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Ofício AGU 9 (2453997) SEI 08850001798201683 / pg. 1 2453997 08850001798201683 ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Ofício AGU nº 9/2016/SIC CONJUR/CONJUR-MJ Brasília, 10 de junho de 2016. À Sra. Mariana Martins dos Santos Assunto: Solicita inteiro teor do Despacho nº 03998/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU. A propósito de seu pedido, esclareço que o Despacho solicitado aprova o Parecer nº 01160/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU, cujo teor encaminho-lhe também. Atenciosamente, Documento assinado eletronicamente por EDJANE MOTA MONTARROYOS ZIMMER, Ponto Focal do SIC CONJUR, em 10/06/2016, às 19:31, conforme o § 2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.200/01. A autenticidade do documento pode ser conferida no site http://sei.autentica.mj.gov.br informando o código verificador 2453997 e o código CRC 9A449CCC O trâmite deste documento pode ser acompanhado pelo site http://www.justica.gov.br/acesso-a- sistemas/protocolo e tem validade de prova de registro de protocolo no Ministério da Justiça. Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 08850001798201683 SEI nº 2453997 Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Ed. Sede, 2º Andar, Sala 226 e 228 - Bairro Zona Cívico Administrativa, Brasília/DF, CEP 70064-900 Telefone: (61) 2025-3980 / 3260 e Fax: - www.justica.gov.br Criado por edjane.zimmer, versão 3 por edjane.zimmer em 10/06/2016 19:31:11.

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Ofício AGU 9 (2453997) SEI 08850001798201683 / pg. 1

2453997 08850001798201683

ADVOCACIA GERAL DA UNIÃOCONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Ofício AGU nº 9/2016/SIC CONJUR/CONJUR-MJBrasília, 10 de junho de 2016.

À Sra.Mariana Martins dos Santos Assunto: Solicita inteiro teor do Despacho nº 03998/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU.

A propósito de seu pedido, esclareço que o Despacho solicitado aprova o Parecer nº01160/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU, cujo teor encaminho-lhe também.

Atenciosamente,

Documento assinado eletronicamente por EDJANE MOTA MONTARROYOS ZIMMER,Ponto Focal do SIC CONJUR, em 10/06/2016, às 19:31, conforme o § 2º do art. 10 daMedida Provisória nº 2.200/01.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site http://sei.autentica.mj.gov.brinformando o código verificador 2453997 e o código CRC 9A449CCC O trâmite deste documento pode ser acompanhado pelo site http://www.justica.gov.br/acesso-a-sistemas/protocolo e tem validade de prova de registro de protocolo no Ministério da Justiça.

Referência: Cas o res ponda es te Ofício, indicar expressamente o Processo nº 08850001798201683 SEI nº 2453997

Es planada dos Minis térios , Bloco T, Ed. Sede, 2º Andar, Sa la 226 e 228 - Ba i rro Zona Cívico Adminis trativa , Bras íl ia/DF, CEP70064-900

Telefone: (61) 2025-3980 / 3260 e Fax: - www.jus tica .gov.br

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Despacho AGU 03998/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU (2453987) SEI 08850001798201683 / pg. 2

10/06/2016 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5515909

https://sapiens.agu.gov.br/documento/5515909 1/1

ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA­GERAL DA UNIÃO 

CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA GABINETE DA CONSULTORIA JURÍDICA 

ED. SEDE, SALA 228, CEP 70.064­900 TELEFONES: (61) 2025­3260 E 2025­[email protected]

 DESPACHO n. 03998/2015/CONJUR­MJ/CGU/AGU

 

NUP: 60530.000566/2015­60

INTERESSADOS: DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO ­ DEORG (MINISTÉRIO DADEFESA)

ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO

 

Aprovo o Parecer n. 01160/2015/CONJUR­MJ, nos termos do art. 8º, inciso I, da Portaria AGU 1399, de2009.

 

Encaminhe­se  cópia  do  processo  e  do  parecer  neste  ato  aprovado  à  Comissão  de  Anistia  desteMinistério da Justiça, para ciência e adoção das providências necessárias.

 

Brasília, 02 de dezembro de 2015.

