África

8
Jornal Berliner 1 01 de Julho de 2008 Um lugar com enormes diversidades físicas, sócio-econômicas, geo- políticas, sociais e cuturais. O berço da humanidade que abrigou as civiliza- ções mais antigas e intrigantes do mundo. Um continente que está em constante mudança, conquistando seu espaço e seu desenvolvimento a cada dia perante o mundo. Créditos:Divulgação

Upload: angelo-sottovia

Post on 22-Jul-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2011, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

TRANSCRIPT

Page 1: África

Jornal Berliner 101 de Julho de 2008

Um lugar com enormesdiversidades físicas,

sócio-econômicas, geo-políticas, sociais

e cuturais. O berço da humanidade que abrigou as civiliza-

ções mais antigas e intrigantes do mundo.

Um continente que está em constante mudança,

conquistando seu espaço e seu desenvolvimento a

cada dia perante o mundo.

Créditos:Divulgação

Page 2: África

Jornal Berliner2 01 de Julho de 2008

Editorial

..............................................Bruna Faely Mano Tamirys Seno

África: Muitas vezes pode pensar em fome; miséria; conflitos internos; doen-ças, ou seja, um continente atrasado e a margem do res-to do mundo. Em nenhum lugar do planeta a cultura africana é valorizada e o continente sempre foi víti-ma de exploração por parte de países desenvolvidos. Os

artistas mais renomados da África concordam e enfa-tizam que a sua cultura está à sombra das outras.

É mais do que chegado o momento de começarmos a valorizar esse local, que é o símbolo maior da origem da humanidade. Apreciar esse continente que apresenta uma enorme variedade de culturas; paisagens; raças e religiões.

Aguçar nossas percep-

Capitais: Cidade do Cabo (legislativa)Pretória (executivo)Bloemfontein (judiciário)Cidade mais populosa: Johanesburgo Línguas oficiais: InglêsAfricânerNdebeleSeSotho do norteSeSotho do sulSuázi/SuaziXiTsonga/ChiTsonga/ShiTsongaseTswanaVendaXhosaZulu

ções e passar a ver a África por uma nova perspectiva, que não a eurocêntrica, mas sim a nossa própria vertente. Conhecer melhor a nossa origem, cultura e história, que está ligada in-trinsecamente à história da África.

Talvez, ler um pouco so-bre o assunto e procurar entender e apreciar essa cultura, seja um primeiro passo para enchergar a Áfri-

ca como ela é de fato. Um lugar que sempre esteve esquecido, ou melhor, que sempre fizemos questão de ignorar.

Levantamos algumas in-formações da África,tais como: cultura, copa do mundo, desenvolvimento econômico, imigrantes af-ricanos no mundo, religiã, principais influências da África no Brasil e muito mais.

Governo: República Federal Parlamentarista Presidente: Kgalema Motlanthe Vice-presidente: Phumzile Mlambo-Ngcuka Presidente do CNP (Conselho Nacional das Províncias): Mninwa Johannes Mahlangu Palestrante da Assembléia Nacional: Baleka Mbete Chefe de Justiça: Pius LangaMoeda: Rand Independência do Reino Unido União Sul-Africana: 31 de Maio de 1910 Estatuto de Westminster: 11 de Dezembro de 1931 República: 31 de Maio de 1961

Área Total: 1.221.037 km² População estimada de 2008: 47.900.000 hab.Censo 2001: 44.819.778 Densidade: 39 hab./km² PIB (base PPC) Estimativa de 2007: Total US$ 467.95 bilhões Per capita: US$10.600Indicadores sociais IDH (2007): 0,674 (121º) – médio Esperança de vida geral: 49,3 anosHomem: 48,8 anosMulher: 49,7 anos Mortalidade infantil: 59,44/mil nasc.

Índice2 Editorial

3 Novos tempos num grande

continente4 Chega a vez dos emergentes

5 África receberá Copa do Mundo

pela primeira vez6 Pesquisas

revelam novas teorias sobre

a evolução do homem

7 Umbanda completa onze anos no Brasil

8 Os imigrantes africanos no

mundo

Matérias: Danilo Dias GattoBruna Faely ManoTamirys Seno

Fotos: DivulgaçãoAgência EstadoAgência France-PresseSecretária de ImprensaDouglas Paiva94 FM

Diagramação:Tamirys Seno

Page 3: África

Jornal Berliner 301 de Julho de 2008

Novos tempos num grande continentePela primeira vez em décadas, otimismo com crescimento econômico e desenvolvimento

social supera desânimo com guerras e miséria na África..............................................Danilo Dias Gatto

Miséria, genocídio, estu-pros em massa, descaso, meninos-soldados. Todas as tragédias que se transforma-ram em sinônimo de África continuam lá, mas boas notícias vêm surgindo em diferentes cantos do con-tinente. Elas revelam uma nova e pouco conhecida faceta africana, que está ani-mando de ativistas políticos a grandes empresários. De-pois de mergulhar no limbo após a Guerra Fria, o con-tinente começa a atrair in-vestimentos externos - boa parte bancada pela China -, aproveitando a alta nos preços de commodities, como petróleo e minérios, abundantes em muitas na-ções africanas. “O conti-nente africano sempre foi visto como objeto de co-biça do mundo imperialista. O modelo de investimento

