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Terminámos um ano litúrgico com a festa de Jesus Cristo, Rei do Univer- so. Jesus, porém, alerta-nos de que o seu poder sobre o mundo vai muito além da nossa visão, frequentemente tão superficial e mesquinha. O poder de Jesus baseia-se no seu amor incon- dicional por todos os homens e na sua misericórdia e compaixão. Iniciámos um novo ano litúrgico com o Advento; eis o tempo de pre- paração para a celebração do Natal: a grande festa da solida- riedade e da comunhão, como caminho da alegria e da paz. «O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; Deus visitou o seu povo.» Esta é a verdadeira Boa Nova que nós cristãos recebemos de Deus e temos a obrigação de partilhar com todos, sempre e em todos os lugares. «Ide pelo mun- do inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16,15). O Advento é antes que tudo um convite de Deus; uma oportunidade única de conversão. O Senhor Jesus deseja entrar nas nossas vidas e dar- nos novas razões para viver: «Eu es- tou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei e cearei com ele» (Ap 3, 20). O convite e a oferta não poderiam ser mais claros. Contudo, o grande desafio está na resposta que deve e só pode ser dada por cada um de nós. «Deixa Deus entrar na tua própria casa, deixa-te tocar pela sua graça. Dentro, em segredo, reza-lhe sem medo: Senhor, Senhor, que queres que eu faça» Parece que o grande segredo está em «ouvir», «acreditar», «confiar», «acolher» e «abrir». Mas quais são os caminhos do Senhor? Onde e como os podemos preparar? Jesus falou-nos da bele- za do encontro com o Pai. Foi isto mesmo que e o dinamismo para a toda a sua missão: «Assim como o Pai me tem amor, Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). O Papa Bento XVI não se tem cansado de partilhar connosco vá- rias maneiras de encontrarmos e acolhermos o nosso Deus. Dá voz às nossas alegrias e esperanças, cansaços e esforços, ideais e aspirações que são próprias de cada um de nós como discípulos de Jesus e ci- dadãos do mundo: «Estamos a viver num mundo onde o desemprego é preocupante, onde a criminalidade fre- quente e atroz fere o teci- do social.» Mas também nos oferece palavras de esperança e alento: «Não tenhais medo de viver e dar testemu- nho da fé nos distintos âmbitos da sociedade, nas múltiplas situações da existência humana… não cedais nun- ca à tentação do pessimismo e de vos fechardes em vós mesmos. Recorrei aos recursos de vossa fé e de vossas ca- pacidades humanas; esforçai-vos por crescer na capacidade de colaborar, de cuidar do outro e de todo o bem público, guardai o vestido de bodas do amor; perseverai no testemunho dos valores humanos e cristãos tão profundamente enraizados na vossa fé e na vossa história.» logo no início da Sua vida aqui na terra repetiu aos seus pais: «Não sabeis que devo ocupar-me com as coisas do Meu Pai?» Sim, Jesus fez da sua vida uma verdadeira experiência do encontro com Deus. Nesse encontro frequente, pessoal e livre com Deus, seu Pai, Je- sus sentiu a plenitude da comunhão

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Page 1: Advento: convite e oferta de Deus - Missionários Combonianos · Sempre gostei muito do tempo de Natal. Lembro-me da minha infância e de, como criança, o vivíamos em família

Publicação BIMESTRAL

Nº 214 Novembro-Dezembro 2011

ISSN 0871-5688 l PREÇO - 0,10 (IVA incluído)

Advento: convite e oferta de Deus

Por P.e Francisco [email protected]

Terminámos um ano litúrgico com a festa de Jesus Cristo, Rei do Univer-so. Jesus, porém, alerta-nos de que o seu poder sobre o mundo vai muito além da nossa visão, frequentemente tão superfi cial e mesquinha. O poder de Jesus baseia-se no seu amor incon-dicional por todos os homens e na sua misericórdia e compaixão.

Iniciámos um novo ano litúrgico com o Advento; eis o tempo de pre-paração para a celebração do Natal: a grande festa da solida-riedade e da comunhão, como caminho da alegria e da paz. «O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; Deus visitou o seu povo.» Esta é a verdadeira Boa Nova que nós cristãos recebemos de Deus e temos a obrigação de partilhar com todos, sempre e em todos os lugares. «Ide pelo mun-do inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16,15).