 

 JOSE FLAVIO BIANCHI

Procurador Federal

Consultor Jurídico

 

 

Atenção,  a  consulta  ao  processo  eletrônico  está  disponível  em  http://sapiens.agu.gov.br  mediante  ofornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 60530000566201560 e da chave de acesso 686200b8

 

Documento assinado eletronicamente por JOSE FLAVIO BIANCHI, de acordo com os normativos legais aplicáveis. Aconferência  da  autenticidade  do  documento  está  disponível  com  o  código  5515909  no  endereço  eletrônicohttp://sapiens.agu.gov.br. Informações  adicionais: Signatário  (a):  JOSE  FLAVIO BIANCHI. Data  e Hora:  02­12­201512:35. Número de Série: 101473. Emissor: Autoridade Certificadora da Presidencia da Republica v4.

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 3

2/12/2015 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312

https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312 1/11

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

COORDENAÇÃO DE ESTUDOS E PARECERES

PARECER n. 01160/2015/CONJUR-MJ/CGU/AGU

NUP: 60530.000566/2015-60

INTERESSADO: DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO - DEORG

(MINISTÉRIO DA DEFESA)

ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO

I. Anistia política de servidores militares.

II. Observância da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na Repercussão Geral

no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 799.908, no sentido de que as promoções

dos anistiados se restringem ao quadro a que pertencia o militar na ativa.

III. Efetivação das sugestões contidas no PARECER nº 00773/2015/CONJUR-

MD/CGU/AGU, que propôs a anulação dos atos praticados em desacordo com a decisão

do Supremo Tribunal Federal, desde que respeitado o prazo decadencial aplicável.

IV. Necessidade de a Comissão de Anistia examinar os processos observando os

princípios da legalidade, da segurança jurídica, da ampla defesa e do contraditório, a fim de

submetê-los à decisão do Exmo. Sr. Ministro de Estado da Justiça.

V. Possibilidade de retorno dos autos a esta Consultoria Jurídica, para manifestação acerca

de eventuais ponderações ou questionamentos formulados pela Comissão de Anistia.

Senhora Coordenadora de Estudos e Pareceres,

I - RELATÓRIO

1. Trata-se do Memorando nº 96 DEORG/SEORI/SG-MD, encaminhado pelo Sr. Diretor do

Departamento de Organização e Legislação do Ministério da Defesa à Consultoria Jurídica dessa Pasta ministerial,

nos seguintes termos:

"1. A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (CA/MJ) está concedendo anistia,

desde 2002, aos sargentos e aos subtenentes/suboficiais, conforme previsto na Lei nº

10.559, de 13 de novembro de 2002, e promovendo-os ao posto de Capitão com os

proventos de Major.

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 4

2/12/2015 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312

https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312 2/11

2. Recentemente, o Diretor do Departamento de Controle Difuso/SGCT/AGU remeteu o

Memorando nº 00206/20145/DCD/SGCT/AGU, de 14 de maio de 2015, comunicando

que o Ministro TEORI ZAVASKI, do Supremo Tribunal Federal (STF), em DECISÃO no

Agravo de Instrumento nº 849.164/ Rio Grande do Norte reafirmou que: 'a

jurisprudência dominante do STF sobre a questão, no sentido de que as promoções dos

anistiados restringem-se ao quadro a que pertencia o militar em atividade, ou seja, não

podendo ser promovido a cargo diferente da sua carreira' (Anexo 1).

3. A REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Nº

799.908/Rio de Janeiro, estabelece no item 2 a manifestação do Ministro GILMAR

MENDES, onde afirma que: 'as promoções, por antiguidade ou merecimento, devem

ocorrer dentro da mesma carreira. Por este motivo, pertencendo o militar à carreira dos

praças, fica o anistiado impossibilitado de ser promovido ao oficialato, por serem

diversas as carreiras' (Anexo II).

4. Assim, solicito o exame e o parecer dessa Consultoria da matéria, visando orientar as

ações do representante deste Ministério na CA/MJ e indicar às Consultorias Jurídicas

Adjuntas das Forças o entendimento deste Ministério nas promoções concedidas pela

CA/MJ em desacordo com o STF."

2. Remetido o processo à Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa, foi exarado o

PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU, assim concluído:

"31. Por todo o exposto, restituam-se os autos à SEORI/MD, apresentando-se como

conclusão deste órgão de assessoramento jurídico que a decisão proferida pelo E.