dos chineses, entretanto, não visa exatamente o pro-cesso exploratório como no passado. Hoje existe uma parceria entre o Estado e o setor privado na busca de resoluções duradouras, principalmente no pro-cesso democrático que está mudando a face das dita-duras do passado”, explica Sebastião Clementino da Silva, mais conhecido como professor Macalé, formado em Geografia, História e Pedagogia e especialista em História da África.Relatório do Fundo Mon-etário Internacional (FMI) confirma que a África está desfrutando de seu mel-hor período de expansão econômica sustentável desde o fim do período co-lonial, há quatro décadas. O crescimento médio do continente foi de 6,1% em 2007 - maior do que o da América Latina, de 5,2% -,

com previsão de 7% para 2008. Algumas nações africanas estão entre as que mais cresceram no planeta. O drama africano é que o continente tem 53 países e uma distribuição absoluta-mente desigual de recursos naturais e de problemas. “Com o fim da era ditatori-al que existia no continente, os novos governos estão ol-hando para uma nova Áfri-ca no cenário político e isso implica em confronto”, co-mentou o professor Macalé. Na República Democrática do Congo, por exemplo, os mesmos componentes que mantêm o leste do país atolado numa guerra que já deixou 4 milhões de mortos nos últimos 11 anos - ri-validade étnica e interesses divergentes de países vizin-hos - impedem que preocu-pações básicas, como saúde e educação, cheguem à mesa

de discussão do governo. A prioridade ali é limpar o terreno das minas terrestres e encontrar uma fórmula para coibir milícias arma-das de cometer estupros, seqüestrar crianças e obri-gar milhares a fugir de suas casas. “Os atuais conflitos africanos são nacionalistas (de facções políticas e ét-nicas e divisão territorial), grande herança colonialista dos séculos XVIII,XIX e XX. Esses conflitos estão se convertendo em benefí-cio da redemocratização dos países africanos, pois o continente africano está em busca de sua nova identidade perante o novo milênio”, ressalta o professor Macalé, da Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru, interior de São Paulo.

África que vai bemPara entender a África que

está dando certo, o Banco Mundial classificou os paí-ses de acordo com a ativida-de que puxa o crescimento econômico. O primeiro grupo, dos exportadores de petróleo e recursos mine-rais, inclui Angola, Nigéria, Sudão e Chade. As reservas de petróleo do continente representam 7% do volume total do mundo e a produ-ção atual, de 6 milhões de barris ao dia, deve dobrar nas próximas duas décadas. Boa parte da rápida expan-são desses países deve-se às parcerias comerciais com a China, que precisa desespe-radamente desses produtos para sus-tentar seu crescimen-to econô-mico.

O se-gundo gru-po abriga as nações com uma eco-nomia mais d ivers i f i -cada. Vá-rios países encaixam-se nessa ca-tegoria, entre eles Tanzânia, Botsuana, Gana, Burkina Fasso, Quênia e Ilhas Mau-rício. Como não têm gran-des reservas de petróleo nem de minérios, esses pa-íses cresceram por viverem uma situação política mais estável, por promoverem uma melhor gestão econô-mica e se abrirem mais ao capital externo. Segundo o economista-chefe do Ban-co Mundial, John Page, “a África aprendeu a negociar com eficiência com o mun-do, a confiar mais no setor privado e a evitar colapsos no seu crescimento econô-

Crianças africanas em escola no Congo: impulsionado pelo crescimento econômi-co, o continente começa a buscar soluções para seus problemas sociais

Mar

iana

Del

la B

arba

/Agê

ncia

Est

ado

mico, algo que caracterizou os anos 70, 80 e começo dos 90”.

Outra prioridade é resol-ver os problemas alimen-tícios que assolam várias regiões do continente e são responsáveis pela maioria dos 450 milhões de africa-nos que ainda vivem na mi-séria absoluta. “No passa-do houve uma inversão do processo de produção agrí-cola que visava unicamente a exportação de produtos para abastecer o mercado ocidental das nações colo-nizadoras. Hoje descobriu-se que num continente com grande biodiversidade não se pode apenas ficar na de-pendência de exportação de produtos que servem como alimento essencial para a sobrevivência da juventude. Com base nessa nova visão de mundo,o continente está com uma nova política co-mercial, exportando só o que sobra do comércio in-terno e não mais servindo de quintal agrícola”, salien-tou o professor Macalé.

Em meio a tantos pro-blemas que ainda rondam o continente africano, o cientista político quenia-no Firoze Manji resume a esperança de quem conhe-ce a fundo a região. “Meu otimismo é mais social que econômico. Vejo cidadãos se mobilizando por seus di-reitos. Nesse sentido, é um momento extraordinário para a África, algo que eu não via há muito tempo”. O professor bauruense Macalé

complemen-ta esse oti-mismo, afir-mando que “atualmente o continente africano apa-rece como sujeito de sua identidade e não como ob-jeto, ou seja, a África está sendo vista de dentro para fora e isso

significa africanidade”.Por menor e mais banal

que seja, uma prova de que uma grande transformação se opera na África é a rea-lização no continente da primeira Copa do Mundo de futebol, considerada o segundo maior evento des-portivo do planeta. “Só o fato de a Copa do Mundo acontecer no continente já é um grande avanço para abrir as cortinas e mostrar uma nova África para o mundo. Isso é uma vitória política para as diversas na-ções”, enfatizou professor Macalé.

“A África a p r e n d e u a negociar com eficiên-cia com o mundo...”

O PIB de Angola

Os números indicam o PIB embilhões de dólares correntes e em seguida a elevação real durante o ano.

