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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO IX N° 03- ESPECIAL_26_JUNHO_ 2016

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO IX N° 03- ESPECIAL_26_JUNHO_ 2016

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Boletim Informativo da AFAGO página 2

EditorialEu tenho a honra de ser mais um dos filhos deDona Isaltina.Antes que o leitor me pergunte:- Zé, o que é honra?Respondo.- Entendo por honra ser pequeno e merecer aglória de ser acolhido por uma grande alma.Assim é para mim a pessoa de Dona Isaltina.Ter a glória de ser acolhido como irmão de JoséAntônio, João, Jaime, Gil, Rita, Raul, Romeu,Aprígio, Osmar e Maria das Dores, e tambémde Gilu. Contar com o mesmo apreço de Jasoné ser honrado por pessoas generosas.Entendo que ninguém pode se sentir honradose não for menor do que a pessoa que o acolhee lhe confere valor em um plano maior. Deacordo como compreendo o emprego da palavraHonra, somente alguém maior de que nós podenos conferir honra, o que não é outra coisa quenos situar no mesmo plano.A pessoa honrada adquire valores com os quaisnão contava até então.É na qualidade de honrado que dedico aspáginas desta edição especial do Boletim daAfago à pessoa de Dona Isaltina Tameirão deOliveira, cujo centenário de nascimento nóscelebramos no dia 26 de junho deste ano de2016.Quero destacar nesta edição o que julgo merecerfixar na memória de todos os filhos e amigos deGouveia. Sei que todos os parentes saberãoguardar para sempre, para eterna lembrança, asmensagens contidas nestas páginas. Mas, esperomais; espero que todas as crianças, jovens, pais,avós, tios, bisavós, guardem para sempre asreflexões aqui registradas. Enfim, se nossaGouveia foi capaz de gerar uma pessoa cujahistória nos honra, certamente, inúmeras outraspessoas podem alcançar o plano de honrar asoutras.Saber honrar é um dom. É algo de que não nosdamos conta. Honrar não quer dizer que nos

colocamos em plano superior. Muito, pelocontrário. É saber nos colocar no plano de quemnos chega e que entendemos merecer estarconosco. Honrar é compadecer-se.A palavra chave irmã da Honra é Compaixão.Se todos nós soubermos nos compadecer unsdos outros, saberemos honrar todas as pessoasque comparecem em nossa caminhada pela vida.O maior exemplo de compaixão foi NossoSenhor Jesus Cristo. O que fez ele? Tornou-sehomem e honrou nossa humanidade tornando-se humano. A partir desse momento, todos nósnos tornamos divinos. Compreender-noselevados ao plano de divindade é o maiormistério para nossa vida. Somos divinos. Somoslivres para respeitar essa honra ou rejeitá-la, maso convite foi feito.É por isso que louvo a descoberta de Isaltinade se tornar divina. Eu a chamei de DivinaIsaltina. Viver a honra de sermos divinos éauscultar diuturnamente nossa elevação a umplano muito superior.Lembro aqui, uma das mensagens que secalou em mim.Isaltina tinha sempre presente em suas oraçõesa “Alma de Tito”. Mas, enfim, quem foi Titopara merecer honras nas orações dessa divinamãe? Tito viveu em Gouveia e foi acometido delepra lá pelos anos de 1920. Naquele tempo, alepra era uma moléstia estigmatizante. A cafuaem que se recolheu e padeceu se localizava noque era continuidade da rua do Cruzeiro e queatualmente se chama Rua dos Miranda. Comonão poderia deixar de ser, viveu abandonado eassim veio a falecer. A cafua e o terreno em queagonizou durante anos, após sua morte, jamaisfoi objeto de qualquer construção, para lembrara toda a cidade: aqui morou um leproso. Apenasneste século, alguém se apropriou do terreno econstruiu uma moradia no local.Pois bem, foi a Tito, o leproso, que Isaltinasempre honrou em suas orações. Isto é que écompaixão. É dele que se lembrava emmomentos de atribulação.

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

SAUDADE CENTENÁRIAGil Martins de Oliveira

Há nove anos, partia para junto de Deus a pessoa, para mim, mais querida e famosa deste mundo, minha mãe, IsaltinaTameirão de Oliveira. Mulher de fibra, com saúde limitada, respirando com pouca capacidade pulmonar, em grande partede sua vida, além da bronquite asmática que a perseguia sempre, conseguiu criar dez filhos dos onze que teve, já queCarlos Augusto faleceu com pouco mais de um ano. Em Gouveia, a nossa família, com 14 pessoas ao todo, era sustentadapelo trabalho intenso do lapidário de diamantes, Jason Martins de Oliveira, nosso empenhado e provedor pai, a quemnossos irmãos mais velhos, José Antônio e João, ainda adolescentes, se associaram para aumentar os recursos na sustentaçãode tantas bocas. Impossível falar de mamãe sem mencionar Gerolisa Barbosa da Silva, Gilu, para nós. Criatura que entroupara nossa família quando tinha apenas nove anos. Junto com mamãe, criou e educou todos nós. Era uma educadora nata.Sabia chamar a gente num canto e conversar como uma orientadora educacional. E tinha só o primário. Gilu foi umapessoa que veio a este mundo somente para servir. E como serviu! Mas ela também terá sua vez da nossa homenagem egratidão. Dona Isaltina deixou Gouveia um pouco machucada por sofrimentos edissabores que não cabem aqui comentar. Uma vez em Contagem, não quis maisretornar à terra onde foi guerreira vitoriosa, ainda que em meio a tantas dificuldades.Mas foi em Contagem, cidade que nos deu oportunidade para trabalhar, que mamãe,aos poucos, foi mostrando outras facetas interessantes da sua personalidade. Mãeconselheira. Orientava a todos nós para, logo que possível, adquirir um lote e construirum barraco. Mãe enérgica. Ainda em Gouveia, sempre que necessário, aplicava apedagogia da vara de marmelo para cobrar honestidade nas atitudes dos filhos. Eu,particularmente, fui aluno assíduo dessas lições. Como apanhei! Mulher de fé.Empenhou-se, junto com a comunidade, na conquista do terreno para a construçãoda igreja do Bairro JK. E, quando crianças, em Gouveia, não abria mão da nossafrequência ao catecismo de dona Flora. Mulher cidadã. Uniu-se à população dobairro, saindo às ruas, na luta contra a poluição da fábrica de Cimento Itau, cujaschaminés – hoje enfeites de shopping - despejavam toneladas de pó sobre a população local, causando inúmeros eenormes problemas de saúde, inclusive dela, que sofria tanto pela asma e dificuldade de respirar. Mas, finalmente, veio avitória com o fechamento da fábrica. Mulher acolhedora. Nossa casa sempre foi muito procurada por conterrâneos,

parentes ou não, que, às vezes vinham em buscade emprego ou para exames médicos ou atémesmo para passar uns dias. Todo mundo erasempre bem recebido, embora, algumas vezes asituação financeira não o permitisse. Mulheratenciosa. Lembrava-se de todos os aniversáriosde familiares ou amigos: “já ligou para fulano? Hojeé aniversário dele”. Visitava quem estivesse doenteno bairro. Era intensamente carinhosa com osnetos e bisnetos. Queria bem a todas as noras egenros, mantendo sempre a discrição e o cuidadopara não ferir ninguém com palavras ou atitudes.As pessoas que cuidavam da limpeza da rua,sempre que chegavam próximo à nossa casa,ganhavam um cafezinho com quitanda. Acolhia ospadres da paróquia como se fossem filhos. Comtantos predicados, dona Isaltina acabou sendo