Supremo Tribunal transcende os interesses subjetivos envolvidos naquele caso

específico e resolveu a questão em tese para vincular as decisões dos demais Tribunais,

Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais quando da apreciação de controvérsia

idêntica.

32. Os representantes desta Pasta Ministerial, em sua atuação perante a CA/MJ, sob

pena de ofensa à segurança jurídica, não se podem divorciar da tese adotada pelo E.

STF, vez que a questão está, a partir do julgamento do ARE nº 799908 RG/RJ,

definitivamente decidida.

33. As promoções já concedidas pela CA/MJ em desacordo com a decisão proferida pelo

STF devem ser revistas, desde que respeitado o prazo decadencial e observados os

princípios do devido processo legal e da ampla defesa, como decorrência do poder de

autotutela da Administração Pública.

34. As promoções que tenham sido asseguradas aos anistiados por decisão judicial

demandam a adoção de providências judiciais imediatas pelos órgãos de representação

judicial da União, a fim de que seja reconhecida a inexigibilidade dos respectivos

títulos porque fundados em interpretação tida pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal.

35. Encaminhe-se cópia da presente manifestação à Procuradoria-Geral da União,

mediante a abertura de tarefa no SAPIENS, para conhecimento do entendimento

adotado por esta Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa e eventual

orientação aos demais órgãos de representação judicial da União."

3. Esta manifestação foi aprovada pelo DESPACHO nº 01671/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU, do

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 5

2/12/2015 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312

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Sr. Coordenador-Geral de Direito Administrativo e Militar, e pelo DESPACHO nº 01680/2015/CONJUR-

MD/CGU/AGU, do Sr. Consultor Jurídico do Ministério da Defesa.

4. No âmbito da Procuradoria-Geral da União, expediu-se a COTA nº

00007/2015/CGMILDCM/PGU/AGU, aprovada pelo DESPACHO nº 00167/2015/DCM/PGU/AGU, com o

seguinte entendimento:

"6. Consequentemente, compete à SGCT atender às solicitações formuladas pelos

órgãos afetados por decisões proferidas pela Corte Suprema.

7. Nesse contexto, sugiro a redistribuição do presente à SGCT, para: (i) conhecimento

do entendimento adotado pela Consultoria Jurídica do Ministério da Defesa acerca dos

efeitos do v. acórdão proferido pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no julgamento do

ARE 799.908 RG/DF; (ii) eventual orientação aos demais órgãos de representação

judicial da União."

5. Posteriormente, a Secretaria-Geral de Contencioso lavrou a NOTA AGU/SGCT/IMB/N°

007/2015, sugerindo "encaminhar a presente demanda, via Sapiens, ao DAE/SGCT, para fins de análise acerca da

orientação requerida, bem como, caso não seja objeto de demanda específica e repute pertinente, para os fins do

artigo 2°, VIII, da Portaria AGU n° 380/2014".

6. Em seguida, foi autuada a COTA nº 00738/2015/CONJURMD/CGU/AGU, firmada pelo Sr.

Coordenador-Geral de Direito Administrativo e Militar da Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa, com

o seguinte teor:

"1. Diante da relevância da matéria, cientifique-se a douta CONJUR-MJ e as Adjuntas

Jurídicas dos Comandos Militares do entendimento firmado no PARECER n.

00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU, que trata dos efeitos da decisão proferida pelo E.

Supremo Tribunal Federal no julgamento da Repercussão Geral no Recurso

Extraordinário com Agravo nº 799.908/DF sobre o direito às promoções militares

asseguradas pelo art. 8º do ADCT.

2. Para tanto, abra-se tarefa no SAPIENS para as CONJUR-MJ e COJAER, para ciência

e adoção das providências que entender cabíveis, e encaminhe-se os memorandos

anexos para a COJAMAR e COJAEX."

7. Nesta Consultoria Jurídica, o feito foi encaminhado primeiramente à Coordenação do Contencioso

Judicial, a qual exarou a NOTA Nº 165/2015/CCJ/CGJUDI/CONJUR-MJ/AGU, sugerindo "o envio da COTA n.