70,916%

61,016%

44,015%

32,821%

19,711%

13,913%11,4

14%8,93%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: Banco Mundial

Page 4: África

Jornal Berliner4 01 de Julho de 2008

Chega a vez dos emergentes

..............................................Danilo Dias Gatto

Há seis séculos as potên-cias européias deram início à colonização do continen-te africano. Agora, chegou a vez da China, a potência emergente do século 21, re-descobrir a África e tirá-la do esquecimento político e econômico a que estava relegada desde o fim da Guerra Fria. Para Sebastião Clementino da Silva (pro-fessor Macalé), especialista em História da África, o continente não está mais sendo deixado de lado pe-las grandes p o t ê n c i a s econômicas m u n d i a i s , p r i n c i p a l -mente pelos países emer-gentes, que vislumbram na África a possibilidade de ampliar suas econo-mias. “Num cenário de efeito estufa existente no mundo, só o cont inente africano apre-senta a maior concentração de biodiversidade do planeta em condições de amenizar a destruição global. Hoje te-mos países como a China e o Brasil investindo no pro-

cesso industrial e na infra-estrutura de diversos países africanos”, comenta.

Com uma estratégia agres-siva de relações diplomáti-cas baseadas em parcerias comerciais, a China encon-trou nos países africanos tudo o que precisa para sus-tentar sua média anual de crescimento econômico de 11,5%: matéria-prima em abundância, indústria local fraca e um mercado inex-plorado para os produtos chineses. O comércio bi-lateral deverá fechar o ano na casa dos US$ 70 bilhões, com um aumento de 30%

em relação ao ano an-terior. Com 800 empre-sas espal-hadas por 49 dos 53 países do continente, os chineses começam a fazer parte da paisagem de muitas cidades afri-canas.

A grande novidade é que os chi-neses estão c h e g a n d o

com investimentos pesados em infra-estrutura – e num volume que muitos países africanos não recebem há mais de quatro décadas, quando ainda eram colônias

de nações européias. Lin-has de crédito abertas por Pequim estão sendo usadas para abrir estradas, con-struir pontes e recuperar ferrovias destruídas pela guerra civil angolana (1975-2002). O Sudão viu sua economia crescer 11,2% este ano, também graças à China, destino de 64% dos barris extraídos do subsolo sudanês. Na Nigéria, além de fornecer crédito e ajuda técnica para a construção de refinarias e hidrelétricas,

o Brasil no mercado angolano

..............................................Danilo Dias Gatto

A teoria organizacional pode primeiramente expli-car a produção dessa no-tícia, pois ela foi redigida com base em apurações de agências noticiosas interna-cionais, agências essas que compõem a rede de captura de acontecimentos jorna-lísticos da empresa IG, que mantém o website noticio-so Último Segundo. A teo-ria da ação política também pode explicar a produção desta notícia, uma vez que ela não aborda em nenhum momento as possíveis boas intenções que o presidente venezuelano Hugo Chá-vez poderia ostentar ao propor a reforma da cons-tituição. Além disso, quan-do a notícia aborda o tema da transparência eleitoral do referendo, esta palavra

(transparência) foi escrita entre aspas, passando a im-pressão aos leitores de que o presidente esquerdista venezuelano irá manipular o pleito em seu favor. Tam-bém a teoria interacionista permite o entendimento da produção da notícia em questão.

Como esta notícia foi retirada de um website no-ticioso, podemos supor consequentemente que ela foi redigida sob pressão do tempo, uma vez que o obje-tivo de veículos de comuni-cação deste tipo é produzir o maior número de notícias no menor espaço de tem-po possível, sendo que esta atitude pode comprometer a qualidade da informação veiculada ou até mesmo enviesá-la. E por fim, po-de-se indicar a teoria cons-trucionista na tentativa de entender a produção desta

notícia.Segundo essa teoria, a

notícia não é exatamente espelho da realidade, mas sim um artefato discursi-vo não-ficcional que faz parte da realidade e ajuda a construir e reconstruir essa mesma realidade. Não há neste caso uma distorção da realidade, mas sim atitu-des políticas de jornalistas relativamente autônomos que procuram orientar e condicionar a produção da notícia.

Segundo a teoria unifica-da, a notícia sofre diversas influências, começando pe-los jornalistas, que selecio-nam a notícia e a produz sob suas perspectivas e orienta-ções. Depois, a notícia seria influenciada pelas rotinas produtivas, como a relação com as fontes, os modos se conseguir a informação, dentre outros. A organiza-

ção e a hierarquia instituída numa empresa jornalística também influenciariam, se-gundo a teoria unificada, a produção de notícias.

O grupo acredita que essa interpretação unficada é satisfatória sim, não so-

mente para a notícia sobre o referendo venezuelano, mas para a maioria das notícias. A interpretação unificada elucida de maneira comple-ta o processo industrial que é a transformação.

Iniciativas bi e multilaterais entre países emergentes e nações africanas estão alterando o mapa econômico mundial, antes dominado por nações ricas

o governo chinês está in-vestindo no setor de tele-comunicações, com o lan-çamento de um satélite para transmissão de sinal de ce-lulares.