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Boletim Informativo da AFAGO página 4

Mãos limpas e coraçãopuro

ArcenaNão encontrei outro título para o artigo. Me deem espaço,senhores, por favor!. Prioridade para os meus 89 anos.Escolhi esse título para meu artigo pois é, e vamos retratá-la com meu olhar de sobrinha e que tanto a amava.Minha saudosa tia, santinha por onde estiver, intercedendopor nós.Jamais deixaria de falar sobre essa pessoa tão especial.Especial como mãe, esposa, tia, avó e sogra.Mulher preciosa, carinhosa, piedosa e tantos outros valores.Tenho lembranças de tia em Gouveia, preparando o cafezinhoe colocando-o em uma garrafa de vidro (naquela épocanão existia garrafa térmica). E, prestimosa como era,esquentava-o tantas vezes quanto necessário para as visitas.Em Belo Horizonte, quanta luta e dificuldades ela passou,mas venceu.Em minhas idas a Belo Horizonte, me lembro de alguémchamada “Isaltina, Gilu” e eu dizia: “Tia, tem alguémchamando”. Ela sorria e dizia: “É a Cocota. Não temninguém, Arcena, é a Cocota!”Ah! Que doces lembranças!Também me lembro que a porta de sua casa estava sempreaberta pois tinha amizade com todos. Sempre preocupadacom todos, fosse de casa ou, até mesmo, com um varredorde rua.E, diante de tantas lembranças, como não ter gratidão paracom ela que amou todos os meus filhos como se delafossem?E quantas vezes ela e Gilu ficaram esperando Jason voltarde “sua cervejinha” com Conrado?

E o carinho dela para com Gil Neves, marido de minhafalecida irmã, Sinhá!Minha tia foi tão agraciada por Deus que completaria “100anos” no ano da Misericórdia.Ernesto, meu filho e afilhado dela, até hoje beija a foto dela.Em minhas lembranças vejo a casa dela sempre cheia, denetos, filhos, noras, genros, amigos, comadres, enfim erauma casa cheia, cheia de amor.E os biscoitos de polvilho, e os cuidados para com Efigênio?E como ele todos gostavam do “molhinho de cebola” quesó ela sabia fazer.E quando esteve aqui em São Bernardo do Campo fazendosurpresa com Soraia e Claudinho. E como gritei de alegriae emoção.Também tive que conter a “sobrinhada” tamanho alvoroçofaziam.Geralda acarinhou tanto tia ao lhe dar sorvete que ela dizia“deu calor”.Deixou saudades quanto retornou a BH. E hoje a saudadeé eterna; meu amor, também.Só tenho que agradecer a Deus por me ter presenteadohoje em poder escrever sobre ela e tão perto dos meus 89anos.Estou feliz em homenageá-la.E obrigada tia amada pela doce presença em meu coração.Amor de sua sobrinha Arcena.De coração, agradeço o carinho, amor, dedicação commeus filhos, Preta, Cláudio, Conrado, e outros mais que asenhora acolheu.

Comentário

Arcena se lembra da Cocota, o que me faz lembrar deElgita.Há também uma cena inesquecível.

homenageada como cidadã exemplar pela CâmaraMunicipal de Contagem. Neste 26 de junho, estariacompletando 100 anos. Celebremos, então, O DIA DASAUDADE CENTENÁRIA de Isaltina Tameirão deOliveira, esposa, mãe, ser humano exemplar e modelo devida cristã para todos nós que aprendemos a admirá-la eamá-la profundamente. Gil Martins de Oliveira – Junho de2016.

Mensagem de José Antônio• Todos os dias, vindo da Belgo Mineira, próxima aoJK, marmita debaixo do braço, passava na casa de mamãe.

Depois de aposentado, trabalhando com taxi, continueifazendo minha visita diária às duas. Quase sempre ela eGilu estavam assentadas no banquinho do jardim ou noquarto rezando ou na cozinha conversando. Nunca deixavaa gente sair sem comer alguma coisa, um biscoito, umalaranja, qualquer coisa. Ai de quem não aceitasse. As duaseram tão unidas e sintonizadas que quando uma adoecia, aoutra perrengava também. E então, em março de 2007,mamãe nos deixou. E não é que menos de um ano depois,em janeiro de 2008, nossa querida Gilu foi para a companhiadela! Com certeza, agora, as duas devem estar sentadasnum banquinho lá no céu, rezando por nós todos. “Saudadeé o amor que fica”! José Antônio (Dé).

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Após a morte de Jason, apareceu à porta da casa daRua I 141, que já se chamava Wenceslau Braz, umcachorro. Esse sábio animal, permanecia vigilante noalpendre, merecia todo o carinho da casa e retribuíacom seu saber de guarda. Após a despedida de Isaltina,o vigilante cachorrinho deu por encerrada sua missão.Interpretem como quiserem!

Mensagem de Nelma

Tia Isaltina,Falar de tia é falar de amor, doçura, carinho.Em minha lembranças está o seu rosto, marcado por tantasexperiências vividas e sempre com aquele amor intenso,verdadeiro.Quem a conheceu sabe o exemplo de ser humano que foi.Sou privilegiada por tê-la em meu coração. Quantas vezesolho para mãe e vejo tia. Muito parecidas e queridas.Tia querida, a senhora estará sempre em meu coração.Obriga pelo imenso amor que nos Deus. A senhora foi umanjo bom que passou por nós. 100 anos estariacompletando, se aqui estivesse.O céu com certeza está em festa!Obrigada por ser tão especial em meu coração, em nossoscorações.Amor, Nelma A. Almeida

Mensagem de Romeu, Aparecida

Eu quero, em poucas palavras, prestar a minha homenagemà minha querida mãe, D.Izaltina, que nos deixou no ano de2007. A sua partida nos deixou um vazio enorme, não sópara nossa família ,mas como também para os amigos eamigas. Minha mãe, pessoa simples, porém portadora demuita sabedoria, sabia ouvir as pessoas que a procuravam

buscando um conselho ou palavras de conforto. Minha mãefoi um exemplo de honestidade por onde ela passou, sendoenérgica e disciplinadora para conosco (seus filhos). MÃE,AO SE COMPLETAREM OS CEM ANOS DE SEUNASCIMENTO, RECEBA A NOSSA HOMENAGEM,COM MUITA SAUDADE! Romeu, Aparecida, Valéria(quejá se encontra junto da senhora) Robledo e Rômulo.