00738/2015/CONJURMD/CGU/AGU, acompanhada do PARECER n. 00773/2015/CONJURMD/CGU/AGU, ao

Presidente da Comissão da Anistia para conhecimento e adoção das providências necessárias". Todavia, ao

apreciar essa manifestação, o Sr. Consultor Jurídico lavrou o DESPACHO Nº 482/2015/CJGAB/CONJUR-

MJ/CGU/AGU, nos seguintes moldes:

"1. Aprovo, parcialmente, a Nota nº 165/2015/CCJ/CGJUDI/CONJUR-MJ/AGU, de

autoria da Advogada da União, Cristina dos Reis Emygdio Rasia, nos termos do art. 8º,

inciso II, da Portaria AGU 1399, de 2009.

2. Previamente ao encaminhamento do Parecer n. 00773/2015/CONJUR-MD, faz-se

necessária a análise da situação jurídica pela Coordenação de Estudos e Pareceres -

CEP desta Consultoria para a análise jurídica da mencionada manifestação e para

delineamento de eventuais orientações à Comissão de Anistia."

8. Por fim, no âmbito desta Coordenação de Estudos e Pareceres, os autos foram distribuídos a este

subscritor em 25 de novembro de 2015, para análise e pronunciamento.

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 6

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9. É o sucinto relatório. Segue o exame jurídico.

II - ANÁLISE JURÍDICA

10. Inicialmente, cumpre observar o disposto no art. 8º, caput, do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias:

"Art. 8º É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data

da promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação

exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que

foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos

atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as

promoções, na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teriam direito

se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em atividade

previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as características e

peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados os

respectivos regimes jurídicos." (grifou-se)

11. Ao apreciar essa temática, o Supremo Tribunal Federal julgou a Repercussão Geral no Recurso

Extraordinário com Agravo (ARE) 799.908, prolatando a seguinte decisão:

"Recurso extraordinário. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida.

Reafirmação de jurisprudência. 2. Direito Administrativo. 3. Anistia política. Militar.

Art. 8º do ADCT. Promoção. Quadro diverso. Impossibilidade. Recurso extraordinário

não provido.

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a questão. O Tribunal,

por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral da questão

constitucional suscitada. No mérito, por maioria, reafirmou a jurisprudência dominante

sobre a matéria, vencido o Ministro Marco Aurélio. Não se manifestaram os Ministros

Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia." (grifou-se) [1]

12. Conforme ressaltado pelo Exmo. Sr. Ministro Relator, Gilmar Mendes:

"Verifico que esta Corte possui jurisprudência pacífica no sentido de que as promoções

dos anistiados restringem-se ao quadro a que pertencia o militar na ativa. Nesse

sentido, destacam-se os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. ANISTIA. MILITAR. ART. 8º DO ADCT.

PROMOÇÕES RESTRITAS AO QUADRO QUE FOI INTEGRADO PELO ANISTIADO. O

que o art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias exige para a

concessão de promoções, na aposentadoria ou na reserva, é a observância, apenas, dos

prazos de permanência em atividade inscritos nas leis e regulamentos vigentes, no

entanto, referidas promoções só podem ocorrer dentro dos quadros que foram

integrados pelo anistiado. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE-AgR

630.868/RJ, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 18.9.2012)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MILITAR. ANISTIA. ART.

8º DO ADCT. PROMOÇÃO. QUADRO DIVERSO. ANÁLISE DE NORMA

INFRACONSTITUCIONAL. AGRAVO IMPROVIDO. I O Supremo Tribunal Federal, no

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 7

2/12/2015 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312

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julgamento do RE 165.438/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, afirmou que as promoções

concedidas na forma do art. 8º do ADCT devem observar os prazos de permanência em

atividade e desde que ocorram dentro do mesmo quadro da carreira militar. II Para

analisar a estrutura da carreira militar, necessário seria o reexame da legislação

infraconstitucional aplicável à espécie (Estatuto dos Militares Lei 6.880/1980), de

forma que a afronta à Constituição, se ocorrente, seria indireta. III - Agravo regimental

improvido. (RE-AgR 610.191/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe

7.11.2011)

Ante o exposto, manifesto-me pelo reconhecimento da repercussão geral da matéria

constitucional debatida nos autos, para reafirmar a jurisprudência desta Corte no

sentido de que as promoções dos anistiados se restringem ao quadro a que pertencia o

militar na ativa e, consequentemente, na linha de jurisprudência desta Corte, conheço

do presente agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário." (grifou-se)

13. Aplica-se à referida decisão judicial o art. 543-B da Lei nº 5.869/1973 (Código de Processo Civil),

in verbis:

"Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica

controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento

Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da

controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até

o pronunciamento definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-

ão automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão

apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que

poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos

termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à

orientação firmada.