O Advento é antes que tudo um convite de Deus; uma oportunidade única de conversão. O Senhor Jesus deseja entrar nas nossas vidas e dar-nos novas razões para viver: «Eu es-tou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei e cearei com ele» (Ap 3, 20).

O convite e a oferta não poderiam ser mais claros. Contudo, o grande desafi o está na resposta que deve e só pode ser dada por cada um de nós.

«Deixa Deus entrar na tua própria casa, deixa-te tocar pela sua graça. Dentro, em segredo, reza-lhe sem medo: Senhor, Senhor, que queres que eu faça» Parece que o grande segredo está em «ouvir», «acreditar», «confi ar», «acolher» e «abrir».

Mas quais são os caminhos do Senhor? Onde e como os podemos preparar? Jesus falou-nos da bele-za do encontro com o Pai. Foi isto

mesmo que

e o dinamismo para a toda a sua missão: «Assim como o Pai me tem amor, Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9).

VEM, SENHOR JESUS

O Papa Bento XVI não se tem cansado de partilhar connosco vá-rias maneiras de encontrarmos e acolhermos o nosso Deus. Dá voz às nossas alegrias e esperanças, cansaços e esforços, ideais e aspirações que são

próprias de cada um de nós como discípulos de Jesus e ci-dadãos do mundo: «Estamos a viver num mundo onde o desemprego é preocupante, onde a criminalidade fre-quente e atroz fere o teci-do social.» Mas também nos oferece palavras de esperança e alento: «Não

tenhais medo de viver e dar testemu-nho da fé nos distintos âmbitos da sociedade, nas múltiplas situações da existência humana… não cedais nun-ca à tentação do pessimismo e de vos fechardes em vós mesmos. Recorrei aos recursos de vossa fé e de vossas ca-pacidades humanas; esforçai-vos por crescer na capacidade de colaborar, de cuidar do outro e de todo o bem público, guardai o vestido de bodas do amor; perseverai no testemunho dos valores humanos e cristãos tão profundamente enraizados na vossa fé e na vossa história.»

«NATAL: festa da solidariedade e da

comunhão, caminho da alegria e da paz»

logo no início da Sua vida aqui na terra repetiu aos seus pais: «Não sabeis que devo ocupar-me com as coisas do Meu Pai?»

Sim, Jesus fez da sua vida uma verdadeira experiência do encontro com Deus. Nesse encontro frequente, pessoal e livre com Deus, seu Pai, Je-sus sentiu a plenitude da comunhão

Pintura de P.e João Marques, na igreja da Apelação

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2 FAMÍLIA COMBONIANA

A paz tem rosto femininoPor P.e António Carlos

[email protected]

Justiça e Paz

O prémio Nobel da Paz foi este ano atribuído a três mulheres que se distinguiram

pela defesa dos direitos da mulher e promoção da democracia. As duas

liberianas e a iemenita representam o contributo feminino na construção da paz.

O Vaticano, na pessoa do presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz, cardeal Peter Turkson, felicitou as mulheres que receberam o Nobel da Paz este ano. «É algo muito encorajador para as mulheres, uma vez que as iniciativas foram reconhecidas em nível mundial; é algo muito positivo e um bom sinal também para as outras mulheres e um bom encorajamento para outras iniciativas», ressaltou o cardeal.

D. Peter Turkson reconhece o trabalho da presidente liberiana Ellen Johnson em favor da reconstrução do país após a guerra civil de 1989 a 2003. Citando também as outras laureadas, que além de lutarem pela democracia, lutaram contra toda e qualquer discriminação em relação às mulheres.

«Estou feliz que o mundo aprecie tais iniciativas. Dou o meu apoio à ativista do Iémen por aquilo que fez. Aprecio que a comunidade internacional tenha reconhecido o trabalho destas mulheres», disse D. Peter Turkson.

A decisão de premiar com o Nobel da Paz Ellen Johson Sirleaf, Leymah Gbowee, ambas da Libéria, e Tawakkul Karman, do Iémen, vem confi rmar o papel decisivo das mulheres na edifi ca-ção de sociedades mais justas, pacífi cas e desenvolvidas. Foi em países e em contextos extremamente difíceis que estas três senhoras viveram e atuaram em favor da paz, tendo elas sofrido na pele as consequências do seu compromisso: es-tiveram várias vezes na prisão.