Mensagem de Maria do Carmo Moreira eOliveira

Alma simples e pura, coração nobre e generoso capaz deamar e perdoar tantas vezes quanto necessário fosse. Oseu espírito de religiosidade sempre fiel e constante a tornavacomo Maria, guardava tudo no silêncio de seu coração.Com extremo cuidado e discrição, assim lidava com todose com assuntos delicados de sua numerosa família,mantendo-a sempre unida e solidária na convivência diária.Maria do Carmo Moreira de Oliveira.

Do Rodolfo.

“Vó, até hoje a senhora me transmite paz! Sinto saudades.”

Comentários

Eu nunca presenciei festas promovidas pelos filhos deDona Isaltina, em que Gilu não fosse tambémhomenageada. Gilu era a irmãe segundo a bela criaçãode Gil. Cada um deles atribui uma data em que Giluassumiu este posto; contudo confio na memória deIsaltina. Foi com a idade de 9 anos que a menina GerolisaBarbosa tornou-se filha e mãe.Para contrariar todas as estatísticas que determinamlugares para não parentes residentes em domicíliosparticulares permanentes de acordo com categoriasinventadas pelo IBGE, afirmo que Gilu não se enquadrana condição de “hóspede residente”, nem de “criada”e muito menos de “empregada doméstica residente”.Essas categorias de análise foram inventadas emmomento em que as famílias eram apenas constituídassegundo o grau de parentesco. “Criadas”, ou“agregados” segundo os dados estatísticos do séculoXIX; “hóspedes domiciliares” para demarcar momentosde transição da organização familiar, especialmente apartir dos anos 70 do século passado. Gilu não foi nadadisso. Foi membro da família com toda a liberdade de ire vir e com todas as obrigações de um membro dafamília. Daí o apreço que os irmifilhos lhe dedicaram.

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Gil, na oportunidade dos festejos dos 80 anos deDona Isaltina, criou mais uma imagem apropria-da para essa dupla: “Como não há Tonico, semTinoco,contemplem a dupla: Isaltina – Gilu.”Esta é a imagem feliz. Tão feliz que tão logoIsaltina voou para a Casa do Pai, houve apenasum pequeno lapso de tempo para os irmifilhoscelebrarem os oitenta anos da irmãe Gilu.Obrigo-me a fixar alguns traços da história deGilu. Em Gouveia, era companheira de Tia Chicana coordenação do percurso da imagem de Nos-sa Senhora Visitadora. Era uma festa acompa-nhar as duas conversando e disputando saber-quase em rusgas. Chica era sempre lembrada porGilu.Ela me recomendava sempre pedir a Tia Chicapreparar para ela um prato de “biscoitoquebrador” feito à moda antiga. Eis a receita:

em primeiro lugar, raspar um pedaço de rapadu-ra e jogar o conteúdo no pilão; acrescentar tor-resmo de toucinho, juntamente com goma demandioca. Socar tudo isto com mão de pilão. Em

seguida, retirar emisturar algunsovos de galinhasolta no quintal euma pequena dosede queijo ralado.Enrolar e levar aoforno.O quebrador [ que-bra-quebra] de TiaChica fazia Gilureviver Gouveia,tudo de uma vez.Era pura festaquando euretornava deGouveia e levava aencomenda.Em minha casa emGouveia, a residên-cia de DonaIsaltina era refe-rência necessária,depois que a famí-lia de Jason se mu-dou para Belo Ho-

rizonte. Na maioria das correspondências de Tia Flora, Isaltinaera sempre lembrada e às vezes, Jason era encarregado deguardar embrulhos encaminhados para mim no estabelecimen-to do SAPS localizado na Praça da Estação.Transcrevo pequeno trecho de uma carta de Tia Flora datadano dia 22 de novembro de 1960:Traduzo e explico. “Com certeza você vai ver a Isaltina. Elafoi me visitar e não pude ir em casa dela, lembranças de to-dos.” Por volta do mês de setembro, Tia Flora esteve em BeloHorizonte para se tratar de uma alergia. Ela registra a aten-ção de Dona Isaltina e lamenta não ter podido retribuir.Porém, certa vez, Tia Flora veio a Belo Horizonte; - não seiqual foi o motivo – e, sem nenhum aviso prévio, hospedou-sena casa de Jason e Isaltina. Isto aconteceu, se me não engano,lá pelos anos de 1966 ou 1967.Como já afirmei, a casa dessa família era extensão de Gouveia.Eu dei aula numa escola - Ginásio Comercial Paulo VI – queficava nos fundos da Fábrica de Cimento Itaú. Era um passo

da casa do Bairro JK. Certa vez, após as aulas, resolvi passarna casa de Isaltina. Um chuva torrencial me apanhou no ca-

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minho. Imediatamente, Isaltina me ofereceu uma ca-misa do Romeu para eu poder retornar saudável. Domesmo modo que Gilu foi acolhida, posso dizer, eu tam-bém fui.

Segredos de umcoração gentil

João Martins de OliveiraÀs vésperas de completar seus ternos 20 anos de idade,no dia 16 de maio de 1936, perante o juiz de paz, Sr.Eunápio Alves Dolcé, casou-se com Jason Martins, IsaltinaTameirão, que neste ano de 2016 completaria 100 anosde existência.Quis os céus que ela nos deixasse aos noventa nos, legan-do-nos um exemplo de como viver dignamente, ainda quepassando dificuldades de toda ordem, e confiando semprena providência divina.Dona Isaltina, com pouca escolaridade, tendo assumidoas rédeas do controle da casa e da prole, já que o marido,por força de ganhar o sustento da família, estava sempreausente; ela fiscalizava o comportamento de cada pirralho;conferia com as professoras o comportamento de cadaum, na escola.Gerou 11 filhos, sendo que um dos últimos, Carlos Augusto,faleceu com um ano.Impressionante é imaginar-se como gerar tantos filhos, aexemplo de tantas outras mães, sem a necessária assistên-cia médica, coisa impossível àquela época.Tinha a focalizada, o dom do carisma; tinha sempre umsorriso e uma palavra amiga para todos aqueles que tive-ram oportunidade de conhecê-la.A casa, em Gouveia, era uma espécie de refúgio, de umoásis, onde aquela gente humilde ia entrando e gritando “ôdona da casa”. A resposta, lá de dentro, da dona Isaltinaera: “Vai entrando que a casa é sua”.Na cozinha havia um banco de madeira, ao lado do fogãoa lenha, onde as visitas sentavam, sempre servidas de umcafezinho e, às vezes, com algum mastigo.Daquelas visitas a generosa dona da casa ouvia, paciente-mente, as queixas de cada uma, fossem dificuldades finan-ceiras, saúde precária ou desentendimentos no lar; paracada queixosa dona Isaltina tinha sempre uma palavra deconforto.No final da década de 1950, mais precisamente em julhode 1959, houve uma guinada no destino da família, com amudança para Contagem – Bairro J. K.Preocupada com os desempregados, a incansável mãeconseguiu para o mais velho, José Antônio, trabalho comotrocador de ônibus.