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições

dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral."

14. Ulteriormente, no Agravo de Instrumento 849.164, o Exmo. Sr. Ministro Relator, Teori Zavascki,

proferiu decisão embasada no julgamento da ARE 799.908. Desse modo, reafirmou-se "a jurisprudência dominante

do Supremo Tribunal Federal sobre a questão, no sentido de que as promoções dos anistiados restringem-se ao

quadro a que pertencia o militar em atividade, ou seja, não podendo ser promovido a cargo diferente da sua

carreira". Nesse julgado, salientou-se que a anterior decisão prolatada na ARE 799.908 possui "especial eficácia

vinculativa", impondo-se "sua aplicação, nos mesmos termos, aos casos análogos" [2].

15. A esse respeito, o PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU, da Consultoria Jurídica

junto ao Ministério da Defesa, externa o seguinte entendimento:

"7. O tema analisado por ocasião do Agravo em Recurso Extraordinário nº 799908

RG/RJ constitui matéria repetitiva, e, reconhecida sua repercussão geral, foi processado

sob o regime dos recursos extraordinários múltiplos.

8. A partir daí, a decisão proferida pelo E. Supremo Tribunal passa a transcender os

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Parecer AGU 1160 (2451487) SEI 08850001798201683 / pg. 8

2/12/2015 https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312

https://sapiens.agu.gov.br/documento/5449312 6/11

interesses subjetivos envolvidos naquele caso específico e adquire nuances de defesa da

ordem constitucional objetiva. Quer isso significar que a decisão, tomada em abstrato

segundo esse critério, resolverá a questão em tese e passará a orientar as decisões dos

demais Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais quando da

apreciação de controvérsia idêntica.

[...]

10. Assim, a decisão proferida pelo E. Supremo Tribunal Federal passa a ser

vinculante para os demais Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais,

que, diante dos recursos sobrestados na forma do acima mencionado art. 543-B, §1º, do

CPC, deverão declará-los prejudicados ou retratar-se.

11. Observe-se que os fundamentos da decisão se tornam vinculantes tanto para os

processos futuros quanto para os processos já julgados. Em outras palavras, se a

decisão colegiada de origem estiver em consonância com a decisão proferida pelo

Supremo Tribunal Federal no regime do processamento dos recursos múltiplos, o

recurso extraordinário respectivo há de ser, ainda na origem, considerado prejudicado.

Por outro lado, nas mesmas circunstâncias, se a decisão colegiada de origem vier a

contrariar a decisão paradigma proferida pela Suprema Corte, o recurso

extraordinário é encaminhado para que seja viabilizada a retratação pelo órgão

original."

16. Assim, ao interpretar o mérito da decisão proferida no ARE 799.908, o PARECER nº

00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU consignou que são "resguardadas ao anistiado político todas as promoções

a que faria jus se na ativa estivesse, desde que respeitado o quadro por ele ocupado quando atingido pelo ato de

exceção" (grifou-se).

17. Embora a Secretaria-Geral de Contencioso tenha proposto "encaminhar a presente demanda, via

Sapiens, ao DAE/SGCT", isto ocorreu para os fins da "Portaria AGU n° 380/2014" [3]. Esta norma trata da

atuação dos Advogados da União e dos Procuradores Federais com exercício em órgãos de representação judicial,

disciplinando os "procedimentos a serem adotados em caso de desistência e não interposição de recurso

extraordinário e do recurso de agravo previsto no artigo 544 do Código de Processo Civil". Portanto, não se trata

de procedimentos afetos aos órgãos consultivos da Advocacia-Geral da União, a exemplo desta CONJUR/MJ e

da Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa.

18. Por conseguinte, cabe à Coordenação de Estudos e Pareceres emitir pronunciamento consultivo,

visando orientar a Comissão de Anistia acerca do tema. Desse modo, atender-se-á ao DESPACHO Nº

482/2015/CJGAB/CONJUR-MJ/CGU/AGU, firmado pelo Sr. Consultor Jurídico do Ministério da Justiça.

