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Escola e comunidade: participação e ação em redes em favor da educação de crianças e jovens Carminha Brant de Carvalho - 2013

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Page 1: “Escola e comunidade: participação e ação em redes em ... · virtuosas entre escola e comunidade. Vivíamos em uma sociedade menos complexa e não tão urbanizada; ... pela

Escola e comunidade:

participação e ação em

redes em favor da educação

de crianças e jovens

Carminha Brant de Carvalho - 2013

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Relações escola e comunidade

relações escola e comunidade

• até aproximadamente os anos 60, do século

passado, falávamos naturalmente em relações

virtuosas entre escola e comunidade. Vivíamos

em uma sociedade menos complexa e não tão

urbanizada;

• depois, a velocidade das mudanças societárias

provocadas por avanços científicos e

tecnológicos, a globalização, a expansão

urbana,... trouxeram a tona uma sociedade

complexa;

• nela, a própria escola perdeu sua intimidade

com a comunidade.

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hoje: novos valores sócio-políticos

• um desses valores refere-se a participação e

negociação;

• no passado, tínhamos uma socialização

disciplinar e uma sociedade pautada na

hierarquia. Hoje temos uma socialização

negociadora e uma sociedade mais democrática

e mais igualitária no planos das relações;

• os cidadãos querem intervir na política pública e

nos serviços. Caso contrário deslegitimam os

serviços. Usam os serviços, mas se apartam

deles;

• alguns estudiosos falam em subjetivação da

política.

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novos valores sócio

políticos

• outro valor sócio-político refere-se a

busca da integralidade na atenção

aos cidadãos. Há uma crescente

insatisfação com a fragmentação e

setorialização dos serviços;

• não é por acaso que falamos tanto

em Educação Integral, Proteção

Integral, Cidades Educadoras ou

Território Educador, Comunidades de

Aprendizagem. Este clamor se

encontra também no campo da

saúde, da habitação,...

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novos modos de processar

a gestão pública

• coerente a estes clamores societários,

a gestão pública é pressionada a

praticar a transversalidade da política, a

articulação inter-políticas públicas , a

inter-setorialidade da política. Mas não

só! Hoje se pede a articulação entre os

conselhos setoriais da política social

para refletirem e definirem propósitos e

prioridades comuns.

• quer-se desenvolvimento local,

integrado e sustentável.

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participação e ação em rede

• AS REDES: teia de vínculos, relações e ações

entre indivíduos e organizações;

• as redes se tecem e se dissolvem continuamente

em todos os campos da vida societária. Elas estão

presentes na vida cotidiana - nas relações de

parentesco, nas relações de vizinhança, nas

relações comunitárias, no mundo dos negócios, na

vida pública e entre elas;

• no passado, o conceito de rede já era utilizado na

gestão dos serviços sociais públicos. Acompanhava

o modelo de gestão da época: centralizado, setorial

e caracterizado pela hierarquização e padronização

na oferta de serviços. Na época falávamos em rede

escolar, rede de unidades básicas de saúde, todas

elas, no geral, subordinadas a uma organização-

mãe. A rede era então percebida como uma cadeia

de serviços similares tal qual na gestão empresarial.

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o termo REDE não é novo, mas ganha novo significado

• democracia e participação enfraqueceram as estruturas hierárquicas e as

substituíram por uma estrutura flexível e horizontal; antes uma ligação entre

iguais, hoje uma relação entre diferentes;

• REDE traduz um conceito que propõe inovação radical na condução da gestão

pública. Introduz novos valores e processos para agir numa realidade complexa.

Não basta atuarmos num ponto sem abrir outros pontos e “nós”, somando e

integrando competências e intervenções. (Isa Guará, 2009);

• as redes são um modo de representação das inter-relações e conexões de

como se expressa a complexidade. Não vivemos mais uma sociedade simples,

não enfrentamos mais variáveis simples. Os fatos são multicausais e

multidependentes entre si. A própria sociedade civil se comporta como uma

sociedade rede.