Para o João ela já havia conseguido, em 1958, emprego naCaixa Econômica Estadual, extinta Minascaixa.Para o Romeu, formado pelo SENAI – Serviço Nacionalde Aprendizagem Industrial – conseguiu ela colocá-lo naextinta CAMIG – Cia Agrícola de Minas Gerais.O Jaime, pela amizade que tinha com um funcionárioi dafaculdade de Odontologia e Farmácia, Sr. Marcelo inmemoriam, conseguiu empregar-se, ali trabalhando até apo-sentar-se.Quanto ao Gil e o Raul, na ocasião, estudavam no seminá-rio, em Itaúna de onde trouxeram uma bagagem de conhe-cimentos que os tornaram competentes professores.Também o Aprígio e o Osmar estudaram no SENAI, noofício de torneiro mecânico. Para o João, o SENAI é afaculdade dos menos favorecidos.Quanto às duas filhas, Rita, de saudosa lembrança, e Mariadas Dores , a Dôdô, a primeira militou na fábrica de tecidosSão Roberto em Gouveia, e em B.H. trabalhou em lojascomerciais e na extinta Cia de Cigarros Souza Cruz; e aDôdô permaneceu na companhia dos pais até se casar.Importante seja aqui registrado que Dona Isaltina insistia, àmedida que cada filho se empregasse, que adquirisse umlote de terreno, para a construção da casa própria, o queaconteceu, dado às condições da época.Como não poderia deixar de ser, a casa do Bairro J. K.tornou-se a extensão da de Gouveia.As portas sempre abertas às visitas, uma vez que a DonaIsaltina já cativara toda a vizinhança com o carisma desempre.Vale aqui acrescentar, que toda a saga da aqui focalizada,teve a participação de corpo e alma, de uma pessoa quemuitos gouveianos conheceram, a Gerolisa – Gilu.Conduzida pelas mãos divinas, com aproximadamente 10anos de idade, apareceu no lar do casal Jason/Isaltina, amenininha que a partir de então, dedicaria toda sua existên-cia, não somente nos serviços da casa como também nocarinho para com os filhos do casal, que considerava ir-mãos.Renunciou a todas as oportunidades que a vida oferece, vindoa falecer, solteira, aos 80 anos de idade.Oportunamente, registraremos maiores detalhes dessa cân-dida figura.

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Cem anos de IzaltinaRaul Martins de Oliveira

No final do outono de 1916, em 26 de junho, na localidaderural denominada Paiol, próxima a Camilinho, no município

de Gouveia, MG, nasceu Izaltina Tameirão de Oliveira, filhade João Rodrigues Tameirão e Rita Madalena Nascimento.O pai, açougueiro de profissão, mudou-se com a famíliapara a sede do município, quando Izaltina ainda era crian-ça. A menina ajudava os pais nas tarefas domésticas e nopreparo e limpeza dos produtos para o açougue.Mais tarde, para ajudar no orçamento doméstico chegou atrabalhar na fábrica de tecidos Alexandre Mascarenhas, nodistrito de São Roberto, entre 1934 e 1936, caminhandooito quilômetros diariamente.Em sua juventude, apreciava o esporte, especialmente vô-lei. Participava do time principal da cidade e competia comos de outros locais.Jovem ainda, enamorou-se e casou-se com Jason Martinsde Oliveira, filho de Aprígio Martins de Oliveira e Mariadas Dores Gomes Martins de Oliveira.Desse enlace, nasceram onze filhos, que são por ordemnatural: José Antônio, João, Jaime, Gil, Rita, Romeu, Raul,Aprígio, Carlos Augusto, Osmar e Maria das Dores.Adotou a menina Gerolisa Barbosa da Silva, com oito anosde idade. Gilu, como passou a ser chamada em família, foicertamente enviada por Deus para se tornar a amiga, oapoio, a irmã, a segunda mãe, a paciência com todos e,especialmente, a companheira e o braço direito indispensá-vel de Izaltina.

Em 1959, Izaltina veio, com o marido e os filhos para Con-tagem, onde fixou residência, à rua I (hoje Wenceslau Brás),nº 141, Bairro J. K.Somente ela, D. Izaltina, possuidora de memória extraordi-nária, saberia e poderia contar, obviamente, nos mínimosdetalhes a sua Odisseia. Quanta luta, quanto sofrimento si-lencioso por causa de sua saúde debilitada! Mas não sequeixava. Cabeça erguida, enfrentava as dificuldades do

dia a dia.Cuidou da família sempre com toda paci-ência e abnegação. Manifestava carinho esegurança afetiva para com todos.Por ocasião do aniversário de alguém, di-zia aos filhos: “Oh, fulano vai fazer aniver-sários”. Ou: “-Vá dar um abraço em seuirmão”. Ou, ainda: “- Fulano está fazendoaniversário, hoje. Telefone para ele!”Quando ela podia, visitava. Quando não,enviava carta, bilhete ou cartão. Ou tele-fonava dizendo palavras tranquilizadoras eanimadadoras.Foram duros golpes n’alma, as perdas dairmã Elgita, da neta Cláudia, da filha Rita edo marido Jason. Sua religiosidade autên-tica a ajudava a resignar-se.Na nobreza de seu caráter, em umavivência singela, percebe-se agrandiosidade de seus gestos e feitoshumanistas. Foi militante na luta comunitá-

ria, pelo meio ambiente. Para construção da nova igrejacatólica do bairro. Izaltina não distinguia as pessoas pelaaparência, idade ou cor, para dedicar sua atenção e a cari-dade.Católica por opção, Izaltina nunca deixou de praticar, livre-mente, sua religião e levou todos os filhos a seguirem seuensinamento: respeitar para serem respeitados.Izaltina, exemplo de mulher – cidadã!

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Cumprindo promessaJosé Moreira de Souza