19. Traçadas essas considerações, leia-se o teor do PARECER nº 00773/2015/CONJUR-

MD/CGU/AGU:

"16. No que se refere às promoções já concedidas pela Comissão de Anistia do

Ministério da Justiça em desacordo com a decisão proferida pelo E. Supremo Tribunal

Federal, temos, s.m.j., que, respeitado o prazo decadencial e observados os princípios do

devido processo legal e da ampla defesa, a revisão dos referidos atos encontra-se

inserida no poder de autotutela da Administração Pública.

[...]

20. No caso da questão de fundo, ao conceder promoções para além do quadro a que

pertencia o anistiado político, a Portaria anistiadora torna-se ato eivado de

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inconstitucionalidade, vez que, ao interpretar o art. 8º do ADCT, o E. Supremo Tribunal

Federal assentou seu entendimento no sentido de que há necessidade de observância do

quadro de carreira a que o militar pertencia à época do ato de exceção, pelo que o

anistiado político militar não faz jus à promoção a carreira diversa da que pertencia

quando em atividade.

21. As promoções concedidas em descompasso com a decisão proferida pelo E.

Supremo Tribunal Federal, decerto, desgarram-se das normas constitucionais que lhes

serviriam de fundamento e merecem, portanto, ser invalidadas." (grifou-se)

20. Este posicionamento toma por base os arts. 53 e 54 da Lei nº 9.784/1999, ipsis litteris:

"Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de

legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados

os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram

efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que

foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da

percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade

administrativa que importe impugnação à validade do ato."

21. Nesse contexto, o PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU invoca a Súmula nº 473,

do Supremo Tribunal Federal:

"A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os

tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de

conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em

todos os casos, a apreciação judicial."

22. Em complemento, pode-se ainda citar a Súmula nº 346, do Supremo Tribunal Federal, com o

seguinte teor: "A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos".

23. Entretanto, o PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU faz a seguinte ressalva, com

esteio no art. 54 da Lei nº 9.784/1999:

"23. Com efeito, em regra geral, decai o direito da Administração de desconstituir seus

atos eivados de ilegalidade em 5 (cinco) anos. Todavia, obsta a decadência e constitui

exercício do direito de anular qualquer atuação ou medida adotada pela autoridade

competente que importe impugnação à validade do ato administrativo.

24. Assim é que, s.m.j., antes de eventualmente se declarar a decadência do direito de

anular, sugere-se sejam analisadas as situações em concreto nos seus mais completos

nuances e desdobramentos, de modo a que se verifique, com a máxima cautela, se houve,

em cada caso específico, qualquer medida, manifestação ou atuação da Administração

Pública tendente a impugnar a validade das promoções concedidas em descompasso

com a decisão proferida em repercussão geral sob o regime dos processos múltiplos pelo

E. Supremo Tribunal Federal."

24. Como é sabido, a Comissão de Anistia possui suas atribuições dispostas na Lei nº 10.559/2002 e

no Decreto nº 6.061/2007, nos termos que seguem:

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Lei nº 10.559/2002:

"Art. 10. Caberá ao Ministro de Estado da Justiça decidir a respeito dos requerimentos

fundados nesta Lei.

[...]

Art. 12. Fica criada, no âmbito do Ministério da Justiça, a Comissão de Anistia, com a

finalidade de examinar os requerimentos referidos no art. 10 desta Lei e assessorar o

respectivo Ministro de Estado em suas decisões.

§ 1o Os membros da Comissão de Anistia serão designados mediante portaria do

Ministro de Estado da Justiça e dela participarão, entre outros, um representante do

Ministério da Defesa, indicado pelo respectivo Ministro de Estado, e um representante

dos anistiados.

§ 2o O representante dos anistiados será designado conforme procedimento

estabelecido pelo Ministro de Estado da Justiça e segundo indicação das respectivas

associações.

§ 3o Para os fins desta Lei, a Comissão de Anistia poderá realizar diligências, requerer

informações e documentos, ouvir testemunhas e emitir pareceres técnicos com o objetivo

de instruir os processos e requerimentos, bem como arbitrar, com base nas provas

obtidas, o valor das indenizações previstas nos arts. 4o e 5o nos casos que não for

possível identificar o tempo exato de punição do interessado.