O petróleo é, de longe, o principal fator do envol-vimento chinês no conti-nente. Por isso, Angola, Sudão e Nigéria, os maiores produtores da África, são beneficiados. Este ano Angola chegou a ultrapas-sar a Arábia Saudita como o principal fornecedor de

“O petróleo é, de longe, o principal fator do envol-vimento chinês no continente. Por isso, Angola, Sudão e Nigéria, os maiores produ-tores da África, são beneficiados”

petróleo da China. Uma das facetas mais arriscadas dessa relação sino-africana está, segundo especialistas, no tamanho do apetite chinês por petróleo e minérios, que prejudica a diversifica-ção da economia dos países africanos. Além disso, os contratos que os chineses assinam normalmente não os obrigam a transferir tec-nologia.

Em 2006, empresas brasileiras venderam para Angola o equivalente a US$ 836 milhões, 60% a mais do que em 2005

Presidente Lula é recebido pelo chefe de estado angolano, José Eduardo dos San-tos, em visita realizada no ano de 2003; relações comerciais entre os países estão sendo fortalecidas nos últimos anos

Ricardo S

tuckert/Secretaria de Im

prensa

Lula e o presidente de Angola, José Eduardo dos San-tos, no Encontro Empresarial Brasil - Angola

Ricardo S

tuckert/Secretaria de Im

prensa

Page 5: África

Jornal Berliner 501 de Julho de 2008

África receberá Copa do Mundo pela primeira vez

..............................................Danilo Dias Gatto

Em 15 de maio de 2004, numa votação realizada na sede da Fifa, em Zuri-que, na Suíça, a África do Sul derrotou o Marrocos por 14 votos a 10 e foi es-colhida para sediar a Copa do Mundo de Futebol em 2010. Em outubro de 2002, o comitê-executivo da Fifa já anunciava que o Mundial seria na África - o que pra-ticamente garantia o status de sede à África do Sul, o país com melhores condi-ções de receber o evento dentro do continente. “O país terá acesso a exposição midiática, sendo que a pai-sagem e cultura da África do Sul estarão expostas ao mundo, como uma grande vitrine, com oportunidades de crescimento e desenvol-vimento. Enfim, uma Copa Mundial fará com que não só se desenvolva o esporte, mas o país como um todo”, afirma Lucilene Ferreira, professora de pós-gradua-ção e coordenadora da Fa-culdade de Educação Física [Faefi] de Barra Bonita.

Exigências da FifaAs principais exigências

da Fifa para a Copa são os assentos numerados nos estádios e é preciso haver hospitais e estacionamen-tos nas imediações.

Quatro novas praças es-portivas serão erguidas em Durban, Cidade do Cabo, Port Elizabeth e Nelspruit. Lucilene Ferreira acredita que toda essa estrutura pode ser utilizada pela

África do Sul após a Copa do Mundo para o fomento da prática esportiva no país, mas a prioridade deveria ser o investimento no esporte desde os primeiros anos es-colares. “O grande perigo nesse momento é a falta de investimento no esporte, coisa que no Brasil e na África do Sul, infelizmente, é algo muito comum.”, en-fatiza.

A África do Sul também deverá preparar as cidades que abrigarão os jogos du-rante o evento. 32 equipes e suas comitivas se hos-pedarão durante um mês no país e será preciso criar estrutura para a realização de 64 partidas, que serão transmitidas globalmente. O campeonato atrairá ainda

15.000 jornalistas, 15.000 voluntários para tarefas di-versas e 300 funcionários e convidados da Fifa, cuja lis-ta de exigências ao país or-ganizador inclui jatinhos, li-musines e 400 automóveis.

Garantir a segurança nas ruas das cidades que abri-garão os jogos da Copa é uma providência impor-tante que precisa ser plane-jada desde já. O aumento no fluxo de turistas é um po-deroso chamariz para a ban-didagem. A África do Sul, que enfrenta altos índices de criminalidade – quarenta assassinatos por 100.000 habitantes - começou cedo sua preparação para a Copa de 2010. O país aumentou em 600% os gastos com se-gurança e duplicou seu con-

tingente policial.“A Copa do Mundo tran-

scende o aspecto meramente esportivo”, diz o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blat-ter momentos após o anún-cio da sede da Copa de 2010. “É uma oportunidade mag-nífica para combater prob-lemas sociais e promover os valores positivos associados ao futebol”. Na África do Sul, existe a expectativa de que a Copa de 2010 con-tribua para o esforço de integração da maioria ne-gra à economia do país, di-minuindo as diferenças so-ciais herdadas do apartheid. Benefícios para o país-sede

A Copa do Mundo cria na África do Sul a expec-tativa de geração de em-

pregos, de aumento do fluxo turístico, e da revital-ização de áreas urbanas pelo país afora. Analisando-se os dados econômicos envolvi-dos nos últimos Mundiais de futebol, constata-se que os argumentos estão cor-retos. Encerrada a Copa, os cálculos são refeitos (quando o são) e a realidade costuma ser menos cor-de-rosa. Antes do Mundial da Alemanha, falou-se na cria-ção de 100.000 empregos. Um estudo feito depois do evento contabilizou apenas metade desse total. A Coré-ia do Sul esperava 500.000 turistas a mais em 2002. Só apareceram 50% deles.

Para os otimistas, a Copa costuma ser uma oportuni-dade para realizar investi-mentos em infra-estrutura de que há muito os países necessitam. “A Copa do Mundo antecipa investi-mentos que teriam de ser feitos em algum momen-to”, afirma o presidente do Comitê Organizador da África do Sul, Danny Jordaan, no site oficial da Copa de 2010. Organizar uma Copa do Mundo, evi-dentemente, não sai barato. O ex-presidente sul-africa-no, Thabo Mbeki, disse que o Governo injetaria mais de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) para a Copa do Mundo de 2010. Resta saber se esse dinheiro será revertido para o bem da população sul-africana ou apenas servirá para montar o palco em que as grandes empresas patrocinadoras da Fifa exibirão suas logomar-cas.