Foi no ano de 1988, eu estava enfurnado nos arquivos deDiamantina, Serro, Gouveia e Belo Horizonte em buscade documentos para elaborar minha tese de mestrado.Guardando velhos hábitos, comparecia semanalmente àcasa situada na Rua I nº 141, do Bairro JK em Contagem.Dona Isaltina atenta aos meus comentários perguntou-me:- Zé, você não encontrou nada sobre os Tameirão nessesdocumentos?- Vi apenas nomes de Tameirão no arraial de Datas.Respondi e me recolhi à ignorância. Pouco depois, emvisita ao arquivo da União Operária de Diamantina, depa-rei com a Ata de Fundação dessa associação, acontecidano dia 31 de maio do ano de 1890. Lia-se que os fundado-res da União Operária se reuniram na casa de FranciscoOlímpio Tameirão e decidiram marcar a próxima reuniãopara o dia 7 de junho.Após tantos anos, sinto que não cumpri a promessa deme aprofundar nas origens da família de João Tameirão.Ouvi rapidamente de Dona Isaltina que seus pais passa-ram a residir na cidade de Gouveia provenientes de umazona rural deste município. Displicentemente, perdi aoportunidade de me aprofundar no conhecimento dessatrajetória. Dava-me por satisfeito de ter conhecido Elgita,João Bruno e Mário, irmãos da admirável Isaltina; porém,todas as pessoas que assinavam Tameirão passaram a cha-mar minha atenção. Desse modo interroguei amigos ealunos nascidos em Curvelo, Diamantina, Ibirité e atémesmo vizinhos do bairro JK. Isto não me valeu muito.Nenhum se preocupava com seus ancestrais ou parentes.Na oportunidade de celebrar o Centenário de nascimen-to de minha homenageada quero cumprir essa promessapelo menos parcialmente.Pelas informações recolhidas, posso afirmar que osTameirão chegaram à região de Diamantina na década de1830. Fundamento esta informação por não ter encontra-do esse nome de família em datas anteriores. A fontemais confiável são os registros nominais de todos os mo-radores do ano de 1831 – Censo Demográfico Provincial.Pois bem, não há nenhum Tameirão residindo nem noSerro, nem em Diamantina, nem em Gouveia que, na épo-ca, compreendia também Tombadouro e o iniciante Ar-raial de Datas.Porém, a “Lista dos Cidadãos Votantes” do ano de 1842enumera dois Tameirão residentes no quarteirão 6º doArraial de Datas. São eles, Bartholomeu Tameirão Pinto eFrancisco Tameirão Pinto. Vale lembrar que, entre o anode 1831 e 1842, Datas cresceu vertiginosamente, embala-da pela febre do garimpo de diamantes. Até essa data,havia quatro casas no que é, hoje, a cidade de Datas. Omaior povoado era a “Aldeia do Cachimbo” surgida, pos-sivelmente, como assentamento indígena. Os doisTameirão que constam na lista preparada pelo padre

Vicente Ferreira Brasão, primeiro pároco de Gouveia quesubstituiu o macróbio capelão Manuel Ribeiro de Olivei-ra, são cidadãos ilustres. Comprova isto o fato de seremeleitores-elegíveis e não apenas votantes.As listas do que se chamava nessa época de “cidadãos ati-vos” distinguiam as pessoas – sempre homens livres esomente do sexo masculino – em votantes e elegíveis.Eram votantes todos os moradores do sexo masculino li-vres em idade adequada e somente eleitores elegíveisaqueles que comprovassem rendimento condizente paraexercerem o poder. Os elegíveis eram, portanto, os bemnascidos.Os membros da Família Tameirão, em seguida compare-cem com destaque em Diamantina. No ano de 1865, é cri-ada nessa cidade a primeira casa bancária de Minas Geraiscom o nome de Banco Almeida, Reis & Cia. Foram seusfundadores o Major Antonio Felício dos Santos – da famí-lia do primeiro bispo de Diamantina -, Rodrigo de SouzaReis, Modesto de Almeida e Josefino Vieira Machado (Barão de Guaicuí) – nascido no arraial do Cuiabá emGouveia. Nessa casa bancária a função de escriturário ouguarda livros coube a Francisco Diogo de Araujo Tameirãoo qual ficou conhecido popularmente como Chico do Ban-co. Esta é mais uma informação preciosa. Os Tameirão do-minavam o conhecimento das finanças.Na época em que nosso conterrâneo Major Roberto AlvesFerreira Tayoba ocupou o cargo de Inspetor Geral dos Dia-mantes – 1860 a 1871 – foi autorizada mineração em áreacompreendendo uma légua em quadra no Rio Jequitaí cujaatribuição era dada aos cidadãos portentosos deDiamantina. Ao lado de João da Mata Machado compareceo nome de Diniz Tameirão Pinto. Esse mesmo DinizTameirão Pinto comparece em outros relatórios ao ladode Joaquim Cassimiro Lages – dono da Intendência deCima, hoje mercado no Largo Barão do Guaicuí – conduzin-do mineração nas áreas do Guinda.Vê-se, portanto, que os Tameirão chegaram a Diamantinacomo empresários da mineração. Não é de estranhar, por-tanto, que a fundação da União Operária de Diamantinatenha acontecido na casa de Francisco Olímpio Tameirão.Vale fixar agora a iniciativa de Francisco de criar uma uniãodos operários em Diamantina. Francisco, ao que tudo in-dica, era um lapidário. Foi da indústria de lapidação quesurgiu a ideia de reunir os operários em classe. Não eraum operário qualquer, os herdeiros da escravidão recémextinta não poderiam pertencer à união. Os primeiros fun-dadores eram pessoas instruídas, como Joviano de Aguiarque dá nome a nossa escola estadual de Gouveia. Nossofamoso Coronel Cica – Juscelino Pio Fernandes – tambémfoi membro da União Operária bem como um tal de JoãoMamona – da família da minha avó paterna. João Mamonafoi um dos primeiros socorridos pela União Operária e foirecolhido ao Hospício de Alienados fundado pela SantaCasa de Diamantina.Acrescente-se que, nos primeiros anos, a União Operáriadiscutiu sua filiação à ideologia marxista sob orientaçãodo francês – também membro – Agostinho Detalon.

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O que se vê, portanto, é que todos os Tameirão encontradosna região de Diamantina eram pessoas de iniciativa,embora o nome de nenhum deles compareça como chefespolíticos.

Tameirão em Portugal

Minha promessa não se cumpre sem compreender de ondevieram esses Tameirão empresários da mineração.A primeira menção que encontrei referente à família destacao nome de D. Maria Madalena Pinto Tameirão. Essa DonaMaria Madalena se casou no dia 7 de janeiro de 1806 comum senhor de nome Manuel Luiz Correia que seria o Primei-ro Barão de Valado. A esposa desse primeiro barão era filhade Manuel Teixeira de Novaes e de D. Ana Margarida JosefaPinto Tameirão.Cito agora para estimular a curiosidade do leitor o segundobarão da dinastia: seu nome é Raymundo Correia PintoTameirão. O nome de família que realça é Pinto Tameirão, oCorreia do primeiro barão torna-se escondido.Estamos no cerne da fidalguia da casa real. Vejam o títulosnobiliárquicos de Don Manuel Luiz Correia: Marechal deCampo do exército. General em várias conjunturas políticas.Fidalgo Cavaleiro da Casa Real. Comendador da Ordem daTorre e Espada. Comendador da Ordem de Nossa Senhorada Conceição de Vila Viçosa. Cavaleiro da Ordem de Aviz.Condecorado com a Granada de Ouro pelas Campanhas daCatalunha, e Russilhão. Medalha de Comando na Batalha deNive. Cruz de Ouro n.º 4 das Campanhas Peninsulares. Mo-ral dessa história: a Dona Maria Madalena necessariamentefoi escolhida por se situar à altura dessa roda de nobreza.Segunda moral dessa história:Os Tameirão de Gouveia têm direito ao uso de Brasão deArmas e somente são comparáveis a Bernardo Fonseca Lobo,o descobridor oficial dos diamantes, sepultado na matriz deSanto Antônio de Gouveia no ano de 1763 com as armas deCavaleiro da Ordem de Cristo.