O comité do Nobel da Paz justifi cou a sua decisão de as galardoar pela sua «luta não violenta a favor da se-gurança das mulheres e dos seus direitos de plena participação na construção da paz». Além disto, com a suas escolha o referido comité quer pressionar a so-

ciedade em geral para que as mulheres tenham a mesma infl uência que os ho-mens a todos os níveis da sociedade.

Ellen Johnson Sirleaf é a primeira presidente feminina eleita em África. Desde a sua tomada de posse, em 2006,

contribuiu para a defesa da paz na Li-béria, a promoção do desenvolvimento económico e social e para o fortaleci-mento do estatuto das mulheres no país. Sirleaf, 72 anos, é vista como o «símbolo

de uma nova África», por ter conseguido colocar a Libéria no «caminho da paz, da reconciliação e da democracia», após décadas de confl ito armado.

A sua compatriota, Leymah Gbowee, é uma militante pacifi sta que contribuiu

para pôr fi m a guerras civis que ocorreram na Libéria até 2003. Depois de ter participado em movimentos antivio-lência, esta mulher de 39 anos passou a ser co-nhecida na cena interna-cional como a Guerreira da Paz. Contra a guerra, Leymah Roberta Gbo-wee fez com que muitas mulheres começassem a rezar pela paz sem dis-

tinção de religião e vestidas de branco.Tawakkul Karman, jornalista de 32

anos, é a primeira mulher árabe a ser dis-tinguida com o Nobel. É um dos rostos mais conhecidos da oposição ao regime do presidente Ali Abdallah Saleh, tendo liderado os protestos pacífi cos contra o regime. Presidente da organização Mulheres Jornalistas sem Correntes, um grupo que defende a liberdade de expressão, Tawakel Karman desenvolve o seu ativismo desde 2007.

O prémio da Paz é visto como um sinal a favor da ascensão das mulheres a lugares de decisão política e económica, sobretudo nos países em desenvolvi-mento. É ainda um alerta e pedido ao mundo para acabar com a opressão contra as mulheres e reconhecer o po-tencial que têm na construção da paz e da democracia.

Vaticano felicita mulheres

Da esquerda para a direita: Ellen Johson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkul

Karman

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FAMÍLIA COMBONIANA 3

Espiritualidade

da incarnação

Para a Missão em Portugal e na Europa

Por P.e Victor Dias [email protected]

Espiritualidade

da incarnaçãoSempre gostei muito do

tempo de Natal.

Lembro-me da minha

infância e de, como

criança, o vivíamos em

família.

Os momentos passados à volta da lareira, os jogos de cartas e aos pinhões, o presépio em casa e na paróquia, a ár-vore de Natal, os presentes, o Pai Natal que descia pela chaminé abaixo… eram verdadeiramente momentos de muita alegria. Todavia, não exagero nada se dis-ser que de algum modo tenho saudades daqueles tempos da minha infância.

Lembro-me também dos 15 anos que passei como missionário nas Filipinas, e de como lá se celebra o Natal. A partir de setembro, já se veem sinais de Natal por todo o lado!... E as nove missas do galo, na novena de Natal, às 4 horas da manhã!...

Cristo é o mais importante

Quem sabe se o facto de o Natal ser hoje menos «comercializado» – por causa da crise! – nos pode ajudar a con-centrar no essencial! Que assim seja.

O mais importante no Natal é Jesus Cristo. É um tempo especial para darmos graças a Deus por nos ter dado o mais maravilhoso de todos os presentes e graças: Jesus, o seu Filho unigénito. Em Cristo, Deus assume a nossa natureza, reveste-Se de uma face humana, e entra direta e defi nitivamente na nossa his-tória. No Natal, o nosso Deus torna-Se o Emanuel, o Deus connosco e dentro de nós.

Na encíclica missionária, Redemp-

toris Missio, o Papa João Paulo II, no capítulo sobre a espiritualidade missio-nária, descreve o mistério da Incarnação como o total aniquilamento de Cristo para experimentar totalmente a nossa condição humana, em obediência total e perfeita ao plano de salvação de Deus, seu Pai.

O mistério da Incarnação está de facto diretamente relacionado com a espiritualidade missionária, pois revela o modo que Deus escolheu para entrar

humanos, possamos participar na sua divindade. Que mistério maravilhoso! Nós não somos somente humanos… somos também divinos! O nosso corpo é templo do Espírito Santo, e morada de Deus Altíssimo! Somos «sacrários vivos» de Deus no mundo.