..............................................Danilo Dias Gatto

Ainda faltam quase dois anos, mas Copa do Mundo não é programa para ser de-cidido de última hora. Ope-radoras de turismo brasilei-ras já começaram a vender pacotes para a competição, que ocorrerá na África do Sul, em 2010. Ou seja, quanto mais cedo a viagem for confirmada, maior a chance de encontrar uma vaga nas arquibancadas para ver a seleção de Dunga.

A previsão do Ministé-rio do Turismo sul-africano é de receber entre 25 mil e 30 mil brasileiros no perí-odo da Copa. Os pacotes são padronizados: incluem hospedagem em quarto du-plo em Durban e na Cidade do Cabo, café, city tours,

guias, seguro, traslados de ônibus do hotel ao estádio e passagens aéreas nos deslo-camentos internos. A quan-tidade de noites varia de acordo com o período es-colhido. Fique atento: não fazem parte desse combo os ingressos para os jogos. O trecho aéreo entre o Brasil (saindo de São Paulo ou do Rio) e a África do Sul tam-bém não está incluído, mas já pode ser reservado, por a partir de US$ 1.415, sem as taxas.

Das seis operadoras bra-sileiras credenciadas pela Fifa para vender os pacotes, cinco divulgaram preços: Agaxtur, Ambiental, Pallas, Marsans e Stella Barros.

A opção mais em con-ta, para a primeira fase da Copa, custa a partir de US$

9.871. São 12 noites, com saída prevista para 6 de ju-nho de 2010. Os ingressos custam entre US$ 80 e US$ 160. Na Ambiental, quem pagar a parte terrestre à vista ou der uma entrada de 20% ganha ingressos para os três primeiros jogos. A Marsans tem promoção semelhante: quem se dispuser a quitar um sinal mínimo de 20% até 30 de novembro tam-bém recebe as entradas para os três primeiros jogos.

O pacote para a segunda fase, com 18 noites e saída prevista para 23 de junho, custa a partir de US$ 12.373. O preço da entrada varia en-tre US$ 100 e US$ 900. Para o período entre as quartas-de-final e a final (saída em 29 de junho), são 12 noites por a partir de US$ 10.987

e ingressos entre US$ 150 e US$ 900. Há, ainda, a opção Copa completa: 32 noites, de 9 de junho em diante,

80 anos após a primeira edição do segundo maior evento esportivo mundial ser organizado no Uruguai, um país africano será sede da competição

Ex-presidente sul-africano Nelson Mandela se encanta ao segurar Taça da Fifa no dia em que seu país foi anunciado sede da Copa do Mundo de 2010

Para garantir lugar na torcidaOs pacotes da Copa de 2010 já começaram a ser vendidos

no Rio e em SP. É bom começar a juntar dinheiro

por US$ 20.545. Na Am-biental, o pacote também inclui ingressos para os três primeiros jogos.

África do Sul apresenta sua mascote A mascote oficial da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, é um leopardo de cabelos verdes chamado Zakumi. Com desenho 100% sul- africano, Zakumi representa, segundo os organizadores do Mundial, “a essência” da pri- meira Copa da história organi- zada no continente africano. O leopardo é um dos animais selva- gens que compõem a riqueza das reser- vas naturais do país, e a cor de sua cabeleira lembra a de um campo de futebol, explicaram os organizadores. O nome tem o “ZA”, abreviação para África

do Sul ema africâner e código do país em endereços da Web, e o “KUMI”, que significa dez em vários idi-omas africanos. A tradição das mascotes foi introduzi-da na Copa de 1966,na Inglaterra, com o leão Willie.

Agence France-P

resse

Page 6: África

Jornal Berliner6 01 de Julho de 2008

A evolução do homem e sua dependência pela tecnologia se tornando cada vez mais forte

Pesquisas revelam nova teoria sobre a evolução do homem

..............................................Bruna Faely Mano

Em 2007, foram encon-trados fósseis de ancestrais humanos, no Quênia, que estão colocando em xeque a teoria sobre a origem do homem. Os fósseis foram descobertos na região do Vale de Turkana, e perten-cem à espécie Homo habilis e à espécie Homo erectus. A descoberta indica que o ha-bilis e o erectus podem ter coexistido durante um perí-odo de 500 mil anos nessa região, o que contradiz a te-oria de que o Homo habilis teria evoluído para o Homo erectus, ao invés das es-pécies terem coexistido.O p r o f e s s o r de história e m e s t r a n d o em arqueo-logia Fábio Grossi res-salta que a evolução do homem é um assunto polê-mico. Gros-si salienta que a todo

o momento arqueólogos descobrem novos vestígios fósseis que orientam no-vas pesquisas a respeito da evolução da espécie. O pro-fessor enfatiza que um dos pontos mais importantes na história da evolução huma-na é a transição do macaco para homem, mas alerta que é errado dizer que o homem “veio” do macaco, ambos apenas têm um ancestral em comum. “No final do sécu-lo XIX, começa uma inten-sa busca pelo “elo perdido”, que seria justamente esse ancestral em comum entre homens e macacos”, reforça o professor.

a alimentação e a evolução

..............................................Bruna Faely Mano

A caça e a coleta foram os primeiros modos de subsis-tência do homem. Os pri-meiros grupos caçadores-coletores eram nômades e formados por poucos inte-grantes. Os primeiros hominídeos que se alimentavam de car-ne eram carniceiros, já que se aproveitavam dos restos da caça de grandes animais.