A Casa de Gouveia emContagem

José Moreira de SouzaEra o ano de 1959, mês de julho. Gouveia vivera, em anosrecentes, o fechamento das inúmeras indústrias delapidação. Um dos estabelecimentos afetados foi o deAprígio Martins de Oliveira, no qual filhos e netos seiniciaram no trabalho.Jason Martins de Oliveira havia encontrado novo posto detrabalho no SAPS – empresa que deu origem aos armazénsda COBAL – Companhia Brasileira de alimentos -. OSAPS de Gouveia funcionava no prédio de propriedadede Antônio Almeida que servira anteriormente de Cine-teatro.Os comerciantes de Gouveia fizeram um abaixo assinadoendereçado ao, então presidente Juscelino Kubitschek, emque argumentavam que esse estabelecimento era prejudicialà Gouveia. Foram atendidos e Jason perdeu seu posto detrabalho na cidade, devendo comparecer a Belo Horizonte,onde passou a trabalhar no posto localizado na Praça daEstação – Praça Rui Barbosa.No mês de julho de 1959, um caminhão estacionou emfrente à casa da Rua Laurindo Ferreira e foi retirando móveis,vestuário, vasilhame, com destino a Belo Horizonte. BeloHorizonte? Não, Contagem. O destino era uma casalocalizada na rua I nº 141. Em frente a uma bela praça.Em meio aos móveis, havia tamboretes que serviram àlapidação. Recebi um deles de presente de Dona Isaltina,o qual é relíquia na casa da rua Laurindo Ferreira, nº 472.Não esperei nem mesmo a família se assentar em BeloHorizonte, digo em Contagem. No início de agosto, aopassar por Belo Horizonte, embarquei no ônibus da ViaçãoCarneiro, “Eldorado Via J.K.” – este era o nome da linha- e desci em frente à casa de número 141. Repeti estehábito até o dia de despedida à Gerolisa Barbosa, a Gilude Isaltina.Eu me apossei da casa dessa família sem qualquerautocrítica. Quem olhar sem atenção dirá que fui um “carade pau”. De 1959 até 1962, todas as vezes que passei porBelo Horizonte, minha referência era visitar a casa de Jasone Isaltina no J.K.Era uma casa acolhedora. O critério da Fundação da CasaPopular para selecionar as famílias era serem numerosas.Eram casas geminadas com lotes de 180 metros quadradossala cozinha e três quartos. Deveriam caber o casal, 10filhos e a prendada Gilu. Posteriormente, os filhos homensconstruíram mais um cômodo para aposentos masculinos.A localização na praça principal do bairro conferia a todostornarem-se referência. Contudo, a referência maior era aunidade da família. Jamais vi, em toda a minha vida, uma

Brasão dos Barões de Valado

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família tão unida. Decisões importantes sempre foramtomadas em reunião com direito à palavra de cada um.Haverá oportunidade para abordar mais atentamente essese outros feitos.No ano de 1963, passei a residir em Belo Horizonte. Nesseano, ia quase diariamente à casa de Jason e Isaltina. Emcerto dia, ela me falou:- Zé, você sabe que sua avó Raimunda [Raimunda FerreiraMascarenhas, conhecida em Gouveia como Remunda deJoão Mané dos Santos] mora na Cidade Industrial? Voupedir ao Romeu para levar você até a casa dela. É ali nofundo da Fábrica São Geraldo.Eu, nem nenhum de meus irmãos tínhamos contato com olado materno de nossa família. Minha mãe faleceu quandotinha apenas 1 ano e 10 meses. Minha avó materna deixouGouveia acompanhada de filhos e netos por volta do anode 1944. Guardava, portanto, vagas lembranças da vidamiserável e feliz que ela levava na Rua do Carrapicho – arua dos lobisomens - em Gouveia. Analfabeta e pobre, avó Raimunda andou por Pirapora, Curvelo, até conseguiremprego para filhos e netos na Cia Industrial São Geraldo,uma fábrica de tecidos de empresário de Itabirito.Dos filhos de minha avó, conhecia apenas João Pafúncio,ao qual minha mãe havia prometido ser meu padrinho decrisma. João de apelido Pafúncio era casado com outraRaimunda, filha de Zé Mané e Etelvina Moreira. EssaRaimunda era conhecida como Raimunda Tundá –imaginem por que. Outro tio meu de nome Efigênio retornouà Gouveia por pouco tempo e volveu novamente para juntoda mãe. Desse modo, sem a atenção de Dona Isaltina, olado materno de minha família ficaria apenas no registro denascimento.Não é o momento, mas aproveito a oportunidade para fixarduas coisas. A primeira tem a ver com o estoque familiar eas possibilidades de casamento. Do mesmo modo que meupai encontrou Sebastiana, meu tio materno José dos Santosencontrou também uma Etelvina – filha de Josino Moreira,João (Pafúncio), sua Raimunda Moreira. As possibilidadesde casamento dos Moreira eram com famílias da mesmacondição. Gomes da Silva – Mamona -, Cassimiro deOliveira, Prudente do Nascimento. A segunda é que ascondições de trabalho em Gouveia podem ser entendidasa partir da Fábrica de São Roberto. O nome Mascarenhasde minha avó a credenciou para recomendar seus filhos àindústria.Ocorre-me, agora, uma terceira característica: adeterminação da mulher na condução da família. Tantominha avó, quanto Dona Isaltina foram pessoas decisivasno encaminhamento dos filhos, como se vê nosdepoimentos dos mesmos.Retorno ao Romeu. Sem resmungar, sem opor qualquerdificuldade, o prestimoso filho me levou até as casasconstruídas nos fundos da Fábrica São Geraldo. Ali fiqueiconhecendo minha avó Raimunda, com a neta Geralda.Em outra casa China, também neta com sua família, em