§ 4o As requisições e decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Justiça nos

processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta

dias, por todos os órgãos da Administração Pública e quaisquer outras entidades a que

estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária.

§ 5o Para a finalidade de bem desempenhar suas atribuições legais, a Comissão de

Anistia poderá requisitar das empresas públicas, privadas ou de economia mista, no

período abrangido pela anistia, os documentos e registros funcionais do postulante à

anistia que tenha pertencido aos seus quadros funcionais, não podendo essas empresas

recusar-se à devida exibição dos referidos documentos, desde que oficialmente

solicitado por expediente administrativo da Comissão e requisitar, quando julgar

necessário, informações e assessoria das associações dos anistiados." (grifou-se)

Anexo I do Decreto nº 6.061/2007:

"Art. 7º À Comissão de Anistia compete:

I - examinar os requerimentos de anistia política e assessorar o Ministro de Estado da

Justiça em suas decisões, nos termos da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002;

II - implementar e manter o Memorial de Anistia Política do Brasil e seu acervo; e

III - formular e promover ações e projetos sobre reparação e memória, sem prejuízo das

competências de outros órgãos."

25. Evidentemente, a temática da anistia envolve toda uma gama de processos, sendo recomendável

seguir parâmetros jurídicos uniformes em sua condução. Nestes autos, o Memorando nº 96 DEORG/SEORI/SG-

MD narra que "a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (CA/MJ) está concedendo anistia, desde 2002, aos

sargentos e aos subtenentes/suboficiais, conforme previsto na Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, e

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promovendo-os ao posto de Capitão com os proventos de Major" (grifou-se).

26. Por oportuno, impende esclarecer que a cabe à Comissão de Anistia "examinar os requerimentos

de anistia política e assessorar o Ministro de Estado da Justiça em suas decisões, nos termos da Lei nº 10.559, de

13 de novembro de 2002" (vide art. 7º, inciso I, do Anexo I do Decreto nº 6.061/2007). Assim, compete ao Exmo.

Sr. Ministro proferir decisão final, tanto na concessão das anistias como também na eventual anulação desses atos

administrativos.

27. No entanto, pelo exame deste processo, não se vê qualquer manifestação da Comissão de Anistia,

relativamente ao que consta nos autos. Com efeito, o PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU

sugere que "as promoções já concedidas pela CA/MJ em desacordo com a decisão proferida pelo STF devem ser

revistas, desde que respeitado o prazo decadencial e observados os princípios do devido processo legal e da ampla

defesa, como decorrência do poder de autotutela da Administração Pública".

28. Assim, insta colher manifestação da Comissão de Anistia, até mesmo em razão do princípio da

segurança jurídica, assim elucidado por Celso Antônio Bandeira de Mello:

"Ora bem, é sabido que a ordem jurídica corresponde a um quadro normativo proposta

precisamente para que as pessoas possam se orientar, sabendo, pois, de antemão, o que

devem ou o que podem fazer, tendo em vista as ulteriores consequências imputáveis a

seus atos." [4]

29. De todo modo, é certo que este procedimento já pode ser considerado como "medida de

autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato", em consonância com o art. 54, § 2º, da Lei nº

9.784/1999 (que rege o prazo de decadência para anulação). Por consequência, recomenda-se que a Comissão de

Anistia adote as seguintes providências:

a) juntar cópia destes autos a cada um dos processos de anistia, cujo contexto fático-jurídico se

enquadre no PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU;

b) ulteriormente, em cada um dos mencionados processos, sejam intimados os respectivos

interessados, a fim de que se manifestem de acordo com os princípios do contraditório e da ampla defesa;

c) em seguida, caberá à Comissão de Anistia examinar cada processo e encaminhar os

respectivos autos à deliberação final do Exmo. Sr. Ministro de Estado da Justiça.

30. Tais precauções se mostram necessárias, vez que o PARECER nº 00773/2015/CONJUR-

MD/CGU/AGU corretamente salienta o que segue:

"[...] ao dar início ao procedimento de invalidação dos referidos atos eivados de

ilegalidade e inconstitucionalidade, a Administração Pública não pode se dissociar dos

princípios da legalidade, ampla defesa, contraditório e segurança jurídica [...]."