Ao contrário do que se pen-sa, no princípio o homem não era um grande caçador. “Já foram encontrados os-sos de hominídeos perto de ossos de tigres. Os pes-quisadores achavam que os homens caçavam os tigres, mas descobriram que, na verdade, a presa era o ho-mem”, salienta Grossi.Quando o homem chegava até a carniça para se alimen-tar, havia muito pouca carne,

já que outros animais tam-bém se alimentavam dessas sobras. Com o aparato de algumas ferramentas, os hominídeos quebravam os ossos do animal e comiam o tutano, que é um composto que preenche a cavidade in-terna do osso. Essa dieta à base de tutano foi decisiva para a evolução da espécie e para o desenvolvimento do cérebro, já que o tutano é rico em proteínas.

Em 1974, o paleoantro-pólogo Donald Johanson descobriu, na Etiópia, um esqueleto fossilizado quase completo e bastante con-servado. Johanson batizou o esqueleto com o nome de “Lucy”. Esse fóssil é o mais famoso exemplar do Australopithecus afarensis, que se acredita ser o ante-passado comum de todos os hominídeos. “A descoberta da ‘Lucy’ foi muito impor-tante para as pesquisas ar-queológicas, principalmen-te devido à integridade e conservação do esqueleto”, disse Grossi.

Um ano depois da desco-

berta de “Lucy” na África, foi encontrado no Brasil um fóssil de mais de 11 mil anos que foi chamado de “Luzia” em homenagem ao Australopithecus encontra-do por Johanson.

Até então, pensava-se que o homem existia no continente americano há apenas 11 ou 12 mil anos, vindo da Ásia sobre o mar congelado do estreito de Bering, entre Sibéria e Alas-ca. As mais antigas evidên-cias da presença humana no continente seriam os sítios “Clóvis”, nos Estados Unidos. Mas essa teoria foi contestada quando a antro-

póloga Niéde Guidon des-cobriu vestígios da presença do primeiro homem ameri-cano no Piauí, datados com até 57 mil anos. A partir dessa descoberta, Guidon estimulou outros pesquisa-dores, e foram achados ou-tros sítios arqueológicos de datações muito antigas. No sítio Santa Elina no mato Grosso, foram encontrados vestígios de uma civilização com datação de 27 mil anos, sendo, portanto, o segundo sítio arqueológico mais an-tigo do Brasil, só perdendo para o sítio do Piauí. Muitos pesquisadores americanos ainda não aceitam as des-

cobertas ar-queológicas brasileiras e contestam as datações. “Há uma grande jo-gada políti-ca em dizer que o ho-mem mais antigo do continente é norte-ame-ricano”, re-força Fábio Grossi.

O PolegarO movimento de “pinça” que os hominídeos conseguem fazer com o polegar e o dedo indicador é outra característica dos hominídeos. Mas com o advento das novas tecnologias, o mo-vimento de “pinça” está sendo menos utilizado. “Há pesquisas na Europa que comprovam que o movimento de “pinça” está sendo menos utilizado devido ao uso excessivo do computa-dor. Os pesquisadores europeus fizeram um teste, no qual pe-diam para algumas pessoas pegarem um clipe de papel sobre a mesa. O resultado foi que as pessoas ao invés de pegarem o objeto com movimento de “pinça”, simplesmente arrastavam o objeto”, salienta o professor Grossi.

O homem de NeanderthalEm 2008, a Academia Nacional de Ciências dos EUA publicou estudos que concluem que os comportamentos do Neanderthal e do Homo sapiens eram parecidos. O estudo demonstra que utensílios de pedra criados pelo Homo sapiens não eram mais eficientes do que os usados pelo Homo neanderthalensis. Os cientistas conclu-iram que o Homo sapiens não era mais inteligente que o Neanderthal.O mestrando em arqueologia Fábio Grossi salienta que os primeiros sinais de cultura da historia da humanidade foram obtidos a partir dos Neanderthais. “Foram acha-dos fosseis de Neanderthais sepultados com braceletes de marfim. Isso demonstra que havia um ritual para o sepultamento, o que comprova que os Neanderthais já tinham uma cultura e uma noção de tran-scendência”, conclui.

O BipedismoO bipedismo é uma das principais car-acterísticas dos primeiros hominídeos. Mas o mestrando em arqueologia Fábio Grossi lembra que o bipedismo ainda não é perfeito. “A anatomia do nosso pé ainda não está completamente adaptada. Nós não conseguimos alcançar uma velocidade muito alta, por exemplo”, relata Grossi.

Page 7: África

Jornal Berliner 701 de Julho de 2008

Umbanda completa 100 anos no Brasil

..............................................Bruna Faely Mano

Em novembro de 2008, a Umbanda completa cem anos no Brasil. A religião foi anunciada no dia 15 de novembro de 1908 pelo mé-dium Zélio Fernandino de Moraes, que incorporado pelo espírito do “Caboclo das 7 Encruzilhadas” reve-lou essa nova religião como uma forma de contato com os espíritos.