outra ainda, Conceição com o marido. De lá fui levado àcasa de dos dois únicos filhos sobreviventes de Sá Remunda– Antônio e Efigênio. Ainda na casa da vó, conheci JésuMilton que residia em outro conjunto de casas da SãoGeraldo.Minha avó ao me encontrar, lamentou não ter podido criaros filhos de Tana (Sebastiana) – minha mãe – o que ela fezde sobra com os filhos de Geraldo, José e João. Possodizer que naquela vila contemplava-se os frutos da misériade Gouveia e as oportunidades que a indústria lhes oferecia.Jésu é hoje eternizado como nome de uma escola municipalde Contagem no bairro Jardim Industrial.Agora, surge-me a pergunta: A que se deve estaaproximação em que a casa de Jason e Isaltina de tornaramreferência tão forte em minha vida?Já mencionei na primeira edição deste Boletim da AFAGOdeste ano a importância do mastro de São João. Acrescentomais fatos importantes.No ano de 1948, lá pelo mês de março, na última salalocalizada do lado esquerdo de quem chega ao Grupo EscolarAurélio Pires, a senhora Diretora, Dona Adalgisa, abre aporta, e entrega à professora Dona Marília Gomes Pereira,uma criança de seis anos. Era o Gil. Em nossa sala já haviatambém uma menina linda e meiga, de nome TerezinhaBernadete Tameirão.Nessa mesma escola, cursando o 4º ano reinava um meninoprendado de nome João Martins de Oliveira. Nós oconhecemos declamando poesias e participando do teatroescolar. No ano de 1953, quando retornei de férias emdezembro, passei a me encontrar frequentemente com o Gilque era ajudante – coroinha – do vigário coadjutor do padreJosé da Mata, padre Serafim – nosso cardeal. Pronto. Abriu-se de uma vez por todas a casa de Jason e Isaltina. Com oGil e os demais coroinhas do padre Serafim, formamos umacomunidade. Depois que a família se mudou para BeloHorizonte, Gil nos abriu a todos a rede de relações que elehavia criado. Chegamos a almoçar em 16 casas diferentesnum período de férias. Fizemos teatro juntos para angariarrecursos para construção da nova matriz, tomamos muitosbanhos na “Pedra Azul” do rio do Chiqueiro, visitamosfazendas como a do Coronel Sica.Gil sintetiza a marca mais importante da família Martins deOliveira Tameirão. Gouveia é uma luz em nosso caminho.Tão Luz que Jaime, ao se aposentar vem ter à Gouveia;José Antônio, jamais abandona seu amor por Gouveia e omaterializa na escolha da esposa e na fixação de residênciade seus ancestrais – a casa de João Tameirão. Romeuseleciona uma bela chácara na Bocaina e celebra diariamenteo viver em Gouveia. Raul escolhe um recanto nos “Paulistas”para disseminar a prática do cultivo de abelhas. Enfim,Gouveia não deixa um dia de ser lembrada por todos dessafamília. Mais do que isto, Gil tem projetos concretos dedesenvolvimento de Gouveia como demonstrou com o cursode formação de profissionais para fabricação e instalaçãode aquecedores solares.

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Pois bem, cumpre mostrar agora como Gouveia passou aviver no Bairro J.K.Eram dias de carnaval. Cheguei à casa de Dona Isaltina.Eis que a turma resolveu ensaiar o entrudo à moda deGouveia! Isto era o maior desafio em um bairro, no qual amaioria das pessoas se desconhecia. Ao mesmo tempo inau-gurava a oportunidade para todos se aproximarem, reco-nhecerem o seu pedaço, e confirmarem a identidade dobairro.No dia a dia, cada um dos filhos desvendou o saber viver.Esse desvendamento confere ao João uma posição privile-giada. Ele se encantou com uma menina de nome Dilce,residente na Rua E. Foi o maior desafio aproximar-se dabela e encantadora filha mais velha da família Cardoso. Todadonzela tem um pai que é uma fera! Isto é nome de peçateatral, mas que se aplica às relações de namoro daqueletempo. Exemplifico com o caso de meu primo Jésu Milton,a quem me referi acima. Ele narrava que, enquanto namo-rava na sala, o pai da moça, na cozinha, ia polindo a espin-garda de caça. Com o João não chegou a tanto, mas o pai,Seu Alfredo, apôs dificuldades às quais o apaixonado re-sistiu. João se casou com sua bela Dilce, foi brindado comtrês filhos, Jason, Jackson e Dalila, passou a ser admiradoincondicionalmente pelo sogro e teve a casa aberta paratodos os cunhados. Um deles, Waldir apoia as iniciativasdo Gil na cidade de Mateus Leme e é vice-prefeito da ci-dade de Betim. O atual prefeito não admite que ele assumaa prefeitura porque sabe que irá corrigir todos os erros decorrupção.Excetuado o José Antônio, todos os filhos de Jason e Isaltinase casaram com moças do bairro. Jaime com a Marli, Raulcom a Glécia, Romeu com Aparecida, Rita com Walter,Maria das Dores com Ivã, Gil com Maria do Carmo, Osmarcom sua Glorinha.Qual é a moral – uma delas – dessa história? Dona Isaltinase tornou referência do saber viver no bairro J.K. Semproselitismo, esteve à frente do movimento pela despoluiçãoda Cidade Industrial e alcançou medidas concretas do go-verno municipal para controle das chaminés da fábrica decimento Itaú; da Lafersa, uma siderúrgica que limitava como bairro. Esses feitos alcançaram nível nacional. Incomo-daram até Seu Geisel, o Ernesto que era presidente da re-pública. Essa nobre Tameirão esteve à frente também daconstrução da igreja do Bairro J.K. Até então, a praça ti-nha um pequeno e decadente parque infantil. A construçãodo templo tornou a residência vizinha da igreja invertendoapenas o que aconteceria em Gouveia a relação da casa deAprígio com a matriz. A proporção é semelhante à que sedá entre a casa que foi de Afonsinho Brasil na praça PadreJosé Machado.Desses feitos não restava outra coisa senão a pessoa deDona Isaltina ser reconhecida pela prefeitura e a câmaramunicipal de Contagem como personagem que promoveuo desenvolvimento do município. No dia da cidade, nãohavia espaço para ninguém ocupar o amplo salão da câma-

ra municipal, situada ao lado da Matriz de São Gonçalo.Dona Isaltina recebeu das mão do prefeito e ex-governa-dor de Minas Gerais, Newton Cardoso, medalha e diplo-ma de Honra ao Mérito como cidadã do Município deContagem.Até hoje, eu me pergunto, se ela estivesse em Gouveiaqual homenagem lhe seria prestada? Curiosamente, foi osaber viver em Gouveia que se prestou para ajudar as pes-soas de Contagem a aprender viver melhor e compreenderas relações de vizinhança.Membro da Família

Todos os filhos de Isaltina me têm como irmão. Eu a tenhocomo mãe e com toda a permissão de Jason, de quemacompanhei o sofrimento dos seus últimos dias.Vou mencionar alguns fatos relevantes. Em 1969, Adélia eeu decidimos pelo noivado. Imediatamente, convidei DonaIsaltina para presenciar e protagonizar a cerimônia. Quandocompletamos 25 anos de bodas nupciais, com a presençade quase todos os filhos e alguns netos, eis novamente DonaIsaltina repetindo o feito de nos colocar as alianças.