• as redes se valem dos avanços tecnológicos, digitais e de linguagens

multimídias que agilizam e ampliam os fluxos de informação e comunicação entre

seus integrantes.

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as redes que nos interessa

mobilizar na relação escola

comunidade

• são basicamente as redes sociais de proximidade, cujos vínculos sócio

relacionais tecem as dinâmicas e particularidades própria ao território;

• integram esta rede os grupos de moradores ou de representação de moradores

(associações de moradores), grupos de militância local religiosa de várias igrejas,

militância política, APMs das escolas do território, grupos jovens, organizações

comunitárias de proteção ou desenvolvimento social,...

• integram igualmente, os agentes dos serviços públicos alocados no território

(escolas, unidade básicas de saúde, centros esportivos, centros de referência da

Assistência Social/Cras, bibliotecas,...) os de iniciativa social privada (centros

culturais, esportivos, lan houses,...); agentes comunitários de saúde, rede de

empreendedores local (desde as grandes empresas industriais ou de serviços até

os pequenos empreendedores instalados nas vias locais),...

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novo compromisso

• os serviços públicos no território precisam

construir em conjunto e, com os moradores do

território, as prioridades de atenção, as metas a

serem perseguidas de tal forma que os serviços

públicos ganhem propósitos comuns

pactuados com as comunidades territoriais e,

possam desencadear não mais ações isoladas e

paralelas, mas sim, ações articuladas

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como mobilizar e agir em redes em favor da

educação de crianças e jovens ?

• identificar e mapear as redes existentes - os próprios alunos podem

fazer!

• acolher a comunidade: conhecer seus talentos e saberes;

• aproximação: ir aos eventos da comunidade e trazê-los para a escola -

os próprios alunos podem ser mediadores em conjunto com os

professores mediadores!

• estimular a produção de cooperações mútuas.

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construir a confiança

social pública

• é muito importante entender

que as redes sociais

expressam o grau de coesão

e confiança social ativa de

seus habitantes;

• redes e vínculos de

proximidade presentes no

território produzem o que

chamamos de potência da

comunidade: coesão e

confiança social;

• quanto mais densa maior o

grau de coesão social no

território.

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participação / gestão de

proximidade

• para as políticas sociais o grande

desafio é como conquistar a

participação e co-responsabilidade

dos usuários de forma a mover uma

ação com maior efetividade no campo

dos serviços públicos;

• esta participação e co-

responsabilidade não significa

desresponsabilização do Estado, e sim,

o de partilhamento de objetivos e

resultados a serem alcançados com a

prestação de serviços sociais públicos.

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participação

• falar em participação é afirmar a busca de uma ação

compartilhada entre usuários/famílias e serviço público, onde

definem juntos os objetivos, ações e metas pretendidas para

se chegar a determinados resultados pactuados pelos

mesmos;

• ambos: família e serviço público – se reconhecem nas suas

particularidades e missões específicas, reconhecem que

precisam agir juntos na construção de apoios mútuos para

obter mudanças desejadas;

• as famílias trazem demandas (inscritas como direito) e o

serviço, uma atenção pública com resolutividade (inscrita

como dever público estatal). Ambos, família e serviço público,

regem-se nesta condição, pela lógica da cidadania e, neste

caso, produzem uma parceria virtuosa que deve ser

expandida.

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participação

• quando o serviço só percebe nos

seus usuários as vulnerabilidades

que apresentam, acaba por manter

práticas tutelares pois não os

reconhece como capazes;

• para ocorrer participação proativa

é preciso reconhecer, revelar e

afirmar as potências e os saberes

da população atendida pelo serviço.

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para finalizar!

• a participação ativa supõe engajamento na

condução mesma dos serviços públicos

básicos;

• os serviços públicos estão sendo chamados a

acolher famílias e comunidade flexibilizando

rotinas e introduzindo processos que resultem

em cooperação mútua. Por isso mesmo, os

serviços na ponta ganharam uma margem

fundamental de autonomia para produzir

respostas assertivas, flexíveis e combinadas,

de direito do cidadão.