Jesus nasceu em Belém, e viveu num determinado e concreto momento histórico. Cresceu entre os Judeus, par-tilhou a cultura judaica, mas também se encontrou com pessoas de outras culturas. E a todos proclamou a Boa Nova. Entrou em diálogo com eles, reconheceu os seus valores com muito respeito pela sua cultura, denunciou os seus limites e fraquezas com o mesmo respeito, e a todos enriqueceu com a sua mensagem divina de salvação. Para usar a nossa linguagem hodierna, podemos dizer que Jesus cumpriu a sua missão através de um real e profundo processo de inculturação.

Encarnação e inculturação

O mistério da Incarnação é de facto o modo mais perfeito de inculturação… não feito através de teorias e ideias bo-nitas, mas com a própria experiência de vida. Cristo entrou diretamente na histó-ria e nas culturas do seu tempo, e é para nós o verdadeiro exemplo e modelo para «darmos vida a Deus» na nossa socie-dade. Deus quer entrar diretamente na nossa história humana para nos ajudar e para nos salvar. E há tantas histórias de povos onde Jesus ainda não entrou. É tempo para abrirmos totalmente as portas da nossa sociedade e dos nossos corações a Cristo Jesus… Então será verdadeiramente Natal.

Mãe e filha filipinas

pessoalmente na nossa história humana, para proclamar a sua mensagem de sal-vação e viver até às últimas consequên-cias a sua mensagem de amor e salvação para todos os povos.

Deus dialoga com a Humanidade

A Incarnação de Cristo é o modo mais perfeito e mais profundo que Deus usou para entrar em diálogo de palavra e de vida com cada ser humano. Na sua natureza divina, Ele também assumiu a nossa natureza humana, para que nós,

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6 FAMÍLIA COMBONIANA

Jovem leiga ensina informática em Moçambique

Diário da missão

O desejo de viver uma experiência de missão junto dos mais desfavoreci-dos nasceu na minha infância, muito devido às fortes imagens de guerra que chegavam dos países africanos. Este de-sejo ganhou novos contornos quando oP.e João Costa, comboniano, esteve no meu concelho a fazer animação missionária. O seu testemunho sobre a sua experiência no Congo foi atraente.

Adesão aos LMC

Em 2008, depois de tomar conhecimento da existência dos Leigos Missionários Combo-nianos (LMC), através do seu blogue na Internet, juntei-me ao movimento. Preparei-me duran-te dois anos, fi z uma caminhada de discernimento, aprofundei a minha fé e a espiritualidade com-boniana e vivi uma experiência de vida comunitária de dois

Liliana Ferreira, de Miranda do Corvo, 30 anos, é leiga missionária comboniana.

Trabalha na paróquia de Benfica, em Maputo, Moçambique. Conta ela que o receio

inicial deu lugar à autoconfiança e hoje sente-se feliz a ensinar Informática.

meses. Após este período de formação, fui enviada, em 2010, para Moçambique, por dois anos.

Aprender, também

Em Moçambique, estou a viver na paróquia S. Francisco Xavier do Benfi ca, em Maputo, com outra leiga missionária comboniana do Brasil. Dou catequese e

acompanho um grupo de adolescentes. Como atividade profi ssional, estou a dar formação em Informática a estudantes e desempregados.

De inicio tive algumas difi culdades em me adaptar, já que não estava habituada a passar tanto tempo fechada numa sala, o meu trabalho foi sempre ao ar livre... Dar aulas é algo que nunca tinha feito,

mas empenho-me e dedico-me, e como só sabia o básico, tive de estudar muito para melhor poder ensinar. É interessante comprovar que na missão não só se ensina mas também se aprende.

Tenho crescido na confi ança e a ultrapassar o medo de falar perante um grupo. Vou conti-nuar a entregar-me aos desafi os que Deus me propõe, abraçando a Cruz como força divina que edifica a minha fé e me leva a caminhar.

Quem são?Os Leigos Missionários Combonianos (LMC) são cris-

tãos que vivem a sua vocação no ambiente familiar, escolar, profi ssional e eclesial em que estão inseridos. Sentem o cha-mamento de seguir Jesus segundo um carisma específi co: o carisma comboniano.