31. Como bem aduz José Afonso da Silva:

"O princípio da legalidade é a nota essencial do Estado de Direito. É, também, por

conseguinte, um princípio basilar do Estado de Democrático de Direito, como vimos,

porquanto é da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na

legalidade democrática." [5]

32. Ademais, convém transcrever a doutrina de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, relativamente à

anulação dos atos administrativos:

"A anulação feita pela própria Administração independe de provocação do interessado

uma vez que, estando vinculada ao princípio da legalidade, ela tem o poder-dever de

zelar pela sua observância. No entanto, vai-se firmando o entendimento de que a

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anulação do ato administrativo, quando afete interesses ou direitos de terceiros, deve

ser precedida do contraditório, por força do artigo 5º, LV, da Constituição." (grifou-se)

[6]

33. Por derradeiro, no que concerne às "promoções que tenham sido asseguradas aos anistiados por

decisão judicial" [7], tal exame não se insere nas atribuições desta Coordenação de Estudos e Pareceres. Isso

porque a manifestação quanto a processos judiciais específicos compete à Coordenação do Contencioso Judicial

desta Consultoria Jurídica, em observância ao Regimento Interno aprovado pela Portaria MJ nº 1.148, de 11 de

junho de 2008 [8]. Obviamente, essa análise deve ser precedida por pronunciamento do órgão de representação

judicial da União, relativamente à força executória das decisões proferidas pelo Poder Judiciário.

III - CONCLUSÃO

34. Ante o exposto, opina-se pelo encaminhamento deste processo à Comissão de Anistia,

requerendo-lhe o obséquio de adotar as providências elencadas no parágrafo 29, supra. Caso haja ponderações ou

questionamentos acerca do tema, poderá o referido órgão volver os autos a esta CONJUR/MJ, solicitando exame

de outros aspectos jurídicos eventualmente necessários, de modo a subsidiar uma decisão final do Exmo. Sr.

Ministro de Estado da Justiça.

35. No mais, ressalte-se que esta manifestação opinativa toma por base, exclusivamente, os elementos

que constam nos autos até a presente data. Destarte, à luz da Constituição Federal de 1988 e da Lei

Complementar nº 73/1993, incumbe a esta Coordenação de Estudos e Pareceres prestar consultoria sob o prisma

estritamente jurídico, não lhe competindo analisar critérios de conveniência e oportunidade, examinar aspectos de

natureza técnico-administrativa e orçamentária nem atestar a força executória de decisões judiciais.

É o parecer.

À consideração superior.

Brasília, 27 de novembro de 2015.

ROMMEL MADEIRO DE MACEDO CARNEIRO

ADVOGADO DA UNIÃO

[1] SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário. Repercussão Geral no Recurso Extraordinário com Agravo

799.908 Rio de Janeiro. Relator: Min. Gilmar Mendes. DJe de 04.06.2014.

[2] SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo de Instrumento 849.164 Rio Grande do Norte. Relator: Min.

Teori Zavascki. DJe de 30.04.2015.

[3] Vide a NOTA AGU/SGCT/IMB/N° 007/2015.

[4] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2008,

p. 124.

[5] SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p.

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420.

[6] DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 244.

[7] Essas promoções também são mencionadas no PARECER nº 00773/2015/CONJUR-MD/CGU/AGU.

[8] "Art. 8º À Coordenação do Contencioso Judicial compete preparar as informações que devam ser

prestadas pelo Ministro de Estado e as solicitadas pelos órgãos da Advocacia-Geral da União, referentes

a processos judiciais de interesse do Ministério da Justiça, seus órgãos autônomos e vinculados.

Art. 9º À Divisão de Informações Judiciais compete:

(...)

II - examinar as ordens e sentenças judiciais dirigidas ao Ministério da Justiça e propor a orientação a

ser seguida para o seu devido cumprimento; e

III - emitir pareceres e informações em assuntos pertinentes à sua área de competência." (grifou-se)

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante o

fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 60530000566201560 e da chave de acesso 686200b8

Documento assinado eletronicamente por ROMMEL MADEIRO DE MACEDO CARNEIRO, de acordo com os

normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 5449312

no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br, após cadastro e validação do acesso. Informações adicionais:

Signatário (a): ROMMEL MADEIRO DE MACEDO CARNEIRO. Data e Hora: 27-11-2015 15:45. Número de

Série: 117305083526752630848868771420251727400. Emissor: AC OAB G2.