A Umbanda é o resulta-do de uma fusão entre o ca-tolicismo branco, a tradição dos orixás de vertente ne-gra, e rituais de referência indígena. Esse sincretismo surge na época da coloni-zação devido à convivência entre negros, índios e os brancos europeus.

Estimasse que foram tra-zidos para o Brasil mais de 3 milhões de africanos para fins escravistas na época da colonização. Esses afri-canos eram submetidos a uma rotina de maus tratos e torturas, além disso, os escravos eram proibidos de praticar qualquer tipo de rito tradicional africano. O catolicismo era a religião preponderante e os senho-res de engenho marginaliza-vam as religiões de origem africana. Para escapar dos castigos e perseguições dos seus senhores, os escravos passaram a associar suas di-vindades com os santos ca-

tólicos para exercerem sua fé de maneira camuflada. “As tradições do Candom-blé, os rituais indígenas e as crenças católicas contribuí-ram juntas para compor os rituais da Umbanda. Assim, foi se formando um imen-so caldeirão de ritos dentro de nossa religião”, relata o Pai-de-Santo Luiz Carlos Pereira .

Mesmo depois de 100 anos de sua existência, a Umbanda e outras religiões de origem africana ainda são alvo de críticas e de grande preconceito. “Há precon-ceito, pois nessas religiões há invocação de espíritos. Entretanto, é preciso lem-brar que o próprio catolicis-mo também faz invocações, exemplo disso é o exorcis-mo”, relata o historiador Fábio Grossi. Segundo o Pai-de-Santo Luiz Carlos, o preconceito é fruto da falta de conhecimento sobre a religião. E complementa di-zendo que a Umbanda não exige que seus seguidores sigam exclusivamente a ver-tente Umbandista. “É pos-sível freqüentar os terreiros e as missas católicas com o mesmo empenho, pois somos livres para exercer nossa fé como desejarmos”, enfatiza o Pai-de-Santo. Ele conclui dizendo que não há tradições tão distintas que não possam ser cultuadas juntas em nome de um bem maior.

lei que obriga o ensino da cultura afro-brasileira é ignorada

pelas escolas

A correspondência de Santos Católicos com os Orixás

africanos

Exu: diabo cristão (São Pedro na cidade de Porto alegre - RS)Ogum: São Jorge Oxossi: São Jorge (Santo Antônio). Em Pernambuco é Arcanjo MiguelXangô: São Jerônimo (São João)Iansã: Santa BárbaraOxum: Nossa Senhora da Conceição, Nos-sa Senhora das DoresObá: Joana D’arc (Santa Catarina)Logum: anjo GabrielNanã: Santa AnaIbeji: São Cosme e São Damião (São Crispim e São Cipriano)Obaluaê: São LázaroOssaim: São Francisco de AssisOxumaré: São BartolomeuEwá: Santa Marta (Santa Ágata)Iemanjá: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das CandeiasOxalá: Nosso Senhor do Bonfim, Espírito Santo, Jesus Cristo.

Fonte: coluna de Monica Buonfiglio em www.terra.com.br

Escritores africanos dizem que em nenhum lugar do mundo a cultura africana é valorizada

..............................................Bruna Faely Mano

A lei que obriga escolas públicas e particulares a en-sinarem história e cultura afro-brasileira não saiu do papel. Já foram gastos mais de R$ 10 milhões, e apenas poucos colégios têm a disci-plina inserida na grade curricular.

Para o professor de história Fábio Grossi, a inserção da disci-plina na grade curricu-lar é extremamente importante. “Nós aprendemos história do ponto de vista eu-ropeu. Por isso não possuímos uma iden-tidade nacional, já que nem ao menos conhecemos nossa própria história”, res-salta o professor.

Os escritores Mia Couto e Paulina Chiziane esiveram no Brasil recentemente para participar da quarta edição da Festa Literária de Porto de Galinhas (Fliporto), que este ano doi dedicada à cul-

tura africana. Mia Couto enfatizou que a cultura af-ricana não é valorizada, e que há uma hierarquia eu-rocêntrica que coloca os es-critores africanos à margem da literatura global. Paulina, que é uma das melhores es-critoras do continente e a primeira mulher a publicar

um romance em Moçam-bique, complementa di-zendo que o preconceito coloca a Africa à sombra do mundo.

O professor de história Fábio Grossi enfatiza que

é preciso dar cada vez mais destaque para o continen-te. O escritor Jean-Marie Gustave Le Clézio, que ganhou o Nobel de litera-tura 2008, passou grande parte de sua infância na África, e ressalta que o con-tinente representa um lugar com muita riqueza cultural.

Lê Clézio disse que num futuro próximo dedicará obras ao continente que lhe proporciona grande fascinação. O profes-sor Grossi conclui que a curto prazo a África só irá ganhar visibili-dade com o auxílio da mídia. Ele enfatiza que o processo de recon-hecimento da cultura africana pelo resto do mundo é lento. “O caminho mais eficaz para se chegar ao re-

conhecimento da cultura af-ricana é a educação. Mostrar para as pessoas que nossa história está estritamente ligada com a histórica da África.” conclui.

“...não possuímos uma identidade nacional, já que nem ao menos conhecemos nossa própria história.”