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Na oportunidade de celebração dos oitenta anos, dia 26de junho de 1996, os filhos promoveram um encontro noamplo terreiro da residência de João. Gil se encarregou depresidir a cerimônia e me atribuiu a função de pregar aPalavra.Iniciei convocando os netos a estudarem os sermões doPadre Antônio Vieira e fixei o que é para mim a maior marcado caráter de Dona Isaltina:

“Só Cristo amou, porque Cristo amou sabendo:Sciens(....) Quem ama porque conhece, éamante; quem ama, porque ignora, é néscio.Assim como a ignorância na ofensa diminui odelito, assim no amor diminui o merecimento.Quem, ignorando ofendeu, em rigor não édelinquente; quem, ignorando , amou, em rigornão é amante.” (Sermão do Mandato, 1645)

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Nesse momento, pedi a todos da assembleia a responderem“Presente” em nome de todos os que conviveram comIsaltina e migraram para outra vida. Em seguida, solicitei odepoimento de cada um dos filhos, noras e netos paradizerem do amor de nossa mãe.No dia em que Isaltina completou 90 anos, a famíliapromoveu um encontro monumental em amplo espaço emContagem. No dia seguinte foi celebrada missa solene naigreja do Bairro J.K. oficiada pelo nosso cardeal DomSerafim. Feliz pela oportunidade de estar junto à família,Dom Serafim afirmou: “90 anos! Bela idade. Será que euchego lá?” Chegou e Dona Isaltina o aplaudiu lá do céu.Dona Isaltina tinha um desejo. Chupar jabuticaba torta domeu quintal em Pinhões. Pois não é que no mês de agosto ajabuticabeira floriu pela primeira vez e, em outubro, pudelevar-lhe um balde de jabuticaba torta colhida especialmentepara atendê-la? Valeu. Porque no ano seguinte não seriamais possível. Essa jabuticaba tinha uma históriaemblemática. Fora plantada com sementes da jabuticabeiraexistente no quintal da rua Laurindo Ferreira 472 emGouveia.Acompanhei com dor a agonia de Dona Isaltina. Na casada rua I 141, havia uma lista de inscrição para visitas aohospital. Eu cuidava de colocar meu nome em algum dia dasemana para deixar livres as visitas dos fins de semana. NaUTI a coisa que mais a incomodava era não poder sealimentar como queria.No dia 7 de março, Isaltina subiu aos céus. A missa desétimo dia foi celebrada pelo nosso cardeal, mais uma vez,Dom Serafim Fernandes de Araújo.Solicitei a palavra que me foi concedida pelo nosso cardeale proferi o que se segue:

À Divina IsaltinaPeço permissão a todos para citar um texto queme é muito caro.

In memoria aeterna erit Justus.

Essas palavras ecoam em mim todas as vezes quecelebro a morte. Hoje mais ainda quando emcomunidade celebramos a morte da nossa mãe, uma,duas, três vezes, mãe Isaltina, na carne o no espírito.

Quero falar da celebração da morte, entendendoque Isaltina vive em nós e conosco, eternamente,porque soube morrer e deixar-nos uma lição de vidaao morrer. A lição do silêncio. Para mim, a lição éesta: Deus está em toda parte. Está sempre conosco.Está em nós. Mas para entendermos a manifestaçãodivina, faz-se necessário o silêncio. Isaltina viveu osilêncio permitindo a cada instante a manifestaçãode Deus.

Referi-me na celebração dos oitenta anos à DivinaIsaltina. Repito-o agora cheio de fé. A manifestaçãode Deus em nós, seres humanos frágeis e mortais,exige um silêncio, o maior de que formos capazes.Desse modo tudo que dissermos será tradução damensagem divina.

Nas missas solenes de réquiem cantava-se Inmemoria aeterna erit Justus. Tenho tentadotraduzir essa mensagem. Agora, sinto me aproximarda melhor interpretação, após sete dias de religiososilêncio, tentando compreender a trajetória dessamãe generosa que encanta todos os moradores desua terra natal – nossa Gouveia -, que se torna umareferência para a comunidade do bairro JK, que éreconhecida como benemérita do município deContagem, moradora exemplar numa cidade deseiscentos mil habitantes

Para quem se comunica no silêncio, sua mensagempermanece para sempre. O Justo permanecerá parasempre no coração dos que aspiram a Deusouvindo-O em silêncio. Não teme a morte porquevive em Deus e nEle permanece.

Por isso, a celebração da morte torna-se ummomento de Ação de Graças. Só vive eternamentequem não teme a morte. Agradecemos a Deus, amensagem silenciosa dos 90 anos de Isaltina emnosso meio e podemos ouvir a todo instante tudoque ela nos transmitiu em seu convívio com o Divino.

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Mostras de apreço incalculável

Isaltina foi sempre muito carinhosa com Tia Flora.Vejam as fotos que ela encaminhava naoportunidade de celebração da PrimeiraComunhão de Dodô e Osmar.

No dia em que meu sogro faleceu, fui à casa deJason e Isaltina para levar a notícia. Tenha aosbraços minha primeira filha, Nícia. Isaltina seofereceu para ficar a criança de 2 anos e, no diaseguinte, deslocou-se do Bairro J.K até o Bairrodas Indústrias com a criança. À época não haviaarticulação entre os bairros Eldorado e o Bairrodas Indústrias.

Estreitamento até a terceira geração. Níciafoi matriculada em uma escola – jardim –próxima a casa de João, Jaime e José Antônio.Foi colega de Carlos Augusto – primogênito deRaul de Glécia e pode fruir a amizade dessafamília extensa.

Quando do falecimento de Tia Flora, Joãose deslocou de Contagem até Gouveia para aderradeira despedida.

Sempre presenteAdélia Anis Raies de Souza

Hoje fiquei emocionada, ao começar a escrever “algumacoisa” para homenagear o Centenário de Dona Isaltina”.São muitos os adjetivos que se aplicam à pessoa dessa gran-de mulher.A sua casa sempre foi aberta a todos. Éramos recebidoscom carinho, seu sorriso singelo, seus sábios conselhos, suavozinha mansa, mas determinada. Sempre transmitindo ale-gria, ternura, compreensão, amizade e cumplicidade. Ah!Não faltava também nessas visitas à sua casa o saborosocafezinho, sempre servido com queijos, biscoitos e bolos.Que momentos saudáveis, onde a alegria invadia nossa alma!Lembro-me que fomos à sua casa pouco antes de ela com-pletar seus oitenta anos. Ela, plena de alegria, disse-me:- Tenho rezado muito e pedido a Deus para dar-me vida esaúde. Você viu aquela “senhorinha” que está completandocem anos? Então, tenho conversado com Deus e pedido aEle para dar-me a graça de viver até os noventa anos.E completou sorrindo:- Se a outra viveu até cem, porque eu não posso viver aténoventa?

Deus concedeu-lhe a graça de completar noventa anos,além de muitas outras, pois Isaltina viveu noventa anos bemvividos.Dona Isaltina sempre plantou sementinhas de amor e fé emnossos corações! Obrigada por existir!

Lembranças oferecidasa Tia Flora

Carlos Augusto e Nícia

Irmãos sempre juntos.

Romeu saiuantes da pose, mas esteve também.

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Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno IX– Especial - 26_junho- 2016.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Arquivo Família Martins de Oliveira,José Moreira de Souza.

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

IMPRESSOREMETENTEAFAGO - Associação dos Filhos eAmigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala 1709

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