Quais os requisitos?Ter mais de 21 anos, fé madura, saúde física e mental,

vontade de partilhar a vida com pessoas de culturas e reli-giões diferentes, disponibilidade para partir em missão por um período de pelo menos dois anos.

Qual o programa de formação?O caminho formativo dura dois anos. As sessões de

formação decorrem num fi m de semana por mês. O pri-

meiro ano é dedicado ao discernimento da vocação laical e missionária no contexto da Família Comboniana. O segundo ano é de aprofundamento com vista à partida para a missão.

Quem contactar?Pedro Moreira: Tlm: 967 678 315; E-Mail: Pn.moreira@

hotmail.comMaria Augusta: Tlm: 960 493 401; E-Mail: maugustap-

[email protected] Paulo Emanuel: Tlm: 914 495 534; E-Mail: pauloe-

[email protected]

Para saber maishttp://leigosmissionarioscombonianos.blogs.sapo.ptwww.combonianos.pt

LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

Liliana Ferreira com aluno e alunas

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FAMÍLIA COMBONIANA 7

Linha directa

«Graças à persistência,consegui entrar no seminário»

Este ano, o Ir. António Borges completa 50 anos de vida religiosa. Como é que surgiu o seu desejo de ser missionário comboniano?

Quando tinha 18 anos, fazia parte da Ação Católica e tínhamos alguns en-contros em Viseu a nível diocesano. Por vezes íamos ao Seminário das Missões. A partir daí comecei a simpatizar com os Combonianos. Entrei em contacto com um dos missionários, o P.e Severino Peano. A minha família não queria que eu saísse de casa. No entanto, eu persisti no meu desejo de ir para o seminário e

foi assim que dei entrada no seminário das missões a 1 de maio de 1959.

Que acontecimento mais o marcou e fez feliz ao longo da sua vida mis-sionária?

No início da minha vida missioná-ria em Moçambique, recordo-me que muitas pessoas valorizavam muito o trabalho do Irmão. Uma vez, alguém veio pedir-me um favor, e respondi-lhe que se dirigisse ao meu colega padre. A pessoa retorquiu-me: «O Irmão é mais dos nossos, está mais junto de nós,

dades de Viseu e Maia. Em 1983, fui para o nordeste do Brasil, para São Domingos do Azeitão, pertencente à diocese de Balsas, no sul do Maranhão. Estive tam-bém em Paraibano e Miradouro. O meu trabalho era assistir os trabalhadores, mas também dedicava-me bastante à cateque-se, aos catequistas, à formação de líderes locais, leigos e leigas, para que levassem para a frente o trabalho missionário de catequizar, de anunciar o Evangelho, muitas vezes onde o padre não podia ir ou não podia fazer tudo. Sentia-me bastante realizado nesse sentido.

Atualmente está no Brasil. O que faz lá?

Estou em Teresina, no nordeste do Brasil, juntamente com o P.e Gregório dos Santos. O nosso trabalho consiste em administrar a casa comboniana de-dicada à assistência aos nossos missioná-rios idosos e doentes. Eu acompanho-os aos médicos e cuido deles.

Gosta do que faz?Cumpro o meu dever. A brincar, cos-

tumo dizer que sou um doente a cuidar de outros doentes, porque também eu sofro de uma doença crónica. O clima quente contribui para o meu cansaço.

Gostaria de deixar uma mensagem aos leitores da Família Comboniana, sobretudo aos doentes e idosos?

Temos de sofrer com muita paciência os achaques que Deus nos dá. Eu próprio sofro há muitos anos de dor ciática. É a cruz que levamos ao Calvário, vamo-nos conformando e aceitando a doença e ajudando os nossos irmãos. Eu vejo no sofrimento das pessoas a debilidade da pessoa humana, mas ao mesmo tempo é o Cristo sofredor que está a sofrer em nós. Então diria às pessoas que sofrem que Cristo também sofre em nós.

O Irmão António Borges, comboniano português, de S. Vicente de Lafões, distrito de Viseu, está a comemorar 50 anos de consagração missionária. Ao longo deste tempo, serviu as comunidades de Portugal, esteve em Moçambique e neste momento encontra-se no Brasil.

Ir. António Borges na procissão de ofertório durante a eucaristia

aos trabalhos manuais, acompanhava os operários, a construção de escolas e de algumas capelas no interior.

Em 1974, regressou a Portugal e fi cou alguns anos. Em 1983, vai para o Brasil. Conte-nos como viveu este tempo.