Crianças da periferia aprendem a tocar berimbau em projetos sociais

Dou

glas

Pai

va

Page 8: África

Jornal Berliner8 01 de Julho de 2008

a dificuldade do imigrante africano na Europa

angolanos fazem intercâmbio na Unesp

..............................................Tamirys Seno

Hoje, a Europa é o prin-cipal destino dos imigrantes do mundo, isso acontece por conta de sua positiva imagem de prosperidade e de liberdade pública. A grande maioria dos imi-grantes vai para a Europa em busca dessa prosperida-de, e acabam ocupando os empregos de obras públicas, construção, nos serviços a pessoas e hospitais, etc.

Os imigrantes contri-buem para o dinamismo demográfico do continente europeu e oferecem uma solução aos problemas de-mográficos e financeiros da União Européia.

Um grande problema en-frentado pelos imigrantes é a falta de afinidade cultural, linguistica e religiosa com os países que os acolhem. Quanto maiores as dife-renças culturais e religiosas, mais difícil é a integração no novo país. Em qualquer caso, havendo vontade po-lítica, a integração pode ser facilitada através de pro-gramas sociais e educativos adequados (educação mul-ticultural).

No entanto, quando as culturas são muito distin-tas, ocorre com frequên-cia grandes problemas de desenraizamento cultural,

ou seja, o imigrante não se identifica com nenhuma das culturas, nem a do seu país de origem, nem com a do país de acolhimento. Este é um problema cons-tantemente enfrentado pe-las comunidades africanas na Europa.

Matthew Burgoyne é imigrante sul-africano e vive há 5 anos em Londres, na Inglaterra. Atualmente ele possui o passaporte eu-ropeu – pois seu pai é nas-cido no Reno Unido – que permite que ele permaceça no país por tempo indeter-midado e que possa utilizar os serviços públicos do go-verno.

Segundo Matthew, ele deixou sua cidade, Porth Shepstone, localizada na costa sul da África do Sul, porque era uma cidade mui-to pequena e muito difícil de encontrar trabalho com boa remuneração.

De acordo com ele, as oportunidades na Europa são muito melhores: “Eu trabalho como soldador es-pecializado em construções civis, e aqui em Londres eu tenho a possibilidade de ter treinamentos e fazer cursos extras para a minha área, para me desenvolver profis-sionalmente, já na África do Sul não temos essas oportu-nidades”, ressalta.

Sobre o preconceito,

Matthew diz que não teve problemas: “Ser um imi-grante sul-africano na In-glaterra não é tão difícil, pois meu país teve coloni-zação britânica e minha pri-meira língua é o inglês, por isso eu não tive que enfren-tar a barreira da linguagem. Mas vejo imigrantes sofre-rem preconceito o tempo todo, o principal motivo é por não saber falar o inglês corretamente.” A Europa oferece trabalho bem re-munerado aos imigrantes, que chegam ao continente muito entusiasmados com as prósperas oportunida-des. Matthew conseguiu

arrumar emprego logo no segundo dia que estava em Londres: “Foi muito facil encontrar trabalho, mas isto foi à cinco anos atrás. Hoje acredito que seja um pouco mas dificil devido

ao grande numero de imigrantes chegando a cada dia no país. Mas ainda assim as oportunidades aqui sao muito melhores do que na África do Sul, especialmen-te na minha area, a remu-neracao é muito melhor”, explica.

O desenvolvimento eco-nômico na África do Sul vem melhorando muito nos últimos anos, e estima-se

que melhore mais ainda, graças à chegada da Copa do Mundo, em 2010. Mat-thew acredita que no fu-turo, seu país tenha mais investimento em educação e moradia, problemas fun-damentais na África do Sul, segundo ele. “Precisamos de pessoas especializadas, precisamos de mais hospi-tais, escolas, moradias, pois o governo não investe nada nessas áreas. Mas apesar de todos os problemas sociais e econômicos, a África do Sul é um país muito boni-to e acredito que tenha um bom futuro reservado para os próximos anos”, afima.

Africanos vão para a Europa em busca de emprego e sofrem com as barreiras culturais dos países europeus

..............................................Tamirys Seno

A Unesp possui convê-nios com diversas universi-dades estrangeiras para de-senvolvimento de projetos de pesquisa e intercâmbio de alunos e docentes, na graduação e na pós-gradu-ação.

O campus de Bauru possui 3 angolanos inter-câmbistas: Mondlane Nas-cimento da Silva Joaquim (Mondy), Rosevelth Hélcio da Ressureição e Melo (Ro-binho), Quintino Augusto de Có Seabra (Qsac), todos cursando Arquitetura e Ur-banismo na FAAC (Facul-dade de Arquitetura, Artes e Comunicação).

Mondy, Robinho e Qsac,

como gostam de ser cha-mados, se adaptaram muito bem no novo país e sempre participam dos eventos da faculdade. Os alunos já vi-sitaram várias cidades do litoral, como Santos, São Vicente, Praia Grande e Pe-ruíbe. Além disso, já parti-ciparam de programas da rádio 94FM e Rádio Auri Verde.

Os alunos angolanos fo-ram recebidos pela Unesp de Bauru em 2005 e per-mencerão no Brasil por um período de 5 anos. Após o término dos respecti-vos cursos de graduação, os mesmos retornarão ao país de origem para coloca-rem em prática tudo o que aprenderam em nosso país.

Campus de Bauru proporciona intercâmbio com africanos durante

5 anos

Imigrante africano trabalha como faxineiro em lanchonete de Portugal

Divulgação

Mondlane e Quintino, intercâmbistas angolanos na Unesp visitam rádio em Bauru

Rád

io 9

4FM