. O Fundo Garantidor paga na

frente de quem está esperando na fila do precatório para receber e ainda dilapida o patrimônio público.

Criou-se o sistema do precatório por causa da indisponibilidade do bem público.

Lei nº 11079/2004, art. 18 - O estatuto e o regulamento do FGP devem deliberar sobre a política de

concessão de garantias, inclusive no que se refere à relação entre ativos e passivos do Fundo.

§1º A garantia será prestada na forma aprovada pela assembleia dos cotistas, nas seguintes

modalidades:

I – fiança, sem benefício de ordem para o fiador;

II – penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio do FGP, sem transferência da

posse da coisa empenhada antes da execução da garantia;

III – hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP;

IV – alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos bens com o FGP ou com agente fiduciário

por ele contratado antes da execução da garantia;

V – outros contratos que produzam efeito de garantia, desde que não transfiram a titularidade ou

posse direta dos bens ao parceiro privado antes da execução da garantia;

VI – garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de afetação constituído em decorrência da

separação de bens e direitos pertencentes ao FGP.

§2º O FGP poderá prestar contragarantias a seguradoras, instituições financeiras e organismos

internacionais que garantirem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos cotistas em contratos de parceria

público-privadas.

§3º A quitação pelo parceiro público de cada parcela de débito garantido pelo FGP importará

exoneração proporcional da garantia.

§4º O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de instrumentos disponíveis em mercado,

inclusive para complementação das modalidades previstas no §1º.

§5º O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de:

I - crédito líquido e certo, constante de título exigível aceito e não pago pelo parceiro público após 15

(quinze) dias contados da data de vencimento; e

II - débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas pelo parceiro público após 45 (quarenta e

cinco) dias contados da data de vencimento, desde que não tenha havido rejeição expressa por ato motivado.

§6º A quitação de débito pelo FGP importará sua sub-rogação nos direitos do parceiro privado.

§7º Em caso de inadimplemento, os bens e direitos do Fundo poderão ser objeto de constrição judicial

e alienação para satisfazer as obrigações garantidas.

§8º O FGP poderá usar parcela da cota da União para prestar garantia aos seus fundos especiais, às

suas autarquias, às suas fundações públicas e às suas empresas estatais dependentes.

§9º O FGP é obrigado a honrar faturas aceitas e não pagas pelo parceiro público.

§10. O FGP é proibido de pagar faturas rejeitadas expressamente por ato motivado.

§11. O parceiro público deverá informar o FGP sobre qualquer fatura rejeitada e sobre os motivos da

rejeição no prazo de 40 (quarenta) dias contado da data de vencimento.

§12. A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por parte do parceiro público no prazo de 40

(quarenta) dias contado da data de vencimento implicará aceitação tácita.

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§13. O agente público que contribuir por ação ou omissão para a aceitação tácita de que trata o §12 ou

que rejeitar fatura sem motivação será responsabilizado pelos danos que causar, em conformidade com a legislação

civil, administrativa e penal em vigor.

Há arbitragem na PPP. Se a arbitragem condena o Poder Público e ele entende adequada a

condenação, sendo o crédito líquido e certo, tem de pagar em 15 dias.

Por que o Fundo Garantidor da PPP é constitucional? Quais são os argumentos nesse sentido?

Ele não fere o precatório porque é pagamento derivado de decisão de arbitragem, que não

tem de seguir o sistema de precatórios.

CF, art. 100 - Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e

Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos

precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações

orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

§5º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao

pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários

apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores

atualizados monetariamente.

O art. da CF fala que o precatório é para pagamento derivado de decisão judicial transitada em

julgado.

O Fundo garantidor tem natureza privada, mesmo não sendo pessoa jurídica. O precatório é

para atendimento à Fazenda Pública – pessoas jurídicas de Direito Público.

O Fundo Garantidor seria inconstitucional porque fere o princípio da indisponibilidade do

bem público, principalmente se formado efetivamente com bens públicos. O bem dominical pode ser

alienado. Mas os de uso comum e especial não podem. Logo, não fere só o sistema de precatórios.

Obs: estatais que prestam atividades de serviço público - STF está incluindo em Fazenda Pública.

Estatal é pessoa de direito privado. O Fundo Garantidor não está prestando serviço público, mas garantindo

uma relação contratual com a Administração.