Em Portugal, dedicava-me à adminis-tração e outros trabalhos da comunidade: fui responsável pelas quintas das comuni-

trabalha connosco, temos vergonha de falar com o padre.» Também no Brasil as pessoas que nos contactam e colabo-ram connosco veem-nos como amigos, como irmãos.

Em 1968, partiu rumo a Moçambi-que, para a sua primeira experiência missionária. Qual foi o seu trabalho?

Dediquei-me à celebração da Palavra,

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8 FAMÍLIA COMBONIANA

«FAMÍLIA COMBONIANA»Propriedade: Missionários Combonianos do Coração de Jesus Pessoa Colectiva nº 500139989Diretor: António Carlos FerreiraRedação: Fernando Félix/Carlos ReisGrafi smo: Luís FerreiraArquivo: Amélia Neves

Redação e Administração: Calç. Eng. Miguel Pais, 91249-120 LISBOARedacção: Tel. 21 395 52 86 / Fax 21 397 03 44E-mail: [email protected]: Manuel Ferreira HortaAdministração: Fax: 21 390 02 46E-mail: [email protected]

Nº de registo: 104210Depósito legal: 7937/85Impressão:Jorge Fernandes, Lda.Rua Quinta do Conde Mascarenhas, 92825-259 CHARNECA DA CAPARICATiragem: 31.900 exemplares

Missão é notícia

Cenáculos de Oração Missionária festejam 25 anos

A todos os nossos amigos, benfeitores

colaboradores desejamos um

Santo Natal, com abundantes bênçãos

de paz e amor do Deus menino.

Em 2012, os Cenáculos

de Oração Missionária

(COM) celebram 25 anos

de existência. Liliane

Mendonça, uma jovem

membro de um COM, em

Matosinhos, explica o que

são hoje estes grupos

missionários.

O início deste movimento ocorreu em Vagos após um retiro, no Advento de 1987, com o P.e Claudino Ferreira, em que os participantes sentiram a ne-cessidade de dar continuidade àquele trabalho.

Os COM são pequenos grupos de fi éis cristãos integrados na vida da pa-róquia, que se reúnem para rezar sobre a Palavra de Deus e os acontecimentos do mundo. Neste ambiente de oração comunitária, realizam e apoiam a mis-são evangelizadora da Igreja.

Assim, os COM, como pequeno ce-

náculo de apóstolos, são como fogueiras que espalham a luz e o Evangelho e iluminam ao seu redor. Com o tempo, o crescimento espiritual de cada um dos seus membros torna-se visível. Even-tualmente, cada COM origina outro, passando o testemunho e encorajando nos primeiros tempos. Esta metodologia explica a expansão atual dos COM, que estão presentes de norte a sul do País e já ultrapassaram fronteiras (Itália, Congo, Brasil, entre outros).

Os Cenáculos dão um novo vigor missionário às paróquias, uma vez que, como células vivas do Coração Mis-sionário do Cristo do Pentecostes na paróquia, pelo testemunho e pela ação dos seus membros, irradiam a mesma vida e o mesmo calor que Dele recebem. Partilham também a espiritualidade dos institutos missionários, inspirada em S. Daniel Comboni.

Apesar de cada COM ter a sua própria estrutura e dinâmica, todos os encontros seguem as mesmas fases: acolhimento, anúncio do tema, oração inicial, invo-cação do Espírito Santo, leitura bíblica,

leitura missionária, reflexão sobre as leituras, oração espontânea a partir das leituras, oração pelo mundo, entrega dos COM, compromisso e oração fi nal.

Todos os COM têm um Núcleo de Animação que prepara os encontros e zela pela coesão do grupo. Além disso, em Portugal, estão ligados em rede, existindo um Núcleo Nacional que elabora diversas oportunidades de for-mação, encontros e livros que auxiliam no conhecimento bíblico, apostólico e litúrgico.

Aliás, o primeiro evento para celebrar as bodas de prata será no dia 1 de maio de 2012, no 5.º Encontro Nacional dos COM, que decorrerá na Maia.

A minha experiência como animado-ra de dois COM na paróquia de Guifões permite-me corroborar a transformação que acontece dentro de cada um dos elementos e do próprio grupo que, ao evangelizar-se, torna-se cada vez mais comprometido e consciente da sua res-ponsabilidade cristã.

Para mais informações, vá a www.combonianos.pt.